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1. DOS FATOS
Heitor foi transferido para o Hospital das Clínicas, onde ficou 8 dias, até
ser operado, no dia 22 de dezembro de 2013, quando uma ultrassonografia acusou
descolamento de cororide e de retina – CID 10 - H33 (Descolamentos e defeitos da retina).
O atestado de afastamento de HEITOR indica trauma ocular em olho direito pós
explosão de artefato. (DOC. 08)
1
http://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/sp-no-diva/o-estado-e-culpado-por-cegar-alex-sergio-e-dayane-
com-bala-de-borracha/
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veio a lhe atingir. O laudo de lesã o corporal N°224331/2013-GDL descreve “ferimento
corto contuso em face anterior de coxa esquerda (3 lesõ es) medindo cerca de 1 a 2 cm de
diâ metro cada”, “duas outras lesõ es similares localizadas em face anterior de coxa direita e
1 em joelho direita (SIC)”, “lesã o corto contusa em suturada em regiã o supra pú blica”,
vá rios ferimentos corto contusos puntiformes em ambas penas e coxas além de 2
escoriaçõ es em coxa direita e 2 em joelho direito”; concluindo por lesõ es corporais de
natureza leve (Fls. 126). Os inquéritos que investigavam as violências sofridas por Marcio
e Heitor acabaram sendo apensados.
Outros casos emblemá ticos exemplificam como a prá tica dos policiais é
recorrente nas periferias de Sã o Paulo.
2
https://ponte.org/operacao-da-pm-sp-em-paraisopolis-esmagou-o-olho-esquerdo-de-moradora-de-
paraisopolis/
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https://www.vice.com/pt_br/article/fluxo-marcone-baile-de-favela-douglas-santana-policia-militar-cega-
crianca
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ter potencial letal), especialmente munição de elastômero e bomba de gás
lacrimogêneo, por policiais sem a devida capacitaçã o técnica, notadamente, sendo que
nã o foi seguida normativa que determina a prestaçã o de contas quando fazem uso deste
tipo de armamento.
Além disso, nã o restam dú vidas de que esse armamento foi usado para
conter uma confraternizaçã o de indivíduos na rua – o “pancadã o” em questã o –, em total
desacordo com qualquer prá tica de controle de distú rbios civis, ficando clara a
desproporcionalidade no uso desse armamento, mas adentraremos melhor esse assunto
no tó pico seguinte.
4
Disponível em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/931761.pdf
5
Disponível em http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-
apoio/legislacao/segurancapublica/principios_basicos_arma_fogo_funcionarios_1990.pdf
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Como se vê, diversas balizas sã o colocadas ao policial, que deve
resguardar ao má ximo a integridade física de todos.
Para que fique ainda mais claro o ato ilícito (indenizá vel)
praticado pelo Estado, é preciso enfrentar outro tema: qual deve ser o padrão de
comportamento das tropas policiais no contexto de conter tumultos em
aglomerações populares?
Saliente-se, a este propó sito, que tal como sucede com o artigo 1º,
este artigo 5º concede uma ampla discricionariedade aos agentes
administrativos, no momento da definiçã o, na prá tica, dos limites
do exercício desse direito. Ora, tal revela-se contrá rio à reserva de
lei que impera nessa á rea, como já nos referimos. Na verdade,
Vieira de Andrade salienta que ‘os termos concretos da
intervençã o administrativa nesta matéria devem, portanto,
constar da lei e nã o é legítimo que dependam de um juízo de
oportunidade e conveniência da pró pria autoridade
administrativa que nã o é previsível ou mensurá vel pelos
particulares nem controlá vel (senã o negativamente) pelos
Tribunais. (...) Já afirmava CAETANO, Marcello, que ‘a polícia deve
actuar sobre o perturbador da ordem e nã o sobre aquele que
legitimamente use seu direito. (...) Os poderes da polícia nã o
devem ser exercidos de modo a impor restriçõ es e a usar de
coacçã o além do estritamente necessá rio. A acção da polícia
deve medir a sua intensidade e extensão pela gravidade dos
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Item 3.2.3 do Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar
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- Disparos de arma de fogo, com muniçã o de elastô mero,
contra massa de pessoas, sem alvo específico;
- Disparos de arma de fogo, com muniçã o de elastô mero, a
curta distâ ncia;
- Disparos de arma de fogo, com muniçã o de elastô mero, em
regiõ es vitais (cabeça e tronco);
- Disparos de arma de fogo, com muniçã o de elastô mero,
contra pessoas em fuga, que já estavam atendendo a ordem de
dispersã o;
- Lançamento de bombas de efeito moral no meio de
aglomeraçõ es;
Tanto é assim que o caso ora tratado deixa claro o potencial letal
das bombas de efeito moral. HEITOR foi gravemente ferido por estilhaços de munição
considerada menos letal, perdendo definitivamente sua visão do olho direito, o que
reforça a tese de que há o risco de ocorrer graves ferimentos corporais, e de que a
guarnição policial frequentemente emprega armas menos letais em circunstâncias
longe do ideal, atingindo por vezes o rosto dos indivíduos.
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Vide as reportagens: https://cidadeverde.com/noticias/255712/estilhacos-de-bomba-deixa-feridos-
durante-desfile-em-bom-jesus, que dá conta de ao menos 9 feridos durante evento;
http://www.gp1.com.br/noticias/estilhacos-de-bomba-de-efeito-moral-atinge-estudante-da-ufsc-durante-
confronto-340362.html, em que estudante ferida precisou levar pontos na perna;
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/policia/reporter-do-terra-e-ferido-por-bomba-da-pm-durante-
protesto,d92b87f37cfa6410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html, em que 2 repórteres foram atingidos
durante protesto; e http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc27069811.htm, em que 4 estudantes foram
feridos por estilhaços de bomba de efeito moral.
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Em 2014, foi publicada a Lei nº 13.060/2014, que disciplina o uso
dos instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes e segurança pú blica no
Brasil. A Lei dispõ e:
3. DA INDENIZAÇÃO
Assim, HEITOR faz jus a pensão mensal vitalícia, visto que teve
sua capacidade laborativa restringida pela perda da visã o de seu olho direito.
4. DO PEDIDO
Outrossim, requer-se:
Termos em que
pede deferimento.
Defensor(a) Pú blico(a)
Unidade de XXXXXXXXXXX
ROL DE TESTEMUNHAS
1. X
CPF nº x
ROL DE DOCUMENTOS
Doc. 08 – Prontuá rio médico de XXXX do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Sã o Paulo;