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Resposta 18 – OMC no pós-crise de 2008 – 90 linhas

=> Discorra sobre a atuação da OMC no contexto posterior à crise econômica de 2008,
relacionando essa atuação aos seguintes aspectos
* 1 – Objetivos precípuos da OMC
* 2 – Trajetória das negociações comerciais internacionais
* 3 – Tendências do protecionismo e o aumento dos conflitos comerciais
* 4 – Proliferação de acordos preferenciais regionais e bilaterais
* 5 – Perspectiva da OMC com relação ao desempenho recente do comércio
internacional

PADRÃO DE RESPOSTA
=> Q1: espera-se que o candidato identifique como OBJETIVOS BÁSICOS da OMC
prover um fórum multilateral para as negociações comerciais, supervisionar a
aplicação da normativa comercial e dos acordos sobre sua égide, de modo a
assegurar CONDIÇÕES FAVORÁVEIS à liberalização do comércio internacional, e
atuar na resolução de disputas comerciais
* O candidato deve apontar que a atuação da OMC no contexto POSTERIOR À
CRISE ECONÔMICA de 2008 esteve em consonância com suas funções básicas ao ter
se voltado inicialmente para DUAS FRENTES
§ 1 - Monitorar e avaliar os fluxos de financiamento do COMÉRCIO
INTERNACIONAL
§ 2 - Monitorar e contribuir para conter as pressões protecionistas advindas da crise
financeira, o que se relaciona, por sua vez, ao objetivo de estimular CONDIÇÕES
FAVORÁVEIS ao livre-comércio
=> Q2: o candidato deve apontar o ARREFECIMENTO DAS NEGOCIAÇÕES da
Rodada Doha e que, mesmo sob CONDIÇÕES ADVERSAS, a OMC procurou dar-lhe
impulso, com a consonância de suas funções primordiais, cabe observar que tal
esforço NÃO FOI BEM-SUCEDIDO
* Na medida em que o ambiente de contração do comércio internacional nos
PRIMEIROS ANOS PÓS-CRISE e a MAGNITUDE DOS IMPASSES em torno de
pontos cruciais da agenda da Rodada Doha NÃO OFERECIAM INCENTIVOS
SUFICIENTES para que se lograssem avanços substantivos rumo à conclusão daquela
Rodada
§ É importante também aludir ao abandono da Rodada Doha e ao seguimento de
negociações FORA DO MARCO DA RODADA e em âmbitos específicos
=> Q3: espera-se que o candidato reconheça que, antes mesmo da crise de 2008,
observava-se TENDÊNCIA À EXPANSÃO e À DIVERSIFICAÇÃO de práticas
protecionistas, em particular no campo não tarifário, e que essa tendência
RECRUDESCEU nos anos seguintes à crise, ao que se somaram, em tempos recentes,
conflitos comerciais envolvendo ESCALADAS TARIFÁRIAS, como aquele ora
travado entre EUA e China, inicialmente em torno de produtos siderúrgicos e que agora
envolve outros produtos
* O candidato deve apontar que, em um contexto de estancamento do comércio, de
paralisia das negociações multilaterais sobre REGRAS COMERCIAIS e de outros
temas e de fortalecimento do protecionismo tarifário e não tarifário,
AUMENTARAM SENSIVELMENTE os conflitos comerciais
§ Por consequência, as disputas levadas ao Órgão de Solução de Controvérsias da
OMC, o que reforça, assim, a sua importância e a do papel primordial da OMC neste
campo
=> Q4: referente à PROLIFERAÇÃO de acordos preferenciais regionais e bilaterais, o
candidato deve apontar que o interesse e o aumento dos acordos regionais são
tendências que PRECEDEM a crise financeira de 2008 e que as atenções da OMC em
relação a esses acordos estiveram voltadas para seu ALCANCE e para a
TRANSPARÊNCIA
* Deve também apontar como tendência dos ACORDOS PREFERENCIAIS em geral o
aumento do interesse por ACORDOS MAIS AMPLOS e AMBICIOSOS do que
aqueles negociados sob a égide e da normativa da OMC
§ Em particular os acordos entre espaços econômicos como a TPP (Parceria
Transpacífica) e o TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e de
Investimento Transatlântico)
* Nesse mesmo aspecto, o candidato deve aludir aos acordos bilaterais, informando
que sua proliferação tem sido percebida como importante risco para o sistema
multilateral de comércio
§ Deve referir-se ainda ao fato de que a OMC tem ajudado no sentido de assegurar que
a atratividade dos acordos bilaterais não resulte em indesejada FRAGMENTAÇÃO
DO SISTEMA MULTILATERAL
=> Q5: o candidato deve identificar TENDÊNCIA DE CONSOLIDAÇÃO DA
RETOMADA DO CRESCIMENTO INTERNACIONAL, relacionando-o à emergência
de um contexto mais favorável para a expansão da AGENDA MULTILATERAL e
para os esforços de aprofundamento da liberalização do comércio internacional

RESPOSTA 1 – 29/30
=> A OMC, inaugurada pelo acordo de Marraqueche (1994), em 1995, funda-se em
pressupostos do LIBERALISMO nas relações internacionais, sob o pressuposto de que
o comércio internacional, facilitado por meio de instituições, AUMENTA a
interdependência entre os Estado
* Favorecendo a paz, e PROMOVE OS GANHOS RELATIVOS nas relações entre
estes, aumentando o bem-estar geral
=> Desde a crise econômica de 2008, no entanto, os ESFORÇOS no marco da Rodada
de Doha não têm produzido avanços amplos, em que pesem GANHOS com o Pacote
de Bali e com a Rodada de Nairobi
* A CONTRADIÇÃO entre ganhos globais e o processo de concentração de renda
interna, sobretudo em países desenvolvidos, tem provocado o AUMENTO DO
PROTECIONISMO
§ Notadamente nos EUA, após a eleição de Donald Trump
=> Os objetivos precípuos da OMC, centrados na identificação do comércio
internacional e na promoção da paz, são definidos em um TRIPÉ
* Primeiro, há a PROMOÇÃO DE ACORDOS MULTILATERAIS por meio de
rodadas periódicas de negociação sob a égide do princípio do single undertaking e do
consenso reverso
§ A esses acordos multilaterais, soma-se a NEGOCIAÇÃO DE ACORDOS
PLURILATERAIS em temas específicos, como comércio eletrônico
* Segundo, é objetivo da OMC a solução pacífica de controvérsias – essa se dá por
meio do SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DA ORGANIZAÇÃO,
que inclui etapas diplomáticas de consulta, e política, por meio do ÓRGÃO DE
SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS e do ÓRGÃO DE APELAÇÃO
§ Observa-se um amplo uso desse recurso, sobretudo por membros como o Brasil,
Canadá, UE, EUA – a atual administração estadunidense tem promovido, no entanto,
por meio de manobras regimentais – como a não nomeação de juízes do OSC, de
modo a reduzir sua efetividade e a ameaçar sua paralisação
* Terceiro, é objetivo da OMC o acompanhamento de políticas comerciais de seus
membros, de modo a GARANTIR a concordância com as normas e os princípios da
organização
§ Notadamente o princípio da Nação Mais Favorecida, do Tratamento Nacional,
da Não Discriminação e de Tratamento Diferenciado para países em
desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo (PMDR)
=> Desde a crise de 2008, a OMC, no marco da RODADA DOHA, apresentou dois
avanços, favorecidos pela liderança do Diretor-Geral Roberto Azevedo
* Primeiro, houve a APROVAÇÃO do Pacote de Bali, que inclui, entre outros, o
acordo de facilitação de comércio
§ Este promove as TROCAS COMERCIAIS por meio do aprimoramento e da
normatização de procedimentos técnicos, como o estabelecimento de portais únicos de
comércio exterior
§ Esse acordo beneficia notadamente a países em desenvolvimento e PMDRs ao
modernizarem seus PROCEDIMENTOS ADUANEIROS – a cooperação técnica é um
meio de fortalecer a implementação dessa modernização
* Segundo, a Rodada de Nairobi promoveu a PROIBIÇÃO DE SUBSÍDIOS de
exportações agrícolas – efetivamente, havia um grande descompasso entre a proibição
de subsídios industriais – já existente antes mesmo da instituição da OMC, e sua
contrapartida agrícola, barrada historicamente por países desenvolvidos, sobretudo
§ No entanto, resta a implementação dessa decisão, assim como o efetivo controle
sobre subsídios à produção agrícola nacional/comunitária, que por vezes pode
escamotear subsídios à exportação – caso da PAC EUROPEIA
=> O avanço de Bali e de Nairóbi, no entanto, tem sido FRUSTRADO mais
recentemente por uma emergência de protecionismo, em grande parte relacionado a
mudanças nas cadeias produtivas decorrentes do próprio comércio na era da
globalização
* Se, por um lado, permanecem FORMAS DE PROTECIONISMO, como a política de
estoques reguladores da Índia, emergem de forma espetacular medidas pontuais a partir
da doutrina de “America First” do governo Trump
§ Esse protecionismo se dá de diversas formas – elevação de tarifas sobre aço e
sobre alumínio, sob pretexto de DEFESA DA SEGURANÇA NACIONAL dos EUA, a
aplicação de sobretarifas sobre países como China e como Turquia, e a renegociação
ou retirada de acordos comerciais estabelecidos, como o NAFTA, e de acordos em
negociação
§ O resultado desse protecionismo é o AUMENTO DE CONFLITOS COMERCIAIS
=> A imposição de sobretarifas unilaterais sobre IMPORTAÇÕES DE AÇO e DE
ALUMÍNIO pelos EUA tem como objetivo reduzir o déficit comercial estadunidense
e REFORÇAR A INDÚSTRIA SIDERÚRGICA do Rust Belt, que vem sofrendo
estagnação devido à competição com importações mais competitivas, como a
CHINESA
* Esse ato unilateral tem provocado ora acomodação, como no caso do setor privado
brasileiro, que concordou em estipular quota isenta de sobretaxa com base nas
exportações dos últimos anos, ora ameaças de retaliação voltada a regiões politica e
eleitoralmente sensíveis nos EUA, como com AMEAÇA de retaliação em motocicletas
e em Bourbon, pela UE e no setor sojicultor pela CHINA
§ Já o argumento de defesa da segurança nacional parece FRÁGIL, pois entre os
principais fornecedores de aço e de alumínio para os EUA figuram ESTADOS
AMIGOS, como o Canadá, o Brasil e produtores europeus
=> A aplicação de sobretarifas mais amplas tem provocado ondas de ATOS
UNILATERAIS que já podem configurar-se uma GUERRA COMERCIAL
* O risco grave para o COMÉRCIO INTERNACIONAL é o desequilíbrio entre
PARCERIAS e o estabelecimento de acordos bilaterais conducentes à divisão do
comércio entre áreas de influência
§ Assim, a redução das importações de SOJA pela China leva a um redirecionamento
dessa produção estadunidense à União Europeia, que deixa de importar o mesmo
volume de soja do Brasil, que, por sua vez, passaria a DEPENDER AINDA MAIS do
mercado chinês
=> Por fim, sobretarifas politicamente motivadas contra a Turquia tendem a alterar o
equilíbrio de poder no ORIENTE MÉDIO, fortalecendo as relações entre Turquia e
Rússia e Irã, por exemplo
=> A renegociação do NAFTA, recentemente transformado em UMSCA, também traz
crescente insegurança jurídica aos investimentos inter-regional na América do Norte,
reduz a propensão de cooperação entre os vizinhos e alimenta o sentimento anti-EUA
* Como consequência, México e Canadá buscam a diversificação de parcerias, por
exemplo, com blocos como Mercosul, UE e países da bacia do Pacífico
§ Retirada dos EUA do TPP, como parte da política de Trump de reversão de política
de seu antecessor, levou a manutenção das negociações entre os demais países, em um
TPP-11 em que interesse os EUA, como a defesa da propriedade intelectual e a defesa
de investimentos, é menos contemplada
§ Por consequência, a menor vinculação dos EUA a arranjos multilaterais e inter-
regionais somente tende ao ACIRRAMENTO de controvérsias comerciais futuras, que
deverão resolver por meios talvez menos institucionalizados do que o Sistema de
Solução de Controvérsias da OMC
=> Uma consequência do ENFRAQUECIMENTO DA OMC, consubstanciada na
impossibilidade de formulação de declaração final em Buenos Aires, no final de
2017, é a já pré-existente PROLIGERAÇÃO DE ACORDOS PREFERENCIAIS
REGIONAIS e BILATERAIS
* Exemplos disso são os acordos e as negociações da UE com Canadá, com Japão, com
México, com Mercosul – os acordos e as negociações do Mercosul com os países da
Aliança do Pacífico (Chile; Peru; Colômbia, e, em menor grau, México), com a Coreia
do Sul, com Canadá, com Israel, com Palestina e com Egito e com países da América do
Sul em geral
=> A constituição de uma nova rede de acordos pode ser um PALIATIVO para a
relativa morosidade da OMC, mas não pode substituir os ACORDOS
MULTILATERAIS – afinal, o comércio de certos bens como COMMODITIES
AGRÍCOLAS é profundamente prejudicado pela falta de uma tarifa comum entre os
ATORES ECONÔMICOS em geral
* Promovendo distorções e instabilidade no sistema de preços
* Isso afeta sobremaneira o Brasil, grande exportador de commodities como soja,
açúcar, café, algodão, milho, minério de ferro, alumínio e petróleo
=> A OMC enfrenta GRANDES DESAFIOS na atualidade, com perspectivas negativas
em decorrência do fato de as maiores economias mundiais – EUA e CHINA –
situarem-se em polos opostos na dinâmica da Organização
* A tendência de paralisação do SSC, com o perigo de NÃO FORMAÇÃO DE
QUÓRUM NECESSÁRIO para a tomada de decisões em SOLUÇÃO DE
CONTROVÉRSIAS, aponta para a tendência de meios menos institucionalizados
para esse fim
§ O resultado é MENOR TRANSPARÊNCIA, maior relevância das diferenças de
dotação de poder nos resultados da SOLUÇÃO DE DISPUTAS, e, mais gravemente, o
RISCO de que controvérsias sejam ou cristalizadas, ou resolvidas por meios não
pacíficos
* Esse risco é NOTADAMENTE MAIOR diante da emergência de uma NOVA
POTÊNCIA, a China, e o DECLÍNIO RELATIVO da potência estabelecida
estadunidense – as controvérsias não solucionadas podem ser um veículo para o
agravamento de uma armadilha de Tucídides, ou de DILEMA DE SEGURANÇA
=> A frustração do pilar negociador da OMC também tem levado a uma
FRAGMENTAÇÃO de acordos comerciais
* Isso não apenas leva a menores ganhos compartilhados, mas também a uma MENOR
PROBABILIDADE DE ÊXITO FUTURO da rodada de Doha, em detrimento de
países em desenvolvimento como o Brasil
§ Por fim, o enfraquecimento da OMC faz que POLÍTICAS NACIONAIS DE
COMÉRCIO sejam menos efetivamente monitoradas, agravando o risco de futuras
medidas protecionistas

RESPOSTA 2 – 26,25/30
=> A OMC criada em 1994 INCORPORA e dá maior institucionalização do GATT47
é uma organização voltada para a PROMOÇÃO DO LIVRE-COMÉRCIO e de
INTEGRAÇÃO e COOPERAÇÃO COMERCIAL MUNDIAL, constituindo um dos
pilares da ordem liberal internacional ao lado de instituições financeiras como o
Banco Mundial e o FMI
* Além disso, a OMC também atua no sentido de GARANTIR o desenvolvimento
equânime (de países) de menor expressão econômica, o que pode ser constatado no
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ESPECIAL e DIFERENCIADO para países
em desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo
§ bem como na atuação de AGRUPAMENTOS como o G77 e o G20 comercial, que
ganharam ESPECIAL RELEVÂNCIA no contexto da crise econômica de 2008
=> Para a CONSECUÇÃO DE TAIS OBJETIVOS, a OMC conta com um “BRAÇO”
de solução de controvérsias comerciais, evitando que os interesses de países com
maior projeção internacional prevaleçam e para evitar que dissídios comerciais
extrapolem o âmbito econômico, afetando a RELAÇÃO POLÍTICA entre os países
* E um “BRAÇO” de rotina, que busca FISCALIZAR a implementação de acordos
multilaterais formados, além de promover negociações no sentido de maior
liberalização do comércio, consubstanciadas nas CONFERÊNCIAS MINISTERIAIS
=> Após 2008, com certa ascensão do protecionismo e da desconfiança em relação a
MECANISMOS INTERNACIONAIS DE COOPERAÇÃO, as expectativas
concentraram-se na IX MINISTERIAL DE BALI em 2013, vez que as conferências
anteriores lhe referiam como limite para a realização de certos acordos
* Em especial a proibição de subsídios agrícolas
=> Nesta conferência, contudo, conseguiu-se a não paralisação do braço negociador
da OMC, segundo Roberto Azevedo, uma vez que se logrou a APROVAÇÃO de um
pacote “Bali Light”
* Assim, aprovou-se o Acordo Multilateral de Facilitação de Comércio, tema
importante do ponto de vista da racionalização da liberalização comercial e que pode
POUPAR DESPERDÍCIOS DE RECURSOS com trâmites burocráticos e aduaneiros
§ Importante em um contexto de crise econômica
=> Do ponto de vista de países de MENOR DESENVOLVIMENTO RELATIVO,
MAIS VULNERÁVEIS a crises, estabeleceu-se a facilitação de regras de origem e
determinadas iniciativas de preferências tarifárias
* Já a aguardada NEGOCIAÇÃO DA PROTEÇÃO DE SUBSÍDIOS À PRODUÇÃO e
À EXPORTAÇÃO AGRÍCOLA foi adiada para a conferência seguinte
=> Essa seria a X Conferência Ministerial da OMC, realizada em Nairóbi no ano de
2015, quando se atingiu, de fato, a HISTÓRICA PROIBIÇÃO DE SUBSÍDIOS À
AGRICULTURA de maneira imediata para países desenvolvidos e em três anos para
países em desenvolvimento
* Isso apesar da RESISTÊNCIA DA ÍNDIA acerca de salvaguardas, devido a
preocupações com a SEGURIDADE ALIMENTAR
* Os subsídios ao algodão, por sua vez, deveriam ser INTERROMPIDOS
IMEDIATAMENTE por todos os países – em relação a países de menor
desenvolvimento relativo, foram concedidos waivers para a IMPLEMENTAÇÃO DE
ACORDOS
§ Importante mecanismo para a adaptação de países
=> A lentidão da recuperação econômica de certos países após a CRISE, o mal
desempenho econômico e comercial de países do SUL GLOBAL e a assunção de
Donald Trump como presidente dos EUA sob a BANDEIRA NACIONALISTA e
PROTECIONISTA criavam más expectativas acerca da IX Conferência Ministerial
da OMC em Buenos Aires de 2017
* Desta vez, os melhores esforços não foram suficientes para GARANTIR O
SUCESSO da Conferência – tendo Roberto Azevedo a caracterizado com o MAIOR
FRACASSO DA OMC
§ Os impulsos unilaterais estadunidenses e a resistência da Índia e da África do
Sul em negociar novos temas enquanto NÃO SE FINALIZASSEM a Rodada Doha
IMPEDIRAM a aprovação de um documento final
=> Um fórum empresarial paralelo foi formado e países favoráveis ao aprofundamento
do liberalismo comercial formaram grupos de trabalho para elaboração de ACORDOS
PLURILATERAIS – menos positivos pela ausência de princípios como a
reciprocidade difusa, a PREVALÊNCIA DO INTERESSE COLETIVO e a não
discriminação
* Em temas como e-commerce, pequenas e médias empresas e facilitação de
comércio, além de negociar o FIM DOS SUBSÍDIOS À PESCA ILEGAL
=> O fracasso da última ministerial aponta para a TENDÊNCIA DE
CRESCIMENTO DO PROTECIONISMO e DE CONFLITOS COMERCIAIS,
advindos da ideia de que a defesa de certas áreas de produção seria mais benéfica
* O que ignora o MAIOR BEM-ESTAR GERAL e EFICIÊNCIA GERADA pelo
livre-comércio
=> As tarifas estadunidenses sobre o AÇO e sobre o ALUMÍNIO anunciadas por
Trump em março de 2018, por exemplo, gerou uma escalada de guerra comercial e de
medidas tarifárias retaliatórias, com as adotadas pela China e pela UE
* Embora a UE tenha acenado para a POSSIBILIDADE DE ACORDOS, após a
reunião entre Junker e Trump, China e EUA continuaram a se ameaçar com tarifas
sobre altíssimos valores
§ Além dos atritos com outros aliados na área comercial, como o próprio Canadá e o
México (com vistas a renegociar o NAFTA), os impulsos unilateralistas dos EUA têm
também DIFICULTADO o funcionamento do Órgão de Solução de Controvérsias,
graças à FALTA DE BOA VONTADE DOS EUA na aprovação de juízes
=> As dificuldades MULTILATERAIS têm deslocado esforços e o protagonismo
para acordos regionais e preferenciais, como demonstra a APROVAÇÃO DO CPTPP
após a retirada de Trump do acordo transpacífico
* Iniciativa semelhante sem grandes avanços é constituído pelo TTIP entre EUA e UE,
na área de comércio e de investimento
* Outros exemplos a serem mencionados são a negociação do TiSA, na área de
serviços, do FTAAP, acordo livre-comércio da Ásia Pacífico, o RCEP
§ No âmbito bilateral, o Canadá firma o CETA, acordo de cooperação com a UR, e o
Japão e a própria UE firmaram extenso acordo de cooperação ainda esse ano
§ Esse deslocamento pode ser bastante deletério pelo efeito "late-comer", em que
países que não participam dos acordos não poderão negociar condições e previsões, pela
perda de eficiência do comércio internacional e pela falta de clareza regulatória
=> Roberto Azevedo caracteriza este como o pior momento da OMC, com desempenho
comercial recente abaixo do esperado e com uma tendência ao protecionismo comercial,
incompatível com a nova ordem mundial
* O retorno à eficiência tanto no Órgão de Solução de Controvérsias, que tem sido
ainda mais acionado devido à guerra comercial, quanto do braço de rotina condicionam
uma perspectiva mais positiva do comércio, embora a prevalência de acordos
plurilaterais tenda agora a prevalecer

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