DOM27DEZ

Domingo
27 de Dezembro de 2020
Ano 45 • N.º 16216

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR
www.jornaldeangola.co.ao

DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

POUCO MOVIMENTO NA CIDADE E PERIFERIAS

Capital acorda calma

na ressaca do Natal
A capital acordou, ontem, com pouco movi-
mento. Ruas quase sem trânsito, a contrastar
com o cenário da véspera do Natal. No último
sábado do ano e dia posterior ao Natal, até
os acessos aos principais pontos de abaste-
cimento, como armazéns e mercados, estavam
livres. Uma imagem de que as pessoas pre-
feriram ficar juntas dos seus. SOCIEDADE • 29

ÚLTIMAS 24 HORAS
Centros de Luanda com poucos internados
NESTA EDIÇÃO Três óbitos, 50 infectados e 55 recuperados Quase dois milhões de mortos no mundo
VÍCTOR SILVA DESTAQUE • 4 A 7 Hesitação sobre a vacina preocupa a Europa
Mais com menos
PALAVRA DO DIRECTOR • 2 KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO DR

VALORES MOBILIÁRIOS
Volume de negócios
dispara na BODIVA
ECONOMIA • 18
ELEIÇÕES HOJE
EX-DELEGADO DO JORNAL DE ANGOLA F. TCHIKONDO
RCA e Níger vão a votos
Morre jornalista João Mavinga Dois países africanos têm, A rc h a n g e l To u a d é ra
“No futuro
Profissionais receberam com muita tristeza
hoje, eleições gerais. Repú-
blica Centro Africana (RCA)
espera ser reeleito para
um segundo mandato. No
também haverá
a informação da morte, sexta-feira, do
jornalista sénior e ex-director da Edições
e o Níger escolhem os seus
dirigentes. Na RCA, apesar
Níger, o líder do PNDS,
Mohamed Bazoum, é o
sociedades
Novembro no Zaire, João Mavinga. O da instabilidade, Faustin principal favorito. ÁFRICA • 27 de conflito”
ministro das Telecomunicações, ENTREVISTA • 22 | 23
Tecnologias de Informação e
Comunicação Social afirma MALANJE
que a classe jornalística
nacional perde um valioso
elemento que deu um
Produção de arroz cresce 10 por cento
grande contributo para Quatro municípios da pro- volume, a agricultura fami-
a formação da nova víncia de Malanje colhe- liar foi responsável por 100
geração de profis- ram, na campanha agrícola toneladas e as restantes
sionais. SOCIEDADE • 29 2019/2020, um total de 20 produzidas pelo sector
m i l to n e l a d a s . D e s te empresarial. ECONOMIA • 18
2 OPINIÃO Domingo
27 de Dezembro de 2020

PALAVRA
DO DIRECTOR IMAGEM DO DIA
DIRECTOR:
Víctor Silva
Duas situações inusitadas neste instantâneo, nomeadamente a irresponsabilidade de deixar o
Víctor Silva DIRECTOR-ADJUNTO: carro imobilizado no lado esquerdo da via, quando se aconselha o contrário, e a improvisação do
Caetano Júnior
DIRECTOR EXECUTIVO:
triângulo, como se fosse tudo normal, aceitável e inevitável
Guilhermino Alberto
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
EDITOR EXECUTIVO:
Diogo Paixão

Mais com menos GRANDE REPÓRTER:

Luísa Rogério

EDITORIAS:
POLÍTICA:
Bernardino Manje (Editor-chefe),
Abeiramo-nos do final de um ano que todos coincidem em considerar Fonseca Bengui (subeditor) e Santos
Vilola (Subeditor)
dos piores das últimas décadas, com o seu cortejo de acontecimentos Adelina Inácio, João Dias, Edna Dala,
Garrido Fragoso e César Esteves
que chegaram a questionar o modo como até então encarávamos a vida.
OPINIÃO:
Um ano para esquecer, dirão os negacionistas. De muito aprendizado, Ambrósio Clemente (Editor-chefe),
Faustino Henrique (Subeditor)
questionamentos e reflexão, dirá a maioria. Afinal, os valores em que SOCIEDADE:
se alicerçam as sociedades mostraram-se tão vulneráveis, que nenhuma Nhuca Júnior (Editor),
Alberto Pegado (Editor),
conseguiu passar incólume, desde as mais avançadas, do dito primeiro José Meireles (Editor),
Rodrigues Cambala, André da Costa,
mundo, às frágeis, passando pelas intermédias. Kilssia Ferreira, Manuela Gomes,
Augusto Cuteta, Alexa Sonhi, César
E no meio do caos criado por um vírus sobressaiu a solidariedade, André, Edivaldo Cristóvão,
Carla Bumba e Mazarino da Cunha
mesmo que embrulhada em guerras políticas não tão surdas assim de REGIÕES:
influência à escala mundial. Sérgio Chivaca (Editor-chefe),
Béu Pombal (Subeditor),
A imaginação e a criatividade foram postas à prova como poucas Filipe Eduardo
ECONOMIA:
vezes se viu, de tal modo que, no histórico curto prazo de um ano, se Cristóvão Neto (Editor-chefe),
Armando Estrela (Subeditor),
perfilam mais de meia dúzia de vacinas preventivas contra a pandemia Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena
José e Victorino Joaquim
que virou o mundo de pernas para o ar. MUNDO:
E é essa conquista que faz renascer a esperança de que o ano que Bernardino Fançony (Editor-chefe),
António Canepa(Subeditor)
se aproxima venha a ser melhor do que o que está a terminar, mesmo DESPORTO:
sabendo-se que as vacinas ainda têm um longo caminho a percorrer, Amândio Clemente (Editor-chefe),
Anaximandro Magalhães (Subeditor),
até que se consiga a imunização da maioria da população mundial, António Cristóvão, Armindo Pereira,
Teresa Luís, Vivaldo Eduardo,
numa operação logística que poderá levar anos e onde as desigualdades António de Brito, Honorato Silva,
Job Franco
de desenvolvimento ditarão a sorte dos povos. CULTURA:
António Bequengue (Editor-chefe),
Poderemos assistir, nos próximos tempos, ao fim da pandemia da
Covid-19, mas a epidemia vai prevalecer ainda por um período em
Adriano Melo (Subeditor),
Francisco Pedro (Subeditor), Amilda
dos Santos, Manuel Albano,
REVISTA DA SEMANA
Mário Cohen e Roque Silva
muitos países, curiosamente, naqueles em que se pensava que a peste GENTE E FIM-DE-SEMANA:
seria uma catástrofe total, face as suas debilidades infra-estruturais e António Cruz (Editor-chefe),
Isaquiel Cori (Editor)
Sábado, 19 de Dezembro deve começar já em Fevereiro de 2021. As pri-
fragilidades económico-financeiras e de desenvolvimento. Edna Cauxeiro (Subeditora),
Ferraz Neto (Subeditor) e Pereira Dinis
Doze indivíduos, membros de três grupos de meiras doses, de um total de 12 milhões que
Entre nós, a pandemia só veio agravar uma crise que já vinha de marginais, que realizavam assaltos à mão ar- Angola vai receber, começam a chegar ao país
trás, de anos de esbanjamento e descaminho de verbas públicas em EDIÇÕES ESPECIAIS:
Adalberto Ceita, André dos Anjos,
mada, no município do Cuito, província do Bié, nessa data, conforme deu a conhecer ontem,
números assustadores, de que, estupefactamente, se vai tendo conhe- Domingos dos Santos, foram apresentados, quarta-feira, pela Polícia em Luanda, a ministra da Saúde.
Leonel Kassana e Yara Simão
cimento, sem dúvida um verdadeiro sequestro do Estado por um Nacional, tendo a ocasião servido também para A FIFA apresentou uma queixa criminal contra o
selecto grupo de indivíduos reunidos à volta de uma mesa para um FOTOGRAFIA:
Kindala Manuel (Editor-chefe), mostrar mais de 600 quilos de cannabis, vulgo antigo presidente Joseph Blatter por suspeita de
banquete que não lhes saciava os incontidos apetites. José Cola (Editor),
Dombele Bernardo, Eduardo Pedro, liamba, apreendidos durante uma operação má gestão relacionada com o museu do futebol
O desvio do erário para fins pessoais ou de grupo atirou para as ca- João Gomes, Maria Augusta, Miqueias
Machangongo, Mota Ambrósio, Paulo realizada na primeira quinzena deste mês. situado em Zurique, após uma investigação efec-
lendas a maioria dos projectos que visavam dar uma vida condigna Mulaza, Santos Pedro,
Agostinho Narciso, O euro encerrou a semana, na sexta-feira, nego- tuada por peritos externos, anunciou o organismo
aos cidadãos, adiando a tão propalada diversificação da economia, Vigas da Purificação, Contreira Pipas
e Alberto Pedro
ciado a taxas de venda com diferenciais superior esta terça-feira.
que, afinal, chocava com os seus interesses na monodependência do a 6,00 por cento no mercado bancário, o que,
petróleo, a fonte da engrenagem, num casamento perfeito com as im- CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul),
nas transacções do dólar, era superior a 4,00 por Quarta-feira, 23 de Dezembro
portações, outro elemento da fuga de capitais. Bernardo Capita (Cabinda), cento, dando aos compradores flagrantes opções O Presidente da República, João Lourenço,
João Mavinga (Zaire),
Com a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional Vladimir Prata (Namibe), de poupança, de acordo com a lista das operações homenageou, ontem, no Palácio da Cidade Alta,
Isidoro Natalício (Cuanza-Norte),
e a fome insaciável da elite depredadora, recorreu-se ao endividamento Luís Pedro (Cuanza-Sul), divulgada pelo BNA. os produtores de bens essenciais de amplo con-
Pedro Bica (Bengo),
descontrolado para satisfação dos seus apetites, abrindo a crise Francisco Curinhingana (Malanje) sumo, que integram a cesta básica e não só, de
económica e financeira, que deixou os cofres vazios na transição política,
Miguel Ângelo (Huambo),
João Constantino (Bié), Domingo, 20 de Dezembro todo o território nacional, pela resiliência de-
José Chaves (Andulo),
entretanto verificada em Setembro de 2017. Jaime Azulay (Benguela), O Presidente da República, João Lourenço, recebeu, monstrada perante a crise económica existente
Jesus Silva (Lobito),
Tão grave ou pior, criou a sensação de institucionalização da corrupção Estanislau Costa (Huíla), ontem, as primeiras contribuições do Conselho no país desde 2014, agravado, este ano, pela
Joaquim Aguiar (Lunda-Norte),
e da impunidade, não sendo, pois, de estranhar todos os empurrões Silvino Paulo (Uíge), Económico e Social, criado por iniciativa dele pandemia da Covid-19.
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
para travar a campanha de responsabilização e de moralização da so- Quinito Kanhamei (Cunene), para, em conjunto, encontrarem as melhores so- Adirecção de Marketing Comunicação e Imagem
Samuel António (Moxico)
ciedade que está a ser levada a cabo pelas novas autoridades, alegan- luções para a situação difícil por que passa o país. da Federação Angolana de Futebol (FAF) promove
do-se os mais imaginativos argumentos desde a justiça selectiva, ao PAGINAÇÃO E ARTE: Números da Direcção-Geral das Alfândegas e Im- hoje, às 19h00, um seminário online (webinar)
Salvador Escórcio (Editor-chefe), Soares
não foram os únicos até à ameaça de que isso pode resultar no fim do Neto (Subeditor), Eugénia Victor, postos (DGDA, sigla em francês) da RDC indicam sobre a época futebolística em tempos de pande-
Augusta Lucéu, Tomás Cruz, Noé
partido no poder. Pungue, Evaristo Sacupalica, João que, no primeiro semestre do ano em curso, não mia dirigido a editores de desporto dos distintos
A verdade, porém, é que a crise que criaram com a sua gula provocou Augusto, Maria Messeles, Alberto
Bumba, Inês Quingando, Margarida
há registo alfandegário de importações angolanas órgãos de comunicação social público e privados.
danos irreparáveis, que não se consertam apenas com a condenação Zilungo, Maria da Silva, António bens daquele país, embora tenham ficado averbadas Apesar de o Executivo ter disponibilizado avul-
Saldanha, Henrique Faztudo, António
dos seus autores, por ser muito mais profunda. E, como diz o povo, um Quipuna, Raúl Geremias, Ana Paula exportações cifradas em 942,7 mil dólares, confir- tados recursos financeiros para construção de
Dias, Isabel Fragão, Manuel Cassenda,
mal não vem só, a pandemia do novo coronavírus destapou muitas das Bruno Bernardo, Luquemba Pedro, mando a tendência do comércio bilateral favorável vários equipamentos sociais no país, na província
nossas fragilidades, escondidas nas tramoias dos números dos barris de Damião Cavinda, Adérito Manuel
ao nosso país já observada no ano passado. do Moxico, os cidadãos consideram os resultados
petróleo que fizeram inverter os valores morais e éticos da sociedade. CARTOON E ILUSTRAÇÃO:
Armando Pululo e Casemiro Pedro O ex-administrador municipal dos Dembos, Ma- aquém do esperado.
O “estamos sempre a subir” revelou-nos um país em escombros, com teus Diogo Manuel, encontra-se, desde terça-
obras nas pranchetas e estiradores ou semi-concluídas, ou outras que são COPY DESK:
Rui Ramos, Luciano Rocha, feira, detido no estabelecimento prisional do Ca- Quinta-feira, 24 de Dezembro
Arlindo Soares
autênticas aberrações ao conhecimento, entretanto, integralmente pagas. O Jornal de Angola
boxa, na província do Bengo, por existirem fortes Três mil e 401 cidadãos na província de Benguela
A crise pandémica tem mostrado que, afinal, os verdadeiros empreen- utiliza os serviços da ANGOP, AFP,
Reuters, EFE e Prensa Latina
indícios de ter praticado crimes de peculato. foram detidos, preventivamente, por suspeita
dedores não se escondiam atrás de títulos e sobrenomes e que, no fundo, de práticas de crimes diversos, cometidos desde
eram obrigados a dançar a música dos chefes de orquestra que lhes Segunda-feira, 21 de Dezembro o início deste ano, informou na quarta-feira, o
O Jornal de Angola
roubavam os projectos e trabalhavam nos bastidores para a sua morte. utiliza os serviços da ANGOP, AFP,
Reuters, EFE e Prensa Latina
A Procuradoria-Geral da República (PGR) realiza, comandante provincial da Polícia.
São estes e outros os produtores nacionais que foram homenageados a partir de amanhã, a segunda fase do ciclo de for- Lando Paulina André, agricultora da província
pelo Presidente da República, pela sua resiliência e estarem a conseguir PUBLICIDADE:
(+244) 937 550 262 mação sobre os novos códigos Penal e do Processo do Uíge, uma das produtoras de bens essenciais
mostrar que é possível fazer internamente muito do que se gasta (+244) 949 770 006 Penal, dirigida aos magistrados do Ministério Público. homenageadas pelo Presidente da República,
e-mail:
milhões para a sua importação. publicidade@jornaldeangola.com A ADRA (Acção para o Desenvolvimento Rural e João Lourenço, considerou o gesto “um reconhe-
Porém, mais do que homenagens, estes e outros produtores precisam Ambiente) e o OPSA (Observatório Político-Social cimento pelo trabalho que desenvolve”.
de apoios céleres e sem “michas”, políticas assertivas que não deixem de Angola), criticaram a definição de prioridades As autoridades sanitárias apelaram ontem, em
os produtos apodrecerem nos campos, que contemplem subvenções para 2021 na proposta de Orçamento Geral do Es- Luanda, para que as pessoas evitem ajuntamen-
para o combustível, para os insumos, a reparação da malha rodoviária, tado (OGE), aprovada na segunda-feira passada. tos, aglomerações e festas, assim como o con-
entrepostos comerciais, a pequena indústria agro-alimentar, acesso PROPRIEDADE As perspectivas do mercado de Capitais Ango- sumo exagerado de bebidas alcoólicas, durante
Edições Novembro, E.P.
aos mercados, sem imposições descabidas em nome da prevenção de lano vão ser apresentadas, amanhã, ao meio a quadra festiva.
uma doença que está muito para além da nossa capacidade de controlo. SEDE:
da tarde, durante uma videoconferência, em
Apoios controlados, mas sem a burocracia e propaganda habitual, E-mail: redaccao@jornaldeangola.ao
Morada: Rua Rainha Ginga, 12-26
que responsáveis desse importante regulador Sexta-feira, 25 de Dezembro
acompanhados, fiscalizados, para não se voltar a cair nos mesmos Caixa Postal 1312 - Luanda, Angola
Redacção: +244 222 020 174
e supervisor dos negócios mobiliários abordam O presidente em exercício da Conferência In-
erros de programas passados, que consumiram rios de dinheiro, não Telefone geral (PBX): 244 222 036 578
+ 244 222 036 579
sobre a evolução e os desafios do sector no ternacional sobre a Região dos Grandes Lagos
proporcionaram empregos, nem mais valias, além da ostentação por- Publicidade: +244 937 550 262 |
publicidade@jornaldeangola.ao
curto, médio e longo prazos. (CIRGL), João Lourenço, apelou aos actores
nográfica dos seus beneficiários, em Angola e no estrangeiro, cuja Website: www.jornaldeangola.ao políticos e grupos armados da República Centro
maioria dos rostos não foi nem tem sido vista nestas horas de aperto, Terça-feira, 22 de Dezembro Africana a cessarem todas as hostilidades ten-
apesar do património e facilidades que recebeu de mãos beijadas no CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO O Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos dentes a colocar em causa os esforços de paz
tempo da “outra senhora”. Víctor Silva (presidente)
(INAR) confirmou, recentemente, a liderança e reconciliação naquele país.
ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
É lugar comum dizer-se que as crises geram oportunidades e hoje, Caetano Pedro da Conceição Júnior do bispo Valente Bezerra Luís na Comissão de O continente africano perde cerca de 10 mil milhões
Gilson dos Santos Antunes Carmelino
mais do que nunca, temos essa possibilidade de o provar, porque, Rui André Marques Upalavela Reforma da Igreja Universal do Reino de Deus de dólares norte-americanos, anualmente, devido
Eunice Carla Teixeira Moreno
apesar da esperança criada pelo surgimento das vacinas, o sufoco ainda ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS
em Angola (IURD Angola). à pilhagem que ocorre no mar, segundo revelou a
vai perdurar com a certeza de que é possível fazer mais e melhor com Drumond Alcides Jaime Mafuta
Cândido Bessa Receado
A campanha de vacinação contra a Covid-19, secretária de Estado para as Pescas, Esperança Costa,
muito menos, não ignorando que o melhor remédio é mesmo prevenir. em todo o território nacional, de forma grátis, citando um relatório recente da União Africana.
OPINIÃO Domingo
27 de Dezembro de 2020 3
DO PICO DO MOCO
crónicas do tempo

Apusindo Nhari
CITAÇÕES
“Os serviços
nacionais de
fiscalização
constituem, sem
O amor em tempo de vírus dúvida, uma
prioridade para
o sector, no
Com Esperança…
No dia 24 de Dezembro de 2019, ido de veio questionar a verdade sobre este sen- sentido de “Yo Tiengo Tantos Hermanos…”
Luanda, ainda sem máscara mas tocado timento fundamental da vida que é o amor. melhorar a sua Atahualpa Yupangui
por recente perda irreparável, desembarquei De facto, neste tempo em que um vírus intervenção em
em Lisboa. Para um Natal diferente dos ou- mortal, infinitamente mais perigoso que o convergência Saí, ligeiramente contrariado, para fazer umas compras. Sabia que nestes períodos
tros em que a nossa família da cólera retratada por com outros festivos cresce a pressão sobre todos, resultado do aumento do consumo e, para muitos,
se reunia. Este era mais para Gaby Marquez, inferniza a das dificuldades em satisfazer as demandas acrescidas. Mas, com um misto de resignação
actores
ver como estavam de saúde, É desalentado que vida de todos nós, desco-
intervenientes na
e de curiosidade pelo fervilhar em meu redor, lá fui. O que observei, e talvez estimulado
os muitos doentes. Enfim, brem-se a todo o instante,
uma festa de família a que afirmo que não as mais distintas sensibili- segurança
pela música que ouvia, foi alimentando em mim uma profunda simpatia pelo mar de
gente que, talvez igualmente contrariados, estavam na “luta”.
não estava habituado, com-
pletamente atípica. Em Março,
bastam as dades e sente-se através
do gesto e da palavra, quem
do mar” Recordei-me de ideias agora quase adormecidas. Como um pouco mais de consciência
política faria surgir em nós um mais forte sentido de irmandade, enraizado nas múltiplas
ainda não refeito de um outro cerimónias que a é quem em matéria de
Esperança Costa
Secretária de Estado para as privações e na luta constante que elas exigem. Um sentimento de pertença ao grupo,
golpe, duríssimo pelo inespe-
rado, que nos primeiros dias televisão mostra amor. E chegamos à con-
clusão que, neste domínio,
Pescas
poderoso e criativo, gerador de movimento e de transformação. Ideias que me assolaram
ao observar as intermináveis filas de pessoas a aguardar por transporte, a tentar retirar
deste annus horribilisde 2020 de festas que se por um lado temos uma
“Apelo, entre
dinheiro dos bancos, ou a deslocarem-se por entre os carros tentando vender algo para
arrasou a minha família, ainda maior preocupação que re-
livre da máscara, regressei à incluem a sulta na notória aproxima- outros, a todos os
garantir o seu sustento e o dos seus. E, tal como sugeria o cantor - “cada qual con sus
trabajos, con sus sueños…" - , sentia que um pouco por todo o país, várias lutas pela
terra, já com as mais desen-
contradas notícias sobre a
distribuição de ção no seio das famílias,
por outro verifica-se, com
partidos, grupos
armados, actores
sobrevivência estão a ser travadas continuamente: o produtor que não consegue ter
acesso ao mercado devido a uma deficiente rede viária e fracos serviços de transporte,
pandemia que nos persegue brinquedos e tristeza, como, e apesar de políticos e o agricultor em risco de perder o acesso às suas terras por não ter os documentos que
a perturbar-me completamen-
te as ideias. E em Julho, devi- cabazes e o esforços de última hora que
tentam colmatar erros an-
apoiantes para
que exerçam a
atestam os seus direitos, o assalariado com remunerações em atraso, sem segurança
social... A imensidão de pessoas a prestarem serviços ou a produzirem algo sem que a
damente mascarado e após sorriso largo e tigos, têm sido negligentes calma e a sua actividade tenha qualquer reconhecimento legal… e a insegurança, perdas e hu-
ter sido submetido ao teste as autoridades que nos go-
obrigatório e caro, voei nova- agradecido, quer vernam, na forma como es-
contenção” milhações constantes, por isso provocadas.
Observei igualmente repetidas manifestações da falta de sentido de irmandade - a
mente para Lisboa, onde a
doença e o dever me chama-
de quem faz a se sentimento é manifes-
tado para com o próximo,
Fatou Bensouda
Procuradora do Tribunal
frequente agressividade na competição pelo es-
casso - e ouvi, mais tarde, as estórias de crimes,
vam outra vez. oferta, quer dos para com todos nós, para
Penal Internacional (TPI)
Só a aceleração tantas vezes cometidos entre pessoas que en-
Na altura que for dada à
estampa este texto, teremos escolhidos para a com o povo em geral. Prin-
cipalmente para os que
“Qualquer do acesso massivo frentam uma pobreza comum. Mas, talvez devido
ao espírito natalício, ou talvez pela mensagem
pessoa que e universal
celebrado já mais um Natal, gala, estes, mais precisam desse afecto;
cometa crimes
optimista de Atahualpa Yupangui - “Con la espe-
para mim cada vez mais triste as crianças, os idosos, os
e frio, com menos família ao coitados que, por doentes e os inadaptados. visados pelo ao conhecimento ranza adelante, con los recuerdos de trás” foi
crescendo em mim, uma certeza que tudo irá
meu lado, sempre com um
acentuado défice de alegria,
muito que os E é desalentado que
afirmo que não bastam as
Estatuto de e à informação, melhorar. Recordei-me até das promessas da
Roma, ordene, nossa Constituição...
todavia com enorme dose de mascarem, nunca cerimónias que a televisão incite, encoraje nos poderá permitir “Criar progressivamente as condições neces-
esperança no meu coração.
A mesma que vejo em muitos deixam de fazer mostra de festas que in-
cluem a distribuição de
ou contribua de desenvolver a sárias para tornar efectivos os direitos económicos,
sociais e culturais dos cidadãos;”é a obrigação
outros corações, que estão transparecer a brinquedos e cabazes e o qualquer forma
para a sua
capacidade que nos falta do nosso Estado, estabelecida na alínea c) do
agora reforçados por um ou- sorriso largo e agradecido,
tro sentimento, sempre arre- imensa tristeza quer de quem faz a oferta, realização, é para nos defendermos, artigo 21º da Constituição.
Juntar dimensões tão diferentes como os
dio, muitas vezes esquecido
e que nos passa ao lado com
que carregam no quer dos escolhidos para
a gala, estes, coitados que,
passível de ser navegarmos e direitos económicos, sociais e culturais agrada-
processada nos, por lembrar a complexa multi-dimensio-
uma indiferença impressio- seu olhar por muito que os masca- perante os contribuirmos para um nalidade das necessidades humanas. Mas sen-
nante: o amor ao próximo. A
epígrafe desta crónica que
rem, nunca deixam de fa-
zer transparecer a imensa
tribunais da RCA mundo globalizado timos a ausência da palavra “sustentável”. Por
vários motivos, temos de agir atentos à viabili-
me força a falar de um dos maiores escritores tristeza que carregam no seu olhar. Assim, ou do TPI” dade social, ecológica e económica, no longo
do nosso tempo, Gabriel Garcia Marquez o que é mesmo necessário é que essas Idem prazo. O Capítulo III da Constituição, adiciona detalhe - e uma dimensão quase irreal
de sua graça, ilustre cidadão colombiano, prendas sejam distribuídas todos os anos, - às promessas na alínea referida. A sua leitura leva-nos até um mundo distante do
brilhante autor que produziu, entre muitos nas suas casas, pelas próprias famílias “Um campeão que enfrentamos actualmente em Angola. Nesse mundo prometido a economia dará
outros êxitos literários mundiais, “Cem que, por via do emprego e dos proventos aos cidadãos o ambiente para se desenvolverem, concretizando os seus sonhos e o
anos de solidão”, “Os funerais da mamã honestamente conseguidos, não vão ne-
sul-africano, que
seu potencial. Palavras como segurança, protecção, igualdade, respeito e liberdade
grande” e “O amor em tempo do cólera”. cessitar de treinar o modo mais cínico de está num mau de escolha, aparecem relacionadas com trabalho, família, velhice, educação dos
Para ser verdadeiro, foi este último título dizer “muito obrigado, camarada fulano momento. Não se filhos, entre outras.
que sugeriu o tema da pobre coluna que de tal”. Um dia qualquer, não sabemos conseguiu Agrada-nos a definição clara de uma sociedade onde a inclusão e protecção sejam
ofereço semanalmente aos meus leitores. qual, isto vai ter que acontecer. Num dia encontrar como a regra. E queremos contribuir para o diálogo - algo pobre no presente - sobre os
Este livro em particular e os outros que quando tivermos gente, tempo e dinheiro equipa, como caminhos para lá chegar. A garantia de direitos e os sistemas de segurança social sub-
citei, foram as obras de Marquez que li mais para o expressar no momento, e na medida potência do jacentes exigem criação de riqueza e também capacidade para manter reservas para
do que uma vez. “O amor em tempo do có- certa. Para reabilitar consciências e fazer protecção do interesse colectivo. Como transformar uma sociedade pobre, frequen-
lera”, é um texto excepcionalmente bem esquecer anos e anos de lapsos de gover-
futebol africano.
temente individualista, com tendência para o exibicionismo e imediatismo, numa
escrito, aliás, como os demais da sua grande nação indesculpáveis, erros que se pagam Mas não deixa de outra onde se priorize o respeito pela maioria, a solidariedade, e a gestão rigorosa e
lavra. Neste, Marquez utiliza a doença como caro, como é consabido. ser uma boa sustentável dos recursos comuns? Reconhecer as barreiras mais difíceis a ultrapassar
elemento importante da narrativa, criando Com o desejo de Festas Felizes para equipa, será parte da resposta:
com mestria o surto de uma epidemia de todos os leitores e para os meus amigos habituada a Os diferentes interesses, prioridades e visões, que coexistem na nossa sociedade.
cólera como elemento marcante do roman- em especial, despeço-me com o habitual ganhar e a jogar Num sistema político atrofiado, é fácil que os mais fracos sejam ignorados - excepto
ce. Ela ajuda a concretizar uma inusitada e até domingo à hora do matabicho. para a para folclore político ou cultural. Só quando estes buscam a força no sentido de
adiada história de amor, consumada apenas irmandade e acção colectiva, conseguem negociar e defender os seus direitos e
53 anos após ter brotado o bonito senti-
DR Champions
interesses, na base dum sentido moral e de justiça. Os movimentos sindicais, estudantis,
mento. Nascido na juventude, espontâneo League. Tem culturais e políticos - enfim, a sociedade civil - são indispensáveis para que se
como acontece sempre nos grandes ro- excelentes concretizem aqueles direitos, mais do que uma eventual - improvável - evolução da
mances de amor, teve pela frente a barreira jogadores e elite dirigente. A ausência de acção colectiva dos mais fracos resulta, amiúde, na sua
das leis da vida que afastaram, pelos estra- criou-nos submissão, a par da predação entre os mais vulneráveis, principais vítimas da crimi-
nhos e inevitáveis caprichos do destino algumas nalidade, ainda que raramente publicitada.
mas essencialmente pelas diferenças sociais O mundo globalizado em que vivemos torna-nos vulneráveis a dinâmicas, interesses
que, inexoravelmente, se interpuseram nos
dificuldades, no
e prioridades que não controlamos. Tanto a nossa economia, como as ideias e modelos
caminhos do par apaixonado da história. período inicial de organização da nossa sociedade, são influenciados - por vezes até, determinados
Lembrei-me disso num momento em do jogo” - a partir do exterior. Só a aceleração do acesso massivo e universal ao conhecimento
que, em Angola como em todo o mundo, Paulo Duarte e à informação, nos poderá permitir desenvolver a capacidade que nos falta para nos
se vivem momentos dramáticos por mor Treinador do 1º de defendermos, navegarmos e contribuirmos num mundo globalizado.
da Covid-19, a pandemia que há cerca de Agosto, sobre a O optimismo que sentimos é talvez infundado… mas sabemos que o próprio
um ano, alterou o nosso modo de viver, equipa de futebol
Kaizer Chiefs, da optimismo é elemento indispensável à concretização de sonhos como o da nossa
melhor dizendo, da população mundial, e África do Sul alínea c) do artigo 21.
4 DESTAQUE Domingo
27 de Dezembro de 2020

VIGAS DA PURIFICAÇÃO |EDIÇÕES NOVEMBRO

Rodrigues Cambala
Três hospitais de referência
no diagnóstico e tratamento
da Covid-19, em Luanda,
observaram, até ao dia de
Natal uma redução de casos.
A Clínica do Prenda tem
internado, nesta altura, dois
doentes, o Hospital de Cam-
panha de Viana está com seis
e o Centro de Rastreio e Tra-
tamento da Clínica Girassol
cuida de 11 casos.
Ao Jornal de Angola , o
director-geral do Hospital
do Prenda confirmou a dimi-
nuição significativa dos
números da Covid-19, garan-
tindo que os doentes em
observação estão clinica-
mente estáveis, com previsão
de receberem alta dentro das
próximas 72 horas.
Tomás Cassinda fez saber
que a área da Covid-19 tem
25 camas, na sua maioria
vazias, uma vez que os demais
doentes já estão em casa.
Além de ter preparada a
equipa especializada para
receber pacientes com coro-
navírus, durante o Natal
havia 128 profissionais à dis-
p o s i ção , pa ra ate n d e r
pacientes com hipoglice-
mias, ataque cardiovascular
(AVC) e politraumatismo,
causados por acidentes de
viação e arma branca.
Viana
O Hospital de Campanha de
Viana, com capacidade para
768 camas, tem um paciente
grave entre os seis internados.
Com duas áreas de cuidados
intensivos, compostas por
38 e 36 camas, respectiva-
mente, a unidade tem espaço
para acolher mil camas,
sobretudo em situações de
aumento de casos.
O director, coronel Pas-
coal Falo, disse que a uni-
dade está projectada para
700 trabalhadores, entre
médicos, enfermeiros e
pessoal administrativo,
PRENDA, VIANA E KM 27
Centros de tratamento para
Covid-19 têm menos doentes
As unidades têm procurado dar resposta à
Covid-19 com o profissionalismo dos quadros
e com a tecnologia à disposição
mas, neste momento, conta
com um total de 577 efec-
tivos, pertencentes às FAA,
Ministério da Saúde e Polí-
cia Nacional.
Ao informar haver um
défice de especialistas em
medicina intensiva, revelou
que, desde o funcionamento,
em Junho, registaram-se
três casos de Covid-19 na
equipa médica.
“Decorrem estudos para
percebermos se contraíram
a doença no Hospital ou na
comunidade”, avançou, para
acrescentar que, “feliz-
mente, todos recuperaram
e já estão a trabalhar”.
Quinta-feira, o Hospital
trabalhou com uma equipa
composta por 122 pessoas.
Desde a abertura, atendeu
mais de 800 doentes, tendo
71 perdido a vida.
“Todos os doentes que
chegam em estado grave
apresentam comorbidades
e destes 17 tiveram de ser
incubados”, lembrou o coro-
nel Pascoal Falo.
Girassol
O Centro de Rastreio e Tra-
tamento da Clínica Girassol,
no Km 27, tem, entre os 11
pacientes internados, um em
estado crítico e dois graves.
A subcoordenadora da
unidade, Tânia Amaro, fez
saber que a mesma está
totalmente equipada, com
ventiladores e aparelhos
de Radiologia. Explica que,
desde o início, tiveram dois
profissionais infectados,
entretanto, já recuperados.
Diagnóstico
O Centro de Diagnóstico
Laboratorial de Viana con-
tinua com a mesma capa-
cidade de testagem, não
obstante ter repartido as
equipas. Alguns passaram
o Natal com as famílias,
depois de seis meses de
EX-PRESIDENTE
DO BURUNDI
Pierre Buyoya
será enterrado
a 29 de
Dezembro
no Mali
O ex-Presidente burun-
dês, Pierre Buyoya, fale-
cido de coronavírus a 18
de Dezembro corrente
em Paris (França), será
enterrado a 29 do cor-
rente no Mali, soube a
PANA de fonte segura
em Bamako.
O programa do funeral
i n c l u i u m a m i s sa n a
C ate d ra l d o S ag ra d o
Coração (Sacré-Cœur),
em Bamako, às 10 horas
da manhã, seguida por
um enterro no cemité-
rio católico da capital
maliana.
Pierre Buyoya, de 71
anos de idade, demitiu-
se em Novembro último
d o s e u c a rg o d e a l to
representante da União
Africana (UA) para o
Mali e o Sahel (MISA-
HEL), para o qual tinha
trabalho intenso. Por dia, sido nomeado em 2012.
a instituição é capaz de Justificou a demissão
realizar seis mil testes, pelo desejo de preparar
designadamente três mil a sua defesa contra a
de RTP-CR e igual número sentença de prisão per-
de sorologia. pétua por contumácia,
O director do centro, Cris- pronunciada em Outu-
tóvão Domingos, assegurou bro último, pelo sistema
que os utentes que precisam judicial burundês pelo
de viajar estão a ser atendidos assassinato, em 1993, do
sem sobressaltos. então primeiro Presi-
Constituído por 68 téc- dente burundês, demo-
nicos, o centro tem equipa- c rat i ca m e nte e l e ito ,
mentos para testes de biologia Melchior Ndadayé.
molecular, conhecido por Buyoya governou o
zaragatoa, e sorológico, que Burundi, pela primeira
determina anticorpos e a vez, de 1987 a 1993, e,
exposição do indivíduo ao pela segunda vez, de
vírus Sars-Cov-2. 1996 a 2005.

55 RECUPERADOS EM 24 HORAS EMPRESAS PETROLÍFERAS

País regista três mortes e 50 novas infecções
Xavier António
O número de vítimas mortais
em Angola devido ao novo
coronavírus aumentou para
399, desde Março último,
com o registo de mais três
óbitos, nas últimas 24 horas,
um dia depois do Natal.
As mortes ocorreram nas
províncias do Zaire (2) e em
Luanda (1), com idades entre
55 e 81 anos, sendo dois
homens e uma mulher. O total
agora é de 399 vítimas mortais,
desde Março último, sendo
que 67 por cento homens e
33 por cento mulheres.
De acordo com o secre-
tário de Estado para a Saúde
Pública, Franco Mufinda,
Luanda acumula um total
de 301 mortes, seguido do
Zaire com 14 óbitos.
Nas últimas 24 horas,
foram diagnosticados mais
50 novos casos de Covid-19,
sendo 26 em Luanda, 14 no
Zaire, seis em Malanje, dois
no Cuanza-Norte e igual
número no Bié, sendo 34
homens e 16 mulheres.
Nesta altura, o país tem
um cumulativo de 17.149
casos confirmados, desde o
surgimento das primeiras
infecções. A capital regista
o maior número de casos,
ao acumular 4.698 activos
e 7.395 recuperados.
Fra n c o Mu fi n d a , q u e
falava no habitual ponto de
situação diário da Covid-19,
no Centro de Imprensa Ani-
bal de Melo (CIAM), referiu
que 55 pessoas recuperaram
da doença, com idades entre
17 e 65 anos, sendo 37 em
Luanda, 14 na Lunda-Sul e
quatro do Uíge. O total sobe
para 9.976 recuperações.
O governante destacou,
igualmente, a existência de
6.774 casos activos, sendo
trê s em e stado crítico
(0,04%), cinco em estado
grave (0,1%), 78 moderados
(1,2%), 107 leves (1,6%) e
6.581 assintomáticos (97,2%).
Nas últimas 24 horas, foram
processadas 914 amostras por
RT-PCR (50 positivas e 864
negativas), com uma taxa de
positividade de 5,3%. Franco
Mufinda disse, ainda, que 193
pacientes estão internados
nas unidades de tratamento.
No mesmo período, os
laboratórios processaram
26 amostras por testes de
diagnóstico rápido antígeno,
das quais duas positivas
(7,7%) e 26 negativas. O
cumulativo de amostras pro-
cessadas é de 302.787 (17.149
positivas e 285.638 negati-
vas), desde Março, com uma
taxa de positividade de 5,7%.
Quanto às altas de quaren-
tena institucional nas últimas
24 horas, informou, foram
dadas 12, das quais seis no
Namibe e igual número em
Benguela. Um total de 205
pessoas cumpre o isolamento
institucional a nível do país.
A Equipa de Saúde Mental
e Intervenção Psicossocial
assistiu 32 pessoas, através
da Linha de Apoio Psicoló-
gico. O Centro Integrado de
Segurança Pública (CISP)
recebeu 45 chamadas.
Na ocasião, o secretário
de Estado para a Saúde Pública
disse que 430 pessoas foram
testadas nos pontos de entrada
e saída. “Após serem sub-
metidas ao teste na base do
antígeno não foi detectado
nenhum caso positivo”, subli-
nhou Franco Mufinda.
Nova variante do vírus
A existência de casos confir-
mados de contaminação da
nova variante do vírus Sars
Cov-2, na África do Sul, Aus-
trália, Nigéria e Reino Unido,
levou com que os Ministérios
da Saúde, Interior e Relações
Exteriores e Transportes
decretassem a suspensão das
ligações aéreas, terrestres e
marítimas de passageiros.
Pa ra o g ove r n a n te , o
objectivo visa a prevenção
de sta nova variante em
Angola. O Ministério da
Saúde, disse, procederá a
actualização regular da lista
de países com a circulação
da nova variante em função
da situação epidemiológica.
A Comissão Multissec-
torial de Combate à Covid-
19, felicitou, também, o
comportamento da popu-
lação durante o Natal que
não alterou. Por outro lado,
recomendou ao cumpri-
mento das medidas de pre-
ve n ç ã o , c o m o o u s o d a
m á s c a r a , l ava g e m d a s
mãos, uso do álcool em gel,
assim como o distancia-
mento social.
Bloco 15 financia 200 mil
dólares para prevenção
Duzentos mil dólares é o
montante disponibilizado
pelos parceiros da Associa-
ção do Bloco 15 (ExxonMo-
bil, BP, ENI, EQUINOR,
SONANGOL) e a Agência
Nacional de Petróleo e Gás
(ANPG) para a implemen-
tação do Programa de Pre-
venção e Controlo da
Propagação da Covid-19 em
Angola, noticia a Angop.
O projecto, a ser imple-
m e n t a d o p e l a Wo r l d
Vision, em parceria com
o Gabinete Provincial da
Saúde de Luanda, direc-
ções municipais do sector
e sociedade civil, surge
com o intuito de controlar
a disseminação dessa pan-
demia e providenciar for-
mação e capacitação para
resposta, através da divul-
gação massiva de infor-
mação sobre práticas de
higiene e prevenção.
De acordo com o gestor
de projecto da World Vision
Angola, Vagno Gomes, a
parceria da World Vision
com o Ministério da Saúde,
ANPG e os parceiros petró-
liferos do Bloco 15, cinge-
se a missão da organização
em apoiar as crianças e
famílias mais vulneráveis.
Este projecto vem com-
p l e m e n t a r o P ro g ra m a
Emergencial de Resposta à
Covid-19, do Governo, e
visa proteger e preservar
vidas, garantir o acesso à
informação sobre prevenção,
promoção e protecção da
s a ú d e . O m e s m o p revê
melhorar a vida de 28 mil
famílias, num acumulado
d e ap rox i m a d a m e n te 2
milhões de cidadãos.
O projecto, segundo a
Word Vision, deverá ser
implementado de Dezem-
bro deste presente ano de
2020 até Junho de 2021,
prevendo na fase inicial
formar até 360 voluntários
de diferentes organizações
da sociedade civil.
Para a materialização desta
iniciativa, a Word Vision
apresentou (antes) o devido
prospeto de Prevenção e
Controlo da Propagação da
doença em oito organizações
e ou associações.
DESTAQUE Domingo
27 de Dezembro de 2020
Continuam as manobras para viagens
sem teste negativo de Covid-19
Os primeiros mobilizam os passageiros e os automobilistas explicam
como fazer a viagem sem o teste negativo de Covid-19 e como lidar
com os órgãos de defesa e segurança nos postos de controlo
Valter Gomes | Uíge
As viagens interprovinciais
entre Uíge e Luanda conti-
nuam a ser feitas sem o teste
negativo de Covid-19.
Nesta quadra festiva, a
cidade do Uíge regista um
aglomerado de passageiros
em algumas paragens clan-
destinas criadas pelos taxis-
tas, vulgo candongueiros.
O negócio é feito entre “lota-
dores”, clientes e motoristas.
Os primeiros mobilizam os
passageiros e os automo-
bilistas explicam como fazer
a viagem sem o teste nega-
tivo de Covid-19 e como
l i d a r c o m o s ó rgã o s d e
defesa e segurança nos pos-
tos de controlo.
“Não precisa o teste de
Covid-19. Basta apenas o
Bilhete de Identidade ou a
Cédula Pessoal para a via-
gem. Pelo caminho não há
Pandemia baixou o número
de estágios para finalistas
Arão Martins | Lubango
O director-geral do Instituto
Superior de Ciências da Edu-
cação (ISCED), na Huíla,
L u í s A l e xa n d re , d i s s e ,
ontem, na cidade do
Lubango, que o encerra-
mento de escolas, devido à
Covid-19, baixou o número
de estágios para os estudan-
tes do terceiro ano e finalistas
daquela instituição.
Luís Alexandre, que pres-
tou a informação à margem
do lançamento da revista
científica daquela instituição,
considerou “atípico e difícil”
o ano de 2020, principal-
mente, devido ao surgimento
da pandemia. “Houve uma
pequena baixa no que res-
O negócio é feito entre “lotadores”, clientes e motoristas.
complicações, tudo passa
pelo diálogo com os agentes
da ordem”, conta um auto-
mobilista, acostumado a
essas negociatas.
O negócio fraudulento fez
alterar o preço da viagem
entre as duas províncias.
Antes da pandemia eram
cobrados cinco mil kwanzas
entre Uíge e Luanda, mas
hoje é necessário desem-
bolsar 25 mil pela viagem.
À reportagem do Jornal de
Angola, vários taxistas dis-
seram que dos 25 mil kwanzas
é deduzida a “gasosa”, ou
seja, o valor para pagar aos
efectivos dos órgãos de defesa
e segurança nos postos de
controlo, para permitirem a
passagem de pessoas sem o
teste negativo.
O automobilista Dom
Fonseca conta que do Uíge
para Luanda não há grandes
constrangimentos nos postos
ISCED-HUÍLA
peita aos estágios porque
algumas escolas estão encer-
radas, devido à Covid-19.
Mas, no global, temos um
balanço positivo”, disse.
A pandemia, lembrou,
interrompeu as actividades
lectivas de Março a Outubro,
mês em que retomaram as
aulas presenciais. “Com a
retoma das aulas presenciais,
o ISCED-Huíla criou todas
as condições de biossegu-
rança, como pulverizadores,
álcool em gel, produtos de
limpeza, entre outros”, disse.
Esclareceu que, para o
sucesso das aulas, foram
formados estudantes e pro-
fessores para a utilização
eficaz das novas tecnologias
de informação e comuni-
ENTRE UÍGE E LUANDA
de controlo, já que tem
havido alguma “ponderação”
por parte dos agentes em
serviço. “No regresso de
Luanda para o Uíge fica tudo
mais difícil”, disse.
Que stionado s obre o
risco de viajar com passa-
geiros sem testes negativos
de Covid-19, peremptório,
re sp o n d e u : “ q u e m n ão
arrisca não petisca e eu
não faço outro trabalho
que não seja o serviço de
táxi. Se ficar em casa, como
vo u s u s te n ta r a m i n h a
família?”.
Outro automobilista, que
pediu o anonimato, disse
que alguns colegas recebem
solicitações de viagens de
clientes habituais, por isso
tudo passa por um con-
senso entre eles. “Alguns
apresentam testes negativos
de Covid–19, mas outros
não. Tudo passa pelo diá-
cação. “O recurso às novas
tecnologias permitiu for-
necer informação científica
aos nossos estudantes e,
por isso, o balanço é posi-
tivo”, reconheceu.
Salientou que o ISCED-
Huíla é uma instituição
cujo perfil continua o
mesmo. “Somos uma ins-
tituição com muita expe-
riência. Na região Sul, o
ISCED é a instituição com
mais doutores e professores
catedráticos, mestres dinâ-
micos e outros que domi-
nam as novas tecnologias
de informação e comuni-
cação. Não houve quebras
significativas que possam
pôr em causa este ano aca-
démico”, reafirmou.
logo. Vivemos deste ser-
viço, se não o fazermos
como vamos sobreviver?”,
questionou.
Falta de testes
Também sob anonimato,
uma passageira, com destino
a Luanda, devido ao óbito
do irmão, justificou que não
tem sido fácil conseguir teste
de Covid–19, por isso, enten-
deu viajar sem ele.
“ Fu i vá r i a s ve z e s a o
Departamento de Saúde
Pública e ao Hospital Geral
do Uíge para fazer o teste,
mas não foi possível. Fui
informada que não havia
testes disponíveis para via-
jantes, mesmo com dinheiro
para pagar”, disse.
Dombele Sebastião, outro
passageiro, mostrou-se agas-
tado com a falta de testes rápi-
d o s pa ra vi a j a nte s n a
província. “Não está fácil con-
ANTÓNIO CAPITÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
seguir o teste. Vamos ao
Departamento de Saúde
Pública, mesmo com dinheiro,
não conseguimos o teste. Pre-
cisamos viajar para procurar
o sustento, vamos fazer
como?”, questionou-se.
Sobre o risco de todos
viajarem na mesma viatura
sem o mínimo de distan-
ciamento físico, Sebastião
disse que o uso de máscara,
álcool em gel e fé em Deus
os tem protegido.
Na busca incessante pela
verdade, o Jornal de Angola,
com a permissão do Gabinete
Provincial de Saúde, con-
tactou o chefe do Departa-
mento de Saúde Pública para
mais dados sobre a pandemia
no Uíge, mas sem sucesso.
Uíge já notificou mais
de 130 casos positivos, dis-
tribuídos em oito dos 16
municípios que compõem
a província.
5
EM 48 HORAS
Bié registou
mais seis
casos
positivos
João Constantino | Cuito
A província do Bié regis-
tou, durante as últimas
48 horas, mais seis novas
infecções de Covid-19,
e l eva n d o p a ra 6 7 o
número de casos confir-
m ad o s d a pa n d e m i a ,
sendo 26 activos e 41
recuperados.
Ontem, 78 pessoas
foram submetidas ao teste
de Covid-19, dos quais
dois deram positivo e 25
reactivos a IGG e a IGM.
Os dados actualizados
foram ontem apresenta-
dos à imprensa, na cidade
do Cuito, pelo chefe de
Departamento de Saúde
Pública e Controlo de
Endemias, Isaías Cam-
bissa, informando que,
dos dois casos positivos,
um foi registado no Centro
Médico do Piloto e outro
na rua Sagrada Esperança,
onde foram testados os
atletas e membros de
dire cção do Cuando
Cubando Futebol Clube,
jornalistas, entre outros.
Isaías Cambissa asse-
gurou que os 26 casos
activos estão sob acom-
panhamento médicos,
uns no Centro de Trata-
mento da Cavanga 2 e
outros nas suas residên-
cias, desde que possuam
condições para o efeito.
Ainda ontem, 15 jor-
n a l i s t a s d e s p o r t ivo s
foram, pela primeira vez,
testados a custo zero, facto
facilitado pela direcção
da equipa do Cuando
Cubando Futebol Clube,
já que a Comissão Pro-
vincial Multissectorial de
Prevenção e Combate à
Covid-19 ainda não rea-
lizou testes para os fun-
cionários dos órgãos de
comunicação social local.
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO
6 DESTAQUE
O ministro da Saúde britâ-
nico, Matt Hancock, alegou,
na quarta-feira, que uma
nova variante do coronavírus
foi detectada no Reino Unido,
tendo sido descoberta pela
primeira vez na África do
Sul, impondo “imediata-
mente” restrições às chega-
das da África do Sul, devido
à nova mutação, por ser
“mais contagiosa”.
“As suas declarações (do
ministro Matt Hancock) cria-
ram a percepção de que a
variante na África do Sul foi
um factor importante na
segunda vaga no Reino Unido
e isso não está correcto”, refere
o ministro da Saúde da África
do Sul, em comunicado.
“ H á p r o va s d e q u e a
variante do Reino Unido se
d e s e nvo lve u a n te s d a
variante sul-africana. Para
dar algum contexto histórico,
em 14 de Dezembro, o Reino
PRODUÇÃO DE ANTICORPOS
Infectados podem ficar imunes durante pelo menos seis meses
As pessoas infectadas por
Covid-19 podem ficar com
protecção contra novas infec-
ções nos próximos seis meses
ou mais tempo, indicam os
resultados de dois estudos
divulgados na quarta-feira,
por instituições científicas.
Nos dois casos, os inves-
tigadores (na Inglaterra e
nos Estados Unidos) desco-
briram q u e q u e m c r i o u
anticorp o s para o novo
coronavírus tinha muito
menos probabilidades de
voltar a testar positivo num
período mínimo de seis
meses, o que aponta para a
eficácia das vacinas, que
provocam no sistema imu-
nitário a mesma reacção, a
produção de anticorpos.
De acordo com um dos
Unido relatou à OMS que
uma variante havia sido
identificada e rastreada em
20 de Setembro de 2020, em
Kent, Sudeste da Inglaterra,
aproximadamente um mês
antes de a variante sul-afri-
cana aparentemente se ter
desenvolvido”, explicou o
governante sul-africano.
Segundo Zweli Mkhize,
“esta variante tem uma muta-
ção comum com a variante
sul-africana (a 501), embora
sejam duas linhagens com-
pletamente independentes”.
“Além disso, a variante
do Reino Unido havia sido
já identificada fora do Reino
Unido, conforme relatado
pelo professor Neil Ferguson,
um destacado cientista bri-
tânico, que disse ao Comité
de Ciência e Tecnologia do
Reino Unido há dois dias que
as provas da Dinamarca, um
país com uma taxa de infec-
estudos, as pessoas com anti-
corpos de infecções naturais
tinham “um muito menor
risco... na ordem do mesmo
tipo de protecção que se obte-
ria com uma vacina eficaz”,
afirmou Ned Sharpless, direc-
tor do Instituto Nacional do
Cancro dos Estados Unidos.
“É muito, muito raro” ser
reinfectado, afiançou.
Outro dos estudos, publi-
cado na quarta-feira, na
rev i s ta c i e n t í fi c a “ New
England Journal of Medicine”,
envolveu mais de 12.500 tra-
balhadores de saúde dos hos-
pitais da Universidade de
Oxford, no Reino Unido.
Entre os 1265 que tinham
anticorpos ao novo corona-
vírus no início, apenas dois
tiveram resultados positivos
REACÇÃO DO MINISTÉRIO
DA SAÚDE DA ÁFRICA DO SUL
“Não há provas
da variante
sul-africana na
origem de 2ª vaga
no Reino Unido
O ministro da Saúde da África do
Sul, Zweli Mkhize, criticou as
declarações do seu homólogo
britânico, afirmando não existirem
provas de que a variante sul-
africana de Covid-19 esteja na
origem da segunda vaga de
infecções no Reino Unido
ção relativamente baixa,
sugerem que quase certa-
mente a nova variante do
vírus identificada no Reino
Unido já está na grande
maioria, senão em todos os
países europeus”, salientou.
O ministro da Saúde sul-
africano referiu ainda que
Pretória “está preocupada”
com a “narrativa que se está
a desenvolver, de que a
variante 501.V2 é mais trans-
missível do que a variante
do Reino Unido” ou que pode
p o te n c i a l m e n te c au sa r
“morbidade e mortalidade
mais graves”, na sequência
de “duas amostras recolhidas
de contactos de viajantes
sul-africanos, que testaram
positivo a uma variante do
Sars-Cov-2 geneticamente
idêntica à 501.V2”.
“Não há provas de que o
501.V2 seja mais transmis-
sível do que a variante do
nos testes para detectar infec-
ção activa nos seis meses
seguintes, e nenhum deles
desenvolveu sintomas.
Os resultados contrastam
com os obtidos junto dos 11
364 trabalhadores que ini-
cialmente não tinham anti-
corpos, com 223 deles a
terem resultados positivos
nos testes de infecção nos
seis meses que se seguiram.
O estudo do Instituo
Nacional do Cancro envol-
veu mais de três milhões
de pessoas, que fizeram tes-
tes de anticorpos em dois
laboratórios privados dos
Estados Unidos. Apenas 0,3
por cento das pessoas que
inicialmente tinham anti-
corpos testaram positivo
para o coronavírus mais
DR
Reino Unido, como sugerido
pelo ministro da Saúde bri-
tânico. Também não há evi-
dências de que o 501.V2
causa uma doença mais grave
ou aumenta a mortalidade
do que a variante do Reino
Unido ou qualquer variante
s e q u e n c i ad a e m to d o o
mundo”, sublinhou o gover-
nante da África do Sul.
Mkhize disse que o
Governo sul-africano está
focado em colaborar e coo-
perar com a Organização
Mundial da Saúde e com todos
os países para conter a dis-
seminação da Covid-19.
A África do Sul registou
um recorde de 14.305 novos
casos de infecção e 326 óbitos
por Covid-19 no país nas
últimas 24 horas, elevando
para 968.563 o total de casos
positivos da doença, que já
c a u s o u 2 5 . 9 8 3 m o r to s ,
segundo o ministro da Saúde.
tarde, em comparação com
os 3% das pessoas que não
tinham tais anticorpos.
“É muito gratificante” ver
que os investigadores de
O x f o r d e n c o n t ra ra m a
mesma redução de risco, 10
vezes menos provável ter
uma segunda infecção se os
anticorpos estiverem pre-
sentes, disse Ned Sharpless.
A investigação do Instituto
norte-americano foi publi-
cada numa página da Internet
que é partilhada por cien-
tistas. A pandemia de Covid-
19 provocou pelo menos 1
718 209 mortos resultantes
de mais de 77,9 milhões de
casos de infecção em todo
o mundo, segundo um
balanço feito pela agência
francesa AFP.
CAMPANHA DE DESINFORMAÇÃO
Agência Europeia preocupada
com hesitação sobre a vacina
A nova directora-executiva
da Agência Europeia de
Medicamentos admitiu que
a hesitação em relação a
vacina contra a Covid-19
a preocupa e defendeu que
é preciso combater a desin-
formação e responder às
“preocupações legítimas”
dos cidadãos.
“A hesitação quanto à
vacina preocupa-me e um
trabalho que agora pode-
mos fazer juntos é com-
bater a desinformação,
através de uma comuni-
cação clara, oportuna e
proactiva”, defendeu Emer
Cooke, em entrevista ao
Infarmed Notícias. Para a
responsável da Agência
Europeia de Medicamentos
(EMA, na sigla em inglês),
é necessário “responder as
preocupações legítimas
dos cidadãos e construir
confiança com eles”.
“Talvez isso implique
a utilização das redes
sociais ou qualquer outro
canal que nos ajude a
alcançar a s p e ss oa s e
m e l h o r d i re c c i o n a r a
informação”, advogou
Emer Cooke, que assumiu
funções a 16 de Novembro,
ao jornal oficial da Auto-
ridade Nacional do Medi-
ca m e nto e m Po r tuga l
(Infarmed).
Na entrevista, Emer
Cooke traça as principais
prioridades do seu man-
dato, afirmando que, no
âmbito da Covid-19, “o
que é realmente importante
[...] é garantir a disponi-
bilidade de medicamentos
e dispositivos médicos,
MAIS DE 79.758.000 INFECÇÕES
Já morreram 1.750.780
pessoas no mundo
A pandemia matou pelo
menos 1.750.780 pessoas,
desde que a OMS relatou
o início da doença, em
Dezembro de 2019, na
China, segundo o levan-
tamento da agência de
notícias AFP.
Mais de 79.758.000 casos
de infecção foram oficial-
mente diagnosticados
desde o início da epidemia,
do s q uai s p elo meno s
50.405.700 pessoas já foram
consideradas curadas.
Esse número de casos
diagnosticados reflecte, no
entanto, apenas uma frac-
ção do número real de infec-
ções. Alguns países testam
apenas os casos graves,
outros priorizam o teste
para rastreamento e muitos
países pobres têm capaci-
dade limitada de teste.
Na sexta-feira, foram
registadas 8.389 novas
mortes e 485.359 novos
casos de infecção em todo
o mundo. Os países que
registaram mais mortes
novas nos seus relatórios
mais recentes continuam
a ser os Estados Unidos,
com 1.414 óbitos, seguido
pelo México (665) e Reino
Domingo
27 de Dezembro de 2020
bem como apoiar o acesso
rápido a tratamentos, vaci-
nas e diagnósticos inova-
dores onde existam lacunas
terapêuticas”.
“Em última análise, não
importa o quão inovador
ou antigo é o medica-
mento, se efectivamente
ele não chega ao doente,
por razões de preço, de
abastecimento ou de mer-
cado. É um trabalho que
a EMA não pode fazer sozi-
nha, mas acredito que este
é um tema em que preci-
samos de focar a nossa
atenção”, afirmou.
Apesar de a pandemia
dominar hoje uma boa parte
das discussões, Emer Cooke
observa que “não é a única
ameaça à saúde pública”
que o mundo enfrenta.
“A resistência antimi-
crobiana ainda é um pro-
blema importante, e eu
e s to u e m p e n h a d a e m
enfrentá-lo, não apenas
ao nível da EMA, mas tam-
bém através do trabalho
conjunto com as autorida-
des nacionais”, defendeu.
Emer Cooke reconheceu
ainda que assumir a lide-
rança da EMA , num
momento em que o mundo
enfrenta uma pandemia,
é “bastante desafiante”.
“As coisas estão a
mudar rapidamente. Toda-
via, um aspecto que não
mudou, nem mudará, é a
importância do trabalho
da EMA, lado-a-lado com
os reguladores nacionais
como o Infarmed, que,
esse, tenho a certeza, vai
continuar”, assegurou.
Unido (570). Os Estados
Unidos são o país mais
afectado em termos de
mortes e casos de infecção,
com 330.279, para 18.761.363
casos, segundo o levanta-
mento realizado pela Uni-
versidade Johns Hopkins.
Pelo menos 6.298.082 pes-
soas foram declaradas
curadas no país.
Depois dos Estados Uni-
dos, os países mais afec-
tados são o Brasil, com
190.488 mortes e 7.448.560
casos, a Índia,147.343 e
1 0 . 1 6 9 . 1 1 8 , o Méx i c o ,
121.837 e 1.372.243, e a Itá-
lia, 71.359 e 2.028.354.
Entre os países mais
atingidos, a Bélgica é o que
apresenta o maior número
de mortes em relação à
sua população, com 165
mortes por 100.000 habi-
tantes, seguida pela Eslo-
vénia (121), Bósnia (119),
Itália (118) e Macedónia
do Norte (115).
A Europa totalizava,
ontem, 543.993 mortes,
para 25.183.892 casos, a
América Latina e Caribe
495.436 e 15.085.477, Esta-
dos Unidos e Canadá
344.999 e 19.295.507.
DESTAQUE Domingo
27 de Dezembro de 2020
Mais de 350 pessoas estão,
neste momento, a viver nas
ruas de Lisboa. Destas, 140
chegaram à situação de sem-
abrigo no último ano e 21 há
mais de 10 anos, de acordo
com dados divulgados pela
Câmara Municipal.
Segundo uma nota do
gabinete do vereador res-
ponsável pelo pelouro dos
Direitos Sociais, Manuel Grilo,
a última contagem realizada
pelas entidades envolvidas
na resposta à população sem-
abrigo na cidade de Lisboa
indica “um total de 356 pes-
soas em situação de sem-
tecto (a viver na rua)”.
A maioria dos sem-
abrigo são homens, 309, e
46 são mulheres. Nos dados
divulgados pelo município,
o género de uma das pes-
soas surge identificado
como “outro”.
Segundo os dados divul-
gados, a média de idades dos
sem-abrigo é de 47 anos,
sendo que, dos 356, cerca de
metade (146) têm entre os
46 e os 60 anos e 112 têm
entre os 31 e os 45 anos.
Um a d a s p e s s o a s e m
situação de sem-abrigo tem
mais de 81 anos de idade e
seis têm entre os 71 e os 80
anos. Quarenta sem-abrigo
estão no escalão etário entre
os 20 e os 30 anos, 112 estão
no escalão entre os 31 e os
45 anos e um tem mais de
18 anos e menos de 20. Não
foi possível apurar a idade
de 11 pessoas.
Relativamente à natura-
lidade, 92 pessoas são de Lis-
boa, 79 de outros municípios,
23 são naturais de países da
União Europeia, 46 naturais
dos Países Africanos de Lín-
gua Oficial Portuguesa, sete
do Brasil e 39 eram naturais
de outros países, não tendo
sido possível apurar a natu-
ralidade de 70 pessoas.
Quanto ao tempo em que
as pessoas estão a viver na
rua, 21 pessoas encontram-
se em situação de sem-abrigo
já há mais de 10 anos, 39
estão na rua há mais de cinco
Milhões de norte-americanos vão comer em instituições
Milhões de norte-america-
nos conheceram, este ano,
pela primeira vez, a neces-
sidade de recorrer a insti-
tuições de solidariedade para
comer, consequência do
desemprego que subiu em
flecha devido ao confina-
mento decretado para miti-
gar a pandemia de Covid-19.
Aaron Crawford, de 37
anos, é um dos milhões de
cidadãos dos Estados Unidos
da América (EUA) cuja vida
foi completamente alterada
pela pandemia. Este norte-
americano procurava emprego
e a mulher aguardava por uma
cirurgia, quando o Sars-CoV-
2 começou a assolar o país.
Sem poupanças, a famí-
lia Crawford começou a
acumular dívidas. À Asso-
ciated Press (AP) expres-
saram a preocupação que
começaram a sentir, uma
vez que têm dois filhos, de
5 e 10 anos, e as caixas de
macarrão e queijo que com-
pravam na “loja do dólar”
não eram , s e q uer , uma
SÃO 309 HOMENS E 46 MULHERES
Mais de 350
pessoas estão
a viver em ruas
de Lisboa
Do grupo de sem-abrigo, 46 são
naturais dos Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa, sete
do Brasil e 39 eram naturais
de outros países, não tendo
sido possível apurar a naturalidade
de 70 pessoas
anos e 111 há mais de um ano.
Das 140 pessoas que che-
garam à situação de sem-
abrigo nos últimos 12 meses,
28 estão na rua há menos de
30 dias, 69 há menos de seis
meses e 43 entre os seis meses
e um ano. Desconhece-se
há quanto tempo as 45 pes-
soas estão na rua.
Em relação “às proble-
máticas identificadas para
a condição sem-tecto”, a
autarquia indica que 73 pes-
soas estão desempregadas
ou têm um vínculo precário
de trabalho, 150 são depen-
dentes de álcool ou de subs-
tâncias psicoactivas (68 e
82, respetivamente) e 67
têm “presumível problema
de doença mental”.
Além disso, 14 pessoas
solução a curto prazo.
A única alternativa, em
desespero, foi recorrer a ins-
tituições de solidariedade,
mas a decisão deixou Aaron
Crawford desconfortável.
“É tudo um estigma (…),
este pensamento de que sou
aquele homem que não
c o n s e g u e p rov i d e n c i a r
(comida) para a família, que
é um caloteiro”, explicou o
antigo militar da Marinha
dos Estados Unidos.
Contudo, Aaron Crawford
não é exemplo único. A fome
já assolava os EUA muito antes
de a pandemia atingir o país.
Até nos momentos de
maior prosperidade para a
economia norte-americana,
escolas a distribuírem refei-
ções quentes a crianças era
um cenário que se replicava
por todo o lado. E o problema
não é exclusivo de famílias
com filhos pequenos.
Há milhões de cidadãos
idosos que se vêem forçados
a escolher entre a medicação
de que necessitam e a
7
DR
têm problemas de documen- desde o início da pandemia lugar, se não fosse pela Covid- num investimento total de
tação e 10 têm “problemas e que têm capacidade para 19, haveria resposta dispo- 2,4 milhões de euros anuais.
de saúde de outra natureza”. acolher 220 pessoas, ofe- nível para todas as pessoas. Na nota é ainda referido
Relativamente a 35 pessoas recendo, além de aloja- Em segundo lugar, caso não que, no início de 2021, serão
não foi possível apurar a pro- mento de emergência, apoio tivéssemos criado a resposta asseguradas 36 vagas adi-
blemática associada à con- psicossocial, de saúde e na de emergência, a catástrofe cionais de alojamento com
dição de “sem-tecto”. procura de emprego. social seria inimaginável”, acompanhamento social,
“Estes números são pes- Os quatro centros em acrescenta o vereador. através dos projectos de
soas cuja situação nos preo- funcionamento, neste A l é m d o s c e n t ro s d e "residência solidária e apar-
cupa. A sua expressão revela momento, estão instalados emergência, a autarquia ace- tamentos de transição”.
a crise social gravíssima que no Pavilhão Municipal Casal lerou o investimento em “A soma de todas as res-
vivemos devido à pandemia Vistoso, na Casa do Largo “Housing First”, programa postas de alojamento da
e que levou muita gente a (exclusivo para mulheres), que garante habitação e Câmara Municipal de Lis-
cair na rua devido à preca- na Pousada da Juventude acompanhamento psicos- boa, que se somam a outras
riedade e à instabilidade das do Parque das Nações e na social para a reintegração respostas solidárias, é de
suas condições de vida”, Casa dos Direitos Sociais da social, tendo sido adjudicadas 712 vagas”, indica a autar-
refere Manuel Grilo, citado autarquia (para onde foram 380 casas que estão “a ser quia, salientando que se
no comunicado. transferidas no início de gradualmente atribuídas aos t rata d e “ u m au m e nto
Além destas pessoas que Outubro as pessoas que esta- utentes, seguindo os critérios substancial perante as 416
se encontram a viver na rua, vam no centro instalado no desse programa”. existentes em Janeiro de
718 já passaram pelos quatro Clube Nacional de Natação). O município espera ter 2020”, contando até 2023
centros de emergência que “Há dois factos que não todas as casas distribuídas ter 1.143 vagas de aloja-
a Câmara de Lisboa abriu podemos omitir: em primeiro nos primeiros meses de 2021, mento disponíveis.
PANDEMIA FEZ CRESCER O DESEMPREGO
poderão ainda recorrer a e de luta contra a fome nos
“(Ir buscar comida a instituições) não fazia de uma “caixa de emergência” Estados Unidos. Junta-se aos
mim um homem mau ou um marido e pai para se sustentarem até ao registos de, por exemplo, a
terrível. Pelo contrário, estava, na realidade, a final do mês. Grande Depressão, no século
fazer alguma coisa para garantir que a minha Este cenário é semelhante passado, de que ficaram na
mulher e filhos (…) tenham comida” ao de milhões de famílias memória as longas filas de
norte-americanas, entregues homens que aguardavam
a organizações não-gover- para comer um pouco de
comida. A pandemia veio ponibilizar para os filhos. As namentais e, por vezes, à pão. E, nesta memória colec-
adensar este flagelo. Com o pessoas que estão na 'linha solidariedade da vizinhança. tiva de pobreza, há também
aumento do número de pes- da frente' do combate à fome Foi Sheyla, a mulher de um cartaz onde é possível
soas internadas, uma parte nos EUA partilham uma opi- Aaron, que insistiu para ler “Sopa grátis. Café e donuts
substancial nos cuidados nião: nunca viram nada p ro c u ra re m a j u d a . No para os desempregados”.
intensivos, e do desemprego, assim, nem mesmo durante entanto, o marido, com ver- A imagem agora é diferente,
milhões de norte-america- a recessão de 2007/2009. gonha, receou encontrar mas o paralelismo existe.
nos olham agora para os fri- A família Crawford recor- alguém conhecido. Uma Longas filas de automó-
goríficos vazios e para a reu aos Centros de Recursos ideia que reconhece ser veis, cuja extensão real apenas
impossibilidade de os encher. Familiares e às Prateleiras errada e que atribuiu, nova- é visível com imagens cap-
De acordo com uma análise de Comida, organizações que mente, ao estigma. tadas por drones. Filas que
feita pela AP, as associações pertencem a uma rede de “(Ir buscar comida a ins- dão a volta a quarteirões em
responsáveis pela distribuição 360 comunidades, a 15 minu- tituições) não fazia de mim cidades como Nova Iorque.
de refeições estão a trabalhar tos de onde vivem, em Apple u m h o m e m m au o u u m Quem aguarda nestas filas
a um ritmo cada vez maior, Valley, no Minnesota. marido e pai terrível. Pelo pode esperar horas até receber
mas não é suficiente para Sempre que precisam, contrário, estava, na reali- as caixas ou sacos de comida.
compensar a quantidade cada recebem caixas mensais de dade, a fazer alguma coisa O cenário é assim de uma
vez maior de pessoas em situa- produtos frescos, lacticínios, para garantir que a minha ponta à outra do país. Depois
ção de pobreza. mercearia, carne e outros mulher e filhos (…) tinham de recolhida a comida, é
Há também relatos, cada bens de necessidades básicas comida”, prosseguiu. preciso racionar, porque a
vez mais frequentes, de pes- - o suficiente para encher A história de Aaron Craw- próxima ajuda, para muitos,
soas que prescindem de dois carrinhos de supermer- ford e da família é mais um poderá apenas chegar no
várias refeições para as dis- cado. Se ficarem sem comida, registo na história de pobreza início do mês.
8 ESPECIAL
OBRA DO REALIZADOR GEORGE C. WOLFE
Viola Davis
e Chadwick
Boseman:
gigantes num
filme para
os Óscares
Um filme Netflix pensado para os
Óscares. Ma Rainey- A Mãe do Blues
é a história de Ma Rainey e do seu
trompetista rebelde. Chadwick
Boseman despede-se do cinema
com o melhor papel da sua carreira
Rui Pedro Tendinha |*
Mais vale ser directo e avisar
à partida que Ma Rainey's
Black Bottom vai ser sobre-
tudo falado por incluir a inter-
pretação final da estrela
Chadwick Boseman, falecido
este ano. E a verdade é que o
filme de George C. Wolfe
merece ir para além disso,
mesmo considerando que a
sua grande força esteja nas
HISTÓRIA PARA “AMANTES DE GATOS”?
Aristogatos:
há 50 anos
pelos telhados
de Paris
Inês N. Lourenço |*
Há um ano, mais coisa, menos
coisa, a notícia de que a gata
do designer de moda Karl
Lagerfeld seria uma das her-
deiras da sua fortuna tornou-
se um daqueles fait divers
excêntricos que, por momen-
tos, fazem suspirar qualquer
ser humano de posses modes-
tas. O que tem Choupette de
tão especial? A pergunta pode
fazer-se a todos os amantes
de gatos, mas tem particular
cabimento se colocada à dona
de Duquesa, Marie, Berlioz e
Toulouse, mais precisamente,
a Madame Adelaide Bonfa-
mille da animação Os Aris-
togatos, que, muito antes do
director criativo da Chanel,
já tinha lançado a moda de
deixar heranças a felpudos.
Pelos vistos, uma extrava-
gância muito francesa (Lager-
feld era alemão mas viveu e
morreu em Paris).
performances dos actores, as
de Chadwick e Viola Davis.
Performances mais do que
interpretações. São actores a
representar com uma inspi-
ração nos limites, com sangue
e suor. Ele já com sinais de
deterioração física (estava
nos tratamentos derradeiros
do seu cancro no cólon), ela
a espantar por um olhar e voz
rasgados e tristes.
Baseada na peça teatral de
É então esta a história no
centro daquele que terá sido
o último projecto aprovado
pela pena de Walt Disney:
uma cantora de ópera apo-
sentada que, ao tratar do
testamento com o seu advo-
gado, decide acautelar um
destino nobre para a sua
gata e respectivas crias, con-
tando com a fidelidade de
um mordomo inglês que
deveria cuidar dos animais
até à m o r te d e ste s , e s ó
depois herdar ele próprio a
fortuna deixada aos felinos.
Edgar, o mordomo, que
e s c u ta o s p l a n o s d a s u a
senhora, não está para esperar
tanto tempo pela riqueza pro-
metida (talvez morra antes
dos gatos!) e arranja maneira
de fazer desaparecer da vista
os “tesouros” de quatro patas...
Mas para uma Duquesa há
sempre um herói como Tho-
mas O'Malley, vadio e char-
moso, por isso, ao vilão de
August Wilson, esta é a história
de uma sessão de gravação de
um disco da mítica Ma Rainey,
a primeira diva dos blues a
ter a sua voz gravada em disco
e percursora de um estilo. A
história anda à volta das picar-
dias com o estúdio, os ciúmes
entre os músicos e os basti-
dores de um dia quente na
grande cidade.
No centro de tudo está a
pose orgulhosa e caprichosa
meia-tigela sai-lhe o tiro pela
culatra. Que é como quem
diz, a gataria encontrará o
caminho de volta para casa.
Lançado a 24 de Dezembro
de 1970, Os Aristogatos fez
da Paris de 1910 a cidade
romântica correspondente
ao simbolismo que Londres
tem para Os 101 Dálmatas
(1961) - a testemunhar essa
cumplicidade entre os dois
filmes, na versão live action
do último há mesmo uma
cena com os pequenos dál-
matas a verem Os Aristogatos
na televisão. Mas o grande
esmero, não só de Walt Disney
como do realizador Wolfgang
Reitherman, foi o denomi-
nador comum dos animais.
Animais como nós
Ao longo da construção do
seu império animado, Disney
ficou conhecido por uma par-
ticular sensibilidade no que
toca à caracterização dos ani-
de Ma Rainey, alguém que é
capaz de ter birra quando não
lhe dão Coca Cola ou quando
duvidam das capacidades de
apresentador do seu sobrinho.
Por outro lado, Ma enfrenta
também Levee (Boseman),
o seu trompetista ambicioso,
alguém fascinado pelo seu
próprio talento e com delírios
de grandeza. A dada altura,
devido a um novo arranjo de
um tema, entra em rota de
mais. E uma das suas máxi-
mas - “Quando criamos fan-
tasias não podemos perder
de vista a realidade” - denota
essa preocupação de alcançar
o ponto ideal entre o imagi-
nário e o real. Daí que também
no elenco de vozes de Os Aris-
togatos se tenha procurado a
rigorosa identificação das
personagens com a persona-
lidade dos actores. O próprio
Disney (antes da morte em
1966) foi o responsável pela
escolha do comediante Phil
Harris para a voz do gato de
rua O'Malley, sendo Duquesa
uma nomeação de Reither-
man, que reconheceu na voz
de Eva Gabor a frescura femi-
nina adequada a uma gata de
postura “aristocrática”.
O caso mais exemplar desta
lógica de casting seria ainda
o de Louis Armstrong, que
tinha uma personagem escrita
à sua imagem e semelhança:
Satchmo, o rechonchudo gato
DR
colisão com a sua cantora.
A câmara de Wolfe folheia
com classe e aprumo um ima-
ginário de histórias lendárias
do mundo dos “blues”.
Mesmo em modo de “huis-
clos”- quase tudo se passa
dentro de um estúdio velhinho
de Chicago - há um olhar com
intenções de cinema, mesmo
no modo de captar a música
e a sua respiração. Uma auten-
ticidade que não colide com
trompetista. Infelizmente, o
músico de jazz já estava doente
na altura e acabou por ser
substituído por Scatman
Crothers, contratado sob a
condição de tentar repro-
duzir o melhor possível o
aparelho vocal de Armstrong,
mudando-se também o nome
da personagem para Scat.
A ilustríssima personali-
dade definitivamente ligada
ao projecto terá sido, porém,
Maurice Chevalier, o cantor
e humori sta q ue saiu da
reforma aos 82 anos só para
interpretar, em inglês e francês,
o tema musical homónimo
do filme, escrito e composto
pela dupla das canções de
Mary Poppins, os oscarizados
Richard e Robert Sherman.
Seria o derradeiro trabalho de
Chevalier, a que não faltou
uma típica airosidade pari-
siense, naturellement!
Mas a música que popula-
rizou Os Aristogatos foi, sem
Domingo
27 de Dezembro de 2020
o próprio jogo de rimas de
espaços cénicos. O teatro está
lá mas a montagem traz um
dinamismo que nunca se
deixa cair no mero “teatro
filmado”. Aliás, os clímaxes
dramáticos são tantos que
até parecem ganhar uma
carga de suspense. Nesse
aspecto, é um filme da
mesma família de Vedações
(adaptação também de
August Wilson), de Denzel
Washington, por sinal, aqui
nas funções de produtor.
Se, por vezes, estamos na
presença de um conto sobre
a incomunicabilidade entre
músicos que apenas se enten-
dem quando os instrumentos
tocam, Ma Rainey- A Rainha
do Blues, escapa ao libelo do
filme com “tema do passado
para falar do presente”. E
ainda bem, por muito que o
exemplo de Ma Rainey sirva
para vincar o racismo na
indústria discográfica. George
C. Wolfe prova ser um cineasta
mais interessado no fogo e
na vibração do confronto de
egos e da evocação de uma
tradição da sub-cultura musi-
cal. E fá-lo com uma noção
insidiosa de conto sobre a
miséria humana, tão com-
pacta que se torna impossível
tirar os olhos do ecrã.
Nesta altura, nas conjec-
turas da campanha dos Ósca-
res que já começaram, Ma
Rainey- A Mãe do Blues estará
longe dos mais cotados, mas
nas categorias de melhores
actores, Chadwick Boseman
e Viola Davis estão mais do
que garantidos. São soberbos,
ficam na história...
*In “Diário de Notícias”
dúvida, Everybody Wants to
Be a Cat, um postulado sin-
fónico cuja letra tem hoje espe-
cial aplicação prática: será que
queremos mesmo ser gatos
em tempos de pandemia?
Depende. Há os gatos de rua
como O'Malley e Scat, que
apreciam a vida ao ar livre,
sem regras (nem máscaras),
e aqueles que, como Duquesa
e os filhotes, desfrutam do
confinamento no conforto do
lar, sem grandes viagens para
lá da janela com vista sobre
os telhados de Paris.
Gatos como nós, ou nem
por isso, que não temos for-
tuna deixada p or uma
Madame Adelaide Bonfamille.
A verdade é que em 2020 nos
aproximámos de uma certa
compreensão da chamada
vida de gato. Falta só aquela
serenidade com que eles viram
os bigodes às apoquentações
e dormem refastelados.
*In Diário de Notícias
ESPECIAL Domingo
27 de Dezembro de 2020
NASA SACRIFICOU OS ANIMAIS
27 macacos mortos no centro
de investigação num único dia
Todos os macacos que esta-
vam na posse da NASA
foram mortos num único
dia, durante o ano pas-
sado, revela o jornal bri-
tânico The Guardian, que
teve acesso a documentos
confidenciais.
Um total de 27 primatas
foi abatido com recurso a
medicamentos administra-
dos a 2 de Fevereiro de 2019,
no centro de investigação
em Vale do Silício, na Cali-
fórnia. Além de estarem
com sinais de envelheci-
mento, 21 dos animais
tinham Parkinson, de acordo
com os documentos.
Ainda assim, esta deci-
são da NASA enfureceu
activistas pelo bem-estar
animal, que defendiam
que os macacos deveriam
ter sido transferidos para
um santuário.
Os primatas “estavam
a sofrer as privações e frus-
trações etológicas inerentes
à vida de laboratório”, disse
John Gluck, especialista
em ética animal na Uni-
versidade do Novo México,
citado pelo The Guardian.
Gluck estranha que os
macacos “aparentemente
não eram considerados dig-
Moluscos são os animais mais
afectados por microplásticos
Os moluscos são os animais
marinhos mais contami-
nados por microplásticos,
conclui uma metanálise
divulgada quarta-feira, que
inclui ainda dados sobre
peixes e crustáceos.
O trabalho, liderado por
investigadores das univer-
sidades de Hull e York, no
Reino Unido, analisou mais
de 50 estudos produzidos
entre 2014 e 2020, para
aferir os níveis de conta-
minação por microplástico
no mundo em peixes, crus-
táceos e moluscos.
Segundo a metanálise,
os moluscos apresentam
0-10,5 microplásticos por
nos de uma oportunidade
de viver no santuário. Nem
mesmo uma tentativa? Eli-
minação em vez de uma
expressão de simples decên-
cia. Que vergonha para os
responsáveis”, atirou.
Kathleen Rice, repre-
sentante da Câmara dos
Estados Unidos, escreveu
a Jim Bridenstine, admi-
nistrador da NASA, para
exigir uma explicação para
as mortes. Rice, uma demo-
crata de Nova Iorque, disse
que tem pressionado os
investigadores do Governo
norte-americano a consi-
derarem “políticas huma-
nas de retirada” dos animais
usados em investigações.
“Aguardo uma explica-
ção do administrador Bri-
denstine, a esclarecer a
razão para esses animais
terem sido forçados a defi-
nhar em cativeiro e serem
sacrificados em vez de
viverem a vida num san-
tuário”, acrescentou.
Há muito que a NASA
trabalha com primatas.
Em 1961, o chimpanzé
Ham recebeu treino diário,
antes de se tornar o pri-
meiro grande macaco a
ser lançado ao espaço,
VIDA MARINHA
grama, os crustáceos 0,1-
8,6 e os peixes 0-2,9. Os
moluscos recolhidos na
costa da Ásia são os mais
contaminados, indiciando
que esta zona é a mais
poluída por plástico em
todo o mundo.
“ O s m i c ro p l á s t i c o s
foram encontrados em
vários órgãos, como intes-
tinos e fígado. Moluscos
como ostras, mexilhões e
vieiras são consumidos
inteiros, enquanto os peixes
maiore s ap ena s uma
parte”, afirmou, citado em
comunicado da Universi-
dade de York, um dos auto-
res do trabalho, Evangelos
cumprindo com sucesso
a sua curta missão, antes
de mergulhar com segu-
rança no oceano.
Contudo, estes 27 maca-
cos sacrificados não foram
usados em qualquer missão
espacial ou mesmo para
investigação, tendo ficado
alojados nas instalações da
NASA, num acordo entre a
agência e a LifeSource Bio-
Medical, entidade que faz
investigações para medi-
camentos, que aluga espaço
no centro de investigação
e abrigou os primatas.
Stephanie Solis, chefe-
executiva da LifeSource
BioMedical, disse que os
primatas foram dados ao
laboratório “há anos”,
depois de não ter sido
encontrado um santuário
para eles, devido à idade
e aos problemas de saúde.
“Concordámos em acei-
tar os animais, funcionando
como um santuário e for-
necendo todos os cuidados
às nossas próprias custas,
até que a idade avançada
deles e o declínio do estado
de saúde resultassem na
decisão de os sacrificar,
para evitar um má quali-
dade de vida”, explicou.
DR
Danopoulos. De acordo
com o investigador, um
passo fundamental para se
compreender o impacto
da poluição marinha por
microplásticos (partículas
minúsculas de lixo plástico)
na saúde humana, ainda
desconhecido, é saber quais
as concentrações que são
ingeridas pelas pessoas
quando consomem molus-
cos, crustáceos ou peixes.
“Podemos começar por
verificar a quantidade de
peixes, moluscos e crustá-
ceos consumidos e medir a
quantidade de microplásticos
nessas espécies”, assinalou
Evangelos Danopoulos.
VIDA EXTRATERRESTRE INTELIGENTE
Uma equipa investiga
sinal de rádio vindo
de Alfa Centauri
O projecto Breakthrough Listen está a investigar um sinal
de rádio, captado entre Abril e Maio do ano passado,
proveniente da estrela mais próxima do Sol
Uma nova investigação está
a entusiasmar os cientistas
do Breakthrough Listen, um
projecto apresentado por Ste-
phen Hawking, em 2015, que
procura vida extraterrestre
inteligente. Em causa está
um sinal captado no ano pas-
sado. Os astrónomos acre-
ditam que é proveniente da
estrela mais próxima do Sol.
Um feixe de ondas de rádio
que foi registado durante 30
horas de observações, pelo
telescópio Parkes, localizado
na Nova Gales do Sul, na Aus-
trália, entre Abril e Maio do
ano passado, com origem no
espaço profundo, noticia o
The Guardian.
De acordo com o jornal
britânico, que cita uma fonte
anónima, este misterioso
sinal será oriundo de Proxima
Centauri, uma estrela anã
vermelha a 4,2 anos-luz da
Terra, a mais próxima do Sol.
A investigação está a
decorrer, mas este sinal “é
o primeiro candidato sério”,
desde o sinal Wow!, que foi
registado em Ohio, pelo
radiotelescópio Big Ear por
Jerry R. Ehman, a 15 de
Agosto de 1977, quando
estava a trabalhar no pro-
grama SETI de procura de
vida inteligência extrater-
restre no espaço - um sinal
de rádio de origem espacial
que excitou tanto o astrofí-
sico, que anotou, no papel
onde a anomalia estava regis-
tada, a exclamação que viria
a ser o nome por que o sinal
ficaria conhecido.
O sinal agora captado de
Proxima Centauri - a estrela
mais próxima de nós do sis-
tema triplo Alfa Centauri -
foi denominado BLC1, de
980 MHz, apresenta uma
mudança de frequência, que
poderá estar associada ao
movimento de um planeta.
A análise a este sinal vai tra-
duzir-se num artigo que os
cientistas estão a preparar,
apurou o The Guardian.
O projecto Breakthrough
Listen, financiado pelo mul-
timilionário russo Yuri Mil-
ner, tem como objectivo
“ouvir” as estrelas recorrendo
a alguns dos radiotelescópios
mais potentes do mundo -
o Green Bank Telescope, na
Virgínia, EUA, e o Parkes
Telescope, na Nova Gales do
Sul, Austrália. A investigação,
lançada em 2015, pretende,
em 10 anos, percorrer várias
zonas do espaço à procura
de sinais de vida inteligente.
Yuri Milner, um físico teó-
rico russo, que ganhou for-
tuna através da aposta em
empresas tecnológicas nos
EUA, doou o dinheiro - 100
milhões de dólares - e lançou
a iniciativa, prometendo tra-
zer a “abordagem de Silicon
Valley” para resolver “uma
das maiores questões da
humanidade” - existe vida
inteligente fora da Terra?
Os investigadores não
desistem de procurar. É o
que têm feito ao longo dos
últimos anos, tendo sido
registados vários sinais pro-
venientes do espaço e que
têm sido alvo de escrutínio.
Sobre este último sinal,
Pete Worden, ex-director
do Ames Research Center,
9
DR
da Nasa, na Califórnia, e
d i re c to r exe c ut ivo d a
Breakthrough Initiatives,
afirmou que é importante
saber esperar pelas conclu-
sões das investigações.
“A equipa Breakthrough
Listen detectou vários sinais
pouco habituais e está a
investigar cuidadosamente.
Esses sinais são provavel-
mente interferências que
ainda não podemos explicar
totalmente. Estão a ser feitas
mais análises”, referiu.
Já o astrónomo Lewis
Dartnell, astrobiólogo e pro-
fe ss o r d e c o mu n i cação
científica da Universidade
de Westminster, é mais
peremptório sobre a pos-
sibilidade de existir vida
extraterrestre, tendo em
conta o sinal de rádio que
se acredita ser proveniente
de Proxima Centauri.
Na órbita desta estrela
existe o exoplaneta mais pró-
ximo da Terra. O Proxima b,
dizem os cientistas, pode
mesmo ser habitável por
humanos, devido à grande
quantidade de água que
parece albergar, conclui um
e s t u d o , d iv u lga d o p e l a
revista Astrobiology.
“Se existisse vida inte-
ligente lá, é quase certo que
ela teria de se espalhar
muito mais amplamente
pela galáxia. A possibilidade
de as duas únicas civiliza-
ç õ e s e m to d a a ga l á x i a
serem vizinhas, entre 400
bilhões de estrelas, ultra-
passa totalmente os limites
da racionalidade”, consi-
derou Dartnell.
10 POLÍTICA
MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
Chefe da diplomacia angolana pediu aos actores políticos na RCA a cesssarem as hostilidades
Angola apela ao respeito
pelo acordo de paz na RCA
Téte António representou, ontem, o Chefe de Estado, João
Lourenço na nona Cimeira Extraordinária da CEEAC
O ministro das Relações
Exteriores, Téte António,
apelou, ontem, aos actores
políticos da República Cen-
tro-Africana a trabalharem
para a plena implementação
do Acordo Político para a Paz
e a Reconciliação (APPR-
RCA), com vista a garantir
ao povo centro-africano o
direito soberano ao voto.
Téte António discursava,
em representado do Pre-
sidente João Lourenço, na
décima sessão extraordi-
nária de Chefes de Estado
e de Governo da Comuni-
dade Económica dos Esta-
do s da África Central
(CEEAC), decorrida por
videoconferência.
Na ocasião, exortou a
todos os actores políticos na
RCA a cessarem as hostili-
dades urgentemente e a tra-
balharem em conjunto para
garantir as condições favo-
ráveis à realização, hoje, de
eleições credíveis, inclusivas,
pacíficas e transparentes.
Este apelo já tinha sido
feito, na quinta-feira, pelo
Chefe de Estado, na qualidade
de presidente em exercício
Comunidade internacional deve falar a uma só voz
O ministro das Relações Exte-
riores, Téte António, defendeu,
sexta-feira, em Luanda, que “a
comunidade internacional deve
falar a uma só voz” para a solu-
ção da situação na República
Centro-Africana.
Em entrevista à Rádio França
Internacional, Téte António cri-
ticou, sem citar nomes, alguns
países africanos que apoiam os
rebeldes com a venda de armas.
“Nós, continente africano,
por exemplo, temos de rever
ce r to s p ro ce d i m e n to s . O
Governo centro-africano está
sob embargo de armas, mas
os rebeldes compram armas à
vontade. O Governo fica com
as mãos atadas. Penso que tem
da Conferência Internacional
da Região dos Grandes Lagos.
Reiterou que as eleições
continuam a ser a única via
legítima de acesso ao poder,
em conformidade com a Cons-
tituição da RCA , as normas e
princípios internacionais, con-
tinentais e regionais.
O chefe da diplomacia
angolana exortou as partes
a resolverem qualquer dife-
rendo de forma pacífica,
no interesse do povo cen-
tro-africano que “sofre há
muito tempo devido ao con-
flito e instabilidade”.
Angola, segundo Téte
António, reitera o apoio total
às instituições legítimas da
RCA. Na qualidade de pre-
sidente em exercício da
CIRGL, apoia a CEEAC e a
Missão Multidimensional
integrada das Nações Unidas
pa ra a E stab i l i zação d a
República Centro-Africana
(MINUSCA).
O país apoia, igualmente,
os demais parceiros da RCA,
no âmbito da cooperação
bilateral e multilateral, no
sentido de encontrar uma
saída imediata do conflito
de se rever esta filosofia do
embargo contra um Governo.
Temos apelado ao fim desse
embargo na RCA”, defendeu.
Téte António acrescentou que
há quem defenda que se se levan-
tar o embargo contra o Governo
da venda de armas, estas podem
ir parar às mãos dos rebeldes,
“mas a verdade é que estes não
precisam desses meios oficiais
para obterem-nas”.
Considerou que os grupos
rebeldes na RCA há muito que
têm a intenção de desestabilizar
o processo eleitoral no país,
mas acredita que as eleições
presidenciais e legislativas mar-
cadas para hoje podem ter lugar.
“São grupos que tinham já
CEDIDA
e garantir a realização das
eleições neste país, nos pra-
zos constitucionalmente
estabelecidos.
O ministro angolano apre-
sentou condolências ao
Governo do Burundi que per-
deu alguns dos seus efectivos
que integram a MINUSCA.
A Cimeira, disse, surgiu
num momento muito difícil
para o povo centro-africano,
devido às graves ameaças à
paz e segurança humana,
provocada por novos ataques
de grupos armados. Apelou
à vontade colectiva da comu-
nidade internacional, con-
tinental e regional no sentido
de solidarizarem-se com a
situação da RCA.
Téte António felicitou o
Chefe de Estado congolês
e presidente em exercício
da CEEAC, Denis Sassou
Nguesso, pela iniciativa de
convocar e proporcionar
as condições para a reali-
zação da Cimeira. Acredita
que o encontro dará con-
tribuições importantes para
o reforço da estabilização
da situação política e de
segurança na RCA.
intenções de desestabilizar o
processo muito antes dele ter
lugar. Estamos a ver o activismo
do antigo Presidente (François)
Bozizé (cuja candidatura às
eleições presidenciais foi rejei-
tada). Sabemos em que con-
dições regressou a Bangui.
Mesmo com mandados de cap-
tura internacionais, voltou de
forma tão misteriosa. Ele nunca,
de facto, o processo eleitoral
como tal”, disse.
Ao referir-se à atitude dos
rebeles, o chefe da diplomacia
angolana defendeu que o futuro
do continente não deve con-
tinuar a ser adiado “por indi-
víduos que nem sequer olham
para o sofrimento do seu povo”.
PROVIMENTO DE CARGO NA CNE
Tribunal nega ter decidido
sobre o caso do presidente
O Tribunal Constitucional
nega, em comunicado com
data de sexta-feira, ter deci-
dido sobre o concurso público
para o provimento da função
de Presidente da Comissão
Nacional Eleitoral (CNE),
como avançam algumas
informações postas a circular
nas redes sociais.
No comunicado distribuído
à imprensa, o Tribunal Cons-
titucional esclarece que o Ple-
nário de Juízes, composto por
11 magistrados, já começou
o julgamento do Processo que
tem o número 812-D/2020,
prevendo-se que se chegue
a uma decisão conclusiva no
primeiro mês de 2021.
O Tribunal Constitucional
afirma “estar a pronunciar-
se, inusitadamente, em rela-
ção às acções pendentes de
um processo que corre os
t râ m ite s n a s u a e s fe ra ,
devido ao excepcional inte-
resse público do assunto
em pauta e ao facto de ter
vazado para as redes sociais
uma proposta feita por um
juiz conselheiro, na fase
A CNE é o órgão da administração eleitoral no país
NO PRÓXIMO ANO
Bié ganha 50 novas
escolas e 11 hospitais
João Constantino | Cuito
O Bié vai ter, no próximo
ano, mais 50 escolas e 11
unidades sanitárias de refe-
rência, disse, quinta-feira,
o governador provincial,
Pereira Alfredo.
As novas unidades da edu-
cação e de saúde surgem no
âmbito do Plano Integrado
de Intervenção nos Municípios
(PIIM). As 50 escolas corres-
pondem a 450 salas de aula.
Pereira Alfredo, que falava
durante a tradicional ceri-
mónia de cumprimentos de
final de ano, afirmou que,
no sector da saúde, a pro-
víncia tem mais de mil pro-
fissionais, com destaque para
50 médicos e 500 enfermei-
ros. Lembrou, igualmente,
a inauguração, em Setembro,
pelo Presidente da República,
do hospital geral do Bié Wal-
ter Strangway.
Pereira Alfredo esclareceu
que entre as 11 unidades sani-
tárias, algumas estão a ser
preparatória do julgamento,
que não pode ser dada como
definitiva, já que só o Ple-
nário tem a competência
de a adoptar ou modificar,
parcial ou completamente”.
O comunicado esclarece
que “a praxis do Tribunal
Constitucional tem sido a
de não publicitação dos
actos intermédios dos pro-
cessos, a exemplo do que é
feito, nomeadamente, em
Moçambique e Portugal e
de modo diferente do que
é feito pelos Tribunais Cons-
titucionais de Cabo Verde
(onde se permite que um
número limitado de popu-
lares assista ao julgamento)
e do Brasil (onde o julga-
m e n t o é d iv u l g a d o e m
directo pela TV Justiça)”.
O Tribunal Constitucional
garante que, como sempre,
assim que se finalize o jul-
gamento, com a adopção do
acórdão final, serão imedia-
tamente notificadas as partes
directamente interessadas
e, em seguida, proceder-se-
á à publicação no seu site.
DR
contruídas, outras reabili-
tadas e ampliadas.
No âmbito do combate à
pandemia da Covid-19,
informou que o governo tem
vindo a criar as condições
indispensáveis de biosse-
gurança e de higienização
nas escolas, embora reco-
nheça haver, ainda, um
grande desafio. O governador
d e i xo u u m a p a l av ra d e
Governador falou sobre as obras do PIIM na província
Domingo
27 de Dezembro de 2020
BIBALA
DR
Ex-administrador
está detido
por peculato
O ex-administrador do
município da Bibala, pro-
víncia do Namibe, Tchinanga
Khole, encontra-se detido,
desde quarta-feira, acusado
de crime de peculato, noti-
ciou, sexta-feira, a Angop.
Segundo uma nota da Pro-
curadoria-Geral da República,
citada pela Angop, estão,
igualmente, arrolados no pro-
cesso o ex-secretário-geral
da administração da Bibala,
o ex-assessor do adminis-
trador adjunto para área téc-
n i ca e o ex - d i re c to r d o
Gabinete de Estatística e Pla-
neamento, Abílio Sapenha,
Bartolomeu César e Alfredo
Silvestre, respectivamente.
Os mesmos são, igual-
mente, indiciados dos crimes
de associação criminosa, fal-
sificação de documentos,
participação económica em
negócios, tráfico de influên-
cias e recebimento indevido
de vantagens, previsto e
punível pela Lei sobre a Cri-
minalização das Infracções
Subjacentes ao Branquea-
mento de Capitais (Lei nº
3/14, de 10 de Fevereiro).
apreço aos professores, alu-
nos e encarregados de edu-
cação que, compreendendo
a importância da formação,
a c e i t a ra m o d e s a fi o d o
regresso às aulas.
“No próximo ano, conti-
nuaremos empenhados na
melhoria das condições de
trabalho e de segurança nas
escolas”, prometeu.
Pereira Alfredo condenou
“as acções desencadeadas
por aqueles que, sem amor
à pátria, vandalizam as
escolas e demais bens públi-
cos”. “Por isso, solicitamos
a colaboração de todas as
forças vivas da sociedade,
a denunciarem tais práti-
cas”, disse.
JOÃO CONSTANTINO| EDIÇÕES NOVEMBRO
Domingo
27 de Dezembro de 2020 11

(700.089)
12 Domingo
27 de Dezembro de 2020

CLASSIFICADOS
Atendimento Mais informações
Rua Rainha Ginga, 18/24 — Luanda Telefones: 937 550 262 / 949 770 006
de Segunda a Sexta-feira, das 9h às 14h, e-mail: publicidade@jornaldeangola.com
aos Sábados e Domingos, das 9h às 14h IMOBILIÁRIO VIATURAS DIVERSOS
PUBLICIDADE

IMOBILIÁRIO
VENDE-SE
CASA T4, em Viana, a
6.000.000. Tes: 923589125,
927686178. (12929)
VIVENDA T3 a fechado no Benfica, 1.º
15.000.000,00 Kz. T4
a17.000.000,00 Kz., tudo
p/ funcionamento bancá-
rio. Telefs: 925500073,
995693106. (13078)
VIVENDAS T3, Cond. fecha-
dos, Benfica, Kilamba, a
partir de 16.000.000 ,00Kz.
Telefones: 944567706,
996328348 (13092)
CONDOMÍNIO fechado,
Município de Talatona, a
partir de 59.000.000Kz.
Telefones: 944567706,
996328348. (13092a)
APARTAMENTO T2 e T3,
no Condomínio Serra Van-
D ú n e m . Te l e f o n e s :
923576820, 919796645
(13227)
ESTABELECIMENTO
comercial para escritório
ou Colégio, localizado no
C r u z e i r o . Te l e f o n e :
938330329. (13331b)
CASAS T4 condomínio
andar, 55.000.000,00Akz.
Telefones: 942695999,
993363263. (13401)
CASAS T3, condomínio
fechado, noBenfica, a partir
de 10.000.000,00. Telefo-
nes: 942695999, 993363263.
(13401a)
CONDOMÍNIO fechado
T4+1, 1º andar, Benfica,
Patriota e Via Expressa.
35.000.000, 45. 000.00 a
80.000.000. Telefones:
993973806, 943231870
(13411)
IMÓVEIS na Ilha de Luanda.
Telefone: 938330329.
(13331)
CASAS T3 com telha, con-
domínio fechado, Benfica,
Kilamba, Via Expressa.
Te l e f s : 9 9 3 9 7 3 8 0 6 ,
943231870 (13411b)
ARRENDA-SE
APARTAMENTO T3, nos
Coqueiros, mobilado, c/
elevador, KZ 450.000/ Mês.
Telef: 923723592.
(13431)
VIATURAS
VENDE-SE
LAND-Rover,Discovery,
novo, Diesel, 7 lugares,
85.000.000Kz. Telefone:
943919110 (13289)
CHEVROLETE Spark 2. 4
Cilindros 1.650. 000.000
negociável. Telefone:
995126955. (13296)
HILUX, Hard Bord, Hiace
Jin Bei, N300, Quadradi-
nho, Rav4, Rabo de Pato,
B o l i n h a . Te l e f o n e :
939783196. (13442)
DIVERSOS
FAZENDA no Cuanza Norte
(Bonga), bem localizada,
residências, 300 hectares.
Telefones: 912243643,
929980550. (13302)
TERRENO no Mussulo,
18.000m2, 3 casas, piscina,
junto à Roça das Manguei-
ras. Telfs. 924037375,
923401470. (12317)
(12317)
PADARIA Kit, forno, 3 gave-
tas, gás, estufa, amassadeira
50L, batedeira 20L, carri-
nho/pão, balança, tabuleiro.
Te l e f s : 9 3 6 1 9 6 8 8 2 ,
917747359. (13100)
M ÁQ U I N A d e ge l a d o,
picolé, algodão-doce, fri-
tadeira, chapa de ham-
búrguer, fiambreira e
t o s t a d e i r a . Te l e f s .
936196882, 917747359
(13100b)
MÁQUINAS de gelo
escama, liquidificador,
20/40 L, CX. de 10 mil pali-
tos/picolé, amassadeira
130L, divisória 36 furos,
novos. Telfs.: 936196882,
917747359.
(13100c)
SERPENTINA, gelado em
balde, serra-ossos, chur-
rasqueira a gás, banho-
maria para buffet, mesa
Inox. Telefs. 922799624,
917747359. (13100d)
CAMPAS granito e már-
more, montagem, grava-
ção, cabeceiras, fotos. Casa
d o s G r a n i t o s . Te l f s .
921662309, 990591646.
(12616)
COLCHÕES Kamaflex ,
bases fixas e rebatíveis,
cómodas, Banca Lençóis,
tapetes, Edredon. Rua da
M a i a n g a . Te l e f o n e s :
938910826, 991910826.
(13083)
INSTALAÇÃO de GPS ras-
treador alarme, por
85.000,00Kzs, Ejufil Solu-
t i o n s , L d a . Te l e f o n e :
922851222. (13236)
TERRENOS 20x30m2,
20x20m2 e 15x15m2, na Via
Expressa, Serra Van-Dúnem.
Te l f s . 923576820,
919796645. (13227)
(13306)
MOTORIZAÇÃO- diesel,
motor- Perkins, marca alter-
nador -stamford, comando-
Deepsea 4520. Telefones:
924241227, 947015456.
(13329)
NEGÓCIOS
SERRALHARIA Portões,
grades, corrimãos, brin-
quedos, utilitários e estru-
turas metálicas. Telefones:
922830100, 922831009.
(12594a)
FABRICA-SE mobiliário,
araras e prateleiras para
lojas, roulotes, fogareiros.
Te l e f s . 9 3 3 8 3 0 1 0 0 ,
923382024. (12594)
FRIO, reparamos arcas,
geleiras, máquinas de gela-
dos gelos e manutenção
d e A C . Te l e f o n e :
922733573. (13277)
VDMR-LDA, prestação de
serviço de contabilidade,
consultoria fiscal e Admi-
nistrativa, estudo de via-
bilidade. Telefone: 944 326
767. (13371)

CASAS Evolutivas inaca- CASAS sociais T3, Zango KIA SPORTAGE 2020, LD- VENDE-SE MOINHOde fuba de bombó
TERRENO Agrícola, 100
hectares, zona rica, pró- TERRENO com 4.015m2,
OFERECE-SE
badas, Zango 1 e 4, a partir 1, 3, 4, energia 3.200.000 66-32-HM, 0 Km, Akz e milho, diesel, C/ ignição ximo ao rio. Realize os seus próximo à cidade finan-
de 3.200.000,00Kz. Telefo- a 5.000.000. Akz. Telefs: 22.500.000.00. Telefones: RAIO X FIXO. Telefones: e manivela, 25 sacos/hora, s o n h o s . Te l e f o n e s : ceira, kz 160.000.00/m2. MOTORISTA profissional,
nes: 926579576, 993973806, 943231870 934542152, 993130925 924 960956/ 994960956. novo. Telefones. 936196882, 912350634 ou 948399762. Telefone: 923723592 procura emprego. Telefone:
915883760. (13092b) (13411a) (13149) (13387) 922799624. (13100a) (13000) (13431a) 930210019 (13452)
PUBLICIDADE

ANÚNCIO DE EMPREGO
A Victory Oil &Energy, Sucursal de Angola é uma empresa de prestação de serviços na indústria de Oil & Gás.

Para apoiar o seu modelo de actividades e crescimento, pretende admitir profissionais para as seguintes posições:

Inspectores e Auditores em Saúde Segurança e Ambiente nas Plataformas de Petróleo e Gás

CESSAÇÃO CONTRATO DE TRABALHO
Principais responsabilidades:
• Elaborar listagem detalhada dos activos offshore. A LASKASAS ANGOLA, LDA., com sede em Luanda, Rei Katyavala, n.º 104
• Examinar as condições dos equipamentos nas plataformas
• Verificar as boas práticas operacionais e de manutenção de equipamentos A, Bairro Macu- lusso, Ingombota, Contribuinte Fiscal 5417244295, comunica
• Inspeccionar diagramas de resposta a emergências e derrames
• Auditoria dos procedimentos de manutenção preventiva, e planeadas.
aos clientes, parceiros e público em geral, que o SR. CÉLIO CÉSAR GON-
• Certifica-se que os certificados de inspecçao continuam válidas.
ÇALVES MOREIRA PLÁCIDO, portador do Passaporte N.º CA592061, de Na-
Competências: cionalidade Portuguesa, em virtude da Cessação Contrato de Trabalho, já
• De 10-20 anos de experiência em inspecção de:
• Unidades de produção de plataforma fixa, não faz parte do Quadro de Trabalhadores desde o período de 31 de De-
• Cabeças de poço offshore
• Plataformas de perfuração zembro de 2019.
• Qualificação de Auditor Líder ou equivalente (ISO 9001 ou OHSAS 18001 ou ISO 14001)
Luanda, aos 22 de Dezembro de 2020.
As candidaturas deverão ser enviadas para recrutamentovoefx@gmail.com até ao dia 8 de Janeiro de 2021.

Castelo Oliveira
A gerência
(13390) (13397)

PEDIDO DE COMPARÊNCIA

A empresa REDGEST, GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS CONVOCATÓRIA

solicita a comparência do Sr. Txibin Ganana Filipe, titular do
O Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INA-
B.I. N.º 000278630LN033, para tratar de assuntos do seu PEM) informa a todos os formandos, a nível da província de Luanda, que par-
interesse, com urgência. ticiparam do ciclo de formação no âmbito do Projecto de Capacitação e
(13226) Qualificação dos Recursos Humanos ao abrigo do PRODESI (Programa de
Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituições das Impor-
tações), que decorreu na ENAPP (Escola Nacional Administração e Políticas
Públicas), no período de Outubro a Dezembro/2019, que deverão comparecer
ARRENDA-SE no INAPEM Marginal, sito na Avenida 4 de Fevereiro, Edifício n.º 83-A, para
levantamento dos respectivos CERTIFICADOS ou DECLARAÇÕES.
Armazém de 525m2 c/ preço de 2.200 USD Para mais informações queiram por favor ligar para o call center número 930
133 425.
por mês, em AKz., pagamento trimestral.
Luanda, 22 de Dezembro de 2020.
Contacto: 947 996 534 (13085) (13368)
Domingo
27 de Dezembro de 2020 13

(700.103)
14 NECROLOGIA
MISSA
MARIA FERNANDA AZEVEDO
A família de MARIA FERNANDA AZE-
VEDO comunica que será rezada Missa
do 30º Dia, em memória ao seu passa-
mento físico. O piedoso acto acontecerá,
em simultâneo, no dia 28 de Dezembro
de 2020 (segunda-feira), às 17h00, em
Luanda, na Paróquia de São Joaquim,
Praia do Bispo e em Porto Amboim, na
Igreja de Nossa Senhora da Graça.
(13314)
FALECEU
OSVALDO EZEQUIEL DA SILVA
ALMEIDA
Josina Almeida, Lucira Almeida, Laudmiro
Almeida, Cesária Almeida, Stésio Almeida
e Yurik Almeida (primos) cumprem o do-
loroso dever de comunicar o falecimento
do seu primo OSVALDO EZEQUIEL DA
SILVA ALMEIDA, ocorrido dia 23/12/2020.
O funeral realiza-se amanhã, 28/12/2020,
partindo de sua residência, sita no Bairro
Cruzeiro, Largo da Guiné, junto ao Colégio
Henriques, para o cemitério da Sant’Ana,
às 10h00. (13448)
FALECEU
OSVALDO EZEQUIEL DA SILVA
ALMEIDA
Jorge Manuel da Silva Almeida (irmão), Maria
de Fátima Cabral Almeida (cunhada), Nádia
Daniela Almeida (sobrinha) (ausentes) cum-
prem o doloroso dever de comunicar o fale-
cimento do seu irmão, cunhado e tio
OSVALDO EZEQUIEL DA SILVA ALMEIDA,
ocorrido dia 23/12/2020. O funeral realiza-se
amanhã, segunda-feira, 28/12/2020, partindo
de sua residência (Bairro Cruzeiro, Largo da
Guiné, junto ao Colégio Henriques), para o ce-
mitério da Sant’Ana, às 10h00. (13448c)
FALECEU
MARIA DO CÉU ANTÓNIO
OCTÁVIO
Luís Octávio Chaves (filho), Maria Eugé-
nia Chaves (nora), Ricardo Chaves e Sér-
gio Rogério chaves (netos) comunicam o
falecimento de sua mãe, sogra e avó,
ocorrido no dia 25/12/2020, por doença.
O funeral realiza-se amanhã, segunda-
feira, 28/12/2020, às 11h30mn, no cemi-
tério de Sant´Ana. (13450)
SERVIÇO NECROLÓGICO: DIAS ÚTEIS DAS 8H ÀS 18H, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 8H ÀS 14H
FALECEU
LOURENÇO MENDES
DA CONCEIÇÃO SOBRINHO
Maria da Felicidade (Felé), Diógenes
Orsini, Carlos João, Georgete da Conceição
e demais familiares comunicam o fale-
cimento do seu ente querido, Sr. Engº
LOURENÇO MENDES DA CONCEIÇÃO
SOBRINHO, por doença. O funeral rea-
lizar-se-á em data a anunciar oportu-
namente.
(13.421a)
FALECEU
OSVALDO EZEQUIEL DA SILVA
ALMEIDA
João Domingues Ezequiel de Almeida, Josefa
Lindalva Gomes Tati de Almeida e filhos cum-
prem o doloroso dever de comunicar o fale-
cimento do seu sobrinho e primo OSVALDO
EZEQUIEL DA SILVA ALMEIDA, ocorrido no
dia 23/12/2020. O seu funeral realiza-se ama-
nhã, Segunda-feira, 28/12/2020, partindo da
sua residência, sita no Bairro Cruzeiro, Largo
da Guiné, junto ao Colégio Henriques, para o
cemitério da Sant’Ana, às 10h00. (13448a)
FALECEU
OSVALDO EZEQUIEL DA SILVA
ALMEIDA
Sónia Almeida (irmã) e Rita (sobrinha)
(ausentes) comunicam o falecimento do
seu irmão e tio OSVALDO EZEQUIEL DA
SILVA ALMEIDA, ocorrido no dia
23/12/2020. O funeral realiza-se ama-
nhã, segunda-feira, 28/12/2020, par-
tindo de sua residência, sita no Bairro
Cruzeiro, Largo da Guiné, junto ao Colé-
gio Henriques, para o cemitério da
Sant’Ana, às 10h00. (13448d)
FALECEU
MARIA DO CÉU ANTÓNIO
OCTÁVIO
Francisca Octávio, João Octávio, Miguel Oc-
távio, Bernardo Octávio, Ana Maria Octávio,
Jacinta Octávio, Luís Octávio (irmãos) e de-
mais familiares cumprem o doloroso dever
de comunicar o falecimento de sua querida
irmã MARIA DO CÉU ANTÓNIO OCTÁVIO,
ocorrido dia 25/12/2020, por doença. O fu-
neral realiza-se amanhã, segunda-feira,
28/12/2020, às 11h30mn, no cemitério de
Sant´Ana. (13450a)
FALECEU
LOURENÇO MENDES
DA CONCEIÇÃO SOBRINHO
Graciete M. da Conceição, Georgete Men-
des da Conceição, Lourenço M.da Con-
ceição, Nivaldo M. da Conceição, Jandira
M. da Conceição, Márcio M. da Conceição,
Márcia M. da Conceição, (filhos) e demais
familiares comunicam o falecimento
de LOURENÇO MENDES DA CONCEIÇÃO
SOBRINHO, ocorrido dia 23/12/2020,
por doença . O funeral realizar-se-á em
data a anunciar oportunamente. (13.421)
FALECEU
OSVALDO EZEQUIEL DA SILVA
ALMEIDA
Amâncio Coelho Ezequiel de Almeida, Emília
Albano da Silva e Almeida (pais), Chanecia
Almeida (filha), Jorge Almeida, Sónia Al-
meida e Érica Almeida (Irmãos) comunicam
o falecimento do seu filho, pai e irmão OS-
VALDO EZEQUIEL DA S. ALMEIDA, ocorrido
dia 23/12/2020. O funeral realiza-se amanhã,
segunda-feira, 28/12/2020, partindo de sua
residência, no Bairro Cruzeiro, Largo da Guiné,
junto ao Colégio Henriques, para o cemitério
da Sant’Ana, às 10h00. (13448b)
FALECEU
MANUEL DOS RAMOS
SACRAMENTO VELOSO
Neusa Teixeira (esposa), Derson Veloso,
Kerson Veloso, Laura Veloso (filhos),
Manuela Azulay Veloso Tchitchi (sobri-
nha) e demais familiares cumprem o do-
loroso dever de comunicar o falecimento
de seu ente querido MANUEL DOS
RAMOS SACRAMENTO VELOSO, ocor-
rido em Luanda, no dia 26/12/2020, por
doença. O funeral realizar-se-á em data
a anunciar oportunamente. (13445)
FALECEU
ISAQUIEL ALBERTO DA SILVA
(China)
Helena J. Pedro da Silva (esposa), Carla
do Vale, Gizela Baptista, Áres Martins,
Sandra Castro, Bruno da Silva, Cláudio da
Silva, Andrea Aguiar, Dejanira da Silva,
Loidiana da Silva, Leucádia da Silva, Any,
Esperança Metade (filhos) e demais fa-
miliares comunicam o falecimento de
seu ente querido ISAQUIEL ALBERTO
DA SILVA. O funeral realizar-se-á em
data a anunciar oportunamente. (13446)
Domingo
27 de Dezembro de 2020
FALECEU
MANUEL DIOGO FAUSTINO LOURENÇO
(Kwanza)
Rita Clementina Cerqueira Lourenço (esposa), Emanuel Kassessa
Cerqueira Lourenço, Sara Aminata Cerqueira Lourenço, José Ale-
xandre Cerqueira Lourenço e Diogo Norman (filhos) cumprem
o doloroso dever de comunicar o falecimento de seu esposo e
pai, Tenente-General na Reforma, MANUEL DIOGO FAUSTINO
LOURENÇO (Kwanza), ocorrido no dia 25/12/20202, por doença
prolongada. Informam que o seu funeral se realiza na terça-feira,
dia 29 do mês em curso, pelas 10h00, no Cemitério de Sant'Ana.
O velório terá lugar no Quartel-General do Exército, amanhã,
segunda-feira, 28/12/2020, a partir das 18h00. (500.1643)
FALECEU
ADELAIDE TAVARES FERREIRA VAZ DA
CONCEIÇÃO
Luizilda Queiroz, Norberto, Luis Vaz, Ofélia de Fátima, Paulo
Bretes, Adelaide Tavares e Poly Barton (filhos), noras, genros,
netos, bisnetos, sobrinhos e demais familiares comunicam o
falecimento de ADELAIDE TAVARES FERREIRA VAZ DA CON-
CEIÇÃO, ocorrido no dia 25 do corrente mês, em Lisboa, Portugal.
O seu funeral realiza-se em Lisboa, em data a anunciar oportu-
namente. (500.1645)
CONDOLÊNCIAS
JOÃO CELESTINO MAVINGA
Foi com profunda dor e consternação, que o Conselho de Admi-
nistração da Edições Novembro E.P. tomou conhecimento do pas-
samento físico do trabalhador e jornalista JOÃO CELESTINO
MAVINGA, por doença. Nesta hora de dor e luto, endereça à fa-
mília enlutada os mais sinceros sentimentos de pesar. O funeral
realiza-se, hoje, em Mbanza Congo. (700.117)
RECORDAÇÃO
ANA NATÁLIA DAVID ETAUNGO CAUANDA
Se estivesse em vida, hoje completaria 49 anos natalício. Nós
sua família, sentimos a sua falta, mas acima de tudo estará sempre
nos nossos corações como não estivesse partido desta para o
além. Porque não há saudade e amor, mais eterna que a sentida
por coração que viu alguém deixar esta vida. Enquanto forem
amados pelos que ficam, os que morrem nunca desaparecem
por completo. Amor eterno! Da sua família. (13440)
RECORDAÇÃO
DINA DA CONCEIÇÃO GASPAR MARTINS
DE SOUSA E SANTOS (Didi)
27/12/2011 - 27/12/2020
Querida DIDI! No dia 27/12/2011, fomos tristemente supreendidos com a
tua partida, contrariando todas as nossas expectativas, que apostávamos na
recuperação da tua saúde. Partiste demasiado cedo para o Reino dos Céus,
deixando-nos um vazio insuperável que nunca será preenchido. O tempo
decorrido sem a tua presença física não apaga a infinita saudade que, vamos
superando com a memória que nos deixaste dos momentos inesquecíveis
que vivemos juntos. Recordam-te com infinito amor, teu esposo Sousito,
tuas queridas filhas, teus amados netos e estimados genros. Descansa em
paz DIDI, com a promessa de um dia nos reunirmos todos como sempre
fizemos, no Reino dos Céus. Enquanto isso, zela por nós como sempre fizeste,
e muito bem, antes de partires. Nove anos de eterna saudade! (13117)
FALECEU
JOSÉ COELHO TENAZINHA
A família de JOSÉ COELHO TENAZINHA cumpre o doloroso dever
de comunicar o falecimneto de seu ente querido, ocorrido dia
25/12/2020, em Lisboa, por doença. O funeral realizar-se-à em
data a anunciar oportunamente. (13453)
Domingo
27 de Dezembro de 2020 15
FALECEU FALECEU FALECEU FALECEU

FILOMENA LOPES AFONSO
MARQUES AIROSA (Nilda)
Rui Afonso (Nando), Maria das Dores (Detinha),
Maria da Graça (Joia), Maria de Fátima (Fató), Carlos
Alberto (Caluca), Paula Lizete (Paulinha), Dulcineia
de Fátima(Neia), Elsa do Rosário (Chinha), Cláudia
Regina (Gina), Noelma dos Anjos (Nucha), José
Carlos (Zé Carlos), Daniel Afonso (Daniel), Dália
Afonso (Dália), Marcelino Afonso (Celino), Salomé
Afonso (Salú), Jorge Afonso (Jorge), Regina Afonso
(Gina), Adilson Afonso (Adilson) comunicam o
falecimento de FILOMENA LOPESAFONSO MAR-
QUES AIROSA (Nilda),ocorrido no dia 25/12/2020.
O funeral realizar-se-á em data anunciar. (500.1644)
FILOMENA LOPES AFONSO
MARQUES AIROSA (Nilda)
Marcos Paulo do Sacramento Marques Airosa
(Marco), Patrícia Damiana do Sacramento
Marques Airosa, Dália Cristina do Sacramento
Marques Airosa(Dália), Leonilda de Fátima
do Sacramento Marques Airosa (Nídia),
comunicam o falecimento da sua querida
mãe FILOMENA LOPES AFONSO MARQUES
AIROSA (Nilda), ocorrido no pretérito no
dia 25/12/2020. O funeral realizar-se-á em
data anunciar. (500.1644a)
FILOMENA LOPES AFONSO
MARQUES AIROSA (Nilda)
Mãe, irmãos, sobrinhos, filhos, cunhados,
primos, netos e de mais familiares comu-
nicam o falecimento da sua querida
FILOMENA LOPES AFONSO MARQUES
A IROSA (Ni ld a ), o corrido no dia
25/12/2020. O funeral realizar-se-á em
data anunciar oportunamente.
(500.1644b)
MANUEL DIOGO FAUSTINO LOURENÇO
(Kwanza)
Maria da Conceição Cerqueira , José Cerqueira, Carolina Cerqueira, Maria Emília
Cerqueira, Aurora Cerqueira Chindondo, Dina Cerqueira da Cruz, Manuela Cerqueira
e Adelaide Cerqueira, cunhada , cunhados e sobrinhos comunicam o falecimento de
seu ente querido MANUEL DIOGO FAUSTINO LOURENÇO (Kwanza), ocorrido no dia
25/12/2020, por prolongada doença. Informam que o funeral se realiza na terça feira,
29 do mês em curso, pelas 10h00, no Cemitério de Sant'Ana. O velório terá lugar no
Quartel-General do Exército, amanhã, segunda-feira, 28/12/2020, a partir das 18h00.
Neste momento de luto, grande dor e consternação a família rende homenagem ao
cunhado mais velho, um conselheiro e amigo de todas as horas. Que a sua alma
repouse em paz! (700.118)

RECORDAÇÃO CONDOLÊNCIAS CONDOLÊNCIAS FALECEU FALECEU

LUZIA DA GRAÇA ANTÓNIO
TELES DIAS (Madiua)
Neste dia, os teus familiares recordam-
te com profunda tristeza por não pode-
rem fisicamente festejar mais um teu
aniversário, mas mantendo em prática os
teus ensinamentos. Recordam-te teu es-
poso, mãe, filhos, irmãos, tios, cunha-
dos, tios, primos. Nosso eterno amor, paz
à tua alma. Madiua. (13451)
LOURENÇO MENDES
DA CONCEIÇÃO SOBRINHO
Foi com profunda dor e consternação
que Pedro Augusto "Diape", Domingos
Francisco "Leitinho", Ana Paula, Rosa
Gonçalves, Tó-Zé Martins, Cristina For-
tunato e João Carmo "Mito" tomaram co-
nhecimento do passamento físico do Sr.
Eng. LOURENÇO MENDES DA CONCEI-
ÇÃO SOBRINHO, pai da ilustre amiga
Georgete Carla. Endereçam à família en-
lutada os mais sentidos pêsames. (13449)
JOÃO MAVINGA
Foi com profunda dor e consternação que a
Associação de Jornalistas Económicos de
Angola (AJECO) tomou conhecimento do
falecimento do jornalista JOÃO MAVINGA,
membro-Delegado da associação no Zaire,
ocorrido no dia 25/12/2020. Devido a tão
grande perda humana, a AJECO curva-se à
sua memória, apresentando as mais sentidas
condolências ao Conselho de Administração
da Edições Novembro, aos dignos colegas e
à família enlutada. Paz à sua alma. O funeral
realiza-se, hoje, em Mbanza Congo.(500.1646)
ÂNGELA MARIA CARDOSO
DE PAIVA VALENTE
Manuel Castro Paiva, Ana Maria Paiva,
José Carlos Paiva, Álvaro Paiva, Luís Paiva
e Amadeu Paiva comunicam o faleci-
mento da sua filha e irmã, ÂNGELA
MARIA CARDOSO PAIVA, ocorrido na
sua residência, em Luanda, no dia
22/12/2020, por assassinato. O funeral
realiza-se hoje, as 10h00 no cemitério
do Benfica. (500.1639a)
ÂNGELA MARIA CARDOSO
DE PAIVA VALENTE
Carlos Manuel de Jesus Castro Valente
comunica o falecimento de sua esposa,
ÂNGELA MARIA CARDOSO DE PAIVA
VALENTE, ocorrido na sua residência,
em Luanda, no dia 22/12/2020, por
assassinato. O funeral realiza-se hoje,
as 10h00 no cemitério do Benfica.
(500.1639)
PUBLICIDADE

BANCO MILLENNIUM ATLÂNTICO, S.A.

Sede: Município e Distrito Urbano de Talatona, Bairro Talatona, via S8, (GU05B), Condomínio Cidade Financeira,
Edifício ATLÂNTICO, Bloco 7/8, em Luanda
Capital Social de Akz 53.821.603.000,00
Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Luanda sob o n.º 970-06
Número de Identificação Fiscal 5401152540

Os efeitos sociais, económicos e financeiros decorrentes das
medidas de combate à grave crise de saúde pública provocada
pelo novo coronavírus fomentaram a desarticulação generali-
zada das economias mundiais e está a transformar de forma
acelerada e distrutiva o conceito de vida que conhecemos ao
longo das últimas décadas.
Assim, acompanhando as recomendações de precaução e dis-
tanciamento social defendidas pelas autoridades governamen-
tais, tendo em vista a restrição de contactos entre pessoas
para a limitação do contágio e propagação da Covid-19 – por
solicitação dos Accionistas, a Presidência da Mesa da Assem-
bleia-Geral do ATLÂNTICO decidiu, uma vez não existir qual-
quer disposição estatutária que o proíba, que a reunião da
Assembleia - Geral Extraordinária (relativa à qual se emite a
presente convocatória) seja realizada com a possibilidade de
participação por via de meios telemáticos que assegurem, em
tempo real, a transmissão e recepção simultânea de voz ou de
voz e imagem, tendo igualmente determinado a possibilidade
dos Accionistas e representantes de Accionistas com direito de
voto exercerem o seu respectivo voto por correspondência
electrónica, mediante declaração dirigida à Presidente da Mesa
da Assembleia-Geral, Dr.ª Cláudia Cristina Silva Gomes Pires
Pinto, e remetida para o endereço secretario.legal@atlan-
tico.ao, até 12 horas antes do horário fixado nesta convocató-
ria para o início dos trabalhos.
ANÚNCIO CONVOCATÓRIO
ASSEMBLEIA-GERAL EXTRAORDINÁRIA
CONVOCATÓRIA
reunião extraordinária a ter lugar no dia 28 de Janeiro de 2021,
a partir das 16h00 horas, com a seguinte ORDEM DE TRABA-
LHOS:
Ponto Um: Apresentação de resultados do Plano Estratégico
ATLÂNTICO 2.1;
Ponto Dois: Discutir e deliberar a proposta de alteração parcial
dos estatutos da Sociedade;
Ponto Três: Proceder à eleição dos órgãos sociais e membros
do Conselho de Avaliação, Remunerações e Previdência dos
órgãos sociais para o quadriénio 2021-2024;
Ponto Quatro: Apresentação das principais linhas orientadores
do novo Plano Estratégico da Sociedade;
Ponto Cinco: Analisar o actual contexto e o enquadramento
estratégico da abertura de capital da Sociedade;
Ponto Seis: Discutir e deliberar outros temas de interesse para
o governo da Sociedade.
Observações e Informações aos Accionistas:
Fica à disposição dos Accionistas na sede social, para consulta
a partir desta data, os documentos referidos no n.º 1 do artigo
321.º da Lei das Sociedades Comerciais, relativos aos pontos
da ordem de trabalhos que antecede.
Mais informamos que a Assembleia-Geral Extraordinária é
de registo de acções da sociedade, até ao dia 13 de Janeiro de
2021, desde que comprovada tal qualidade até às 17 horas do
dia 26 de Janeiro de 2021, por forma legalmente admitida, com
indicação do número de acções com direito de voto detidas;
b) Os Accionistas sem direito a voto e os obrigacionistas
podem agrupar-se e fazer-se representar por um representante
comum.
A cada grupo de 100 (cem) acções corresponde um voto.
Os Accionistas que não possuam o número de acções neces-
sário a terem direito a voto poderão agrupar-se por forma a as-
segurar tal direito, devendo designar, por acordo escrito, um
só de entre eles para os representar na Assembleia-Geral.
De harmonia com o disposto no artigo 17.º dos Estatutos da
Sociedade, os senhores Accionistas que o desejem poderão
fazer-se representar na ora convocada Assembleia-Geral Ex-
traordinária. Os instrumentos de representação de Accionistas
devem ser remetidos à Presidente da Mesa e por esta recebi-
dos com três dias de antecedência em relação ao dia desig-
nado para a reunião, contando que o representante tenha
capacidade jurídica plena.
No mesmo prazo, devem as pessoas colectivas indicar, à Pre-
sidente da Mesa, quem as representará na reunião, contando
também que o representante tenha capacidade jurídica plena.
Luanda, 26 de Dezembro de 2020
(500.1633)

Ao abrigo da competência que me é atribuída pela conjugação constituída pelos Accionistas titulares de acções com direito de
do n.º 1 do artigo 397.º da Lei das Sociedades Comerciais, com voto, que satisfaçam as seguintes condições: A Presidente da Mesa da Assembleia-Geral
os
os n. 1 e 3 do artigo 19.º dos Estatutos da Sociedade, convoco Cláudia Cristina Silva Gomes Pires Pinto
a Assembleia-Geral do Banco Millennium Atlântico, S.A. para a) Sejam titulares de acções averbadas em seu nome, no livro
16 Domingo
27 de Dezembro de 2020

(500.1640)

(500.1642)
Domingo
27 de Dezembro de 2020 17

(500.1615)
18 ECONOMIA
JOANESBURGO E CABO
Companhia interrompe operação iniciada em meados de Dezembro
TAAG suspende voos
para a África do Sul
Medida visa prevenção contra estirpe do
coronavírus que aumenta transmissão
Vinte dias depois de aumen-
tar a frequência para a África
do Sul, a TAAG deixou de
voar, ontem, para as cidades
de Joanesburgo e do Cabo,
naquele país da África Aus-
tral, devido ao surgimento
de uma variante do vírus
Sars-CoV-2, que representa
aumento da transmissibili-
dade da Covid-19.
A decisão vem expressa
num comunicado da com-
panhia enviado às Redacções
na sexta-feira, quando este
jornal observou uma folga
geral, um documento que
se segue a um despacho con-
junto dos Ministérios da
Saúde, Interior, das Relações
Exteriores e dos Transportes
da República a suspender
as ligações aéreas, terrestres
e marítimas.
O comunicado esclarece
que esta restrição é aplicada,
sobretudo e especificamente,
a passageiros provenientes
da África do Sul, Austrália,
Nigéria e do Reino Unido, a
partir das 00h00 de ontem,
pelo que a TAAG não podia
ficar indiferente, enquanto
principal transportadora
aérea nacional.
“Esta medida de saúde
pública visa garantir a pre-
venção sanitária, associada
a o s u rg i m e n t o d e u m a
variante do vírus Sars-CoV-
2 que representa um
aumento da transmissibili-
dade da Covid-19”, refere a
companhia, acrescentando
estar acautelado o regresso
dos passageiros “retidos” na
África do Sul.
A propósito, os ministérios
que emitiram o despacho
conjunto declaram que o
objectivo, diante da nova
variante do vírus, associada
a uma transmissão mais
intensa da Covid-19, é garan-
tir a prevenção e o controlo
das fronteiras nacionais.
“Cientes que a medida
tomada condicionará a mobi-
lidade de cidadãos, informa-
se que, tão logo a situação
epidemiológica o permita,
serão criadas as condições
para a retoma das ligações
DR
ora suspensas, segundo o
que for determinado pelas
autoridades sanitárias com-
petentes”, diz o documento.
Retoma gradual
Na quarta-feira, a TAAG tinha
anunciado a retoma, a partir
da segunda quinzena de
Janeiro, dos voos para as
cidades de São Tomé (capital
de São Tomé e Príncipe) e
Windhoek (Namíbia), o
sétimo destino internacional
recuperado pela companhia
depois da suspensão das
ligações comerciais, em
Março último.
Depois de, em Setembro,
um decreto oficial ter auto-
rizado a reabertura do espaço
aéreo, a TAAG estabeleceu
voos comerciais de passa-
geiros para Portugal e Brasil,
estando numa fase do que
a companhia chama retoma
gradual das operações, com
o reforço da oferta em algu-
mas rotas.
O dire ctor comercial
adjunto da companhia, Alí-
pio de Azevedo, foi quarta-
feira citado pela Angop que,
numa primeira fase, São
Tomé e Windhoek terão
uma frequência semanal,
sendo que a companhia já
voava para cinco destinos
internacionais.
Segundo o director
comercial adjunto, a nível
nacional, a TAAG voa para
oito destinos com frequên-
cias para Cabinda, Catum-
bela, Lubango, Huambo,
Saurimo e Soyo, esperando-
se a reabertura dos voos para
o Luena (Moxico), Moçâ-
medes (Namibe) e Dundo
(Lunda-Norte).
A TAAG, que é a com-
panhia angolana de ban-
deira,suspendeu os voos
domésticos e internacionais
no dia 20 de Março último,
no âmbito das medidas de
restrições impostas pela
Covid-19, tendo retomado
as operações inter-provin-
ciais no dia 14 de Setembro
do corrente ano. Esses voos
não contemplam viagens em
turismo e lazer.
200
MILHÕES DE KWANZAS
EM DÍVIDAS COM A EPAS
DA LUNDA-NORTE
Clientes da Empresa
Pública de Águas e
Saneamento (EPAS) da
Lunda-Norte têm uma
dívida de 200 milhões de
kwanzas acumulada há
mais de três anos,
anunciou o presidente
do Conselho de
Administração da
companhia, André
Camilo, na quarta-feira,
citado pela Angop.
25%
DE CAPTURA DA UE
A MENOS EM ÁGUAS
BRITÂNICAS
O acordo alcançado
sexta-feira entre a União
Europeia e Reino Unido
prevê um período de
transição no domínio
das pescas de cinco
anos e meio, durante o
qual as frotas europeias
mantêm acesso às águas
britânicas, mas abdicam
de 25 por cento das
capturas.
ACORDO
Fundos europeus
na reconversão
do sector informal
O Governo e a União Euro-
peia (UE) assinam, amanhã,
em Luanda, um acordo de
apoio ao Programa de Recon-
versão da Economia Infor-
mal, avaliado em 20 milhões
de euros, noticiou ontem, a
Angop, com base num
comunicado distribuído pelo
Ministério da Economia e
Planeamento (MEP).
O acordo é rubricado pelo
ministro da Economia e Pla-
neamento, Sérgio Santos, e
pela embaixadora e chefe da
Delegação da União Europeia
em Angola, Jannette Seppen,
no âmbito do 11º Fundo Euro-
peu de Desenvolvimento
(FED), segundo acrescenta
o comunicado.
O documento serve, igual-
mente, de apoio às acções
de melhoria do ambiente de
negócios em Angola, segundo
a nota, que indica que o
financiamento será execu-
tado na modalidade de “apoio
orçamental”, com inscrição
no Orçamento Geral do
Estado (OGE), e transferido
para o Tesouro Nacional, uma
acção pioneira na cooperação
da União Europeia com a
República de Angola.
Angola e a União Europeia
assinaram acordos de finan-
ciamento avaliados em 22
milhões de euros para a
implementação de progra-
mas nas áreas das finanças
públicas, ensino superior e
no âmbito do mecanismo do
diálogo enquadrado no pro-
grama “Caminho Conjunto”.
Angola assume, em 2022, a
presidência de países ACP,
de diálogo com a UE.
Domingo
27 de Dezembro de 2020
PETRÓLEO
MALANJE
DR
Cautela dos
investidores
influencia
os preços
A observação do feriado pro-
longado de Natal levou os
investidores do mercado
internacional de petróleo a
optarem pela cautela, levando
os preços do crude a encer-
rarem a semana perto do
equilíbrio, com o crude de
referência das vendas ango-
lanas, o Brent, a subir 0,2
Colheitas subiram para 20 mil toneladas este ano por cento, ou nove cêntimos
de dólar, para 51,29 dólares.
Segundo a agência AFP,
Produção de arroz que ontem publicou estas
informações, o barril de West
Texas Intermediate (WTI)
cresce 10 por cento ascendeu na mesma per-
centagem, avançando 11 cên-
timos de dólar, para 48,23
Vinte mil toneladas de arroz foram colhidas, este dólares, em evoluções que
ano, em quatro municípios da província de Malanje,
durante a campanha agrícola 2019/2020, um cres-
cimento de 10 por cento diante das 18 mil toneladas
contrariam a agitação veri-
ficada ao longo da semana.
Depois de alcançar seus
produzidas na época anterior, declarou à Angop, níveis mais altos desde o iní-
na quinta-feira, o director do Gabinete Provincial cio da pandemia da Covid-
da Agricultura e Pescas. 19, na sexta-feira, os preços
Carlos Chipoia indicou que 19.900 toneladas encadearam duas sessões de
foram produzidas pelo sector agrícola empresarial queda e depois uma recu-
e 100 pelo sector da agricultura familiar, com a peração, um sinal da inde-
produção a ocorrer nos municípios de Cahombo, cisão do mercado.
Luquembo, Quirima e Cambundi-Catembo. DR
No sector da agricultura familiar, a produção,
para além de comercializada, é usada como moeda
de troca para aquisição de outros produtos essen-
ciais, havendo estimativas de que, este ano, 40
das 100 toneladas produzidas pelas famílias foram
vendidas a empresas, o que não acontecia em
anos anteriores.
O director do Gabinete precisou que a compra
da produção das famílias está a impulsionar o alar-
gamento das áreas de cultivo, perspectivando-se,
com isso, o aumento da arrecadação de rendimentos
com a venda do cereal.
Quanto ao sector comercial, Carlos Chipoia
disse que a província conta com quatro unidades,
duas das quais com a componente industrial ins- Feriado refreia agitação
talada, ao passo que as outras aguardam por na negociação de crude
financiamento da banca.
“Por enquanto, a situação
não é boa, mas os investi-
TRANSACÇÕES EM TÍTULOS dores agarram-se à ideia de
que no ano que vem as coisas
vão melhorar claramente”,
Mercado de Valores explicou Naeem Aslam, ana-
lista da AvaTrade, ao traçar
um panorama do mercado
Mobiliários em alta petrolífero em geral.
Na quarta, os preços foram
apoiados pela queda mais
O volume de transacções no representando crescimentos pronunciada do que o espe-
Mercado secundário de Valo- significativos”. Apesar destes rado nas reservas de crude
res Mobiliários na BODIVA, aspectos positivos, o admi- nos Estados Unidos, bem
onde são negociados títulos nistrador reconheceu que como por uma queda signi-
da dívida pública, obrigações continuam a existir desafios ficativa dos inventários de
corporativas e unidades de condicionantes do pleno fun- gasolina e destilados.
participação, registou um cionamento do Mercado de Os agentes do mercado
crescimento de mais de 870 Valores Mobiliários (MVM), queriam ver sinais de uma
por cento em cinco anos, pas- destacando entre eles a recuperação do consumo,
sando de 104,14 mil milhões necessidade de alargamento que desacelerou este ano
de kwanzas, em 2015, para da base de investidores e a devido aos confinamentos
910,96 mil milhões, de Janeiro activação de tipologias de e à redução das viagens.
a Setembro do ano em curso. instrumentos financeiros Jeffrey Halley, analista da
Os números foram quinta- tais como as acções. Oanda, advertiu que a vola-
feira divulgados no portal elec- Esses desafios podem ser tilidade observada no começo
trónico da Comissão do ultrapassados com uma libe- da semana pode repetir-se
Mercado de Capitais (CMC), ralização cada vez maior dos devido à redução dos volumes
com base num artigo publicado fluxos de capitais da conta causada pelos feriados.
pelo administrador executivo financeira em relação aos “Tudo vai depender da
para o pelouro de Regulação investimentos de não resi- situação nos Estados Unidos
e Serviços Jurídicos daqueles dentes no MVM e do pro- em termos de apoio à eco-
serviços, Felinto Soares, na grama de privatizações, nomia, onde qualquer coisa
revista “Forbes Angola”. afirmou a fonte. pode acontecer”, disse.
Felinto Soares apontou a Num contexto de prolon- Os republicanos da Câmara
indústria dos Organismos gada baixa dos preços do de Representantes bloquearam
de Investimento Colectivo petróleo e dos efeitos negativos quinta-feira uma proposta
(OIC) e a Central de Valores da pandemia, Felinto Soares democrata para aumentar o
Mobiliários (CEVAMA) como apresenta o MVM como uma valor dos cheques que serão
“factores que concorrem verdadeira aposta enquanto enviados aos norte-ameri-
para a obtenção de resultados canal de financiamento da canos mais vulneráveis de
para além dos expectáveis, actividade económica. 600 para dois mil dólares.
 DANÇA Domingo
27 de Dezembro de 2020
Dança Contemporânea de Angola (CDC) fez a sua estreia no dia 27 de Dezembro, no Teatro
Herdeira da Escola de Dan-
ça da Secretaria de Estado
da Cultura, onde se forma-
ram os bailarinos do seu
primeiro elenco, à CDC An-
gola se deve a dança ango-
lana conhecer hoje outros
domínios, nomeadamente
a dança contemporânea da
qual é pioneira.
O ano de 1991 é, pois, o
marco histórico de viragem
da dança no nosso país, a
partir do qual novas lingua-
gens, novas estéticas e novas
abordagens vêm inovar e agi-
tar o então cenário conser-
vador a que esta linguagem
artística estava associada.
Eram caminhos novos,
propostas diferentes e inter-
ventivas quer social quer po-
liticamente. Os espectáculos
tanto aconteciam em palcos
convencionais (no tempo em
que ainda havia dois teatros
em Luanda) como em espaços
alternativos e em riscos de
extinção, num apelo para a
importância dos mesmos, ao
mesmo tempo que a dança
se aproximava do público,
das suas preocupações, das
suas lutas e dos seus sonhos.
As peças Corpusnágua (1992);
Solidão (1992); 1 Morto & os
Vivos (1992), 5 Estátuas para
Masongi (1993) Introversão
versus Extroversão (1995) ou
Ogros... da Oratura... e do
Fantástico (2008), marcam
essa deslocação da dança
para fora dos teatros, bem
como as parcerias com alguns
dos maiores nomes da lite-
COMPANHIA DE DANÇA CONTEMPORÂNEA DE ANGOLA
29 anos de um percurso
único e inovador
Fundada no ano de 1991, pela coreógrafa Ana Clara Guerra Marques, a Companhia de
Avenida, com a peça “A propósito de Lweji”
ratura e das artes plásticas
angolanas, entre os quais Ma-
nuel Rui Monteiro, Artur Pes-
tana Pepetela, Frederico Ningi,
Carlos Ferreira, Jorge Gumbe,
Mário Tendinha, Francisco
Van-Dúnem Van, Masongi
Afonso, Zan de Andrade e
António Ole.
O lugar histórico desta
companhia angolana passa
também pelo facto de ser
uma das primeiras do gé-
nero fundadas e a desen-
volverem o seu trabalho no
território africano. Foi com
a CDC Angola que, pela pri-
meira vez, Angola disfrutou
de espectáculos com bai-
larinos profissionais.
Na memória de milhares
de espectadores ficaram as
obras criadas a partir da in-
vestigação nas várias regiões
de Angola, no âmbito da pes-
quisa e experimentação, para
a revitalização da cultura de
raiz tradicional, entre as quais
A Propósito de Lweji (1991),
Uma frase qualquer... e outras
(frases) (1997), Peças para
uma sombra iniciada e outros
rituais mais ou menos (2009)
e Pa i sage n s P ro p í c i a s
(2012/13), Mpemba Nyi Mu-
kundu (2014) e (Des)cons-
trução (2017). Mas a marca
desta companhia é a utilização
da dança como meio de in-
tervenção social como reve-
lado nas peças Mea Culpa
(1992); Imagem & Movimento
(1993), Palmas, por Favor!
(1994); Neste País... (1995),
Agora não dá! ‘Tou a Bum-
19
RUI TAVARES
bar...(1998), Os Quadros do
Verso Vetusto (1999), O Ho-
mem que chorava sumo de
tomates (2011), Solos para
um Dó Maior (2014), Ceci
n’est pas une porte (2016),
O monstro está em cena
(2018) e Mysterium Cuniunc-
tionis (2019).
Hoje, 29 anos depois, a
Associação da Companhia
de Dança Contemporânea
de Angola continua com a
mesma determinação com
que começou e venceu as
adversidades passadas, numa
renovação permanente e
procura de novos desafios.
Com uma proposta pe-
dagógica e artística, baseada
em profundo trabalho de in-
vestigação quer a nível das
danças patrimoniais ango-
lanas, quer a nível das nossas
dinâmicas sociais, a CDC
Angola projectou Angola no
contexto da dança teatral
universal, onde marca a di-
ferença pelo investimento
intelectual, pela originalidade
das suas criações e pela qua-
lidade técnica e estética do
seu trabalho.
Com dezenas de obras ori-
ginais criadas desde a sua
fundação, a CDC Angola
apresentou mais de uma cen-
tena de espectáculos em 36
cidades de 16 países.
Apesar de ser a histórica
embaixadora da dança con-
temporânea angolana, a CDC
Angola só venceu o Prémio
Nacional de Cultura e Artes
em 2017.
 20 MÚSICA Domingo
27 de Dezembro de 2020

DR

SHOW DO MÊS DÁ ADEUS A 2020

Celebrada a
obra dos que já
partiram
Este ano foi difícil para todos, com grandes
prejuízos a todos os níveis: individual, nacional e
global. Não há como esquecer a morte de várias
personalidades que tanta falta nos fazem. Fazendo
a sua parte, a produtora Nova Energia encerrou a
VII Temporada do Show do Mês com a celebração
da vida e obra das estrelas nacionais Carlos Burity,
Waldemar Bastos, Givago, Teta Lágrimas, Kueno
Aionda e de além fronteiras Manu Dibango, Mory
Kanté e Jorge Neto

Analtino Santos
O concerto em homenagem
a estrelas nacionais acon-
teceu no cine Atlântico, local
onde vários artistas men-
cionados brilharam, além do
forte simbolismo que tem
para a música angolana. A
produção chamou pessoas
próximas aos artistas que
partiram este ano para par-
tilhar as suas memórias. Fo-
ram convidados o jornalista
Honorato Silva, amigo de Teta
Lágrimas, Ilídio Brás, res-
ponsável da Brasom, com
fortes ligações a Carlos Burity
e Waldemar Bastos, Beto Vi-
lhena, primo de Waldemar
Bastos e Carlos Eugénio Cruz,
gastrónomo e conselheiro
do Show do Mês.
Foram feitas revelações
na primeira pessoa. Ho-
n o rato S i lva d e s c reve u
Man Beto (Teta Lágrimas)
como um compositor de
mão cheia que passeava
do romantismo à inter-
ve n ç ã o s o c i a l , s e m p re
atento aos ritmos tradi-
cionais da sua região na-
tal. Aconselhou a audiência
a ouvir “Beijo do Sapo” pa-
ra conhecer melhor o outro
lado do homem que “quis
ser político”. Ilídio Brás
recordou não apenas os
momentos de ensaios de
Carlos Burity e Waldemar
Bastos, mas também a me-
mória da infância, quando
partilhavam as férias, e a
qualidade e o grau de exi-
gência artística dos mes-
mos. Beto Vilhena, muito
chegado a Waldemar Bas-
tos, não escondeu que
sempre esteve ao lado do
músico e recordou a grande
espiritualidade do autor
de “Velha Xica”. Eugénio
Cruz, emocionado, revelou
que mesmo no estrangeiro
nas tardes de sábado reunia
contemporâneos seus e
matava a saudade da terra
acompanhando o Show do
Mês, sempre com um gran-
de sentimento de angola-
n i d a d e . O m a i s - ve l h o ,
emocionado, não conteve
as lágrimas.
Estiveram em palco, na
banda, os experientes João-
zinho Morgado e Te ddy
Nsingui, que foram home-
nageados pela organização
com o título “Doutor da Mú-
sica Angolana”. Botto Trin-
dade também mereceu esse
reconhecimento. A com-
posição da banda dirigida
por Benny mostrou um en-
trosamento entre a expe-
riência e a juventude, com
Mayo Bass, Yark Spin, Mário
Gomes, Alexandre, Jack,
Raquel Lisboa, Neide da
Luz, Eufraim, Chinguma,
Luís, Rigoberto e os jovens
da secção de cordas.

Mister Kim recordou os su-
cessos de Carlos Burity, o
Mestre do Semba, o homem
que, segundo o pesquisador
Jomo Fortunato, tornou rea-
lidade o Novo Semba. O ex-
craque do Desportivo da
Chela, o próprio Mister Kim,
deu as boas-vindas com “To-
na Caxi”, uma composição
da mãe de Zé Keno, segundo
Carlos Burity em entrevista
a Gilberto Júnior, da RNA.
Mister Kim interpretou
ainda Ondjala Yeya”, “Li-
berdade África”, e, do com-
positor Soky dya Nzenza, um
dos últimos grandes sucessos
na voz de Burity, “Malalanza”.
A história do macaco que só
olha no rabo do outro, o fa-
moso tema “Jingonça”, com-
posto por Xabanú e tão
magistralmente celebrizado
por Burity, foi igualmente
cantado por Mister Kim, que
ainda teve tempo para inter-
pretar pequenos excertos de
“Lamento de Contratado”,
“Ilha de Luanda”, “Calema”,
“Tia Joaquina”, “Mukuagia-
mi”, “Manazinha” e “Canção
Nostalgia”. Bruno Netho, can-
tor lírico e professor de música,
interpretou no seu estilo de
conforto “Zumby dya Papá”.
Lá nas estrelas, certamente,
Carlos Burity aplaudiu, tal
como o compositor Euclides
de Fontes Pereira.
Gelson Castro “El Mara-
vilhoso” foi a aposta principal
para interpretar Waldemar
Bastos, mas os jovens Kanu
Estrelas cantadas
DR DR
André e Luís Sebastian tam-
bém o fizeram. El Maravi-
lhoso levou o pessoal ao
“Lubango”. Com o seu violão
e os jovens da secção de cor-
das colocou no mesmo pa-
cote “Mbiri Mbiri”, “Humbi
Humbi” e “Tata Ku Matadi”.
Emocionou a audiência com
“Mungueno” e “Velha Xica”
. Kanu André com a sua voz
picou em “Marimbondo” e
agradeceu com “Ndapan-
dula”. Já Luís Sebastien de-
clarou o amor a “Margarida”
e, com Raquel Lisboa, “ven-
deu” laranjas docinhas em
“Teresa Ana”.
Para dar voz aos temas
de Teta Lágrimas foram es-
colhidos Luís Sebastian, Ka-
nú André e Paulo Garcia.
Luís Sebastien, mais uma
vez, aproveitou a oportuni-
dade e deixou a sua marca
ao cantar “Amizade Colo-
rida”, primeiro sucesso de
Teta Lágrimas. Outro que
fez o mesmo foi Kanú André,
que cantou a canuca que
fascinava o kota da Casa Ja-
pão e que o fazia tarrachar
em “Só só só”. Paulo Garcia Joh Aionda assumiu a de artista, “Porta Aberta”, sopros, primeiro com Lito O ano 2020 é daqueles
cantou uma das grandes ver- responsabilidade de in- “Isabel” e o grande hit “Tu Graça soprou “Soul Makossa” que, literalmente, entrou a
dade s do no ss o temp o : terpretar as canções do ir- vives em Mim” como que e depois, com Yark Spin a matar, de tal modo que o
“Amor em Crise”. mão Kueno Aionda, uma trouxeram Kueno Aionda tirar do violão o som da Kora, mundo já não será o mesmo.
Lito Graça “pegou” os gran- das vozes mais promisso- à presença dos telespec- solou “Yeke Yeke”, ou seja, Nunca tanta gente próxima
des sucessos de Givago, o filho ras da música angolana, tadores e dos internautas. o cubano “pegou” em dois morreu como neste ano. A
do Marçal, ainda do tempo do que desapareceu de forma Manú Dibango, Mory sucessos africanos que con- morte é um processo natural,
Conjunto Fenomenal, tocados tão prematura. Temas co- Kanté e Jorge Neto foram os quistaram o mundo. De Jorge mas a velocidade com que
por Brando, Nelas do Som e mo “Me Aceita”, “Marca artistas internacionais ho- Neto, que fez os seu últimos as pessoas estão a partir é
Dulce Trindade. Lito deu a de Batom”, este em dueto menageados pelo Show do espectáculos em Angola, re- deveras dolorosa, assim co-
sua graça em “Mendonça”, com Alexandre, percus- Mê s . Rigob erto saiu do cuou-se à época dos Livity mo a alteração do nosso mo-
“Ramiro” e “Avó Teté”. sionista que já tem pinta “backstage” da secção de com “Rosinha”. do de vida.
 ARTES Domingo
27 de Dezembro de 2020 21
“CRIMINALIDADE CIBERNÉTICA EM ANGOLA”

Obra analisa crimes

nas redes sociais
DR
Mário Cohen
“Criminalidade Cibernética
em Angola” é o título do livro
de Fernando Rogério Samuel
que vai ser lançado em Janeiro
próximo, no Memorial Dr.
António Agostinho Neto
(MAAN), em Luanda.
O autor disse ao Jornal de
Angola que o objectivo do li-
vro é sensibilizar a sociedade,
em particular os utilizadores
da Internet, para terem cons-
ciência que os crimes nas re-
des sociais em Angola já são
uma realidade diária.
No país, explica Fernando
Samuel, muita gente desco-
nhece essa realidade, mas
muitos, na procura de em-
prego e grandes negócios,
são enganados por indivíduos
com falsos perfis.
O Código Penal vigente
no país não tipifica esse tipo
de crime, ao contrário do
novo Código Penal que entra
em vigor em Fevereiro de
2021. Segundo Fernando
Samuel, o futuro Código
Penal vai responsabilizar
criminalmente as pessoas
que praticam crimes nas
redes sociais.
O autor do livro “Crimi-
nalidade Cibernética em An-
gola” define as redes sociais
como plataformas online on-
de as pessoas compartilham
informações diversas, criam
amizades, se comunicam e
se relacionam entre si. “As
plataformas sociais mais uti-
lizadas actualmente são o
Facebook, Whatsapp, Mes-
senger, YouTube, Instagram,
LinkedIn, Twitter, Snapchat
e TikTok”, disse, acrescen-
tando que “muitas pessoas
usam as redes sociais apenas
como ferramenta para des-
contracção, o que não está
errado, desde que se tome
os devidos cuidados, no pe-
ríodo de férias principal-
mente, para que excessos e
fotos inadequadas não pre-
judiquem o lado profissional
de outrem”.
Além disso, no dizer de
Fernando Samuel, uma boa
parcela de profissionais já
percebeu que o uso adequado
dessas ferramentas de co-
municação pode potencializar
as suas carreiras, promovendo
o crescimento profissional
através do Networking. “In-
felizmente, há indivíduos
que fazem mau uso das redes
sociais com a finalidade de
atingir certas pessoas, man-
chando a imagem de indivi-
dualidades, caluniando,
difamando e insultando”.
O autor esclarece que esses
tipos de crimes “estão bem
especificados” no seu livro.
De acordo com o mesmo, a
Internet pode ser bem apro-
veitada, com a divulgação de
acções realizadas e bem su-
cedidas. “Evite se autopro-
mover demasiadamente para
não soar a arrogância, use a
inteligência, passando os seus
conhecimentos para outras
pessoas crescerem profis-
sionalmente e evite debates
inúteis”, aconselha.
Travar os piratas
Fernando Samuel refere que
apesar de estarmos “ainda
muito distante dos crimes
cibernéticos existentes em
países como França, Ingla-
terra, Brasil e Estados Unidos
da América, já é altura de
Angola parar os indivíduos
que praticam os crimes in-
formáticos”. Apontou como
preocupantes no país a clo-
nagem de cartões de crédito,
a transferência ilícita via in-
ternet banking, as vendas si-
muladas de produtos via
Internet, as violações dos di-
reitos autorais e conexos, as
inserções de dados falsos nos
sistemas informáticos, a es-
pionagem (divulgação de se-
gredos), ameaças e furtos.
Por isso defende a imple-
mentação urgente dos de-
pa r ta m e nto s d e c r i m e s
cibernéticos nas divisões e
esquadras da Polícia.
O autor sustenta que o seu
livro é “uma grande ferra-
menta” para o Serviço de In-
vestigação Criminal (SIC)
descobrir e desmantelar os
piratas informáticos.
O livro, que fala sobre
os crimes cometidos nas
redes sociais, chegará ao
mercado com a chancela
da editora Whera Angola.
O autor prevê uma digressão
por diversas universidades
de Benguela, Malanje e Ca-
binda, com a intenção de
promover a obra. Além, na-
turalmente, de Luanda.
Fernando Rogério Samuel
é bacharel em Ciências Cri-
minais pela Faculdade de
Ciências e Tecnologia do In-
sutec. É técnico de Infor-
mática e empreendedor no
ramo informático. A ideia
de escrever um livro sobre
os crimes nas redes sociais
era um velho sonho seu. E
já está a escrever uma nova
obra, cujo título não avançou.
“A temática do novo livro
não vai fugir ao de estreia,
por sermos vulneráveis aos
crimes informáticos”.

COM PROTAGONISTA NEGRO

Filme de animação “Soul” explora origem das almas
O novo filme da Pixar, “Soul”, que estreiou na sexta-feira, na plataforma de “streaming” Disney+, é a primeira longa-
metragem do estúdio de animação que se centra num protagonista negro, interpretado pelo actor Jamie Foxx
Tina Fey, Angela Bassett e Phylicia
Rashad dão voz às outras persona-
gens principais, sendo que o filme
tem também a participação da actriz
brasileira Alice Braga.
“Penso que a nossa cultura é in-
crível. E muita gente, particularmente
em Hollywood, diz que para ape-
larmos a uma audiência mais vasta
temos de nos afastar dela”, disse o
co-realizador Kemp Powers, numa
conversa com jornalistas em Los
Angeles, sobre a identidade afro-
americana retratada no filme.
Incluído na lista de melhores fil-
mes de 2020 do antigo Presidente
dos Estados Unidos Barack Obama,
“Soul” conta a história de Joe Gard-
ner, um professor de música numa
escola preparatória em Nova Iorque,
cujo sonho é ser um pianista de
jazz profissional.
“Senti que esta era uma oportu-
nidade maravilhosa de fazer algo
de que a minha família tivesse orgulho
e em simultâneo fosse algo que toda
a gente pode apreciar, mostrando
como a experiência afro-americana
e a nossa humanidade são tão uni-
versais como as de quaisquer outros”,
acrescentou o co-realizador.
A actriz e cantora Angela Bassett,
que dá voz à estrela Dorothea Wil-
liams, frisou a importância da re-
presentação de diversidade no
formato animado, algo que tem sido
raro até agora.
“Isto tem muito significado”, afir-
mou. “É excelente começarmos cedo
com a ideia de que a humanidade
é vasta e diversa”.
A produtora Dana Murray explicou
que a Pixar trabalhou com uma equi-
pa de consultores, como a antro-
póloga Johnetta Cole e o músico
Questlove, para garantir a autenti-
cidade dos personagens e da cultura
representada.
A história de Joe Gardner, que
parece ir numa certa direcção,
muda por completo quando um
incidente o atira para um lugar fan-
tástico conhecido como “O Grande
Antes”, o sítio onde as almas novas
ganham as suas características
antes de descerem à Terra para
nascerem numa pessoa.
Tina Fey interpreta uma dessas
almas, chamada 22, que tem dificul-
dade em encontrar a faísca que apai-
xona a alma de cada ser humano.
“O filme leva as pessoas a reflec-
tirem nestes tópicos, e uma coisa
interessante que faz é levar-nos para
lá da ideia de encontrarmos aquilo
que nos apaixona na vida”, disse
Tina Fey. “Também abre a ideia de
que uma paixão assolapada pode
consumir a nossa vida. Isso significa
que estar presente é tão importante
como conquistar o que queremos”.
O produtor executivo Pete Docter,
que escreveu o argumento com
Kemp Powers e Mike Jones, explicou
que uma das intenções do filme é
fazer reflectir no valor intrínseco de
cada um.
“Muitos de nós crescemos com
a ideia de que temos de conquistar
a nossa dignidade”, afirmou. “Um
dos objectivos do filme é dizer que
só por estarmos vivos, somos valo-
rizados. Já somos o suficiente. Todos
nós merecemos aproveitar o que a
vida tem para oferecer”.
Esta ideia subjacente tornou-se
mais importante por causa da pan-
demia de Covid-19, que modificou
os planos de distribuição da Disney
Pixar mas também deu novo contexto
aos temas existenciais retratados.
“É um momento tão incrivel-
mente estranho pelo que estamos
a passar”, disse Jamie Foxx. “Tem
mesmo de acontecer algo bom, e
penso que isto é algo óptimo. Penso
que, quando as pessoas virem,
será incrível”.
Tina Fey também abordou o tema:
“Todos estamos a avaliar o que sig-
nifica ter tido um bom ano” em 2020
e a repensar o que é ter sucesso.
“Agora, significa muitas vezes en-
contrar pequenas alegrias e estar
presente com as pessoas que ama-
mos”, disse a actriz.
Apesar de ter a estética de ani-
mação característica da Pixar, “Soul”
introduz códigos visuais que não
são habituais no estúdio, em parti-
cular com os conselheiros Jerry do
“Grande Antes”, que são linhas a
duas dimensões.
De acordo com Pete Docter, a
inspiração para eles e para os ce-
nários fantásticos de onde as almas
provêm foi retirada das Exposições
Mundiais dos anos 40 a 60, com
muitas formas abstractas.
“Isto parece que foi o destino”,
disse Kemp Powers. “O filme devia
ter saído em Junho. Agora parece
o filme perfeito para as festas, aquilo
que queremos ver no dia de Natal
depois de um ano muito difícil”.
“Soul”, disse Phylicia Rashad,
não mudou a sua perspectiva sobre
a vida, mas reafirmou-a. “Sempre
quis que os meus filhos entendessem
que a vida é um contínuo, que não
começa aqui e acaba ali”, afirmou
a actriz. “Entender isso é incorporar
uma espécie de ausência de medo
e também de aceitação”.
(Lusa)
 22 ENTREVISTA Domingo
27 de Dezembro de 2020

DR

ESCRITOR F. TCHICONDO
“No futuro
também haverá
sociedades
de conflito”
F. Tchikondo, pseudónimo literário de Francisco
Queirós, o actual ministro da Justiça e Direitos
Humanos, acaba de lançar (22/12) o romance “O
Império Kassitur na Dinastia Sekele”, uma
ficção no verdadeiro sentido da palavra, pois
narra, em grande parte, uma sociedade ainda
inexistente e, que, convenhamos, mesmo que
não venha a existir, poderia ter existido... O
livro, que conta com um prefácio assinado pelo
romancista Boaventura Cardoso, tem a chancela
editorial da União dos Escritores Angolanos. O
Jornal de Angola foi ao encontro de F. Tchikondo
e com ele teve a conversa que a seguir se
transcreve

Isaquiel Cori
F. Tchikondo trata-se de
pseudónimo ou de
heterónimo?
É nome mesmo, da minha
avó que se chamava Albertina
Tchikondo. Uso o nome Tchi-
kondo não apenas para a ho-
menagear, porque ela teve
uma influência muito grande
na minha educação, mas
também porque as autori-
dades coloniais portuguesas
não a registaram com esse
nome. Aliás, nem regista-
ram o meu pai como filho
dela, o que é muito estra-
nho. São atitudes coloniais
inexplicáveis. O meu pai é
filho de mãe incógnita. En-
tão uma maneira de tornar
o nome da minha avó co-
nhecido foi passar a usar o
nome dela como meu pseu-
dónimo literário.
Como é que o romance “O
Grande Império Kassitur na
Dinastia Sekele” começou na
sua cabeça? Surge primeiro
como uma história, com os
personagens a ganharem
contornos, ou como uma
tese?
Surge de uma preocupação.
Nós temos uma determinada
realidade, económica sobre-
tudo, que tem as suas carac-
terísticas próprias... Tem uma
informalidade que me preo-
cupa, porque a forma como
estamos a geri-la pode per-
petuá-la em vez de a com-
batermos. Fiz o mestrado em
ciências jurídico-económicas
e a minha tese, que aliás está
publicada, foi exactamente
sobre economia informal.
Isso trouxe-me algumas
preocupações, saber como
será a economia daqui pra
frente, como é que Angola
com estas características eco-
nómicas se poderá transfor-
mar numa Angola altamente
desenvolvida economica-
mente, por um lado. Por ou-
tro, como é que as pessoas
que vivem neste ambiente
económico conseguem de-
senvolver a sua actividade
empresarial e atingir níveis
elevados de sucesso ao ponto
de poderem criar verdadeiros
impérios económicos. Então
imaginei a história de um
angolano normal, um cidadão
que aos 9 anos fica órfão de
pai e mãe, que morreram
numa mina. Ele e a irmã sal-
varam-se, ele fica pratica-
mente abandonado no
mundo, aqui em Luanda tor-
na-se menino de rua e passa
pelas vicissitudes todas.
A adolescência dele também
é muito caracterizada pela
vida na rua, tal como a ju-
ventude. É na juventude
que ele começa a lutar para
conseguir uma vida melhor.
Entretanto tem uma relação
com a mulher, com quem
tem uma filha. A sua preo-
cupação passa a ser dar uma
boa vida à filha. Então co-
meça a tentar ter sucesso
económico...
... Não vamos contar a
história aos leitores
potenciais, deixemos que
leiam o livro. O Império
Kassitur é uma empresa, ou
melhor, um grupo
empresarial. Qual é o
objecto social da Kassitur?
É um grupo empresarial de
muito sucesso. O seu ob-
jecto principal é o turismo.
Kassinda Sekele fundou a
empresa com base no nome
dele e no objecto social. A
aglutinação de Kassinda e
Turismo dá Kassitur. A em-
presa depois tem um su-
cesso enorme na conjuntura
em que ele viveu, de 1992
pra frente.
A narrativa, pelo artifício
adoptado pelo autor, é feita
em 2170. Pressupõe-se que
em Angola se terá chegado a
uma sociedade em que a
democracia funciona sem
partidos políticos,
substituídos por empresas. É
este o sonho que o escritor
tem para a sociedade
angolana daqui a 150 anos?
Não diria um sonho. Talvez
uma projecção da Angola
que existirá dentro de 150
anos. Aliás, há três perguntas
a que tento dar resposta atra-
vés desta narrativa. A pri-
meira é como será Angola
daqui a 150 anos, a segunda
é como chegaremos a essa
Angola e a terceira como as
pessoas que viverão daqui a
150 anos olharão para nós
que vivemos agora. É um
exercício que implicou usar
a ficção científica para ex-
plicar os avanços tecnológicos
e científicos que acontecerão
necessariamente. Mas tam-
bém foi necessário usar a
imaginação para, partindo
dessa realidade, da tal eco-
nomia muito informalizada,
etc., como é que a economia
poderá tornar-se altamente
desenvolvida, mas também
como é que evoluirão os ou-
tros aspectos sociológicos,
como é que a vida será do
ponto de vista dos relacio-
namentos conjugais. Por
exemplo, hoje já se nota uma
tendência para o abandono
do modelo antigo; o modelo
conjugal que temos agora já
vem de há séculos e vai so-
frendo evoluções. Como será
daqui a 150 anos? E do ponto
de vista cultural como é que
as pessoas pensarão? Porque
os modelos, as referências,
também evoluem, não são
estáticas. Foi preciso fazer
um exercício de imaginação,
partindo de uma dada rea-
lidade actual mas também
do histórico passado, e ver
qual a linha de evolução que
nos poderá conduzir a uma
Angolade daqui a 150 anos.
Sendo o autor também
membro do governo,
portanto investido de altas
funções políticas, e sendo
que escrever um romance
implica devanear, “andar
nas nuvens”, F. Tchikondo
fez uso de um interruptor
mental que accionava
enquanto ministro e depois
desligava quando passasse à
condição de ficcionista?
Não é difícil conciliar. Só é
preciso ser organizado. No
espaço das 24 horas do dia
dá para fazer muita coisa. E
depois há o espaço da se-
mana, do mês, do ano, a vi-
da... Dá para fazer política e
aquilo de que se tem vocação,
talento. E também dá para
ficar com a família e os ami-
gos. Enfim, dá para muita
coisa se a pessoa for orga-
nizada. A literatura para mim
aparece como um momento
em que tenho espaço livre
na minha mente.
A razão da pergunta é que
tendo o seu romance uma
componente de ficção
científica o devanear é maior
do que se fosse um romance
realista, o grau de
abstracção é maior...
Este romance não é só ficção
científica. A parte sobre o
desenvolvimento científico
e tecnológico é mesmo ficção
científica e tive que me apoiar
naqueles que estudaram Fí-
sica. Estudei um autor, Michio
Kaku, americano de origem
japonesa, professor da Uni-
versidade de Nova Iorque. Li
dois livros dele sobre Física.
Isso no quadro da
preparação para a escrita?
Sim. Para fazer uma projecção
para Angola daqui a 150 anos
eu tinha que escrever e co-
locar o leitor a pensar como
se já estivesse nessa época
de daqui a 150 anos. Os per-
sonagens e os diálogos entre
eles, a relação entre eles, os
sistemas da época, etc., tive
que visualizar sistemas, mo-
delos já dessa época. E, para
isso, no domínio tecnológico,
interessou-me mais a com-
ponente da Física, por exem-
plo, para descrever aquilo
que prevejo que venha a
acontecer, a comunicação
do pensamento por telepatia,
a levitação magnética... é
algo que está a ser estudado
e que possivelmente acon-
tecerá. E muitas outras coisas
que só estudando os que se
ocupam da Física é que nós
podemos ter alguma per-
cepção. E também ver como
é que essa Física evolui e
qual a sua linha de evolução.
Por extrapolação aplico tudo
isso à realidade angolana. E
também no domínio da pro-
criação talvez já não seja
mais necessário, daqui a al-
gum tempo, um homem e
uma mulher para fazer um
filho. A partir de uma célula
pode vir a ser possível gerar
um ser humano. Este ro-
mance não é só ficção cien-
tífica, também tem, se assim
quisermos chamar, ficção
social, ficção cultural e ficção
antropológica.
O seu romance parece
projectar uma sociedade
que reúne ao mesmo tempo
as características de uma
utopia e de uma distopia...
Repare bem. Eu não tenho
a ilusão de prever uma so-
ciedade perfeita. O raciocínio
do livro não é no sentido de
prever uma sociedade orga-
nizada, perfeita. Não. É no
sentido de evoluir mas com
os altos e baixos que qualquer
sociedade tem. No passado,
houve e no futuro, também
haverá sociedades de conflito,
mais ou menos inclusivas,
mais ou menos excludentes.
Tenho a perfeita consciência
disso e sou coerente ao fazer
essa projecção para daqui a
150 anos. Quando falo, por
exemplo, do modelo político
sem partidos, de uma de-
mocracia sem partidos, é
olhando para a evolução.
Neste momento, quem se
candidata para o poder são
os partidos. E vemos que
cada vez mais o acesso ao
poder político é muito mer-
cantilizado, por causa do sis-
tema de marketing eleitoral
que é cada vez mais caro. Os
partidos hoje afirmam-se
mais pelo bem sucedido do
seu marketing do que pelas
suas convicções e as suas
ideologias. Vemos isso nos
países mais desenvolvidos.
É quem tem mais dinheiro
para suportar um bom mar-
keting político que tem mais
possibilidades de chegar ao
poder político. Ora, esse é
um modelo que, mais cedo
ou mais tarde, vai se auto-
destruir, porque vai se chegar
a um ponto em que as pessoas
vão dizer “mas isto é comér-
cio ou é mesmo política? E
onde é que sai o dinheiro
para os partidos se susten-
tarem e sustentarem cam-
panhas com tão volumosas
quantidades de dinheiro”?...
Essas ideias, que acaba de
exprimir, são sustentadas no
romance pelo personagem
Michael Hossi. São ideias
que o autor também
defende? O autor identifica-
se em grande medida com
esse personagem?
Na verdade não é uma ques-
tão de estar de acordo ou não
com esta visão. É uma cons-
tatação histórica. Nós somos
 ENTREVISTA
críticos. Intelectualmente
estamos no mundo mas não
somos amorfos. Olhamos
para os fenómenos e fazemos
deles uma leitura e uma ex-
plicação, tentando responder
a coisas que aparentemente
não combinam bem. E esse
sentido crítico leva a per-
guntar como é que seria, uma
vez que o sistema de acesso
ao poder pelo partido pode
eventualmente implodir,
qual seria o sucedâneo, o
que é que depois disso viria?
Daí este exercício intelectual
de antevisão, de especulação
política e sociológia de como
é que seria o outro sistema,
possivelmente uma socie-
dade sem partidos políticos.
Sendo que, pela estratégia
narrativa que adoptou, a
história é contada através de
um relatório de especialistas
no ano 2170, verifica-se,
entretanto, que a linguagem
é a do português vernáculo
actual, de 2020. Isso
acontece porque a sua
projecção, enquanto autor, é
que em 2150 o português
vernáculo será ainda este de
hoje?
Olha, essa foi a parte mais
difícil e desafiante para mim.
Era saber como as pessoas
se comunicarão daqui a 150
anos. Tenho a consciência
de que 150 anos atrás comu-
nicou-se de uma determi-
nada maneira. Felizmente
temos registos históricos de
como é que isso foi feito e da
evolução que houve. Fazendo
essa extrapolação para daqui
a 150 anos necessariamente
concluiremos que também
haverá uma forma de comu-
nicação, uma linguagem e
até mesmo uma construção
gramatical que será diferente.
Aí não consegui ser criativo
ao ponto de utilizar uma lin-
guagem possivelmente da
época, de daqui a 150 anos.
Não consegui.
Privilegiou então o lado da
comunicação com o leitor de
hoje?
Com o leitor de hoje. Na ver-
dade há coisas que é pos-
sível imaginar como é que
serão daqui a 150 anos. So-
bretudo na tecnologia é
muito fácil fazer a extra-
polação. Mas na linguagem,
nas questões sociológicas,
antropológicas e culturais
é muito mais arriscado.
Essa extrapolação seria
sempre ficção...
Seria sempre ficção. Mas uma
ficção que exigiria um grau
de abstracção de uma forma
muito mais apurada. Eu teria
que ter um conhecimento
da evolução linguística e co-
nhecimentos científicos da
língua para poder esticar o
raciocínio e a criatividade
até ao limite e criar então
um modelo de linguagem.
Quem sabe num outro ro-
mance eu consiga fazer esse
exercício...
Há neste romance marcas,
referências, que apontam
para situações deste ano de
2020. Fala-se no vírus
Corona versão 2019, fala-se
numa pandemia... O livro foi
escrito este ano?
Não, já vinha sendo escrito
há um ano e meio, dois anos...
Mas para dar explicação e
sustentação lógica a alguns
Domingo
27 de Dezembro de 2020
acontecimentos foi necessário
tomar mão de realidades ac-
tuais. Por exemplo, para que
Angola se transforme e tenha
alterações mais ou menos
radicais, em alguns casos re-
volucionárias, de rotura com
o passado, é preciso que
aconteça algo que provoque
isso. Ora, esse algo para mim
foi a existência de uma guerra
global que tem aspectos de
guerra biológica que não são
de excluir. Claro que não será
uma guerra mundial como
a de 1914/18 com aquela visão
clássica de matança, etc., é
uma guerra global dos tempos
actuais em que se usa mais
a força do domínio econó-
mico, do domínio dos mer-
cados, da religião e dos
sentimentos religiosos, etc.,
etc. Essas armas, digamos
assim, da guerra global ho-
dierna é que utilizei para jus-
tificar uma rotura com o
passado. Portanto acontece
uma guerra global que pro-
porciona uma alteração nos
sistemas a nível global e so-
bretudo de Angola. É nesse
contexto que falo do coro-
navírus como uma possível
arma biológica que levou o
mundo a alterações. Ainda
é cedo para dizermos quais
são os efeitos estruturantes
ou desestruturantes na vida
das pessoas e da humanidade
por causa do corona, mas já
podemos prever que alterará
modelos, sistemas, o que fará
com que a vida se altere pro-
fundamente.
Aparentemente enquanto
escritor a sua socialização
ocorreu na relação com
escritores como Pepetela,
Boaventura Cardoso e
Adriano Botelho de
Vasconcelos. Considera-se
como pertencendo à geração
destes autores? Como é que
se situa na linha geracional
da literatura angolana?
O que procurei no Pepetela,
no Adriano Botelho de Vas-
concelos e no Boaventura
Cardoso foi sobretudo a ex-
periência literária. Considero
que é uma responsabilidade
grande escrever para o pú-
blico. Não podemos fazer as
coisas de ânimo leve. Acon-
selhei-me com eles de uma
maneira muito aberta. E eles
também tiveram a gentileza
de me apoiar, aconselhar e
me ensinar mesmo como é
que se faz literatura. São pes-
soas com quem tenho uma
relação de amizade e foi com
uma facilidade grande que
se proporcionou o diálogo.
Mas identifico-me muito
com os escritores recentes,
como o Ondjaki, por exem-
plo, ou o (Roderick) Nehone,
que apesar de já não ser
muito jovem é da nova ge-
ração, o Carmo Neto que
também é da nova geração,
enfim, identifico-me muito
com a literatura jovem, em-
bora reconheça que temos
que trabalhar bastante, so-
bretudo inculcar hábitos de
leitura na nossa sociedade.
Escrever um livro é muito
caro, é um prejuízo. Quem
escreve o faz por paixão,
mas perde dinheiro. Se o
mercado fosse mais consu-
midor... Mas não há hábitos
de leitura. Se houvesse a
apetência da sociedade em
comprar livros talvez hou-
vesse mais literatura jovem
ou de jovens escritores.
Essa questão da difusão da
leitura e do livro passa por
medidas de Estado que
permitam tornar mais
barato o papel, a produção e
o próprio livro, além da
criação de muito mais
bibliotecas. Enquanto
membro do governo
certamente terá uma
palavra em relação a tudo
isso...
Os mecanismos que o go-
verno usa para incentivar
esta ou aquela prática que
convém às políticas do go-
verno são os instrumentos
financeiros. Não necessaria-
mente dar dinheiro, mas so-
bretudo isentar impostos,
fazer com que pelo não pa-
gamento do imposto ou então
pela redução de impostos
aquele que se dedique a esta
actividade escrevendo ou
editando ou produzindo o li-
vro materialmente nas grá-
ficas tenha um custo de
produção baixo com um re-
gime fiscal adequado. Creio
que já existe um regime es-
pecial. Este é um caminho.
E havia também que incen-
tivar mais à leitura, porque
sem um mercado literário
de consumo mesmo que os
livros sejam baratos vão ficar
nas prateleiras.
O que é que mais o desafiou
na escrita deste livro?
A escrita deste livro mexeu
muito comigo do ponto de
vista da criatividade e da
imaginação. Como é que os
que viverão daqui a 150 anos
olharão para nós? Há uma
parte muito substancial do
livro que é dedicada a isso.
São os herdeiros do Kassinda
Sekele, seus bisnetos e tris-
netos, que farão a sua leitura
retrospectiva tentando des-
cobrir como é que o bisavô
ou trisavô chegou onde che-
gou e então fazem juízos, ava-
liações, leituras no meio de
umas histórias muito inte-
ressantes porque são baseadas
na época actual, sobretudo
desde 1992, quando o regime
económico e político se altera
e vamos para uma política
de mercado, sendo a partir
daí que as pessoas começam
a se posicionar para ficarem
ricas. Essa componente de
como é que as pessoas em
2170 vão olhar para nós foi
muito desafiante para mim.
O exercício da escrita
literária coloca o indivíduo
numa situação de
fragilidade, de
vulnerabilidade emocional e
até mesmo física. Como é
que conciliou e encarou o
contraste entre uma
actividade que o
vulnerabiliza, em que põe as
suas emoções e os seus
23
DR
sim e que as pessoas façam acordo com o sistema e o
uma radiografia do meu in- pensamento actual.
terior pela transparência que
eu próprio sigo. E depois há Na linha de evolução do
a lealdade. Eu tenho que ser sistema democrático,
leal à linha do meu partido, conforme narrado no
à liderança do meu líder po- romance, os partidos
lítico que é o Presidente da políticos vão acabar por
República, tenho de conhecer desaparecer. Prega-se uma
o pensamento dele e tenho democracia sem partidos.
que ser leal a isso. Há-de Não tem receio que isso
notar que a narrativa apesar venha a ferir
de ter temas delicados e susceptibilidades no seio do
mesmo controversos não seu partido?
foge à lealdade. Pelo con- Não tenho, porque vejo o lado
trário procura fazer com que positivo disso. Temos de ter
haja uma visão que está ali- consciência de que nada é es-
nhada, embora não sendo tático, tudo muda. A própria
aquele alinhamento canino dinâmica partidária de orga-
sentimentos mais profundos que estraga tudo. nização e funcionamento tam-
a nu e a outra actividade, a bém evolui. Se há essa evolução
de governante, em que deve Em algum momento temos a obrigação, hoje, de
evidenciar autoridade e não enquanto criador se sentiu pensar como é que poderá ser
ter as emoções à flor da pele? na necessidade de se auto- amanhã e prepararmo-nos
É conciliável desde que a censurar, de delimitar o já. Penso que com esta espe-
pessoa paute a sua conduta âmbito da sua criatividade culação acabo por dar um con-
por princípios. Se a pessoa, para estar em linha com o tributo não só ao partido a que
que é o meu caso, seguir va- pensamento político eu pertenço mas aos partidos
lores de rectidão, de verti- vigente? em geral, para começarem a
calidade e sobretudo os Sim. Necessariamente eu te- ver que tudo isso pode vir a
valores que eu prezo muito nho que ser auto-crítico e desaparecer. E se desaparecer
e que aplico desde quando tenho que me impor limites, estamos preparados? Portanto,
fui ministro da Geologia e porque estou inserido numa é um pouco no sentido cons-
Minas e agora enquanto mi- determinada sociedade, estou trutivo dessa visão que eu falo
nistro da Justiça, que são a inserido politicamente num nisso. E não tenho receio de
transparência, a lealdade e determinado contexto e estou falar porque não estou a criticar
o rigor. A minha vida toda é inserido também enquanto para destruir um modelo que
marcada por esses três prin- dirigente político. Eu tenho existe, é apenas para fazer
cípios. Na transparência eu que fazer a minha narrativa uma especulação, se quiser-
não escondo as coisas; e para literária não comprometendo mos, político-científica de
não esconder esforço-me a coerência com essas in- como é que as coisas evoluirão.
para não fazer coisas más. serções, porque senão são E esse tipo de projecção é acon-
Só se esconde aquilo de que duas pessoas e eu não sou selhável que se faça, não só
a gente tem vergonha. Se te- duas pessoas. Sou apenas nesse domínio mas também
nho coisas más na minha uma pessoa. Quando o en- noutros. Mesmo na nossa vida
vida não posso ser transpa- tusiasmo da escrita me leva pessoal, temos a obrigação de
rente. Procuro levar uma vida a uma determinada direcção ver se hoje é assim como é
que me permita mostrar o tenho de ter a capacidade de que amanhã poderá ser, para
que sou sem receio e sem auto-crítica e dizer que essa não sermos apanhados des-
estar com muitas voltas a direcção não é correcta, posso prevenidos e não ficarmos
explicar isto ou aquilo. Não fazer a mesma coisa mas uti- perdidos quando as coisas
tenho receio de ser visto as- lizando um método mais de acontecerem.
LEITURA
Sonhar o futuro
O romance “O Império Kassitur na Dinastia de “doenças primitivas” como o coronavírus
Sekele”, de F. Tchikondo, editado pela União e o “mbumbi” em algumas localidades e de
dos Escritores Angolanos, é a saga da família algumas pessoas que ainda não se libertaram
Sekele ao longo de várias gerações, abarcando dos preconceitos e acreditam no feitiço. E a
o período de 1992 a 2070. Nesse longo lapso criminalidade é uma realidade. “Os investi-
de tempo, a família constrói o Império Kassitur, mentos na indústria humanóide cresceram
um muitíssimo bem sucedido grupo empre- como resultado de especulações nas bolsas
sarial do sector turístico. de valores”.
A narrativa, que estrategicamente resulta Angola é imaginada como “um dos principais
do relatório de um grupo de estudiosos en- destinos de investimento económico e de
carregado, em 2150, de pesquisar a história aplicações financeiras provenientes de todo
dos Sekele, põe o leitor diante de um admirável o mundo”; “um sem número de empresas e
mundo novo, em que a Física quântica enfim homens de negócios deslocalizaram-se dos
triunfou e concretizou-se na vida quotidiana países ricos e desenvolvidos e vieram para
através da informática quântica, da indústria Angola salvar o que restava das suas marcas
quântica... Foram construídas pistas magnéticas e das suas imensas fortunas. Depressa alcan-
por onde “trafegam viaturas de levitação dos çaram o sucesso”.
mais variados modelos e potências e os mais A narrativa é surpreendentemente ágil,
modernos transportes movidos a electricidade, envolvente, o que torna a leitura prazerosa
comandados por computadores quânticos, e deixa o leitor à mercê do ritmo e do desenrolar
que enchem essas avenidas com os seus mo- da história, que é servida por uma urdidura
vimentos suaves, silenciosos e precisos”. No engenhosa. Alguns dos momentos de maior
deserto do Namibe funciona um sistema de dramaticidade estão centrados nos diálogos,
lançamento para viagens a Lua e a Marte. Há bastante profundos e analíticos. É através
liberdade sexual e a poliginia e a poliandria dos diálogos que alguns personagens ficam
estão de “mãos dadas”. A sociedade é domi- marcados na memória do leitor.
nada pelas mulheres, que “ultrapassaram Apesar do romance abarcar um período
os homens em conhecimento, riqueza e li- que vai até daqui a 150 anos, em que “fatal-
derança”. A educação e todas as “unidades mente” haverá enormes transformações na
das crianças” estão entregues a instituições língua portuguesa falada em Angola, o autor
públicas... A democracia subsiste comple- optou por uma linguagem que privilegia a
tamente transformada: os partidos políticos comunicabilidade com o leitor actual, a quem
extinguiram-se e reina um sistema dominado são dadas as novidades “incríveis” do novo
pelos grupos empresariais. mundo. O romance “O Imperío Kassitur na
Mas desengane-se quem pensar que neste Dinastia Sekele” é, em primeiro lugar, um
(naquele) mundo tudo é perfeito: a expansão hino à liberdade de imaginação e de criati-
do sistema quântico de comunicação por te- vidade. Sonhar não é proibido.
lepatia está a enfrentar dificuldades por causa Isaquiel Cori
 24 HOMENAGEM
Livro-homenagem
regista legado de Amélia Mingas
O legado da linguista e investigadora Amélia Arlete Vieira Dias Rodrigues Mingas está agora registado no livro “Amélia
Mingas: A mulher, a cidadã, a académica”, de co-autoria do professor e sociólogo Paulo de Carvalho e do esposo da
Manuel Albano
O acto de lançamento do
livro “Amélia Mingas: A mu-
lher, a cidadã, a académica”
aconteceu no dia em que
Amélia Mingas completaria
80 anos, a 17 de Dezembro,
no anfiteatro “Amélia Min-
gas” da Faculdade de Hu-
manidades - ex-Faculdades
de Letras - da Universidade
Agostinho Neto, onde a “tia
Melita”, como era carinho-
samente tratada pelos mais
próximos, foi decana. O lan-
çamento do livro, que tem a
chancela da Mayamba Edi-
tora, contou com a presença
do escritor Manuel Rui Mon-
teiro, figura de destaque do
universo literário angolano
e da CPLP.
Na sua intervenção, o
escritor, sociólogo e pro-
fessor universitário Paulo
de Carvalho fez o seguinte
pronunciamento: “O livro
que trazemos reúne escri-
tos de 29 autores, todos
eles com alguma ligação à
professora Amélia Mingas.
É uma miscelânea de tex-
tos, que reúne 10 artigos
académicos, três poemas
e 21 depoimentos.”
A obra “Amélia Mingas:
A mulher, a cidadã, a aca-
démica” tem participações
do esposo, filha, uma sobri-
LINGUISTA COMPLETARIA ESTE MÊS 80 ANOS
malograda, Luís de Carmelino, ou simplesmente Tio Jota Carmelino
nha, algumas irmãs e dois
irmãos espirituais, colegas,
amigas e amigos de Amélia
Mingas. Segundo Paulo de
Carvalho ,terá sido divinal
a ideia de juntar textos aca-
démicos a depoimentos
elaborados na base de sen-
timentos e partilhas de dé-
cadas. Os agradecimentos
do co-autor foram exten-
sivos a cada uma e a cada
u m d o s 2 9 a u t o re s q u e
abraçaram o projecto e se
puseram a rabiscar ideias
e memórias que, de alguma
forma, têm alguma relação
com a falecida linguista.
“Onde ela está neste mo-
mento, há-de certamente
estar feliz com esta inicia-
tiva e com o acto que hoje
testemunhamos”, disse.
Dos autores presentes
no acto, Paulo de Carvalho
mencionou, em particular,
o escritor Manuel Rui Mon-
teiro. Outro agradecimento
particular foi extensivo ao
decano da Faculdade de
Humanidades da UAN, Ale-
xandre Chicuna, que abra-
çou a ideia da homenagem
e se predispôs a colaborar
desde o início. Outra men-
ção especial foi feita ao pro-
fessor Eugeniusz Rzewuski,
antigo Embaixador da Po-
lónia em Luanda, amigo e
mestre do sociólogo na Uni-
Domingo
27 de Dezembro de 2020
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
versidade de Varsóvia, de FOTO DE ARQUIVO
quem partiu a proposta ini-
cial de elaboração do livro-
homenagem.
A homenageada, frisou
Paulo de Carvalho, “é uma
mescla de Cabinda/Luanda,
que se transformou numa
linguista africanista de grande
mérito e de créditos reco-
nhecidos nacional e inter-
nacionalmente, uma linguista
com uma visão cosmopolita
de África e da sua inserção
num mundo de desigual-
dades que se agudizam ano
após ano, dia após dia. De-
sigualdades, em relação às
quais a ‘Mana Amélia’ sem-
pre se insurgiu, pois possuía
um apurado sentido de jus-
tiça social, graças à sua vi-
são cosmopolita do mundo,
que sempre partilhamos
em conjunto.”
Não tendo palavras para
descrever a amizade, o amor
e o carinho que partilhou
com a malograda, Paulo de
Carvalho disse que o que
procurou fazer, logo após
a morte inesperada de Amé-
lia Mingas, em Agosto do
ano passado, foi “dirigir-
me ao Valódia para uma
conversa com o meu cu-
nhado Jota, para em con-
junto encontrarmos a forma
de melhor homenagearmos Amélia Mingas
a nossa Amélia.”
HOMENAGEM
Depoimentos de familiares
Não podendo estar fisica-
mente no acto de lança-
mento do livro , numa
mensagem lida por um dos
familiares, Jota Carmelino
pronunciou-se nos seguin-
tes termos: “Amélia, meu
amor, sinto muito a tua
falta, a tua voz no ouvido,
a ternura do teu olhar, o
calor do teu abraço, a con-
tagiante alegria da tua gar-
galhada, a perspicácia com
que identificavas e anali-
savas os problemas, a ca-
pacidade de inovação na
busca de soluções, o amor
ao país”. Jota Carmelino
acrescentou: “Em cada
lembrança, sinto que se
renova o amor que nasceu
quando nos vimos pela
primeira vez, há meio sé-
culo. Não tenho dúvidas
de que um dia em que nos
reencontrarmos, quando
te entregar o pedido para
casarmos uma vez mais,
contrariamente ao poema
‘Namoro’, de Viriato da
Cruz, tu vais dobrar o canto
do Sim.”
A filha caçula, Maria
Perpétua, classificou a sua
mãe nos seguintes termos:
“Mamy, foste uma cidadã
exemplar, deixaste a tua
marca. Tinhas inúmeras
qualidades, infinitas! O teu
olhar, a tua forma sensível
de ser que poucos sabiam
ou conheciam, o teu sor-
riso, meu Deus, como te
amava! Que saudades de
gritar o teu nome mal en-
trava em casa para depois
reclamares porque estava
a gritar o teu nome e depois
a seguir dava-te um abraço
e dizias logo ‘pronto, pron-
to, já chega’, porque te
apertava demais. Saudades
das nossas danças em casa,
sem motivo nenhum sim-
plesmente dançávamos.”
No seu depoimento co-
mo sobrinha, a arquitecta
e docente universitária Ân-
gela Mingas disse que os
Mingas pertencem a um
grupo de famílias monár-
quicas de Cabinda, ligadas
à ancestralidade do Império
do Kongo e do Reino Goyo.
“Trazemos na nossa sin-
gularidade o Tratado de Si-
mulambuco, assinado por
quatro dos seus mais dignos
representantes, nomea-
Domingo
27 de Dezembro de 2020 25
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
damente, King Jack, prín-
cipe da Ponta do Tafe; King
Taine, príncipe da Ponta
do Tafe, Fernando Mingas,
filho do Príncipe Jack do
Buco-Sinto e pelo filho do
Príncipe Bette Jack, Go-
vernador do Caio.”
Embora não tendo fun-
ções dinásticas nem polí-
ticas, frisou Ângela Mingas,
“temos consciência do pa-
pel que desempenhamos
na liderança de diversos
sectores da vida pública,
com particular interesse
para a área social e cultural.
Assim, o som Mingas é uma
força que promove a nossa
união, traz-nos cor e como
um cordão umbilical en-
reda-nos com entusiasmo,
honra e dignidade.”
A docente universitária
moçambicana Lusidia Fi-
limone, da antiga Facul-
d a d e d e L e t ra s , ag o ra
designada Faculdade de
Humanidades, que está no
país desde 2007, conheceu
Amélia Mingas no mundo
académico e com ela esteve
em congressos internacio-
nais em Macau e em Bra-
sília. O seu marido é
angolano e foi este um dos JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
argumentos apresentados
por Amélia Mingas para a
convencer a vir leccionar
em Angola. “Com o seu
apoio acabei por aceitar o
convite. Eu dava aulas em
Moçambique e tinha uma
vida estável. Fiquei com
alguns receios, porque ape-
sar de falarmos a mesma
língua, ainda assim são
culturas e hábitos diferen-
tes”, afirmou, acrescen-
tando que Amélia Mingas
a tratava como cunhada
por ser esposa de um an-
golano. “Ela me tratava de
cunhada, sempre com
muito carinho e conven-
ceu-me que o ambiente
académico aqui seria ba-
sicamente o mesmo que o
do meu país, e que não
teria grandes dificuldades
de enquadramento.”
Lusidia Filimone tes-
temunhou ainda que
Amélia Mingas “era uma
pessoa muitas vezes in-
compreendida, mas ao
mesmo tempo afável para
com os próximos, amiga
dos amigos.”
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
 26 CRÓNICAS Domingo
27 de Dezembro de 2020

MANGAS INTOCÁVEIS
Paus do feitiço ARQUIVO

Augusto Cuteta
No quintal da Jurelma Castro,
ali pelas bandas do Cassequel
da Terra Vermelha, tem uma
mangueira enorme. Tem man-
gas doces, mas bem docinhas
mesmo. Os galhos, alguns, dão
para fora do quintal, o que
atiça a vizinhança, principal-
mente a miudagem, a jogar
objectos à árvore para conse-
guirem a sorte de apanhar uma
ou outra fruta.
A Jurelma disse-me a mim,
há dias, que essa coisa de os
miúdos, até jovens vizinhos,
atirarem pedras no pau, de
mais ou menos seis metros de
altura, já originou diversas
vezes a quebra do tecto da
casa. Partem o lousalite e fo-
gem. Ela e a mãe já xingaram
os invasores e suas famílias,
mas a prática continua.
Aliás, por causa disso, com
alguma excepção às mangas
que caem no quintal com o
dançar dos ramos, por causa
do vento, ou as que recolhem
de manhãzinha quando acor-
dam cedo, as donas do cubico
quase não saboreiam da fruta
ali produzida!
Essa história da mangueira
da Jurelma remeteu-me a
uma cena que vivi, há mais
de 25 anos, no Cazenga, onde
havia umas duas mangueiras,
num quintal, que ninguém
tocava. As mangas estavam
ali nas suas árvores expostas.
Todas tão madurinhas que
davam água na boca a qual-
quer transeunte.
Mas, como referi, o detalhe
que saltava à vista era o facto
de as mangas, apesar de con-
vidativas, serem intocáveis.
Os donos da casa, os vizinhos,
os seus visitantes e os tran-
seuntes não se atreviam a tocar
nas frutas.
As frutas eram grandinhas,
verdinhas e amarelinhas, al-
gumas com marquinhas ver-
melhas, pareciam gostosas.
Mas ninguém tocava nelas por
quê? Inacreditável!
Naquele dia, há quase três
décadas, teria eu uns 13 ou 14
anos, curioso e assanhado,
achando que fossem árvores
da Mamã Bela, minha querida
velha, quis descobrir o segredo
do porquê aquelas mangas
nasciam, cresciam e apodre-
ciam sem que alguém as to-
casse! O mais engraçado era
que mesmo quando caíssem
na rua ninguém se atrevia
a apanhá-las!
Então peguei numa pedra
e tentei jogar para uma das
mangueiras. Quando menos
esperava, uma senhora espe-
tou-me uma boa “mbaia”, mas
da boa galheta, para, depois,
alertar-me para nunca mais
tentar mexer naquela árvore.
Nem perguntei mais as razões.
Enquanto buscava minimizar
a dor causada pela bofetada,
que deixou marcas dos dedos
da kota no meu braço direito,
ela explicava, bem baixinho,
que o antigo dono da casa tinha
sido “granda ngapa”. Por isso,
nem os actuais moradores me-
xiam nas mangueiras e só não
abandonavam o “mbanji” por
não terem onde cair mortos.
As mangueiras nem podiam
ser podadas. E encostar um
dedo naquelas frutas seria
meio caminho para a morte.
Ouvindo aquilo, todas as
minhas forças do mundo se
foram. Fogo, ia dar o caldo! -
pensei comigo. Saí daí na brasa
e fui contar aos meus sobrinhos,
que moravam no bairro, ali no
Curtume, sobre o sucedido.
Quando voltamos lá no sítio,
reparei bem e vi que, diferente
de quando saí de lá, cada uma
das mangas tinha uma fita ver-
melha amarrada! Eram mais
de duas dezenas de mangas,
nas duas árvores.
As fitas surgiam, conta-
ram os meus sobrinhos, se-
gundo por eles ouvido,
sempre que alguém tentasse
mexer nas árvores.
Não tinha entendido bem,
na altura, o que era aquilo,
nem o que o amarrar das man-
gas com cordas vermelhas re-
presentava, mas passei a
perceber um pouco porquê os
daquela zona do bairro cha-
mavam àquelas mangueiras
de Paus do Feitiço!

VISITA INESPERADA
Ministro em pânico
ARQUIVO

Pereira Dinis
Diavulo desde que foi no-
meado ministro, há três anos,
nunca visitou os seus fami-
liares, incluindo a sua mãe,
Ngalominga, que é gingongo.
Mas tem uma coisa de bom.
Sempre que baica (morre)
alguém do bairro Mbinla
(Sambizanga), Zenga (Ca-
zenga) e de outras zonas do
areal, onde tem familiares,
ele aparece para dar os seus
pêsames e presta todo o
apoio possível.
Quem conhece o balande
(casa) do Diavulo, nome que
é conhecido no areal, é o Ma-
mungua. O Ngalomingo, par-
ceiro da Ngalominga,
preocupado com a não com-
parência do sobrinho, andou
nas casas dos amigos dele
para saber o que se passava
com ele, já que só aparece
nos cemitérios, quando al-
guém vai a enterrar.
Do Mata Barata e do Zé
Bogoço, Ngalomingo recebeu
a resposta de que quem sabe
onde anda e está o Diavulo
é o Mamungua, que também
é seu sobrinho.
Ouvida esta explicação,
Ngalomingo foi ao mbanji
(casa) do Mamungua. Este
Explicou-lhe onde o Diavulo
trabalhava e a morada da ca-
sa. Com essas dicas tinha
tudo para apanhar ou sur-
preender o sobrinho.
Ngalomingo foi ter com a
irmã gêmea, Ngalominga, e
garantiu que já sabe onde o
Diavulo trabalha e onde mora.
É assim que na passada sex-
ta-feira os gingongos foram
ao salu do filho e sobrinho.
Foram recebidos educada-
mente pela secretária.
Esta depois de dar as boas
vindas e perguntar do que
lhes podia ser útil, o Ngalo-
mingo respondeu: “Ele é nos-
so filho. Esta é a mãe dele
que lhe nasceu no Ndange
(Dande/Caxito), eu sou tio
dele. Somos gingongos.”
A secretária respondeu
que Sua Excelência Senhor
ministro foi à reunião do Con-
selho de Ministros. Os ngavives
(mais velhos) não entenderam
bem as palavras Conselho de
Ministros. É assim que Nga-
lomingo atira: “Quem tem
que lhe dar conselhos somos
nós. Viemos aqui para lhe
aconselhar para não andar à
toa, ficar em casa por causa
da Covid-19 e foi buscar con-
selho de outra pessoa. Tá
bom, ele amanhã vai nos ouvir,
vamos ir em casa dele”.
Postos na banda encon-
tram os candengues da pedra,
do fogão, Panhanha, Kinama
e o Dianzala. Contaram o su-
cedido. Kinama explicou o
que é o Conselho de Ministros,
mas os Ngavives não estavam
a entender. Ngalomingo vol-
tou a afirmar que “ele amanhã
vai nos ouvir”.
Minutos depois aparece
o Mamungua. Toma conhe-
cimento do sucedido. Explica
o que é um Conselho de Mi-
nistros, mas não convenceu
os gingongos.
Pediram uma boleia ao
Mamungua para primeiro
irem ao Kifangondo, fazer
umas compras, e depois lhes
levar à casa do Diavulo.
Mamungua disse que não
tinha problema e combinaram
sair às sete da matina. Tudo
combinado. Mamungua como
é mais velho de juízo, apanhou
o Kinama e os gingongos e
seguiram viagem ao Kifan-
gondo, onde Ngalominga fez
compras para os seus cinco
netos, além de duas galinhas,
carvão, dendém, tomate, ba-
gre escalado, cacusso seco,
mandioca, batata doce, jin-
dungo e maruvo.
Feitas as compras, ruma-
ram à casa do Diavulo. Como
a estrada estava limpa, che-
garam lá quando passavam
alguns minutos das oito horas
da manhã.
Mamungua pediu ao Ki-
nama para ficar com os nga-
vives e disse que lhes pegavam
às cinco da tarde. Assim ficou
acertado, porque o Mamungua
tinha que fazer ainda umas
puxadas (serviço de táxi).
Já no balandi do Diavulo,
o Ngalomingo cumprimenta
o protecção e diz que vieram
ter com o filho. O protector
diz: “O estatuto do chefe não
permite que lhe acorde a essa
hora”. Segundo o Kinama que
estava presente e gosta de
açucarar (aumentar na con-
versa), o Ngalomingo futucou
(enervou-se) e disse: “Já lá
está o estatuto, quem é este
estatuto que não nos deixa
falar com o nosso filho”.
O protector não estava en-
tender nada. Outro seu com-
panheiro veio agravar a
situação. Ao ouvir os berros
do Ngalomingo chegou e dis-
se: “O chefe não gosta de
ouvir barulho essa hora”.
Ngalomingo ficou nervoso
e respondeu: “Eu pedi água
do chefe”.
Diavulo apercebe-se do
barulho, segundo o Kinama,
e sai. Gala (vê) que são os
seus ngavives. Cumprimenta
e manda entrar.
Assim que entram, como
diz o Kinama, os netos, filhos
do Diavulo, saem a correr da
sala de estar e vão cumpri-
mentar os avôs. A mais velha,
que tem 15 anos e já entende
um pouco de língua nacional
kimbundu, começa a cantar
a música do grande Nick: “Avô
weza, nzala uabo” (avô che-
gou, a fome acabou).
Enquanto os candengues
pancavam (comiam) a man-
dioca, a batata-doce, o milho
assado e outros kitutes, a
Ngalominga pergunta: “Onde
está a mbalacagi (nora)?”
Diavulo entra em pânico,
concentra-se e responde.
“Está descansar”. Ngalo-
minga diz: “Essa é hora de
uma mulher acordar. Agora
estou aqui. Trouxe bagre,
cacusso, farinha, tomate e
carvão quem vai fazer o me-
nha nha dungu?”.
Na verdade, Diavulo sabe
ou reconhece que a sua mboa
(esposa/mulher) não sabe
cozinhar essa comida típica.
A Ngalominga pediu fo-
gareiro, petróleo e grelha
para fazer a cuadia (comida).
Não tinha. Diavulo mandou
comprar às pressas . Assim
que recebeu esse material,
a Ngalominga cozinhou.
Todos comeram, até a
mbalacagi e incluindo os pro-
tectores, que estavam abor-
recidos de tanto comerem
costeletas, bifanas, frango
frito e salada fria.
Na hora do almoço, a Nga-
lominga fez uma moamba
de dendém que foi regada
com um bom maruvo. Assim
os gêmeos mataram sauda-
des com o filho, a nora e os
netos, mesmo Diavulo en-
trando em pânico.
O Kinama, como sempre,
afirma que não é só a mulher
do Diavulo que não sabe co-
zinhar comidas típicas. São
muitos governantes, depu-
tadas, empresárias e outras
porque têm empregadas. Es-
sas palavras enervaram o Ma-
mungua que lhe tirou de casa,
com o argumento de que se
elas não sabem cozinhar co-
mida típica “vai lhes dizer
isto na cara, se tens peito”.
M a s é o m i n i st r o e m
pânico...
ÁFRICA Domingo
27 de Dezembro de 2020
FAUSTIN ARCHANGEL TOUADÉRA ESPERA SER REELEITO
Presidente Touadéra espera ser hoje eleito para o segundo mandato na RCA
Centro-africanos votam
sob a ameaça das armas
A RCA vai hoje a votos, para eleger o futuro Chefe de Estado,
num ambiente tenso e sob uma grave ameaça de guerra
A República Centro Africana
vai hoje a votos. Faustin
Archangel Touadéra espera
ser reeleito para um segundo
mandato. Natural de Damara,
60 quilómetros a norte de
Bangui, gozava da reputação
de “trabalhador”. Graduado
pela Universidade de Lille,
na França, doutorado em
Yaoundé, Camarões, este
professor de Matemática,
sem base eleitoral antes de
sua eleição surpresa, em
2016, recebeu o apoio de um
partido político criado em
2018, que federou cerca de
40 movimentos.
Porém, as coisas não estão
fáceis, com muita gente a
interrogar-se sobre se estarão
mesmo criadas as condições
para a realização das eleições,
sobretudo depois de três
capacetes azuis terem sido
ontem, de manhã, mortos
pelas forças rebeldes.
A coligação de grupos
armados, que há uma semana
lidera uma ofensiva contra o
Governo, anunciou, ontem,
quebrar o “cessar-fogo uni-
lateral” de três dias, devido
à “teimosia” das autoridades,
isto na véspera da realização
das eleições previstas.
Face à “teimosia irrespon-
sável do Governo”, que teria
“rejeitado” o cessar-fogo, a
Coligação de Patriotas pela
Mudança (CPC) “decide rom-
per a trégua de 72 horas que
se impôs até agora e retomar
a sua marcha implacável até
ao s eu obj e ctivo final ” ,
segundo um comunicado
confirmado à agência France-
Press, por dois dos principais
grupos rebeldes.
Ao declarar o cessar-fogo
na quarta-feira, a coligação
tinha convidado “o poder
a observar um cessar-fogo
no mesmo período” e ape-
lado ao Chefe de Estado,
Faustin Archange Touadéra,
favorito do escrutínio pre-
sidencial, a “suspender as
eleições cujas condições de
bom funcionamento nunca
estiveram reunidas”.
Na quinta-feira, Ange-
Maxime Kazagui, porta-voz
do Governo, reagiu, criticando
“um não acontecimento. Não
vi essas pessoas pararem as
suas acções”, disse à AFP.
O Governo “rejeitou, com
arrogância”, esta “hipótese
de paz”, afirmaram os grupos
rebeldes. “Seguiram-se vários
ataques às posições ocupadas
pelos patriotas da CPC”,
segundo o comunicado.
A autenticidade do docu-
mento foi confirmada à AFP
pelo movimento 3R (Regresso,
Reclamação, Reabilitação),
um dos pilares da coligação,
e pela Frente Popular para o
Renascimento da República
Centro Africana. “Agora, ou
o Governo nos dispersa ou
marchamos sobre Bangui,
que é o nosso objectivo final”,
declarou à AFP o general Bobo
do movimento 3R.
Os combates recomeçaram
em Bakouma, a cerca de 250
quilómetros de Bangui,
segundo Vladimir Monteiro,
porta-voz da Missão das
Nações Unidas na República
Centro Africana (Minusca).
Na quinta-feira, a ONU
enviou várias centenas de
soldados do vizinho Sudão
do Sul para ajudar a garantir
a votação. Anteriormente,
Rwanda e Rússia desdobra-
ram centenas de soldados a
pedido de Bangui, para ajudar
a deter um 'golpe'. Touadéra
teve de se envolver num difí-
cil acto de equilíbrio com os
grupos armados, desde que
assumiu o cargo.
Na sexta-feira, a Missão
da ONU, no país, disse que
trê s s oldado s da paz do
Burundi foram mortos por
homens armados nas regiões
C e n t ro e S u l d o p a í s . O
Governo acusou, a 19 de
Dezembro, o ex-Presidente
François Bozizé, cuja candi-
DR
datura às presidenciais foi
invalidade, de “tentativa de
golpe de Estado”, após a
aliança e a ofensiva desta
coligação, o que foi desmen-
tido por Bozizé.
A população da RCA elege
hoje o Presidente do país,
para um mandato de cinco
ano s , e e s colhe o s s eu s
representantes na Assem-
bleia Nacional.
Touadéra
Ladeado por guardas russos,
ruandeses e homens das
Nações Unidas, o Presidente
Faustin-Archange Touadéra
realizou, sexta-feira, o seu
comício de encerramento de
campanha em Bangui. Na
ocasião, segundo a AFP, ele
adoptou um tom desafiador,
exortando as pessoas a vota-
rem nas eleições presidenciais
e parlamentares, apesar da
violência rebelde no campo.
“Vocês, centro-africanos,
fiquem vigilantes, vamos dar
as mãos aos nossos soldados,
dar as mãos ao Minusca (mis-
são da ONU), dar as mãos a
outros países: a Federação
Russa, Rwanda e todos aqueles
que ajudam a fortalecer a nossa
segurança. O que eu estou a
dizer é que temos que nos opor
aos que não querem as eleições
e dizer que, este domingo,
todos nós vamos votar”.
O candidato da oposi-
ção , A n i c e t D o l ogu e l e ,
duvidou da capacidade da
Comissão Eleitoral de man-
ter um voto confiável no
meio de uma escalada da
violência, pedindo o adia-
mento do exercício.
“Apesar das reclamações
que ouço aqui e ali, não
acho que seja possível a
ANE (Autoridade Eleitoral
Nacional) desdobrar todo
o material para as 5.400
assembleias de voto. Vamos
acabar com uma organiza-
ção totalmente falhada”,
afirmou citada pela AFP.
LÍBIA
Tensão militar
volta a subir
quando o país
festeja a
Independência
As tensões aumentaram na
Líbia, depois que o marechal
Khalifa Hafta pediu aos seus
combatentes para “expulsar”
as forças turcas que apoiam
o Governo reconhecido pelas
Nações Unidas, enquanto as
negociações se arrastam para
o fim a longa guerra no país.
Por ocasião das comemo-
rações do 69º aniversário da
Independência da Líbia, Haftar
disse que “não haverá paz com
a presença de um colonizador
nas nossas terras”.
O homem forte do Leste
do país não teve dúvidas em
garantir que “pegaremos em
armas, novamente, para
moldar a paz com as nossas
próprias mãos e, uma vez
que a Turquia rejeita a paz e
opta pela guerra, prepare-
se para ser expulsa por fé,
vontade e armas”.
O Governo de Hafter e o
seu rival apoiados pela Turquia,
o GNA, voltaram à mesa das
negociações, depois que um
cessar-fogo que foi assinado
e geralmente respeitado em
Outubro. Mas os especialistas
dizem que, apesar da con-
tenção da violência, ambos
os lados voltaram atrás no
cumprimento dos termos e
aumentaram o poder das
forças militares.
SOMÁLIA
Trump manda
retirar os
700 militares
que estavam
a combater o
al-Shabab
Navios da Marinha dos Esta-
dos Unidos estão já na Somá-
lia, para apoiar a retirada das
tropas do país, anunciou
ontem, o Pentágono, citado
pela Efe. Os navios chegaram
à costa do Corno da África,
16 dias depois que o Presi-
dente Donald Trump orde-
nou a retirada das tropas.
Os 700 funcionários estavam
na Somália há já vários anos,
realizando operações contra
o grupo armado al-Shabab.
Num comunicado, o Comando
dos EUA em África disse que
as tropas serão enviadas para
outros locais de operação na
África Oriental, nomeadamente
no Quénia ou em Djibouti,
onde continuarão a aumentar
a pressão sobre o Al-Shabab.
O comandante-geral do
Africom, Stephen Townsend,
observou que os EUA não se
estão a retirar ou a desligar da
África Oriental. “Continuamos
empenhados em ajudar os
nossos parceiros africanos a
construir um futuro mais
seguro”, disse citado pela Efe.
CAMPANHA ABRE A 15 DE FEVEREIRO
Etiópia realiza eleições
gerais no dia 5 de Junho
A Etiópia vai realizar, em 5 de
Junho, eleições legislativas e
regionais, que estiveram mar-
cadas para Agosto, mas foram
adiadas devido à pandemia
da Covid-19, anunciou a
Comissão Eleitoral etíope.
Após uma reunião em Adis
Abeba, a Comissão Eleitoral
propôs aquela data, adiantando
que a campanha dos candi-
datos decorrerá de 15 de Feve-
reiro a 31 de Maio e que serão
instaladas 40.000 assembleias
de voto. Os resultados do
escrutínio serão divulgados
entre 6 e 28 de Junho, segundo
o órgão eleitoral.
O partido no poder, a Frente
Democrática Revolucionária
do Povo Etíope (EPRDF), que
controla todos os lugares no
Parlamento, prometeu rea-
lizar eleições credíveis, nas
quais o actual Primeiro-
Ministro e prémio Nobel da
Paz, Abiy Ahmed, disputará
um novo mandato.
Abiy, 44 anos, chegou ao
poder em Abril de 2018 e rea-
lizou importantes reformas
na Etiópia, o segundo país
mais populoso de África e a
maior economia do Leste do
continente. Acabou com o
Estado de Emergência, amnis-
tiou milhares de presos polí-
ticos, legalizou os partidos da
oposição e comprometeu-se
a realizar eleições.
Pela sua contribuição para
o fim do conflito entre a Etiópia
e a Eritreia, o governante
foi galardoado
NÍGER ESCOLHE PRESIDENTE
Mohamed Bazoum parte
como o grande favorito
O líder do Partido Nigerino
para a Democracia e o Socia-
lismo (PNDS), Mohamed
Bazoum, principal favorito
nas eleições presidenciais de
hoje, reuniu-se, ontem, com
milhares de apoiantes, num
comício na segunda cidade
do país, Zinder.
“Se queremos desenvolver
o nosso país, temos que pro-
mover a Educação. Como pro-
fessor, se eu for presidente
do Níger, darei prioridade à
Educação. As eleições que já
estão classificadas, todos
sabem a direcção do poder e
ninguém pode ir contra a von-
tade de Deus “, disse Bazoum.
O Presidente cessante,
Mahamadou Issoufou, não
se candidatou à reeleição,
depois de cumprir dois man-
datos, tomando uma decisão
que está de acordo com a
Constituição de 2010 do Níger.
Mohamed Bazoum, con-
siderado favorito na corrida
presidencial do Níger, é o
braço direito do Presidente
27
com o Nobel da Paz de 2019.
Mas Abiy também foi cri-
ticado por não resolver
alguns problemas, como as
tensões étnicas, que têm
causado ondas de violência
e fizeram da Etiópia o país
com mais novos deslocados
em todo o mundo.
Também reprovado foi o
lançamento, no mês passado,
de uma ofensiva militar que
derrotou a Frente Popular
de Libertação do Tigray
(FPLT), que governava esta
região no Norte do país, e
que causou centenas de mor-
to s , o b r iga n d o m a i s d e
52.000 pessoas a procurarem
refúgio no vizinho Sudão.
O adiamento das eleições
previstas para Agosto contri-
buiu para o aumento da tensão
entre o Governo de Abiy e a
região dissidente do Tigray.
A FPLT realizou legislativas
na região, em Setembro, elei-
ções consideradas ilegais pelo
Governo Central e que terão
incentivado a ofensiva desen-
cadeada em 4 de Novembro,
para restaurar a “ordem cons-
titucional” em Tigray.
Mortos
O número de mortos no ataque
armado ocorrido na quarta-
feira no Oeste da Etiópia subiu
para 207, segundo um novo
balanço feito, ontem, pela
Comissão Etíope dos Direitos
Humanos, que tinha relatado
anteriormente a morte de
uma centena de civis. DR
cessante, Mahamadou
Issoufou. Com 60 anos de
idade, é conhecido no Níger
pela sua lealdade ao Chefe
de Estado e, em 1990, criou
a formação política que
actualmente lidera o Níger,
Partido para a Democracia
e o Socialismo - do qual é
membro fundador e tam-
bém presidente da Comis-
são Executiva.
Desde a ascensão de Maha-
madou Issoufou ao poder, em
2011, Bazoum, professor de
Filosofia, ocupou cerca de dez
diferentes cargos ministeriais
- Ministro de Estado, Relações
Exteriores, Cooperação, Inte-
gração Africana e Nigerianos
no Exterior e, mais recente-
mente, ministro de Estado do
Níger, Interior, Segurança
Pública, Descentralização e
Assuntos Costumes e Reli-
giosos. Também faz parte do
grupo de 14 deputados que
apresentou a moção de cen-
sura que levou à queda do
Governo de Hama Amadou.
28 SOCIEDADE
SOLIDARIEDADE ENTRE VIZINHOS
No Catambor, moradores
mudam imagem do bairro
Ruas do bairro são cimentadas numa acção que tem a assinatura de jovens associados
César Esteves
Várias famílias do bairro
Catambor, no Distrito Urbano
da Maianga, em Luanda, que,
com o surgimento da pan-
demia da Covid-19, ficaram
sem recursos para o sustento,
têm sido apoiadas pela Asso-
ciação dos Naturais e Amigos
do Bairro Catambor (ANAK),
com bens de primeira neces-
sidade e valores monetários
para começarem um negócio.
Antes de receberem os
valores, as famílias benefi-
ciaram de uma acção de for-
mação em empreendedorismo
e gestão, para melhor gerirem
os negócios. A consumação
desse gesto de solidariedade
resultou de uma campanha
de recolha de donativos e valo-
res monetários realizada dentro
daquela comunidade, de
Outubro a dez deste mês.
“Depois de recebermos o
grito de socorro das famílias,
decidimos mobilizar os natu-
rais e amigos do bairro, atra-
vés das redes sociais e de
uma campanha porta-a-
porta, para que cada um
apoiasse com o que tinha”,
contou ao Jornal de Angola
o porta-voz da associação,
Manuel Fiel.
Dessa acção, resultou a
recolha de vários bens de
primeira necessidade e de
mais de 500 mil Kwanzas.
As famílias contempladas
agradeceram o gesto da Asso-
ciação. A ANAK promete rea-
lizar mais acções do género
no próximo ano, para ajudar
outras famílias que se encon-
tram na mesma condição.
É a terceira vez que aquela
associação, recentemente
criada, realiza acto de soli-
dariedade para apoiar famí-
lias carentes da zona. A
primeira ocasião ocorreu em
Julho deste ano e permitiu
angariar uma quantidade
considerável de alimentos,
que serviu para ajudar algu-
mas famílias do bairro que
se encontravam desprovidos
de comida.
Manuel Fiel disse que,
com a realização dessas cam-
panhas de solidariedade,
pretende-se promover a paz
social dentro da comunidade
e melhorar as condições de
habitabilidade das famílias.
Promover o espírito de inter-
ajuda no bairro, fortalecer
os laços de boa vizinhança,
convivência e solidariedade
entre os naturais, moradores,
ex-moradores e amigos do
Bairro Catambor fazem igual-
mente, parte dos objectivos
dessas iniciativas.
Surgimento da iniciativa
A ideia para a criação da
campanha de recolha de
donativos para apoiar as
famílias carentes foi criada
por um grupo de moradores
do bairro Catambor, deno-
minado “Grupo solidário”.
Ao aperceberem-se, no iní-
cio da pandemia da Covid-
19, da existência de uma
família, naquela comuni-
dade, que enfrentava muitas
dificuldades, mobilizaram
outros moradores a fim de
se encontrar uma solução
para o problema.
“A informação tocou o
coração de todos”, contou
Manuel Fiel, tendo adiantado
FOTOS CEDIDADAS PELA ANAK
que o método aprovado pelos
moradores, para ajudar
aquela família, foi a contri-
buição monetária sem um
valor estipulado.
“Os moradores contri-
buíram em massa, tendo o
valor total ultrapassado os
240 mil kwanzas”, realçou.
A notícia sobre ajuda dada
àquela família levou outras
tantas, como as mesmas
necessidades, a baterem à
porta da Associação.
A Associação dos Naturais
e Amigos do Bairro Katam-
bor (ANAK) é uma institui-
ç ã o p r iva d a s e m f i n s
lucrativos, políticos e reli-
giosos, com sede no bairro
Catambor, Distrito Urbano
da Maianga, em Luanda. Foi
fundada no dia 18 de Julho
de 2020, por cidadãos natu-
rais, residentes, ex-resi-
dentes e amigos da zona.
A instituição, cujo presi-
dente é Paulino Lubambo,
tem como finalidade con-
gregar os naturais, residentes,
ex-residentes e amigos do
bairro em torno dos assuntos
que interessem à comuni-
dade. Um outro objectivo da
ANAK passa por realizar e
ap oiar a s actividade s
sociais, culturais, de soli-
dariedade e entretenimento
a nível do Catambor.
A ANAK tem trabalhado,
igualmente, em acções para
melhorar a imagem do bairro.
A iluminação, por exemplo,
já se conhece em muitas áreas,
assim como, as ruas têm sido
cimentadas. O Catambor é
bairro vizinho do Margoso,
Prenda, Maianga, Alvalade
e Cassenda.
Domingo
27 de Dezembro de 2020
CAMINHOS DA VIDA
ALFREDO LEIRIA VICTORINO TRINTA
Passou muita fome mas
estudou sempre
Filho do campo migrou para Luanda com 20 anos, passou
grandes dificuldades financeiras mas isso não o impediu de
se licenciar
DR
Alfredo Leiria Victorino
Trinta nasceu em 1990 no
Bairro Cacheper, no Seles,
Cuanza-Sul, filho de Augusto
Trinta Caetano e de Maria
Joaquina, camponeses, ori-
ginários da aldeia Jinga-
Tchivangulula.
“Eu sou do campo, sou da
lavra, sou da terra, trabalhar
no campo “capinar”, era a
minha actividade principal.
Sou filho de pais campone-
ses, o terceiro entre cinco
irmãos, não tive oportuni-
dade de conhecer o meu pai,
porque eu nasci meses após
a morte dele. Tudo que eu
sou hoje devo à minha mãe,
ela sempre foi e continua a
ser o meu porto seguro.”
Por isso, diz-nos Alfredo
Leiria Victorino Trinta, “falar
da minha história sem falar
da minha mãe é temperar
uma comida e esquecer o sal,
pode até ter um cheiro agra-
dável, mas não terá sabor” .
A infância de Alfredo Lei-
ria Victorino Trinta foi muito
turbulenta, em função dos
conflitos armados que o país
viveu. “Emigrámos da aldeia
para a sede municipal, depois A infância de Alfredo Leiria Trinta foi muito turbulenta
da sede municipal para a
capital da Província, Sumbe, Ministério dizendo que todos arrependo, a Filosofia e eu
sempre a fugir da guerra”. os que não passaram pela estamos bem casados.”
“Os meus primeiros anos escola de formação de pro- No meio de quase intrans-
de escola foram na famosa fessores, ou que não pos- poníveis dificuldades, Alfredo
Escola “Quatro Salas”, onde suíam um curso de agregação Leiria Victorino Trinta não
fiz a iniciação até à 3ª classe, pedagógica, tinham de ser atirou a toalha ao chão, andou
e a 4ª classe foi feita na Escola afastados, e lá se foi o sonho quase sempre de “arca”. “Este
da Acedana Bairro Novo, de de estar inserido no sistema.” é o nome que os meus colegas
que fui um dos fundadores, Em 2010, a mãe de Alfredo chamavam aos autocarros,
fiz a 5ª classe na Escola do Leiria Victorino Trinta decide andar a pé para mim nunca
II Nível, da famosa Dra. Licita, migrar para Luanda, cansada foi novidade.”
da 6ª à 8ª classe no Colégio - argumentou - de trabalhar “Quando o ISCED mudou
"Nossa Senhora de Fátima”, no campo sempre a “capi- para o Kilamba, foi difícil
da 9ª à 12ª classe no PUNIV nar”, quantas vezes fugindo adaptar-me, as distâncias
do Seles, tendo terminado da guerra e, hoje, ela é tra- eram enormes, o transporte
com sucesso em 2010.” balhadora doméstica. público quase inexistente,
Todo o percurso da infân- No ano seguinte, Alfredo o dinheiro não chegava nem
cia de Alfredo Leiria Victo- Leiria Victorino Trinta viaja para a alimentação.”
rino Trinta foi percorrido no para a capital do país, para Alfredo Leiria Victorino
meio de enormes dificul- trabalhar numa padaria. Trinta entra para o o ISCED
dades financeiras, ele viveu “ Pa rá m o s n o Ga m e k à em 2015 e defende a mono-
sempre em casa de tios, pois, Direita, no dia seguinte fomos grafia 4 anos depois. “A licen-
a mãe vivia na aldeia, ele e levados para Viana e mais ciatura é a minha maior
os irmãos tinham de ficar concretamente para o Porto vitória, mas ainda não me
na sede para estudar. Seco, era lá onde se encon- considero um vencedor, por
Alfredo Leiria Victorino travam as instalações da isso, continuo na luta.”
Trinta na 4ª classe só tinha padaria, senti-me perdido, Quanto aos desafios,
um par de calças, os seus tive de ficar durante um mês Alfredo Leiria Victorino
pés nunca conheceram sapa- a viver e dormir sem res- Trinta deseja realizar um
tos ou sapatilhas até à 8ª guardo, junto à padaria por- dos seus maiores sonhos,
classe, mas ele nunca desistiu que não tínhamos valores tornar-se um “empreende-
de estudar. para fazer o trajecto de ida dor de sucesso”.
Em 2010 após ter termi- e volta para casa.” Hoje, após tantas peripé-
nado o ensino médio, E m 2 0 1 2 i n g re s s a n o cias na vida, ultrapassadas
Alfredo Leiria Victorino ISCED-Luanda, pois tinha as dificuldades que pareciam
Trinta participa no concurso a paixão pela Sociologia, mas absolutas, Alfredo Leiria Vic-
público do Ministério da nesse ano para o curso de torino Trinta é um jovem for-
Educação, é admito, mas Sociologia não havia vagas mado, professor precário do
depois foi excluído. para o período regular. ensino particular e ao mesmo
“Segundo a Secção Muni- Então, escolhi a segunda tempo desempregado, “mas
cipal, veio uma ordem do opção, Filosofia. “Não me com esperança no futuro”.
SOCIEDADE Domingo
27 de Dezembro de 2020
UM DIA DEPOIS DO NATAL
Luanda viveu o último
sábado do ano sem trânsito
Rodrigues Cambala|
Não fosse um dia posterior
ao Natal, os armazéns do
Golfe 2, Estalagem, Kalemba
2 e Pedrinhas estariam api-
n h a d o s d e g e n te até a o
asfalto. O acesso aos espaços
de estacionamento de via-
turas faz-se sem dificuldade
e cobrança dos miúdos. Os
caminhos para estes locais
dão mostras claras que as
famílias tinham abastecido
a despensa de casa há uns
dias antes do Natal.
Ontem foi o último sábado
do ano, em cujo retrato da
fachada principal dos arma-
zéns de bens alimentares
não condizia com os sábados
já vividos. São invisíveis as
desordens, que, no geral, as
quitandeiras protagonizam
em busca de clientes. Em
muitos destes lugares ficaram
às moscas durante o dia todo.
No Kalemba 2, por exem-
plo, Quintinha, uma mulher
dos seus 30 e poucos anos,
está em pé, faz 10 minutos,
à espera que surja casual-
mente um outro cliente, para
fazer sociedade na aquisição
de um saco de arroz de 25
Cinco homicídios na noite de Natal
Cinco homicídiosvoluntários
(mais dois que em 2019), dos
quais quatro em Luanda e
um em Benguela, foram regis-
tados pela Polícia Nacional
durante a passagem do Natal,
período em que houve um
total de 138 crimes de natureza
diversa em todo o país.
O porta-voz do Comando-
Geral da Polícia Nacional,
comissário Orlando Bernardo,
disse ter havido mais 33 casos
em relação ao me smo
período de 2019, na qual
foram esclarecidos 91 crimes
que resultaram na detenção
de 104 indivíduos presumí-
veis autores.
Dos crimes, destacaram-
se nas províncias de Luanda
39 (menos 11), Benguela 13
(mais 10), Uíge 13 (mais 10)
quilogramas. O rosto da
jovem eriçado denuncia
amarguras do dia-a-dia, uma
razão comprovada nas suas
palavras: “O saco custa 13
mil, só tenho quatro mil
Kwanzas. Vou precisar de
mais duas sócias para poder-
mos comprar e repartir um
saco de arroz”.
Mal a jovem termina, três
jovens passam em bólide
por entre várias viaturas, no
meio da estrada, atrás de um
jovem másculo de calças de
ganga preta e descalço.
“Agarra, agarra, é gatuno…
” Os pedidos de detenção
esvaíram-se e todos eles
entraram numa daquelas
ruas íngremes e sem pavi-
mentos, mas com bolsas de
água pútrida, resultantes das
últimas chuvas.
As principais avenidas
registam, desde as primeiras
horas da manhã, um fluxo
inusitado de viaturas e pes-
soas. Os carros circulam
sem engarrafamentos e as
paragens de táxis apresen-
tam-se com menos passa-
geiros. Quando assim
acontece, as rotas dos “azuis
e brancos” deixam de ser
CRIMINALIDADE
e Zaire 10 (mais sete), tendo
sido nesse período apreen-
didas seis armas de fogo e
recuperadas duas na capital
do país.
Pelo menos 221 cidadãos
o r i u n d o s d a Re p ú b l i c a
Democrática do Congo (RDC)
foram interpelados pelas For-
ças da Ordem, por tentativa
de transposição ilegal da fron-
teira terrestre de Angola e
sido depois encaminhados
para os centros de detenção
de estrangeiros ilegais, nas
províncias da Lunda-Norte
e Zaire, ao mesmo tempo que
houve o repatriamento de
outras 135 pessoas.
Neste período, a Polícia
Nacional apreendeu dois
mil e 370 litros de combus-
tíveis, sendo dois mil 150
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
encurtadas, tal como con-
firmam os viajantes. Entre
os transeuntes vêem-se uns
tantos sem a máscara facial
até mesmo nas barbas de
agentes da Polícia. Alguma
inércia dos “homens da
farda azul” para exigir destes
cidadãos o cumprimento
das medidas de prevenção
contra a Covid-19. No inte-
rior dos táxis, o cenário é
contrário, o que se pode
concluir haver respeito às
orientações das autorida-
des sanitárias.
Os amontoados de lixo
tomaram várias artérias da
cidade de Luanda. Quer na
21 de Janeiro, quer na Deo-
linda Rodrigues, Hojy- ya-
Henda e Amílcar Cabral
eram visíveis contentores
a transbordar e deitarem
mau cheiro. O cenário alte-
rou a meio do dia, quando
começou a observar-se a
recolha do lixo, não obstante
a cessação, há poucos dias,
de contratos pela parte do
Governo de Luanda, em
função de somas avultadas
e em moeda estrangeira que
eram pagas às empresas pri-
vadas de recolha de lixo.
de gasolina e 210 de gasóleo,
quando pretendiam transpor
a fronteira do Luvo, Rivungo
e Yema, nas províncias do
Zaire, Cuando Cubango e
Cabinda, respectivamente.
Quanto ao trânsito, foram
aplicadas 118 multas, por
infracções diversas ao Código
de Estrada, e apreendidas
49 viaturas.
Entretanto, o Serviço de
Protecção Civil e Bombeiros
registou um total de dez
ocorrências, mais duas em
relação ao mesmo período
de 2019, que causaram dois
mortos, por afogamento e
por acidente de viação.
Um total de sete incêndios
foram registados, sendo
Luanda ( 4), Cabinda ( 2) e
Huíla ( 1).
29
VÍTIMA DE DOENÇA
Edições Novembro perde
jornalista João Mavinga
DR
João Mavinga, jornalista do
Jornal de Angola, que exerceu
a função de director provin-
cial da Edições Novembro
na província do Zaire, entre
2008 e 2020, faleceu na noite
do dia 25 deste mês, aos 53
anos de idade, no Hospital
P rovi n c i a l , e m Mba n za
Kongo, vítima de doença,
o n d e e s t eve i n t e r n a d o
durante 30 dias, é enterrado
hoje num cemitério local.
O jornalista, que ingressou
nos quadros do Jornal de
Angola, em 1991, tendo ini-
ciado a carreira em Cabinda,
sua terra natal, foi indicado
em 1997 como delegado da
Edições Novembro- EP no
município do Soyo e em 2008 O falecido jornalista, João Mavinga, deixa viúva e sete filhos
nomeado director provincial,
e m M b a n z a Ko n g o , a t é com nostalgia, uma das via- João Mavinga é praticamente
Janeiro de 2020. O falecido gens em missão de serviço à uma enciclopédia que se
deixa viúva e sete filhos. República Democrática do perde”, disse o antigo radialista.
Em Mbanza Kongo, vários Congo (RDC) em 2010 e de Por sua vez, o ex-director
contemporâneos conster- várias reportagens efectuadas da Angop, entre 1985 e 2014,
nados lembraram-se do per- pelo falecido, relatando a vida Kwanguluka da Conceição,
curso profissional do falecido. sócio-económica da região. mostrou-se consternado e
Pedro Sirdes, ex-director da “Ele vai fazer-nos muita recordou os momentos em
Emissora Provincial da Rádio falta. Estava em condições de que ambos cobriram várias
Nacional de Angola no Zaire, continuar a dar o seu contri- actividades nos municípios
manifestou-se chocado ao buto, ajudando a camada do Soyo e do Nzeto, tendo
tomar conhecimento do fale- jovem que abraçou a carreira referido que a morte de João
cimento do colega. jornalística, em função da Mavinga deixa um vazio no
Pedro Sirdes recordou, longa experiência acumulada. seio da classe.
Ministro Manuel Homem consternado
Numa mensagem, o ministro das Telecomu- perda, segundo a nota, deixa um vazio difícil
nicações, Tecnologia de Informação e Comu- de preencher.
nicação Social, Manuel Homem, manifestou Enquanto director da Edições Novembro,
profunda tristeza e dor pelo passamento de refere ainda a mensagem, João Mavinga exerceu
João Mavinga. O profissional deixa uma brilhante a função com verdadeiro espírito de missão,
folha de serviço de mais de 30 anos. ajudando a colocar o Zaire “aos olhos do país
Manuel Homem descreve que a morte de e não só”.
João Mavinga, deixa um vazio à classe jornalística Em nota chegada à nossa Redacção, a Asso-
nacional que perde um valioso “escriba” que ciação de Jornalistas Económicos de Angola
deu um grande contributo para a formação (AJECO) descreve João Mavinga, que ganhou
da nova geração de profissionais da Comuni- o "Prémio Kianda de Jornalismo Económico",
cação Social na província do Zaire. II Edição em 1999, como experimentado pro-
Enquanto jornalista e director no Zaire, fissional da escrita que sempre emprestou as
João Mavinga dinamizou o principal título da suas energias positivas para a dinamização
Edições Novembro, o Jornal de Angola, man- da agremiação nas delegações de Cabinda e
tendo uma presença notória de matérias de do Zaire da Edições Novembro.
diferentes sectores vitais da província com Foi um membro da primeira linha, voluntário,
frequência nas páginas do diário. dedicado, colaborador, solidário, pragmático,
"Nesta hora de dor e luto, endereço em intrépido defensor da causa da promoção, da
meu nome pessoal e do colectivo de funcionários criação, do incentivo e da divulgação da infor-
do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias mação económica a nível das regiões onde
de Informação e Comunicação Social, os mais
sinceros pêsames à família enlutada e ao Con-
selho de Administração da Edições Novembro".
trabalhou, tendo, igualmente, ajudado no
estabelecimento de parcerias com instituições
públicas e privadas que se identificaram com
Numa mensagem de condolências enviada, os objectivos da Associação.
ontem, o Governo Provincial do Zaire lamenta João Mavinga, não sendo membro-fundador,
a morte prematura do exímio jornalista, cuja fez parte da génese da criação da AJECO.
HOJE NO MUNICÍPIO DO KILAMBA KIAXI
Associação elege novos membros
António Cristóvão| tados do pleito eleitoral, acto O elenco cessante fará,
q u e va i c u l m i n a r c o m horas antes da votação, a
O acto eleitoral dos novos tomada de posse dos órgãos apresentação, análise e apro-
corpos sociais da Associação sociais da TIRBA. va ç ã o d o R e l a t ó r i o d o
Mutualidade Tira Barriga O sufrágio será antecedido Balanço de actividades e
(TIRBA), referente ao ciclo com a apresentação dos can- contas da Direcção Executiva
Olímpico 2020/24, realiza- didatos à presidência e dos da TIRBA, no período de 9
se hoje, pelas 13h30, no muni- integrantes da lista dos de Dezembro de 2017 a 8 de
cípio do Kilamba Kiaxi, em concorrente s ( Me sa da Dezembro deste ano. O
Luanda, durante a Assem- Assembleia-Geral, Con- encontro vai ser orientado
bleia-Geral Extraordinária. selho Fiscal, Conselho de pelo presidente da Mesa da
Logo após o escrutínio, Disciplina e membros da Assembleia-Geral, Kapela
serão divulgados os resul- Direcção Executiva). Lusivikana.
30 DESPORTO
ESPAÇO AÉREO ENCERRADO
Federação deve informar
decisão do Governo à CAF
1º de Agosto e Sagrada Esperança defrontam nas Afrotaças
adversários da África do Sul, um dos países abrangidos
D’Agosto é dos representantes angolanos que tem como adversário uma equipa sul-africana
Honorato Silva
A Federação Angolana de Fu-
tebol (FAF) prepara, com ca-
rácter de urgência, o envio de
uma correspondência à Con-
federação Africana (CAF) a in-
formar o encerramento das
fronteiras a passageiros pro-
venientes da África do Sul, Ni-
géria, Austrália e Reino Unido.
A reagir à medida con-
junta dos ministérios do Inte-
rior, Relações Exteriores,
Saúde e Transportes, que
vigora desde a meia-noite
de ontem, devido ao surgi-
mento de uma variante do
SARS-CoV-2, “associada a
u m a t ra n s m i s s ã o m a i s
intensa da Covid-19”, Rui
Costa, membro da direcção
eleita da FAF, disse ao Jornal
de Angola que está acautelada
a defesa dos interesses dos
representantes do país nas
Afrotaças.
CPA divulga programa de actividades
António Cristóvão
O Comité Paralímpico Ango-
lano (CPA) divulgou, recen-
temente, o programa de
actividade desportiva nacio-
nal para o período 2020/21,
com realce para o regresso
da corrida de estrada Taça
José Sayovo, de 10 quilóme-
tros, agendado para o dia 21
de Fevereiro.
O CPA agendou também
um encontro nacional e
Assembleia-geral no pró-
ximo mês de Março, em
Luanda. No dia 4 de Abril
realiza-se, na província do
Namib e , o Camp e onato
Regional de atletismo, e a
mesma competição disputa-
se também a 1 de Maio na
cidade de Malanje.
O CPA agendou, para o
mês de Abril, um curso para
os técnicos de natação e atle-
tismo, na cidade do Sumbe,
província do Cuanza-Sul.
O secretário-geral do
elenco cessante do organismo
reitor da modalidade asse-
gurou que, no quadro da ges-
tão corrente, será enviada
uma comunicação à CAF, de
m o d o a s a lva g u a rd a r o
enquadramento das equipas
angolanas, designadamente
1º de Agosto e Sagrada Espe-
rança, adversários de for-
mações sul-africanas.
Por se tratar de uma situa-
ção de “força maior”, fora
da esfera de influência das
autoridades desportivas
nacionais, alertou Jeremias
Simão, ex-presidente do
Conselho Técnico da FAF,
tem de se escrever para a
Confederação, por forma a
serem encontradas soluções,
ou alternativas, que podem
passar pelo adiamento dos
jogos e pela indicação de ter-
reno neutro.
“Já informámos à CAF, às
DESPORTO ADAPTADO
CPA agendou também um encontro nacional para 2021
O torneio de apuramento
de basquetebol em cadeira
de rodas disputa-se de 21 a
29 de Maio, no Pavilhão Acá-
cias Rubras, em Benguela.
De 2 a 10 de Julho, no
Huambo, disputa-se o Cam-
peonato Nacional de futebol
para amputados, mas antes
está agendada na mesma
localidade a Supertaça.
M. MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO
nossas equipas e aos outros
intervenientes nos jogos.
Só em função do que deci-
direm as autoridades gover-
namentais, estaremos em
condições de avançar cami-
nhos a seguir. Se será feita
uma autorização de entrada
extraordinária, mediante a
ap re s e n ta ç ã o d e te s te s
negativos e cumprimento
de um período de quaren-
tena, ou se os nossos repre-
sentantes serão eliminados.
Agora vamos aguardar pelas
instâncias superiores. Ao
nosso nível, já comunicá-
mos”, explicou o médico
Pedro Miguel, coordenador
do protocolo de biossegu-
rança da Federação.
Na corrida à fase de grupos
da Liga dos Clubes Cam-
peões, os militares do Rio
Seco, detentores do título do
Girabola, têm a decisão da
derradeira eliminatória,
JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO
A direcção técnica do CPA,
presidida por Zeman Manuel,
agendou o Camp e onato
Nacional de atletismo de 21
a 23 de Julho, na pista sintética
do Estádio Municipal dos
Coqueiros, na Baixa de Luanda.
No dia 22 de Julho, está
marcada a disputa da I edição
do Campeonato Nacional de
halterofilismo, em Luanda.
frente ao Kaizer Chiefs, mar-
cada para o dia 6 de Janeiro,
depois do empate (0-0), em
Joanesburgo. Na mesma data,
os diamantíferos da Lunda-
Norte, derrotados em casa
por 0-1, devem disputar o
jogo de resposta, no reduto
do Orlando Pirates.
Árbitros em terra
O encerramento das fron-
teiras a passageiros prove-
nientes dos referidos países,
tidos como principais focos
da nova versão da pandemia
da Covid-19, deixou em terra
os árbitros sul-africanos que
dirigiram quarta-feira, no
Estádio Municipal dos
Coqueiros, o jogo da elimi-
natória da Taça Nelson Man-
dela, no qual o FC Bravos do
Maquis perdeu (0-1), diante
do Motema ya Pembe do
Congo Democrático.
O regresso do quarteto
devia acontecer ontem, no
voo da TAAG cancelado por
força da posição do Executivo
angolano, que visa evitar a
entrada do vírus. Uma das
alternativas cogitadas pela
CAF é a mudança para liga-
ções mais próximas, a partir
de Luanda, da Emirates e da
Ethiopian Airlines.
Desafios em risco
Além dos compromissos
do 1º de Agosto e do Sagrada
Esperança, está igualmente
em risco a realização da
segunda “mão” do acesso
à Liga dos Campeões, entre
o Petro de Luanda e o
Nkana Red Devils da Zâm-
bia, por causa da equipa
de arbitragem da África do
Sul. Os petrolíferos alcan-
çaram um empate (1-1),
resultado promissor, no
reduto do adversário.
O impedimento migra-
tório abrange ainda o quarteto
angolano composto por
António Dungula, Evanildo
Martins, Ivanildo Lopes e
José Chitumba, nomeado
pa ra d i r ig i r n o d i a 5 d e
Janeiro, em Joanesburgo, a
partida Mamelodi Sundowns
– Jwaneng Galaxy FC (Bots-
wana), referente à Liga dos
Clubes Campeões.
O Campeonato Nacional de
basquetebol em cadeira de
rodas joga-se de 17 a 26 de
Setembro, no Pavilhão Acá-
cias Rubras, antes no período
d a m a n h ã d i s p u ta - s e a
Supertaça no mesmo recinto.
A Taça de Angola de bas-
quetebol em cadeira de rodas
e de futebol para amputados
de 10 a 13 de Novembro, na
cidade do Luena, província
do Moxico.
O Campeonato Nacional
de natação, que marca o
regresso da compita no país
disputa-se de 5 a 7 de Agosto,
na Piscina Olímpica do Alva-
lade, em Luanda.
O fe stival de sp ortivo
infanto-juvenil realiza-se de
24 a 27 de Novembro, no Está-
dio Municipal dos Coqueiros,
na Baixa de Luanda.
A Taça Fundação Lwini
realiza-se de 2 a 5 de Dezem-
bro, no Pavilhão Principal
da Cidadela, em Luanda.
CAN'2021
Tunísia e Líbia lutam
pela última vaga
António Cristóvão
A selecção da Tunísia Sub-
20 de futebol e a similar da
Líbia jogam, hoje, na cidade
d e Tu n i s , e m j o g o d a
segunda-mão da última eli-
minatória de apuramento
para a fase final do Campeo-
nato Africano das Nações
(CAN), a ter lugar de 14 de
Fevereiro a 4 de Março, na
Mauritânia, onde Angola
falhou no princípio deste
mês a qualificação.
Os líbios, que estão na
segunda posição do torneio
de apuramento para o CAN,
com quatro pontos, neces-
sitam apenas de uma igual-
dade no jogo. Já a Tunísia está
no terceiro lugar da prova,
com dois pontos, mas tem
de vencer a partida se quiser
se qualificar para a fase final
da competição africana, por-
que um empate não servirá
para as intenções do grupo.
Um jogo de difícil prog-
nóstico entre selecções da
mesma região e quando se
defrontam dificultam imenso
o trabalho de arbitragem
devido à rivalidade entre
ambos. Na Taça Cosafa, dis-
putada de 3 a 13 de Dezem-
b ro , n a B a í a d e N e l s o n
Mandela, na África do Sul,
os Palanquinhas classifica-
ram-se na terceira posição
do torneio e consolidaram
o posto obtido na edição de
2019, na Zâmbia.
ANDEBOL
Selecção define
modelo de jogos
Gaudêncio Hamelay | Lubango
A pré-selecção sénior
masculina de andebol con-
tinua a ensaiar, na cidade do
Lubango, o modelo de jogos
a utilizar na 27ª edição do
campeonato do mundo, a
decorrer de 14 a 31 de Janeiro
próximo, no Cairo, Egipto.
José Pereira “Kidó” garan-
tiu que o objectivo da definição
dessa estratégia passa em
honrar as cores do país em
quaisquer circunstâncias e
condições. Informou estar a
montar uma defesa proactiva
e antecipativa de modo a difi-
cultar as equipas adversárias
durante os jogos do mundial.
Os comandados de Kidó
efectuaram ontem dupla ses-
são de treino, sendo uma no
período matinal versada em
trabalho físico e outra à tarde
com o aprimoramento dos
aspectos defensivos, ofensi-
vos, combinação de ataque
e contra-ataques rápidos,
entre outros. Hoje, domingo,
a única sessão acontece de
manhã, com duração de uma
hora, ao passo que à tarde os
Guerreiros descansam.
José Pereira “Kidó” afian-
çou que com os aspectos téc-
nico-tácticos que estão a
aperfeiçoar com rigor, pre-
Domingo
27 de Dezembro de 2020
Além da Namíbia e
Moçambique, dois repre-
sentantes do Conselho das
Associações de Futebol da
África Austral, onde Angola
faz parte, estão já apuradas
também a Mauritânia (país
anfitrião), o Burkina-Faso,
Camarões, Ghana, Marrocos,
República Centro Africana,
Tanzânia e Uganda.
O Marrocos qualificou-
se na quinta-feira passada
após igualdade a uma bola
diante da Líbia, em Tunis,
onde decorre o torneio de
apuramento da Zona do
Magrebe (UNAF). Já sabe-
mos os 11 dos 12 qualificados
para a fase final do CAN Sub
20 anos, que decorrerá de
14 de Fevereiro a 4 de Março
na Mauritânia.
Depois do país anfitrião,
Gâmbia, Uganda, Tanzânia,
Namíbia, Moçambique,
Gana, Burkina Faso, Repú-
blica Centro-Africana e
Camarões, Marrocos validou
seu bilhete nesta quinta-
feira, compartilhando pontos
com a Líbia (1-1) em Tunis
no penúltimo dia das elimi-
n ató r i a s n a zo n a U NA F
(Norte da África).
Com o empate, o Marrocos
lidera provisoriamente a
competição de apuramento
para o CAN, com cinco pon-
tos, seguido pela Líbia com
quatro e a Tunísia na terceira
posição, com dois, e Argélia
com um ponto.
tende honrar e dignificar as
cores do país, o que passa
pela melhoria do 23º lugar
alcançado na edição passada.
“O nosso objectivo é sem-
pre fazer o melhor. Mas temos
que ter em conta que ficamos
oito meses sem competir e
as selecções com quem vamos
defrontar nunca pararam”,
reconheceu.
Afirmou que se os joga-
dores pré-selecionados tives-
sem tido uma época regular
normal, já não seria difícil,
onde a postura competitiva
durante o mundial se pers-
pectiva diferente.
Apesar disso, salientou o
seleccionador nacional, o pro-
pósito pessoal e do grupo é
dar sempre o melhor “e sermos
profissionais que temos sido
até hoje”. “Queremos honrar
as cores do país”, destacou.
Para não facilitar o trabalho,
acrescentou, os jogadores têm
que dar sempre dores de cabe-
ças ao treinador para dificultar
ao máximo a escolha definitiva
dos 20 eleitos.
José Pereira “Kidó referiu
que, ao elaborar a convoca-
tória da selecção nacional, a
ideia é ter três jogadores em
cada posição. Por isso, subli-
nhou, são sectores muito
equilibrados.
DESPORTO Domingo
27 de Dezembro de 2020 31
LIGA DOS CLUBES CAMPEÕES PETRO DE LUANDA GIRABOLA

Brighton Chimene apita Baixas na equipa

1º de Agosto e Kaizer Chiefs
António Crisóvão
Um quarteto de arbitragem
do Zimbabwe, chefiado pelo
juiz Brighton Chimene foi,
ontem, nomeado pela Con-
federação Africana de Fute-
bol (CAF), para apitar o jogo
entre 1º de Agosto e Kaizer
Chiefs (África do Sul), refe-
rente à segunda mão da
última eliminatória de apu-
ramento para a fase de gru-
p o s d a L iga d o s C l u b e s
Campeões Africanos.
A partida disputa-se no
próximo dia 5 de Janeiro, às
16h00, no Estádio Nacional
11 de Novembro, no Distrito
Urbano do Kilamba Kiaxi,
em Luanda.
Brighton Chimene vai ser
coadjuvado pelos compa-
triotas Tafadzwa Nkala e
Lackson Mhara, tendo como
quarto árbitro Lawrence
Zimondi. O tswanês Boits-
hwarelo Kaizer Sekaba é o
comissário ao jogo indicado
pela CAF.
Zimbabweanos apitam o jogo 1º de Agosto-Kaizer Chiefs
CAMPEONATO
Na partida da primeira
mão disputada na quarta-
feira passada, os militares do
Rio Seco empataram sem
golos contra o Kaizers Chiefs,
no Estádio FNB (ex-Soccer
City), na cidade sul-africana
de Joanesburgo.
O adversário dos mili-
tares ocupa a 13ª posição
da tabela classificativa do
Campeonato sul-africano,
com sete pontos, tendo
somado três derrotas, quatro
empates e uma vitória em
oito jogos disputados.
O Mamelodi Sundowns
lidera a compita sul-africana
com 18 pontos e o Maritzburg
segura a “lanterna verme-
lha”, na 16ª e última posição,
com dois.
Além dos jogadores sul-
africanos, na equipa sul-
africana despontam também
atletas da Nigéria (1), Quénia
(1), Zimbabwe (2), Austrália
(1), Cambodja (1), Zâmbia
(1), Colômbia (1), Sérvia (1),
Escócia (1) e Alemanha (1).
DR
preocupam Cuando Cubango e Ferrovia
Tony Cosano
Edvaldo Lemos capitalizam hoje as atenções
O treinador petrolífero Toni
Cosano, prepara o jogo de Recreativo da Caála “baptiza”no Estádio Mártires da Canhala
amanhã às 16h00, no Estádio a Baixa de Cassanje de Malanje, equipa estreante da prova
11 de Novembro, diante do
Bravos do Maquis, com cinco
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
baixas no plantel. Mas, garante
um onze de qualidade, sendo
o primeiro desafio que marca
o regresso às emoções do
Campeonato Nacional da I
Divisão, Girabola 2020/21.
“Kelson, Wilson, Danil-
son, Isaac, Elber, são os joga-
dores que não estão em
condições para entrarem na
convocatória do plantel que
vai defrontar amanhã o
Maquis, apesar disso, temos
qualidade para fazer um onze
inicial no primeiro desafio
do Girabola”, garantiu
A limitação das cinco
importantes peças no “Eixo
Viário” não desanimou o
técnico espanhol. “Sempre
é bom termos todos os joga-
dore s di sp onívei s , ma s
temos muitas variantes, é
próprio do futebol, em cada
semana tem sempre atletas
que por uma ou outra coisa
esteja limitado, mas temos
jogadores suficientes para
encarar o jogo com garantia
e fazermos o nosso traba-
lho”, disse.
Depois da abertura, ontem no Lobito, a primeira jornada do Girabola prossegue esta tarde
“Kelson, Wilson,
Danilson, Isaac,
Elber, são os António de Brito de pontuar são, para já, bas- supremo. Atendendo à ambi-
jogadores que não tantes remotas, visto que os ção dos contendores, que
estão em condições As formações do Cuando “donos” de casa assumem passa pela conquista da vitó-
para entrarem na Cubango e do Ferrovia do total favoritismo pela disputa ria, espera-se por um jogo
convocatória do Huambo centralizam hoje, a dos três pontos. disputado e de resultado
plantel que vai partir das 15h00, no Estádio A jogarem na condição de imprevisível.
defrontar amanhã dos Eucaliptos, casa empres- visitados, Albano César e Na presente época, quer
o Maquis” tada, província do Bié, as pupilos idealizaram como o Cuando Cubango quer o
atenções na sequência da dis- estratégias, procurar vencer Ferrovia do Huambo, defi-
puta da primeira jornada do os jogos caseiros com o pro- niram como metas a conti-
Girabola 2020/21, que reserva pósito de fazer os pontos nuidade no convívio dos
Depois de falhar a con- ainda as partidas Recreativo necessários na primeira parte grandes clubes, visto que no
quista do titulo na edição da Caála-Baixa de Cassanje do Campeonato, de modo a Campeonato passado estavam
passada, por culpa da Covid- de Malanje e Wiliete de Ben- garantir à manutenção ante- à beira da despromoção,
19, facto que iria acabar com guela-Santa Rita do Uíge. cipada na prova. quando faltavam três jornadas
um jejum de onze anos, o No desafio de equipas do Para que tal aconteça, o para acabar a competição.
treinador está ansioso e pre- Sul do País, os “locomotivas” Cuando Cubango vai ter de Os emblemas permaneceram
cisa ganhar dinamismo têm, seguramente, uma mis- se aplicar ao máximo no na prova, após a interrupção

Clubes com direito sendo um dos representantes

angolanos que luta por uma
vaga na fase de grupos da
são espinhosa à cidade do
Cuito, onde as probabilidades
decorrer do encontro, para
a concretização do objectivo
do Girabola 2019/20, por força
da pandemia da Covid-19.

de transmissão televisiva Liga dos Campeões de África.

“Com ansiedade de come-
çar o jogo queremos entrar
PRIMEIRA JORNADA DO GIRABOLA
Pedro Futa intervenientes das competi- com bom pé, boa disposição

Ana Paula do Sacramento

Neto, ministra da Juventude
e Desportos (MINJUD), reve-
lou há dias, em conferência
de imprensa, que os clubes
que vão disputar o Campeo-
nato Nacional da Primeira
Divisão “Girabola”, época
2020/21, devem beneficiar
dos contratos de direito à
transmissão televisiva.
Em declarações ao Jornal
de Angola, Ana Paula do Sacra-
mento Neto garantiu a exis-
tência de uma televisão para
transmissão dos jogos do Gira-
bola e outras modalidades.
“A nível do Executivo foi feito
um trabalho no sentido de
termos uma televisão de emis-
são apenas do desporto. Há
contratos que no âmbito de
transmissão dos jogos devem
ser feitos com os principais
ções”,esclareceu.
A ministra confirmou,
a i n d a , a ex i s tê n c i a d a s
empresas que vão patrocinar
o Campeonato Nacional. “As
empresas que foram indi-
cadas para apoiar o futebol
existem, falta-nos apenas
saber como vai se estabelecer
os referidos apoios, vamos
trabalhar com à FAF e o
Ministério da Comunicação
Social para resolvermos o
assunto”,frisou.
A operadora de televisão
por satélite ZAP, era a patro-
cinadora oficial do Campeo-
nato Nacional desde 2016,
rescindiu o contrato, esse
ano por crise financeira. A
mesma disponibilizava,
anualmente, 150 milhões de
kwanzas, à FAF e 21 milhões
por cada equipa das 16 par-
ticipantes no Girabola.
e atingir um bom ritmo. Esta-
mos a precisar ter um bom
desempenho nas Afrotaças.
O Petro é a equipa de Angola
que mais titulos tem na sua
vitrina, acho que precisa ven-
cer este Campeonato e esta-
mos a trabalhar para isso”.
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
Académica e Sagrada acordam empate
António Cristóvão
A Académica do Lobito e o
Sagrada Esperança empa-
taram, ontem, a um golo, no
Estádio Nacional de Ombaka,
em jogo a contar para a pri-
meira jornada da 43ª edição
do Campeonato Nacional de
futebol da I Divisão.
Pedro colocou os diaman-
tíferos em vantagem no mar-
cador, ao apontar o golo aos
23 minutos da contenda.
Mas, na etapa complementar,
os anfitriões empataram atra-
vés de Adó Pena, após a
assistência de Germano.
Depois do golo da igual-
dade, a Académica do Lobito
passou a jogar mais virada
para as acções ofensivas,
criando imensas dificuldades
ao sector defensivo dos “lun-
das” que apostavam nos con-
tra-ataques rápidos para
surpreenderem os anfitriões.
Na segunda metade da par-
tida, com as alterações efec-
tuadas pelos técnicos, as equipas
apresentavam um jogo mais
vistoso, com lances de perigo
de ambos os lados, e pelo que
exibiram durante o tempo regu-
lamentar, a igualdade se ajusta
perfeitamente.
O Sagrada Esperança ficou
isento na primeira elimina-
tória, da Taça Nelson Mandela
devido à desistência do Mba-
bane Swallows FC (e-Swa-
tini). Antes de seguir para a
África do Sul, os diamantí-
feros recebem o Sporting de
Cabinda no próximo sábado,
às 15h30, na cidade do Dundo,
em jogo pontuável para a
segunda jornada do Girabola.
Em Joanesburgo, os “lun-
das” defrontam no dia 6 de
Janeiro o Orlando Pirates,
no Estádio FNB, referente à
segunda-mão da penúltima
eliminatória de apuramento
para a fase de grupos da Taça
Nelson Mandela.
No primeiro jogo, dispu-
tado no Estádio Municipal
dos Coqueiros, em Luanda,
o g o l o f o i m a rc a d o p o r
Thembikosi Lorch, aos 73
minutos, deixando os dia-
mantíferos em desvantagem
para no desafio da segunda
mão, no dia 6 de Janeiro,
em Joanesburgo.
 PUBLICIDADE

DOM27DEZ

UNESCO REPUDIA MORTE DE 59 PROFISSIONAIS ESTE ANO FORAM 30 MILHÕES DE DÓLARES

DR

ALTO Kaji tem nove anos e factura

GPL
Corte com operadoras de limpeza
Numa atitude corajosa, a go-
vernadora de Luanda, Joana Li-
na, rompeu o contrato de pres-
tação de serviço que a província
mantinha com seis operadoras
de limpeza. As justificações de
fundo evocadas por Joana Lina
dão-lhe razão. Afinal, está à
vista de todos o péssimo traba-
lho que muitas destas opera-
doras realizam. São habituais
cenários de contentores a trans-
bordar de resíduos sólidos ou
lixo espalhado nas ruas. Outros
ainda, adoptando a velha tác-
tica para “inglês ver”, põem-se
à estrada exactamente em horas
de ponta para recolher conten-
tores e fazer limpeza, criando
obstáculos à circulação rodo-
viária. Apesar das denúncias, a
verdade é que sempre foram
lentas a corrigir os erros, mas
céleres a reclamar dívidas mi-
lionárias. E para certificar ainda
mais o tal “negócio da China”,
os contratos (pouco claros), afi-
nal, foram celebrados em moe-
da estrangeira e pagos, em
Kwanzas, ao câmbio do dia. Ago-
ra, até à definição de um novo
modelo, os trabalhos de recolha
de resíduos sólidos serão asse-
gurados pelas administrações
municipais e distritais. Resta
saber se terão competência, ca-
pacidade e espírito de missão
para fazer o trabalho e não cor-
rerem apenas atrás do negócio.
BAIXO
Quatro senhoras estão entre os jornalistas mortos em todo o mundo, neste ano prestes a terminar
América Latina e Ásia são locais
mais perigosos para jornalistas
A Organização das Nações
Unidas para Educação, Ciên-
cia e Cultura (Unesco) con-
denou as 59 mortes de
profissionais da imprensa,
dois a mais do que em
2019. Na última década,
888 jornalistas perderam
a vida somente pelo tra-
balho de informar.
As regiões da América
Latina e Caribe e da Ásia-
Pacífico foram responsáveis
pela maioria dos crimes com
22 mortes cada. Entre as víti-
mas estão quatro mulheres.
Em segundo lugar apa-
recem os países árabes, onde
nove jornalistas perderam
a vida. Em África, foram seis
mortes este ano. Segundo
a Unesco, 2020 registou dois
assassinatos a mais que no
ano passado. Em 2018, houve
99 profissionais mortos num
A d i re c to ra - g e ra l d a
Unesco, Audrey Auzolay, disse
que todos puderam ver a forma
sem precedentes da relevância
do jornalismo para as demo-
cracias e a protecção dos direi-
tos humanos.
Ao mesmo tempo, a pan-
demia afectou a liberdade de
imprensa em todo o mundo.
Para a responsável da Unesco,
a protecção do jornalismo é a
protecção da verdade.
Padrões de assassinatos
No relatório da Unesco sobre
Segurança de Jornalistas e o
Risco da Impunidade, divul-
gado em Novembro, é possível
detectar os padrões de assas-
sinatos dos profissionais do
sector nos últimos dois anos.
Em média, na última década,
um jornalista foi morto a cada
quatro dias. O documento
As condições de trabalho
dos profissionais são motivo
de preocupação. Os casos
de assédio aumentam, assim
como os de ataques não-
letais. Este ano, jornalistas
que trabalharam na infor-
mação s obre prote sto s ,
como “Vidas Negras Impor-
tam”, ou outras demons-
trações, enfrentaram riscos
e perigos. Entre Janeiro e
Junho deste ano, os profis-
sionais foram atacados em
125 protestos em 65 países.
Covid-19 e perseguições
A Unesco também está preo-
cupada com a segurança das
mulheres, alvo de ataques
na Internet, baseados tam-
bém em violência de género.
Para compreender melhor
o problema, a agência da
ONU lançou uma pesquisa
muitos milhões no YouTube
É uma máquina de fazer
dinheiro. Segundo a revista
Forbes, Ryan Kaji, de 9 anos,
é a estrela de YouTube com
mais receitas, ao facturar 29,5
milhões de dólares com o seu
canal, que conta com 27,5
milhões de assinantes, e o da
sua família, que tem 6,4
milhões de seguidores.
O fenómeno não é novo: o
canal de Ryan está pelo terceiro
ano consecutivo no top dos
que mais dinheiro facturam
no YouTube e agora já leva mais
de 12 mil milhões de visuali-
zações. O canal de Kaji começou
por ser de vídeos, com críticas
de novos brinquedos e agora
experiências de ciência, bem
como brincadeiras com as
suas irmãs gémeas.
Não é por acaso que o canal
chama-se Ryan's World (o
mundo de Ryan), onde se pro-
movem cerca de cinco mil
produtos com tudo e mais
alguma coisa, licenciados com
o nome de Ryan e que geram
mais de 200 milhões de dóla-
res por ano, o que dará a
Ryan 29,5 milhões.
Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais
Sexta a Segunda Feira, 25
 a 28 de Dezembr
BANCOS COMERCIAIS
Banco de Negócios Internacional - (BNI)
Muitos dos produtos são
relacionados com o Red Titan,
um alter-ego seu em forma de
super-herói animado. Colchas,
máscaras, escovas de dentes
ou brinquedos Red Titan, bem
como artigos com a imagem
de Kaji, são vendidos na Ama-
zon e nas redes de supermer-
cados norte-americanos.
A popularidade de Ryan
Kaji há muito ultrapassou as
fronteiras do YouTube. A série
Ryan's Mystery Playdate vai
na terceira temporada no canal
infantil Nickelodeon. Um novo
canal, Ryan and Friends, foi
lançado em Setembro, através
do serviço de streaming Roku.
No mês passado, Super Spy
Ryan estreou na Amazon Kids,
a primeira série original para
aquela marca centrada nas
crianças, que também tem
uma linha de brinquedos ven-
dida na Amazon.
Questionado pela Forbes
sobre o que quer fazer quando
crescer, o menino, que vive
no Texas, disse querer ser um
gamer. Ryan Kaji está já a apren-
der programação informática.
PUBLICIDADE
 o de 2020
TTaxa
axa de Câmbio Actual
Compra Venda
USD/KZ EUR/KZ USD/KZ EUR/KZ
637,277 776,873 669,792 816,510

dos anos mais fatais da mostra, ainda, que a impuni- global com o Centro Inter- Banco de Fomento Angola - (BFA) 650,283 792,730 669,791 816,510
última década. dade continua a prevalecer. nacional para Jornalistas. ĂŶĐŽDŝůůĞŶŝƵŵƚůąŶƟĐŽͲ;d>Ϳ 650,283 789,217 669,791 816,978

Iluminação pública ĂŶĐŽŶŐŽůĂŶŽĚĞ/ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽƐͲ;/Ϳ

Banco BIC - (BIC)
650,283
645,406
792,728
787,234
669,791
669,791
816,509
822,927
Escuridão quase total
MENSAGEM DO DIA DE NATAL referido o continente ame- ĂŶĐŽĚĂŚŝŶĂ>ŝŵŝƚĂĚĂͲ;K>Ϳ 630,775 772,670 669,791 820,460
Nos discursos feitos, na capital, ricano, particularmente BancoCaix
 a Angola - (BCGA)
 662,964 812,100 669,590 820,210
para mostrar as realizações do afectado pelas infecções
ano que termina e perspectivar
o próximo, ficou por referenciar Papa pede fraternidade pelo novo coronavírus.
“Que a eterna Palavra do
Bancode Poupanç
  a e Crédito - (BPC)
BancoKev e - (BKEVE)

ĂŶĐŽWƌĞƐơŐŝŽͲ;W ' Ϳ

637,850
637,280
780,600
780,630
669,417
669,140
819,230
819,670

a iluminação pública. Ou melhor, 633,000 775,290 667,000 810,170

a falta de iluminação pública
em quase todas as vias da capi-
e quer vacina para todos Pai seja uma fonte de espe-
rança para o continente ame- Banco Comercial do Huambo - (BCH)
ĂŶĐŽ^ŽůͲ;^K>Ϳ  
657,370
643,780
805,250
780,800
666,540
666,540
816,480
820,470
ricano, particularmente
tal do país. Estranhamente, dei-
xou de ser referenciada também O Papa Francisco insistiu dade”, disse o Papa na men- afectado pelo coronavírus, ĂŶĐŽĚĞ/ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽZƵƌĂůͲ;/ZͿ 648,000 773,470 666,000 822,370

nas estatísticas de acidentes de na “necessidade de frater- sagem, que este ano foi feita que tem agravado os inúme- Banco de Crédito do Sul - (BCS) 650,283 796,570 665,968 815,010

viação, nas quais agora pontifi- nidade” em todos os conti- dentro da Basílica de S. Pedro, ros sofrimentos que o opri- BancoEconómico - (BE)  649,231 791,450 665,462 811,230
cam condução em estado de nentes, em tempos de sem a presença de católicos, mem, muitas vezes agravados Banco Comércio e Indústria - (BCI) 643,550 782,580 664,260 814,500
embriaguez, excesso de veloci- pandemia da Covid-19, e devido às medidas impostas pelas consequências da cor- Standar
 d Bank Angola
  - (SBA)  657,250 788,650 663,823 816,250
dade, mau estado técnico das exortou que haja vacinas para de combate à pandemia. rupção e do narcotráfico”, ĂŶĐŽ/DŝĐƌŽĮŶĂŶĕĂƐͲ;D&Ϳ 650,280 792,730 663,290 808,580
viaturas. Às vezes, alguém ainda todos, na sua tradicional O Papa exortou ainda para afirmou o Papa. Banco Yetu - (Yetu) 650,283 790,780 663,289 814,500
se recorda de acrescentar o mau mensagem do Dia de Natal. que haja vacinas para todos, Do salão de bênçãos da
estado das vias. Mas a ilumina- sdĨƌŝĐĂͲ;sdͿ 637,277 784,800 663,289 816,510
“Neste momento histó- “especialmente para os mais Basílica de São Pedro, Fran-
ção pública, que muito interfere, Banco Comer
 cial Ang
 olano
 - (BCA)
 645,000 788,990 660,000 820,710
rico, marcado pela crise eco- vulneráveis”, e rezou para cisco fez referência ao Chile,
na condução, foi sendo relegada, Finibanc
 o Angola - (FNB)   650,000 776,870 657,000 808,580
até sumir. Há dias, dois camiões lógica e graves desequilíbrios que os nacionalismos fecha- pedindo que o menino Jesus
económicos e sociais, agra- dos, o individualismo e a lei “ajude a superar as recentes Standar
 d Chartered Bank  - (SCBA)
 Ang ola 643,780 784,610 656,786 820,670
rebocadores foram apresenta-
vados pela pandemia da de mercado não impeçam tensões sociais” e pediu que Banco Valor
 - (B VB)   620,000 756,246 642,940 784,227
dos para recolher os carros aci-
dentados na via pública. Muitos Covid-19, precisamos, mais que todos sejam vacinados. acabe “o sofrimento do povo
destes, com certeza, terão como do que nunca, da fraterni- Na mensagem, foi também venezuelano”.
Fonte:BNA
causa a escuridão das estradas.