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QUESTÕES CRÍTICAS DO ESTUDO DA PERSONALIDADE

[Ver filme Voando sobre um ninho de cucos -> Hospital psiquiátrico com diferentes pessoas, em que se mistura o
anormal e o patológico mas são todos tratados como doentes mentais; qualquer comportamento
anormal/extravagante/que fugia ao que era esperado era institucionalizado num hospital psiquiátrico] -> depois nos
anos 80 existe uma desinstitucionalização

 A personalidade tem uma faceta pública e uma privada

 Pode ser avaliada através de instrumentos (para se chegar a um perfil de personalidade)

 A questão da normalidade e do patológico é uma questão crítica dentro da personalidade

 Não esquecer: uma personalidade tende a ser estável, só se pode alterar se acontecerem alterações
biológicas, fisiológicas ou acontecimentos traumáticos; mas regra geral, uma pessoa não muda radicalmente
de personalidade (se isso acontecer significa que tem uma doença)

O que é uma “personalidade normal”?


 Terroristas: personalidade normal ou patológica?

 A fronteira que separa o normal, anormal e patológico é uma fronteira muito ténue

 Aquilo que pode constituir uma norma numa cultura pode não constituir uma norma noutra cultura

 As circunstâncias mudam e a personalidade pode ser normal ou não, consoante as circunstâncias (por
exemplo, uma situação de guerra)
1. Experiência de Milgram: feita com jovens em que eles tinham de controlar a quantidade de choques
que davam a uma outra pessoa, noutra sala. Mas esta pessoa era um ator que fingia estar a ser
eletrocutado. Observou-se que os jovens iam aumentando a quantidade de choques, sendo que
alguns deles até poderiam provocar a morte.

 3 tipos de personalidade: normal, anormal e patológica


o Normal:
 Que está de acordo com a norma/a regularidade;
 É definida do ponto de vista estatístico (a maior parte das pessoas, o que é mais comum) e
cultural/do contexto (o que é culturalmente aceite e faz sentido nesse contexto)

o Anormal / Não normal:


 Não segue a norma, mas não significa que a pessoa está doente, não são comportamentos
de patologia/onde exista doença (extravagância, afirmação pessoal, diferença, necessidade
de manifestação de uma crença ou de valores)
 As pessoas não estão fora da realidade (não tem alucinações, sabem o que fazem, etc.)
 A diferença entre normal e anormal é definida estatisticamente (a maior parte das pessoas
não fala assim, não se veste assim, etc.) e culturalmente (país em que está)
 Ex: os reis na altura casavam-se com princesas mais novas, de 14 anos e isso era considerado
normal; mas nos dias de hoje isso já era considerado anormal ou até mesmo patológico
(pedofilia)
 Ex: o professor chegar à sala de aulas de calções de banho e cabelo pintado de rosa
o Patológica:
 Remete para a doença/patologia; estruturação neurótica (alteração a nível percetivo,
discrepância em relação ao interior e ao exterior) e psicótica (dissociação total da realidade)
 Podemos estar perante manifestações de cariz patológico que não significam
necessariamente uma personalidade patológica (ter alucinações devido ao consumo de uma
droga)
 Tem de haver sintomas que sejam consistentes com um determinado quadro e tem de haver
uma rotura com a realidade que provoque sofrimento ao próprio ou aos outros
 Ex: o professor chegar à sala e começar a falar do sonho que teve e ir-se embora

Qual é o “prazo de validade” e o contexto de um julgamento?

 Em que contexto um determinado julgamento faz sentido? (ex: na cultura muçulmana os homossexuais são
julgados)

 O comportamento da pessoa é um crime? Ou é um desvio da personalidade? -> Depende do grau de


consciência da pessoa enquanto está a praticar o ato, o tipo de personalidade que ela tem e outros fatores

 É importante fazermos avaliações para avaliar e compreender um determinado perfil e em que medida ele
corresponde a um perfil de personalidade normal ou patológica

 DSM pode ajudar-nos a determinar se estamos perante uma personalidade normal ou patológica, pois
compara um determinado perfil de personalidade com uma norma (determinada estatisticamente e
culturalmente) (DSM foi feito a pensar na cultura ocidental, semelhante a Portugal); mas o DSM muitas
vezes pode estar a confundir a patologia com a anormalidade

 Ir a procuras de sintomas, sinais e dar-lhes um significado; podemos dar este significado baseado numa
norma (à luz do DSM)

 Podemos também construir um perfil da pessoa a partir de histórias (influências na personalidade,


experiências do passado e do presente)

 Quando faço um julgamento daquela criança tem de se referir em que é que se baseia o julgamento (em
sintomas, em observações, etc.)

 Eu enquanto psicólogo tenho também os meus juízos e preconceitos sobre o normal e o patológico, o que é
esperado e o que não é, e por isso há algum enviesamento por parte do observador

 DSM está fundado numa cultura ocidental, que pode não ser generalizada a outros países e culturas

 Consultas com crianças – é preciso criar mediadores (atividades lúdicas, técnicas projetivas, brincadeiras,
etc.) para que a criança possa dizer o que sente indiretamente, na sua própria linguagem

 Caso clínico do Rafael – os sintomas manifestados pelo Rafael pode ser interpretados à luz de 2 caminhos
diferentes:
1. À luz do DSM (ou outro instrumento de classificação como o CID): podemos dizer que estamos
perante criança com uma pré-estrutura de personalidade psicótica (pré-estrutura porque o Rafael
tem 7 anos e o seu desenvolvimento ainda não está concluído; desde que nascemos temos pré-
estruturas de personalidade)
 O DSM muitas vezes torna-se generalista, pois atribui um rótulo/classificação
2. Cariz fenomenológico/desenvolvimental: esta criança apresenta um transtorno de personalidade
decorrente de uma dinâmica familiar disfuncional (pai ausente que não reconhece que ela tem
problemas, o irmão é uma referência para o irmão porque já trabalha aos 13 anos, as necessidades
da criança não são atendidas pela porque ela preocupa-se mais consigo própria do que com a
criança);
 Em vez de atribuir um rótulo/classificação, eu faço uma descrição dos traços da pré-
estrutura de personalidade que o Rafael apresenta, mas esta descrição é baseada sobretudo
na sua história (“dá-se uma história ao sintoma”)
 Eu não classifico sintomas, mas explico-os com base na sua história, contexto familiar,
dinâmicas de relação, etc.
 Se a história de vida do Rafael fosse outra, e se o contexto se alterasse, provavelmente os
sintomas seriam outros

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