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APOST.

05- O Diagnóstico Diferencial entre os Distúrbios


Psicopatológicos e a Ação Extraordinária do Demônio
Dr. Héctor de Ezcurra1
Aos médicos ensinam como primeira coisa as patologias existentes, para
que possam depois efetuar o diagnostico diferencial entre elas. Por esta
razão desde o início do meu trabalho recolhi (das opiniões de autores
que lia ou escutava e em base à experiência que estava fazendo) alguns
diagnósticos psiquiátricos que muitas vezes geram confusão no
momento do discernimento entre quadros psicopatológicos e a AED
(ação extraordinária do demônio).

No discernimento entre estas duas situações (distúrbios psicopatoló gicos


e AED) as características de algumas patologias mentais podem às vezes
gerar confusão. Isto poderia acontecer com quase todos os distúrbios
mentais, mas em base a alguns autores e à experiência da nossa equipe
preparei esta tabela com os doze quadros psiquiátricos que mais
frequentemente requerem um diagnóstico diferencial com a AED.
Substancialmente, estes são os quadros clínicos que deveremos por
primeiro descartar durante o colóquio com uma pessoa que refere
sintomas de AED.

Quadros psiquiátricos que podem ser confundidos com a AED


Categoria Geral Diagnóstico
1. Esquizofrenia (EN: Schizofrenia)
Transtornos 2. Distúrbios delirantes (EN: Delusional Disorder)
Psicóticos 3. Distúrbio psicótico condividido (Folie" à deux") ou Distúrbio
(Psychotic Delirante Induzido (EN: Shared Psychotic Disorder)
Disorders) 4. Estados alterados por uso de substâncias (Distúrbios por uso de
substâncias psicoativas) (EN: Substance Use Disorders)
Formas de 5. Distúrbio histriônico de personalidade (EN: Histrionic
Dissociação e Personality Disorders)
“Histeria” 6. Distúrbio de Conversão (Distúrbio de sintomas neurológicos
(Dissociation funcionais) (EN: Conversion Disorder)

1
Médico, especialista em Psicologia Médica, especialista em Psiquiatria, Psicoterapeuta. Membro do
Grupo da Pastoral da Consolação da Diocese de San Isidro (Argentina).
and Hysteria) 7. Distúrbio dissociativo da identidade (“Personalidade múltipla”)
(EN:Dissociative Identity Disorder)
Transtornos de
humor 8. Episódio Hipo/Maniacal (:EN: hypo/Manic Episode)
(Mood 9. Episódio Depressivo (EN: Depressive Episode)
Disorders)
Transtornos 10. Distúrbio obsessivo-compulsivo (EN: Obsessive-Compulsive
neuróticos Disorder)
(Neurotic 11. Síndrome de Tourette (Distúrbio com tiques combinados
Disorders) motores múltiplos e vocais) (EN: Tourette’s Disorder)
Simulação
12. Distírbio Fictício (EN: Factitious Disorder)
(Simulation)
Conforme esta tabela, redigi, para meu uso pessoal e para compartilhá-la
com os colegas e os exorcistas, um Guia de discernimento, constituído
da vários quadros comparativos nos quais busco responder à pergunta: “
Como distinguir este quadro psicopatológico da possessão, da
vexação, da obsessão ou da infestação demoníaca?”.

Há um quadro comparativo para cada uma das doze situações clínicas. O


argumento é longo e poderão lê-lo tranquilamente nos Atos da
Convenção. Hoje, por razões de tempo, apresentarei só alguns
diagnósticos, confrontando os seus sintomas e sinais com aqueles da
AED. A tentativa foi aquela de criar um instrumento capaz de ajudar
no discernimento entre uma condição e outra.

Este guia deveria ser um esquema e um trabalho a ser completado, ao qual


gostaria que os meus colegas com mais experiência fizessem acréscimos,
comentários ou correções. Este se dirige principalmente aos profissionais
da saúde mental, mas também aos exorcistas e aos seus auxiliares de modo
que possam ter presente o gênero de diagnóstico diferencial que o
psiquiatra realiza e possam compartilhá-lo com os seus consulentes de
saúde mental. Creio que possa ser muito útil a u profissional da saúde
mental que começa a sua colaboração na equipe de um exorcista.

Em cada tabela, na coluna da esquerda, são elencadas algumas


características distintivas de cada diagnóstico psicopatológico. Na coluna
da direita, invés, se apresentam, para confronto, algumas peculiaridade da
AED que favorecem o diagnóstico diferencial com quanto precede. É óbvio
que nesta coluna estará sempre presente, mesmo que seja uma repetição,
uma manifestação de AED que poderia ser um sinal (objetivo, verificável)
ou um sintoma (subjetivo), senão não haveria motivo para pensar à AED.

Guia de discernimento entre alguns quadros psicopatológicos e a AED

Os casos mais frequentes de confusão com a AED acontecem em


presença de psicoses. Os distúrbios mais representativos a serem
considerados são a esquizofrenia, os transtornos delirantes e, como
caso particularmente capaz de confundir, a psicose condividida.

1. ESQUIZOFRENIA
Encontramo-nos diante de um paciente, que pode ser homem ou
mulher, que é nervoso, faz gestos bizarros, fala de modo incoerente,
grita, é agressivo ou ameaçador e deve ser mantido parado por
várias pessoas ou, ao contrário, um paciente que é rígido e não
reativo, que crê ver ou sentir coisas inexistentes (vozes que lhe
falam e lhe controlam a mente, alucinações), que ri descontroladamente sem razão ou
fala de coisas absurdas (delírio). Este paciente pode também fazer discursos de natureza
místico-religiosa. A família diz que há algum tempo se comporta de modo estranho, é
emotivamente isolado, irreconhecível. Os parentes perguntam: “este estado pode ser
fruto de ação do demônio? Pode ser a consequência de um malefício?”
ESQUIZOFRENIA AED (Possessão)
Psicose deteriorante, caracterizada por Não há uma psicose nem uma deterioração
delírios, alucinações. psíquica. Fora dos momentos de transe pode
ter uma vida normal.
Delírio (bizarro ou desorganizado). Ausência de uma estrutura autocêntrica do
Alucinações (sobretudo auditivas). discurso.
“Alucinações” sem interpretações
delirantes.
Isolamento social progressivo, Momentos de crise (transe) e outros de
impossibilidade de uma vida normal. calma.
Doença permanente (deterioração), com Vida normal fora da crise.
descompensações.
Pensamento e discurso desorganizado Falar e compreender línguas
(desagregação, incoerência). desconhecidas.
Comportamento muito desorganizado Reação violenta (ou letárgica) imprevista,
ou catatônico. em momentos particulares (como aversão
Excitação psicomotora (que responde ao sagrado), e que não reage a remédios
aos remédios). (ou efeito paradoxal). Pode ter uma força
superior à normal.
Risadas imotivadas. Podem acontecer também risadas
imotivadas.
Expressividade emotiva sem vida, abulia. Expressividade normal (fora das crises)
Precedente personalidade esquizoide Qualquer personalidade precedente.
(silencioso, isolado, introvertido, não tem
relações sentimentais, não participa a
esportes de equipe).
Início na adolescência ou juventude, Data de início precisa (contato com o
evolução crônica, com deterioração ocultismo).
residual pós quadro agudo. Não há deterioração.
Melhora com remédios antipsicóticos. Não muda ou piora com remédios
antipsicóticos.
Não muda ou piora com os exorcismos. Melhora com exorcismos ou orações de
libertação.
Ausência de fenômenos preternaturais. Há outros sinais tradicionais de
possessão ou indícios suspeitos de AED:
clarividência, aversão ao sagrado, etc…

2. TRANSTORNOS DELIRANTES
Se uma pessoa se apresenta com ideias delirantes bastante
credíveis (por exemplo, crê de ser espiado, envenenado,
infectado, crê de ser vítima de um malefício ou que o
tenham feito adoecer) ou sustenta de ter revelações porque é
um eleito, é especial, e atribui estas situações à ação direta
do demônio, se pode criar confusão entre uma desordem
delirante e a AED.
Transtonos AED (Possessão ou Vexação)
delirantes Ausência de delírio.
Psicoses não deteriorantes
caracterizadas por delírios. Ausência de uma estrutura autocêntrica do
Delírio provável (erotomane, discurso.
megalomaníaco, de ciúme, persecutório
(paranoia), somático). Falar e compreender línguas desconhecidas.
O sujeito não apresenta uma linguagem
desorganizada. Reações violentas ou letárgicas de fronte
O sujeito não apresenta comportamento ao sagrado.
desorganizado.
Sem embotamento afetivo, sem abulia. Expressividade normal (fora do transe).
Se existem alucinações, não são “Alucinações” sem interpretações
importantes e estão ligadas ao tema delirantes, ligadas à ação demoníaca.
delirante (por exemplo, a infestação, a
possessão).
As relações sociais não são Não há deterioração.
particularmente alteradas e o Data de início precisa.
comportamento não é manifestamente Vida normal fora da crise.
extravagante ou bizarro.
Melhora com fármacos antipsicóticos. Não muda ou piora com remédios
Piora ou não muda com exorcismos. antipsicóticos.
Melhora com os exorcismos.
Ausência de fenômenos preternaturais. Presenza di altri fenomeni preternaturali.

3. PSICOSE CONDIVIDIDA
(Transtorno Delirante Induzido)
Apresentam-se duas ou mais pessoas (cônjuges
ou parentes próximos) que referem sinais que
podem fazer pensar à AED, mas o que uma
destas pessoas refere aparece delirante, ainda
que tenha o apoio e o testemunho da outra.
Devemos distinguir a AED de uma Psicose
Condividida, pelo que será oportuno falar com as pessoas separadamente.

PSICOSE CONDIVIDIDA AED


(“FOLIE À DEUX”)
Psicose insólita, na qual os sintomas se A dificuldade do discernimento se apresenta
desenvolvem numa pessoa (passiva) no se a Psicose Condividida se manifesta com
curso de uma relação de longa duração um delírio com tema demoníaco, e o
com uma outra pessoa com sintomas familiar que acompanha busca dar
psicóticos (dominante). credibilidade aos fatos com o seu
testemunho.
Os casos mais frequentes são irmã-irmã, Nenhuma particular configuração
marido-mulher ou mãe-filho. interpessoal.
Mais frequente nos níveis Nenhuma preferência pelo nível
socioeconômicos mais baixos. socioeconômico.
A separação traz uma melhora. A separação não muda nada.
Ausência de fenômenos preternaturais. Presença de sinais de AED.
4. ESTADOS DE CONSCIÊNCIA ALTERADOS POR
CAUSA DO USO DE SUBSTÂNCIAS (Distúrbio de uso de
substâncias psicoativas)
Stati di intossicazione o astinenza da sostanze, oppure disturbi
psicotici e stati confusionali indotti dall’uso cronico di sostanze,
che rendono la persona fuori di sé, sotto il controllo di forze
apparentemente estranee alla sua volontà che possono far pensare
all’AED.
USO DE SUBSTÂNCIAS AED
História de uso de substâncias: álcool,
cafeína, maconha, alucinógenos, inalantes,
opiáceos, sedativos, hipnóticos e
ansiolíticos, estimulantes (anfetaminas,
cocaína, etc.).
Percepção nos colóquios, nos exames Não Exames clínicos
resolve normais.
os sintomas com a
clínicos (análises de sangue) que permitem psicoterapia. Presença de diversos
o diagnóstico diferencial. fenômenos preternaturais.
Frequentes situações nas quais os estados
alterados de consciência abrem a porta à
ação preternatural (ritos satânicos e afro
americanos).

5. TRANTORNO HISTRIÔNICO DA PERSONALIDADE


Quando se apresenta uma pessoa (mais frequentemente uma
mulher) que com o seu comportamento consegue colocar-se no
centro da atenção, a obter uma atenção especial, comportando -se
de modo muito dramático ou teatral (histriônico), inoportunamente
provocatório ou sedutor e que refere (particularmente convencida
da sua autossugestão) de ser afetada por problemas espirituais e
necessitar de ajuda urgente da parte da equipe ou do sacerdote por
causa de sintomas que imitam diversas condições (também a AED), é necessário
realizar um atento discernimento para saber o que poderia ser fruto da AED e o que
poderia ser i produto desta patologia, já chamada "histeria".
TRANSTORNO HISTRIÔNICO DA AED
PERSONALIDADE
Distúrbio de personalidade, reflexo no Vida normal fora da crise; pode não existir
agir de um conflito psíquico (reprimido). algum distúrbio de personalidade.
Não há lesões neurológicas.
Da sempre mostra un atteggiamento Há uma data de início precisa, devida ao
preponderante di emotività eccessiva e contato com o ocultismo.
ricerca di attenzioni: vuole essere al Pode preferir a discrição e a reserva.
centro degli sguardi, é provocante de Não necessita de provocar ou seduzir.
modo inapropriado ou sexualmente
sedutor. Utiliza constantemente o seu
aspecto físico para atrair a atenção.
Mostra dramaticidade, teatralidade e Pode ter diversos tipos de expressão afetiva.
expressão exagerada de emoção.
Tem um estilo de comunicação que é É possível ter diversos estilos de
excessivamente baseado nas impressões e comunicação.
faltam detalhes.
Apresenta repentinas mudanças e uma Pode ter “episódios” de fúria ou letargia,
expressão impassível para com as mas emotividade e expressividade normais
emoções (“belle indiférence”). fora da crise.
É sugestionável e toma excessiva
confidência.
Melhora com a psicoterapia.
Ausência de fenômenos preternaturais.

6. TRANSTORNO CONVERSIVO
Se se apresenta uma pessoa com sintomas semelhantes a crises
epiléticas, durante as quais o sujeito (mais frequentemente uma
mulher) às vezes cai por terra e entra num estado hipnoide
(semelhante a um sonho) e apresenta outros sintomas físicos
funcionais, deveremos diferenciar um estado de crise devido a
uma possessão de outro tipo de sintomas histéricos.

TRANSTORNO CONVERSIVO AED


Expressão simbólica no corpo de um
conflito psíquico (reprimido). Nenhuma
lesão neurológica.
Um ou mais sintomas de alteração da As vexações Podem tersintomas
função motora ou da função sensorial semelhantes, mas habitualmente aparecem e
(sintomas neurológicos funcionais): desaparecem (por vezes em relação à
fraquezas, paralisias, tremores, problemas exposição ao sagrado), os sintomas podem
no caminhar, na deglutição (globus ou mudar de um para o outro e são inexplicáveis
“bolo histérico”), no discurso (disfonia, para os médicos.
disartria, mutismo), anestesia ou distúrbios
visivos, auditivos ou olfativos, ou crises
semelhantes às epiléticas, sem sofrer uma
condição neurológica ou médica
reconhecida.
Os sintomas causam um mal-estar ou uma Idem.
deterioração clinicamente significativa na
dimensão social, laborativa ou outro
âmbito importante da vida.
Características neuróticas desde a infância. Dada de início precisa (contato com o
ocultismo)
Melhora com a psicoterapia. Não resolve os sintomas com a psicoterapia.
Ausência de fenômenos preternaturais. Presença de diversos Fenômenos
preternaturais.

7. TRANSTORNO DISSOCIATIVO
DA IDENTIDADE
Trata-se de uma pessoa (mais frequentemente
uma mulher) com diversos problemas
emocionais e físicos, que por momentos
parece ser uma outra pessoa, que tem atitudes
diversas se comparadas àquelas da identidade
habitual.
A pessoa pode ter a sensação que algo de
estranho a “invada” e a “prenda”. Trata-se,
talvez, doa diagnóstico diferencial com a possessão mais difícil de efetuar.
TRANSTORNO DISSOCIATIVO DA AED (POSSESSÃO)
IDENTIDADE
Intrusão involuntária na consciência que Não é uma dissociação da identidade mas
altera a integração das funções psíquicas, uma substituição temporária da identidade.
traz confusão e distorção do esquema Fora do transe, não deveriam existir nem
corpóreo. confusão nem uma distorção do esquema
corpóreo.
Verifica-se em pessoas que não chegaram a Data precisa de início (contato com o
uma boa integração da identidade, por ocultismo).
erros na educação e/ou eventos traumáticos
da vida. Distúrbio de longa data.
Estatisticamente pouco frequente. Idem.
A. Distúrbio da identidade que é A identidade que surge é especificamente
caracterizado por dois ou mais estados da de caráter malvado, cheio de ódio pelo
personalidade bem diferenciados, (de sagrado, de orgulho e de rancor. É
qualquer tipo) que pode ser descrito em totalmente estranha à pessoa (“Esta não é
algumas culturas como uma experiência minha filha.”). Podem existir fúria e
de possessão. mutismo.
A ruptura da identidade implica uma Por vezes a identidade da pessoa combate
descontinuidade importante na percepção contra a identidade demoníaca para retomar o
de si e na percepção do autocontrole, controle do seu corpo e comunicar com o
acompanhada por alterações correlatas de exorcista.
afeto, comportamento, consciência, Trata-se de uma possessão, não de uma
memória, percepção, conhecimento e/ou "experiência de possessão”.
funcionamento sensorial-motor. Deriva da ação externa de um ser não
Por exemplo: intensas emoções ou humano, dotado de inteligência e vontade
impulsos, inclusive palavras ou outras próprias, que substitui momentaneamente a
ações que surgem sem uma sensação de inteligência e vontade da pessoa, causando
pertença pessoal ou controle (até uma uma temporária suspensão passiva das
tentativa de suicídio). atividades intelectuais e volitivas, exercitando
Estes sinais e sintomas podem ser um domínio despótico sobre o corpo e sobre
observados por outras pessoas ou as ações da pessoa.
comunicados pela própria pessoa. São levados em consideração testemunhos
confiáveis.

B. Recorrentes vazios de memória de: Por vezes existem lacunas de memória só


eventos quotidianos, importantes daquilo que aconteceu durante o estado de
informações pessoais, e/ou eventos transe.
traumáticos, incompatíveis com ordinários
esquecimentos.
C. Os sintomas causam um mal-estar ou Fora dos estados de transe, habitualmente se
uma deterioração clinicamente significativa pode levar uma vida totalmente normal.
na dimensão social, laborativa ou outro
âmbito importante da vida.
D. A alteração não é uma parte normal de Há presença de fenômenos preternaturais.
umapráticaculturaloureligiosa A alteração é produzida por uma entidade
amplamente aceita. espiritual.
As crises se desencadeiam e se prolongam As crises podem ser desencadeadas e
pelas pressões psicossociais. (DSM V – prolongadas pela presença do sagrado.
2013)
Melhora com vários psicofármacos e Os sintomas não se resolvem nem com
psicoterapia. fármacos nem com a psicoterapia (podem
também continuar a piorar).

8. DEPRESSÃO MAIOR
Se estamos na presença de alguém com um estado de
ânimo abatido, ao qual se acrescentam senso de culpa e
autorecriminação de natureza moral ou espiritual, com
às vezes o acréscimo de alucinações auditivas e
pensamentos delirantes ou do desejo de morrer, a
pessoa eestá sob o efeito de uma intensa forma de
obsessão ou vexação demoníaca ou se trata de um
estado depressivo?
DEPRESSÃO MAIOR AED
Episódios de humor depressivo, com perda
de interesse ou de prazer que podem ser
confundidos com uma AED se estão
presentes delírio (ex. de condenação) e
ideias suicidas.
Humor depressivo na maior parte do dia, Podem estar presentes sentimentos intensos
quase todos os dias (subjetivo ou de desespero, impotência ou tristeza, como
observável), com senso de culpa, senso de consequência da AED. Mas não é
vazio, sensação de ser inútil, recriminação, impermeável à oração, e com esta, melhora.
pessimismo, etc.
Percebe-se uma queda significativa de
interesse ou prazer por todas ou quase
todas as atividades, para a maior parte do
dia, quase todo dia (como é claro das
informações subjetivas ou de observação).
Perda significativa de peso, sem alguma
dieta, ou perda do apetite.
Insonnia o ipersonnia quasi ogni giorno.
Agitação ou desaceleração psicomotora
(observáveis).
Fadiga ou perda de energia quase todo dia.
Sentimentos de indignidade, inutilidade ou
culpa excessiva ou inapropriada (que
podem ser delirantes).
Diminuição da capacidade de pensar ou
concentrar-se, ou tomar decisões, quase
cada dia (subjetivo ou referido).
Pensamentos recorrentes de morte, ideias Podem estar presentes gestos aparentemente
de suicídio recorrentes sem um plano “auto lesivos” que, na realidade, são do
determinado, tentativa de suicídio ou um demônio para com a sua vítima.
plano específico para leva-lo a cabo.
Os sintomas causam um mal-estar ou uma Fora dos estados de transe, comumente, se
deterioração clinicamente significativa na pode conduzir uma vida totalmente normal.
dimensão social, laborativa ou outro
âmbito importante da vida.
Os sintomas normalmente melhoram em Os sintomas não se resolvem nem com
poucas semanas com os antidepressivos e a fármacos nem com a psicoterapia (podem
psicoterapia. também continuar a piorar).
Ausência de fenômenos preternaturais. Presença de fenômenos preternaturais.
9. EPISÓDIO MANIACAL
Ao contrário, se temos diante uma pessoa que não pára
de falar, é eufórica, tem uma hiperecitação psicomotora e
é mutável, às vezes é agressiva ou até furiosa e parece
enlouquecida, fora de si e mostra uma extraordinária
força física, trata-se de uma possessão ou de um quadro
maniacal?

MANIA AED
Episódio de expansão afetiva, que imita aquilo Pode haver agitação e violência nos
que popularmente definiria a possessão: excessiva momentos de crise, mas raramente
energia física, desaparecimento de cansaço e sono, com um humor expansivo ou eufórico.
presença de desinibição, gastos excessivos,
obscenidade, gritos, hipererotismo, violência.
Este episódio, se se alterna com episódios
depressivos, constitui um Transtorno bipolar.
Um períodobem definidode humor
anormalmenteepersistentementeelevado,
expansivo ou irritável, e um aumento anormal e
persistente de atividade ou de energia dirigida a
um objetivo.
Excitação psicomotora. Momentos de agitação, mas em
relação a fatores desencadeantes
espirituais (aversão ao sagrado).
Melhora com estabilizantes do humor e Não melhora com psicofármacos
antipsicóticos sedativos. sedativos.
Notável mudança do comportamento habitual, Fora dos momentos de crise, não se
com: dão mudanças evidentes no
 Autoestima aumentada ou sentimento de comportamento habitual.
onipotência. No momento do transe, quando o
 Diminuição da necessidade de dormir. demônio fala, pode mostrar grande
arrogância e soberba: "adora-me, eu
 Maior loquacidade da comum. Pensamento
acelerado. Distraibilidade. sou o teu rei".
 Maior atividade endereçada a um objetivo
(social ou sexual) ou agitação psicomotora.
 Comportamentos arriscados (compras, farras,
comportamentos sexuais imprudentes ou
investimentos de dinheiro sem critérios).
Grave deterioração da vida laborativa ou das Fora da crise, não há alguma
atividades sociais habituais (abrigo). deterioração no âmbito laborativo o
social.
Ausência de fenômenos preternaturais. Presença de fenômenos preternaturais.

10. TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO


A pessoa relata obsessões intensas, ou pior, de natureza
moral ou espiritual. Sente-se “constrangida” pela sua mente
a executar comportamentos compulsivos ou rituais e por
vezes pode provar uma verdadeira “experiência de
possessão”. É um distúrbio obsessivo-compulsivo ou uma
obsessão demoníaca? (Quadros que compartilham o mesmo
nome, mas cujas naturezas são totalmente diversas).
TRANSTORNO OBSESSIVO ASD: OBSESSÃO DEMONÍACA
COMPULSIVO (T.O.C.)
Distúrbio de ânsia, caracterizado por Muitas vezes associado a um TOC.
obsessões e compulsões.
Precedentes obsessivos desde a infância. Dado preciso do início (contato com o
ocultismo).
Presença de obsessões, compulsões ou Obsessões demoníacas: invasões de
ambas: pensamentos e desejos negativos e
As obsessões são definidas por: pecaminosos, sentimentos de cansaço
 Pensamentos, impulsos ou imagens psíquico, desconfiança, falta de coragem e até
recorrentes e persistentes, que são desespero, impulsos autodestrutivos,
vividas pela pessoa, a um certo ponto sacrílegos, e até ideias suicidas.
no curso da doença, como se fossem
intrusos ou indesejados, e que na Não é dito que existam compulsões.
maior parte dos sujeitos causam ânsia
ou um mal-estar importante. O sujeito se sente enlouquecer. Por vezes as
 O indivíduo busca ignorar ou suprimir obsessões buscam convencê-lo a fazer um
estes pensamentos, impulsos ou pacto com o diabo, a profanar a Eucaristia,
imagens, ou neutralizá-los com o fazem se sentir já condenado ou procuram
qualquer outro pensamento ou ato, isto impeli-lo a matar-se.
é, realizando uma compulsão. A pessoa pode ter a sensação de ser já um
As compulsões são definidas por: cadáver, de ter um odor repugnante.
 Comportamentos repetitivos (por
exemplo, lavar-se as mãos, organizar,
controlar as coisas) ou atos mentais (por Comumente há um bloqueio na oração, ou
exemplo, rezar, contar, repetir palavras também ódio, sem motivações, por tudo o
em silêncio) que o sujeito faz como que é sacro.
resposta a uma obsessão ou segundo as
regras que deve aplicar rigidamente.
 O escopo dos comportamentos ou atos Há fenômenos preternaturais presentes.
mentais é aquele de prevenir ou reduzir
a ânsia ou o mal-estar, ou evitar
qualquer sucesso ou situação temida.
Todavia, estes comportamentos ou
atos mentais não são conexos de modo
realístico com aqueles destinados a
neutralizar ou prevenir, ou são
claramente excessivos.
Os temas não se limitam a aspectos Os temas são comumente limitados ao
espirituais, (fechaduras, gás, âmbito espiritual.
contágios, números, etc.).
As obsessões ou as compulsões
requerem muito tempo (por exemplo,
ocupam mais de uma hora por dia) ou
causam um mal-estar clínico.
Melhora com fármacos ansiolíticos O remédio não resolve os sintomas.
ou antidepressivos. Não muda com o Melhora com a oração de libertação ou
exorcismo. o exorcismo.

11. SÍNDROME DE TOURETTE


Uma pessoa descreve uma condição semelhante àquela do quadro
precedente, à qual se acrescentam os tiques: não pode deixar de
fazer gestos obscenos, caretas, de farejar, dizer palavras obscenas ou
emitir grunhidos, às vezes também diante de objetos sacros. É uma
desordem de Gilles de la Tourette ou uma possessão?
SÍNDROME DE TOURETTE AED: OBSESSÃO DEMONÍACA
Distúrbio de tiques motores múltiplos e
um ou mais tiques vocais, começados na O princípio é ligado ao contato com o oculto.
infância. Podem ser intermitentes, mas
são persistentes.
Ostiquessãovocalizaçõesou
movimentos improvisos, rápidos,
repetitivos, vocalizações não rítmicas.
Tiques motores (saltar, cheirar, bater,
agachar-se, fazer gestos obscenos, caretas).
Emissão compulsiva de palavras As caretas, rumores, movimentos,
obscenas, tosse, grunhidos, limpar obscenidades são limitadas à exposição ao
nervosamente a garganta, latir, bufar, sacro.
gritar, assobiar, estalar a língua, emitir
sons inarticulados.
Sintomas obsessivo-compulsivos.
Todos os sintomas aumentam com a ânsia
(não limitados aos momentos de
exposição ao sacro).
Ausência de fenômenos preternaturais. Presença de fenômenos preternaturais.

13. TRANSTORNO FICTÍCIO


O sujeito falsifica sinais ou sintomas físicos
ou psicológicos, se provoca lesões ou
enfermidades, consciente do engano.
Diferente da sugestão de um transtorno histriônico, ou
do delírio de um distúrbio psicótico, a pessoa sabe de
estar mentindo e o faz por algum benefício secundário
(receber atenções da família ou uma dispensa do
trabalho, evitar uma responsabilidade, um problema jurídico, etc.).

TRANSTORNO FICTÍCIO

O indivíduo se apresenta diante dos outros como doente, incapaz, ou ferido.

O comportamento enganoso é evidente também na ausência de uma recompensa esterna


evidente.

O comportamento não pode ser melhor qualificado como um outro distúrbio mental, como o
transtorno delirante ou um outro transtorno psicótico.

Ausência de verdadeiros fenômenos preternaturais.


AED

Presença de fenômenos preternaturais objetivos (provas várias com objetos bentos ou sacros, sem que a pessoa o
saiba).

Um par de exemplos para mostrar o uso do guia:


1) Laura
Laura é uma mulher de 37 anos que nos foi trazida pela sua família e
principalmente pela cunhada, que é mulher de grande fé. Contou-nos
que há seis anos se sente como se tivesse o corpo amarrado, como se
tivesse um grande peso sobre si. Tudo começou quando a sua família
comprou uma casa nova: daquele momento Laura começou a sentir-
se desconfortável em casa, a sentir-se observada. Em seguida
começou a ver uma sombra, semelhante a uma pessoa. Parecia-lhe
de perceber gente que a olhava pelas janelas ou de assistir a uma
espécie de velório da pessoa que vivera naquela
casa e costumava participar a “encontros Tao”. Laura acreditava que estava
enlouquecendo: começou a não comer e a perder peso, a não querer mais viver
e a ter propósitos suicidas. Foi a vários psiquiatras que lhe diagnosticaram uma
depressão e prescreveram remédios para curá-la, mas se, algum efeito. Os
remédios lhe davam sonolência e dois anos antes havia parado de toma-los.
Junto, muito próximas da casa em que Laura vivia com a família, moraram
algumas pessoas seguidoras do culto de Umbanda (um culto afro - brasileiro).
A um certo ponto a família de Laura se mudou para outra casa e ela se sentiu
melhor. Os novos inquilinos da sua velha casa, invés começaram a se sentir
mal e tiveram que se mudar.
Laura sofreu também de crises semelhantes à epilepsia, mas num prestigioso
centro de neurologia, na Argentina, excluíram completamente que se tratasse
de epilepsia.
O psiquiatra que a examinou lhe diagnosticou depressão e stress e lhe prescreveu
remédios para estas condições. Razoavelmente, um psiquiatra poderia dizer que
se trata de um caso de depressão maior com traços psicóticos (delírio
persecutório e alucinações), todavia a cunhada, assídua frequentadora das Missas
da renovação carismática, se deu conta que Laura não conseguia rezar, entrar na
igreja ou participar da Missa, mesmo que procurasse ir. Experimentou leva-la a
um sacerdote muito conhecido, de grande carisma, que celebra Missas e ritos de
cura. Naquela ocasião, durante a Missa, Laura, apenas se aproximara ao
Santíssimo Sacramento, pôs as mãos para frente e disse "Não!! Não!! Não!!".
Depois da Missa o sacerdote lhes recomendou que vissem um exorcista deu-lhes
o contato.

Quando se encontrou diante do exorcista, Laura olhou para baixo (não conseguia
olhá-lo no rosto mesmo querendo) e declarou que o corpo lhe doía e que sentia
sempre como um peso quando se aproximava a uma igreja. Depois entrou em
transe e com uma voz masculina disse “Vocês não podem contra mim!!”.
Daquele momento Laura começou a receber exorcismos e o seu funcionamento na
vida quotidiana melhorou. Cada vez que vai rezar, enquanto se aproxima da
igreja, começa a andar em transe, luta, faz força para entrar e são necessários dois
ou três parentes e outras quatro pessoas para obrigá-la a entrar e mantê-la firme
sobre a maca.
Durante a oração mostra uma grande raiva e uma grande força, arranha até os
auxiliares com as unhas, mas uma vez terminada a oração volta em si e
cumprimenta, está cansada, tranquila, gentil e reconhecida.

Se vemos o quadro comparativo entre Depressão e AED, notamos que:


 O diagnóstico de depressão não explica os momentos de transe no qual
fala com uma voz não sua, nem uma resistência e um mal-estar que não
lhe são próprios toda vez que tenta entrar numa igreja, querendo fazê-lo.
 Os transes se dão só em presença do sacro.
 Não melhorou com antidepressivos e antipsicóticos.
 Está melhorando muito com as orações de exorcismo.

2) Marina
Marina é uma jovem de vinte e oito anos, solteira. Estava para se casar mas,
entrando numa igreja para marcar a data do casamento, começou a se sentir
mal e a tremer. Naquela paróquia se celebram Missas carismáticas.
Convidaram-na para um grupo de oração e durante as reuniões de oração do
grupo Marina caía por terra e chorava muito. A um certo ponto, tudo isso
começou a acontecer-lhe também na Missa.

Um diácono começou a rezar sobre ela orações de libertação. Quando estava


de fronte ao SS. Sacramento exposto Marina caía como em um sonho e
enquanto se encontrava naquela condição, falava, tremia, ameaçava. Durante o
transe Marina escutava e via aquilo que acontecia, mas não podia impedir.
Conhecia coisas que não poderia saber.

Tudo isso começou no dia em que estava tomando banho e lhe apareceram
como que penas vermelhas da cabeça e, sucessivamente, penas pretas. Dali
começaram todos os problemas.

A família do noivo não queria que se casassem. Os familiares visitaram o


apartamento do noivo de Marina para “tratá-lo” (espiritualmente) e levaram
“comida especial para ela”. Ademais, jogaram várias vezes diante do seu
negócio objetos de bruxaria.

Marina cancelou o matrimônio, começou a rezar o Rosário e o terço de S.


Miguel Arcanjo e melhorou.
Quando está diante do exorcista Marina entra em transe, se joga numa poltrona
e com voz sensual dirige frases de gozação e provocatórias ao exorcista.
Quando este lhe ordena de dizer o seu nome ela responde: “Astarot”, “a
Besta” e “Lúcifer”. Aspergida com água benta, grita de dor: “Me queima!!”.
Quando o exorcista reza, a voz o desafia: “Sou forte!!”, “Não tenho medo de
você!!”, “Calado!!”, “Trate-me com respeito! Sou deus”, “É minha, me
deram de presente”, “Não me vou embora, compreendeu?”.

Os seus sintomas poderiam fazer pensar a um Transtorno histriônico, com


traços de transtorno de conversão, como diz um relatório psicológico que
trouxe, ou também um Transtorno dissociativo da identidade, mas:

 Fora das crises não parece uma pessoa teatral, excessivamente emotiva
ou com a “belle indifférence”. Não parece querer chamar a atenção para
o seu aspecto físico, não parece nem sugestionável nem uma pessoa que
costuma tomar excessiva confidência.
 Não há deterioração laborativa nem social.
 Fora dos momentos de crise, vive normalmente.
 Não mostra distúrbios neurológicos funcionais, salvo que durante as
crises (durante as quais apresenta quedas, sonolência, tremor, que
iniciam e acabam bruscamente, e só durante os momentos de oração).
 Os sinais e sintomas se verificam só na presença do sagrado.
 Observa-se o emergir de uma identidade estranha, sem pontos de contato
com a identidade habitual de Marina, que controla as suas ações e a sua
voz, sem seu consentimento, mesmo que ela mantenha a consciência e a
percepção de quanto acontece.
 Tem una data de início precisa dos sintomas, relativa ao contato com o
ocultismo. Não sofreu de distúrbios psíquicos durante a infância e a
adolescência.
Conclusão
Durante os últimos oito anos procurei intensamente resposta à multidão de
perguntas que me sugiram durante o meu trabalho como psiquiatra consultor
dentro do grupo de auxiliares. Todavia, para cada resposta que encontro,
surgem-me sempre novas perguntas: Qual é a relação entre o mal e a
influência demoníaca?”, “Este estado estuporoso pode ser causado pela ação
de um malefício?”, “Como se sabe até que ponto um sintoma é um traço
psicopatológico da personalidade ou consequência da ação maléfica?”,
“Quando uma pessoa aflita, fora do estado de transe, maltrata o exorcista é a
pessoa aflita que o faz ou é um efeito da possessão que sofre?”, “Quanto pode
o demônio usar a patologia preexistente?”, “Quanto influi a cultura ou a
personalidade da pessoa aflita no modo de manifestar-se do demônio?”,
“Porque tantos aflitos tem uma história de capacidade de adivinhação ou
visões desde crianças?”, “Quanto podem os aflitos controlar as manifestações
demoníacas?”, etc. Neste campo de coexistência tão estreita com o mistério,
não é tão fácil encontrar as respostas verdadeiras e fundadas.

Gostaria que outros colegas iniciassem a colaborar com os exorcistas, para que
uma pessoa aflita pela ação extraordinária do demônio jamais seja internada
num hospital psiquiátrico, mascada como doente mental, nem que um paciente
doente mental com um delírio místico receba erroneamente exorcismos que
possam agravar-lhe a condição psíquica. Esta colaboração beneficiaria não só
aqueles que são aflitos, mas também exorcistas, e do ministério do exorcista
em geral, e ao mesmo tempo, colaboraria com a ação evangelizadora da Igreja.

Penso que o profissional da saúde mental que se sente chamado a colaborar


com este ministério, e se empenha a fazê-lo, tenha também necessidade de ser
(citando o ritual) "preparado especialmente para esta tarefa". Esta difícil
preparação, por hora, é uma tarefa solitária e cheia de obstáculos, e não
deveria ser assim.

Fiquei contente de encontrar de novo numa nota jornalística 2, as opiniões do Dr.


Walter Cascioli que cito aqui em seguida: “ Entre psíquico e espiritual há uma
terra de ninguém. Não existe ainda uma escola de formação em nível
universitário. Falta uma abordagem interdisciplinar na qual as ciências
humanas se encontrem com aquelas religiosas e a psiquiatria com a demonologia
e a exorcística. Para compreender as dinâmicas do espírito serve a formação
pessoal em específicos cursos nos ateneus pontifícios. Vai promovida uma maior
colaboração entre pessoas
2 “Lo psichiatra: le università pontificie creino corsi per esorcisti", Lorenzo Cresci e Giacomo Galeazzi,
La Stampa/Vatican Insider, 26 settembre 2016.
especialistas em medicina e psiquiatria que sejam competentes também nas
realidades espirituais”.

Sei que esta é uma ideia ambiciosa, mas estou absolutamente de acordo. No
início da conferência falei da falta de informações técnicas e sérias. As poucas
vezes que os colegas me pediram uma bibliografia específica, pude só dar-lhes
as notas que escrevi nestes anos. Os livros e as lições que encontrei mais úteis
não são nem mesmo traduzidos em espanhol. Quero retomar este ponto agora,
porque penso também que a Associação Internacional dos Exorcistas possa
desempenhar um papel muito importante nisto, através de três ações
fundamentais:
1) Pondo em contato os colegas de saúde mental que estão trabalhando
neste ministério em várias partes do mundo, encorajando-os a conhecerem-
se, a trocarem entre si experiências e ajudarem-se mutuamente na sua formação
(por exemplo, organizando encontros de colegas em coincidência com as
convenções da AIE).
2) Organizando momentos de formação para os profissionais da saúde
mental que queiram colaborar com o Ministério do exorcismo , (sob forma
de Cursos ou Jornadas de formação). Sei que alguns colegas estão já
fazendo isto e acho muito precioso.
3) Encorajando a publicação de bibliografia sobre o discernimento entre
AED e Psicopatologia, em diversas línguas, que possa acabar nas mãos também
de profissionais que se encontram nos países mais afastados e que não têm a
oportunidade de participar de uma convenção como esta.

Estas ações seriam de grande importância para preparar a nós, psicoterapeutas,


psiquiatras e psicólogos, à delicada tarefa de colaborar com os exorcistas no
precioso e necessário trabalho que por mandato de Cristo levam adiante,
acompanhando e intervindo a favor dos nossos irmãos feridos pela ação cruel
do maligno. Muito obrigado!
Dr. Héctor de Ezcurra
Equipe da Pastoral da Consolação
Diocese de San Isidro (Argentina)
E-Mail: hectorezcurra@gmail.com
Bibliografia
 ”Possessione diaboliche ed esorcismo”, P. Francesco Bamonte, Paoline,
Milano, 2006.
 “Diario di un exorcista”, René Chenesseau, Nova Millennium Romae,
Roma, 2007.
 “Diabolical Possession and Exorcism”, P. Francesco Bamonte, Bertie-John
(Nig.) Printers, Lagos, 2008.
 “El maleficio en su realidad y fundamento diabólico”, Conferencia del P.
Gabriele Nanni, V Congreso Nacional de Exorcistas, CEAM, México,
septiembre 2011.
 “Influencias demoníacas: Infestación, Opresión, Vejación, Obsesión y
Posesión demoníaca”, Conferencia del P. Gabriele Nanni, V Congreso
Nacional de Exorcistas, CEAM, México, septiembre 2011.
 “Aspetti Medici”, Clase del Dr. Francesco Cecere, Curso “Esorcis mo e
preghiera di liberazione”, Ateneo Pontificio Regina Apostolorum,
Roma, 7/mayo/2014.
 “Esorcistica e Psichiatria a confronto, Modalità di dialogo. Problemi
interpretativi di diagnosi differenziale”, Conferencia del Dr. Valter
Cascioli, Octubre 2014.
 “Guía de consulta de los criterios diagnósticos del DSM V“, Asociación
Americana de Psiquiatría, 2014.
 “Psiquiatría y posesión diabólica”, Prof. Dr. Aquilino Polaino-Lorente,
Catedrático de Psicopatología de la Universidad Complutense de Madrid.
 “El diablo existe. ¡Yo lo encontré!”, Fray Benigno, Ediciones Paulinas,
México, 2011.
 “Compendio de Teología Ascética y Mística”, P. Adolphe Tanquerey,
Editorial Desclée, Madrid, 1930.
 Nuevo Ritual de Exorcismos – De Exorcismis et Supplicationibus
Quibusdam.

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