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Tradução Sérgio
Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 9-91, 2019.
O livro apresenta fatos (ainda que sem fazer referência a alguns deles), analisa obras e
conta histórias sobre a concepção e o papel da mulher. É uma leitura considerada simples,
para os padrões da época, porém, bem intensa. A leitura é extremamente densa e rica em
detalhes, onde o leitor se vê lendo outros livros e realizados pesquisas em sites de busca
no intuito de entender as referências e as reflexões da autora, mas é algo que pode ser
superado se a pessoa que está lendo já tem um bom entendimento de outros autores, do
contexto e das literaturas relacionadas à época. O livro é composto por dois volumes, o
primeiro volume trata sobre os fatos e os mitos, e o segundo volume discorre sobre a
experiência vivida.
Na primeira parte, intitulada “Destino”, a autora fala sobre os dados biológicos, o ponto
de vista psicanalítico e do materialismo histórico:
*Contato: cvsmozinski@id.uff.br
1. Os dados da biologia
Nessa seção, a autora cita as diferenças biológicas existentes entre o homem e a mulher,
ao mesmo tempo que comenta sobre a reprodução assexuada, citando que a sexualidade
não está contida na reprodução, logo a definição da mulher não deve ser feita a partir de
seus órgãos reprodutores. A autora discorre sobre o sexismo biológico e como a biologia
da mulher foi base para a legitimação da sua opressão. E afirma que existe diferenças sim,
entre os sexos, contudo, quando o pleno emprego da força corporal não é exigido, essas
diferenças se anulam.
Neste capítulo, a autora faz uma espécie de questionamento aos psicanalistas, pois eles
situaram o homem como figura concreta, e a mulher um ser privado do pênis, sendo a
ausência do pênis um fator que impede a mulher de se tornar presente a si própria,
excluindo a libido feminina (e a feminilidade), considerando apenas a libido a partir do
macho (como impulso, energia).
A autora também comenta que os psicanalistas definem o homem como ser humano e a
mulher como fêmea. E todas as vezes que se conduz como ser humano, é afirmado que
ela imita o macho. Logo, exclui-se o estudo da mulher no contexto de ser humano em
busca de valores, dentro de uma estrutura social, que não seja ela mesma caracterizada a
partir do homem.
Nesta parte, a autora traça um paralelo entre o homem e a mulher, no que diz respeito a
força de trabalho. Nos primórdios da sociedade, a mulher participava ativamente da vida
econômica, por meio do manejo e cultivo de plantações. No momento em que foi
demandado um trabalho físico mais intenso, houve o início da escravização do homem e
da propriedade privada, logo, o homem também se tornava proprietário da mulher. No
texto, Simone demonstra que a sociedade patriarcal estabeleceu um estereótipo do que é
“ser mulher” que foi naturalizado na sociedade e reproduzido pela própria mulher como
um produto da cultura. A autora também menciona que em sociedades onde não são mais
necessárias a força física de trabalho, a mulher voltará a estar em igualdade com o homem.
Referência
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo, v1. Primeira parte: destino. Tradução Sérgio
Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 9-91, 2019.