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Do mesmo modo, rejeita a tese de uma natureza inferior da mulher, sendo a sua
submissão ao homem também culturalmente construída. Logo, não por sua natureza,
mas por causa do seu papel histórico e da invisibilidade resultante, é que a mulher
ganha a condição de segundo sexo. Com o termo segundo sexo, ela está dizendo de
um sujeito de direitos de segunda classe, que vem depois do homem. Não importa
quem ela seja, mãe, esposa, amante, a mulher foi e é definida em relação ao homem,
em relação ao “Outro”. Obviamente que a superação dessa situação passaria pelo
desenvolvimento da autonomia da mulher e pela conquista de sua liberdade
econômica. Beauvoir discute em seu livro a condição das mulheres na França pós-
guerra, retratando o cotidiano dessas mulheres, sobretudo no contexto conjugal. É
importante contextualizar, ao mesmo tempo em que é possível identificar a
proximidade dessas análises com o contexto atual no Brasil.
Para Beauvoir (1980), todas as características que tomamos como inatas precisam
ser desconstruídas, na medida em que elas não apenas reconhecem as diferenças
entre os sexos, mas reforçam desigualdades. A marcação das diferenças entre
homens e mulheres tem então servido para atribuir características inferiorizantes às
mulheres e torná-las subalternas. E age também na reafirmação do reconhecimento
dos homens como sujeitos universais e de primeira classe. Para a autora, quando se
ensina às mulheres a serem “maternais”, “dedicadas”, “dóceis”, “passivas”, entre
outras construções que podemos facilmente identificar, ensina-se a submissão e,
portanto, a se aceitar qualquer atitude de opressão e violência dos homens. Aos
homens são ensinados valores opostos, de “força”, “agressividade”, “dominação”. É
importante reconhecer que homens e mulheres são afetados por essas lógicas,
porém precisamos avaliar os efeitos e significados para cada um.
Como Beauvoir diz, o preço pago pelas mulheres é serem reconhecidas como
inferiores e como propriedade dos homens. Desde 1949, Beauvoir já alertava: