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Aluna: Deylanne Tamires Lemos Coelho

CPD: 99861

Disciplina: Princípios Básicos da Estética Facial

Prof(a): LUDMILIA RODRIGUES LIMA NEUENSCHWANDER


PENHA

1) Defina envelhecimento Cutâneo: é processo dinâmico e progressivo, no


qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas,
que determinam a perda gradual da capacidade de adaptação da pessoa ao
meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e consequentemente maior
incidência de processos patológicos.

Divide-se o envelhecimento cutâneo em:

· Intrínseco ou cronológico;

· Extrínseco ou fotoenvelhecimento

2) Cite mecanismos associados ao envelhecimento cutâneo:

Stress Oxidativo

A exposição à radiação ultravioleta (UV) desencadeia dois fatores


relacionados com o fotoenvelhecimento: mutação mitocondrial e indução de
metaloproteinases da matriz (MMP). Nas células, os códigos proteicos são
armazenados nos núcleos e nas mitocôndrias. As mitocôndrias contêm
múltiplas cópias de ADN (mitocondrial) e as células contêm inúmeras
mitocôndrias, produtoras de adenosina-trifosfato (ATP) – molécula
energética.

As espécies reativas de oxigénio (EROS – em inglês: reactive oxygen species:


ROS), também designados de radicais livres, são moléculas que podem
danificar outras moléculas, como os lípidos, proteínas e também o próprio
ADN. As ERO desencadeiam stress oxidativo, capazes de produzir danos nas
células parenquimatosas e endoteliais dos mais diversos tecidos e órgãos.

De acordo com Koch et al (2000), foram observadas mais mutações no ADN


mitocondrial em peles foto-expostas, do que em peles protegidas do sol. A UV
penetra a pele e, de acordo com o comprimento de onda, interage com as
diferentes células localizadas nas diferentes camadas. A radiação de ondas
curtas (UVB: 290-320nm) é mais absorvida na epiderme e afeta
predominantemente os queratinócitos, enquanto as ondas mais longas (UVA:
320-400nm) penetram de modo mais profundo e atingem não só os
queratinócitos da epiderme, como, também, os fibroblastos da derme (Figura
nº9) (KRUTMANN, 2001).

Cada tipo de onda atua de modo específico. A radiação UVA é responsável


por cerca de 67% da geração de radicais livres no estrato córneo. Esta age
indiretamente através da geração de EROS que atuam na ativação de fatores
envolvidos na transcrição do ADN. Esse processo resulta em mutações no
ADN mitocondrial (HERNANDEZ-PIGEON et al, 2007). A UVB, por sua
vez, também gera espécies de EROS, porém, tem uma ação mais no ADN.

Os UVB são absorvidos pelo ADN e provocam a sua mutação (STEGE et al,
2000). Essa interação cria foto-produtos como pirimidinas, que podem estar
relacionadas a lesões cutâneas pré-malignas. Havendo uma sobrecarga de
EROS por exposição à UV, verifica-se uma ativação das quinases, que
aumentam a expressão e ativam fatores de transcrição como a proteína 1 (AP-
1) e o fator kB de transcrição nuclear (NF-kB) (LANDAU, 2007).

A AP-1 ativada estimula a transcrição de genes de enzimas desintegradoras da


matriz, como as metaloproteinases da matriz, nomeadamente as MMP1,
MMP3, MMP9. A MMP1 cliva os colagénios tipo I e tipo III da pele,
preparando-os para serem degradados pelas MMP3 e MMP9. Nesse processo
ocorre ambém redução do colagénio VII, importante componente da juncão
dermo-epidermica (LANDAU, 2007).

O NFkB ativado, por sua vez, estimula citoquinas pró-inflamatórias (como o


Factor de Necrose Tumoral α – TNF – α e a Interleucina-1β – IL-1 β -), que
promovem a produção de MMPs, elastase, e EROS, que por sua vez, vão
fomentar os processos catabólicos e de apoptose.

Deste modo, com um aumento de metaloproteinases da matriz verifica-se um


incremento de processos de degradação da maioria das proteínas, do tecido
conjuntivo, presentes na matriz, como, por exemplo, o colagénio.

É, ainda, importante referir que, os danos foto-oxidativos acumulativos,


gerando uma sobrecarga de EROS, aceleram o encurtamento dos telómeros.

Encurtamento e rutura dos telómeros

O envelhecimento intrínseco ou cronológico é um evento programado, e está,


em parte, associado ao encurtamento dos telómeros. Os telómeros são
sequências de repetições nucleopeptídicas presentes no final dos
cromossomas. Como a DNA-polimerase não consegue transcrever a sequência
final das bases presentes no ADN durante a replicação, o tamanho telomérico
vai-se reduzindo a cada mitose. Com a ausência dos telómeros, após várias
divisões há a interrupção da divisão celular e consequentemente o
envelhecimento celular (RABE et al, 2006).

A telomerase – uma enzima ribonucleoproteica – impede esse encurtamento


do telómero e, consequentemente, o envelhecimento celular. Contudo, a
atividade da telomerase é reduzida com o avanço da idade.

Glicolisação

A glicolisação é uma reação não-enzimática, entre proteínas e glicose ou


ribose que gera os produtos AGE (advanced glycation end product, na língua
inglesa). Sabe-se que, os AGE contribuem para acelerar o fotoenvelhecimento
por precipitar a apoptose dos fibroblastos, desencadeando a glicolisação do
colagénio que colabora para a sua degeneração e a consequente alteração
mecânica dérmica. Este processo, também, ocorre na biologia da ferida
diabética.

3) Quais as alterações histológicas ocorridas na pele envelhecida

Alterações cutâneas no envelhecimento intrínseco

Camada da pele Estrutura cutânea Alteração


Epiderme Queratinócitos Diminuição da capacidade de
reprodução na camada basal
Melanócitos Diminuição da produção de
melanina
Células Langerhans Diminuição de número de células
Derme Fibroblastos Diminuição de número e função das
células
Fibras colágenas Redução do número de fibras
viáveis
Fibras elásticas Redução do número de fibras
viáveis
Substância fundamental Diminuição da capacidade de
retenção de água

Epiderme: A epiderme é a camada mais externa e mais fina da pele, com


espessura que varia de acordo com a localização anatômica, medindo
aproximadamente 0,03 mm nas pálpebras e 1,5 mm na região palmar.
Histologicamente, a epiderme é constituída por dois tipos de células:
ceratinócitos e células dendríticas . À medida que se diferenciam em células
cornificadas, os ceratinócitos estão dispostos em quatro camadas: camada de
células basais, camada de células escamosas, camada granulosa e camada
córnea. As células basais formam uma camada única, são colunares ou
cúbicas, de escasso citoplasma, jazem com seu eixo longitudinal
perpendicular à linha divisória entre a epiderme e a derme e apresentam
atividade mitótica ou proliferativa. As células escamosas são poligonais e
formam um mosaico de células usualmente com cinco a dez camadas de
espessura. Elas se tornam achatadas à medida que se aproximam da
superfície, com seu eixo longitudinal disposto paralelamente à superfície da
pele. As células da camada granulosa têm a forma de losango ou são
achatadas. Seu citoplasma é cheio de grânulos de cerato-hialina, que são
intensamente basófilos, variando em tamanho e formato. A espessura da
camada granulosa na pele normal é proporcional à espessura da camada
córnea. No processo de ceratinização, os grânulos de cerato-hialina formam
duas estruturas: a matriz interfibrilar ou filagrina, que cimenta os filamentos
de ceratina uns aos outros, e o revestimento interno das células córneas, a
denominada faixa ou banda marginal. As células da camada córnea são
anucleadas em virtude da sua ceratinização abrupta. A maior parte da
camada córnea tende a mostrar um padrão como trançado de cesto em
virtude de grandes espaços intercelulares (. Em áreas nas quais a camada
córnea é espessa, como palmas e plantas, a camada córnea pode apresentar,
na porção mais inferior, uma delgada zona eosinófila homogênea designada
stratum lucidum (estrato lúcido). A pele do recém-nascido é mais fina,
apresentando cerca de metade da espessura da pele de um adulto. Nos
idosos a epiderme torna-se mais adelgaçada, evidenciando a perda de cristas
interpapilares . Ocorre também diminuição da camada de células granulosas
e, consequentemente, diminuição do estrato córneo. Entre as células
dendríticas presentes na epiderme estão os melanócitos e as células de
Langerhans. Os melanócitos aparecem como células claras com núcleo
pequeno que se cora em escuro, encontrados de permeio entre as células
basais. As células de Langerhans, quando vistas em cortes histológicos
corados pela hematoxilina-eosina, são células claras localizadas em nível alto
na epiderme suprabasal. Estão envolvidas no processamento de antígenos e
sua apresentação aos linfócitos. Com o envelhecimento, a população de
melanócitos e de células de Langerhans diminui.

Derme: A derme situa-se imediatamente abaixo da epiderme e apresenta


espessura variada de acordo com a região topográfica, podendo ser mais de 40
vezes maior do que a epiderme. Na derme são encontrados folículos
pilossebáceos, vasos sanguíneos e linfáticos, dutos sudoríparos (écrinos e
apócrinos), músculo liso, estruturas nervosas e células como fibroblastos,
mastócitos e células dendríticas. O tecido conjuntivo da derme consiste em
fibras colágenas e elásticas inclusas dentro de uma substância fundamental.
Todos os três componentes são formados pelos fibroblastos. O colágeno
representa, de longe, o mais abundante constituinte do tecido conjuntivo da
derme. Em microscopia óptica, o colágeno consiste em fibras de tamanhos
variáveis sob a forma de rede, delicadamente trançadas na porção papilar
(superficial) e ao redor de anexos epidérmicos (derme adventícia), e em feixes
espessos na porção reticular, que representam a maior parte da derme. Um
pequeno número de fibroblastos permeiam os feixes colágenos. As fibras
reticulares não são identificadas em colorações de rotina e representam um
tipo especial de fibra colágena delgada. São fibras argirófilas e coram-se em
negro com técnicas histoquímicas que utilizam nitrato de prata. São as
primeiras fibras colágenas formadas durante a vida embrionária e, na pele
normal, estão presentes na zona de membrana basal dermoepidérmica, em
torno dos vasos sanguíneos e como uma cápsula em forma de cesta em torno
dos adipócitos. Com o passar da idade a derme mostra diminuição das fibras
colágenas, bem como a diminuição do número de fibroblastos. Essa última
promove diminuição na síntese do colágeno, contribuindo com a atrofia
dérmica. O colágeno mostra-se menos solúvel e rígido, com padrão
tridimensional diferente da pele jovem. Os feixes colágenos, ao invés de se
disporem em padrão reticulado, como nos jovens, tornam-se torcidos e
desarranjados, como se fossem cordas, com a idade. As fibras elásticas
encontram-se entrelaçadas às fibras colágenas e têm sua maior espessura na
porção inferior da derme, onde estão dispostas paralelamente à epiderme.
Essas fibras tornam-se mais delgadas à medida que se aproximam da
epiderme. Na derme papilar elas formam um plexo intermediário de fibras de
elaunina, mais finas, correndo paralelas à junção dermoepidérmica. A partir
desse plexo, delgadas fibras, denominadas fibras de oxitalano, correm para
cima na derme papilar, perpendicularmente à junção dermoepidérmica, e
terminam na zona de membrana basal. As fibras elásticas diminuem com a
idade e alterações elásticas são mais acentuadas em áreas expostas à
radiação ultravioleta

Nervos e terminações nervosas da derme: Existe uma diminuição do


número e do tamanho dessas terminações nervosas levando a uma diminuição
sensorial de até 20% com o avançar da idade.

Vasos sanguíneos e linfáticos: A disposição dos vasos sanguíneos cutâneos


é de um plexo subcutâneo de pequenas artérias a partir das quais ascendem
arteríolas para dentro da derme, que se interconectam. As arteríolas e as
vênulas formam três importantes plexos na derme: um plexo subpapilar e
plexos em torno dos folículos pilosos e das glândulas écrinas. A partir do
plexo subpapilar, uma alça capilar (um ramo arterial ascendente e um ramo
venoso descendente) supre cada papila dérmica subepidérmica. A porção
venosa esvazia-se no plexo subpapilar de vênulas pós-capilares e,
adicionalmente, em vênulas maiores dentro do plexo subcutâneo de
pequenas veias. Vasos linfáticos são difíceis de reconhecer em cortes
histológicos em virtude de sua semelhança com vasos sanguíneos. O sistema
vascular também é afetado pele envelhecimento. A microcirculação diminui
e torna-se desorganizada. Histologicamente, os vasos podem estar tanto
espessados quanto adelgaçados em relação ao seu estado na juventude.
Células adventícias que envolvem a vasculatura, células em véu, depositam
um material semelhante à membrana basal em torno dos vasos
precocemente no processo de envelhecimento, levando a um espessamento
da parede. Posteriormente, essas células regridem promovendo um
afinamento dos vasos. As alças capilares anteriormente descritas
desaparecem progressivamente em conjunto com o aplainamento das
papilas dérmicas. Esse conjunto de alterações anatômicas contribui para
fragilidade capilar e a púrpura senil frequentemente encontrada nos idosos.

Músculos da pele: O músculo liso da pele é representado pelos eretores dos


pelos, da túnica dartos da genitália externa e na aréola dos mamilos. As fibras
musculares dos eretores dos pelos originam-se no tecido conjuntivo da derme
superior e estão inseridas no folículo piloso abaixo das glândulas sebáceas.
Estão situadas em ângulo obtuso e, quando contraídos, tracionam o folículo
piloso para uma posição vertical

Glândulas écrinas

As glândulas écrinas estão presentes em toda pele humana exceto na borda do


vermelhão dos lábios, leito ungueal, pequenos lábios, glande peniana e face
interna do prepúcio. São encontradas com maior abundância nas palmas e
plantas e nas axilas. São glândulas tubulares que possuem um enovelado basal
localizado na derme inferior ou no bordo entre a derme e a tela.

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