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ESTÉTICOS
Caroline de Araujo
Barroco
Fisiopatologia
facial: melasma
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Um acometimento facial bastante comum é o melasma. Ele surge princi-
palmente em mulheres e, por consistir em manchas escurecidas na pele,
leva à desaprovação estética. O tom hiperpigmentado é gerado pela
grande produção e pelo depósito concentrado de melanina no local. Esse
pigmento é produzido pelas células chamadas melanócitos. O fator mais
associado ao grande volume de melanina que forma o melasma são os
raios ultravioleta. Percebe-se que o uso de fotoprotetor é indispensável,
sendo esse produto o protagonista da prevenção do melasma e um
aliado para os cuidados continuados com a pele.
Neste capítulo, você vai estudar as células envolvidas no processo
de formação da melanina, os detalhes da fisiopatologia do melasma e
suas classificações.
Queratinócito Estrato
morto córneo
Grânulos
lamelares Camada
granulosa
Células de
Langerhans
Queratinócito Camada
espinhosa
Melanina
Melanócito
Células
de Merkel Camada
Lâmina basal (b)
(a) basal
Figura 1. (a) Modelo de corte histológico da pele, em que se destacam os quatro tipos
celulares; (b) Imagem de microscópio (1.000x) do tecido epitelial, que demonstra a disposição
dos melanócitos na epiderme.
Fonte: (a) Designua/Shutterstock; (b) Miot et al. (2009).
Melanócitos
Os melanoblastos são células presentes no período embrionário, derivadas
de células da crista neural que originam os melanócitos. Essa diferenciação
celular tem como características principais o formato da célula, que passa de
arredondado (melanoblasto) para alongado (melanócito), e a capacidade de
formação de pigmento — a melanina — que o melanócito adquire. Ele não só
produz a melanina, como também a distribui para outras células da epiderme,
por meio dos seus prolongamentos dendríticos, ainda antes do nascimento
Fisiopatologia facial: melasma 3
do indivíduo (Figura 2). Esse tipo celular também está presente em mucosas,
estruturas oculares, ouvidos e sistema nervoso central.
Em um corte histológico da pele submetido à microscopia de luz, obser-
vam-se os melanócitos entre os queratinócitos basais da epiderme, em uma
proporção de 1:10; trata-se de células alongadas. A associação desses dois
tipos celulares é denominada melanócito-queratinócito e consiste em uma
unidade epidêmico-melânica. Em cada unidade, um melanócito produz e
distribui melanina para 36 queratinócitos. A exposição de forma repetida à
luz ultravioleta estimula o aumento da densidade de melanócitos; já o enve-
lhecimento contribui para a perda desse tipo celular — estima-se que a cada
década, o prejuízo seja de 6% a 8%.
As diversas colorações que a pele pode assumir, de acordo com as raças
dos indivíduos, não estão vinculadas ao número de melanócitos, mas, sim, à
morfologia das organelas que participam do processo de síntese da melanina,
denominadas melanossomos. A variação de cor também está associada à dis-
tribuição dos melanócitos entre os queratinócitos e à quantidade de melanina
produzida e transferida aos queratinócitos, conforme Soutor e Hordinsky
(2015) e Belda Junior, Chiacchio e Chiado (2010).
Dendritos
Grânulos
de melanina
Melanossomas
Núcleo
Figura 2. Melanócito.
Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com.
4 Fisiopatologia facial: melasma
Melanossomos
Os melanossomos são as organelas nas quais a melanina é sintetizada. No
estágio I de desenvolvimento, elas se apresentam como vacúolos esféricos,
contendo substância amorfa. Já no estágio II, assumem forma elipsoide, com
lamelas e filamentos. A enzima tirosinase se torna ativa apenas no estágio III,
quando a síntese de melanina é iniciada nas lamelas. O estágio IV é o último
— nele, há intensa melanização. O Quadro 1 apresenta as características dos
estágios do melanossomo.
Melanina
A melanina é o pigmento endógeno produzido pelos melanócitos, de carac-
terística densa, acastanhada e granulosa. Este é o principal determinante da
cor expressa na pele. Sua principal função é a proteção do organismo contra
os raios ultravioleta emitidos pelo sol, que penetram na pele. Isso ocorre
por meio da sua capacidade de absorver a faixa de radiação ultravioleta do
espectro luminoso. Ela também age bloqueando radicais livres formados pela
radiação solar (Figura 4).
Fisiopatologia do melasma
O que é melasma?
O melasma, também chamado de cloasma, é uma condição observada princi-
palmente na face, porém, também pode surgir nos braços, no pescoço e no colo.
Ele se caracteriza por placas hiperpigmentadas (manchas escurecidas) na pele
e afeta frequentemente mulheres jovens, com fototipo IV, V e VI, hispânicos e
asiáticos (Figura 5). A doença pode surgir em qualquer idade, fototipo, etnia e
sexo, porém, apenas 10% dos casos acometem homens. Melasma é um termo
derivado do grego melas, que se traduz como “preto”.
Trata-se de uma hipermelanose adquirida que surge em porções da pele que
são expostas ao sol. A causa do surgimento dessas manchas de pigmentação
escura não está definida e, na grande maioria dos casos, pode se associar à
gravidez e ao uso de anticoncepcionais femininos — fatores hormonais —,
à exposição ao sol e à predisposição genética. O principal agente relacionado
ao melasma é a exposição aos raios solares. A exibição tanto à luz ultravioleta
quanto à luz visível pode ser o fator que desencadeia o processo de formação
da mancha. O profissional mais indicado para avaliar, diagnosticar e tratar
essa condição é o médico dermatologista, conforme apontam Sampaio e Rivitti
(2018) e Belda Junior, Chiacchio e Chiado (2010).
Figura 5. (a) Melasma facial localizado na testa; (b) melasma facial localizado na maçã do
rosto; (c) melasma facial localizado na bochecha e no lábio superior.
Fonte: (a) Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017, documento on-line); (b) Dunbar et al. (2016); Wolff,
Johnson; (c) Saavedra (2014, p. 294).
8 Fisiopatologia facial: melasma
Tipos de melasma
O melasma pode ser classificado de acordo com a sua localização, pois pode
surgir em diferentes regiões da face. Além disso, o acometimento do tecido
da pele pode ser diferente; assim, cada mancha pode ser classificada de acordo
com seu tipo histológico.
(a)
(b)
(c)
Classificação histológica
A histopatologia do melasma demonstra, por meio de achados de microscopia,
um grande depósito de melanina na epiderme e/ou na derme, além de um
grande infiltrado linfo-histiocitário perivascular. Os melanócitos se apresen-
tam aumentados e com ramificações dendríticas alargadas. Há um número
elevado de melanófagos (células que contêm grande quantidade do pigmento
melanina) presentes na derme. A quantidade de melanócitos na epiderme
pode ser aumentada ou se manter na mesma quantidade em relação à pele
perilesional, segundo avaliações de imuno-histoquímica. Já com a micros-
copia eletrônica, é possível perceber um número maior de melanossomos nos
melanócitos e queratinócitos. No melasma também há uma maior expressão
de fator de crescimento vascular endotelial; percebe-se o aumento do tamanho
e da quantidade de vasos dérmicos presentes.
Pode-se distinguir o melasma por suas características histológicas, com o
auxílio do exame com a lâmpada de Wood, ou luz de Wood. Ela emite uma
luz de comprimento de onda entre 340 a 450nm. Essa radiação é obtida após
a emissão de luz ultravioleta por um arco de mercúrio; ela é filtrada por uma
chapa de vidro feita de bário e 9% de óxido de níquel. O exame é feito de
forma manual, em ambiente escuro, colocando-se a lâmpada a cerca de 10
cm de distância da pele do paciente. Uma das lesões muito bem evidenciadas
pela luz de Wood é o vitiligo, bem como os diferentes tipos de micoses no
couro cabeludo, conforme apontam Soutor e Hordinsky (2015) e Belda Junior,
Chiacchio e Chiado (2010).
Teoricamente, esse exame diferencia os quatro tipos histológicos de me-
lasma; contudo, alguns estudos indicam que com a luz de Wood não é possível
determinar com certeza a profundidade do pigmento presente na pele. Segundo
Belda Junior, Chiacchio e Chiado (2010), os quatro tipos de melasmas são:
BELDA JUNIOR, W.; CHIACCHIO, N. D.; CRIADO, P. R. Tratado de dermatologia. São Paulo:
Atheneu, 2010. v. 1.
DUNBAR, S. et al. Energy-based device treatment of melasma: na update and review of
the literature. Journal of Cosmetic and Laser Therapy, v. 19, n. 1, p. 2-12, feb. 2017.
MELDAU, D. C. Melanócito. InfoEscola, 2010. Disponível em: https://www.infoescola.
com/citologia/melanocito/. Acesso em: 28 jan. 2019.
MIOT, L. D. B. et al. Fisiopatologia do melasma. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 84,
n. 6, p. 623-635, 2009.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Melasma. 2017. Disponível em: http://
www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/melasma/13/. Acesso em:
28 jan. 2019.
SOUTOR, C.; HORDINSKY, M. Dermatologia clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
VACHIRAMON, V.; SUCHONWANIT, P.; THADANIPON, K. Melasma in men. Journal of
Cosmetic Dermatology, v.11, n. 2, p. 151-157.
WOLFF, K.; JOHNSON, R. A.; SAAVEDRA, A. P. Dermatologia de Fitzpatrick: atlas e texto.
7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
Leituras recomendadas
RIVAS, R; PANDYA, A. G. Treatment of melasma with topical agents, peels and lasers:
an evidence-based review. American Journal of Clinical Dermatology, v. 14, n. 5, p. 359-
376, 2013.
SEHGAL, V. N. et al. Melasma: Treatment strategy. Journal of Cosmetic and Laser Therapy,
v. 13, n. 6, p. 265-279, dec. 2011.
ZHOU, L. L.; BAIBERGENOVA, A. Melasma: systematic review of the systemic treatments.
International Journal of Dermatology, v. 56, n. 9, p. 902-908, Sep. 2017.
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