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2ª Edição
Curitiba
2017
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
FAEL
1 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua na rede pública de
ensino e é professor do Curso de Pedagogia da FAEL nas modalidades presencial e a distância.
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Sumário
Apresentação | 7
Gabarito | 159
Referências | 167
1
Aspectos Sócio-
Históricos e Filosóficos
da Educação de Jovens
e Adultos no Brasil
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Reflita
Como vimos, o conceito de educação está fortemente atrelado ao
contexto e ao momento histórico vivenciado. Fazendo um paralelo
entre esse primeiro momento histórico do Brasil e o que você já sabe
sobre a Educação de Jovens e Adultos, que comparações podem
ser estabelecidas?
O que podemos analisar, por exemplo, sobre a situação que durou
quase quatro séculos na história do Brasil de “domínio da cultura
branca, cristã, masculina e alfabetizada sobre a cultura de índios,
negros, mulheres e analfabetos”, o que gerou uma “educação sele-
tiva, discriminatória e excludente”, conforme citado dos estudos de
Paiva (1987)?.
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Saiba mais
Manuel Lourenço Filho nasceu em Porto Ferreira, São Paulo, em
1897, e faleceu em 1970. Educador do magistério público, foi res-
ponsável pela reforma do ensino público no Ceará e, em 1935, foi
nomeado professor de Psicologia Educacional e diretor da Escola de
Educação da Universidade do Distrito Federal. Em 1938, a pedido
do ministro Gustavo Capanema, organizou o Instituto Nacional de
Estudos Pedagógicos que, em 1944, lançou a Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos. Lourenço Filho defendeu a necessidade da ele-
vação dos níveis de instrução de toda a população como condição
para o desenvolvimento econômico da nação e foi protagonista da
Campanha de Educação de Adultos, em 1940, que visava instituir
políticas globais para solucionar os problemas da esfera educacional.
Em 1949, organizou e dirigiu o Seminário Interamericano de Alfabe-
tização e Educação de Adultos, realizado no Rio de Janeiro, sob
os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da
Unesco. Nessa ocasião, recebeu o título de Maestro de las Américas.
Saiba mais
Frank Charles Laubach nasceu na cidade de Benton, Pensilvânia, nos
Estados Unidos. Formou-se na Universidade de Princeton, especia-
lizou-se em Letras, Pedagogia e Teologia e doutorou-se em Sociolo-
gia, na Universidade de Columbia. Iniciou um trabalho de assistência
humanitária nas Filipinas, em 1915, e, em 1928, formulou um método
baseado no conhecimento prévio dos adultos, alfabetizando 60%
do total da população nativa. Seu método foi adaptado para os 17
dialetos falados nas Filipinas.
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Saiba mais
Paulo Reglus Neves Freire, grande educador brasileiro, nasceu em
19 de setembro de 1921, em Recife, Pernambuco. Inspirador da
Educação Popular, tornou-se referência para as gerações de edu-
cadores, especialmente na América Latina e na África. Sofreu a
perseguição do Regime Militar no Brasil (1964-1985), sendo preso
e forçado ao exílio.
Com a experiência em Angicos (Rio Grande do Norte), Freire alfa-
betizou trezentos trabalhadores em 45 dias, sem usar a tradicional
cartilha e com uma perspectiva de educação para a libertação dos
oprimidos, transcendendo as técnicas e centrando o processo de
alfabetização em elementos de conscientização.
O pensamento pedagógico de Paulo Freire, assim como sua pro-
posta para a alfabetização de adultos, inspirou os principais programas
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Reflita
Imagine como estaria o Brasil hoje se o Plano Nacional de Alfabe-
tização proposto por Paulo Freire não tivesse sido interrompido no
Golpe Militar?
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
materiais não era apenas a referência à realidade imediata dos adultos, mas,
principalmente, a intenção de problematizar essa realidade.
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Dica de filme
Narradores de Javé (2003)
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Aspectos Sócio-Históricos e Filosóficos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Atividades
1. Pesquise mais informações sobre o educador brasileiro Paulo Freire,
ícone da alfabetização de jovens e adultos no Brasil, destacando as
etapas da metodologia proposta por ele a partir de “palavras gera-
doras”. Faça o registro escrito da pesquisa.
2. No estudo desse capítulo, foi possível perceber que o conceito
de educação está fortemente atrelado ao contexto político e ao
momento histórico do país. Fazendo um paralelo entre o histórico
da EJA e analisando a história recente do Brasil, explique que com-
parações podem ser estabelecidas.
3. Analisando o cenário político das últimas décadas, como você ana-
lisa a participação de Comunidades Solidárias e das ONGs na edu-
cação brasileira? Argumente sua resposta.
4. Investigue mais sobre a incorporação da EJA ao Fundo de Desen-
volvimento da Educação Básica (Fundeb), relacionando os avan-
ços e as perspectivas atuais dessa modalidade educativa. Registre as
informações encontradas.
Síntese
Ao estudar a história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, percebe-
-se que o conceito de educação está fortemente atrelado ao contexto político e
aos momentos históricos vivenciados. Fazendo um paralelo entre o histórico
da EJA e analisando a própria história do Brasil, é possível fazer comparações
de acordo com os meandros sociopolíticos, que acabaram tomando corpo nas
questões culturais do país. Por isso, é importante conhecer tanto a história
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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2
Sistema Organizacional
da EJA no Brasil
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
Saiba mais
Para saber mais sobre as diretrizes da EJA, você pode ler os documen-
tos oficias disponíveis no site do Ministério da Educação (<http://
www.mec.gov.br/>), no link sobre essa modalidade educativa, ou
procurar conhecer as propostas pedagógicas do seu município ou do
seu estado para os programas de EJA.
Saiba mais
O contrato didático refere-se aos “combinados” feitos entre professor
e aluno. Parte de uma metodologia de trabalho, são os combinados
didáticos que vão garantir uma boa organização da aula, envolvendo
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
Reflita
Para você, qual deveria ser a real função da Educação de Jovens e
Adultos em um país como o Brasil?
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Saiba mais
A Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos
(Confintea) é um evento mundial promovido pela Unesco para dis-
cutir os rumos da Educação de Jovens e Adultos no mundo. A
Confintea ocorreu pela primeira vez na América Latina, especifica-
mente em Belém do Pará (Brasil), no ano de 2009, quando já estava
em sua 6ª edição. Para saber mais sobre a Confintea acesse <http://
www.unesco.org/pt/confinteavi/background/>.
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Saiba mais
Você pode acessar o relatório Educação para o Século XXI, que
contém o capítulo completo sobre os quatro Pilares da Educação
(capítulo 4), no link: <http://www.domibniopublico.gov.br/down-
load/texto/ue000009.pdf>.
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
Dica de filme
Escritores da Liberdade (2007)
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Sistema Organizacional da EJA no Brasil
[...]
Art. 7º.
A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à
saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmo-
nioso, em condições dignas de existência.
Atividades
1. Com base no relatório Educação para o Século XXI, proposto pela
Unesco e coordenado por Jacques Delors, teça um comentário
sobre a frase a seguir:
“Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficiente-
mente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um
pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a
aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela edu-
cação ao longo de toda a vida.”
2. Comente suas impressões sobre o seguinte trecho do relatório Edu-
cação para o Século XXI:
“Aprender a fazer, a fim de adquirir não somente uma qualifica-
ção profissional, mas, de maneira mais ampla, competências que
tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar
em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas
experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e
adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou
nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino
alternado com o trabalho”.
3. “Aprender a viver juntos, desenvolvendo a compreensão do outro
e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns
e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do
pluralismo, da compreensão mútua e da paz”. O que isso pode
significar? Comente.
4. Aprender a ser é, talvez, o mais completo dos quatro pilares básicos
da educação. Com base nisso, comente a frase a seguir:
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Síntese
Ao estudar esse capítulo, você conheceu o que caracteriza a EJA como
modalidade educativa da educação básica, conforme definido pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96 e também compreen-
deu que a educação é um direito de todos. Também foi possível verificar que
existem orientações dos organismos internacionais para as políticas de EJA,
ressaltando a necessidade de uma concepção de educação ao longo da vida e
não só em fase escolar. Por fim, pôde conhecer os princípios e as funções da
EJA, bem como os seus fatores estratégicos para a formação humana, que
são baseados nos quatro pilares da educação, conforme descrito no relatório
Educação para o Século XXI.
No estudo desse capítulo, espera-se que o estudante compreenda:
22 o que propõe a Legislação de EJA no Brasil e quais são os princi-
pais fundamentos dessa modalidade educativa, bem como o que
diferencia-a das outras modalidade de educação básica;
22 quais as orientações e diretrizes gerais para a EJA, quanto à seleção
de conteúdos, às funções e aos aspectos legais que regem as políticas
de EJA no Brasil;
22 quais as funções da Educação de Jovens e Adultos;
22 quais as principais recomendações internacionais para as políticas
de EJA e em que elas se fundamentam;
22 como os Pilares da Educação do Futuro apresentados no Relatório
para o século XXI, influenciam e fundamentam a EJA, como moda-
lidade de educação estratégica para a formação humana.
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3
Especificidades do
Trabalho Pedagógico
Frente ao Perfil do
Educando da EJA
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Reflita
Como você percebe o perfil dos educandos da EJA? Que aspira-
ções trazem para as salas de aula? O que os identifica como perten-
centes a essa modalidade educativa?
Para Arroyo (2001, p. 15), falar dos educandos da EJA é “falar, sobre-
tudo, do jovem, adulto, trabalhador, pobre, negro, oprimido e excluído”.
Identifica-se, assim, a estreita relação que se estabelece entre a incidência da
exclusão e as restrições ao acesso à educação, pois conforme afirmam Haddad
e Di Pierrô (2000), a história brasileira nos oferece claras evidências de que
as margens da inclusão e da exclusão educacional foram sendo construídas
simétrica e proporcionalmente à extensão da cidadania política e social, em
íntima relação com a participação na renda e o acesso aos bens econômicos.
Isso se evidencia nas estatísticas, visto que os percentuais abrangem, geral-
mente, determinados “tipos sociais”. Por exemplo, nas questões referentes a
gênero e raça, no Brasil, evidenciam-se as marcas sociais do preconceito em
relação aos negros e às mulheres.
As mulheres, em grande parte da história, foram discriminadas e eram
entendidas como pessoas que não necessitavam de escolarização, pois a pre-
paração delas deveria ser para o casamento e para cuidar dos filhos. Isso é
evidente nas classes de alfabetização. Quando perguntadas sobre a razão de
não terem estudado na infância, grande parte delas responde que seus pais
acreditavam que as mulheres não precisavam estudar.
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
Reflita
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP) é o responsável pela realização do censo escolar. A
partir dos dados obtidos nesse levantamento, é possível identificar
estatisticamente o perfil dos educandos matriculados na EJA. Para
saber mais, acesse o site: <http://www.inep.gov.br/basica/censo/
default.asp>.
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
Dica de filme
O leitor (2008)
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Especificidades do Trabalho Pedagógico Frente ao Perfil do Educando da EJA
Essa etapa exige muito diálogo entre os participantes, que devem cons-
truir a história da comunidade onde vivem. Uma boa dica é pesquisar junto
aos mais velhos. O grupo deve escolher alguns fatos, acontecimentos e carac-
terísticas da comunidade para representá-los também em pedaços de tecido
pintados. Pode-se reunir as pessoas em pequenos grupos para a criação cole-
tiva do trabalho. Todas as pinturas, depois de terminadas, deverão ser costu-
radas ou coladas, compondo um barrado lateral na colcha.
3ª etapa: história da cidade, do país, da Terra
A partir daqui, a ideia é dar continuidade à colcha de retalhos, criando
novos barrados, de forma a complementá-la com a história de vida da cidade,
do país, do mundo e até do universo. Não há limites nem restrições. O obje-
tivo principal é estimular, nos participantes, a vontade de conhecer e registrar
a vida, em suas diferentes formas e momentos. Desse modo, poderão se sentir
parte da grande teia da vida.
Fonte: Adaptado de Diskin e Roizman (2002).
Atividades
1. Descreva sucintamente as marcas que identificam os educandos
da EJA.
2. Elabore um breve projeto educativo que considere o perfil e as his-
tórias de vida dos educandos da EJA.
3. Faça um levantamento visando identificar por que os educandos da
EJA não tiveram acesso à escola na idade própria. Relacione as res-
postas com os diversos fatores de ordem econômica, social, política,
geográfica e cultural de sua região ou do país.
4. Os educandos da EJA têm uma bagagem de conhecimentos que
foram adquiridos em outras instâncias sociais, tendo em vista que
a escola não é o único espaço de produção e de socialização dos
saberes. Essas experiências de vida são significativas para o processo
educacional e devem ser consideradas. Como valorizar e incluir
essas experiências no processo educativo?
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Síntese
Ao estudar e refletir sobre o perfil desses educandos, como estudante e
futuro profissional da área, você deve tomar cuidado com os estereótipos e
marcas sociais que esses educandos carregam.
Para organizar um trabalho pedagógico eficiente com esses educandos,
é necessário:
22 levar em conta a história de vida e da comunidade em que o edu-
cando está inserido, identificando inicialmente o que levou ele a
não frequentar ou a abandonar os estudos;
22 identificar suas aspirações ao retomar os estudos, de modo a incen-
tivá-los sempre;
22 conhecer, estudar e preparar um rol de conteúdos ou propostas cur-
riculares a serem trabalhadas;
22 escolher a melhor forma de expor e ensinar esses conteúdos;
22 avaliar e fazer autoavaliação constante para saber se a aprendizagem
está ocorrendo como o esperado;
22 não esquecer que o diálogo é a melhor ferramenta didática com
esses educandos.
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4
Metodologia:
mediação
Pedagógica na EJA
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
Reflita
Em que consiste uma prática pedagógica significativa?
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
22 tema selecionado;
22 definição dos objetivos;
22 leituras das teorias de base sobre o tema;
22 seleção dos conteúdos;
22 estratégias de ação;
22 recursos didáticos;
22 avaliação do processo de ensino e aprendizagem.
É necessário elaborar um plano para se iniciar o processo de observação
e diagnóstico do espaço de EJA, pois olhar intencionalmente possibilita diag-
nosticar valores educacionais, cultura, formas de relacionamentos, conflitos,
enfim, a identidade do grupo.
A ação de planejar um projeto de intervenção exige o conhecimento da
realidade, senso crítico, vontade e necessidade de transformar. Para tanto, é
preciso estar inserido no espaço da escola, observando e conhecendo a prática
pedagógica da EJA. A partir dessa etapa, deve-se estabelecer os objetivos que
se quer alcançar, as estratégias ou caminhos para atingi-los (com fundamento
em teorias), bem como as atividades que serão desenvolvidas, os prazos e os
partícipes que estarão compromissados com o desenvolvimento do projeto.
Veja, a seguir, um exemplo de projeto de intervenção pedagógica.
Dados de identificação
22 Nome da escola
22 Caracterização da localização da escola
22 Professor educador
22 Perfil dos educandos (média de idade, sexo, localidade de
origem, atuação profissional, residência e proximidade da
escola ou local de trabalho, renda familiar, papel na família,
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Objetivo geral
Os objetivos devem indicar o intuito das ativida-
des a serem realizadas, esclarecendo os fins que pre-
tendem ser atingidos com a intervenção. O objetivo
geral possui uma dimensão ampla, com a caracterís-
tica de ser único e com a função de ser atingido.
Objetivos específicos
Os objetivos específicos assumem uma dimen-
são mais restrita, com uma temporalidade mais
imediata (a aula), e delimitam as ações comple-
mentares para o alcance do objetivo geral.
Fundamentação teórica
Definido o tema, deve-se proceder a revisão biblio-
gráfica relacionada à temática em questão, a fim de
aprofundar e fundamentar o trabalho pedagógico.
Para tanto, deve-se procurar uma literatura relevante e
atualizada, com vistas a buscar compreender o tema e,
também, o que já foi produzido na área a ser trabalhada.
Estratégias de ação
Esse item deve materializar os desdobramentos do trabalho
de aprofundamento teórico-prático, no que diz respeito às
ações a serem desenvolvidas na sala de aula. Deve ser espe-
cificada a abrangência dessas ações, os sujeitos envolvidos, o
local e demais informações pertinentes às ações de docência.
Recursos didáticos
Na elaboração do plano, as atividades docentes de
intervenção na EJA devem ser estruturadas, pre-
vendo recursos e os seguintes momentos:
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Dica de filme
A corrente do bem (2000)
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Atividades
1. Que ações presentes na prática educativa do professor de EJA
podem ser expressas em uma nova prática pedagógica significativa?
2. A partir dos conhecimentos adquiridos no estudo deste capítulo,
elabore um plano de aula seguindo a metodologia problematiza-
dora citada no texto, conforme os itens a seguir:
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Metodologia: mediação Pedagógica na EJA
Síntese
Nesse capítulo, além dos exemplos de práticas pedagógicas e vivências na
Educação de Jovens e Adultos, você conheceu um pouco mais das metodolo-
gias que podem ser aplicadas à Educação de Jovens e Adultos:
22 prática pedagógica significativa como prática social problema-
tizadora;
22 prática pedagógica baseada em temas geradores, proposta inicial-
mente por Paulo Freire;
22 práticas de intervenção pedagógica na EJA;
22 outras vivências nos espaços da EJA.
22 Além dessas, que foram apresentadas nesse capítulo, como educa-
dor, você pode propor enquanto metodologia de EJA:
22 roda de prosa sobre diversos assuntos, incentivando o desenvolvi-
mento da oralidade;
22 passeios culturais e de conhecimento de outras realidades, como
museus, feira de ciências, observatórios entre outros;
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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5
Relações de Ensino e
Aprendizagem na EJA
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Relações de Ensino e Aprendizagem na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Relações de Ensino e Aprendizagem na EJA
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Relações de Ensino e Aprendizagem na EJA
Dica de filme
Bicho de sete cabeças (2000).
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Relações de Ensino e Aprendizagem na EJA
Atividades
1. Faça um elenco dos conteúdos curriculares escolares e de como eles
podem ser relacionadas aos conteúdos do cotidiano.
2. Comente as frases a seguir:
“Aprender não é a mesma coisa que copiar e repetir aquilo que
foi ensinado.”
“A avaliação é um meio e não um fim em si mesmo.”
3. Escreva uma breve resenha deste capítulo, articulando: questões cur-
riculares, avaliação e as relações de ensino e aprendizagem na EJA.
4. Muitos professores consideram a avaliação como um “bicho de sete
cabeças”, assim como o nome do filme sugerido neste capítulo.
Após ler os itens sobre avaliação, discuta com seus colegas qual
nome de bicho você daria para o processo de avaliação.
Síntese
Tão importante quanto saber ensinar, questão inerente ao saber/
fazer do professor, é saber o que ensinar, ou seja, conhecer os conteúdos
relativos à sua área de ensino, e como ensinar, ou seja, dispor de diversos
recursos e metodologias de acordo com o perfil do alunado. Além disso,
é imprescindível para quem quer se tornar um bom professor saber como
esse aluno aprende e dispor de recursos para avaliar se a aprendizagem
está de fato ocorrendo.
Por isso, este capítulo abordou:
22 o rol de disciplinas do ensino básico da EJA;
22 a concepção de currículo;
as diversas formas de se pensar a avaliação, diretamente relacionada as
relações de ensino e aprendizagem.
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6
Função Social da
Leitura e da Escrita
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Função Social da Leitura e da Escrita
Reflita
Qual a importância da linguagem escrita em sociedades letradas como a
nossa? Como é a vida de quem não tem acesso a esses conhecimentos?
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Função Social da Leitura e da Escrita
Saiba mais
Até a década 50 do século XX era considerada alfabetizada a pes-
soa que tivesse a habilidade de ler e escrever um texto simples e que
dominasse o código alfabético. A partir da década de 70 do mesmo
século, a Unesco passou a utilizar o termo “analfabetismo funcional”,
que corresponde ao fenômeno no qual a pessoa sabe ler e escrever,
mas não alcança o domínio social da leitura e da escrita, alertando
para a necessidade de se estender a todos o acesso à escolarização
básica, a fim de se garantir tal domínio. Desde então, vêm sendo
adotados diversos acordos e planos internacionais que aprofundaram
esse entendimento, relacionando-o à diversidade cultural e à educa-
ção ao longo de toda a vida (SOARES, 2003, p. 9).
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Função Social da Leitura e da Escrita
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Função Social da Leitura e da Escrita
Reflita
Para ser letrada, a pessoa deve, necessariamente, ser alfabetizada?
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Saiba mais
Você pode baixar vídeos sobre os processos de alfabetização e
letramento no link: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
PesquisaObraForm.jsp>.
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Função Social da Leitura e da Escrita
Dica de filme
Central do Brasil (1998)
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
estrangeiro e melhor atriz, sendo a primeira vez que uma atriz bra-
sileira recebe tal indicação ao Oscar. Vale a pena ver ou rever
o filme, atentando o olhar para as marcas de caracterização das
pessoas analfabetas.
CENTRAL DO BRASIL, Direção de Walter Salles (1998). Brasil. Dis-
tribuído por Europa Filmes. 1 filme (145 min.), sonoro, legenda, color.
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Função Social da Leitura e da Escrita
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Atividades
1. Recorrentemente, os professores questionam quando consegui-
rão extinguir o analfabetismo em nosso país. No entanto, os
dados do IBGE/2008 nos mostram que, no Brasil, 11,5% das
crianças de oito e nove anos são analfabetas. O percentual supera
a média nacional entre adultos que, em 2007, era em torno de
10%. No Nordeste, o índice de analfabetismo de crianças em
idade escolar chega a 23%. Ou seja, precisamos entender e olhar
também para a alfabetização de crianças, para que não tenhamos
mais jovens e adultos não alfabetizados. Pensando nisso, sistema-
tize as informações sobre os momentos da história dos métodos
de alfabetização no Brasil.
2. É interessante observar a evolução do conceito de alfabetização de
jovens e adultos ao longo do tempo. Revendo esse conceito, situ-
ando-o historicamente, como você definiria:
a) pessoa alfabetizada;
b) pessoa não alfabetizada;
c) alfabetismo funcional;
d) pessoa letrada.
3. Após o estudo desse capítulo, o que você entende por letra-
mento? Comente.
4. O que significa dizer que “alfabetização e letramento não são pro-
cessos independentes, mas interdependentes e indissociáveis”? Jus-
tifique sua resposta.
– 116 –
Função Social da Leitura e da Escrita
Síntese
Nesse capítulo, foram abordados os seguintes aspectos:
22 o conceito de alfabetização atrelada aos métodos de ensino;
22 o conceito de alfabetização mudando ao longo do desenvolvimento
da história do Brasil, dependendo do contexto;
22 o entendimento de alfabetização de adultos segundo a concep-
ção Freiriana;
22 a associação entre os termos alfabetização e letramento.
– 117 –
7
Desenvolvimento
da Oralidade e do
Raciocínio Lógico
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 120 –
Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
– 121 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 122 –
Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
– 124 –
Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
– 125 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Reflita
Qual a importância dos conhecimentos matemáticos em nossas vidas
e para nossos educandos?
– 126 –
Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
Dica de filme
Donald no País da Matemágica (1959)
– 131 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 132 –
Desenvolvimento da Oralidade e do Raciocínio Lógico
Atividades
1. O que você entende por oralidade?
2. No livro Preconceito linguístico – o que é, como se faz, Marcos Bagno
afirma que “o preconceito linguístico se baseia na crença de que só
existe uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a
língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogadas
nos dicionários [...]”. Comente essa afirmação.
3. Qual o papel da matemática no contexto escolar?
4. Qual a importância dos jogos no ensino da matemática?
Síntese
Com o estudo desse capítulo, espera-se que, como estudante da área, você:
22 valorize e entenda o conceito de variedade linguística e sua impor-
tância como prática social;
22 compreenda como o raciocínio lógico matemático é expressado
pelos alunos de EJA, independentemente da escolarização e se
aproveite desse conhecimento ao desenvolver suas aulas;
22 entenda as diversas formas de conhecimento expressas pela orali-
dade em jovens e adultos de escolarização tardia.
– 133 –
8
Desenvolvimento
Cognitivo e Social dos
Educandos da EJA
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 136 –
Desenvolvimento Cognitivo e Social dos Educandos da EJA
Reflita
Como o contexto histórico e cultural interfere no desenvolvimento
cognitivo do aluno adulto? O que significa isso?
– 137 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 138 –
Desenvolvimento Cognitivo e Social dos Educandos da EJA
– 139 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
que ele está envolvido antes, ao longo e após sua vivência escolar. Permitem
afirmar, também, que a compreensão do impacto da escolarização não pode
deixar de tomar o próprio contexto da escola, metodologias, procedimentos,
estratégias e atividades da cultura escolar como objetos de estudo.
Dessa maneira, podemos afirmar que os traços de cada ser humano estão
intimamente relacionados ao aprendizado, seja ele escolar, quando se tem
acesso a ele, ou relacionado ao legado do seu grupo cultural (pelas experiên-
cias pessoais e por intermédio das pessoas mais experientes, da linguagem e
outros mediadores). Assim, o comportamento e a capacidade cognitiva de
determinado indivíduo dependerão de suas experiências e de sua história edu-
cativa, que, por sua vez, sempre terão relações com as características do grupo
social e da época em que ele se insere.
A singularidade de cada indivíduo não resulta de fatores isolados – por
exemplo, exclusivamente da educação recebida no contexto sociopolítico da
época, da classe social a que pertence –, mas da multiplicidade de influências
que recaem sobre o sujeito no curso de seu desenvolvimento individual e
coletivo, pois mesmo aqueles que não passaram por uma escolarização formal
não têm, por isso, seu desenvolvimento cognitivo e a capacidade de aprender
comprometidos, visto que a escola não é o único local em que se aprende.
Em uma perspectiva ontológica, pode-se dizer que a escolarização significa
colocar o indivíduo em contato com os sentidos que circulam em sua cultura,
para que ele possa assimilá-los e nela viver. Isso não significa que estará assimi-
lando todas as informações com uma atitude passiva; ao contrário, para que se
tenha uma boa aprendizagem é necessária uma atividade que seja consciente,
participativa e transformadora da realidade interna e externa do indivíduo.
[...] aprender a ler e a escrever, obter o domínio de formas complexas
de cálculos, construírem significados a partir das informações descon-
textualizadas, ampliarem seus conhecimentos, lidar com conceitos
científicos hierarquicamente relacionados, são atividades extrema-
mente importantes e complexas, que possibilitam novas formas de
pensamento, de inserção e atuação em seu meio. [...] Como conse-
quência, na medida em que o sujeito expande seus conhecimentos,
modifica sua relação cognitiva com o mundo (REGO, 1996, p. 104).
– 140 –
Desenvolvimento Cognitivo e Social dos Educandos da EJA
– 141 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Reflita
Como as experiências de vida podem favorecer a compreensão da
linguagem letrada em jovens e adultos não escolarizados?
Dica de filme
Forrest Gump – o contador de histórias (1994)
– 143 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Atividades
1. Reflita sobre o tema abordado neste capítulo e elabore uma síntese,
destacando o papel da linguagem no desenvolvimento humano.
2. Teça um comentário sobre a função da escola para o desenvolvi-
mento humano.
3. Com base nas informações deste capítulo, estabeleça as principais
semelhanças e diferenças entre as pessoas altamente escolarizadas e
as não escolarizadas.
4. Descreva sua percepção sobre os sujeitos jovens e adultos que não
tiveram acesso à escolarização, mas que têm diferentes saberes, que
devem ser valorizados independentemente do saber escolar.
Síntese
Vivemos em uma época marcada por incertezas e aceleradas transforma-
ções em todos os âmbitos sociais, o que determina algumas exigências para
que os indivíduos possam viver em sociedade e partilhar das riquezas e dos
conhecimentos socialmente produzidos, exercendo a cidadania, plenamente
inseridos no meio social. Dessa forma, a escolarização torna-se um requisito
mínimo de inserção na chamada “sociedade do conhecimento”.
A complexidade da vida no contexto social, assim como acúmulo de
informações veiculadas pelas diversas mídias, por um lado, torna necessária
a aquisição de certas competências e habilidades básicas, como contar, ler e
escrever. Por outro lado, não estar a par dessa necessidade, no interior de uma
sociedade predominantemente gráfica, onde o código escrito ocupa posição
privilegiada, revela-se um problema para todos que desconhecem esse meca-
nismo e não conseguem participar desse mundo.
Assim, é um desafio para todos os educadores pensar continuamente no
sentido do conhecimento e das relações com o saber acumulado em cons-
tante transformação nas sociedades contemporâneas. É uma porta aberta para
repensar a função da escola no século XXI, o que constitui assumir que a
mudança deve ser constante, e a aprendizagem, contínua.
– 144 –
9
Teoria e Prática nas
Relações Fundamentais
do Trabalho Docente
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 146 –
Teoria e Prática nas Relações Fundamentais do Trabalho Docente
Reflita
O que significa ser professor no atual contexto brasileiro? Como
você se percebe sendo professor? Como acha que é percebido pela
sociedade como professor de EJA?
– 147 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 148 –
Teoria e Prática nas Relações Fundamentais do Trabalho Docente
– 149 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
ção seja revertida, inclusive porque muitos projetos não podem dar certo no
país por falta de formação adequada dos educadores.
Em relação ao educador de jovens e adultos, nota-se que há pouco cui-
dado com sua formação e carreira do profissional, sendo a educação básica
sempre a menor das políticas.
[...] as iniciativas têm sido, até aqui, mais que modestas, como se
o professor se fabricasse por um passe de mágica ou como se um
sistema educacional, que é a base de uma nação, pudesse funcionar
sempre através de quebra-galhos, dá-se um jeitinho. O resultado está
aí: analfabetismo funcional em todos os níveis, formação de várias
gerações comprometidas por baixa inserção cultural. Fica-se correndo
atrás do deficit, seja com programas compensatórios, supletivos, ou de
formação em serviço (GATTI, 1997, p. 4).
– 150 –
Teoria e Prática nas Relações Fundamentais do Trabalho Docente
– 151 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 152 –
Teoria e Prática nas Relações Fundamentais do Trabalho Docente
Dica de filme
Adorável professor (1995)
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Teoria e Prática nas Relações Fundamentais do Trabalho Docente
– 155 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 156 –
Teoria e Prática nas Relações Fundamentais do Trabalho Docente
Atividades
1. Procure relacionar falas de seus educandos que demonstram como
eles veem a figura do professor no processo educativo/escolar atu-
almente. Se ainda não for professor, a atividade pode ser realizada
como pesquisa em campo de estágio.
2. Com base na leitura do capítulo, como você descreve a constituição
do tornar-se professor de EJA?
3. Após analisar o texto sobre a constituição da identidade do edu-
cador de EJA, sistematize as informações considerando como as
ideias explicitadas nas citações destacadas a seguir interferem no
processo de constituição identitária do educador da EJA:
22 “Há de recuperar voz daqueles que, por muito anos, estiveram
silenciados.” (ARROYO, 2004, p. 14).
22 “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilida-
des para sua produção ou construção.” (FREIRE, 1996, p. 22).
4. Que tal parar um pouco e pensar no processo de formação dos pro-
fessores de EJA? Faça uma reflexão inicialmente sobre o seu próprio
processo de formação. Compare com a de outros educadores de
EJA da sua região. Cite o que para você é fundamental no processo
de formação docente.
Síntese
Tornar-se professor de EJA é muito mais que uma opção, é posicionar-se
frente àqueles que tiveram o direito à educação negado. Vai além de “dar uma
aula”, é saber que esse “posicionar-se” torna-se muito mais que um conteúdo
a ser ensinado e aprendido, mas um exemplo a ser seguido.
– 157 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
Assim, já dizia Rubem Alves (2000), grande educador Brasileiro: que ser
professor, e que “o ato de ensinar, é um exercício de imortalidade. De alguma
forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...”.
– 158 –
Gabarito
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 160 –
Gabarito
– 161 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Gabarito
– 163 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 164 –
Gabarito
7. Desenvolvimento da Oralidade
e do Raciocínio Lógico
1. Na atividade 1, deve-se salientar que a oralidade é uma prá-
tica social interativa para fins comunicativos. Expressão da
fala, apresenta-se de várias formas ou gêneros textuais nos vários
contextos de uso.
2. Na atividade 2, espera-se que se chegue à conclusão de que a
língua portuguesa, como qualquer outra língua, é um fenômeno
dinâmico, vivo, isto é, está sempre em evolução e que qualquer
forma de padronização da língua excluirá e estigmatizará outras
formas de comunicação.
3. Na atividade 3, deve-se frisar que a matemática deve desempenhar
seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação
do pensamento, na agilização do raciocínio lógico, na aplicação
a problemas, nas situações da vida cotidiana, nas atividades do
mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em
outras áreas.
4. Na atividade 4, deve-se perceber que os jogos auxiliam no desen-
volvimento dos processos psicológicos básicos, como aprendiza-
gem, percepção, atenção, emoção, motivação, memória, linguagem
e raciocínio, e através deles se aprende a lidar com símbolos e a pen-
sar por analogia, desenvolver uma linguagem própria, criar conven-
ções, de modo a se capacitar para lidar com regras e dar explicações,
habilidades fundamentais no processo de ensino e aprendizagem.
8. Desenvolvimento Cognitivo e
Social dos Educandos da EJA
1. A resposta da atividade 1 é uma produção pessoal. O objetivo é
analisar como o meio social interfere nas formas de linguagem e
como a linguagem interfere no desenvolvimento das formas de
pensamento. Para se aprofundar no assunto, pode-se ler o artigo
completo no livro Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.
– 165 –
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 166 –
Referências
Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Referências
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Referências
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
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Referências
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Fundamentos e Metodologia da Educação de Jovens e Adultos
– 174 –
Já diziam os grandes mestres da educação que educar não é uma tarefa fá-
cil. Educar aqueles que não tiveram acesso ao ensino escolar, quando crian-
ças, é um desafio ainda maior, pois, originalmente, as escolas são pensadas
para crianças.
Assim, ao se preconizar a Educação de Jovens e Adultos, são incorporadas
inúmeras outras váriaveis, não só relativas à idade, como normalmente se
pensa, mas, também, relativas às condições biopsicossociais dos educan-
dos, às suas disponibilidades para a aprendizagem em um contexto escolar e
à prática pedagógica.
Esta obra, dentre outros pressupostos educacionais, trata fundamentalmente
da educação de jovens e adultos que depositam em seu retorno aos bancos
escolares muitos sonhos e expectativas. Espera-se que os educadores possam
compreender melhor o universo de tais educandos e, com isso, equalizar as
práticas pedagógicas no sentido de garantir uma formação digna, necessária
e socialmente comprometida com essas pessoas, que já possuem um grande
conhecimento de vida.
ISBN 978-85-60531-83-7
9 788560 531837