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11/01/2021 Princípio da Unitariedade. Matrículas - fusão - titularidade dominial homogênea. Área - inclusão.

Kollemata - Jurisprudência Registral e Notarial


Sérgio Jacomino, editor.

PRINCÍPIO DA UNITARIEDADE. MATRÍCULAS - FUSÃO - TITULARIDADE DOMINIAL


HOMOGÊNEA. ÁREA - INCLUSÃO.
CGJSP - PROCESSO: 278/2005
LOCALIDADE: Marília DATA DE JULGAMENTO: 13/04/2005
RELATOR: José Antonio de Paula Santos Neto
JURISPRUDÊNCIA: Inde nido
LEGISLAÇÃO: Lei nº 6.015/73, art. 234.
REGISTRO DE IMÓVEIS - Fusão de matrículas - Ausência de identidade entre os respectivos proprietários
- Postulação apresentada por apenas um deles - Inviabilidade - Inteligência do art. 234 da Lei nº 6.015/73
- Recurso não provido.

íntegra
RECURSO ADMINISTRATIVO

Recte.: Agrícola Orissanga Ltda.

Ref.: 1º O cial de Registro de Imóveis de Marília

REGISTRO DE IMÓVEIS - Fusão de matrículas - Ausência de identidade entre os respectivos proprietários


- Postulação apresentada por apenas um deles - Inviabilidade - Inteligência do art. 234 da Lei nº 6.015/73
- Recurso não provido.

Excelentíssimo Senhor Corregedor Geral da Justiça:

Cuida-se de recurso interposto por Agrícola Orissanga Ltda. contra decisão do Juízo da Corregedoria
Permanente do 1º O cial de Registro de Imóveis da Comarca de Marília, pela qual, dada a diferença de
proprietários tabulares e em observância ao princípio da unitariedade, foi mantida a recusa do
registrador, em face de "Instrumento Particular, datado de 09 de fevereiro de 2004" ( s. 02), quanto à
pretensão da recorrente no sentido de que as áreas matriculadas sob nºs. 15.085 e 15.086 passem a
constar, de forma uni cada, de uma só matrícula.

Nas razões recursais é alegado que se trata de "dois terrenos contíguos", os quais, na prática, já
representam uma unidade, visto que sobre eles erguida edi cação. Postula-se provimento, para acolhida
do "pedido de cancelamento ou outro ato jurídico" que permita incluir a área total em matrícula única
( s. 109/112).

O Ministério Público entende, no mérito, que a decisão deve ser mantida, mas pleiteou, preliminarmente,
uma vez que originalmente enviados os autos ao E. Conselho Superior da Magistratura, sua remessa a
esta Corregedoria Geral, considerando não se cogitar de matéria sujeita a procedimento de dúvida ( s.
122/124).

Tal remessa foi determinada a s. 125/126, por não se discutir ato de registro em sentido estrito, uma vez
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que a "fusão de matrículas implica prévio cancelamento que se faz por averbação"

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11/01/2021 Princípio da Unitariedade. Matrículas - fusão - titularidade dominial homogênea. Área - inclusão.

que a fusão de matrículas implica prévio cancelamento, que se faz por averbação .

Relatei.

Passo a opinar.

Eis o já explicitado, ab ovo, pelo O cial ( s. 09 e 29):

"A requerente AGRÍCOLA ORISSANGA LTDA, por seu representante, não é proprietária dos dois imóveis,
mas apenas e tão somente do imóvel objeto da matrícula nº 15.085 (casa de tijolos sob nº 429 da Rua
Paes Leme e terreno com 11,00 x 44,00 m).

"Para a UNIFICAÇÃO DOS IMÓVEIS, necessário que a requerente Agrícola Orissanga Ltda, adquira o
imóvel objeto da matrícula nº 15.086 (terreno medindo 8,00 x 44,00 metros), ainda registrado em nome
de Amélia, Walter, Naide, Walsh e Warner".

Correta a decisão do Juízo a quo ao acolher tal ponderação.

Percebe-se, com efeito, pelo exame das duas matrículas em tela, que a interessada e ora recorrente,
Agrícola Orissanga Ltda., gura como titular do domínio apenas na de número 15.085 ( s. 16/18vº) e nem
sequer é mencionada na de número 15.086 ( s. 19/19vº).

Ausente, pois, o requisito de titularidade uniforme previsto em dispositivo expresso da Lei nº 6.015/73:

"Art. 234. Quando dois ou mais imóveis contíguos, pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de
matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrando-se as
primitivas".

Na hipótese em foco, embora a recorrente sublinhe se cogitar de "dois terrenos contíguos" ( s. 110), os
registros tabulares, que de nem a propriedade imobiliária na sistemática vigente, revelam diversidade
de proprietários.

Inviável que a recorrente, aparecendo como titular de um dos imóveis somente, venha, de forma
unilateral, buscar a pretendida uni cação, com conseqüente cancelamento de matrícula em nome de
terceiras pessoas.

Walter Ceneviva, discorrendo sobre o assunto, é categórico e espanca qualquer dúvida (Lei dos
Registros Públicos Comentada, 14ª ed., Saraiva, São Paulo, 2001, pág. 439):

"Legitimidade para a fusão é do proprietário - Contigüidade de área e titularidade dominial homogênea


são condições básicas para o registro de fusões. O exercício desse direito decorre da propriedade. Não
se satisfaz com o compromisso de venda e compra, mesmo em se sabendo que este, registrado, dá
direito real oponível a terceiros. Todos os títulos a uni car devem estar registrados sob o mesmo
proprietário".

Faltante esse pressuposto indeclinável, ca a pretensão ao desamparo, independentemente de qualquer


outra consideração.

Irrelevante para demonstrar o cabimento da uni cação pretendida a juntada de escrituras de re-
rati cação nas quais se atribui a um dos imóveis matriculados (o registrado em nome da recorrente)
descrição diversa da tabular, englobando o imóvel constante da outra matrícula. São títulos em
descompasso com o registro e é o teor deste que prevalece para apreciação do pedido de uni cação de
áreas matriculadas, cujo acolhimento implicaria fusão e cancelamento de matrículas.

Anoto, outrossim, para constar, que o R. 3 da matrícula nº 15.086, que se almeja ver cancelada, revela
que o bem nela descrito se encontra parcialmente penhorado ( s. 19vº).

Diante do exposto, é no rumo de ser negado provimento ao recurso o parecer que, mui respeitosamente,
submeto à elevada apreciação de Vossa Excelência. Privacidade - Termos

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Sub censura.

São Paulo, 13 de abril de 2005.

JOSÉ ANTONIO DE PAULA SANTOS NETO

Juiz Auxiliar da Corregedoria

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