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HIDRÁULICA E PNEUMÁTICA

Versão Automation Studio 6.4

Prof. Wander Antunes Gaspar Valente

3 de novembro de 2021
Sumário

SUMÁRIO i

PREFÁCIO 2

1 CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 3
1.1 PRENSAGEM DE QUEIJOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Cilindro Pneumático de Ação Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.3 VCD 3/2 Vias Normalmente Fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.4 Alimentador de Ar Comprimido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.5 Identificação dos Elementos de Circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.6 Modelagem e Simulação de Circuitos Pneumáticos . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.7 Montagem do Circuito em Bancada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2 FRENAGEM DE UM EIXO DE TRANSMISSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.2 Unidade de Condicionamento do Ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.3 VCD 3/2 Vias Normalmente Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 ESTAÇÃO DE CARREGAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3.2 Cilindro Pneumático de Dupla Ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3.3 VCD 5/2 Vias com Acionamento Manual . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.4 ESTAÇÃO DE ENGARRAFAMENTO DE LEITE . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.2 Circuito de Atuação Indireta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.3 Representação de Circuitos Pneumáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.4.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.5 CONTROLE DE SUPRIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.5.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.5.2 Manômetro Pneumático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.5.3 Válvula Reguladora de Fluxo Unidirecional . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.6 PRENSAGEM DE QUEIJOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6.2 Análise de um Circuito Pneumático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.6.3 Valvula Alternadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

i
SUMÁRIO 1

1.6.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38


1.7 ENCHIMENTO DE GRANULADO PLÁSTICO . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.7.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.7.2 Válvula de Escape Rápido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.7.3 VCD 5/2 Vias Duplo Piloto Pneumático . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.7.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.8 INDEXADORA ROTATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.8.1 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.8.2 Válvula de Simultaneidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.8.3 VCD 3/2 vias com Acionamento por Contato Mecânico . . . . . . . . . . 47
1.8.4 Circuito Pneumático Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1.8.5 Diagrama Sequencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
PREFÁCIO

º
Notas de aula da disciplina Hidráulica e Pneumática ministrada no 2 perı́odo letivo de
2021 aos alunos de Engenharia Mecatrônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, campus Juiz de Fora durante o perı́odo de Ensino
Remoto Emergencial (ERE).

O cronograma de atividades letivas, a distribuição da pontuação por tópicos e outras in-


formações adicionais sobre o desenvolvimento da disciplina durante o ERE encontram-se deta-
lhados nos Planos de Atividade Pedagógica Remota (PAPR), disponı́veis na turma virtual do
SIGAA. O contato com o professor Wander Gaspar pode ser feito através do e-mail institucio-
nal: wander.gaspar@ifsudestemg.edu.br.

Horário das atividades sı́ncronas: segunda-feira, às 9h, e sexta-feira, às 10h.

A avaliação de conhecimentos relativa ao Primeiro PAPR será lançada no dia 19/11/2021


com data limite para entrega em 26/11/2021, com valor de 2,5 pontos.

A avaliação de conhecimentos relativa ao Segundo PAPR será lançada no dia 13/12/2021


com data limite para entrega em 20/12/2021, com valor de 2,5 pontos.

A avaliação de conhecimentos relativa ao Terceiro PAPR será lançada no dia 24/01/2022


com data limite para entrega em 31/01/2022, com valor de 2,5 pontos.

A avaliação de conhecimentos relativa ao Quarto PAPR será lançada no dia 18/02/2022


com data limite para entrega em 25/02/2022, com valor de 2,5 pontos.

2
Capı́tulo 1

CIRCUITOS PNEUMÁTICOS

1.1 PRENSAGEM DE QUEIJOS

Tópicos Abordados Nesta Seção


ˆ Cilindro pneumático de simples ação com retorno por mola
ˆ Cálculo da força máxima na expansão da haste do cilindro
ˆ Válvulas de controle direcional 3/2 vias com acionamento manual e retorno por mola
ˆ Alimentador de ar comprimido
1.1.1 Descrição do Problema

Em uma unidade de produção de queijos, uma máquina construı́da com um cilindro pneumático
é usada para prensar o queijo em moldes. Um engenheiro mecatrônico deve ser capaz de
desenvolver um sistema de controle que possa ser usado para executar este processo. A Figura
1.1 apresenta o leiaute do mecanismo.

O queijo deve ser posicionado na prensa manualmente por um operador. Quando um botão
de pressão (botão de pulso) é acionado, a haste do cilindro de simples ação deve avançar para
pressionar a tampa no molde. O botão acionador dever ser mantido pressionado até que o
procedimento de prensagem do queijo esteja concluı́do. Quando o botão de pressão é liberado,
a haste do cilindro pneumático se retrai por força da mola até a posição inicial para permitir que
o operador tenha acesso à prensa. O queijo prensado pode então ser removido com segurança.

3
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 4

Figura 1.1: Prensa de moldagem para queijo

1.1.2 Cilindro Pneumático de Ação Simples

O cilindro pneumático é um elemento de máquina que permite a aplicação do movimento linear


sem a necessidade de transmissões, eixos ou ressaltos. Os cilindros pneumáticos consistem,
basicamente, em um tubo cilı́ndrico com tampas dianteira e traseira, êmbolo com juntas de
vedação e haste do êmbolo. A Figura 1.2 apresenta três tipos comuns de cilindros pneumáticos,
nos padrões mini-ISO 1 , ISO e ISO compacto.

Figura 1.2: Tipos comuns de cilindros pneumáticos

Cilindro de Ação Simples com Retorno por Mola

Os cilindros de ação simples com retorno por mola são acionados por ar comprimido somente
em um dos sentidos do movimento. O sentido oposto do deslocamento é produzido pela força
de uma mola. Nesse caso, o curso do êmbolo é limitado pelo comprimento da mola.

A Figura 1.3 ilustra o funcionamento do cilindro de ação simples com retorno por mola. Em
1, o êmbolo está completamente retraı́do devido à força da mola. O ar comprimido é fornecido
pelo pórtico do lado do êmbolo (esq.). Em 2, a haste está completamente avançada devido à
pressão do ar comprimido. Nessa situação, a mola encontra-se retraı́da. Em 3, o fornecimento
1
International Organization for Standardization
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 5

Figura 1.3: Funcionamento de um cilindro pneumático de ação simples com retorno por mola

de ar comprimido é cortado para permitir que a haste retorne à posição inicial por força da
mola. As setas indicam o sentido do fluxo do ar no pórtico do cilindro.

A Figura 1.4 apresenta o sı́mbolo norma ISO 1219-1:2012 e um atuador pneumático de


ação simples, elemento de bancada Festo 152887 (cilindro ESNU-20-50-P-A), com detecção
de posição e amortecimento não regulável nas posições finais de curso. Este componente de
bancada pode operar à pressão máxima de 10 bar, possui diâmetro do pistão 20 mm e o curso
máximo da haste equivale a 50 mm. A força máxima de retorno da mola é 13,6 N.

Figura 1.4: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e componente de bancada Festo 152887

A Tabela 1.1 apresenta algumas caracterı́sticas técnicas normalmente encontradas em cilin-


dros pneumáticos de ação simples. As aplicações mais comuns para este tipo de componente
incluem a fixação, expulsão, extração e prensagem de peças.

Diâmetro pistão 6 mm a 320 mm


Curso haste 1 mm a 2000 mm
Força avanço 2 N a 5000 N
Velocidade avanço 2 cm/s a 100 cm/s

Tabela 1.1: Caracterı́sticas dos cilindros de simples ação

O ar comprimido flui do pórtico de entrada para a câmara do cilindro. A pressão é acumu-


lada na câmara e, como resultado, uma força é aplicada à superfı́cie do êmbolo. Quando esta
força excede o atrito estático, o pistão avança.

A pressão máxima não é atingida até que a haste esteja completamente expandida. Quando
a pressão cai, a mola de retorno empurra o êmbolo de volta à posição inicial. Observe que a
força da mola não é grande o suficiente para mover cargas pesadas na haste do êmbolo. Daı́,
cilindros de ação simples só podem operar sob carga em um único sentido.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 6

Cálculo da Força de Atuação

A força teórica do pistão pode ser calculada de acordo com a Lei de Pascal (Equação 1.1):

Ft = p · Ap (1.1)

onde, no SI, a força é dada em newton (N), a pressão em pascal (Pa) e a área em m2 .

Na prática, deve-se considerar a força efetiva do pistão, cujo cálculo depende da resistência
ao atrito e da força da mola Fm . Sob condições normais de operação em sistemas pneumáticos,
ou seja, entre 4 bar e 8 bar, a força de atrito Fa pode ser assumida como sendo de aproxima-
damente 10% da força teórica do pistão.

A força efetiva Fe do pistão de um cilindro pneumático de simples ação pode ser calculada
pela Equação 1.2.
Fe = Ap · p − (Fa + Fm ) (1.2)

1.1.3 VCD 3/2 Vias Normalmente Fechada

Uma válvula de controle direcional (VCD) de 3/2 vias possui 3 portas – ou pórticos – e 2
posições de comutação para o carretel deslizante. A Figura 1.5 exibe o sı́mbolo norma ISO
1219-1:2012 para uma VCD 3/2 do tipo normalmente fechada (NF) com acionamento manual
por botão de pulso e retorno por mola.

Figura 1.5: VCD 3/2 vias NF acionamento manual e retorno por mola

A numeração das portas na Figura 1.5 é indicada na posição de descanso da válvula, usual-
mente no lado direito. A porta 1 é a via conectada ao alimentador. A porta 2 é a via de
trabalho e a porta 3 é a via de escape do ar comprimido.

Figura 1.6: Representação esquemática de uma VCD 3/2 NF


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 7

A configuração NF implica que o ar comprimido proveniente de 1 não pode fluir através da


VCD. Quando o botão de comando é pressionado, ocorre a comutação da posição do carretel
deslizante. Daı́, os pórticos 1 e 2 da VCD se comunicam entre si (Figura 1.6).

A Figura 1.7 apresenta o componente de bancada Festo 152860, que corresponde a uma
VCD 3/2 vias NF com acionamento manual por botão de pulso e retorno por mola.

Figura 1.7: Componente de bancada Festo 152860

A Figura 1.8 apresenta os sı́mbolos padrão ISO 1219-1:2012 referentes ao componente de


bancada Festo 152863, que corresponde a uma VCD 3/2 vias NF com acionamento manual por
chave seletora de posição com trava e retorno por mola. O sı́mbolo superior corresponde a um
botão com trava e o sı́mbolo inferior representa uma alavanca com trava.

Figura 1.8: Sı́mbolos e componente de bancada Festo 152863

1.1.4 Alimentador de Ar Comprimido

O circuito pneumático completo para a prensagem do queijo requer, além do cilindro de simples
ação e da válvula de controle direcional, de um componente capaz de alimentar o circuito com
ar comprimido fornecido por um compressor.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 8

A Figura 1.9 apresenta o componente de bancada Festo 152896, correspondente a um alimen-


tador de ar comprimido com 1 entrada e 8 saı́das. A entrada está conectada a um compressor
de ar comprimido e as saı́das ficam disponı́veis para a montagem de circuitos em bancada.

Figura 1.9: Alimentador Festo com 8 saı́das padrão QS-4

Os componentes Festo utilizam a técnica de engate rápido (Quick Start) que torna a monta-
gem de experimentos simples e rápida. As mangueiras utilizadas são em tubos de poliuretano
muito flexı́veis e resistentes a dobras, sendo adequados para raios de curvatura reduzidos e
também para montagens por encaixe, que seguem os padrões QS-6 (entrada) e QS-4 (saı́da),
onde os números correspondem aos diâmetros externos das conexões, medidos em milı́metros.

1.1.5 Identificação dos Elementos de Circuito

Cada elemento que compõe o circuito pneumático deve ser identificado de acordo com a res-
pectiva função. Segundo a norma ISO 1219-3, a designação dos componentes utiliza letras
e números combinados (Tabela 1.2). Além disso, a apresentação gráfica dos elementos deve
representar a situação de repouso do sistema.

Elemento Identificação
Atuador linear A
Atuador rotativo M
Válvula de controle direcional V
Sinal mecânico ou proximidade B
Sinal manual S
Fonte de energia primária P
Equipamentos auxiliares Z

Tabela 1.2: Caracterı́sticas dos cilindros de simples ação

Os componentes devem ser numerados sequencialmente a partir de 1 à direita da letra


correspondente. O número do circuito deve ser sequencial a partir de 1 e inserido à esquerda
da letra, com exceção para fontes de energia e equipamentos auxiliares que atendam a diversos
circuitos, quando o número do circuito será 0. Acrescenta-se que o número do circuito não é
obrigatório caso haja apenas um circuito no sistema pneumático.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 9

1.1.6 Modelagem e Simulação de Circuitos Pneumáticos

A biblioteca de componentes genéricos do Automation Studio distribui os elementos pneumáticos


em abas hierarquizadas em diversos nı́veis. Os atuadores estão na aba Cilindros, VCDs em
Válvulas Direcionais e o compressor em Compressores e Amplificadores.

A representação gráfica normalizada do circuito pneumático deve seguir a simbologia defi-


nida pelo padrão ISO 1219-1:2012. A Figura 1.10 apresenta o circuito completo para a molda-
gem de queijo elaborado no software de modelagem computacional AS 6.4.

Figura 1.10: Circuito puramente pneumático para a moldagem de queijo

O circuito representado na Figura 1.10 utiliza um controle direto para o acionamento do


atuador. Isso significa que um elemento de sinal (componente V1) aciona diretamente o cilindro
(componente A1). Na prática, essa configuração normalmente não é recomendada por duas
razões: (a) não separa componentes de controle e trabalho; (b) requer elevado fluxo de ar
comprimido nos elementos de comando.

A Tabela 1.3 apresenta a lista de componentes, com as respectivas quantidades, identificação


e descrição de cada item do sistema.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro de simples ação com retorno por mola
1 V1 VCD 3/2 NF acionamento por botão e retorno por mola
1 P1 Fonte de ar comprimido – alimentador

Tabela 1.3: Lista de componentes do sistema pneumático para prensagem do queijo

A VCD 3/2 vias apresenta a numeração padrão para os pórticos da válvula, onde 1 repre-
senta a conexão para a fonte de ar comprimido, 2 a conexão para o elemento de trabalho e 3 a
conexão para o escape do ar.

O circuito pneumático apresentado na Figura 1.10 pode ser executado em simulação com-
putacional no AS 6.4. O software permite representar graficamente o comportamento dinâmico
de variáveis do sistema, como pressão, fluxo, posição, velocidade e aceleração. Para tanto, deve
ser utilizado um Gráfico y(t) disponı́vel na aba Simulação-Medição do menu principal.

A Figura 1.11 apresenta um Gráfico y(t) para as variáveis comprimento (mm), velocidade
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 10

linear (cm/s), pressão na entrada (bar) e fluxo pneumático (SLPM2 ) da haste do cilindro A1
durante um ciclo completo de expansão e retração.

Figura 1.11: Diagrama de estado para variáveis do componente A1

A partir do Gráfico y(t) é possı́vel analisar o comportamento dinâmico do sistema. Por


exemplo, a velocidade média de retração é superior à de expansão, caracterı́stica que pode ser
observada tanto na curva de comprimento quanto na de velocidade linear.

1.1.7 Montagem do Circuito em Bancada

A montagem do circuito em bancada de treinamento deve sempre seguir um conjunto de pro-


cedimentos para melhor organização e segurança.

1. A montagem em bancada somente deve ser executada após a elaboração e teste do circuito
no software de modelagem computacional. Todos os componentes devem ser identificados
segundo a norma ISO.
2. Coloque na mesa da bancada todos os componentes que serão usados na montagem.
Verifique se a identificação do componente de bancada corresponde ao elemento requerido.
3. Verifique se o compressor está ligado e o reservatório de ar comprimido está abastecido.
Abra a válvula da linha de ar que atende ao laboratório G104. Regule a pressão na
bancada para, no máximo, 4 bar. Mantenha a válvula da bancada fechada enquanto
monta o circuito.
4. Monte o circuito na bancada. Organize os componentes em uma hierarquia por nı́veis,
de forma semelhante ao circuito elaborado no AS 6.4 (Figura 1.12). Os tubos flexı́veis na
cor azul são produzidos em poliuretano e suportam pressões até 10 bar. As conexões são
2
Standard Litre Per Minute, a 0°C e 1 bar
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 11

por engate rápido, tome cuidado ao desconectar o tubo. Utilize o menor comprimento
possı́vel de tubo ao fazer as conexões e evite o cruzamento de tubos.

Figura 1.12: Montagem do circuito em bancada

5. Abra a válvula da bancada e teste o circuito, Após cada teste, feche novamente a válvula
de ar da bancada.

Descrição do Funcionamento do Circuito

O funcionamento do circuito deve ser descrito de acordo com o número de passos de execução.
Para a prensagem do queijo, pode-se dividir a sequência de operação em três passos distintos.

ˆ Posição inicial: a VCD V1 está fechada, o atuador A1 está retraı́do.


ˆ Passo 1: quando o botão de V1 é pressionado, a válvula é aberta e o ar comprimido flui
do alimentador para o lado da haste de A1, que expande a haste do pistão.
ˆ Passo 2: quando o botão de S1 é liberado, a VCD retorna à posição inicial NF; o atuador
A1 retrai por força da mola e o ar é exaurido pela porta de escape.

Exercı́cios
A) Determine a força máxima na expansão para um cilindro pneumático de simples ação.
Dados: diâmetro do pistão 5 cm, pressão no alimentador 6 bar. Modele o circuito no AS
6.4 e verifique a aderência do modelo ao cálculo matemático.
B) Altere o exercı́cio anterior de forma a considerar o atrito externo. Dados: massa externa
120 kg; força externa de compressão 240 N e 480 N.
C) Inclua um adaptador do tipo Placa Aberta à haste do cilindro pneumático (disponı́vel na
opção Configurador do componente). Inclua também um retângulo e associe a trajetória
deste componente ao movimento da haste do cilindro.
D) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.10 de forma a empregar uma VCD
com acionamento manual por chave seletora de posição.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 12

E) Elabore um circuito pneumático no AS 6.4 contendo dois atuadores lineares de simples


ação comandados por uma única VCD 3/2 vias NF. Dados: diâmetro do pistão 5 cm,
pressão no alimentador 4 bar. Inclua conectores em T quando necessário.

F) Elabore um circuito pneumático no AS 6.4 contendo dois cilindros lineares de simples


ação A1 e A2 e duas VCDs 3/2 vias NF V1 e V2. V1 deve comandar a expansão de A1. V2
deve comandar a expansão de A2, desde que V1 esteja acionada. Considere que V1 e V2
sejam comandadas, respectivamente, por chave seletora com trava e por botão de pulso.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 13

1.2 FRENAGEM DE UM EIXO DE TRANSMISSÃO

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ Unidade de condicionamento do ar comprimido
ˆ Válvula de controle direcional 3/2 vias NA com comando manual e retorno por mola
ˆ Válvula de emergência do tipo VCD 3/2 vias com comando manual por trava
1.2.1 Descrição do Problema

Uma máquina industrial foi adaptada com um freio projetado para reduzir o perı́odo de tempo
durante o qual o eixo de transmissão funciona quando o motor para após a embreagem ser
desengatada. A força de frenagem é gerada pelo retorno da mola no cilindro pneumático. O
freio é acionado por meio de um acionamento manual no console da máquina. A Figura 1.13
apresenta o leiaute do equipamento.

Figura 1.13: Frenagem do eixo de transmissão

Quando um botão de pulso é acionado, a haste do cilindro retrai devido à força da mola.
O botão é mantido pressionado enquanto o eixo de transmissão precisa ser freado. Quando o
botão de pulso é liberado, a haste do pistão avança novamente, liberando o freio do eixo de
transmissão.

1.2.2 Unidade de Condicionamento do Ar

Uma unidade de condicionamento tem por objetivo adequar o ar atmosférico aos sistemas
pneumáticos em geral. Os principais componentes utilizados para a preparação do ar são o
filtro e o regulador de pressão.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 14

Filtro de Ar

O ar comprimido que sai de um compressor é quente, úmido e contém impurezas, o que pode
danificar e encurtar a vida dos equipamentos. A função de um filtro é remover contaminantes
presentes no gás. Em geral, os filtros de linha contem elementos filtrantes capazes de remover
contaminantes com espessuras na ordem de 1 µm.

A Figura 1.14 apresenta uma ilustração em corte de um filtro cujo elemento filtrante é
constituı́do por um feltro de celulose, que proporciona elevada vazão do ar sem acarretar perda
de pressão significativa.

Figura 1.14: Filtro de ar comprimido

Regulador de Pressão do Ar

Para que uma pressão constante esteja disponı́vel para o sistema pneumático, é utilizado um
regulador de pressão – Figura 1.15.

Figura 1.15: Regulador de pressão do ar comprimido


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 15

Existem vários tipos de reguladores de ar. O tipo mais simples emprega uma válvula com
um cabeçote sobre um assento, ajustável por mola. À medida que a pressão aumenta, o cabeçote
se eleva, equilibrando-se contra a força da mola.

Os processos de filtragem e regulagem de pressão devem ser realizados próximo dos consumi-
dores pneumáticos. Os fabricantes de equipamentos fornecem unidades de condicionamento –
denominado conjunto lubrifil – que incorporam essas funcionalidades em um único dispositivo
(Figura 1.16).

Figura 1.16: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e conjunto lubrifil Festo com fluxo nominal de 750 L/min

1.2.3 VCD 3/2 Vias Normalmente Aberta

Uma VCD 3/2 vias do tipo normalmente aberta (NA) possui 3 pórticos e 2 posições de co-
mutação. Na posição inicial, à direita, o pórtico de alimentação (1) está em comunicação com o
pórtico de trabalho (2). A Figura 1.17 apresenta o sı́mbolo padrão ISO 1219-1:2012 para uma
VCD 3/2 vias NA com acionamento manual por botão de pulso e retorno por mola.

Figura 1.17: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 para uma VCD 3/2 vias NA com acionamento manual

Em uma VCD 3/2 NA, o ar comprimido flui através da válvula para o atuador, mantendo
a haste completamente expandida. Quando o comando manual é acionado, a válvula se fecha,
impedindo o fluxo do ar comprimido. Nessa situação, a haste do pistão retrai-se pela força da
mola.

A Figura 1.18 apresenta o componente de bancada Festo 152861, que corresponde a uma
VCD 3/2 vias NA com acionamento manual por botão de pulso e retorno por mola.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 16

Figura 1.18: Componente de bancada Festo 152861

Válvula de Emergência do Tipo VCD 3/2 Vias NA

Uma válvula de emergência é um componente de bancada que pode ser utilizado para elaborar
circuitos pneumáticos que atendam a determinados requisitos de segurança ao operador ou ao
próprio sistema.

A Figura 1.19 apresenta o sı́mbolo padrão e o componente de bancada Festo 152864, que
corresponde a uma válvula de emergência do tipo VCD 3/2 vias NA com acionamento manual
por botão de segurança com trava. Por padrão, este tipo de componente possui cor amarela
com o elemento de acionamento na cor vermelha.

Figura 1.19: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e componente de bancada Festo correspondente a uma
VCD 3/2 vias NA do tipo válvula de emergência

1.2.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático completo para a frenagem do eixo de transmissão é apresentado na Figura


1.20. Elabore o circuito no AS 6.4 segundo a norma ISO 1219-1:2012 incluindo os nomes dos
componentes e a numeração dos pórticos.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 17

Figura 1.20: Circuito puramente pneumático para a frenagem do eixo

A Tabela 1.4 lista os componentes utilizados no circuito, incluindo as respectivas quantida-


des, identificação e descrição de cada item.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro de simples ação com retorno por mola
1 V1 VCD 3/2 NA acionamento por botão e retorno por mola
1 0Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura
1 P1 Fonte de ar comprimido – alimentador

Tabela 1.4: Lista de componentes do sistema para frenagem do eixo de transmissão

Descrição do Funcionamento do Circuito

ˆ Posição inicial: a válvula V1 está aberta, o atuador A1 está completamente expandido.


ˆ Passo 1: quando o botão de V1 é pressionado, a câmara do pistão é exaurido através da
ˆ Passo 2: quando o botão de V1 é liberado, a mola empurra a válvula para a posição
válvula e a haste do cilindro A1 se retrai.

normal, a câmara do cilindro A1 é pressurizada e a haste expande novamente.

Exercı́cios
A) Modele o circuito da Figura 1.20 no AS 6.4 de acordo com as especificações dos compo-
nentes de bancada. Considere a pressão na saı́da da unidade condicionadora igual a 4
bar. Estime a velocidade do pistão para uma carga externa de 100 N. Dados: Diâmetro
do orifı́cio P1 0,25 mm; Área de orifı́cio máximo do silenciador de escape 0,1 cm2 .

B) Elabore um circuito puramente pneumático para: (a) expandir um cilindro de simples


ação A1 a partir de uma VCD com comando manual; (b) retrair um cilindro de simples
ação A2 a partir de uma segunda VCD com comando manual. Modele os componentes
no AS 6.4 de acordo com as especificações de bancada.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 18

C) Elabore um circuito pneumático no AS 6.4 com um cilindro de simples ação coman-


dado por uma VCD 3/2 vias NF com acionamento manual por botão de pulso. Inclua
no circuito uma válvula de emergência do tipo VCD 3/2 vias NA capaz de comandar
imediatamente o recuo da haste do pistão.

D) Ainda referente ao circuito pneumático do exercı́cio anterior, modele as linhas pneumáticas


para URE-FLX-4-0,75 (poliuretano) com comprimento total de 5 m entre a VCD e o ci-
lindro. Compare as variáveis do sistema com um circuito de linhas curtas.

E) Elabore um circuito puramente pneumático para comandar a expansão de um cilindro de


simples ação (sem mola) a partir de uma VCD com comando manual e retorno por mola.
Considere que o cilindro encontra-se fixado na vertical, com o movimento de expansão da
haste no sentido contrário ao da gravidade. Considere também uma carga externa de 19
kg atuante sobre a haste. Use as configurações do componente 152887. O regulador de
ar deve estar ajustado para 6 bar.

F) O projeto apresentado nesta seção pode ser elaborado utilizando-se um freio pneumático,
componente disponı́vel na biblioteca de Pneumática, pasta Cilindros, subpasta Freios.
Elabore uma solução para a máquina industrial com o emprego deste componente.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 19

1.3 ESTAÇÃO DE CARREGAMENTO

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ Cilindro pneumático de dupla ação
ˆ Cálculo da força de um cilindro de dupla ação nos ciclos de expansão e de retração
ˆ Válvula de controle direcional 5/2 vias com acionamento manual e retorno por mola
1.3.1 Descrição do Problema

Em uma estação de carregamento, os pacotes são separados e classificados manualmente em


contêineres para transporte. Quando os contêineres estão cheios, eles são enviados para fora e
substituı́dos por contêineres novos e vazios. Durante a troca, o fluxo de materiais precisa ser
pausado, embora a esteira continue funcionando. As embalagens são impedidas de se mover
por um bloco mecânico (lâmina de travamento). Este processo precisa ser operado a partir da
estação de carregamento.

Figura 1.21: Estação de carregamento de contêineres

1. Quando uma chave seletora é pressionada, a haste do cilindro avança e empurra a lâmina
de bloqueio no sentido do fluxo de materiais.

2. A haste do pistão permanece na posição avançada quando a chave seletora é liberada,


portanto o fluxo de materiais não pode continuar.

3. Quando a chave seletora é liberada, a haste do pistão se move para a posição final retraı́da,
permitindo que o fluxo de materiais continue. A haste do pistão permanece retraı́da até
que a chave seletora seja acionada novamente.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 20

1.3.2 Cilindro Pneumático de Dupla Ação

A Figura 1.22 apresenta o sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e o componente de bancada Festo 152888
(atuador DSNU-20-100-PPV-A) que corresponde a um cilindro pneumático de dupla ação.

Figura 1.22: Cilindro pneumático de dupla ação

Este atuador linear opera à pressão máxima de 10 bar e o comprimento da haste equivale a
10 cm. O diâmetro do pistão mede 20 mm e o diâmetro da haste mede 8 mm. A força teórica
de atuação à pressão de 6 bar corresponde a 188,5 N na expansão e a 158,3 N na retração. O
componente possui sistema de amortecimento no fim de curso na expansão e na retração. Um
ı́mã permanente encontra-se montado no pistão do cilindro. O campo magnético gerado pode
acionar um sensor de proximidade.

Curso de Expansão

O ar comprimido flui através do pórtico do lado do pistão do cilindro. A pressão é acumulada


na câmara e a força é aplicada à superfı́cie do pistão. Quando esta força excede o atrito estático,
o conjunto pistão e haste avança. O ar na câmara do lado da haste escapa através da respectiva
porta (Figura 1.23. A pressão operacional total não é atingida até que o pistão esteja totalmente
expandido.

Figura 1.23: Curso de expansão em um cilindro pneumático de dupla ação

A força na expansão da haste do pistão é dada por Fe = p · Ap , onde Ap é a área do pistão.


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 21

Curso de Retração

Na retração, o ar flui para a porta do lado da haste, onde acumula a pressão até o pistão se
mover para trás. O ar escapa da câmara do lado do pistão através do respectivo pórtico.

A força na retração da haste do pistão é dada por Fr = p · Aa , onde Aa = Ap − Ah é a área


do anel.

1.3.3 VCD 5/2 Vias com Acionamento Manual

Uma VCD 5/2 vias possui 5 portas (ou pórticos) e 2 posições de comutação. A Figura 1.24 exibe
o sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e a representação esquemática de uma VCD 5/2 com acionamento
manual por trava e retorno por mola.

Figura 1.24: VCD 5/2 vias com acionamento manual e retorno por mola

Enquanto não acionada, a mola mantém a VCD 5/2 vias na posição inicial, onde o ar
comprimido flui do pórtico de alimentação 1 para o pórtico de trabalho 2. Quando o comando
manual é acionado, o carretel deslizante da válvula se desloca para permitir que o pórtico de
alimentação 1 se conecte ao pórtico de trabalho 4.

A Figura 1.25 apresenta o componente de bancada Festo 152862, que corresponde a uma
VCD 5/2 vias com acionamento manual com trava e retorno por mola.

Figura 1.25: Componente de bancada Festo 152862


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 22

1.3.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático completo para a estação de carregamento de contêineres é apresentado


na Figura 1.26. Elabore o circuito no AS 6.4 segundo a norma ISO 1219-1:2012 incluindo os
nomes dos componentes e a numeração dos pórticos.

Figura 1.26: Circuito pneumático para a estação de carregamento

A Tabela 1.5 contém a relação de componentes empregados no circuito pneumático, in-


cluindo as respectivas quantidades, a identificação e a descrição de cada item.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro pneumático de dupla ação
1 V1 VCD 5/2 vias acionamento manual com trava e retorno por mola
1 0Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura
1 P1 Fonte de ar comprimido

Tabela 1.5: Lista de componentes do sistema para a estação de carregamento de contêineres

Descrição do Funcionamento do Circuito

ˆ Posição inicial: V1 não está acionada. A câmara do pistão de A1 está esgotada. A


ˆ Passo 1: quando V1 é acionada, o ar comprimido flui para a câmara do pistão de A1 e a
câmara da haste de A1 está pressurizada. A haste do pistão de A1 está retraı́da.

ˆ Passo 2: quando V1 retorna à posição inicial, a câmara do pistão de A1 é esgotada e o


câmara da haste de A1 é esgotada. A haste de A1 expande.

ar comprimido flui para a câmara da haste de A1. A haste do pistão de A1 se retrai.

Exercı́cios
A) Modele o circuito da Figura 1.26 no AS 6.4 de acordo com as especificações do componente
de bancada Festo 152888. Considere a pressão na saı́da da unidade condicionadora igual
a 6 bar. Verifique a aderência dos valores encontrados no AS 6.4 para a carga máxima
calculada tanto na expansão quanto na retração da haste do pistão.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 23

B) Modele o circuito da Figura 1.26 no AS 6.4 de acordo com as especificações do componente


de bancada Festo 152888. Considere a pressão na saı́da da unidade condicionadora igual
a 6 bar. Considere o diâmetro do orifı́cio do alimentador igual a 1 mm. A partir da
janela de propriedades do cilindro de dupla ação, adicione uma curva de força resistiva
linearmente variável na expansão da haste, de 0 N até 200 N. Observe o comportamento
do atuador.

C) Elabore um circuito puramente pneumático no AS 6.4 para comandar o movimento sin-


cronizado de dois cilindros de dupla ação a partir de uma única VCD 5/2 vias com
acionamento manual e retorno por mola. Considere o diâmetro do orifı́cio do alimenta-
dor de ar comprimido 0,1 mm. O movimento será sincronizado caso os cilindros estejam
submetidos a forças externas diferentes? Considere inicialmente, para ambos os cilindros,
forças externas de compressão e tração de 100 N. Em seguida, altere as forças no segundo
cilindro para 105 N.

D) Elabore um circuito puramente pneumático no AS 6.4 para comandar um cilindro de


dupla ação a partir de uma VCD 5/2 vias com acionamento manual e retorno por mola.
Considere o diâmetro do orifı́cio do alimentador de ar comprimido 0,25 mm. Inclua no
projeto uma válvula de emergência do tipo VCD 3/2 vias NA que, quando acionada,
deve cortar a alimentação de ar comprimido para o circuito. Observe o comportamento
do atuador quando a válvula de emergência é acionada.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 24

1.4 ESTAÇÃO DE ENGARRAFAMENTO DE LEITE

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ Circuitos pneumáticos com comandos indiretos
ˆ Válvula de controle direcional 3/2 vias com simples piloto pneumático
ˆ Válvula de controle direcional 5/2 vias com simples piloto pneumático
1.4.1 Descrição do Problema

Um sistema pneumático é usado para automatizar uma unidade de engarrafamento do leite.


As peças são posicionadas sob a máquina de engarrafamento por uma esteira transportadora.
Esta tarefa é realizada com o auxı́lio de um cilindro de dupla ação. O procedimento de parada
das garrafas deve ser comandado manualmente por um operador.

Figura 1.27: Estação de engarrafamento de leite

1. Quando uma chave seletora é acionada, a haste do cilindro avança e empurra a lâmina
de travamento, parando a movimentação das garrafas.
2. Quando a chave seletora é liberada, a haste do pistão se move para a posição retraı́da,
permitindo que o fluxo de garrafas continue.
3. A haste do pistão permanece retraı́da até que a chave seletora seja acionada novamente.

1.4.2 Circuito de Atuação Indireta

Em circuitos pneumáticos de atuação direta, o elemento de controle (uma VCD com aciona-
mento manual, por exemplo) está conectado diretamente a um elemento de trabalho (um atua-
dor linear, por exemplo). Ao contrário, em circuitos de atuação indireta, existe uma separação
bem definida entre os elementos responsáveis pelo controle e os componentes de trabalho.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 25

A principal vantagem dos circuitos de atuação indireta consiste em dimensionar elementos de


controle que possam demandar fluxo de ar reduzido e forças de acionamento menores, gerando
economia de custos de instalação e produção.

VCDs com Acionamento por Sinal Piloto

Circuitos pneumáticos de atuação indireta empregam VCDs com acionamento através de sinais
piloto de ar comprimido. Estas válvulas podem ser do tipo simples piloto (com retorno por
mola) ou duplo piloto. Além disso, podem ser VCDs 3/2 vias ou VCDs 5/2 vias.

A Figura 1.28 apresenta o sı́mbolo norma ISO 1219-1:2012 de uma VCD 5/2 vias com
acionamento por simples piloto pneumático e retorno por mola. Na posição inicial, por força
da mola, o pórtico de alimentação 1 está conectado ao pórtico de trabalho 2. Quando ocorre
um sinal piloto no pórtico 14, o carretel deslizante da VCD desloca-se para comunicar o pórtico
1 com o pórtico de trabalho 4.

Figura 1.28: Simbolo ISO 1219-1:2012 para uma VCD 5/2 vias com acionamento por simples
piloto e retorno por mola

A Figura 1.29 apresenta o componente Festo 576307, que corresponde a uma VCD 5/2 vias
com sinal do tipo simples piloto e retorno por mola. Observe que os pórticos de escape 3 e 5
da válvula possuem silenciadores para reduzir o ruı́do sonoro na exaustão do ar comprimido.

Figura 1.29: Componente de bancada Festo 576307

Na Figura 1.29, o pórtico mais à esquerda é responsável pelo sinal piloto para o acionamento
da válvula, correspondente ao pórtico 14 representado na simbologia padrão.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 26

A Figura 1.30 apresenta o sı́mbolo norma ISO 1219-1:2012 referente ao componente Festo
576302, que corresponde a uma VCD 3/2 vias com sinal do tipo simples piloto pneumático e
retorno por mola. Na realidade, trata-se originalmente de uma válvula 5/2 vias adaptada para
funcionamento com apenas 3 pórticos.

Figura 1.30: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 para uma VCD 3/2 vias com sinal piloto simples

Uma VCD 5/2 vias simples piloto também pode ser adaptada para operar como uma VCD
3/2 vias simples piloto obstruindo-se um dos pórticos de trabalho da válvula.

1.4.3 Representação de Circuitos Pneumáticos

Os circuitos pneumáticos são apresentados em esquemas ou diagramas que apresentam os ele-


mentos de trabalho, comando, processamento e geração de sinais. Os diagramas podem ser de
duas formas: (a) comandos de posição; (b) comandos de sistema.

Esquemas de Comandos de Posição

Figura 1.31: Esquema de comandos de posição

Esta abordagem reproduz a posição de instalação dos elementos. Apresenta problemas à


medida que cresce o número de acessórios e sequências do sistema (Figura 1.31).
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 27

Esquemas de Comandos de Sistema

Esse esquema de comando está baseado em uma ordenação dos sı́mbolos segundo as respectivas
funções de comando, com o objetivo de facilitar a leitura e a interpretação do circuito. Segundo
a recomendação normativa ISO 1219-1:2012, as linhas ou conexões entre os componentes devem
ser desenhadas com o mı́nimo de cruzamentos (Figura 1.32).

Figura 1.32: Esquema de comandos de sistema

Os diagramas de comandos de sistema devem ser divididos horizontalmente em diferentes


nı́veis hierárquicos, que iniciam-se a partir da posição superior, pela representação dos atuado-
res, seguindo-se pelos pré-atuadores, elementos de controle até a fonte de energia na posição
inferior do esquema.

Figura 1.33: Hierarquia de nı́veis em diagramas de comandos de sistema


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 28

1.4.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático completo para a estação de engarrafamento de leite modelado no AS 6.4


é apresentado na Figura 1.34 de acordo com o esquema de comandos de sistema. As VCDs S1
e V1 devem ser conectadas ao alimentador de ar comprimido. Observe que, por padrão, a linha
de pilotagem é representada por uma linha tracejada.

Figura 1.34: Circuito pneumático para a estação de engarrafamento de leite

O circuito representado na Figura 1.34 emprega o método de atuação indireta, onde a identi-
ficação dos elementos é feita de acordo com a respectiva função. Além disso, os componentes são
alinhados em bancada por nı́veis hierárquicos. A VCD S1 é um elemento de comando manual.
Este tipo de componente deve ser identificado pela letra S seguida de um número sequencial.
Elementos de controle são identificados pela letra V seguida de um número sequencial.

Elabore o circuito da Figura 1.34 no AS 6.4 segundo a norma ISO 1219-1:2012 incluindo
os nomes dos componentes e a numeração dos pórticos. A Tabela 1.6 apresenta a lista de
componentes e as respectivas quantidades, identificação e descrição dos itens.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro de dupla ação
1 V1 VCD 5/2 acionamento por simples piloto e retorno por mola
1 S1 VCD 3/2 acionamento por chave seletora e retorno por mola
1 0Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura
1 P1 Fonte de ar comprimido

Tabela 1.6: Lista de componentes do sistema para o engarrafamento do leite


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 29

Descrição do Funcionamento do Circuito

ˆ Posição inicial: a haste cilindro A1 está retraı́da. A alavanca de S1 não está acionada.
ˆ Passo 1: quando a alavanca de S1 é acionada, um sinal pneumático é enviado a V1. Este
sinal comuta a posição do carretel deslizante da válvula. Como consequência, o lado do

ˆ
pistão de A1 é pressurizado e o lado da haste de A1 é esgotado. A haste do cilindro avança.
Passo 2: quando a alavanca de S1 é retornada à posição inicial, cessa o sinal piloto em
V1. O retorno da mola em V1 esgota o lado do pistão de A1 e pressuriza o lado da haste
de A1 com ar comprimido. A haste do pistão no cilindro é retraı́da.

Exercı́cios
A) Elabore um circuito de atuação indireta para controlar o acionamento de um cilindro
pneumático de simples ação a partir de um comando manual por botão de pulso. Utilize
uma VCD 3/2 vias simples piloto. Inclua a lista de componentes e o gráfico y(t) para as
principais variáveis do sistema.

B) Altere o exercı́cio anterior de forma a substituir a VCD 3/2 vias simples piloto por uma
VCD 5/2 simples piloto com a obstrução de um dos pórticos de trabalho.

C) Um circuito de atuação indireta deve controlar o acionamento de um cilindro pneumático


de simples ação a partir de uma VCD 3/2 vias com comando manual por botão de pulso.
O atuador somente deve expandir se uma VCD 3/2 vias com comando manual por chave
seletora for acionada para liberar o ar comprimido para a VCD simples piloto.

D) Um circuito de atuação indireta deve controlar o acionamento de um cilindro pneumático


de dupla ação a partir de um comando manual por chave seletora. Uma VCD com co-
mando manual deve atuar como chave de emergência, para cortar o sinal de pilotagem
permitindo que a haste do cilindro retorne imediatamente à posição completamente re-
traı́da.

E) Um circuito de atuação indireta deve controlar o acionamento de um cilindro pneumático


de simples ação sem retorno por mola a partir de um comando manual por botão de pulso.
O cilindro deve ser posicionado na vertical e deve suportar uma carga externa de 10 kg.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 30

1.5 CONTROLE DE SUPRIMENTOS

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ Manômetro pneumático
ˆ Válvula de controle do fluxo ou de vazão unidirecional
ˆ Métodos para o controle de fluxo do ar comprimido em circuitos pneumáticos
1.5.1 Descrição do Problema

Um sistema para fornecimento de suprimentos deve ser comandado a partir de uma válvula de
bloqueio inserida na tubulação. Uma VCD com uma chave seletora manual deve controlar a
abertura e o fechamento da válvula de bloqueio. Um cilindro pneumático de dupla ação deve
ser utilizado no sistema (Figura 1.35).

Figura 1.35: Controle de abertura e fechamento de suprimento

1. Quando a chave seletora é acionada, a haste do cilindro avança para para cortar o fluxo
de suprimento.
2. Quando a chave seletora é liberada, a haste retorna à sua posição normal e a válvula de
bloqueio libera o fluxo de suprimento.
3. A válvula de bloqueio deve abrir e fechar lentamente para garantir que a tubulação não
seja submetida a cargas excessivas – não deve haver formação de ondas de choque.
4. A velocidade dos movimentos de avanço e retorno da haste deve ser ajustável manualmente
pelo operador.
5. Cada avanço ou retorno deve ser executado em 1s aproximadamente.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 31

1.5.2 Manômetro Pneumático

Um manômetro pneumático consiste em um tubo de metal dobrado em forma de C, que é


vedado em uma extremidade e conectado rigidamente à flange de conexão na outra ponta. A
pressão que precisa ser medida é gerada no tubo, e a pressão ambiente prevalece fora do tubo
como valor de referência (Figura 1.36).

Figura 1.36: Manômetro pneumático

Se a pressão medida for menor que a pressão atmosférica, a curvatura do tubo de metal au-
menta. Se a pressão medida for maior que a pressão atmosférica, a curvatura do metal diminui.
Um mecanismo de medição é fixado à extremidade selada do tubo para que o deslocamento
possa ser indicado em uma escala linear.

A Figura 1.37 apresenta o componente de bancada Festo 152865, que corresponde a um


manômetro pneumático com pressão máxima 10 bar e escalas em bar e psi.

Figura 1.37: Manômetro pneumático Festo 152865


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 32

1.5.3 Válvula Reguladora de Fluxo Unidirecional

Em uma válvula de controle de fluxo unidirecional, a vazão de ar comprimido é controlada em


apenas um sentido. Uma válvula de retenção força a passagem do ar comprimido através da
seção transversal estrangulada. O ar flui livremente no sentido oposto através da válvula de
retenção (Figura 1.38).

Figura 1.38: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 de uma válvula reguladora de fluxo unidirecional

A Figura 1.39 apresenta uma vista em corte que ilustra o funcionamento de uma válvula
reguladora de fluxo unidirecional.

Figura 1.39: Vista em corte da válvula reguladora de fluxo unidirecional

Válvulas reguladoras de fluxo são usadas principalmente para ajustar a velocidade de


atuação dos cilindros pneumáticos. Observe que o princı́pio fı́sico para o controle de velocidade
consiste em restringir a passagem do ar comprimido nas válvulas reguladores de fluxo.

A Figura 1.40 apresenta o componente de bancada Festo 193967, que corresponde a uma
válvula reguladora de fluxo unidirecional, com fluxo máximo de 85 L/min e pressão até 10 bar.

Figura 1.40: Válvula reguladora de fluxo unidirecional Festo 193967


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 33

Regulagem na Entrada de Ar

Há dois métodos para o controle da velocidade em atuadores pneumáticos através de válvulas
reguladoras de fluxo. Na regulagem da vazão de ar através do pórtico de entrada – método meter
in – a válvula reguladora de fluxo unidirecional é instalada de modo que o estrangulamento
seja feito na entrada do ar comprimido para o cilindro (Figura 1.41).

Figura 1.41: Regulagem na entrada do atuador pneumático

A regulagem no pórtico de entrada restringe a vazão de modo que o ar flui lentamente para
o interior do cilindro. A haste do pistão não irá se mover até que haja pressão suficiente para
vencer o atrito estático. Durante o movimento, o pistão tenderá a deslocar-se rapidamente
enquanto o ar se expande no interior do cilindro. Como consequência da expansão do ar, a
pressão irá cair e o movimento do pistão pode ser interrompido.

Regulagem na Saı́da de Ar

Na regulagem da vazão de ar no pórtico de saı́da – método meter out – a válvula reguladora


de fluxo unidirecional é instalada de modo que o estrangulamento seja feito na saı́da do ar
comprimido do cilindro (Figura 1.42).

Figura 1.42: Regulagem na saı́da do atuador pneumático

A regulagem no pórtico de saı́da permite que o ar possa fluir lentamente para fora do cilindro
enquanto pressuriza rapidamente o pórtico de entrada. O pistão se moverá assim que a pressão
diferencial entre os lados do pistão for alta o suficiente para vencer o atrito estático.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 34

1.5.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático completo para o controle de fornecimento de suprimento modelado no


AS 6.4 é apresentado na Figura 1.43. O circuito utiliza o método meter-out para o controle
de velocidade tanto na expansão quanto na retração da haste do cilindro. As válvulas S1 e V1
devem ser conectadas ao alimentador de ar comprimido.

Figura 1.43: Circuito pneumático para o controle de fornecimento de suprimento

Elabore o circuito da Figura 1.43 no AS 6.4, incluindo os nomes dos componentes e a


identificação dos pórticos das VCDs. A Tabela 1.7 apresenta a relação de componentes do
circuito que inclui as respectivas quantidades, identificação e descrição de cada item.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro pneumático de dupla ação
2 Z2, Z3 Manômetro pneumático
2 V2, V3 Válvula reguladora de fluxo unidirecional
1 V1 VCD 5/2 acionamento por sinal pneumático e retorno por mola
1 S1 VCD 3/2 acionamento manual com trava e retorno por mola
1 Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura
1 P1 Fonte de ar comprimido

Tabela 1.7: Lista de componentes do sistema para o controle de suprimento


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 35

Descrição do Funcionamento do Circuito

O sistema deve ser descrito de acordo com o número de passos de execução. A sequência de
operação para o circuito de controle de suprimento pode ser dividida em três passos distintos.

ˆ Posição inicial: a haste do pistão de A1 está retraı́da. A câmara do pistão é descarregada


ˆ Passo 1: quando V1 é comutada devido a um sinal piloto em S1, a câmara do pistão
através de V1.

de A1 é pressurizada através de V2. A haste do pistão de A1 expande com velocidade

ˆ
controlada até a posição final avançada.
Passo 2: quando a chave seletora de S1 é liberada, a câmara da haste de A1 é pressurizada
através das válvulas V1 e V3. A haste do pistão de A1 é retraı́da com velocidade controlada.

Os tempos de expansão e retração devem ser definidos através de V3 e V2 respectivamente.


Use um cronômetro para a medição do tempo transcorrido.

Exercı́cios
A) Compare no AS 6.4 comportamento da velocidade na expansão da haste de um cilindro
pneumático de dupla ação de acordo com os métodos de regulagem meter-in e meter-out.
Considere que não há carga externa aplicada. A pressão na saı́da do regulador de pressão
é 6 bar. A abertura das válvulas reguladoras de fluxo é 0,2%. O que você conclui com
base nas curvas de velocidade obtidas?

B) Altere o circuito pneumático para o sistema de controle de suprimento apresentado na


Figura 1.43 a fim de empregar um cilindro de simples ação. Considere que as válvulas
reguladoras de fluxo devem, aproximadamente, igualar as velocidades na expansão e na
retração da haste. Dados adicionais: regulador de pressão a 6 bar e carga nula na expansão
do atuador.

C) Elabore um circuito no AS 6.4 para o controle da velocidade na expansão (meter-out)


de dois cilindros pneumáticos de dupla ação, de forma a sincronizar aproximadamente os
movimentos de avanço da haste. Considere que um dos atuadores não está submetido a
carga externa e o outro está submetido a uma carga externa próxima ao limite máximo.
Dado adicional: regulador de pressão a 6 bar.

D) Elabore um circuito no AS 6.4 para o controle de velocidade na expansão (meter-out) de


um cilindro de dupla ação. O sistema deve incluir um controle manual capaz de selecionar
entre duas velocidades possı́veis para a expansão da haste do cilindro. Dados adicionais:
regulador de pressão a 6 bar e carga nula na expansão do atuador.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 36

1.6 PRENSAGEM DE QUEIJOS II

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ Válvula alternadora pneumática (elemento OU lógico)
ˆ Elementos lógicos aplicados ao controle de circuitos pneumáticos
1.6.1 Descrição do Problema

Conforme apresentado no Seção 1.1, um cilindro pneumático é empregado para processar a


prensagem de queijo em moldes (Figura 1.44).

Figura 1.44: Prensa de moldagem para queijo

O automatismo existente utiliza acionamento manual por um botão de pulso. A operação


do sistema deve ser modificada de modo que o circuito possa ser comandado alternativamente
a partir de um entre dois botões de pulso distintos.

1. O queijo é inserido na prensa manualmente pelo operador.


2. Quando um dos botões de pulso for acionado, a haste do pistão no cilindro avança e
executa a prensagem.
3. O botão de pulso deve ser mantido pressionado até que a prensagem seja concluı́da.
4. Quando o botão é liberado, a haste se retrai permitindo o acesso ao compartimento de
prensagem. O queijo pode então ser removido.

1.6.2 Análise de um Circuito Pneumático

O circuito pneumático modelado no AS 6.4 representado na Figura 1.45 pode ser usado para
modificar o sistema de prensagem de queijo. No entanto, esta solução pode não atender a carga
máxima necessária no pistão para a prensagem. Observe que, ao acionar o botão de uma das
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 37

VCDs, uma parcela do ar comprimido fornecido a partir do alimentador é exaurida através do


escape da VCD que não foi acionada.

Figura 1.45: Circuito pneumático para a prensagem do queijo

Nesta solução, a força requerida pela carga máxima somente é garantida quando os dois
botões de pressão são acionados ao mesmo tempo. Modele o circuito no AS 6.4 para carga
máxima nos atuadores e verifique o comportamento do sistema.

1.6.3 Valvula Alternadora

A válvula alternadora, também chamada válvula seletora, possui duas entradas e uma saı́da.
Quando a porta de entrada à esquerda é pressurizada, a entrada à direita é bloqueada. Quando
o ar comprimido do pórtico à direita é pressurizado, a entrada da esquerda é bloqueada. No
retorno, as condições de pressão mantêm o pistão em posição. Se houver sinais nas duas
entradas, o sinal que chegar primeiro ou tiver a pressão mais alta alcançará a saı́da. A Figura
1.46 apresenta uma vista em corte de uma válvula alternadora.

Figura 1.46: Válvula pneumática alternadora


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 38

A Figura 1.47 apresenta o sı́mbolo ISO 1219-1:2012 para uma válvula alternadora.

Figura 1.47: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 da válvula alternadora

A Figura 1.48 apresenta o componente de bancada Festo 539771, que corresponde a uma
válvula alternadora ou seletora e que representa um elemento OU pneumático.

Figura 1.48: Válvula alternadora Festo 539771

1.6.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático modificado para a prensagem do queijo modelado no AS 6.4 é apresentado


na Figura 1.49. Observe que as válvulas V1 e V2 devem ser conectadas ao alimentador de ar
comprimido.

Figura 1.49: Circuito pneumático modificado para a prensagem do queijo


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 39

Elabore o circuito da Figura 1.49 no AS 6.4, incluindo os nomes dos componentes e a


identificação dos pórticos das válvulas. A tabela 1.8 contém a lista de componentes utilizados
no circuito, incluindo as respectivas quantidades, identificação e descrição.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro pneumático de dupla ação
1 V3 Válvula alternadora ou seletora ou elemento OU
2 V1, V2 VCD 3/2 vias com acionamento manual e retorno por mola
1 Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura
1 P1 Fonte de ar comprimido

Tabela 1.8: Lista de componentes do sistema modificado para prensagem de queijo

Descrição do Funcionamento do Circuito

ˆ Posição inicial: as VCDs V1 e V2 estão fechadas. A haste do pistão de A1 está retraı́da.


ˆ Passo 1: quando V1 ou V2 é acionada, o ar comprimido flui através de V3 para a câmara
ˆ Passo 2: quando V1 ou V2 é liberada, a haste do pistão de A1 retrai pela força da mola.
do pistão de A1, fazendo com que a haste do pistão avance.

Exercı́cios
A) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.49 de forma a empregar a técnica
de comando indireto. Além disso, inclua um controle de velocidade na expansão da haste
do cilindro. Elabore o circuito no AS 6.4, incluindo a lista de material.

B) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.49 de forma a empregar a técnica


de comando indireto e utilizar um cilindro de dupla ação. Inclua controles de velocidade
na expansão e na retração da haste (meter-out). Elabore o circuito no AS 6.4, incluindo
a lista de material.

C) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.49 de forma que o queijo a ser
moldado seja colocado em uma bandeja cujo movimento para dentro e para fora da prensa
seja realizado por um segundo atuador linear de simples ação comandado pelo operador
através de uma VCD com acionamento manual por trava. O circuito deve empregar a
técnica de comando indireto. Ambos os atuadores devem possuir controle de velocidade
na expansão. Elabore o circuito no AS 6.4, incluindo a lista de material.

D) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.49 de forma a comandar alternada-


mente a prensagem de duas formas de queijo. Ao acionar a VCD com comando manual,
uma forma deve ser prensada e a outra deve ser liberada. O circuito deve empregar a
técnica de comando indireto. Inclua controle de velocidade na expansão das hastes para
que ocorra sincronismo no movimento até serem alcançados os respectivos fins de curso.
Elabore o circuito no AS 6.4, incluindo a lista de material.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 40

1.7 ENCHIMENTO DE GRANULADO PLÁSTICO

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ VCD 5/2 vias duplo piloto pneumático – válvula de memória ou biestável
ˆ Válvula reguladora de fluxo ou vazão do tipo escape rápido
1.7.1 Descrição do Problema

Uma válvula de esfera é empregada na entrada de um reservatório de granulado plástico, cuja


abertura deve ser feita lentamente e cujo fechamento precisa ser feito rapidamente (Figura 1.50).
Um sistema pneumático deve ser elabrado para substituir o procedimento manual existente.

Figura 1.50: Sistema para enchimento de granulado plástico

Quando um botão de pulso for pressionado, um dispositivo de fechamento – uma válvula de


esfera – deve abrir lentamente. Quando um segundo botão de pulso for pressionado, a válvula
de esfera deve fechar rapidamente. O circuito deve empregar um cilindro pneumático de dupla
ação. O fechamento da válvula deve ser executado utilizando-se a retração da haste do pistão.

1.7.2 Válvula de Escape Rápido

Figura 1.51: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 da válvula de escape rápido

Uma válvula de escape rápido tem por objetivo aumentar a velocidade de retração de
atuadores pneumáticos. A Figura 1.51 apresenta o sı́mbolo da válvula de escape rápido.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 41

O princı́pio de funcionamento baseia-se na redução da resistência ao escoamento do ar


comprimido durante o escape para a atmosfera (Figura 1.52).

Figura 1.52: Representação esquemática da válvula de escape rápido

O O O
Na expansão do pistão, o ar comprimido flui através da válvula de escape rápido no sentido

O O
do pórtico 1 para o pórtico 2 . Quando a pressão em 1 termina, o fluxo do ar é exaurido
do pórtico 2 para o 3 . Para que a operação da válvula de escape rápido seja maximizada, o
elemento deve ser instalado diretamente na conexão de saı́da do atuador.

A Figura 1.53 apresenta o componente de bancada Festo 539772, correspondente a uma


válvula de escape rápido com silenciador e fluxo nominal de 390 L/min.

Figura 1.53: Válvula de escape rápido Festo 539772

1.7.3 VCD 5/2 Vias Duplo Piloto Pneumático

Figura 1.54: Sı́mbolo ISO 1219-1:2012 para uma VCD 5/2 vias biestável

Uma VCD 5/2 vias duplo piloto pneumático, também conhecida como válvula biestável ou
válvula de memória, somente irá comutar a posição do carretel deslizante quando ocorrer um
pulso em um dos pórticos de pilotagem (Figura 1.54).
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 42

O O O
O O O
Um sinal pneumático no pórtico piloto 12 resulta no fluxo da via 1 para a via 2 . Um
sinal pneumático no pórtico piloto 14 resulta no fluxo da via 1 para a via 4 . A Figura 1.55
é uma representação esquemática em corte de uma VCD 5/2 vias biestável.

Figura 1.55: Representação de uma VCD 5/2 vias biestável

Quando um pulso de ar comprimido ocorre em uma das portas piloto, o carretel da válvula é
movido para a posição de comutação oposta. O ar comprimido no pórtico de trabalho mantém
o carretel deslizante na posição atual até que um pulso de ar comprimido no pórtico piloto
oposto comande a comutação novamente. Se houver sinais nas duas portas piloto, aquele que
chegar primeiro terá precedência na comutação.

A Figura 1.56 apresenta o componente de bancada Festo 576303, que corresponde a uma
VCD 5/2 vias com sinal do tipo duplo piloto, com conectores para tubos plásticos padrão
PUN-4×0,75 e sı́mbolo gráfico ISO 1219-1.

Figura 1.56: Componente de bancada Festo 576303

1.7.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático para o enchimento de granulado plástico modelado no AS 6.4 é apre-


sentado na Figura 1.57. As válvulas S1, S2 e V1 devem ser conectadas ao alimentador de ar
comprimido. O tempo de avanço do pistão de A1 é definido através do ajuste de V3.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 43

Figura 1.57: Circuito pneumático para o enchimento de granulado plástico

Elabore o circuito da Figura 1.57 no AS 6.4, incluindo os nomes dos componentes e a


identificação dos pórticos das válvulas. A Tabela 1.9 apresenta a listagem dos componentes do
circuito, com as respectivas quantidades, identificação e descrição.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro pneumático de dupla ação
1 Z2 Manômetro pneumático
1 V3 Válvula reguladora de fluxo unidirecional
1 V2 Válvula de escape rápido
1 V1 VCD 5/2 vias piloto pneumático biestável
2 S1, S2 VCD 3/2 vias manual com retorno por mola
1 Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura
1 P1 Fonte de ar comprimido

Tabela 1.9: Lista de componentes do sistema para enchimento de plástico granuloso

Descrição do Funcionamento do Circuito

ˆ Posição inicial: o pistão de A1 deve estar retraı́do; a câmara da haste de A1 está


ˆ Passo 1: quando S1 é acionada, o piloto 14 de V1 é ativado e a câmara do pistão de A1 é
pressurizada.

pressurizada através de V2. A câmara da haste de A1 é esgotada através de V3. A haste


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 44

ˆ Passo 2: quando S2 é acionada, o piloto 12 de V1 é ativado e a câmara da haste de A1


de A1 move-se para a posição final expandida.

é pressurizada através de V3. A câmara do pistão de A1 é esgotada rapidamente através


de V2. A haste de A1 move-se para a posição final retraı́da.

Exercı́cios
A) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.57 de forma que o avanço do pistão
seja com escape rápido e o retorno ocorra com velocidade controlada.

B) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.57 de forma a empregar uma VCD
3/2 vias biestável e uma cilindro de simples ação.

C) Uma vez que não se dispõe em laboratório de uma VCD 3/2 vias biestável, altere o
exercı́cio anterior de forma a empregar uma VCD 5/2 vias biestável. Como é possı́vel
adaptar esta válvula de controle direcional em substituição a uma VCD 3/2 vias biestável?

D) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.57 de forma que a expansão da


haste possa ser comandada alternativamente por uma entre duas VCDs com acionamento
manual.

E) Embora seja possı́vel converter um movimento linear em rotativo através de componentes


mecânicos, uma solução alternativa para os projetos desta seção seria empregar um motor
pneumático semi-rotativo. Altere o circuito do exercı́cio anterior substituindo o cilindro
de dupla ação por um atuador giratório.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 45

1.8 INDEXADORA ROTATIVA

Itens Abordados Nesta Seção


ˆ Válvula de simultaneidade pneumática (elemento E lógico)
ˆ Válvulas de controle direcional com acionamento mecânico por rolete
ˆ Diagrama de sequência de operação do tipo trajeto-passo
1.8.1 Descrição do Problema

Em uma planta industrial, uma máquina indexadora rotativa automática é usada para alimen-
tar peças de trabalho, que devem ser fixadas nos suportes individuais para usinagem. Uma
configuração de teste precisa ser construı́da para desenvolver e testar um dispositivo de fixação
(Figura 1.58).

Figura 1.58: Máquina indexadora rotativa automática

ˆ A haste de um cilindro pneumático de dupla ação deve avançar somente quando um


botão de pulso for pressionado e a haste do pistão estiver na posição final retraı́da, caso
contrário, não será possı́vel inserir uma peça de trabalho para usinagem.
ˆ A haste do cilindro deve permanecer na posição final avançada até que a usinagem da
peça de trabalho esteja completa. O tempo de usinagem pode variar.
ˆ Quando um segundo botão de pulso é acionado, a haste do pistão do cilindro retorna à
posição completamente retraı́da e libera a peça de trabalho.
ˆ Os tempos de avanço e recuo da haste do pistão devem ser de aproximadamente 1s cada.
ˆ Manômetros devem ser acoplados entre a válvula de controle de fluxo unidirecional e o
cilindro em cada pórtico para permitir que o operador verifique as pressões no atuador.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 46

1.8.2 Válvula de Simultaneidade

Uma válvula de simultaneidade ou elemento lógico E possui duas entradas e uma saı́da. A
Figura 1.59 apresenta o sı́mbolo ISO 1219-1:2012 de uma válvula de simultaneidade.

Figura 1.59: Sı́mbolo norma ISO de uma válvula de simultaneidade

O ar só pode fluir através do componente quando ambos os sinais de entrada estão presen-
tes. Se houver apenas um sinal de entrada, o fluxo na saı́da será bloqueado devido às forças
diferenciais no carretel deslizante da válvula. Quando ocorre uma diferença de pressão entre os
dois sinais de entrada, o sinal com a pressão mais alta fecha a válvula enquanto o sinal com a
pressão mais baixa atinge a saı́da (Figura 1.60).

Figura 1.60: Vista em corte e funcionamento da válvula de simultaneidade

A Figura 1.61 apresenta o componente de bancada Festo 539770, correspondente a uma


válvula de simultaneidade pneumática.

Figura 1.61: Válvula de simultaneidade Festo 539770


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 47

1.8.3 VCD 3/2 vias com Acionamento por Contato Mecânico

Uma válvula de controle direcional com acionamento mecânico permite comutar a posição do
carretel deslizante a partir da atuação do êmbolo do rolamento devido a um contato fı́sico com
a haste do pistão do cilindro pneumático.

O
Na Figura 1.62, um duto de diâmetro pequeno conecta a porta de entrada 1 com a válvula
piloto. Quando esta se abre, o ar comprimido flui para o diafragma e move o pistão da válvula

O
principal para baixo. Quando a válvula piloto está fechada, a exaustão ocorre ao longo da
bucha-guia do êmbolo 2 . Nas VCDs com retorno por mola, o disco de válvula retorna à
posição normal pela força da mola.

Figura 1.62: Representação esquemática de uma VCD 3/2 vias NF com acionamento mecânico
e retorno por mola

Acionamento Mecânico por Rolete

A Figura 1.63 apresenta o sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e o componente de bancada Festo 152866,
correspondente a uma VCD 3/2 vias NF com acionamento mecânico por rolete (2 vias) e retorno
por mola. Este tipo de componente permite a comutação da válvula em ambos os sentidos do
contato do rolete com a haste do pistão.

Figura 1.63: Sı́mbolo norma ISO e componente de bancada Festo 152866


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 48

Acionamento Mecânico por Gatilho

A Figura 1.64 apresenta o sı́mbolo ISO 1219-1:2012 e o componente de bancada Festo 152867,
correspondente a uma VCD 3/2 vias NF com acionamento mecânico por gatilho (1 via) e
retorno por mola. Este tipo de componente permite a comutação da válvula apenas em um dos
sentidos do movimento da haste do pistão.

Figura 1.64: Sı́mbolo norma ISO e componente de bancada Festo 152867

1.8.4 Circuito Pneumático Completo

O sistema pneumático para a máquina indexadora rotativa modelado no AS 6.4 é apresentado


na Figura 1.65. As válvulas S1, S2, B1 e V1 devem ser conectadas ao alimentador de ar
comprimido. Os tempos de avanço e recuo do pistão de A1 são definidos, respectivamente,
através do ajuste de V4 e V3.

Elabore o circuito da Figura 1.65 no AS 6.4, incluindo os nomes dos componentes e a


identificação dos pórticos das válvulas. A Tabela 1.10 apresenta a lista de componentes do
circuito, incluindo as respectivas quantidades, identificação e descrição de cada item.

Qtde. Ident. Descrição


1 A1 Cilindro pneumático de dupla ação
2 Z2, Z3 Manômetro pneumático
2 V3, V4 Válvula reguladora de fluxo unidirecional
1 V2 VCD 5/2 vias piloto pneumático biestável
1 V1 Válvula de simultaneidade (elemento E)
2 S1, S2 VCD 3/2 acionamento manual por botão e retorno por mola
1 B1 VCD 3/2 acionamento mecânico por rolete e retorno por mola
1 Z1 Conjunto filtro regulador de pressão com válvula de abertura

Tabela 1.10: Lista de componentes do sistema para a máquina indexadora rotativa


CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 49

Figura 1.65: Circuito pneumático para a máquina indexadora rotativa

Descrição do Funcionamento do Circuito

ˆ Posição inicial: o sistema está pressurizado. A válvula B1 está acionada; a câmara do


pistão de A1 está esgotada; a câmara da haste de A1 é pressurizada; a haste de A1 está
na posição final retraı́da.

ˆ Passo 1: quando o botão de S1 é pressionado, a válvula B1 libera o fluxo de ar com-


primido, que pilota V2 através do pórtico 14; o sinal piloto comuta a posição de V2,
permitindo o fluxo escoar para o lado do pistão de A1 através de V3; isso inverte a posição
do carretel deslizante da válvula e faz com que a haste do pistão avance; ao avançar A1,
B1 retorna à posição normal e, em decorrência, V1 fecha o pórtico de saı́da; a válvula
biestável V2 se mantém na posição atual.

ˆ Passo 2: quando o botão de S2 é pressionado, V1 comuta a posição novamente devido


ao sinal piloto no pórtico 12; a câmara da haste de A1 é pressurizada e a haste retrai; a
válvula B1 é acionada novamente.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 50

1.8.5 Diagrama Sequencial

Um diagrama sequêncial é um recurso disponı́vel no AS 6.4 que pode ser usado para definir um
conjunto de comandos para um ou mais componentes de um circuito pneumático.

Um diagrama sequencial pode ser usado para criar curvas que variam como uma função
do tempo para variáveis booleanas ou reais. Cada curva gera uma variável de saı́da que pode
ser atribuı́da a qualquer componente do circuito pneumático. Enquanto a simulação está em
execução, a cada passo de tempo t + 1, o sinal de saı́da recebe o valor correspondente nas curvas
criadas no diagrama.

A Figura 1.66 apresenta um diagrama sequencial que possui duas variáveis de controle, TD1
e TD2, que estão associadas, respectivamente aos componentes S1 e S2 do circuito pneumático
representado na Figura 1.65.

Figura 1.66: Exemplo de Diagrama Sequencial

Ao executar a simulação do circuito pneumático, um pulso será enviado a S1 quando trans-


corrido 1s. Nesse instante, a VCD irá comutar a posição do carretel deslizante para comandar
a expansão da haste do cilindro. Transcorridos 4s, um pulso será enciado a S2, a fim de coman-
dar a retração da haste do cilindro. O diagrama sequencial irá se repetir a cada 8s enquanto a
simulação do circuito estiver ativada.

Exercı́cios
A) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma que o sistema tenha
a mesma funcionalidade mesmo não dispondo de uma válvula de simultaneidade. Utilize
um Diagrama Sequencial para automatizar a simulação computacional do circuito.

B) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma que o recuo do pistão
somente possa ocorrer se a haste estiver completamente expandida. Utilize um Diagrama
Sequencial para automatizar a simulação computacional do circuito.
CAPÍTULO 1. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS 51

C) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma que o recuo do pistão
ocorra imediatamente após a haste alcançar o fim de curso na expansão ou a qualquer
momento através do comando manual.Utilize um Diagrama Sequencial para automatizar
a simulação computacional do circuito.

D) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma a utilizar um cilindro


de simples ação. O controle de velocidade deve permanecer apenas na retração da haste
do pistão

E) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma a utilizar um cilindro


de simples ação e que o recuo do pistão ocorra imediatamente após a haste alcançar
o fim de curso na expansão. Tanto a expansão quanto a retração devem ocorrer em
aproximadamente 1s.

F) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma que o sistema opere
em ciclo contı́nuo a partir do acionamento manual de uma VCD manual com trava. Use
VCDs com acionamento mecânico no fim de curso na retração e na expansão. Ao liberar
a trava, a haste deve retornar até o fim de curso na retração.

G) Altere o circuito pneumático representado na Figura 1.65 de forma a empregar o esquema


de comandos de posição.
Referências Bibliográficas

[1] Antônio Ferreira da Silva e Adriano Almeida Santos. Automação Integrada. Publindústria,
Porto, Portugal, 2 edition, 2015.

[2] Antônio Ferreira da Silva e Adriano Almeida Santos. Automação Óleo-Hidráulica:


princı́pios de funcionamento. Engebook, Porto, Portugal, 1 edition, 2016.

[3] Ilo da Silva Moreira. Comandos Elétricos de Sistemas Pneumáticos e Hidráulicos. Senai-SP
Editora, São Paulo-SP, Brasil, 2 edition, 2012.

[4] Ilo da Silva Moreira. Sistemas Hidráulicos Industriais. Senai-SP Editora, São Paulo-SP,
Brasil, 2 edition, 2012.

[5] Ilo da Silva Moreira. Sistemas Pneumáticos: área automação. Senai-SP Editora, São
Paulo-SP, Brasil, 2 edition, 2012.

[6] Festo Didatic. Hidráulica Industrial. Festo Automação, São Paulo-SP, Brasil, 2001.

[7] Festo Didatic. Sistemas Eletropneumáticos. Festo Automação, São Paulo-SP, Brasil, 2001.

[8] Anthony Esposito. Fluid Power wirh Applications. Pearson Education, USA, 7 edition,
2008.

[9] Arivelto Bustamante Fialho. Automação Hidráulica: projetos, dimensionamento e análise


de circuitos. Editora Érica, São Paulo-SP, Brasil, 6 edition, 2013.

[10] Arivelto Bustamante Fialho. Automação Pneumática: projetos, dimensionamento e análise


de circuitos. Editora Érica, São Paulo-SP, Brasil, 7 edition, 2013.

[11] Sarkis Melconian. Sistemas Fluidomecânicos: hidráulica e pneumática. Editora Érica-


Saraiva, São Paulo-SP, Brasil, 2 edition, 2012.

[12] Francesco Prudente. Automação Industrial: pneumática - teoria e aplicações. LTC Editora,
Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 1 edition, 2013.

[13] Harry L. Stewart. Pneumática e Hidráulica. Hemus, São Paulo-SP, Brasil, 4 edition, 2006.

[14] Parker Training. Tecnologia Pneumática Industrial: apostila M1001-3 BR. Parker-
Hannifin, Jacareı́-SP, Brasil, 1 edition, 2012.

[15] Parker Training. Tecnologia Hidráulica Industrial: apostila M2001-4 BR. Parker-Hannifin,
Jacareı́-SP, Brasil, 1 edition, 2014.

52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53

[16] Irlan von Linsingen. Fundamentos de Sistemas Hidráulicos. Editora UFSC, Florianópolis-
SC, Brasil, 4 edition, 2013.

[17] John Watton. Fundamentos de Controle em Sistemas Fluidomecânicos. LTC Editora, Rio
de Janeiro-RJ, Brasil, 1 edition, 2012.

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