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CARREIRA
Introdução
A motivação humana é um conceito central dentre aqueles estudados pelas
ciências, tanto as teóricas quanto as aplicadas. Na maioria das organizações,
é comum ouvir ocasionalmente que um funcionário específico não está
motivado e, portanto, seu desempenho ficou em segundo plano. Essa é a
razão pela qual as empresas investem, por exemplo, na organização de ses-
sões de treinamento e eventos recreativos para motivar seus colaboradores.
A motivação pode ser entendida como o desejo ou impulso que um
indivíduo tem para realizar suas tarefas. Nesse sentido, é a motivação para
realizar uma determinada tarefa que condiciona se um indivíduo em par-
ticular consegue completar uma tarefa de acordo com os seus requisitos
ou não. Além disso, a ausência de motivação leva a um desempenho in-
suficiente ou à perda de competitividade, resultando, consequentemente,
na perda de recursos para uma organização. É por esse motivo que os
gerentes de recursos humanos enfatizam que os funcionários precisam
ter bons níveis de motivação para realizar seus trabalhos.
Neste capítulo, você vai estudar em detalhes uma das teorias mais
difundidas sobre a motivação humana: a hierarquia das necessidades, de
Abraham Maslow. Além disso, você vai verificar os conceitos de engaja-
mento e comprometimento a partir do enfoque da psicologia positiva. Por
fim, você vai analisar a relação entre engajamento, estado de flow e carreira.
2 Motivação, engajamento e comprometimento
Para Maslow (1943), as pessoas têm um desejo inato por alcançar a au-
torrealização. Entretanto, para alcançar esse objetivo, seria imperativo que
um número de necessidades básicas tivesse sido satisfeito — por exemplo, as
necessidades de comida, segurança, pertencimento a um grupo e obtenção de
reconhecimento social. Dito de outra forma, as necessidades que estão na base
da pirâmide são os requisitos biológicos básicos. Quando uma necessidade
de um nível mais baixo é atendida, é possível passar para os outros níveis
mais sofisticados, conforme lecionam Rasskazova, Ivanova e Sheldon (2016).
No decorrer de nossas trajetórias profissionais e no cotidiano do trabalho,
precisamos satisfazer uma série de necessidades, tentando ir daquelas consi-
deradas mais básicas àquelas mais complexas e que envolvem um conjunto
sofisticado de fatores. Nesse sentido, no decorrer das nossas carreiras, fazemos
escolhas orientadas por algumas dessas necessidades mais do que por outras,
considerando o contexto no qual estamos inseridos.
Por exemplo, uma pessoa pode ter um papel ou até mesmo um emprego
específico em uma ONG ou em um serviço comunitário como voluntário, e
esse trabalho satisfaz suas necessidades de estima. No entanto, por conta do
tempo que precisa ser dedicado a essa atividade e da demanda por um salário
para sustentar a si e a família, é possível que o indivíduo tenha que optar por
outro emprego — nesse caso, um emprego que pague um salário melhor e
que possibilite comprar o básico para sua sobrevivência. Nessa perspectiva,
as necessidades acabam por guiar — algumas vezes, de forma sutil, e outras,
nem tanto — as escolhas que fazemos nas nossas trajetórias profissionais.
Diante da dificuldade de nos ajustarmos ao contexto e a essas escolhas,
aspirações e capacidades, um profissional como um coach e as estratégias que
ele desenvolve podem servir de suporte. Afinal, nem sempre é fácil adequar
as expectativas subjetivas às condições reais que se impõem diante daquilo
que planejamos para nossas carreiras. Os coaches possuem competências,
treinamentos e técnicas que podem ajudar na escolha mais alinhada com nossos
propósitos. Isso porque, apesar de termos um número limitado de alternativas,
é possível optar por aquela que satisfaça nossas necessidades, sem que essa
escolha cause infelicidade.
À medida que o indivíduo avança na pirâmide, as necessidades passam a
ter facetas mais sociais e psicológicas. Por isso, Maslow enfatizou a autorrea-
lização como muito importante para qualquer indivíduo, pois se relaciona com
a imanência individual por integração com o meio social e natural. Embora a
teoria seja geralmente retratada como uma hierarquia rígida, Maslow observou
que a ordem em que essas necessidades são atendidas nem sempre segue uma
progressão padronizada. Por exemplo, ele observou que, para alguns indivíduos,
Motivação, engajamento e comprometimento 5
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Ordem
hierárquica Necessidades Descrição Exemplos
1. satisfação no trabalho;
2. compromisso com a organização;
3. comportamento extrafunção, ou seja, esforço pessoal para ir além da
descrição do trabalho.
A teoria por trás do estado de flow argumenta que essa condição é al-
cançada quando as pessoas estão engajadas em atividades para as quais
estão devidamente qualificadas e que acham desafiadoras. No âmbito das
organizações, por exemplo, é mais provável que as emoções positivas sejam
alcançadas quando os funcionários se tornam engajados em atividades posi-
tivas relacionadas aos seus interesses, às suas habilidades e aos seus valores.
Uma maneira de intensificar o estado de fluxo é identificar os pontos fortes e
as oportunidades para usá-los com mais frequência. As emoções positivas e
o fluxo têm várias implicações para o desenvolvimento de carreira, conforme
apontam Seligman et al. (2009).
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