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Plano de Intervenção para a execução da medida

A execução das medidas obedece a um Plano de Intervenção elaborado em harmonia com o estabelecido
no acordo de promoção e proteção, devendo espelhar os resultados da avaliação diagnóstica realizada tendo
em conta uma perspetiva ecológica e sistémica da situação.

Pretende-se que a construção do Plano de Intervenção seja um processo colaborativo que garanta a
participação da criança tendo em conta o seu nível de desenvolvimento, do jovem, dos pais, dos cuidadores
(familiares, pessoa idónea, etc.), da rede social de apoio informal (família alargada, adultos significativos), e
das entidades da rede de apoio formal (da educação, saúde, intervenção social, IPSS, equipas de projetos,
casa de acolhimento, entidade enquadradora do acolhimento familiar, família de acolhimento, etc. Tem por
objetivo clarificar as responsabilidades de cada um na proteção, segurança e bem-estar da criança/jovem, no
apoio ao desenvolvimento e ao reforço de competências e forças familiares e individuais, bem como de
garantir uma intervenção articulada e coordenada.

Pretende-se que seja um instrumento de trabalho dinâmico de planeamento, de monitorização e de


avaliação conjunta da evolução da situação e dos resultados da intervenção. Os intervenientes deverão estar
conscientes da necessidade de reformular objetivos e ações ou de propor a alteração da medida, caso a
intervenção não garanta a segurança e bem-estar da criança, definindo-se data (s) para a avaliação do plano
e a tomada de decisão.

Tratando-se de uma medida em meio natural de vida, a elaboração do plano de intervenção é da


responsabilidade do gestor de processo (artigo 82º-A, da Lei 149/99, de 1 de setembro na sua versão atual,
conjugado com a alínea a), do nº2, do artigo 14º, do Dec. Lei nº 12/2008, de 17 de janeiro).

Tratando-se de uma medida de acolhimento residencial, a elaboração do plano de intervenção é da


responsabilidade da casa de acolhimento, em articulação com o gestor de processo (nº 2, do artigo 10º, do
Dec. Lei nº164/2019, de 25 de outubro).

Tratando-se de uma medida de acolhimento familiar, a elaboração do plano de intervenção é da


responsabilidade da instituição de enquadramento, em articulação com o gestor de processo (nº 2, do artigo
11º, do Dec. Lei nº139/2019, de 16 de setembro).

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ORIENTAÇÕES DE TRABALHO – PLANO DE INTERVENÇÃO
PROCESSO DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO - CPCJ
Orientações

1. O plano de intervenção deverá ser centrado nas soluções, para remoção do perigo,
2. Para que todos os intervenientes envolvidos compreendam de forma inequívoca os objetivos a atingir,
as ações, tarefas e responsabilidades que lhe são atribuídas, bem como os apoios a prestar, o plano
deve ser explicado e redigido com linguagem clara, objetiva e simples para que todos entendam.
3. O plano deverá ser assinado por todos os intervenientes, especialmente pela criança, jovem, e família,
a quem é dada uma cópia do documento.
4. O plano é revisto durante o período de acompanhamento da medida, nomeadamente nos momentos
de avaliação e de tomada de decisão quanto à proposta de continuação, prorrogação, alteração ou
cessação da medida, como previsto na Lei, devendo ter expressas as datas de avaliação e o(s)
responsável(eis) pela sua execução.
5. A avaliação do Plano de Intervenção centra-se no grau de execução das ações que concorrem para os
objetivos definidos.
6. A avaliação deverá promover a discussão com vista à apreciação global da intervenção desenvolvida e
espelhar a perspetiva de todos os envolvidos.

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ORIENTAÇÕES DE TRABALHO – PLANO DE INTERVENÇÃO
PROCESSO DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO - CPCJ
Plano de Intervenção para a execução da medida
ITE PRINCIPAIS ASPETOS
NS A TER EM CONTA

Identificação Proc. Nº; Nome da criança / jovem; Gestor de Processo; Medida Aplicada; Período
da de acompanhamento.
Criança/Jove
m

Os objetivos devem traduzir o que é necessário acontecer, o que se deseja alcançar


e as mudanças esperadas. Os objetivos devem ser SMART:
1. Específicos (Specific): descrever de forma clara e objetiva o que se
pretende alcançar.
2. Mensuráveis, (Measurable): formulados em termos operacionais e
mensuráveis através de verbos de ação, (p.e., reduzir, aumentar,
fazer, etc.)
Objetivos 3. Atingíveis, (Attainable/ Achievable), i.e., os intervenientes devem ter
(o que ou ser capazes de desenvolver conhecimentos, capacidades,
queremos recursos e motivação necessários para os atingir;
alcançar?)
4. Relevantes, (Relevant), i.e., devem ser relevantes, benéficos e úteis
para responder às reais necessidades da família e da criança/jovem,
e consistentes com a intervenção no seu todo.
5. Temporalmente enquadrados (Time–related), com definição clara
do prazo em que devem ser cumpridos, no imediato e a médio/longo
prazo.
Os objetivos podem ainda ser:
6. Não negociáveis: i.e., mudanças que a CPCJ considere
fundamentais, nos termos da lei LCPJP.

Para cada objetivo podem ser definidas uma ou mais ações, a desenvolver pelos
diversos intervenientes:

1. Ações da Família/Cuidadores: incluem ações e comportamentos de


proteção que os pais/cuidadores já demonstram e que devem ser
reforçados, consolidados ou incrementados; novas ações e
comportamentos para garantir a segurança imediata e futura da
criança/jovem; ações e comportamentos de suporte à criança/jovem
acolhido (s) por outra família, pessoa idónea, família de acolhimento ou
casa de acolhimento;

2. Ações da Criança/Jovem: dependem da idade e da maturidade da


criança, sendo obrigatório a sua participação, nomeadamente na
medida de Apoio para Autonomia de Vida. Incluem ações e
Ações comportamentos de proteção e evitamento de situações de perigo a
(o que vamos fazer?) reforçar ou a desenvolver; ações e comportamentos que contribuam
para o seu projeto educativo/formativo, integração social, saúde e bem-
estar.

3. Ações da Rede Social de Apoio: ações e comportamentos que as


pessoas da rede de apoio informal, e os técnicos das entidades da
rede de apoio formal, se comprometem a executar para que a
criança/jovem esteja segura, bem como os apoios a prestar à família.

4. Ações de intervenção direta junto da criança e da família de origem


ou da família que a acolhe nas Medidas em Meio Natural de Vida: de
preparação da (s) família (s) para a execução da medida, de apoio ao
processo de mudança, de acompanhamento psicossocial para
capacitação da família (reforço de forças, de capacidades e da
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autonomia); de informação sobre as necessidades da criança/jovem,
as estratégias de educação parental e a gestão de comportamentos;
de reforço da gestão recursos (literacia financeira e gestão doméstica);
de apoio económico/alimentar/bens materiais; de melhoria das
condições habitacionais; de integração profissional; de reforço da
integração social; de ativação de recursos comunitários; de
encaminhamento para serviços adequados no âmbito da saúde, da
formação e do emprego e de desenvolvimento de competências
pessoais e sociais individuais, entre outras.

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5. Ações de intervenção junto da criança/jovem: que garantam o direito à
participação; de preparação da criança para a execução da medida;
construção de um plano de segurança ou rede de segurança; de apoio ao
processo de mudança, entre outras.

6. Ações de intervenção nas Medidas de Colocação: de articulação com a


casa de acolhimento e com a família de acolhimento; de preparação
informada da criança/jovem e da família; de acompanhamento das
transições para a casa de acolhimento/família de acolhimento; de
preservação da continuidade de relações significativas; de promoção e
acompanhamento dos contactos/convívios com a família; de facilitação da
adaptação ao acolhimento; de prevenção de situações de abuso decorrentes
do próprio acolhimento; de suporte e avaliação da família com vista à
reunificação familiar, ou de definição de projeto de vida alternativo; de
preparação e suporte à saída do acolhimento, entre outras.

Metodologias Entrevista, visitas domiciliárias, reuniões de rede, contactos telefónicos. entre outras
(como vamos fazer?)

Intervenientes Identificar as pessoas implicadas em cada ação, a quem foram atribuídas tarefas e
(quem faz?)
responsabilidades.

Para cada ação definir o tempo em que decorre. O enquadramento temporal da ação pode:
Data
(quando?) - Definir data de início e data fim, p. ex. frequência de curso de educação parental ou a
duração do apoio económico,
- Definir data de início sem data fim, p. ex. iniciar a frequência de creche a partir do dia/mês
X,
- Definir uma data específica, p. ex. ir a uma consulta médica/entrevista previamente
agendada,
- Definir uma data fim de prazo, p. ex., o pai compromete-se a inscrever-se no IEFP até ao
dia X.
- Definir a periodicidade e a frequência de determinada ação, p. ex. reunião mensal entre
os técnicos ou com a família para a avaliação dos resultados da intervenção.

Resultados da Registar as informações relevantes recolhidas durante os momentos de monitorização/


intervenção avaliação do plano, nomeadamente as ações que estão a ser cumpridas, mudanças
observadas, dificuldades e fragilidades que necessitem de apoio e eventuais propostas de
ajustamento ao plano.

Avalia Registar, para cada ação, o grau de execução em termos qualitativos:


ção/Gr
au de  Totalmente Cumprido
execuç  Parcialmente Cumprido
ão  Não Cumprido

O grau de execução das ações concorre para a avaliação do grau de execução dos
objetivos, i.e., um objetivo é considerado totalmente atingido quando todas as ações
forem cumpridas, parcialmente atingido quando algumas das ações forem cumpridas, e
não atingido quando nenhuma das ações for cumprida.

Registar, sucintamente, a avaliação do grau de concretização dos objetivos, os fatores de


risco, e os fatores de proteção presentes no momento, bem como a apreciação global dos
resultados da intervenção. Integrar a perspetiva de todos os envolvidos (modelo
ecológico), o grau de satisfação da família e da criança/jovem com os resultados
alcançados, nomeadamente o significado e o impacto da intervenção nas suas vidas.
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Apreciação global e
Registar as propostas a integrar no relatório de acompanhamento da medida.
propostas (a
quando da revisão
Possibilidades para deliberação em sede de reunião restrita:
da MPP)
 Continuação da medida, com propostas para eventual redefinição do plano de
intervenção;
 Substituição da medida por outra mais adequada, apresentando a avaliação
diagnóstica e proposta de acordo de promoção e proteção;
 Prorrogação da medida, com propostas para eventual redefinição do plano de
intervenção;
 Cessação da medida.

Data(s) Reproduzir o campo as vezes que forem necessárias, para registar os diversos momentos
de avaliação.

Assinaturas O Plano de Intervenção deverá ser assinado por todos os intervenientes.

Datas para avaliação


Indicar as datas para avaliação conjunta do Plano de Intervenção.
do Plano de
Intervenção

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EXEMPLO DE PREENCHIMENTO

AÇÕES
OBJETIVOS METODOLOGIA INTERVENIENTE DATA RESULTADOS
S DA AVALIAÇÃO/
(o que vamos
(O que (Como vamos (Quando?) INTERVENÇÃO
fazer) GRAU DE
queremos fazer?) (Quem faz?) EXECUÇÃO
alcançar?)

Articular com o Solicitar Diretor de Turma/ Semanalmente O Manuel frequenta Totalmente


1. Garantir a agrupamento de informação Psicólogo ou sempre que se diariamente a cumprido:
frequência escolas /Diretor através de e-mail escolar/ justificar escola e cumpre frequentou
escolar do de Turma Pais com o horário assiduamente
Manuel estipulado pela e
escola. pontualmente.
O seu
cumprimento,
permitiu
melhorar os
resultados
académicos.

Os pais não Cumprido


Participação nas Semanalmente conseguiram parcialment
reuniões O Diretor de Pais/ ou sempre que participar na e. Os
convocadas turma envia Diretor de Turma/ se justificar primeira reunião, constrangim
pelo diretor de convocatória Psicólogo escolar por dificuldades de entos
turma. através da conciliação com o apresentado
caderneta do horário laboral. s pelos pais
aluno ou Posteriormente, o foram
contacta Diretor de Turma compreendi
telefonicamente ajustou o horário dos.
2.Garantir o os pais. das reuniões,
acompanham tendo sido
ento da vida possível a
escolar do participação dos
Manuel pais.

Apoiar o Manuel O pai Pai Todos os dias


na realização acompanha o Psicólogo escolar Não
até ao final do O pai não apoiou Cumprido
dos trabalhos de Manuel durante a ano letivo o Manuel na pelo pai: é
casa. realização dos
realização dos necessário
trabalhos.
trabalhos de casa. compreender
O psicólogo os motivos.
O psicólogo
apoia o Manuel
apoiou o Manuel
no
2x/ semana.
desenvolvimento
de estratégias de
apoio ao estudo.
3. Garantir o Vai para casa Apanha o Manuel Todos os dias O Manuel chegou
respeito pelas depois de autocarro para tarde a casa, sem Não
regras familiares terminar as casa. pedir autorização cumprido:
aulas. aos pais, em é
todos os dias da necessári
semana. o
compreen
der os
motivos.
Jantar com os Prepara-se para Manuel Todos os dias O Manuel chegou
pais estar à mesa, no a horas, conforme Totalment
horário acordado com os e
combinado com pais. cumprido.
os pais.

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Apreciação Global e Propostas (aquando da revisão da medida):

20-09-2020 Os objetivos não foram todos atingidos, havendo necessidade de rever o Plano de
Intervenção, o que foi negociado e acordado com todos os intervenientes, do seguinte
modo:

a) Quando o pai não puder acompanhar o Manuel nos trabalhos de casa, avisa
previamente a mãe, para que a mesma possa organizar-se e garantir esse
acompanhamento;
b) O Manuel pode jogar à bola com os amigos depois de terminar as aulas, todas
as 4ª e 6ª feiras, entre as 16:30h e as 18:00h, comprometendo-se a chegar a casa até
às 18:30h.
c) Às 2ª, 3ª e 5ª feiras, o Manuel passa a frequentar o centro de estudos
organizado pelo psicólogo escolar, devendo chegar a casa até às 18:30h.

Perante as necessidades identificadas e os resultados alcançados, propõe-se que a medida


de apoio junto dos pais seja continuada por um período de mais 6 meses, devendo o Plano
de Intervenção ser reformulado nos termos anteriormente referidos.

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