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CRIANÇAS E JOVENS
Manual do Formando
VERSÃO 2018
CURSO II – AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO NO SISTEMA DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO
ÍNDICE
1. Enquadramento geral
2. Gestor de processo
3. Avaliação diagnóstica
3.3.1 Entrevista
3.3.3 Genograma
3.3.4 Ecomapa
5. Plano de intervenção
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1. ENQUADRAMENTO GERAL
Caro formando,
elaborado pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, é um
guia que pretende apoiar a sua aprendizagem, por forma a que adquira competências a desenvolver no
âmbito do seu trabalho protetivo no âmbito da CPCJ, com mais capacitação e melhor intervenção.
No entanto, este manual constitui uma primeira versão, pelo que não pode ser considerado um recurso
didático final. Há melhorias e ajustamentos a fazer, quer a nível gráfico, quer a nível de conteúdos e, é
nesse sentido, que continuaremos a trabalhar para atingir a qualidade que merece e que desejamos que
Boa formação.
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2. GESTOR DE PROCESSO
Atendendo à especificidade da intervenção das Comissões, a figura do Gestor de processo surge como
a mais adequada, de forma a assegurar a coordenação de toda a intervenção protetiva. Refira-se que
esta intervenção junto das crianças/jovens e suas famílias requer a colaboração entre as diferentes
entidades com competência em matéria de infância e juventude, garantindo a compreensão integral da
situação subjacente ao processo de promoção e proteção e a resposta mais adequada à
particularidade de cada caso, sendo para o efeito necessário desenvolver um trabalho conjunto,
considerando os diferentes papéis e contributos de cada entidade.
A figura de gestor de processo está prevista na Lei de Promoção e Proteção das Crianças e Jovens em
Perigo, adiante designada por LPCJP, o qual tem a função de coligir toda a informação recolhida junto
dos vários intervenientes do processo, por forma a assegurar a coordenação e concertação de todos os
apoios de que a criança ou jovem e sua família necessitam.
A LPCJP define que pode ser gestor de processo, para além dos membros da Comissão, os técnicos de
apoio disponibilizados por quaisquer das entidades representadas na comissão alargada,
designadamente os indicados no n.º 6 do artigo 20.º da referida Lei, pela Comissão Nacional, ao abrigo
do artigo 20.º-A da LPCJP, ou por Programa específico, da responsabilidade de entidade concreta,
nomeadamente ao abrigo de protocolo assinado com a CNPDPCJ que o preveja, como por exemplo o
Programa RLIS.
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As funções do Apoio Técnico estão previstas no n.º 6 do artigo 20.º e n.º 2 do artigo 20.º-A da LPCJP,
podendo ser-lhe atribuídas outras pela comissão de proteção.
Excetuam-se as funções de tomada de decisão que só podem ser praticados pelos membros da
comissão. Em caso algum, o apoio técnico pode assumir, simultaneamente, a qualidade de membro.
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Segundo Paul Watzlawick (1921-2007), Gregory Bateson (1904-1980) e outros colegas da Escola de
Palo Alto, existem 5 axiomas presentes na sua Teoria da Comunicação entre dois indivíduos. Se um
destes axiomas por alguma razão não funcionar, a comunicação pode falhar.
Todo o comportamento é uma forma de comunicação. Como não existe forma contrária ao
comportamento ("não-comportamento" ou "anti-comportamento"), também não existe "não-
comunicação".
Toda a comunicação tem um aspeto de conteúdo e um aspeto de relação. Isto significa que toda
a comunicação tem, além do significado das palavras, mais informações. Essas informações são
a forma do comunicador dar a entender a relação que tem com o recetor da informação.
A natureza de uma relação está dependente da pontuação das sequências comunicacionais entre
os comunicantes: tanto o emissor como o recetor da comunicação estruturam essa comunicação
de forma diferente, e dessa forma interpretam o seu próprio comportamento durante a
comunicação dependendo da reação do outro.
Os seres humanos comunicam de forma digital e analógica: para além das próprias palavras e do
que é dito (comunicação digital), a forma como é dito (a linguagem corporal, a gestão dos silêncios,
as onomatopeias) também desempenha uma enorme importância - comunicação analógica.
As permutas comunicacionais são simétricas ou complementares, segundo se baseiem na
igualdade ou na diferença.
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A literatura comprova que os sinais não verbais representam 65% do total das mensagens trocadas.
(A.Freitas Magalhães (2018). Comunicar é “ pôr em comum”, estar em relação.
Podemos definir família como “um conjunto de elementos ligados por um conjunto de relações, em
contínua relação com o exterior, que mantém o seu equilíbrio ao longo de um processo de
desenvolvimento percorrido diversificado.” (Sampaio, 1985)
Madalena Alarcão refere que a família é um sistema, na medida em que é composta por objetos e
respetivos atributos e relações, contém subsistemas e é contida por diversos outros sistemas, ou
suprassistemas, todos eles ligados de forma hierarquicamente organizada, possui limites ou fronteiras
que a distinguem do seu meio.
Gameiro (1952) apresenta a família como “uma rede complexa de relações e emoções na qual se
passam sentimentos e comportamentos.” Neste sentido, intervir com famílias socialmente vulneráveis
exige uma intervenção baseada, em estratégias complexas, de forma a ultrapassar a análise simplista
causa-efeito, tão característica da abordagem linear.
A família deve ser vista desde logo como um processo de mudança. Existem vários tipos de organização
familiar: família nuclear com filhos biológicos, família nuclear sem filhos biológicos, família monoparental,
família reconstituída (com filhos de outras uniões), família alargada, família adotiva e família de
acolhimento.
Existem também diferentes componentes dinâmicos do sistema familiar: as alianças e coligações, o
espaço, as figuras de referência, as fronteiras, os lugares, os papéis, as regras, os valores e as crenças.
O sucesso da intervenção dependerá em grande medida da capacidade da família pensar sobre si
própria, nomeadamente na consciencialização dos problemas e na identificação de soluções, na tomada
de decisões partilhadas e orientadas para objetivos claros, evidenciando uma postura proactiva.
As famílias com as quais “trabalhamos” são constituídas por pessoas como nós, com história, com
capacidades e necessidades. Enquanto técnicos, temos que ter a capacidade de nos colocar no lugar
do outro, perceber o “eco” da pergunta que está a ser colocada à família e compreender que existem
várias formas de obter a informação sem ser intrusivo.
O técnico gestor inicia o processo com o grau de consciencialização que os pais têm dos problemas e
da sua capacidade para mudar.
Ainda em relação ao gestor de processo, refira-se que, na sua dimensão enquanto pessoa, a importância
de se conhecer, a si próprio, nas suas forças e dificuldades que possam influenciar a relação com a
criança/jovem e família.
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Tendo em conta as características acima descritas, o gestor de processo deve ainda ter uma postura
que:
O gestor de processo deve promover um pensamento reflexivo junto da família, tendo por base o diálogo
como principal instrumento de mudança, envolvendo desta forma a própria família. Deve ser catalisador
de mudança, potenciando que seja a família a intervir nessa mudança.
A construção e manutenção da relação de confiança é fundamental, como por exemplo conversar sobre
as histórias e biografias da família que remetem para a experiência, conhecimento e recursos e que
poderão ser utilizados na própria intervenção e processo de mudança. Deve ainda, ter uma atitude
profissional e honesta perante os pais/cuidadores das crianças/jovens maltratada, independentemente
de estes reconhecerem, ou não, o problema e aceitarem (ou não) as propostas de intervenções ou as
atuações posteriores para o resolver.
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Algumas crianças não falam dos maus-tratos de que estão a ser, ou foram, vítimas porque:
Têm medo das represálias do agressor, se este vier a saber que a agressão foi revelada.
Podem sentir vergonha ou humilhação, pensando que são as únicas a viver este tipo de situações
e/ou que foram elas que provocaram a violência e/ou que merecem os maus-tratos ocorridos.
Podem querer proteger os pais/cuidadores, pois sentem e acreditam que a sua vida depende
inteiramente deles. Não entendem o que se está a passar.
Podem pensar que as outras pessoas não se interessam por elas, não acreditam nelas, nem as
podem compreender e ajudar, incluindo o profissional que as atende.
3. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
O objetivo primordial da avaliação diagnóstica é conhecer para agir. A intervenção social requer a
investigação e o conhecimento da realidade da situação e, no caso especifico das Comissões, a
realidade da criança.
A avaliação diagnóstica é um instrumento de investigação e avaliação da realidade, permitindo, não só
o conhecimento da situação-problema, como o estabelecimento de prioridades e uma planificação da
intervenção social, no sentido de provocar mudança, devendo, ainda, estar ciente das imprevisibilidades
e insucessos que podem surgir durante o processo de intervenção e adaptar-se constantemente a essas
mudanças.
Deve o gestor de processo atuar com base nos recursos e meios disponíveis, ou a disponibilizar, para a
resolução eficaz da situação-problema. Durante a elaboração da avaliação diagnóstica há que analisar,
explicar, prever e atuar.
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A avaliação do risco é particularmente difícil e complexa, sendo mais difícil, ainda, a decisão de intervir
de modo a proteger pessoas e/ou grupos, especialmente crianças em situação de vulnerabilidade.
A literatura sobre a avaliação do risco e do perigo para a infância com vista a uma harmonização de
conceitos, metodologias e práticas tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas. Tal facto
tem a ver com o reconhecimento da necessidade de se construir referenciais teórico-metodológicos
comuns, capazes de formatar/conferir sentido à diversidade dos saberes académicos dos profissionais
que integram as diferentes equipas e serviços no sistema de promoção e proteção (Canhão, 2007:10).
The Assessment Framework for Children in Need and their Families – Modelo Ecológico de Avaliação e
Intervenção em Situações de Risco e de Perigo para a Infância – é um modelo desenvolvido pelo governo
inglês com base em diversos estudos e exemplos de boas práticas, permite uma avaliação e intervenção
teoricamente fundamentada nas situações de risco e de perigo, através de uma harmonização de
conceitos, linguagens e metodologias. Este modelo, centrado na criança, apoia-se nos conhecimentos
atuais sobre o desenvolvimento infantil e adota uma perspetiva ecológica, situando a criança e a família
na comunidade. A sua aplicação pressupõe um verdadeiro trabalho em parceria, através de uma
abordagem interinstitucional e interdisciplinar (Canhão, 2007: 10).
Face a uma potencial situação de perigo para a criança/jovem, o gestor de processo articula com a
família, a criança/jovem e todas as entidades relevantes, com vista à elaboração de um diagnóstico e
respetiva proposta de plano de intervenção, que deverá incidir sobre os três principais domínios do
modelo - as necessidades desenvolvimentais da criança, as competências parentais das famílias
e os fatores familiares e ecológicos.
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Na avaliação e intervenção nas situações de risco e de perigo para a infância, as entidades com
competência em matéria de infância e juventude e os profissionais, devem ter em conta os seguintes
princípios orientadores com vista a uma adequada operacionalização do modelo ecológico:
Avaliação e intervenção centrada na criança – por um lado, pelo enfoque na criança, nas suas
necessidades desenvolvimentais, proteção e bem-estar e, por outro, pela importância de se ter em
conta a perspetiva da criança sobre a situação, necessidades sentidas e expectativas para o
futuro.
Análise dos contextos relevantes para o desenvolvimento da criança numa perspetiva ecológica e
holística – a avaliação da situação deve incidir sobre os três domínios do modelo ecológico:
necessidades de desenvolvimento da criança, competências parentais e fatores familiares e
ecológicos , analisando cuidadosamente a interação recíproca entre estes três domínios e o modo
com se influenciam uns aos outros.
Igualdade de oportunidades – a pobreza e a exclusão social não são fenómenos “naturais” mas a
consequência de modos de organização social geradores de desigualdades, com repercussões
nos diversos grupos geracionais, e com efeitos individuais e geracionais mais repercussivos e
continuados no que diz respeito às crianças e ao grupo geracional da infância (Sarmento, 2010:
179-180). Deste modo, a intervenção técnica nas situações de risco e de perigo visa, não só,
eliminar ou minimizar estas situações mas, também, promover o acesso das crianças e das
famílias a um conjunto de bens e serviços de natureza económica, de saúde, de educação, sociais,
ambientais e tecnológicos, numa verdadeira perspetiva de inclusão, igualdade de oportunidades e
cidadania.
Intervenção direta com as famílias e crianças, potenciadora de uma participação ativa destas na
avaliação da situação e no plano de intervenção – a maioria dos pais querem fazer o melhor pelos
seus filhos, e os profissionais, no processo de avaliação e intervenção, devem trabalhar em
colaboração com as famílias, de modo a que estas se sintam respeitadas, valorizadas e
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Identificação das potencialidades e fragilidades das famílias, crianças e dos seus contextos – todas
as famílias possuem fatores positivos e este deve ser sempre o ponto de partida para qualquer
intervenção. A avaliação diagnóstica não é uma “lista de problemas”, mas sim a identificação de
fatores de proteção, fatores de risco, necessidades e preocupações nos vários contextos
relevantes para o desenvolvimento da criança.
Processo contínuo e não apenas um acontecimento isolado – a avaliação diagnóstica deve ser
entendida como um processo dinâmico que não se esgota na fase inicial. O plano de intervenção
deverá contemplar objetivos e ações de aprofundamento da avaliação diagnóstica a partir dos
domínios e dimensões do modelo ecológico.
É importante avaliar as crianças, nomeadamente as suas necessidades específicas, para que o gestor
possa ponderar se as características dos pais e dos fatores familiares e ecológicos satisfarão as
necessidades evidenciadas por aquela criança em particular (Pezzot-Pearce e Pearce, 2004).
Na avaliação diagnóstica da situação deverá ser feita uma análise das necessidades da
criança/jovem nas diferentes dimensões - saúde, educação, desenvolvimento emocional e
comportamental, identidade, relacionamento familiar e social, apresentação social e capacidade de
autonomia - e da respetiva capacidade dos pais/cuidadores em dar resposta a essas mesmas
necessidades - cuidados básicos, segurança, afetividade, estimulação, estabelecimento de regras e
limites e estabilidade –, identificando fatores de proteção e fatores de risco.
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Recursos Existência e acesso a serviços universais e/ou de base discricionária nas áreas
comunitários da saúde, educação, habitação, emprego, lazer, etc.
Competências Parentais
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Fonte: Department of Health, Department for Education and Employment and the Home Office (2000).
Framework for the Assessment of Children in Need and Their Families. London: The Stationery Office.
Existe um conjunto de instrumentos de apoio técnico que operacionalizam estes domínios e dimensões,
nomeadamente os protocolos de avaliação/intervenção que definem objetivos específicos para diversas
faixas etárias. Na avaliação, é fundamental que os técnicos tenham em conta, não só os fatores de risco,
mas também os fatores de proteção, potenciadores da qualidade de vida das crianças/jovens, de modo
a poderem definir um plano de intervenção adequado para cada criança/jovem.
Estes protocolos permitem uma objetivação a partir das três dimensões do modelo ecológico –
necessidades desenvolvimentais da criança, competências parentais e fatores familiares e ecológicos –,
diminuindo, por isso, a subjetividade inerente ao processo avaliativo e permitindo, na prática, lidar com a
complexidade de fatores que se entrecruzam no desenvolvimento da criança. Evita, ainda, avaliações e
intervenções simplistas, proporcionando um quadro teórico que permite articular as variáveis pessoais e
contextuais. Potencia uma avaliação holística das situações de risco e de perigo.
O processo de promoção e proteção deve ser analisado numa perspetiva ecológica, avaliando os três
grandes níveis ou dimensões supramencionadas. Esta relação tripartida está na base da avaliação
diagnóstica, respeitando sempre os princípios da intervenção mínima, proporcionalidade, privacidade e
aproveitamento dos atos anteriores, bem como as diferentes perspetivas dos intervenientes.
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Perspetiva da criança/jovem
A intervenção centrada na criança, deve atender à sua idade, desenvolvimento e capacidade de
compreensão. Deve, ainda, atender às suas necessidades e potencialidades desenvolvimentais, às
potencialidades e fragilidades dos seus pais/cuidadores, à sua situação familiar, escolar e social
(fatores familiares e ecológicos), à intervenção e a outras entidades envolvidas, assim como
expectativas futuras. A perspetiva da criança deverá ser apresentada com sensibilidade/cuidado de
modo a evitar possíveis consequências negativas para o seu bem-estar.
Perspetiva da família
Existe um conjunto de fatores e elementos que, em si mesmo, são neutros. Podem, porém, converter-
se em fatores de proteção ou de risco, conforme a forma equilibrada ou desequilibrada como se
desenvolvem, contribuindo assim, positiva ou negativamente, para incrementar ou evitar o risco.
Estes fatores de proteção e risco constituem um campo de forças que interagem entre si, operando tanto
no ambiente como em cada pessoa. Como tal, é importante a existência de um equilíbrio entre todos os
fatores, considerando-se mais importante o resultado global do que o derivado de cada fator
separadamente.
Fatores de risco
São variáveis físicas, psicológicas e sociais detetadas que resultam em indicadores de alterações,
impedindo ou dificultando o adequado desenvolvimento das funções de proteção e socialização no meio
em que se exercem. Aumentam a probabilidade de ocorrência de fenómenos de exclusão.
Fatores de proteção
São variáveis físicas, psicológicas e sociais detetadas que resultam de indicadores de possibilidade de
recuperação do risco detetado. Apoiam e favorecem o desenvolvimento individual e social. Estes fatores
servem como moderadores dos fatores de risco, evitando a sua cristalização.
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PAIS/CUIDADORES
Fatores de Risco Fatores de Proteção
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CRIANÇA/JOVEM
Fatores de Risco Fatores de Proteção
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Gestor de processo constrói uma visão holística da situação, surgindo, assim, o momento da resposta à
questão legitimadora da intervenção.
- Avaliação das consequências físicas, emocionais e cognitivas a curto, médio e longo prazo para
a criança/jovem. Danos produzidos ou necessidades não atendidas da criança, assim como o de
perigo/risco de dano futuro das ações ou omissões parentais;
O gestor de processo deve evitar a descoordenação e sobreposição de ações e após a análise reflexiva
do processo deverá questionar:
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• Foram aplicadas teorias, metodologias e normativos legais relevantes para avaliação da situação?
• Qual foi o principal enfoque da avaliação – no apoio a prestar à criança/jovem e à família ou apenas na
confirmação da situação de perigo e dos deficits parentais?
• As crenças, valores e modelos de parentalidade do técnico influenciaram o seu olhar sobre a situação?
• Qual a avaliação do envolvimento emocional do técnico no processo (se foi uma relação empática, se
teve problemas de envolvimento com a criança/jovem e família) ?
Os objetivos devem ser específicos, mensuráveis, atingíveis, realistas e delimitados no tempo: modelo
SMART. Devem permitir identificar as necessidades de desenvolvimento da criança, avaliar as
competências parentais da família e avaliar fatores familiares e ecológicos relevantes.
Para cada objetivo devem ser definidas uma ou várias ações. Para cada ação definem-se os métodos e
as técnicas a utilizar. É importante recorrer a uma multiplicidade de métodos e técnicas de recolha e
análise da informação respeitando, simultaneamente, os princípios da intervenção mínima,
proporcionalidade e privacidade, tais como:
Entrevistas individuais e conjuntas aos pais/cuidadores e à família alargada (avós, filhos, outros
elementos significativos);
• Entrevistas individuais à criança/jovem e observação da criança sozinha, bem como utilização de
outras técnicas adequadas à idade e ao desenvolvimento da criança, tais como o ecomapa da
criança, desenho ou jogos, entre outras;
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Intervenientes – Identificar os intervenientes que vão estar implicados em cada ação. Considerar a rede
formal (serviços/entidades) e informal (criança/jovem, pais/cuidadores, família alargada e pessoas
significativas). Indicar o nome da pessoa/técnico, entidade a que pertence e área disciplinar.
O gestor para proceder ao planeamento da avaliação deve ter em conta as seguintes questões:
• Não se avaliar;
• Realizar uma avaliação não orientada para as decisões nem para a intervenção;
• Basear a avaliação apenas em dados obtidos a partir de uma única fonte de informação ou de
uma única entidade;
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Os instrumentos, como o próprio nome indica, são ferramentas que nos permitem fazer o diagnóstico,
dispondo e organizando os dados de forma a obter-se uma visão global das relações intra e extra
familiares. Estes não substituem uma fundamentação teórica, muito menos a razão e o discernimento do
técnico para imprimir um sentido e significado aos dados e encontrar as melhores estratégias para a
intervenção com a família. Necessitam de preparação cuidada, pelos profissionais, antes da sua
aplicação; devem ser apresentados à criança/ jovem e à família e aplicados com sensibilidade e cuidado,
ajudando a promover e a fortalecer a relação de colaboração entre técnico e família. Permitem ainda
estruturar a análise do técnico sobre a família e servem de base de apoio a um registo sistemático e
consistente daquilo que observam e ouvem.
3.3.1. Entrevista
Fases da Entrevista
Questionar é intervir. A entrevista deverá ser composta por quatro fases:
1. Social
2. Definição do problema / Comunicação da situação de perigo
3. Interativo
4. Redefinição do problema
1. Social
Tarefas:
Acolhimento, através de um contacto direto com todos os elementos;
Estar atento ao comportamento verbal e não verbal;
Adaptação à família, utilização de linguagem adequada;
Respeito pela cultura familiar.
Ter em atenção:
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Considerações:
Na transmissão da informação a prestar à família, o técnico Gestor deve utilizar uma linguagem
compreensível para que, de forma esclarecida, os cuidadores decidam consentir, ou não, na intervenção
(consentimento informado, expresso e escrito).
Finalidade: exploração, junto de cada elemento da família, das várias perspetivas sobre o problema em
causa.
Tarefas:
• Definir a ordem por que cada um deve intervir, não devendo ocorrer em simultâneo, nem uma
pessoa no lugar da outra;
• Encorajar cada elemento a expressar-se;
• Prestar atenção às comunicações não verbais;
• Não se deixar contagiar pelo clima emotivo que se possa gerar;
• Tentar definir, em conjunto, o problema que deu origem à comunicação da situação de perigo;
• Indagar quando começou o problema e as diligências já efetuadas no sentido da sua resolução
(expectativas de cada um).
Ter em atenção:
Ouvir como cada elemento explica o que deu origem à comunicação da situação de perigo. A informação
recolhida deve surgir como resultado da “conversa” com os diferentes elementos da família e não com
perguntas incisivas tipo questionário.
Importa, também, devolver o que foi dito tal como o compreendemos e garantir que a mensagem é
percecionada de forma clara por todos os intervenientes.
3. Interativo
Tarefas:
• Observar as interações verbais e não verbais que permitem ampliar o conhecimento da estrutura da
família;
• Explorar zonas de desacordo e perceber como resolvem os problemas;
• Verificar a existência de alianças e coligações;
• Alargar o centro de interesse da família (do problema com a criança/jovem e outros aspetos da
organização familiar);
• Controlar o nível de tensão emocional;
• Preparar a definição de objetivo(s).
Ter em atenção:
Como cada elemento interage com os elementos da CPCJ, presentes, e com cada elemento da família.
Na entrevista, por vezes, a família vivencia uma situação de conflito intrafamiliar, situação que a pode
impedir de se centrar nas suas capacidades e potencialidades/competências, pelo que será importante
assumirmos uma postura de escuta ativa, mesmo que tal implique uma nova entrevista.
4. Redefinição do problema
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Finalidade: reavaliar com a família o que cada membro poderá contribuir para melhorar a situação da
criança/jovem, reenquadrando o problema.
Tarefas:
• Adequar a intervenção à criança/jovem, à família e ao momento atual;
• Motivar os membros da família para a mudança;
• Avaliar com a família o que cada um pode fazer ou contribuir para desenvolver modos alternativos
de funcionamento;
• Entrar em contacto com outros elementos significativos de outros sistemas, com quem a família
possa manter contacto, quer da sua rede de suporte formal quer informal.
Ter em atenção:
A redefinição do problema pode passar por recontextualizar a comunicação da situação de perigo.
A recolha de informação sobre a rede de suporte formal e informal da família, pode ser obtida a partir de
perguntas, que indiquem a quem recorre, em momentos de dificuldade, ou descrevam o seu dia-a-dia.
É necessária capacidade para reduzir a tensão que a situação de entrevista poderá provocar, com vista
a estabelecer uma relação de confiança/adesão para a fase seguinte.
Como é a dinâmica familiar? Quem vive no domicílio da família? Como são as relações de parentesco?
Como é o ambiente familiar? Existe a possibilidade de receber ajuda ou apoio de outras pessoas? A casa
é frequentada por amigos ou outras pessoas?
Existem fatores de stress na família, como por exemplo: pobreza, ameaça de desemprego, conflitos
familiares, separação ou divórcio, violência doméstica, comportamentos aditivos (consumo de álcool ou
drogas), relações anteriores com os serviços sociais, doenças físicas ou psíquicas relevantes, entre
outros.
Antecedentes pessoais dos pais: algum dos pais/ cuidadores tem antecedentes de maus-tratos infligidos
pela sua família de origem?
A preocupação que os pais mostram é compatível com a gravidade dos danos na criança?
• Flexibilidade
• Empatia
• Coerência
• Aceitação positiva
• Igualdade
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• Proximidade/confiança
• Energia
• Profissionalismo
Condiciona a nossa entrevista, a nível das relações que se criam entre todos os
elementos presentes durante a entrevista, e ainda, relativamente às questões que
se prendem com a confidencialidade e a privacidade.
• Se ouve primeiro a criança/ jovem e depois os pais, representante legal, ou a pessoa que tenha a
guarda de facto;
• Se ouve os pais, representante legal, ou a pessoa que tenha a guarda de facto e só depois a criança/
jovem;
• Se um técnico ouve a criança/jovem e outro os pais, representante legal, ou a pessoa que tenha a
guarda de facto, e depois se juntam para partilhar a informação, ouvindo posteriormente a família
em conjunto.
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2. - A oposição da criança com idade inferior a 12 anos é considerada relevante de acordo com a sua
capacidade para compreender o sentido da intervenção.
A Convenção sobre os Direitos da Criança veio alicerçar esta nova visão sobre a criança.
Identificando-a como um ser vulnerável, carecido de proteção e assistência, veio reconhecê-la como um
sujeito ativo, ao dar-lhe importância e atribuir-lhe direitos próprios.
O direito a formar e exprimir opiniões, a ser valorizada a sua participação nas decisões que lhe dizem
respeito, a participar e pronunciar-se sobre o seu projeto de vida, a intervir, enquanto parceiro, no sistema
de promoção e proteção em que se insere.
O artigo 12.º da Convenção dos Direitos das Crianças preconiza o direito da criança a ser ouvida e o
respeito pelas suas opiniões.
Considerar a opinião da criança não significa fazer-lhe a vontade ou transferir para si a responsabilidade
da decisão. Esta responsabilidade é do adulto, que, antes de a tomar, considera, valoriza, tem em conta
a opinião da própria criança de acordo com a sua idade e maturidade.
“Eu não gostei nada de ter todas estas pessoas diferentes a fazerem-me as mesmas perguntas.”
“Não gostei de ver a minha mãe a chorar quando tive que ir para uma família de acolhimento.”
“Eu estava mesmo assustada pois as assistentes sociais retiram as crianças das famílias. Como eu não
queria ser retirada da minha mãe, não disse nada à técnica.”
“Disse à assistente social que queria ir para casa para proteger a minha mãe para que o meu pai não
nos batesse mais.”
“Eles querem que eu fale sobre os meus sentimentos, mas em quem é que eu posso confiar agora?”
“Senti-me muito envergonhada, teria sido mais fácil se ela tivesse passado algum tempo comigo para
me conhecer – não sabia realmente quem ela era ou o que queria de mim.”
• As ouçam e as tratem como pessoas e não como objetos de preocupação dos adultos;
• As acompanhem durante todo o PPP e com quem estabeleçam uma relação positiva, de respeito,
aceitação incondicional e confiança mútua;
• Sejam capazes de as manter informadas ao longo de todo o PPP e de lhes explicar as suas
funções e os objetivos da avaliação de modo compreensível;
• Não se limitem a ouvi-las, mas atuem em conformidade, com vista a promover uma melhoria
efetiva da sua qualidade de vida e das suas famílias;
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• Sejam capazes de evitar o “jargão” técnico, fazendo um esforço para traduzir conceitos técnicos
em vocabulário compreensível;
• Sejam capazes de respeitar a sua individualidade, ouvindo-a em separados dos seus irmãos;
• Sejam capazes de respeitar a sua individualidade, ouvindo-a em separados dos seus irmãos;
Recomendações…
As crianças e jovens querem estabelecer uma relação positiva, baseada na confiança mútua, respeito e
aceitação incondicional com um profissional de referência, que as possa acompanhar durante todo o
processo de promoção e proteção e que não se limite apenas a ouvir a criança, mas que atuem em
conformidade, com vista a promover uma melhoria efetiva para o seu bem estar e desenvolvimento,
afastando-a do perigo.
A visita domiciliária é uma técnica que pode revelar-se especialmente útil quando se pretende verificar,
comprovar ou clarificar alguma informação incompleta, contraditória ou relevante, obtida durante a
entrevista, ou quando esta não foi viável ou possível porque a família não compareceu aos
agendamentos ou quando se revele como o método mais adequado à situação e ao momento.
O que observar?
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3.3.3. Genograma
O Genograma é uma representação gráfica da estrutura familiar multigeracional (pelo menos três
gerações), que regista a informação sobre os membros da família em estudo e das suas relações.
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A base do genograma é a descrição gráfica de como os diferentes membros de uma família estão
biológica e legalmente ligados entre si de uma geração a outra. Este traçado é a construção de figuras
que representam pessoas e linhas que descrevem as suas relações.
Cada membro está representado por um quadrado se é homem e por um círculo se é mulher.
Masculino Feminino
Para uma pessoa falecida coloca-se um X dentro do quadrado ou do círculo. As figuras do passado
distante (há mais de três gerações) não se assinalam, uma vez que estão, presumivelmente, mortas.
Ex. nascimento 43:62 falecimento – pessoa que nasceu em 1943 e faleceu em 1962
As gravidezes, abortos e partos de um feto morto indicam-se através dos seguintes símbolos:
Duas pessoas casadas estão ligadas por linhas horizontais e verticais, situando-se o marido à esquerda
e a mulher à direita. A letra “M” seguida de uma data indica quando o casal contraiu matrimónio. Na
linha de casamento indicam-se também as separações “S” (com um traço) e os divórcios “D” (com dois
traços), seguidas do respetivo ano. Neste caso, o casal contraiu matrimónio em 1993, separou-se em
1998 e divorciou-se em 2000.
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Significa um marido com várias esposas. Para a situação de uma mulher com vários maridos, procede-
se da mesma forma, substituindo-se os respetivos símbolos. Convencionou-se para a representação
de uma situação em que ambos os cônjuges tiveram ligações matrimoniais anteriores que a ligação
atual se encontre representada no meio em que os ex-cônjuges de cada um se situam na continuação
da linha:
Figura que representa dois cônjuges que tiveram, cada um, múltiplos cônjuges.
Se um casal tem uma relação ou vivem juntos, mas não estão legalmente casados, a representação é
a mesma, utilizando-se, no entanto, uma linha em tracejado.
Poderá referir-se o ano em que o casal se conheceu ou ano em que iniciaram vida em conjunto.
Se um casal tem filhos, a figura de cada filho pende da linha que a liga ao casal. Os filhos vão-se
situando da esquerda para a direita, desde o mais velho ao mais jovem:
Utiliza-se uma linha de tracejado para ligar um filho adotivo à linha dos pais. As linhas convergentes
ligam gémeos à linha dos pais. Se os gémeos são monozigóticos encontram-se ligados por uma linha.
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Depois de se ter traçado a estrutura familiar, começa-se a juntar a informação sobre a família.
a) Informação demográfica:
Esta informação inclui dados mais ou menos objetivos sobre o funcionamento médico, emocional e
de comportamento dos diferentes membros da família.
A informação recolhida sobre cada pessoa situa-se junto ao seu símbolo no genograma.
Incluem-se trocas de relações, migrações, fracassos e êxitos. Estes dão o sentido da continuidade
histórica da família.
O terceiro nível da construção do genograma compreende o traçado das relações entre os membros
duma família.
Estas descrições são baseadas nas informações dos seus membros e nas observações diretas.
Utilizam-se tipos distintos de linhas para simbolizar os diferentes tipos de relações entre os membros da
família.
Como os padrões de comportamento, ligados entre si, podem ser bastante complexos, habitualmente, é
útil representarem-se num genograma à parte.
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Este genograma foi construído em torno do Tiago, cuja situação de perigo foi tipificada como negligência.
Coabitam avó materna, pais e dois filhos na mesma casa.
A Joana reside com um companheiro desde 1999, estando neste momento grávida. Ambos os
progenitores foram casados anteriormente, tendo-se ambos divorciados em 1980.
A progenitora efetuou uma interrupção voluntária da gravidez.
O avô materno faleceu em 1986. Desde essa altura, a avó materna passou a incluir o agregado familiar
do Tiago.
A - Composição da família
B - Posição na fratria
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3.3.4. Ecomapa
O Ecomapa é um
diagrama das relações
entre a família e a
SUPORTE FORMAL comunidade, ajuda-nos a
avaliar os apoios e
suportes (formais e
informais) disponíveis e
SUPORTE INFORMAL
como a família os utiliza.
Estrutura de
conceptualização das
redes de apoio à
criança e família
Definição – Instrumento de registo da inserção familiar e social da criança/ jovem, bem como do tipo de
relações estabelecidas entre os diferentes elementos que constituem a rede de suporte.
Médicos
Agrupamentos
étnicos
Terapeutas Hospitais e
Centros de
Psicólogos Saúde
Programas de
Intervenção precoce
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Operacionalização:
No 2º círculo colocam-se os nomes e a definição do tipo de relação existente, bem como as respetivas
idades.
O ecomapa vai sendo preenchido à medida que novos dados vão sendo obtidos.
Estes protocolos permitem alguma objetivação a partir das 3 dimensões do modelo ecológico –
necessidades desenvolvimentais da criança, competências parentais e fatores familiares e ecológicos –
diminuindo, por isso, a subjetividade inerente ao processo avaliativo.
Nesse sentido, o protocolo constitui-se, enquanto guião, meramente orientador e permite apoiar o técnico
/ membro na realização de avaliações e intervenções técnicas. Não deve ser, portanto, aplicado
diretamente à criança/jovem ou à sua família.
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As medidas de promoção dos direitos e proteção das crianças e dos jovens visam: afastar o perigo
em que estes se encontram; proporcionar-lhes as condições que permitam proteger e promover a sua
segurança, saúde, formação, educação, bem-estar e desenvolvimento integral e garantir a sua
recuperação física e psicológica (cfr. artigo 34.º da LPCJ).
Regime de colocação
- Acolhimento familiar;
- Acolhimento residencial;
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Não podem ser estabelecidas cláusulas que imponham obrigações abusivas ou que introduzam
limitações ao funcionamento da vida familiar para além das necessárias a afastar a situação
concreta de perigo (cfr. artigo 55.º, nº 2 da LPCJP)
Pretende-se:
Estabelecer metas que visem a resolução a partir dos “problemas” ou a melhoria da situação que
originou a comunicação da situação de perigo. O que não significa, apenas, afastar a situação de
perigo, mas também criar na família condições para que o perigo não volte a surgir, dotando-a de
ferramentas para melhor lidar com situações adversas, não obstante o respeito pelo disposto no n.º 2
do artigo 55.ºda LPCJP.
Fazer uma síntese e a verificação dos pontos fundamentais tratados durante as entrevistas e dos
aspetos que farão parte do acordo.
Dar a possibilidade à família de colocar todas as perguntas que pretender e esclarecê-la sobre o que
tenha ficado menos explícito.
5. PLANO INTERVENÇÃO
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Exemplos de ações:
• Programas de Educação Parental (art. 41.º LPCJP) compensadores, de caráter sócio educativo,
que favoreçam a integração e facilitem o adequado e positivo exercício das funções parentais,
assim como uma melhoria das relações sociofamiliares.
• Prestações económicas (apoio social), para atender às necessidades básicas da criança e evitar
a sua residencialização (art. 39.º LPCJP).
• Apoio psicopedagógico e/ou especializado para a criança (art. 39.º LPCJP).
• Apoio domiciliário para apoios específicos à criança e/ou família.
• Integração da criança em estruturas destinadas a prestar apoios educativos (jardim de infância),
de tempos livres (programas de férias ou de ocupação de tempos livres) ou preventivos da
inadaptação social de adolescentes (projetos comunitários do Programa Escolhas).
• Programas de formação profissional, vocacionados para os adolescentes que necessitem de
formação profissional que favoreçam a sua integração escolar e/ou a sua futura integração na
vida ativa.
• Intervenção familiar específica através de intervenção em crise, aconselhamento, mediação,
e/ou terapias individuais e/ou familiar. Serviços de tratamento de dependências para os pais
(álcool, drogas).
• Acompanhamento psicológico ou psiquiátrico para os pais.
• Compromissos dos vários intervenientes que correspondam a mudanças de atitudes e
comportamentos (e.g. o adolescente compromete-se a não ser agressivo para com a sua família
ou pares; a mãe ou pai compromete-se a estar mais atento e a dialogar com o seu filho, entre
outros.).
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Possibilita ter uma visão evolutiva da situação da criança, constituindo um suporte à elaboração do
Relatório ou da Informação contendo os elementos necessários à avaliação da execução da
medida.
Resultados Obtidos
Pretende-se:
• objetivo concretizado
• objetivo em vias de concretização
• objetivo reformulado
• objetivo não concretizado
- Identificar os fatores que contribuíram para a não concretização dos objetivos e das ações
relacionados com os parceiros, com a criança/jovem, com a família, com os recursos materiais e
financeiros, entre outros.
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Todas as medidas são, obrigatoriamente, revistas dentro do prazo de 6 meses, a não ser que no APP
ou por deliberação da comissão restrita se considere um prazo mais curto.
- O jovem atinja a maioridade ou, nos casos em que tenha solicitado a continuação da medida
para além da maioridade, complete 21 ou 25 anos, nas situações previstas na Lei.
- Seja proferida decisão em procedimento tutelar cível que assegure o afastamento da criança ou
do jovem da situação de perigo;
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Em jeito de conclusão, será importante sublinhar que, para além da leitura de todos os conteúdos
expostos ao longo deste Manual, o formando deverá ter sempre presente a pertinência da consulta
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dos diplomas legais ou outros documentos considerados fundamentais, com vista ao aprofundamento
da sua capacitação no âmbito desta área de intervenção.
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