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Trato respiratório superior

Os órgãos respiratórios localizados na cabeça (nariz, seios paranasais, porção nasal da


faringe) são denominados “trato respiratório superior”
O plano nasal (planum nasale) é dividido por um sulco mediano, o filtro, que prossegue
ventralmente e divide o lábio superior (Fig. 8-2). A superfície do plano nasal dos carnívoros é
umedecida pela secreção da glândula nasal lateral, situada no interior do recesso maxilar
(recessus maxillaris) e por algumas glândulas menores da mucosa. No suíno, o ponto móvel em
formato de disco do focinho é denominado rostro ou focinho. O focinho é sustentado pelo
osso rostral e coberto por pele modificada, a qual forma o plano rostral (planum rostrale) e
inclui os pelos táteis e glândulas mucosas, que umedecem a superfície. A superfície do plano
nasal possui uma grande quantidade de sulcos finos, cujo padrão acredita-se ser individual e
pode ser usado como meio de identificação, de modo semelhante às impressões digitais dos
humanos.

Cartilagens nasais (cartilagines nasi)

As narinas externas são sustentadas pelas cartilagens nasais, as quais variam quanto a forma,
tamanho e quantidade, dependendo da espécie (Figs. 8-2 e seguintes). As cartilagens nasais
laterais se fixam à extremidade rostral do septo nasal, de onde se prolongam ventral e
dorsalmente (cartilago nasi lateralis dorsalis et cartilago nasi lateralis ventralis). Elas
determinam o formato da abertura da narina. As cartilagens nasais laterais dorsal e ventral
estão em contato uma com a outra em todas as espécies domésticas, exceto no equino.
Dependendo da espécie, várias cartilagens nasais acessórias podem se originar das cartilagens
nasais laterais.

No equino, a cartilagem nasal dorsal não se prolonga muito e a cartilagem nasal ventral é
indefinida ou inexistente. Em vez disso, as cartilagens alares (cartilagines alares), as quais são
divididas em uma lâmina (lamina) dorsalmente e um corno (cornu), sustentam as narinas
amplas e espaçadas. As paredes laterais das narinas não são sustentadas por cartilagem,
motivo pelo qual as margens das narinas permanecem bastante móveis e permitem que a
abertura se dilate quando necessário. As cartilagens alares são responsáveis pela forma de
vírgula característica, a qual divide a narina em uma parte ventral, chamada de narina
verdadeira, que conduz à cavidade nasal, e uma parte dorsal, ou falsa narina, que conduz ao
divertículo revestido de pele (diverticulum nasi) que ocupa a incisura nasoincisiva (incisura
nasoincisiva). Portanto, ao se passar um tubo nasogástrico, é essencial guiá-lo ventralmente.

Na antiguidade, cortavam-se as falsas narinas dos potros, pois acreditava-se que o


procedimento melhorava o desempenho, especialmente em cavalos de batalha. Esse método
ainda é empregado atualmente na região sudoeste da Ásia (Paquistão, Irã, norte da Índia). No
Ocidente, utilizam-se implantes nasais e faixas aderentes à pele para manter as cartilagens
alares em estado de abdução total em cavalos de competição.

Vestíbulo nasal (vestibulum nasi)

A narina forma a abertura da cavidade nasal e cerca o vestíbulo nasal. No equino e no asinino,
o tegumento continua dentro da cavidade nasal e forma uma delimitação precisa com a
mucosa nasal. No equino, o ponto nasal do ducto lacrimonasal situa-se no assoalho ventral do
vestíbulo, próximo a essa transição mucosa. Em outras espécies, ele se localiza mais
caudalmente, às vezes com mais de uma abertura. No cão, as aberturas muito menores e mais
indistintas das glândulas nasais laterais serosas também desembocam nessa região
Cavidades nasais (cava nasi)
A cavidade nasal se prolonga das narinas até a lâmina cribriforme do osso etmoide, sendo
dividida pelo septo nasal em um lado direito e outro esquerdo. As conchas nasais (conchae
nasales) se projetam para o interior da cavidade nasal e servem para aumentar a superfície da
área respiratória (Figs. 8-7 e seguintes). Em animais com senso de olfato apurado, como o cão,
as conchas nasais são mais complexas e aumentam ainda mais a superfície olfativa. Esse
aumento, juntamente com uma quantidade maior de células olfativas receptoras, é
responsável pelo excelente sentido de olfato do cão em comparação aos humanos. Plexos
vasculares situam-se sob a mucosa e são formados por vasos anastomóticos múltiplos.
Caudoventralmente, a cavidade nasal se comunica com a porção nasal da faringe pelas coanas.

Conchas nasais (conchae nasales)

As conchas nasais são tubos cartilaginosos ou ossificados com mucosa nasal que ocupam a
maior parte da cavidade nasal (Figs. 8-7 e seguintes). Elas apresentam uma disposição
complexa e característica de cada espécie.

O endoturbinado I (endoturbinale I) é o turbinado mais extenso situado mais dorsalmente e o


que mais se prolonga no interior da cavidade nasal. Ele forma a base óssea da concha nasal
dorsal (concha nasalis dorsalis). O endoturbinado II (en-doturbinale II) é adjcente ao primeiro
e forma a parte óssea da quentes apresentam tamanhos menores, com exceção do cão, no
qual os endoturbinados II a IV são bastante desenvolvidos. Embora as conchas nasais dorsal e
média sejam formadas pelos endoturbinados, a concha nasal ventral (concha nasalis ventra-
lis) é parte da maxila.
As estruturas ósseas dos ossos conchais (ossa conchae) são descritas em detalhe no Capítulo 1.

Meatos nasais (meatus nasi)

As conchas maiores dividem a cavidade nasal em uma série de sulcos e meatos que se
ramificam de um meato comum próximo ao septo nasal. Há três meatos nasais nos mamíferos
domésticos (Figs. 8-9 e 8-10)

● Meato nasal dorsal (meatus nasi dorsalis);

● Meato nasal médio (meatus nasi medius);

● Meato nasal ventral (meatus nasi ventralis)

O meato nasal dorsal é a passagem entre o teto da cavidade nasal e a concha nasal dorsal. Ele
conduz diretamente ao fundo da cavidade nasal e canaliza o ar para a mucosa olfativa.

O meato nasal médio situa-se entre as conchas nasais dorsal e ventral e se comunica com os
seios paranasais.

O meato nasal ventral é o caminho principal para o fluxo de ar que conduz à faringe e situa-se
entre a concha nasal ventral e o assoalho da cavidade nasal.

O meato nasal comum (meatus nasi communis) é o espaço longitudinal de cada lado do septo
nasal. Ele se comunica com todos os outros meatos nasais.

A faringe pode ser acessada pela passagem de tubos nasogástricos e endoscópicos por seu
ponto mais largo, entre o meato ventral e o meato comum.
Seios paranasais (sinus paranasales)

Os seios paranasais são divertículos da cavidade nasal que formam cavidades preenchidas com
ar entre as lâminas externa e interna dos ossos do crânio. A estrutura óssea dos seios
paranasais é descrita em detalhes no Capítulo 1.

Eles sofrem uma expansão significativa após o nascimento e continuam a aumentar de


tamanho com o avançar da idade. Os seios paranasais são bastante desenvolvidos no bovino e
no equino e respondem pela conformação da cabeça nessas espécies. Supõe-se que os seios
paranasais forneçam proteção térmica e mecânica à órbita, à cavidade nasal e às cavidades
cranianas; eles também alargam as áreas para fixação muscular sem aumentar
consideravelmente o peso do crânio.

Os seios paranasais são revestidos pela mucosa respiratória, a qual é extremamente delgada e
pouco vascularizada. Acredita-se que esse fato seja responsável pela fraca capacidade de
cicatrização dessa área. O tratamento é complicado devido à estreiteza e à localização das
aberturas, o que os deixa propensos a obstruções quando a mucosa é espessada por
inflamações. Os seguintes seios paranasais podem ser encontrados no crânio de animais
domésticos:
● Seio maxilar (sinus maxillaris);

● Seio frontal (sinus frontalis);

● Seio palatino (sinus palatinus);

● Seio esfenoidal (sinus sphenoidalis);

● Seio lacrimal (sinus lacrimalis) em suínos e em rumi-nantes;


● Seio da concha dorsal (sinus conchae dorsalis) e seio da concha ventral (sinus conchae
ventralis) no suíno, em ruminantes e no equino;
● Células etmoidais (cellulae ethmoidales) em suínos e em ruminantes

O seio maxilar é contido dentro da parte caudal da maxila. No equino, um septo ósseo divide o
seio maxilar em um compartimento rostral menor (sinus maxillaris rostralis) e um
compartimento caudal maior (sinus maxillaris caudalis) (Fig. 8-13). O assoalho dos seios
maxilares é perfurado pelos alvéolos dentários dos últimos três dentes molares. Como apenas
uma fina lâmina óssea separa as raízes dos dentes do seio paranasal, uma infecção periapical
pode facilmente penetrar o osso e causar sinusite. No entanto, uma entrada no seio por meio
de trepanação permite acesso aos dentes para o tratamento de enfermidades dentárias.
O canal infraorbital de orientação sagital se projeta nos seios maxilares e os divide em um
compartimento medial e outro lateral. Os dois compartimentos partilham uma abertura em
forma de ranhura em direção ao meato nasal médio, a abertura nasomaxilar (apertura
nasomaxillaris). O seio maxilar rostral se comunica com o seio da concha ventral pela abertura
concho-maxilar (apertura conchomaxillaris). O seio maxilar caudal se comunica direta ou
indiretamente com todos os outros seios pa-ranasais. Essa disposição anatômica responde
pela propagação de infecções em todos os seios paranasais do equino.

O seio maxilar de carnívoros recebe a denominação mais adequada de recesso maxilar


(recessus maxillaris), já que se trata de um divertículo da cavidade nasal na altura da concha
nasal medial ao invés de uma cavidade real preenchida de ar entre as lâminas interna e
externa dos ossos do crânio.

O seio frontal integra o osso frontal e normalmente se comunica com o meato nasal médio.
No equino, ele é contínuo com o seio da concha dorsal e, portanto, recebe a denominação de
seio conchofrontal (sinus conchofrontalis).

O seio maxilar caudal se comunica com o seio conchofrontal pela abertura frontomaxilar
(apertura frontomaxillaris).

No suíno e no bovino, o seio frontal se divide em diversos compartimentos e se prolonga


caudalmente até a região nucal. Em ruminantes, ele se prolonga para dentro do processo
cornual do osso frontal, sendo responsável pela alta incidência de inflamações do seio frontal
após a remoção cirúrgica dos cornos. No equino, os ossos palatino e esfenoide também são
pneumáticos. A união do seio palatino e do seio esfenoidal resulta no seio esfenopalatino
combinado, o qual se comunica com o seio maxilar caudal (Fig. 8-13). O quiasma óptico se
situa imediatamente dorsal ao seio esfenoidal, separado deste último apenas por uma lâmina
óssea extremamente delgada. Portanto, a sinusite pode facilmente se propagar para o nervo
óptico, resultando em prejuízo para a visão.

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