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Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Educação Física


Trabalho de Conclusão de Curso

Coordenação e Equilíbrio de crianças do 3° ano do


Ensino Fundamental: um estudo comparativo entre os
praticantes e não praticantes de MUAYTHAI

Autor: Suellyngton Ramonne Gomes dos Santos Souza


Orientador: Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva

Brasília - DF
2012
SUELLYNGTON RAMONNE GOMES DOS SANTOS SOUZA

Coordenação e Equilíbrio de crianças do 3° ano do Ensino


Fundamental: um estudo comparativo entre os praticantes e não
praticantes de MUAYTHAI

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de graduação em
Educação Física da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção
do Título de Licenciado em Educação Física.

Orientador Prof. Dr. Ronaldo


Rodrigues da Silva.

Brasília
2012
Trabalho de conclusão de curso de autoria de Suellyngton Ramonne
Gomes dos Santos Souza, intitulado “Coordenação e Equilíbrio de crianças
do 3° ano do Ensino Fundamental: um estudo comparativo entre os
praticantes e não praticantes de MUAYTHAI ”, apresentado como requisito
parcial para obtenção do grau de licenciado em Educação Física da
Universidade Católica de Brasília, em 01 de dezembro de 2012, defendida
e assinada pela banca examinadora abaixo assinada:

______________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva
Orientador
Educação Física – UCB

_______________________________________
Prof. Msc. Fábio Antonio Tenório
Orientador
Educação Física – UCB

Brasília
2012
Coordenação e Equilíbrio de crianças do 3° ano do Ensino Fundamental: um
estudo comparativo entre os praticantes e não praticantes de MUAYTHAI

GOMES, Suellyngton Ramonne dos Santos Souza*


SILVA, Ronaldo Rodrigues da**

RESUMO
O presente estudo de campo buscou averiguar a influência da prática sistematizada
do MUAYTHAI sobre o desempenho motor, mais especificamente coordenação e
equilíbrio em crianças do terceiro ano do ensino fundamental, a partir de uma
metodologia baseada nas técnicas e regras do desporto. A pesquisa foi realizada
entre agosto e novembro de 2012, utilizando os princípios básicos desta
metodologia, uma vez que o objetivo não era formar atletas, mas promover uma
melhora no desenvolvimento motor dos alunos. A população deste foi composta por
40 crianças com faixa etária de 08 a 10 anos, regularmente matriculadas no 3° ano
da Escola Municipal Arminda Mattos – GO. A amostra foi constituída por n= 20
crianças entre 08 e 09 anos, de ambos os sexos (07 do sexo feminino e 13 do sexo
masculino) divididas em dois grupos (experimental e controle) com 10 indivíduos
cada um. A análise do processo de intervenção se deu de forma quantitativa; foram
avaliados a coordenação e o equilíbrio por meio de testes psicomotores. Percebeu-
se, por meio dessas análises que não ouve grandes diferenças entre os grupos nas
variáveis mensuradas.

Palavras-chave: MUAYTHAI, Educação Física Escolar, Desempenho Motor.

INTRODUÇÃO

O MUAYTHAI é uma arte marcial de origem tailandesa. Consiste em ataques


e defesas utilizando vários seguimentos do corpo, como mãos, cotovelos, joelhos e
pernas.
Segundo Moore (2004), a história dessa arte marcial foi juntada pedaço a
pedaço por informações que escaparam da destruição, e foram passadas através de
gerações, boca a boca, professores para alunos (apud Falkenbach). As duas mais
aceitas pela maioria dos Mestres de MUAYTHAI e também por vários historiadores
Tailandeses são as seguintes; segundo a primeira versão, a origem do povo
tailandês é a província de Yunnam, nas margens do rio Yang Tsé na China Central.

*Aluno do curso de educação física – Disciplina TCC II


**Prof. Dr. Orientador do curso de Educação Física – Disciplina TCC II
Muitas gerações atrás eles migraram da China para o local onde atualmente é à
Tailândia em busca de liberdade e de terras férteis para a agricultura. Segundo essa
teoria, do seu local de origem, a China, até o seu lugar de destino, o Sião, os
Tailandeses foram constantemente hostilizados e sofreram muitos ataques de
bandidos, de Senhores da Guerra, de animais, e também foram acometidos de
muitas doenças. Para proteger-se e manter a saúde, eles criaram um método de luta
chamado "Chupasart", que segundo os historiadores, descende diretamente do Boxe
Chinês (Kung Fu) e foi se desenvolvendo até se tornar o MUAYTHAI que
conhecemos hoje.

A segunda teoria diz que foi desenvolvido quando os tailandeses já estavam


na sua terra, o Sião (atual Tailândia). Sendo que esta segunda teoria tem apoio
acadêmico considerável e evidências arqueológicas inegáveis, tornando-se um
esporte e assim como varias outras modalidades de luta atraiu a atenção da mídia
tornado-se muito popular no mundo inteiro.

De acordo com Ferreira (2006), as lutas têm ajudado muito no ensino da


educação física para crianças no que se refere à liberação de agressividade por
parte das mesmas, além de trabalhar todos os fatores psicomotores.

As crianças também são atraídas pelo universo que compõe as lutas, mas por
vezes o professor de Educação Física despreza este conteúdo, também incluso nos
PCN’s. Tradicionalmente, as artes marciais envolvem valores e modos de
comportamento relacionados ao respeito, à dedicação, à confiança, à autoestima, à
concentração, à postura, à coordenação, entre outros, visando o desenvolvimento
integral do ser humano (BREDA, et. al., 2010).

Mello (1989, p.31) faz uma colocação a respeito dos jogos na formação do ser
integral que é concernente as lutas aplicadas de uma forma lúdica, salientando que
a criança inserida no jogo “está vivenciando estímulos motores, seu raciocínio lógico
está sendo solicitado e está experimentando ao mesmo tempo uma relação com as
demais crianças que, portanto, possui implicações emocionais e sociais.”
Dessa forma esse estudo teve como objetivo, demonstrar a possível
influência do MUAYTHAI no desenvolvimento motor, mais especificamente na
coordenação e no equilíbrio de escolares entre oito e nove anos de idade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi de caráter quantitativo descritivo.


População: Foi composta por 40 crianças com faixa etária de 08 a 10 anos
de idade, regularmente matriculadas no 3° ano da Escola Municipal Arminda Mattos
em Valparaíso de Goiás - GO.
Amostra: Foi constituída por n= 20 crianças, de ambos os sexos sendo 07 do
sexo feminino e 13 do sexo masculino. Foi feita seleção individual, tento como
critério de inclusão a faixa etária. Foi escolhida uma turma do turno vespertino do 3°
ano, com faixa etária de 08 a 09 anos. A amostra foi dividida em dois grupos
(experimental e controle) com 10 indivíduos cada um, sendo que o grupo
experimental sofreu a intervenção de 12 semanas com a prática sistematizada do
MUAYTHAI.
Instrumento: Manual de avaliação psicomotora de Gislene de Campos
Oliveira (2009). Esses se dividem em: Coordenação global, Dissociação de
Movimentos, Coordenação fina e óculo manual, Equilíbrio estático e Equilíbrio
Dinâmico. Durante cada uma dessas etapas de avaliação as crianças executavam
uma serie de atividades nas quais recebiam uma pontuação de 0 a 2, classificada de
acordo com os parâmetros do próprio teste. Os procedimentos de cada teste
seguem em anexo.
Procedimentos: A coleta de dados estendeu-se por um período de duas
semanas. O tempo de aplicação dos testes com cada criança teve duração média de
40 minutos. A primeira parte dos testes foi aplicada dentro da biblioteca, pois era
necessário que a criança estivesse sentada e não houvesse distrações, a outra
parte foi aplicada na quadra poliesportiva, pela necessidade de uma área mais
ampla. Todos os testes foram aplicados de forma individual como sugere o
protocolo.
Análise estatística: se deu por meio da média dos resultados obtidos no
estudo.
ANÁLISE E DISCUSSÃO

Figura 1- Análise comparativa das médias do grupo controle e do grupo experimental:

De acordo com a figura 1 podemos notar o desempenho dos dois grupos em


cada uma das cinco habilidades mensuradas.
O Grupo Experimental apresentou desempenho superior ao Grupo Controle
nas variáveis: Coordenação Global, Dissociação de Movimentos, Coordenação Fina
e Óculo Manual. Nas variáveis, Equilíbrio Estático e Equilíbrio Dinâmico o Grupo
Controle teve desempenho melhor que o Grupo Experimental.
De acordo com Rosa Neto (2002), o movimento motor global é um movimento
sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial e temporal. Dessa forma nas provas de
Coordenação Global procuramos o grau de maturidade das estruturas visuo-motoras
e observamos a facilidade dos gestos e a regulação tônica de cada criança. A
diferença de 0,9 pontos de superioridade do grupo experimental em relação ao
grupo controle na Coordenação Global pode ser atribuída às atividades do
MUAYTHAI que visam uma melhora do conhecimento corporal, já que a modalidade
enfatiza o uso de vários seguimentos do corpo.
Segundo Oliveira (2009), dissociação de movimentos é a capacidade de
individualizar os segmentos corporais que tomam parte na execução de um gesto
intencional. O teste avaliou a habilidade do indivíduo em realizar múltiplos
movimentos ao mesmo tempo. Esta mesma autora classifica Coordenação Fina e
Óculo Manual como conjunto de capacidades essenciais para o domínio e
desenvoltura do gesto e do instrumento, aliadas ao controle e a coordenação ocular.
O teste mede a habilidade de manter a visão ao executar o movimento.
Em relação ao equilíbrio Tubino (1984 apud DANTAS, 2003), define como a
qualidade física conseguida por uma combinação de ações musculares com o
propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma, contra a lei da gravidade. A
bateria de testes apresenta duas variáveis da função equilíbrio: estático e dinâmico.
A pouca diferença de desempenho entre os grupos nas variáveis, Dissociação
de Movimentos, Coordenação Fina e Óculo Manual, Equilíbrio Estático e Equilíbrio
Dinâmico, possivelmente se deve a vida pregressa dessas crianças, já que nessa
faixa etária o indivíduo pode ter vivenciado tarefas e situações que desenvolvem
essas habilidades, mesmo que não seja de forma sistematizada.
Conforme o estudo de Oliveira (2009), através da soma dos pontos adquiridos
por cada indivíduo nos testes acima citados podemos chegar à idade motora ou em
qual etapa do desenvolvimento motor se encontra cada criança, em relação à
Coordenação e Equilíbrio (tabela 1).
Tabela 1 - Fases da evolução das habilidades psicomotoras verificadas pelo exame
psicomotor.

Estágios – Pontuação Esperada


Habilidades psicomotoras
IA IB II IIA IIB III
Coordenação e equilíbrio 3 a 14 15 a 20 21 22 a 27 28 a 33 34

I: até 3 anos de idade; IA: 3 a 4 anos; IB: 5 a 6 anos; II: 7 anos; IIA: 8 a 9 anos; IIB: 10 a 11
anos; III: a partir de 12 anos.
Tabela 2 – Pontuação geral por individuo de ambos os grupos.

GRUPO CONTROLE GRUPO EXPERIMENTAL

PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
INDIVÍDUO INDIVÍDUO
GERAL GERAL
1 20 11 29
2 21 12 22
3 18 13 22
4 18 14 22
5 25 15 23
6 24 16 24
7 23 17 18
8 26 18 20
9 24 19 26
10 22 20 23
MÉDIA 22,1 MÉDIA 22,9

Ao analisar a tabela 2 pode-se notar que 6 indivíduos, sendo 4 do grupo


controle e 2 do grupo Experimental obtiveram uma pontuação abaixo do esperado
da sua idade cronológica. Observa-se também que 1 indivíduo do Grupo
Experimental atingiu uma pontuação acima da esperada. Por esse motivo não
podemos afirmar que a intervenção influenciou de forma significativa o Grupo
Experimental.

CONCLUSÃO

De acordo com a análise dos dados mostrados acima, conclui-se grupo


experimental de 0,9 pontos superior em relação ao grupo controle na variável
coordenação global. Nas variáveis, Dissociação de Movimentos, Coordenação Fina
e Óculo Manual, Equilíbrio Estático e Equilíbrio Dinâmico, não houve diferença
significativa entre o grupo praticante de MUAYTHAI e o grupo não praticante, já que
em todas essas funções a diferença entre os grupos foi de 0,1 ponto. Uma
intervenção de 12 semanas pode não ter sido suficiente para influenciar
significativamente as condutas motoras de base, Dissociação de Movimentos,
Coordenação Fina e Óculo Manual, Equilíbrio Estático e Equilíbrio Dinâmico, destes
escolares na faixa etária de 08 a 09 anos.
Sugere-se que sejam feitos estudos posteriores, com período de intervenção
mais extenso, um maior número de indivíduos e variáveis a serem mensuradas,
onde os dois grupos sejam submetidos aos testes antes e depois do período de
intervenção, para que assim possamos avaliar de forma mais abrangente se ouve ou
não uma influência significativa do MUAYTHAI no desenvolvimento motor dessas
crianças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BREDA, M.; Galatti, L.; Scaglia, A. J.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte aplicada
às lutas. São Paulo: Phorte, 2010. 158 p.
DANTAS, E.H.M. A Prática da Preparação Física. 5 ed. Rio de Janeiro, Shape,
2003.
FALKENBACH, Fernando. Treinamento de MUAYTHAI: Bangkok x Curitiba.
UNIANDRADE: Revista Eletrônica de Educação Física. 2007.

FERREIRA, Heraldo Simões. As lutas na educação física escolar. Revista de


Educação Física, n.135, p.36-44, nov., 2006.

MELLO, Alexandre Moraes de. Psicomotricidade, educação física e jogos


infantis. 5. ed. São Paulo: IBRASA, 1989. 95 p.

OLIVEIRA, Gislane de Campos. Avaliação psicomotora à luz da psicologia e da


psicopedagogia. Petrópolis: Vozes, 2009. 140 p.
ROSA, Francisco Neto. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Editora-
Artmed, 2002.

BRÍNGEL, Guilherme. A história do Muay Thai. Disponível em:


<http://www.krumuaythai.com/Historia4.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011.

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