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Estudo das equações aplicáveis em teoria de plasticidade independente do tempo

Study of equations applied in theory of plasticity independent of time

Horácio Delgado Júnior 1,2 Artigo


Alexandre Alvarenga Palmeira 1,2 Original
Alexandre Fernandes Habibe 1,2
Roberto de Oliveira Magnago 1,2 Original
Paper

Palavras-chave Resumo
Neste trabalho, foram estudadas as equações aplicadas em teoria de
Teoria de plasticidade plasticidade independente do tempo, aplicada a carregamento cíclico.
Deste estudo teórico foi concluído que o modelo de encruamento iso-
Equações trópico aplica-se somente á processos de conformação cujas trajetórias
independente do de deformação sejam lineares. Mostrou também que o modelo de en-
tempo cruamento cinemático de Prager é utilizado para materiais que encruam
linearmente com a tensão deformação. Já no modelo de Mroz, vê-se
bom caminho para a generalização do modelo de encruamento cinemá-
tico linear. O modelo proposto por Chaboche consiste na introdução de
uma nova variável de encruamento que memoriza a máxima amplitude
da deformação plástica.

Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2014


Abstract Keywords
In this work, the equations were studied independent of time applied
to cyclic loading. This theoretical study concluded that the model of Theory of plasticity
isotropic hardening will be useful only in processes of conformation
whose trajectories are linear. It also showed that the model of Prager Equations independent
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of kinematic hardening is used for materials that increase linearly with of time
deformation. Already in the Mroz model, sees good way to generalize
the linear kinematic hardening model. The proposed by Chaboche
model is a introduction of a new variable hardening that memorizes the
maximum amplitude of plastic deformation.

¹ UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda


2
UERJ/FAT – Universidade Estadual do Rio de Janeiro / Faculdade de Tecnologia
1. Introdução E pode ser representado no espaço de coor-
62 denadas cartesianas (x,y,z), pela seguinte matriz:
Os modelos matemáticos usados comu-
mente para previsões de processos de con-
formação mecânica são fundamentados em
ensaios experimentais e observações macroscó-
(1)
picas. Existem diversos modelos para descrever
o comportamento plástico dos materiais duran- Conforme apresentado na figura (1), o
te a aplicação de carregamentos. Os processos tensor de tensões é simétrico, portanto possui
de conformação de chapas metálicas envolvem apenas seis componentes independentes, são
invariavelmente inversões de carregamento elas: . Uma vez que
e em alguns casos carregamentos complexos se conhece o estado de tensões (tensor de ten-
com trajetórias de deformação não linear. Na sões), permite pesquisar um plano para o qual
necessidade de melhores previsões, para evitar as tensões normais sejam máximas (tensões
desperdícios e ajustes durante o processo fabril, principais) e as tensões tangenciais sejam nu-
os modelos vêm sofrendo constante evolução. las. Desta consideração tem-se que:
O presente trabalho visa o estudo das
(2)
equações constitutiva em teoria de plastici-
dade independente do tempo, aplicada a car- ou
regamento cíclico. É dividido em três partes,
(3)
sendo a primeira mostra uma breve revisão
dos principais conceitos da mecânica dos sóli- O sistema linear apresentado na equação
dos, a segunda parte apresenta os conceitos da (3) deve ter soluções reais, portanto, pode-se
plasticidade clássica e finaliza com o estudo dizer que:
das teorias de plasticidade mais recentes apli-
(4)
cadas a carregamentos cíclicos.
ou
2. Estado de tensões e espaço de
tensões
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O estado de tensões em um ponto mate-


(5)
rial, apresentado pela figura (1), pode ser ca-
racterizado pelo tensor de segunda ordem
s ij , chamado de tensor de tensões.
Resolvendo o determinante, tem-sê:
(6)
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onde:
(7)

(8)

(9)

Sendo J1,J2,J3 os invariantes do tensor de


tensões.
Pode-se obter o tensor s ij associado com
a direção principal n(i) (i=1,2,3) pela relação:

Fig.1- Estado de tensões num ponto (10)


ou é chamado de tensor de tensões desviadoras,
o qual representa o estado de cisalhamento 63
(i = 1,2,3). (11)
puro. A figura 2 apresenta o sentido físico das
tensões desviadoras. O tensor de tensões hi-
Quando n(i) é o vetor unitário na direção drostáticas é responsável pelas alterações de
principal i, é válida a relação: volume. Já o tensor de tensões desviadoras é
responsável pela mudança de forma do sólido.

(12)

A equação (10) pode ser escrita como:

Fig.3- Representação do plano octaédrico no espaço de tensões.

Desta maneira o tensor de tensões des-


(13)
viadoras é obtido de maneira análoga ao ten-
Introduzindo Rij, temos: sor de tensões:

(20)

(14)

ou

O que prova pela relação(12):

(15) (21)

Podendo ser expresso em termos da


tensão principal substituindo a equação (13) Resolvendo o determinante, tem-sê:
na equação (15). (22)

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Sendo fácil observar que seus invarian-
tes são:
(16) (23)

Portanto, conhecido a tensão e a direção


principal pode-se determinar o estado de ten-
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sões inicial. (24)

Na teoria de plasticidade clássica é comum


decompor o tensor de tensões em duas partes:
(25)
(17)

onde p é a tensão devido a pressão hidrostática Onde, Si (i = 1,2,3)são os valores das tensões
e pode ser expresso por: principais o tensor de tensões desviadoras. Como:
, (i = 1,2,3) (26)

então:
(18)

e é chamado de tensor de tensões hidrostá- , (27)

ticas. A segunda parte é calculada por:

(19) , (28)
A tensão normal octaédrica , confor-
64 . (29)
me apresentado na figura 3, é definida como a
Quando o primeiro invariante do tensor tensão normal a um plano octaédrico e pode
desviador é nulo ( ), o segundo e o tercei- ser obtida através da seguinte relação:
ro invariante do tensor desviador podem ser . (36)
relacionados com os invariantes Ji (i = 1,2,3)
do tensor de tensões , possibilitando a for- Em termos das tensões principais, pode-
mulação de equações de escoamento. se escrever:

(30)
(37)

(31) A tensão de cisalhamento octaédrica ,


conforme apresentado na figura 3, é definida como
Sendo útil para determinar também as
a tensão tangencial no plano octaédrico e pode ser
propriedades de um plano normal a um se-
obtida através da seguinte relação:
guimento de reta que passa pela origem e tem
ângulos iguais com as direções principais no
espaço de tensões. A este plano dá-se o nome
de plano octaédrico, apresentado pela figura
3, que pode ser definido a partir das direções: (38)

(32) portanto,

e
(33)

Desta forma:
(39)
(34)
Assim, a tensão de cisalhamento octaé-
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drica pode se relacionar com o segundo inva-


riante do tensor de tensões desviadoras, con-
forme apresentado pelas equações(38) e (39).

3. Plasticidade Clássica

A teoria de plasticidade clássica é a teo-


ria matemática das deformações irreversíveis
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independente do tempo. É aplicada para o


estudo do escoamento de metais e ligas cujos
fenômenos viscoplásticos não sejam signifi-
cantes. Sendo limitado a baixas temperaturas,
ou seja, temperaturas nas quais não haja mu-
danças nas propriedades físicas dos metais, e
carregamentos monotônicos. Esta teoria é usa-
Fig.3- Representação do plano octaédrico no espaço de tensões.
da principalmente para o cálculo de deforma-
Desta forma pode-se ter um total de oito ções permanentes de estruturas, para prever o
famílias de planos octaédricos cujas equações colapso plástico de estruturas, para investiga-
são: ção da estabilidade, para previsão das forças
requeridas para a conformação dos metais.
(35)
Antes de entrar no regime plástico o ma-
Sendo C uma constante. terial deve passar por uma fase elástica onde
as deformações são reversíveis. Desta manei- Para materiais metálicos, os estudos experi-
ra pode-se decompor a deformação em duas mentais evidenciam que o escoamento plás- 65
componentes: uma elástica e reversível ( ) e tico independe da pressão hidrostática. Sendo
outra plástica permanente ( ). relacionado apenas com o tensor de tensões
desviadoras , que é a parte do tensor de ten-
(40)
sões que fornece a mudança de forma. Desta
A parcela de deformação elástica pode maneira, o critério de escoamento pode ser
ser obtida da lei de Hooke: escrito em termos dos invariantes e do
tensor de tensões desviadoras para materiais
, (41) isotrópicos.

onde sij é o tensor de segunda ordem que (46)

indica o estado de tensões e Cijkl é um tensor


de quarta ordem, que guarda as propriedades
físicas do material em estudo. Para materiais
homogêneos e isótropos, têm-se:

, (42)

onde:
, (43)

que é o módulo de elasticidade transversal e

. (44)

Ambas denominadas constantes de


Fig.4- Representação da superfície de escoamento no espaço de
Lamé que são obtidas através do módulo de tensões.

elasticidade E e do coeficiente de Poisson .


As constantes E e G podem ser obtidas através Uma vez que o escoamento independe

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dos ensaios de tração e de torção pura respecti- da pressão hidrostática, uma forma mais sim-
vamente, em seguida pode-se obter através da ples de representar a superfície de escoamento
equação (4) o coeficiente de Poisson . é projetando-a no plano- π e rebatendo os ei-
Para a determinação da deformação xos das tensões principais sobre ele. A figura
plástica permanente admite-se a existência de 5 mostra uma vista lateral do plano- π e uma
uma superfície de escoamento no espaço de projeção da superfície de escoamento rebatida.
tensões, o qual pode ser descrita por uma fun-
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ção de escoamento.

(45)

A equação (45) descreve o mecanismo


de escoamento de um ponto material. Quando Fig.5- Representação da superfície de escoamento rebatida sobre
F = 0, o estado de tensões no ponto satisfaças o plano- .

o critério de escoamento havendo deforma-


ção plástica, caso contrário F < 0 o estado de Para representar o estado de tensões de
tensões não é suficiente para levar o material um ponto através dos rebatimentos introduzidos
ao escoamento, portanto permanecendo no re- pela figura 5 é preciso ter duas direções: e . O
gime elástico. A figura 4 mostra a represen- ângulo representa inclinação da diagonal em
tação da superfície de escoamento no espaço relação ao plano- . Já o ângulo a orientação da
de tensões. Conforme visto, a superfície de diagonal no plano desviador que contém o ponto
escoamento tem sua geratriz paralela ao eixo P. Assim, tem-se os seguintes estados de tensões
da pressão hidrostática quando . em presença da pressão hidrostática:
1 – para - tração uniaxial, O que dá uma elipse no plano .A
66 2 – para - cisalhamento puro, figura 7 representa a superfície de escoamento
3 – para - compressão uniaxial. no plano para os critério de von Mises e
Existem diversos critérios de escoa- Tresca. Desta maneira para determinar a cons-
mento entre eles os mais utilizados são os de tante k basta conhecer a tensão de escoamento
von Mises e Tresca. O critério de von Mises em tração uniaxial .
(1913) assume que o escoamento plástico (53)

ocorre quando o segundo invariante do ten-


e
sor de tensões desviadoras S chega a um valor
(54)
crítico . Portanto, tem-se que
Substituindo na equação (52), tem-se:
(47)

para o escoamento ou deformação plástica e (55)

(48)

para deformação eslástica. Em termos das Portanto


componentes de tensão o critério de escoa-
mento pode ser escrito como: (56)

(49) O valor de k pode se determinado tam-


bém a partir da tensão de escoamento em cisa-
ou em termos das tensões principais lhamento puro . Quando e

. (50) (57)

Desta maneira a superfície de escoamento Substituindo na equação (50), tem-se que:


referente ao critério de von Mises é um cilindro
(58)
cuja geratriz é paralela ao eixo das pressões hi-
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drostáticas. Sendo o raio deste cilindro igual a: Portanto


. (51)
(59)

A figura 6 apresenta as superfícies de es-


coamento de von Mises e Tresca rebatidas sobre
o plano- π . A superfície de escoamento para o
critério de Tresca é inscrita na de von Mises,
conforme apresentado na figura 6. Adiante será
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exposto a formulação do critério de Tresca.

Fig.7- Superfícies de escoamento de Tresca e von Mises no Plano

O critério de Tresca (1864) foi desen-


volvido com base nos ensaio experimentais
de Coulomb para materiais metálicos em pro-
Fig.6- Superfícies de escoamento de Tresca e von Mises rebatida
sobre o plano- . cesso de extrusão. Assume que o escoamento
plástico ocorre quando o cisalhamento máxi-
No caso de estado plano de tensões mo atinge um valor crítico k. Matemati- ca-
, a equação (50) se reduz para mente ele é escrito como:

. (52) (60)
para o escoamento ou deformação plástica e formação plástica com o gradiente da função
(61) de escoamento no espaço de tensões: 67
para deformação eslástica. Em termos das ten-
, (69)
sões principais

(62) onde é o multiplicador plástico.


A figura 8 o apresenta a ilustração da re-
No caso de estado plano de tensões gra da regra da normalidade onde o incremen-
, a equação (62) se reduz para to de deformação plástica é proporcional ao
gradiente de f, portanto apresenta-se normal a
, (63)
superfície de escoamento.
, (64)

. (65)

O que representa um hexagono confor-


me apresentado pelas figuras 6 e 7.
A constante do material k pode ser deter-
minada pelo ensaio de tração uniaxial, portan-
to através da equação (62), tem-se que Fig.8- Regra da normalidade para carregamento e
descarregamento

(66)
4. Encruamento Isotrópico
Como alternativa, pode-se determinar o
valor de k pelo ensaio de cisalhamento puro, O postulado de estabilidade de Drucker
desta forma (1951) pode ser usado para determinar o po-
tencial plástico de encruamento aplicado a
(67)
materiais estáveis e perfeitamente plásticos.

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Os critérios de escoamento apresentados Duas conclusões podem ser tiradas do postu-
anteriormente apresentam boa concordância lado de Drucker: 1- a superfície de escoamen-
com os estudo experimentais realizados para to é convexa, 2- o incremento de deformação
metais e ligas, consideram que inicialmente os plástica é normal a superfície de escoamento.
materiais são isotrópicos. Existem outros crité- O incremento de deformação plástica é de-
rios de escoamento que consideram os mate- terminado através da equação (69) sendo assim o
riais como anisotrópicos como o critério de Hill potencial plástico é igual a função de escoamento.
(1948), que não será discutido neste trabalho. (70)
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Quando se considera a plasticidade cícli-
Para materiais isotrópicos e insensíveis a
ca, os parâmetros que descrevem a superfície
pressão hidrostática, como os metais dúcteis,
de escoamento variam, tendo em vista que os
a função de escoamento para o encruamento
materiais podem encruar ou sofrer processo de
isotrópico é:
amolecimento. Desta maneira a superfície de es-
coamento passa a depender não só do estado de (71)

tensões, mas também de parâmetros que descre-


onde e são os segundos e terceiros inva-
vam esta mudança de propriedades. A estes pa-
riantes do tensor de tensões desviadoras S.
râmetros, dá-se o nome de parâmetros de encru-
A figura 8 apresenta a evolução da su-
amento, que podem ser escalares, ou tensoriais.
perfície de escoamento para o encruamento
isotrópico. Nota-se que a evolução da superfí-
cie de escoamento se dá apenas pela variação
(68) de tamanho, mantendo-se a mesma origem e
A evolução da superfície de escoamen- forma da superfície inicial. Bastando apenas
to é comumente descrita pela lei associada do o ensaio de tração uniaxial para determinar os
escoamento que relaciona o incremento de de- parâmetros da função de escoamento.
68 (76)

em que n é o vetor unitário normal a superfície.


O módulo do encruamento é determina-
do pela constante c:
Fig.9- Evolução da Superfície de escoamento para o encruamento
isotrópico.
(77)

5. Encruamento Cinemático
Como se observa o modelo de Prager
Para o modelo cinemático de considera que o encruamento cinemático li-
Prager[1949] a superfície de escoamento é de- near com a tensão deformação, sendo válido
finida pela seguinte função: apenas para casos de carregamento onde não
há grandes mudanças na trajetória de defor-
(72) mação. Portanto, quando se observa o efeito
de Bauschinger em carregamentos complexos,
A mudança na posição da superfície de
carregamentos e descarregamentos sucessivos
escoamento, ou seja a translação é atribuída
e em direções reversas não se aplica bem o
ao TENSOR DE TENSÕES CINEMÁTICO
modelo de Prager.
definido por:
A formulação proposta por Ziegler con-
(73)
sidera uma nova lei de encruamento, dada por:
Desta forma o multiplicador plástico é
determinado substituindo a função de escoa- (78)
mento no incremento de deformação plástico
com df = f = 0.
sendo um fator multiplicador obtido pela
condição de consistência df = 0.
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(74)
O incremento plástico no carregamento
e descarregamento é determinado por: (79)

(75) Desta forma o multiplicador plástico


assume diferentes valores dependendo dos in-
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variantes dos tensores e . Isto introduz o


conceito do encruamento cinemático não line-
sendo H(f) a função de Heaviside aplicada a fun- ar e pode ser escrito por:
ção de escoamento, ou seja:H(u) = 0 se u < 0 e H(u)
= 1 se u ³ 0, conforme apresentado pela figura 10.

(80)

Sendo que é a projeção de


na normal a superfície de carregamento. É
também a projeção de dXij na normal, confor-
me mostrado na figura 4.
Fig.10- Gráfico da função de Heaveside.

6. Modelo de Mroz
Considerando < u > = u H(u) a equação
do incremento de deformação plástica pode Motivado sobretudo pelos resultados
ser definida por: do ensaio uniaxial de tração-compressão,
Mroz[1967] propôs o modelo da multi-super- sendo assim o multiplicador plástico é deter-
fície de escoamento introduzindo o conceito de minado por: 69
um “MÓDULO DO CAMPO DE TRABALHO
PLÁSTICO” em lugar do simples módulo de
encruamento c introduzido por Prager.

(87)
. (81)

e as translações das superfícies são dadas por:


Sendo Xij um tensor de segunda ordem
que determina a localização do centro da su-
perfície de escoamento no espaço de tensões
(88)
para cada passo de carregamento. Desta ma-
neira para cada ciclo de carregamento terá O incremento de deformação plástica inde-
uma nova coordenada e uma nova dimensão pende do multiplicador plástico , e dado por:
para a superfície de escoamento. Assumindo
agora uma nova superfície de escoamento em
função dos novos parâmetros introduzidos . (89)
pelo modelo de Mroz.

Sendo n o vetor unitário normal a su-


(82) perfície de f. Portanto, definida para a função
de escoamento como sendo a relação entre o
gradiente de f em relação a s e o seu módulo.
onde: Xijl corresponde ao centro da superfície
de escoamento no passo de carregamento l.
Kl é o tamanho da superfície de escoa-
mento no passo de carregamento l (90)

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Assim, o escoamento plástico e o incre-
mento de deformação plástica são obtidos para
cada função de escoamento:
Se a expansão da superfície de escoa-
(83) mento for considerada, quando o encruamento
isotrópico é superposto ao encruamento cine-
mático o parâmetro de extensão depende da
deformação plástica acumulada definida por:
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(84)

(91)
O incremento de X é função do incre-
mento do multiplicador plástico, e é obtido
considerando um ponto de tensões em uma Então a nova superfície de escoamento
superfície de escoamento : é descrita por:

(85) (92)

Para o caso particular em que kl é uma cons- Aplicando o critério de translação:


tante a condição de consistência de dfl = 0 reduz a:

(93)

(86)
ou A figura 13 faz uma comparação entre
70 os parâmetros de evolução das superfícies de
escoamento para cada uma das formulações
apresentadas anteriormente.
(94)

Fig. 13- Diferentes tipos de encruamento.

7. Memória da máxima
deformação plástica

Fig. 11- Comparação dos resultados experimentais com as O modelo proposto por Chaboche (1979)
aproximação de Mroz.
consiste na introdução de uma nova variável
de encruamento q , que memoriza a máxima
amplitude da deformação plástica. Através de
análise da microestrutura esta variável introdu-
zida tem relação com as discordâncias. Desta
maneira introduzindo uma superfície de não
encruamento no espaço das deformações plás-
ticas, conforme apresentado pela figura 14.

(95)
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O estado de deformação dentro da superfí-


cie, é assumido quando dF = 0. O estado de me-
mória ocorre quando F = 0 e , assim:
Fig. 12- Novas superfícies de escoamento para cada ciclo de
carregamento.
(96)
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A figura 11 apresenta a comparação entre onde n é o vetor unitário normal a f = 0 no es-


os resultados experimentais e o modelo de Mroz, paço de tensões e n* é o vetor unitário normal
nota-se uma boa concordância entre os resultados. a F = 0 no espaço de deformações.
A figura 12 apresenta a evolução da su- A condição de consistência (dF = 0) é
perfície de escoamento e as novas superfícies usada para determinar o método para a evolu-
de escoamento para cada ciclo de carregamen- ção do centro:
to e descarregamento.
O modelo de Mroz é um bom caminho (97)

para a generalização do modelo de encruamen-


to cinemático linear, sendo possível descrever
A lei de encruamento é modificada para
a não linearidade entre a tensão e a deforma-
cada valor de q. Por exemplo, pode ser dada por:
ção através dos loops, o efeito de Bauschinger
e o encruamento cíclico.
(98)
sejam lineares, não representando fisica-
mente problemas com mudanças bruscas 71
na trajetória de deformação.
• O modelo de encruamento cinemático de
Prager, é utilizado para materiais que en-
cruam linearmente com a tensão deforma-
ção. Não sendo válido quando se observa
o efeito de Bauschinger em carregamentos
complexos, carregamentos e descarrega-
mentos sucessivos e em direções reversas.
Fig. 14- Definição das variáveis para a superfície no espaço das • O modelo de Mroz é um bom caminho
deformações.
para a generalização do modelo de encru-
sendo amento cinemático linear, sendo possível
descrever a não linearidade entre a tensão e
a deformação através dos loops, o efeito de
Bauschinger e o encruamento cíclico. No
(99)
entanto necessitam de mais valores de en-
onde e são dois coeficientes. Do saio e a simulação usando modelos como
ensaio de
tração-compressão cíclica, este requer maior esforço computacional.
quando representa • O modelo proposto por Chaboche consiste
a máxima deformação plástica. na introdução de uma nova variável de en-
cruamento q, que memoriza a máxima am-
8. Conclusões plitude da deformação plástica. Desta forma
a lei de encruamento é modificada para cada
Deste estudo, conclui-se que: valor de q. Com o modelo de Chaboche é
• O modelo de encruamento isotrópico possível simular o processo de conformação
aplica-se apenas a processos de confor- mecânica a partir de um histórico de evolu-
mação cujas trajetórias de deformação ção das propriedades mecânicas do material.

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9. Bibliografia

1. CHABOCHE, J.L., Time-Independent Constitutive Theories for Cyclic Plasticity, International


Journal of Plasticity, Vol.2 , 1986.

2. NOUAILHAS, D., CHABOCHE, J.L., SAVALLE, S.,CAILLETAUD,G., On the Constitutive


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Vol.1 , 1985.

3. LEMAITRE, J., CHABOCHE,J.L., Mechanics of solid materials, Cambridge University Press,


1994

4. KHAN, A.S., HUANG, S.,Continuum Theory of Plasticity, John Wiley & Sons, 1995.

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