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Sociologia - 12º Ano

Unidade 1 - Sociologia e conhecimento sobre a realidade

A Sociologia é uma ciência porque tem um objeto de estudo, estuda a realidade social.

A Sociologia é uma ciência porque tem também uma terminologia própria – termos como
sociedade, cultura, civilização, valores, normas, comportamentos, sanções (exclusão)
sociais e papéis sociais.

1. Diferença entre realidade social e realidade natural:

Realidade Social - É o conjunto de interações entre os seres humanos. Compreende as


maneiras de sentir, de pensar e de agir; as relações sociais e as ações estabelecidas e
socialmente aceites.

Factos Sociais - São factos decorrentes da vida em sociedade e traduzem-se por maneiras
gerais de agir, pensar e sentir, «impostas» pela sociedade em que ocorrem. (interação do
ser humano no tempo e no espaço).

A Sociologia estuda fenômenos sociais, no entanto estes não estão desligados dos
fenómenos naturais - são interatuantes. O Homem age sobre o meio, modificando-o,
enquanto que o meio age sobre o Homem obrigando-o a adaptar-se - relação de
interdependência.

Entre o ambiente modificado e os indivíduos vão-se gerando novas interdependências, que


desencadeiam outros processos de transformação dos espaços , das atividades, dos
valores, dos bares, das relações sociais, das práticas e representações sociais inscritas no
tempo e no espaço. Estas interações complexas permitem compreender a complexidade da
realidade social.

1.1. Unidade e complexidade do social:


A Sociologia estuda factos ou fenómenos sociais (exemplos: a família,o divorcio, a
migração, educação, trabalho, lazer…). As situações da vida social, que é complexa e pode,
portanto, ser estudada por diferentes perspetivas e é por isso que as ciências sociais são
complementares. A realidade social é una, é sempre a mesma, mas pode ser objeto de
estudos diferentes consoante a perspetiva da ciência que a estuda.

- Os fenómenos sociais são objeto de estudo de todas as ciências sociais.


- Cada ciência social estuda o mesmo fenômeno social a partir de perspectivas
diferentes.

Ciências Sociais: Direito, Economia, Sociologia, Psicologia, História, Política,


Antropologia e entre outras.

As ciências sociais são complementares porque estudam a mesma realidade social una,
isto é, o mesmos fenómenos sociais totais (com implicações em todas as esferas ou
dimensões do real-social). Porém, estuda a mesma realidade social a partir de perspectivas
diferentes, pois cada uma delas tem o seu próprio objeto de estudo específico, as suas
teorias e conceitos, os seus métodos e técnicas próprios.

A sociologia tem um método de estudo: método científico, na observação de problemas,


recolha de dados e analisá-los, colocar hipóteses explicativas, testar as hipóteses e
chega-se à conclusão – tendências comportamentais

Interdisciplinaridade é a atitude metodológica que procura integrar o contributo das várias


ciências sociais para uma explicação mais profunda da realidade social, que é una,
complexa e pluridimensional. Do contributo de todas as ciências sociais obter-se-á uma
explicação mais completa e aprofundada da realidade social (objeto de estudo de todas).

O fenómeno social total, trata-se de fenómenos que na sua estrutura própria, seja nas suas
relações e determinações, têm implicações simultaneamente em vários níveis e em
diferentes dimensões do real-social, sendo portanto suscetível, pelo menos potencialmente,
de interessar a vários, quando não, a todas as ciências sociais. Os fenómenos sociais, são
pluridimensionais, sujeitando-se como tal, a diferentes perspetivas de análise. Marcel
Mauss estabeleceu que qualquer fato, quer ocorra em sociedades arcaicas quer em
modernas, é sempre complexo e pluridimensional e todo o comportamento social remete
para e só se toma compreensão dentro de uma totalidade.

1.2. Características dos factos sociais:

Relatividade - Os factos sociais devem ser contextualizados no tempo e no espaço que


ocorrem. Exemplo: O roubo em algumas comunidades é um facto social que faz sentido em
determinados contextos. É um facto social relativo àquele agrupamento social, um
significado particular e diferente do mesmo facto social se esta ocorresse na nossa
sociedade.

Exterioridade - Os factos sociais impõem-se de fora ao indivíduo como «coisas», exteriores


a sua consciência. Esta característica significa que tudo o que ocorre na sociedade nos
parece determinado «exteriorente». Esta constatação permite-nos afirmar que os factos
sociais são «exteriores» aos indivíduos, como se a sociedade nos impusesse tais modelos
de comportamento.

Coercitividade - A sociedade constrange os indivíduos ao cumprimento das normas sociais


e dos modelos de comportamento. A imposição da sociedade referida na exterioridade
concretiza a natureza coerciva dos factos sociais.Isto é, os comportamentos que se afastam
daquilo que é esperado , que é «natural», implica uma sanção sobre o «infrator».

Previsibilidade - os nossos comportamentos são esperados pelo grupo, são um jogo de


expectativas.

Totalidade - são unos e indivisíveis e têm implicações a vários níveis do real-social.

1.3 Senso comum e conhecimento científico:


O conhecimento vulgar é designado como conhecimento do senso comum (caracterizado
pelas tradições, provérbios, costumes, etc.)
O senso comum é então: “o conhecimento vulgar e prático com que no quotidiano
orientamos as nossas ações e damos sentido à nossa vida”.

- Características:

Senso comum (ou conhecimento vulgar):


✓ subjetividade ✓ superficialidade ✓ particularidade ✓ acrítico

Conhecimento científico:
✓ objetividade ✓ experimentação e demonstração ✓ universalmente válido * ✓ linguagem
rigorosa

* (todos os conhecimentos científicos são aproximados, assumindo carácter provisório).

1.4. Atitude científica e atitude ideológica:

Perante um problema é possível:


1. refletir sobre ele recorrendo a princípios normativos e filosóficos;
cria-se doutrina (= como deve ser)→(= juízos de valor) atitude ideológica
2. percorrer as etapas do processo de pesquisa científica;
faz-se ciência ( = o que é) → atitude científica ( = estudo objetivo)

A Sociologia, enquanto ciência, estuda os factos ou fenómenos sociais procurando:


- conhecer as causas;
- as relações entre as diferentes variáveis;
- questionar as conclusões;

1.5. Principais obstáculos epistemológicos (= obstáculos à produção do


conhecimento científico):

- senso comum;*

- familiaridade com o social;*


A convivência diária com a realidade social dá-nos a convicção do seu “conhecimento”, sem
necessidade de investigação científica.

- ilusão de transparência do social;*


O que parece nem sempre é, os sentidos enganam-nos e a mudança leva à alteração de
modelos sociais.
- explicações de tipo naturalista, individualista ou etnocentrista;

*comuns às C. Sociais
1.6. Obstáculos específicos da Sociologia:

Naturalismo - Refere-se ao facto de a sociedade poder ser vista como algo natural; ora não
há nada de mais “antinatural” que o social. Este obstáculo produz enviesamento na
observação social e o investigador tem de aceitar que a forma de pensar e explicar os
fenómenos não é universal.

Individualismo - Reconhece no indivíduo o único elemento de decisão na ação social. Ora,


embora o indivíduo seja um “ser de liberdade”, a sua prática social é-lhe imposta por
modelos e valores sociais, que ele acaba por aceitar por força do processo de socialização
e do controle social, sob pena de ser rejeitado pela sociedade.

Etnocentrismo - Faz da cultura do observador a norma de referência na análise de outras


realidades sociais. Corresponde a uma visão da vida e da sociedade matriculada pela
cultura do observador.

1.7. Distinguir Problemas Sociológicos de Regularidades Sociais:

Problemas Sociológicos - Factos ou fenómenos sociais abordados segundo a perspetiva


da Sociologia.

Regularidades Sociais - Situações que, pela sua repetição, permitem explicar os


procedimentos humanos e antecipar o comportamento dos indivíduos face a determinadas
situações, padrões ou tendências sociais.

1.8. Teorias, métodos e técnicas:

Teorias - Enunciado que explica a realidade e permite prever a sua evolução.

Método - (meta (fim, objetivo) + odos (via, meio)) = Meio para atingir um fim. Conjunto de
processos fundamentais, utilizados pelo pensamento, para atingir o conhecimento.

Técnica - (arte, saber fazer) = Forma particular segundo a qual o método é implementado.
O cientista precisa de recorrer a métodos e técnicas (estratégias de investigação) para
construir as suas teorias.

Unidade letiva 3 – Socialização e cultura

1.1. Cultura – Conceito Sociológico:

- Tudo o que no meio é devido ao Homem;


- Tudo o que, numa determinada sociedade, uma geração recebe da anterior, constrói
e transmite à geração seguinte;
- Conjunto de maneiras de pensar, sentir e agir, aprendidas e partilhadas por um
conjunto de pessoas e que servem para diferenciar uma coletividade;
Os instrumentos de trabalho e de produção, os rituais, as crenças, o vestuário, as regras de
comportamento, as formas de comunicação, a culinária, a arte, a arquitetura, as relações
sociais e familiares, a educação, a conceção de bem e do mal ou de certo e de errado, a
hierarquização das necessidades, a religião, a política, as instituições e as expectativas em
relação ao futuro são fenómenos culturais.

1.2. Cultura – elementos constitutivos:

Materiais - Obras realizadas, técnicas ou instrumentos de trabalho do grupo; visíveis


porque intervenção do Homem sobre o meio;

Exemplos:
- filigrana;
- cozido à portuguesa;
- papas de sarrabulho;
- galo de Barcelos;
- vinho do Porto;
- louça de Viana;
- Bandeira (vermelha, verde);
- Hino, “A Portuguesa”;

Imateriais ou Espirituais - Ideias, crenças, costumes, normas, valores, etc. não


observáveis através de uma matéria concreta. E, também, as representações sociais, que
são acompanhadas de símbolos.

Exemplos:
- fado;
- religião católica;
- fé em Fátima Festa das Cruzes;
- casamentos de Santo António;
- festas populares (S. Martinho, Sr. Matosinhos);

Os valores são um dos elementos mais importantes da cultura - estão subjacentes às


normas e revelam-se nos comportamentos.

Exemplos de elementos imateriais: valores, normas e/ou comportamentos (atitudes).

Valores:

- Designam o carácter daquilo que é mais ou menos importante/estimado, pelo


indivíduo;
- Maneiras de ser, pensar, agir, que um indivíduo ou uma sociedade consideram como
modelo e em função das quais orientam os comportamentos;
- Guias de conduta;
- Concepções gerais do “bem”;
Normas:

A concretização dos valores faz-se através de normas.


- Regras de comportamento comuns a um grupo social;
- Forma como os valores coletivos se apresentam e se revelam;

Comportamentos / Atitudes: ações, exteriores e visíveis

Nem todos os membros de um grupo se regem sempre pelas normas vigentes e


socialmente aceites. Assim:

- Comportamentos nómicos = condutas que estão de acordo com as normas sociais


instituídas;
- Comportamentos anómicos = comportamentos que violam essas normas sociais
e, portanto, põem em causa a ordem social.

1.3. Diversidade Cultural - padrões de cultura:

Conjunto de comportamentos comuns aos membros de uma cultura e que permitem a sua
previsibilidade.

Folkways - as maneiras normais e habituais de um grupo fazer as coisas.

Comportamentos padronizados - Conformidade dos indivíduos com as práticas


institucionalizadas e com as normas de comportamento previstas na sociedade de que faz
parte. Ex.: comportamentos femininos e masculinos.

1.4. Diversidade Cultural - etnocentrismo cultural:

- Visão unilateral e deformada da realidade social que pretende demonstrar a


Superioridade de uma cultura sobre outra, com base única nas diferenças;
- Perceção da vida e da sociedade matriculada pela cultura que se acha superior;
- Atitude de uma cultura que se considera como norma ou referência na análise de
outras;

1.5. Cultura - Distinção de conceitos:

Cultura/culturas - A cultura varia no tempo e no espaço.

Subculturas (diversidade cultural) - Num mesmo espaço social coexistem variações


culturais, que não se opõem à cultura dominante. Ex.: regiões, jovens, …

Aculturação - Fenómeno que traduz o conjunto de mudanças culturais que se produzem


nos modelos originais quando, grupos de indivíduos de diferentes culturas, entram em
contacto direto e contínuo.

Contracultura - Conjunto de valores, normas e comportamentos que se opõem à cultura


dominante, oferecendo outros modelos em contrapartida.

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