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O presente trabalho tem por objetivo abordar o princípio da dignidade da vida humana, sob o
enfoque dos filósofos do período pós-moderno, tendo como referencial as ideias dos principais
doutrinadores sobre o tema. A partir da compreensão da dignidade de sua vida, apresenta uma
análise da evolução histórica dos conceitos de dignidade da vida humana, qual o estudo busca
compreender como os direitos humanos passaram a ser positivados com o intuito de garantir
sua condição de vida.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………….4
CAPÍTULO I - DIGNIDADE DE VIDA…………………....................................................5
1.1 Origem e Conceito.....................................................................................................5
1.2 Dignidade dos seres vivos...………………………………………………………...8
1.3 Direitos Humanos…………………………………………………………………...10
CAPÍTULO II – DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA................................................... 13
2.1 Compreensão Filosófica…………………………………………………………….13
2.2 A Segunda Guerra Mundial………………………………………………………....15
2.3 A era digital ………………………………………………………………………....17
CAPÍTULO III – A DIGNIDADE NA PÓS-MODERNIDADE........................................ 19
3.1 Ameaças à dignidade………………………………………………………………..19
3.2 A sociedade pós-moderna…...……………………………………………………....20
CONCLUSÃO ……………………………………………………………………………….23
BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………………….24
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INTRODUÇÃO
“Cada coisa tem o seu valor; ser humano, porém, tem dignidade.”
Immanuel Kant
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CAPÍTULO 1
DIGNIDADE DE VIDA
Todo ser vivente possui dignidade. Há hoje em nossa sociedade uma depreciação dessa
que devia ser parte da essência da pessoa humana, assim como de cada ser vivente. A partir
disso, caminhamos rumo à compreensão verdadeira daquilo que faz parte da essência do ser,
que a nossa mente compreenda a sua origem, o seu conceito e, acima de tudo, que a dignidade
faz parte de nossas vidas.
A dignidade é uma característica presente em todo o ser vivente, pelo simples fato de
possuir vida o ser vivo merece todo o respeito. Se este ser for um ser humano, tem de ter
dignidade independentemente de sua origem, raça, sexo, idade, estado civil ou condição social
e econômica, e a isso se atribui o conceito de dignidade da pessoa humana.
O surgimento da dignidade humana é tão antigo quanto o próprio homem. O tema da
dignidade da pessoa humana nos faz refletir se estamos respeitando a nós mesmos e a pessoa
que está ao nosso lado. Podemos ver que com o passar dos anos, houve inúmeras mudanças no
direito a ideia de todos os acontecimentos políticos sociais e econômicos.
Deus é a primeira e última fonte da vida humana. À luz da fé, o homem foi criado à
imagem de Deus (Gn 1,27), porém, não é Deus. Para a antropologia cristã o homem ocupa um
lugar singular, único e especial na criação.
A vida vem de Deus e é confiada ao homem (Gn 1,1). Deus como criador é o Senhor
Absoluto da vida: somente ele pode dispor dela e o homem é chamado a participar desta
senhoria. O homem não tem, porém, nenhuma disponibilidade direta sobre a vida humana, seja
a própria vida ou a de outros. Essa é somente confiada à sua administração responsável, mas
sim, essa é para ele um bem do qual deve guardar e da qual deverá prestar conta a Deus.
Portanto, o princípio de respeito pela vida é defendido, principalmente, na proibição de
não matar. Este princípio apresenta que a vida humana tem um valor importante. Ela deve ser
protegida com muito carinho. O aspecto negativo do mandamento vem promovido na
promessa de dar a vida pelo outro em função do seu valor. Mas, até que ponto o homem da
pós-modernidade, o homem das ciências biológicas está entendendo a vida humana como
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valor?
Além disso, com todos os acontecimentos, ainda era de extrema dificuldade a
organização dos Estados em relação à Dignidade Humana ou os Direitos Sociais, ninguém e
nenhum dos países tinha uma visão de liberdade de expressão pois a real democracia ainda não
existia.
Até então era evidente que todo ser humano é igual, não tem denominação de preço ou
valor, tem livre arbítrio de expressar sua visão sobre tal assunto, desde que tenha respeito com
seu semelhante, o respeito cabe a cada um o interpretar de forma clara sem que prejudique o
próximo.
Podemos concluir a partir disso que o ser humano é dotado da dignidade humana, que
sua vida é um dom concedido pelo Divino Criador, além de ser previsto em lei é um direito
fundamental ao homem. A dignidade humana é um princípio construído no decorrer da
história e consequentemente visualizado pelo Estado e previsto em Lei. As pessoas não podem
ser usadas como um instrumento, o homem tem dignidade humana.
De acordo com o Dicionário Houaiss, pode-se entender a palavra Dignidade como o
seguinte:
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A dignidade é um valor espiritual e moral
inerente à pessoa, que se manifesta singularmente
na autodeterminação consciente e responsável da
própria vida e que traz consigo a pretensão ao
respeito das demais pessoas. (MORAES, 2011, p.
60)
Também temos como auxiliar para essa compreensão da dignidade o professor Ingo
Wolfgang Sarlet, que além de magistrado é também jurista, e quem num de seus livros ajuda a
interpretar a Constituição Brasileira sobre que se trata a dignidade da pessoa humana:
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Já para nos ajudar na ideia do conceito da filosofia, Kant foi o primeiro a reconhecer
que ao homem não se pode atribuir valor ou um preço, devendo ser considerado como um fim
em si mesmo e em função da sua autonomia enquanto ser racional, e que foi interpretada sua
visão e estudos por Barroso em seu livro:
Kant conclui o princípio fundamental da Dignidade Humana através dos conceitos por
ele mesmo criados. O homem age de tal maneira para que possa usar a sua própria
humanidade, tanto na sua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como fim e nunca
simplesmente como meio. Ou seja, ele considera que o fim disso é o reconhecimento da sua
humanidade. O homem não é uma coisa, não é um objeto que pode ser utilizado de forma
simples, mas, deve ser considerado sempre e em todas as suas ações como uma pessoa que
possui dignidade.
Mas não somente o ser humano possui e tem direito de se ter uma vida digna de
respeito e de compreensão de que, na sua singularidade, tem dignidade humana. Há também os
seres que, segundo filósofos e estudiosos, merecem nossa atenção e cuidado, que iremos ver à
frente.
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refere ao cuidado com a natureza e o meio ambiente, ao ponto de suas ações serem
confundidas com a dos outros animais.
Com isso, o homem percebeu que nessa trajetória vivida ele estava perdendo-se em
relação a si mesmo, pois havia esquecido a sua identidade diante de algumas das ações
selvagens e agressivas vivenciadas. O mundo vivia uma mudança climática que o ser humano
mesmo provocava.
A camada de ozônio que por muito tempo preocupa o ser humano após este momento
perdeu espaço nos interesses midiáticos e sociais. A mesma coisa acontece com o aquecimento
global que preocupa e junto com acontecimentos denominados “fenômenos da natureza” como
tornados e furacões que em certos países era então inexistentes e impensáveis de se ocorrer
como o Brasil mesmo, o desmatamento das florestas e matas, a poluição constante nos rios,
lagos e mares, o lançamento descontrolado de resíduos das empresas na natureza, a ameaça de
ataques e massacres nucleares, o esgotamento ambiental na área urbana, as alterações dadas na
genética causadas pelos agrotóxicos e manipulação de medicamentos, a extinção de algumas
espécies nativas e raras, tanto de animais como de plantas, entre tantas outras tragédias que
vem acontecendo. Tudo isso nos faz refletir e ter uma consciência mais ético-ambiental sobre
as nossas responsabilidades e deveres perante este planeta tão rico que habitamos.
Se for ainda possível, deve-se buscar a recuperação dos recursos naturais perdidos até
agora e a mais do que evidente necessidade de preservação das condições naturais ainda
presentes na Terra pelas mãos e pela conduta do ser humano. Do contrário, nossa exploração
gananciosa poderá nos conduzir ao suicídio inevitável. Trata-se de uma questão de
comportamento, adquirir e usar cultura, ter consciência da necessidade de uma “ética da
sobrevivência”, onde o antropocentrismo dá lugar à compreensão de que a natureza precede ao
próprio homem e essa merece um cuidado especial.
A compreensão da crise ambiental que parte do comportamento humano não tem a
intenção de um retorno da sociedade ao Estado Natural, mas sim a consciência de que a
preservação das condições naturais do planeta é primordial para a continuidade da vida em
todas as suas formas e, como consequência, mas sem privilégios, da vida humana. A utilização
desenfreada de recursos naturais, o descarte de materiais de difícil degradação, o
descompromisso das grandes potências mundiais com a poluição atmosférica, a
desconsideração da espécie humana para com as demais formas de vida existentes no planeta,
tanto do ponto de vista da essencialidade dessas outras vidas à nossa, como pela importância
delas por si só, são casos de se preocupar.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 acompanha essa perspectiva ao reconhecer
na natureza uma nova espécie de direito fundamental, como consta no capítulo 6, art. 225:
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Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, p.
131 ).
Com isso, em vários países foi-se difundindo a ideia dos direitos humanos
fundamentais. O conteúdo de cada declaração é bastante semelhante. Em geral, eles dizem que
as pessoas têm a mesma dignidade, que esse é o parâmetro principal da ação estatal e/ou que o
objetivo principal do Estado é promover a dignidade humana, como se vê na Constituição
Brasileira de 1988:
Porém, a ideia de dignidade não surgiu no século XX e nem sempre esteve associada
aos direitos humanos fundamentais do ser humano, pois em períodos anteriores, ela se referia
à qualidade de quem possuía certas ocupações e posições públicas. Foi apenas durante a
modernidade que ela passou a se referir a um valor possuído por todas as pessoas. Essa
diferenciação permite separar os sentidos pré-moderno e contemporâneo de compreensão da
dignidade.
A dignidade da pessoa humana é o fundamento de todo o sistema dos direitos
fundamentais, no sentido de que estes constituem exigências e realizações da dignidade da
pessoa e que com base nesta é que deve aqueles ser interpretados. A dignidade da pessoa
humana, na condição de valor fundamental atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais,
exige e pressupõe o reconhecimento e proteção dos direitos fundamentais de todas as
dimensões. Assim, sem que se reconheçam à pessoa humana os direitos fundamentais que lhes
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são de direito, em verdade se está negando a própria dignidade.
CAPÍTULO 2
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dignidade da vida. Ele reflete que o homem ao estar sujeito a desejos, paixões e impulsos por
sua própria natureza, o homem deve ordenar seu comportamento por meio de um dever que é
como ele chama de “imperativo categórico”, e ele assim o descreve: “age apenas segundo uma
máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal”. Ou seja, o
comportamento do ser humano tem que estar de acordo com a ideia do filósofo e, agindo
assim, esse estaria agindo de forma correta em seu convívio com a sociedade.
Partindo disso, podemos olhar o que diz o filósofo Giovanni Pico Della Mirandola, em
seu livro “Discurso sobre a Dignidade do Homem”, por volta do ano 1500, período que ficou
conhecido como Humanismo e que é caracterizado pelo reconhecimento da compreensão
racional do homem e que traz grande evolução na forma de pensar e de ver o ser humano. O
filósofo Giovanni em seu livro estabelece certa harmonia entre o período em que vivia e a
ideia antropocêntrica, a compreensão de que o homem é o centro do universo.
Porém, o filósofo não descarta a existência do Deus Criador fazendo com que se
desenvolvesse um pensamento que conciliou a imagem divina com a criatura humana. Com
isso, compreendemos pela visão do filósofo que ao homem ser criado, Deus o fez suscetível de
admiração pelos seres que convivem consigo:
Essa admiração se realiza, pois, segundo o próprio filósofo em seu livro, pois na
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origem da vida humana Deus encheu o ser humano com uma característica que não havia sido
atribuída a nenhuma outra das criaturas. O homem foi constituído com uma natureza de poder
raciocinar e de se impor sobre certas situações e sobre as outras criaturas viventes.
Para Arendt, o homem tem dignidade a partir de seu nascimento humano, e ele
continua a merecer tal reconhecimento e respeito quando participa da vida em sociedade com
suas decisões e ações e vive politicamente correto. Hannah Arendt apresenta que a dignidade
humana exige que o homem seja visto como pessoa particular e deve refletir em si a
humanidade em geral a partir de três atividades essenciais: trabalho, obra e ação. O homem
não deve ser visto como um número a mais na sociedade. Assim ela defende
Uma vez que o ser humano é único, sem outro igual no mundo, ele pode ser livre para
tomar decisões, é livre para preservar e dominar a natureza ou a sociedade. O ser humano, para
Arendt, possui igualdade de liberdade, de direitos e de dignidade, pois a sua humanidade é
única. Mas esses fatores incorrem também em tamanha responsabilidade na decisão de seus
atos. A filósofa compreende que os seres humanos são os únicos no mundo capazes de manter
sua dignidade humana e que para isso precisam viver juntos tendo esse objetivo de preservar
sua dignidade humana através do respeito por si e pelos outros.
Diante de tudo isso, conclui-se que o homem é dotado de firme determinação e essa é
uma característica forte da sua espécie, isso faz com que o ser humano se diferencia dos
demais, e isso faz com que o homem seja uma obra prima de toda criação. Mas essa
determinação só atinge sua perfeita condição quando vem acompanhada da razão e o homem
tem o poder da escolha sobre as suas ações. E por vezes a escolha feita pelo homem é sempre
para o seu benefício próprio; e essas têm suas consequências.
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Em nosso fator histórico, por vezes, o ser humano tem-se privado da concepção de
uma vida digna no âmbito da sociedade, no qual se fecha apenas no seu bem estar individual
realizando com que, através de sua busca e ganância em adquirir o poder e a submissão através
de seu status perante a sociedade, este fez com que a sociedade se encontrasse numa profunda
falta de interesse pela dignidade de sua própria existência, tratando sua vida como se não
houvesse um valor.
Na história da sociedade pós-moderna, vivemos não muito distante a Segunda Grande
Guerra, onde o ser humano buscava e tinha esse ideal ganancioso pelo poder. Este desejo
levou-o a ações inconcebíveis ética e moralmente, que prejudicaram ainda mais o ser humano
na busca de seu bem mais precioso: o bem estar social e a condição de vida digna.
Todos os horrores praticados pelos nazistas ou políticos relacionados à Segunda Guerra
Mundial causaram na sociedade muitas lições que não são facilmente esquecidas. Qualquer
filme, livro ou relatos que vemos causa em nós certa tristeza e culpa pelo acontecido, como se
até hoje o homem se culpasse por tantas vítimas causadas pelo próprio ser humano. Como uma
visão mais próxima de todo esse cenário drástico que a sociedade viveu, temos o relato da
menina Anne Frank, que junto de seus familiares, se escondeu dos nazistas para evitar
sofrimentos como a perseguição, a prisão nos campos de concentração e até mesmo a morte,
que é o que depois acabou acontecendo ao serem capturados em sua casa e foram levados aos
campos de concentração onde morreram.
Ao se encerrar esse período, o pós-guerra, muito se buscou uma forma de amparar as
necessidades do homem que estava desprovido de benefícios para se obter uma condição de
vida estável devido ao tamanho sofrimento vivido. Foi nesse princípio de cuidado com o ser
humano e de trazer sua dignidade e condição de vida digna que a forma encontrada para se
obter isso foi através dos direitos humanos, e esses estariam garantidos através desse princípio.
Então, o passo foi dado através da proposta pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
no ano de 1948, como está escrito inicialmente no preâmbulo
Mas mesmo assim, obtendo uma compreensão mais ampla do que é a dignidade
humana e de que era preciso assegurar o homem de que ele tem dignidade, ainda assim na
história da humanidade se vê muitas violações a esse valor de condição de vida do homem. O
homem por si só causa horrores sobre a humanidade. Todo o cenário vivido na Segunda
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Guerra, praticado contra os judeus e tantas outras pessoas, por suas raças ou crenças
contrárias, são inaceitáveis. Os nazistas tratavam os judeus como se fossem objetos. Foram
capazes de humilhar, perseguir e maltratar esses seres humanos retirando deles tudo o que
possuíam, até mesmo a sua dignidade e liberdade de escolha, até que não sobrando mais nada,
reiteraram também sua própria vida.
Diante disso podemos observar que que o nazismo com todas as suas decisões, seus
atos de crueldade e usando a fraqueza do povo a seu favor, com o auxílio político que tinham,
este criou suas próprias leis injustas para que seus ideais fossem valorizados e assim podiam
violar o espaço de dignidade dos judeus e de qualquer ser humano.
Porém, quando se compreende a política como um instrumento para a construção do
bem para a reconstrução da sociedade de forma correta, nada pode justificar ainda os atos de
maldade, como por exemplo, o desprezo, a corrupção e a omissão, ações feitas por debaixo da
simplicidade e alienação da sociedade. A busca pela democracia, a qual buscava favorecer a
dignidade humana, custou a ser valorizada pela falta de esperança dos que foram submetidos à
violência e viveram aquela realidade como o novo “normal” dali em diante. A influência da
era digital no convívio em sociedade no período pós-moderno, logo de princípio.
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todo instante a pesquisar e conseguir respostas facilmente; a nanobiotecnologia, que facilita a
alteração e o desenvolvimento de pesquisas de materiais e componentes; a tecnologia genética,
que possui acesso fácil à composição genética para composição de novos organismos; a
tecnociência, que é a instrumentalização do conhecimento científico na produção de celulares,
computadores, etc; a cloud computing, o acesso da memória na nuvem; a microtecnologia, o
acesso à pequenos aparelhos que facilitam sua utilização; a inteligência artificial, que é como a
inteligência humana, porém, contida em sistemas de software.
Tudo isso explicitado anteriormente nos mostra o quanto estamos diante de um
hiper-aperfeiçoamento desse conhecimento técnico, dessas tecnologias e da ciência. Esses
fatores presentes em nossa vida não são compreendidos apenas como aspectos isolados do
mundo pós-moderno, mas são compreendidos como um conjunto de fatores que constituem
uma nova situação e dinâmica de vida, uma nova etapa de adaptação e aceitação às novas
tecnologias e o novo processo de modernização, que é a chamada “era digital”.
Mas diante de tantas mudanças e facilidades relacionadas a essa nova era, muitas são
também as dificuldades e os desafios impostos e gerados em nossa sociedade. Os reflexos
negativos dessa nova era estão nos mais diferentes meios de relações humanas, pois o uso
abusivo e desregrado dessa novidade tecnológica, trouxeram grande consequências para a
sociedade. A comunicação nunca foi tão intensa, única e rápida como nos dias atuais. O
homem nunca pode estar em comunicação com o outro que está do outro lado do planeta, a
não ser por esses meios de comunicação tecnológicos. Mas isto fez com que, ao mesmo tempo
que o homem se conectava com o mundo, ele se desconectasse consigo e com o mundo a sua
volta. Os relacionamentos se tornaram líquidos, frágeis e inseguros, onde até os princípios
mais firmes da sociedade, como por exemplo a família, foram colocados de lado.
Um dos questionamentos explícitos diante dessa problemática, é o de Bauman, que
sabiamente afirmou em seu livro :
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CAPÍTULO 3
A DIGNIDADE NA PÓS-MODERNIDADE
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dignidade da pessoa humana nesses períodos chegou a níveis alarmantes. Citamos mesmo
como exemplo a recente pandemia que até o direito de, no fim do processo de vida na terra, se
obter um digno último momento entre a passagem da vida e da morte foi retirado, fazendo
com que as pessoas se tornassem meros números do que seres humanos.
Assim como essa degradação do reconhecimento da dignidade humana, a desigualdade
social foi um fator muito presente em todos esses momentos de crise. As nações nunca tiveram
foco em matar a fome de bilhões de seres humanos, pouco se importa e por isso não há um
crescimento moral e ético no nível do crescimento econômico e científico. A ganância tomada
pelo uso indiscriminado dos recursos naturais e a destruição da natureza, fruto do desejo
insaciável pelo lucro, provocam no planeta inúmeros problemas climáticos, onde as
consequências são desastrosas para o futuro do planeta.
Aos mais necessitados são negados os direitos básicos de justiça, dignidade e
solidariedade, pois o sistema governamental proporciona desemprego, baixos salários,
aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional. Nesse mundo
globalizado e de barreiras abertas, os ricos viajam sem qualquer problema, porém, os pobres,
são recebidos pela imigração como ameaças ao país e logo são enviados de volta aos seus
países de origem. Essa desigualdade social provocou uma grande diferenciação entre os ricos e
os pobres, onde a única coisa que faz o rico pensar na figura do pobre é o medo de por ele ser
assaltado.
As casas dos ricos tornaram verdadeiras fortalezas para defesa de sua riqueza. O
aumento dos condomínios fechados, de segurança em lugares públicos, de bolsões de
segurança pelos bairros aumentou, enquanto em lugares de extrema necessidade a segurança
pública é baixa e falha. Essa variação de desigualdades sociais é gigantesca, afetando também
a educação, a moradia, o transporte, ou no pensamento e força de vontade daqueles que
buscam viver uma sociedade melhor. Sem falar o vitimismo apoiado pela grande massa, onde
as pessoas se deixam perder na questão de condição humana, onde já não se existe mais o
conceito de ser humano, mas sim, a valorização de um termo que o define diante de suas
qualidades. Essa cultura gerada na sociedade se mostra muito incapaz de crescer na
solidariedade, na paz e na dignidade, valores humanos que são básicos para uma condição de
vida melhor.
A pós-modernidade é por muitas vezes associada à perda dos grandes ideais que antes
valiam para a sociedade: os valores, Deus, a razão, o sentido, a sua totalidade, a ciência, o
sujeito, família, entre outros, abalando a vida do ser humano. A pessoa não sabe mais o que é
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certo ou errado, o que pode ou não pode fazer, trazendo consigo uma falsa credibilidade no
sentido para sua existência na terra. Se associa à uma cultura que abala e deixa os indivíduos
constantemente inseguros em relação ao futuro. Deixa o ser humano um tanto mais com uma
visão negativa sobre as coisas e os momentos.
A tecnologia invade suas vidas com mil serviços, não oferecendo qualquer valor moral
e o indivíduo acaba interiorizando essa invasão de novidades oferecidas e passa a entender e
utilizar isso no seu dia-dia. Busca o prazer imediato, individual, como única e possível forma
de vida moral, e isso afirma o Papa Francisco em sua encíclica, onde ele mesmo diz
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afetivo e emocional.
O escritor Santos se refere ao ser humano em seu livro como um ser psicológico pela
necessidade de terapia psicológica em várias abordagens oferecidas para o indivíduo na
questão emocional. Ele afirma em seu livro,
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CONCLUSÃO
A reflexão sobre o tema dignidade da pessoa humana se faz necessário elencar algumas
das conclusões que podem ser entendidas no estudo realizado.
O capítulo 1 nos trouxe uma ideia do que é a dignidade, primeiramente da vida, como
surgiu esse conceito de se priorizar a dignidade da vida dos seres viventes, como que na
trajetória da sociedade foi-se criando uma concepção de que os seres que possuem vida
merecem a tê-la com dignidade, e partindo dessa ideia, apresentamos como foi que os Direitos
Humanos ajudou a humanidade a conquistar isso de forma concreta.
Já no capítulo 2 tratamos de maneira mais específica como que essa dignidade do ser
humano, durante a contínua vivência em sociedade, foi-se degradando em alguns momentos, e
como que alguns dos acontecimentos recentes e nem tampouco desnecessários contribuíram
para essa degradação. Mas ainda, por uma visão antropológica, pudemos ver que, de alguma
forma, estes fatos auxiliaram na representação e no engajamento das pessoas como forma
ainda maior de superação e de adequação a seu favor daquilo que essas eras vividas ofereciam.
Assim, o capítulo 3 demonstrou que o princípio da dignidade da pessoa humana tem
sido pouco valorizado diante da sociedade pós-moderna. Essa sociedade tem-se deixando
conduzir por suas ações e pelas influências negativas que as circundam, e isso tem feito com
que, de acordo com o mau uso e o mal aproveitamento das situações que lhes cercam, a visão
de uma sociedade justa, fraterna e, acima de tudo, digna, venha a se concretizar tão cedo.
O que nos fica é a pergunta: como o homem pode mudar? Como pode o homem
conquistar uma vida digna? Ou, até mesmo, quando será que o homem perceberá que a sua
condição de ser humano está sendo brutalmente degradada e assim, diante de tantas
perspectivas, de tantos caminhos percorridos e tantas ideias passadas, irá lutar pela sua
dignidade de vida? Uma das ideias que proponho é primeiro, compreendendo o que é a
dignidade da pessoa humana, auxiliar o ser humano a olhar para si mesmo e reconhecer-se
merecedor de uma condição de vida digna e assim investir na importância dos valores que este
possui formar não apenas pessoas compreensivas do que é a vida humana, mas também
pessoas conscientes de sua responsabilidade para com o próximo e com a sociedade que
habitamos. Que valorize acima de tudo, o outro, que também merece ser compreendido como
possuidor da essência humana e merecedor de toda a dignidade que lhe compete. Sem isso,
sem essa fraternidade, sem essa igualdade, não há sociedade que promova cidadãos e gere a
eles a dignidade humana verdadeira.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10º ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense
Universitária, 2000;
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DIGNIDADE. In DICIONÁRIO Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2004, p. 1040.
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