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Faculdade Jesuíta - Departamento de filosofia

Disciplina: Ética II – 2021/2 


Assunto: Ética e Cultura
Prof. Álvaro Mendonça Pimentel
Aluno: Walisson Santos Sousa
Data: 03/12/21

ÉTICA E CULTURA.

O presente ensaio, borda a problemática da interpretação filosófica da ética e da


cultura numa tentativa de elucidar o conceito de cultura, tendo como base de apoio o
livro de Henrique C. de Lima Vaz, Escritos Filosóficos título e a proposta foram
pensados a partir da ementa do curso.
Na sociedade atual, a uma variedade rica de cultura. Mais adiante, caminhando
em direção a um questionamento a cerca da ontologia, o lugar da filosofia e sobre a
constituição do ethos, para, assim, poder apontar os caminhos que vão se configurar
como desafios a toda interpretação referente à cultura.
Algumas décadas atrás foram feitas varias pesquisas a respeito da cultura, que
nos levam a perceber a variedade de universos culturais, que assim vem compondo a
nossa sociedade contemporânea.
Lima Vaz vai nos dizer que a cultura é “a morada que o homem refaz
constantemente para tornar possível a sua sobrevivência na terra” (LIMA VAZ, 1997,
p.4). E nesse refazer a morada, a filosofia ajuda o homem na sua construção, que é feito
no dia a dia. Com isso, através de seu resultado, vai sendo apresentado uma
singularidade em seu modo de pensar e agir.
Mas essa singularidade ira apresentar-se como um método para uma busca
incessante a fim de introduzir os mais diversos níveis da cultura.
Lima Vaz nos traz nos seus escritos, reflexões acerca da importância da
inventividade da cultura, e como compreendemos com ela e a partir dela a presença do
ser humano no mundo, o seu agir, os seus anseios, bem como as leis e tudo aquilo que é
direcionado à vida do homem.
A partir de sua explanação Vaz elucida a diferenciação entre aquilo que ele
distingue e define como cultura e natureza. A relação entre cultura-natureza é uma
relação dialética e esta relação se apresenta como uma relação de articulação entre
ambas. Esta dinâmica inter-relacional em um primeiro momento pode ser interpretada
como excludentes e interdependentes uma da outra, sobretudo para a nossa
compreensão secularizada acerca do lugar do ser humano no mundo.
Contudo, esta concepção de exclusão e interdependência se revela equivocada,
pois a cultura é a natureza refletida e, consequentemente, humanizada. Assim sendo,
pode-se dizer que a humanização da natureza se dá como satisfação das necessidades
humanas.

Se o homem deixou um dia o abrigo seguro da natureza e aventurou-


se pela rota incerta da cultura foi porque, como ser inteligente e livre,
ele só pode operar pensando e escolhendo os seus próprios fins e não
recebendo-os predeterminados pela natureza. Isso significa que os fins
propriamente humanos só se constituem tais enquanto avaliados e
escolhidos pelo próprio homem, ou seja, enquanto são valores. A
cultura, como domínio dos fins humanos é, pois, uma imensa
axiogênese, uma gestação incessante de bens e valores, desde os bens
materiais que alimentam a vida aos valores espirituais que exprimem
as razões de viver (LIMA VAZ, 2002, p.15).

Segundo Lima Vaz, os valores propriamente humanos não são predeterminados


por nenhuma força externa, mas advém da própria cultura humana, de acordo com
avaliações e escolhas do próprio homem. Assim sendo, os valores humanos são
resultado de suas próprias escolhas. Eles advêm do domínio da cultura, e não da
natureza, ou seja, o ser humano tem a liberdade de refletir e de escolher sobre seus
próprios fins.
Percebe-se dessa forma que a cultura é inseparável do ethos, pois a cultura é
constitutivamente ética, ou seja, ética e cultura são dois conceitos coextensivos uma vez
que todas as obras da cultura encontram seu lugar, seu espaço, isto é, no próprio espaço
do ethos, que é o espaço da morada do homem. Neste sentido, Lima Vaz ao afirmar que
o ethos é coextensivo à cultura ele afirma que a natureza é essencialmente axiogênica,
ou seja, é aquela que impulsiona a geração dos valores da ação humana, seja como agir,
ou propriamente dizendo, isto é, práxis e poíesis.
Enfim, percebemos de acordo com Lima Vaz, que a investigação sobre ética da
cultura aprofunda de forma sistemática a reflexão sobre a inerente atividade do ser
humano como ser produtor e fomentador de cultura. E é este ser produtor de cultura que
deve enfrentar a desafiante análise reflexiva acerca de sua existência e do mundo à sua
volta, buscando assim compreender as imensas e profundas transformações culturais as
quais está inserido e perpassa o seu existir, seja na sua dimensão material, seja na sua
dimensão simbólica (LIMA VAZ, 2002, p.269-280). Transformações estas que estão e
são alicerçadas pelas incessantes e crescentes mudanças ocasionadas por um mundo em
um constante processo de modificação cada vez mais circunscrito por objetos que são
frutos do próprio fazer técnico (práxis) que representam em sua significação mais
profunda, a própria finitude e indigência humana (poíesis).

Referencias:
LIMA VAZ, H.C. Escritos de Filosofia II: Ética e cultura. 5° ed. São Paulo: Loyola, 2013.
LIMA VAZ, H.C. Escritos de Filosofia III: Filosofia e cultura. 2° ed São Paulo: Loyola, 2002.

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