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Cartas Paulinas

 
 
 
 
 
Professor
 
Cláudio Cirqueira de Souza
 
 
 
 
 
Araguaína / 2011
Cartas Paulinas
 
Professor: Pr. Cláudio Cirqueira de Souza
 
Fones: 
(63) 9231 - 6238   /    8471 - 5952 
Email: ccirqueirasouza@bol.com.br
 
Araguaína, setembro de 2011
 
 
                        
➢ Ementa
 
A disciplina Cartas Paulinas propõem-se a apresentar uma visão teológica das
epístolas paulinas. Desenvolve um trabalho de análise dos principais
aspectos teológicos e do contexto histórico que envolvem a época de cada carta.
                                          
Esta disciplina tem como propósito conceder ao aluno uma melhor compreensão
de todo conteúdo das epístolas de Paulo, levando-o a uma boa e correta
interpretação do conteúdo da cada uma delas.
 
➢ Objetivo Geral
                                                                                                
Conduzir o estudante a uma visão correta e completa de cada carta do apóstolo
Paulo.
 
➢ Objetivos Específicos
                                                                                   
❖ Apresentar detalhes históricos do contexto das epístolas;
❖ Conhecer entender o porquê do envio de cada carta;
❖ Levar o aluno a aplicar em sua vida e nas vidas dos seus ouvintes as lições extraídas
do conteúdo das epístolas.
                                                                                      
➢ Conteúdo Programático
1. Breve visão das cartas
2. Apresentação das cartas
3. Estudo Teológico das Cartas de Paulo
4. O contexto de cada carta
5. O material usado para escrever as cartas
6. As cartas em ordem cronológica
7. Um estudo sobre a Vida de Paulo
8. Analise da carta aos Romanos
9. Análise das Cartas de 1ª e 2ª aos Coríntios
10. Análise da Carta aos Gálatas
11. Análise da Carta aos Efésios
12. Análise da Carta aos Filipenses
13. Análise da Carta aos Colossenses
14. Análise das Cartas de 1ª e 2ª aos Tessalonicenses
15. Análise das Cartas de 1ª e 2ª a Timóteo
16. Análise da Carta a Tito
17. Análise da Carta a Filemon
 
➢ Metodologia
As aulas ministradas são de forma expositiva onde o professor fará uso de material
didático e recursos audiovisuais, com o objetivo de se obter uma melhor performance.
 
➢ Avaliação
 
Através de trabalhos, apresentações e de prova.
 
 
 
Atividades da Disciplina
 
     
Data de Entrega Atividades Nota
 
     
15/09/2011 Apresentação em Sala sobre a Posição do Apóstolo Paulo em Relação a Escravidão dos seus dias. 10
   
     
16/09/2011 Avaliação em Sala – Conteúdo: Matéria Que For Ministrada em Sala de Aula 40
 
     
22/09/2011 Declaração de Leitura das Cartas Paulinas 10
 
  “Merece Confiança o Novo Testamento?”  
  F. F. Bruce – Ed. Vida Nova  
     
  Uma síntese de 2 folhas digitadas, letra “arial” “12”.  
    40
15/10/2011 Texto com: 
 
- Idéia Central
- Crítica positiva
- Crítica Negativa
- Apresentar uma descoberta voltada para as cartas de Paulo
 
   
Nota Final 100
 
   
Nota Mínima de Aprovação 70
 
 
 
 
 
Breve Visão das Cartas Paulinas
 
Para entender adequadamente as cartas de Paulo, precisamos conhecer um
pouco a prática epistolar do mundo antigo — o contexto a partir do qual elas chegam
a nós.
 
É certo que escrever cartas era uma atividade comum naqueles dias:
 
1. Uma contínua corrente de correspondência percorria por mar e terra todos os centros
de população;
2. Boa parte dela era governamental, levada por portadores oficiais;
3. Uma parcela considerável era comercial e pessoal, trocada entre cidadãos
particulares: mercadores pedindo bens, enviando instruções, tratando de remessas,
pagando contas; filhos escrevendo aos pais; soldados saudosos escrevendo às
esposas; pessoas comuns perguntando pela saúde dos amigos, prometendo visitas,
pedindo favores.
4. Quem não lia nem escrevia podia contratar escribas;
5. Como não havia serviço postal para levar a correspondência privada, as cartas eram
entregues a amigos que viajavam ao local desejado ou a estranhos em quem se
pudesse confiar que recebiam pelo contratempo e recebiam instruções específicas
sobre onde entregar a carta, já que não havia endereços. Nessas circunstâncias, a
comunicação bem-sucedida requeria sorte e certa dose de persistência.
 
As cartas eram escritas em quase todos os materiais possíveis:
 
1. Pedaços de cerâmica quebrada;
2. O material-padrão era o papiro, que era escrito de um lado, dobrado para formar um
pacote oblongo, amarrado e preso com um selo de argila. 
3. Como o papiro sobrevive indefinidamente num clima muito seco como o do Egito,
muitas dessas cartas antigas, no todo ou em parte, ainda existem. 
4. Elas oferecem aos pesquisadores modernos valiosos dados sobre a maneira como a
vida cotidiana era conduzida no mundo helênico e são de grande ajuda na
compreensão do Novo Testamento. 
 
Cartas como as de Paulo, que são incomumente longas, teriam precisado de várias
folhas de papiro coladas na extremidade para formar um pequeno rolo. A encantadora
carta a Filemom é a única entre as de Paulo a se assemelhar, em extensão e
conteúdo, à carta em papiro usual do século I. 
 
A tradição epistolar helenística exigia certas fórmulas estereotipadas:
1. Havia uma saudação (“De A para B, saudações”) e votos de saúde para o destinatário;
2. No corpo da carta havia muitas expressões convencionais que hoje nos parecem
afetadas;
3. No final, havia uma fórmula de despedida (raramente uma assinatura);
4. O primor literário costumava estar ausente dessas cartas, mas escritores ambiciosos
que tinham estudado a arte epistolar na escola podiam recorrer a um considerável
corpo de retórica como adjutório. 
 
As cartas de Paulo são parte dessa tradição. Elas são cartas genuínas, e não
“epístolas” (uma epístola é uma carta artificial ou falsa, escrita antes para publicação
do que para correspondência propriamente dita). Elas são escritas
no grego koiné padrão. Mas são mais elaboradas do que a maioria das outras cartas
e revelam algumas modificações características dos estereótipos.
 
1. Paulo escolheu a sua própria forma de saudação,
abandonando ochairein (“saudações”), e substituindo-o por charis hymin kai
eiréné (“graça e paz a vós”);
2. Uma mudança deliberada, de tons teológicos, porque combina a idéia cristã da graça
com a saudação hebraica shalon (“paz”);
3. Além disso, na maioria das cartas, Paulo usou no início uma fórmula que autenticava
seu papel de apóstolo de Cristo;
4. A maioria delas também tem uma fórmula de ação de graças — não pela boa saúde
dos destinatários, mas pelo dom salvífico da fé em Cristo que eles possuem;
5. Em alguns casos, o final inclui saudações de Paulo e de outros a várias pessoas
específicas que se sabia fazer parte do grupo a quem a carta se dirigia (são
nomeadas 26 na carta aos Romanos), e todas as cartas terminam com uma bênção.
 
Não há erro em dizer que Paulo deu a esse veículo comum de comunicação no
mundo helênico um novo uso e, podemos dizer também, levou-o a uma nova
dimensão.  
 
Características Específicas das Cartas de Paulo
 
1. O corpo da carta paulina dá muitas vezes a impressão de uma composição apressada
e pouco ponderada, como se Paulo estivesse caminhando e ditando na rapidez com
que o seu secretário podia registrar as palavras, mal conseguindo conter a torrente
dos seus pensamentos;
 
2. Há sem dúvida muitos dados espontâneos nas cartas, mas a análise detalhada da sua
estrutura traz a lume muitos elementos que sugerem premeditação e, ao menos, certo
cuidado de expressão;
 
3. A verdadeira carta enviada teria passado pelas mãos de um secretário, mas pode
muito bem ser que o próprio Paulo trabalhasse um rascunho, ou rascunhos, antes de
ditar.
 
4. Seja como for, sabemos que não foram escritas para publicação em livro, onde hoje
estão. Paulo com certeza ficaria atônito se pudesse voltar para ver o que aconteceu
com essas cartas, escritas para ocasiões imediatas e usos específicos, sem a
intenção de criar escritura para as eras vindouras;
 
5. Seu uso na época é bem claro: destinavam-se a ser lidas em voz alta na congregação
reunida a que Paulo se dirigia. Faziam o que ele faria se estivesse presente; elas
substituem a pessoa de Paulo, sendo, por conseguinte, um subproduto da sua
atividade missionária;
 
6. É seguro que as congregações que recebiam cartas de Paulo não somente as liam em
voz alta nas reuniões como também as conservavam e lhes davam muito valor;
 
7. Não há provas que sugiram a circulação das cartas fora do circuito dos destinatários
até que alguém, depois da morte de Paulo, pensasse em reuní-las e publicá-las como
coletânea;
 
8. Era inevitável que, nesse momento, algumas delas tivessem sido perdidas e não
estivessem à disposição (não podemos acreditar que, em toda a sua carreira, Paulo
só tenha escrito esse punhado de cartas). Era tão grande o seu prestígio que os
imitadores cedo o seguiram, usando a forma da carta paulina e, por vezes, o seu
nome.
 
Assim, Paulo foi responsável — sem nenhuma intenção — pela introdução de um
gênero bíblico, a carta, assim como Marcos teve a oportunidade de introduzir o
gênero freqüentemente imitado do evangelho. 
O cânon do Novo Testamento não distingue entre as cartas genuínas e as cartas
de autoria paulinas disputadas. Em vez disso, apenas reúne as cartas atribuídas a ele
em dois grupos:
1) Cartas para igrejas;
2) E Cartas para pessoas, organizando-as no interior de cada grupo por ordem de
extensão. 
A Ordem Cronológica das Cartas
 
Uma ordem cronológica adequada das cartas teria muito mais utilidade, mas a
datação das cartas, em termos absolutos ou umas em relação às outras, é um árduo
problema. Como elas não têm datas, todas as evidências têm de ser inferidas do seu
conteúdo. Há boas razões para considerar Filemon a última carta de Paulo, e 1ª
Tessalonicenses pode ter sido a primeira. Romanos viria perto do fim, provavelmente
antes de Filemom. Todas parecem ter sido escritas na década dos anos 50 — embora
também isso seja um tanto disputado. Seja como for, somos lembrados, uma vez
mais, de quão cedo a Atividade Missionária seguiu a Crucifixão e por quantos anos
precedeu a Redação dos Evangelhos
 
Estudo Teológico das Cartas Paulinas
 
Introdução
 
Nos escritos do NT encontramos vinte e uma Cartas. Treze delas são atribuídas ao
Apóstolo Paulo (algumas tem sua autoria questionada, como veremos adiante), e
outras são colocadas sob a autoridade de outras figuras significativas da Igreja
primitiva: duas são de Pedro; três de João; uma de Tiago e uma de Judas. E temos a
“Carta” aos Hebreus de um autor desconhecido. Para a fé cristã estes escritos têm
uma grande importância, seja porque são “canônicos”, seja porque deram origem à
sucessiva reflexão teológica. Lendo as Cartas percebe-se logo que os autores
manifestam um vivo testemunho da vida das primeiras comunidades. Estas Cartas
enriquecem muito o quadro que obtemos do livro dos Atos dos Apóstolos, composto
no final do I século.
 
As Cartas Paulinas são uma  reflexão teológica ou pastoral num segundo momento
(com exceção da Carta aos Romanos). Antes disso, houve o trabalho missionário de
fundar e organizar as comunidades. É certo que o número de comunidades fundadas
pelo Apóstolo Paulo e seus companheiros foi muito maior daquelas que receberam
alguma Carta. Outra constatação importante é que não foi possível conservar todos
os escritos paulinos. Algumas cartas se perderam e não estão no cânon bíblico.
 
Antes do estudo propriamente dito das Cartas Paulinas, vamos conhecer um pouco
melhor a figura do seu autor. Sem conhecê-lo bem, é também sempre mais difícil
entender toda a riqueza da sua mensagem. O ambiente e o contexto de cada uma
das comunidades será conhecido por ocasião do estudo particular de cada Carta.
 
Paulo de Tarso
O Apóstolo Paulo nasceu entre os anos 5 e 10 dC, na cidade de Tarso da Cilicia (At
9,11; 21,39; 22,3). Era filho de judeus, da tribo de Benjamin e como era o costume
foi circuncidado ao oitavo dia. Jerônimo informa que seus pais eram de Giscala, na
Galiléia. Paulo cresceu seguindo a mais perfeita tradição judaica (Fl 3,5). Tinha
uma irmã e um sobrinho que moravam em Jerusalém (At 23,16). Sua profissão era
artesão, fabricante de tendas (cf. At 18,3). O seu estado civil também é um tanto
incerto, ainda que na maioria das vezes se afirme que era solteiro.
 
De fato, em 1 Cor. 7,8 ele escreve “Aos solteiros e ás viúvas, digo que seria melhor
que ficassem como eu”. Mas em 1Cor 9,6 ele escreve “Não temos o direito de levar
conosco nas viagens uma mulher cristã, como fazem os outros Apóstolos e os irmãos
do Senhor e Pedro?”.
 
Ainda jovem foi para Jerusalém e, na escola de Gamaliel, se especializou no
conhecimento da sua religião. Tornou-se fariseu, ou seja, especialista rigoroso e
irrepreensível no cumprimento de toda a Lei e seus pormenores (At 22,3).
 
Cheio de zelo pela religião, começou a perseguir os cristãos (Fl 3,6; At 22,4s; 26,9-12;
Gl 1,13). Esteve presente no martírio de Estevão, cujos mantos foram depositados
aos seus pés (At 7,58). Continuou perseguindo a Igreja (At 8,1-4; 9,1-2) até que se
encontrou com o Senhor na estrada de Damasco (At 9,3-19). A experiência de Jesus
mudou completamente a sua vida. De perseguidor passou a ser o anunciador até a
sua morte, provavelmente em 68 dC.
 
Na sua primeira missão apostólica, entre os anos 45 e 49, anunciando o Evangelho
em Chipre, Panfilia, Pisidia e Lacaônia (At 13-14), passou a usar o nome grego de
Paulo de preferência a Saulo, seu nome judaico (At 13,9).
 
Era um homem bem preparado, além de conhecer bem a sua religião (o que pode ser
comprovado pelas muitas citações ao AT), possuía boas noções de filosofia e das
religiões gregas do seu tempo. Em Tarso, sua cidade natal, havia escolas filosóficas
(dos estóicos e cínicos) e também escolas de educadores. Ali nasceu Atenodoro,
professor e amigo do imperador Augusto. Paulo algumas vezes utiliza frases desse
educador: “Para toda criatura, a sua consciência é Deus” (Cf. Rm 14,22a). Ou:
“Guarde para você, diante de Deus, a consciência que você tem” ou: “Comporte-se
com o próximo como se Deus visse você, e fale com Deus como se os outros
ouvissem você” (Cf. 1Ts 2,3-7). Além disso conhecia bem o grego e o método da
retórica. Esforçava-se para compreender o modo grego de viver. Além disso era
cidadão romano (At 16,37s; 22,25-28; 23,27). Embora não mencione isso em suas
Cartas, como se o desprezasse, pois para ele a verdadeira cidadania é outra (Fl
3,20). Porém, ele soube tirar proveito desse título, bem como de toda a bagagem
cultural adquirida, para conduzir todos a Jesus (1Cor 9,19-22).
 
Lendo as Cartas percebemos o caráter do Apóstolo: às vezes muito meigo e
carinhoso; às vezes, severo. Não abria mão das suas idéias e ameaçava com
castigos. Escrevendo às comunidades comparava-se à mãe que acaricia os filhinhos
e era capaz de dar a vida por eles (1Ts 2,7-8). Sentia pelos fiéis as dores do parto (Gl
4,19). Amava-os, e por isso se sacrificava ao máximo por eles (2Cor 12,15). Mas era
também pai que educava (1Ts 2,11), que gerava as pessoas, por meio do Evangelho,
à vida nova (1Cor 4,15). Sentia, pelas comunidades que fundou, o ciúme de Deus
(2Cor 11,2), temendo que elas perdessem a fé. Quando se fazia necessário, exigia
obediência (1Cor 4,21).
 
Muitas vezes Paulo é apresentado como alguém distante do povo e das suas
comunidades, incapaz de manifestar sentimentos, indiferente ao drama das pessoas,
anti-feminista, moralista e assim por diante. Os que vêem Paulo com esses olhos
esquecem-se de suas viagens, cadeias, sofrimentos, perigos e, sobretudo, sua paixão
por Jesus e pelo povo. Era capaz de amar todos os membros de todas as
comunidades, sem distinção, chamando-os de “queridos” e “amados” ou “irmãos”.
Queria que todos fossem fiéis a Deus. Assim se tornariam seus filhos, como por
exemplo, era Timóteo (1Cor 4,17). É interessante ler as suas Cartas e anotar com
quanta freqüência ele usava expressões, tais como: tudo, todo, sempre,
continuamente, sem cessar, etc., e com elas expressar sua constante preocupação
para com todos. E basta uma leitura mais cautelosa das suas Cartas para descobrir
que Paulo não é assim tão insensível e que todo o seu apostolado vem carregado de
sentimentos. “Nós vos falamos com toda liberdade, ó Coríntios, o nosso coração se
dilatou. Não é estreito o lugar que ocupais em nós, mas é em vossos corações que
estais na estreiteza. Pagai-nos com igual retribuição; falo-vos como a filhos: dilatai
também vossos corações!” (2Cor 6,11-13).
 
Encontrou dificuldade para ser aceito como Apóstolo. As suspeitas vinham do fato ser
um perseguidor e sobretudo porque não foi escolhido pessoalmente por Jesus.
Quatorze anos após a sua conversão, subiu a Jerusalém, para o Concílio, onde
defendeu a não circuncisão para os pagãos. Ele mesmo se defendeu das acusações
(Gl 1,12, 2Cor 9,2-3; 12,1-4). Para ele, anunciar o Evangelho era uma obrigação: “Ai
de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (cf. 1Cor 9,15-17). 
 
Em sua incansável missão de anunciar o Evangelho Paulo sofreu muito, mas não
desistiu. Ele mesmo relata algumas das situações difíceis que passou: 
 
“Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. Dos judeus recebi cinco vezes os quarenta
golpes menos um. Três vezes fui flagelado. Uma vez apedrejado. Três vezes
naufraguei. Passei um dia e uma noite em alto-mar. Fiz numerosas viagens. Sofri
perigos nos rios, perigo dos ladrões, perigos por parte de meus irmãos de estirpe,
perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos
dos falsos irmãos! Mais ainda: fadigas e duros trabalhos, numerosas vigílias, fome e
sede, múltiplos jejuns, frio e nudez!” (2Cor 11,23b-27).
 
Teve que lutar contra os falsos missionários (cf. 2Cor 10-12) que anunciavam um
Evangelho fácil, que fugiam da humilhação e da tribulação. Anunciavam um Jesus
sem a cruz. Paulo anunciava o Jesus Crucificado, ainda que isso fosse escândalo
(1Cor 1,23). Porém a cruz não era o fim. O mesmo Jesus da cruz é também o Jesus
Ressuscitado (1Cor 15).
 
Paulo e os Atos dos Apóstolos
 
Se Lucas, na segunda parte dos Atos (16-28), fala unicamente da atividade do
Apóstolo Paulo, isso não significa que ele tenha sido o único. Paulo tornou-se o
símbolo de todos os missionários que souberam levar a Boa Nova de Jesus Cristo
pelo mundo afora. E Paulo sozinho não teria atingido seu êxito, se não fosse a grande
ajuda de tantas pessoas que com ele abraçaram a fé, que o acolhiam em suas casas
(At 16,15.34; 18,3.7) ou que contribuíram com alguma ajuda para as suas
necessidades (Fl 4,15-16; 2Cor 11,9).
 
Também é importante notar que nem sempre podemos ficar somente com as
informações históricas que Lucas nos dá sobre Paulo. Alguns estudiosos
simplesmente as ignoram, já que lendo os Atos se descobre que o objetivo principal
de Lucas não é tanto a informação histórica, mas a transmissão da
mensagem. Outros estudiosos tomam os dados dos Atos com cautela e tentam
conciliá-los com os dados das Cartas, sobretudo sobre as suas viagens. 
 
Os Atos dos Apóstolos foram escritos cerca de 15 anos após a morte do Apóstolo.
Como se sabe, Paulo não era muito bem aceito em certos grupos cristãos. Lucas
tentou resgatar a imagem e o trabalho evangelizador do Apóstolo. Paulo é, para
Lucas, a figura ideal para representar o caminho do discípulo na história. Um caminho
feito de testemunhos em meio aos conflitos. Mostra que o caminho do discípulo não é
diferente do caminho do Mestre (cf. o Evangelho de Lucas). Por isso, serve-se de
alguns (não todos) os fatos marcantes da vida de Paulo, apresentando-os a seu modo
e segundo sua visão. A estrutura dos Atos dos Apóstolos muitas vezes coincide com
a do Evangelho de Lucas.
 
Nem sempre os Atos e as Cartas coincidem nas informações. E nesses casos,
devemos dar mais crédito às Cartas. Dois exemplos comprovam isso. Comparando At
17,17 e 18,5 com 1Ts 3,1a.6a. Lucas afirma que “ Enquanto Paulo esperava em
Atenas, ficou revoltado ao ver a cidade cheia de ídolos... Quando Silas e Timóteo
chegaram da Macedônia, Paulo se dedicou inteiramente à Palavra, testemunhando
diante dos judeus que Jesus era o Messias ”. Paulo contudo, tem outra versão:
“Assim, não mais podendo agüentar; resolvemos ficar sozinhos em Atenas, e
enviamos a vocês Timóteo... Agora, Timóteo acaba de chegar da visita que fez a
vocês, trazendo boas notícias sobre a fé e o amor de vocês ”. A comparação mostra
claramente a diferença. De acordo com os Atos, Paulo estava sozinho em Atenas.
Quando os dois companheiros chegam, Paulo já está em Corinto. De acordo com a
1Ts, Paulo e Silas ficam sozinhos em Atenas e Timóteo vai e volta sozinho de
Tessalônica. Evidentemente deve-se dar crédito à versão de Paulo.
 
Outro exemplo vem de 2 Cor 11,24-25, em que Paulo afirma: “dos judeus recebi cinco
vezes os quarenta golpes menos um. Fui flagelado três vezes; uma vez fui
apedrejado; três vezes naufraguei; passei um dia e uma noite em alto-mar ”. Olhando
para o que Lucas diz de Paulo nos Atos, podemos perguntar: Onde estão
as referências às cinco vezes em que Paulo afirma ter sido punido com as 39
pauladas? Lucas ignora completamente as 195 chicotadas que Paulo recebeu. E
onde os Atos falam de flagelações? Lucas contenta-se em narrar uma (At 16,22-23),
omitindo as demais. Por quê? Certamente porque em seus planos.bastava narrar uma
flagelação. Nos Atos não se mencionam as três flagelações. 
 
Também Lucas narra somente o grande naufrágio da quarta viagem (na qual talvez
estava presente). E lembramos que quando Paulo escreve suas Cartas ainda
estamos na terceira viagem. E mesmo assim garante ter passado 24 horas em alto-
mar.
O certo, porém, é que a vida e obra de São Paulo são bem maiores do que aquilo que
nos relatam os Atos e as Cartas.
 
Paulo e Jesus
Paulo seguramente não viu o Jesus histórico e nem ouviu sua voz e suas palavras.
Teve uma forte experiência do Cristo Ressuscitado (At 9,3-9; 1Cor 15,8). Alguns não
queriam reconhecê-lo como Apóstolo pelo fato de não ter sido um dos Doze
Apóstolos e de não ter sido escolhido por Jesus e de não ter vivido com Ele. 
 
Alguns textos das Cartas dão margem a interpretações diferentes. Por exemplo, em
2Cor 5,16b ele escreve: “Mesmo que tenhamos conhecido Cristo segundo as
aparências, agora já não o conhecemos assim ”. Outro texto como 2Cor 12,1-6
poderia induzir que Paulo estivesse em Jerusalém por ocasião da Paixão do Senhor.
Há outros que pensam que Paulo fazia parte do Sinédrio e que tenha votado pela
condenação de Jesus, a partir da expressão “ dei meu voto” (cf. At 26,10). Porém, a
maioria dos autores segue a linha de que Paulo de fato não conheceu pessoalmente
Jesus e não teve contato com ele.
 
O Apóstolo não tinha ainda em mãos os evangelhos escritos. Ele os trazia impressos
na sua carne, marcada por toda sorte de sofrimentos (1Cor 11,21-29), a ponto de
estar crucificado com Cristo (Gl 2,19), trazendo em seu corpo as marcas da paixão de
Jesus (2Cor 4,10; Gl 6,17), e completando, no seu corpo, o que faltava das
tribulações de Cristo (Cl 1,24). Assim ele podia dizer que “ já não sou eu que vivo,
mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
 
Pelos escritos do Apóstolo Paulo, nós verificamos também algumas diferenças entre o
seu modo de anunciar e o modo como Jesus anuncia. Jesus anunciou a sua
mensagem praticamente aos judeus, da Galiléia, pois segundo os sinóticos, Jesus só
foi a Jerusalém para a Páscoa, quando foi crucificado e morto e depois ressuscitou.
Paulo, por sua vez, percorreu o império romano e foi à Roma (capital) como parte final
da sua vida, onde sofreu a sua paixão. Jesus falava em aramaico e anunciava o reino
em parábolas, criadas a partir da observação atenta da vida simples do povo da roça
e das aldeias. Paulo, ao contrário, embora também soubesse falar o aramaico,
anunciou e escreveu em grego, porque seus ouvintes eram judeus da diáspora e
pagãos que falavam a língua oficial da época. Paulo também era um bom observador
da vida cotidiana, porém usava as imagens sobretudo da vida e da cultura urbana,
das grandes cidades. Ele falava do atletismo, dos esportes, da construção civil, das
paradas militares, das lutas nos estádios, da vida dos soldados, etc. Por isso, tentava
inculturar a mensagem de Jesus de Nazaré (que viveu a maior parte do tempo na
Galiléia) para o universo da cultura grega.

 
Um missionário que escreve cartas às suas Igrejas

O grande carisma de Paulo é ser missionário. Depois de ter fundado as florescentes


comunidades cristãs no mundo helenístico, ele não as deixou privadas de assistência,
mas as acompanhou com a sua guia pastoral: a “preocupação por todas as Igrejas”
representa, como ele mesmo afirmava, a sua “preocupação quotidiana” (2Cor 11,28).
E para manter os contatos com essas igrejas, para ajudá-las a resolver os seus
problemas e para rendê-las mais eficazes no seu testemunho ao mundo circunstante,
Paulo se tornou escritor: as suas cartas nasceram da missão e em vista da missão.
Paulo conhecia o bom funcionamento do correio do império romano e soube fazer
deste meio, um instrumento de evangelização. Foi assim, sem saber e sem querer, o
primeiro grande escritor do Novo Testamento.
 
As Cartas foram escritas em função da situação concreta das igrejas. O Apóstolo
acompanhava o crescimento das mesmas, com todos os seus problemas e
dificuldades. Por isso, também a sua leitura hoje deve levar em conta a situação
específica da comunidade à qual foi destinada cada uma delas.
 
O seu modo de ser missionário também é diferente da mentalidade grega da época.
Paulo trabalhava e ganhava o seu sustento com o próprio trabalho. E era um trabalho
manual. Para as elites abastecidas de bens e culturalmente favorecidas, o único
trabalho que dignificava o ser humano era o trabalho intelectual. Numa sociedade
onde em algumas grandes cidades até dois terços da população era escrava, Paulo
encontrou seu lugar social entre os trabalhadores empobrecidos, ainda que pudesse
fazer valer seus direitos de Apóstolo e fundador de comunidades (1Cor 9,1-18; 2Cor
11,7-12).
 
Um Pequeno Extrato das Cartas Paulinas
 
Introdução
 
A fim de fortalecer a fé dos irmãos espalhados pelos “confins da terra”, o apóstolo
Paulo escreveu cartas as igrejas. Em nosso Cânon encontramos 13, tendo a epístola
aos Romanos com a primeira. Porém, para muitos eruditos deve-se incluir a também
a carta aos Hebreus como sendo exclusivo material paulino. Nesse caso não teríamos
apenas 13, mas 14.
 
Segundo alguns estudiosos modernos a completa coleção das epístolas paulinas
consistiria de quatorze cartas, ainda que na missiva aos Hebreus não se encontre
nenhuma declaração nesse sentido, isto é, que fora escrita por Paulo.
 
1. Cartas Pastorais
 
Temos ainda que levar em conta a grade possibilidade das cartas pastorais – I e II
Timóteo e Tito – não serem de autoria do apóstolo Paulo, pois o vocabulário e o estilo
que elas apresentam, seguido do seu desenvolvimento eclesiástico, indicam para
alguns um período posterior ao de Paulo. Devido a estas considerações – que
também são questionáveis – muitos pensam que, apesar dessas cartas conterem
importantes informações dos últimos anos da vida e ministério de Paulo entre os
gentios, o seu verdadeiro autor deve ter sido alguns de seus discípulos. E levando em
conta que naquele tempo, não era considerado um erro, ou seja, um plágio, escrever
em nome de outra pessoa, pois isso era até aceito como algo comum, é bem possível
que a consideração aqui levantada possa ser verdadeira. Uma das bases para tal
defesa é a lista de livros apócrifos do Novo Testamento que conta com mais de
cem livros.
 
De acordo com as informações cronológicas obtidas por estudiosos, como também
com base no livro de atos, é possível compreender que Paulo já vinha sendo um
missionário por vários anos, antes de escrever qualquer carta às
igrejas. Possivelmente a primeira, que tudo indica foi à destinada aos gálatas, fora
escrita após 12 anos de seu ministério apostólico.
Paulo escreveu as cartas pastorais para seus amigos e cooperadores, Timóteo,
que mandara pastorear a igreja em Êfeso (1 Tm 1.3) e Tito, em Creta (Tt 1.5). Contém
conselhos, a serem seguidos por nós hoje também (1 Tm 3.14-15). Paulo estava
encarcerado em Roma, quando escreveu 2  Timóteo (2 Tm 1.8, 16-17, 2.9). 
o

O problema comum entre as igrejas de Êfeso e Creta era as falsas doutrinas:


✓ Surgiram falsos mestres ensinando uma mistura de doutrinas e práticas judaicas e
pagãs: proibição do casamento, abstinência de alimentos (1 Tm 4.3);
 
✓ alguns afirmavam que a ressurreição já se realizou (2 Tm 2.18) e ensinos de
demônios (1 Tm 4.1);
 
✓ Havia, ainda, muitas contendas e discussões nas igrejas (Tt 2.9-11). 
Para combater as falsas doutrinas, Paulo recomenda a nomeação de oficiais
qualificados, em cada igreja (Tt 1.5). É importante que o oficial nomeado seja
irrepreensível (1 Tm 3.1-13, Tt 1.5-9). 
No combate contra as heresias, Paulo reafirma as verdades centrais do cristianismo: 
➢ Salvação pela graça, através da fé em Cristo; 

 
➢ Vida santificada, livre do pecado; 

 
➢ O juízo de Deus, etc. É a chamada “sã doutrina” (1 Tm 1.15, 2.5, 2 Tm 2.11,12, Tt 2.-
11-14, 3.3-8). E esta sã doutrina deve ser ensinada para o povo (2 Tm 2.2, 3.25, Tt
2.1); 
 
➢ O objetivo da repreensão cristã: 1 Tm 1.5

Palavras Chaves nas Cartas Pastorais


❖ Abstinência: Ato de abster-se, evitar algo ou alguma coisa (alimento, fumo, bebidas
alcoólicas, relações sexuais, etc.) 
❖ Irrepreensível: cujo comportamento é exemplar, boa conduta. 
❖ Pagãs: Atitudes de quem não conhece a Deus: idolatria, prostituição, violência, etc. 
❖ Criteriosos: Em Tt 2.6 significa “sabedoria”, buscar a vontade de Deus.
❖  

 
2. Cartas da Prisão

Diante da constatação indicada acima, concluímos que Paulo já era um missionário e


apóstolo de larga experiência, pois seus escritos, do início ao fim, demonstram grande
maturidade cristã e firmeza nas doutrinas, embora é necessário concordar que as
chamadas Epístolas da Prisão – Efésios, Filipenses, Colossenses e
Filemom – apresentem um conhecimento ainda mais Maduro sobre a igreja cristã e
sobre o destino humano em geral, provavelmente como resultado de maiores
experiências e inspirações recebida por Paulo no final da sua caminhada aqui na
terra.
3. Paulo e as Cartas
 
As cartas canônicas de Paulo devem ter sido escritas durante um período de 18 anos,
possivelmente entre os anos 50 a 68 d. C., ainda que a epístola aos gálatas possa ser
datada até mesmo em 49 d. C.

Quais foram os motivos que levaram Paulo a escrever cartas? Eles são muitos, no
entanto, os principais foram:
 
➢ A necessidade de crescimento espiritual dos novos crentes;
➢ A pressão dos judeus crentes e não-crentes sobre os cristãos gentios;
➢ A necessidade de uma bíblica formação doutrinária;
➢ Os surgimentos de falsos mestres;
➢ O surgimento das falsas doutrinas;
➢ A necessidade do envolvimento das novas igrejas com os desafios missionários;
➢ A necessidade de líderes para as comunidades de fé que estavam surgindo.
 
O apóstolo Paulo fez uso de um meio muito comum de comunicação da
época: Escrever e Enviar cartas.Observando o conteúdo de seus escritos concluímos
que sua intenção inicial não era formar um livro que no futuro
servisse de “manual” para o cristianismo, mas lições práticas e simples que
tinham como meta principal o fortalecimento de cada igreja. Tudo indica que ele não
tivesse noção do alcance que esse material atingiria, até mesmo porque ele vivia
como se Cristo fosse retornar nos seus dias. A constatação apresentada tem como
base a ausência de formalidade em seus escritos. Não há indicação nas epístolas
paulinas da intenção de prover um núcleo para a nova literatura cristã, ou para servir
de fontes informativas que familiarizam os próprios cristãos com suas atividades e
idéias. É notório que no uso prático elas se tornaram exatamente isso, porém,
percebemos que ao escrever suas cartas, Paulo tratava seus destinatários como
verdadeiros amigos e irmãos. Podemos até considerá-las como cartas pessoais de
Paulo, pela tão grande intimidade e amor que ele demonstrava em seus escritos. 
 
Devidos suas cartas serem escritas para dar respostas a problemas específicos, não
encontraremos nelas debates acerca de muitos problemas, especificamente aqueles
de natureza ética, que talvez seja uma das principais preocupações dos nossos dias.
Também não fica bem claro em seus escritos respostas para alguns dos nossos
debates doutrinários. Portanto, o que de fato encontramos nas missivas paulinas são
ensinamentos a respeito de diversos temos, que, não obstante, servem como luz para
a maioria dos problemas que enfrentamos hoje como cristãos.
 
Análises das Cartas do Apóstolo Paulo
 
 
Carta de Paulo aos Romanos
1. Autoria 
A Carta de Paulo aos Romanos é geralmente referida apenas como Romanos, é o
sexto livro do Novo Testamento. Os estudiosos da Bíblia concordam que ela foi
escrita pelo Apóstolo Paulo aos romanos para explicar como a salvação é oferecida
por meio do Evangelho de Jesus Cristo. É a primeira e a mais longa das Epístolas
Paulinas, e é considerada a epístola com o "mais importante legado teológico”.

Foi durante o Inverno de 55-56, em Corinto, que Paulo escreveu esta Carta,
provavelmente a última (16,23). Enquanto ele estava hospedado na casa de Caio e
transcrita por um escriba chamado Tércio.
Acabara de resolver os conflitos com as comunidades de Filipos (Fl 3:2-4) e
Corinto (1 e 2 Cor.), e considerava terminada a evangelização da parte oriental do
império romano: as comunidades cristãs que fundara nas maiores cidades se
encarregariam de irradiar o Evangelho para as províncias (15,23). Assim, podia
finalmente visitar os cristãos de Roma (1:13-15; 15:22-24) e seguir de lá até à
Espanha, a província ocidental do império. 
Há uma série de razões que covergem para a teoria de que Paulo a escreveu
em Corinto, uma vez que ele estava prestes a viajar para Jerusalém ao escreve-la, o
que corresponde com Atos 20:03, onde é relatado que Paulo permaneceu durante
três meses na Grécia. Isso provavelmente implica Corinto, pois era o local de maior
sucesso missionário de Paulo, na Grécia. Adicionalmente Febe, um diácono da igreja
em Cencréia, um porto a leste de Corinto, teria sido capaz de transmitir a carta a
Roma depois de passar por Corinto. Erasto, mencionada em Romanos 16:23,
também viveu em Corinto sendo comissário da cidade para obras públicas e
tesoureiro da cidade em várias épocas, mais uma vez indicando que a carta foi escrita
em Corinto.
O momento exato em que foi escrito não é mencionado na carta, mas foi
obviamente escrito quando a coleta de dízimos para Jerusalém tinha sido montada e
Paulo estava prestes a ir a Jerusalém, ou seja, no final de sua segunda visita a
Grécia, durante o inverno que precedeu a sua última visita a essa cidade. A maioria
dos estudiosos propoem que a carta foi escrita no final de 55, 56 ou 57. 
Livro das Escrituras Gregas Cristãs, escrito pelo apóstolo Paulo aos cristãos em
Roma. Jamais se questionou seriamente que Paulo tenha sido seu escritor, e a
autenticidade deste livro, como parte do cânon sagrado, é quase universalmente
reconhecida pelos peritos bíblicos. Na realidade, a carta se harmoniza plenamente
com o restante das Escrituras inspiradas. De fato, Paulo cita de modo profuso as
Escrituras Hebraicas e faz numerosas referências a elas, de modo que se pode dizer
que essa carta baseia-se mui solidamente nas Escrituras Hebraicas e nos ensinos de
Cristo. 
2. Os Cristãos em Roma

A Congregação talvez tenha sido estabelecida por alguns dos judeus e prosélitos
de Roma que estiveram em Jerusalém no dia de Pentecostes de 33 dC,
testemunharam o derramamento miraculoso do Espírito Santo e ouviram o discurso
de Pedro e de outros cristãos ali reunidos. (At 2) Os outros que se converteram ao
cristianismo mais tarde talvez tenham levado a Roma as boas novas sobre o Cristo,
pois, visto que esta grande cidade era o centro do Império Romano, muitos se
mudaram para lá com o tempo, e eram muitos os viajantes e comerciantes que a
visitavam. Paulo envia respeitosos cumprimentos a Andrônico e Júnias, seus
‘parentes e companheiros de cativeiro’, “homens notáveis entre os apóstolos”, que
estavam no serviço de Cristo há mais tempo do que Paulo. É bem possível que esses
homens tenham tido parte no estabelecimento da congregação cristã em Roma. (Ro
16:7) Na época em que Paulo escreveu, a congregação evidentemente já existia por
algum tempo, e era bastante ativa, a ponto de sua fé ser comentada em todo o
mundo.  Rom. 1:8.
3. Propósito da Carta
Fica claro, pela leitura da carta, que ela foi escrita a uma congregação cristã
composta tanto de judeus como de gentios. Havia muitos judeus em Roma naquela
época; eles retornaram depois da morte do Imperador Cláudio, que os banira de lá
algum tempo antes. Embora Paulo não tivesse estado em Roma, para sentir
pessoalmente os problemas que a congregação enfrentava, é possível que tenha sido
informado da condição e dos assuntos da congregação por seus bons amigos e
colaboradores, Priscila e Áquila, e possivelmente também por outros a quem Paulo
encontrara. Seus cumprimentos no capítulo 16 indicam que conhecia pessoalmente
um bom número de membros daquela congregação. Em suas cartas, Paulo atacava
problemas específicos e lidava com questões que considerava muito vitais para
aqueles a quem escrevia. Quanto à oposição judaica, Paulo já havia escrito às
congregações da Galácia, refutando-a, mas essa carta tratava mais especificamente
dos esforços feitos pelos judeus que professavam o cristianismo, mas que eram
“judaizantes” e insistiam que os conversos gentios fossem circuncidados e que em
outros sentidos se exigisse deles observarem certos regulamentos da Lei mosaica. Na
congregação romana não parecia haver um esforço sério neste sentido, mas, pelo
que parece, havia inveja e sentimentos de superioridade da parte tanto dos judeus
como dos gentios. A carta, portanto, não era uma simples carta geral, escrita à
congregação romana, sem nenhum objetivo específico, como alguns supõem, mas
tratava, evidentemente, das coisas de que eles precisavam, nas circunstâncias
existentes. A congregação romana conseguiria captar o pleno significado e a plena
força do conselho do apóstolo, pois sem dúvida enfrentava exatamente os problemas
de que ele, Paulo, estava tratando. É óbvio que o objetivo dele era solucionar as
diferenças de ponto de vista existentes entre os cristãos judeus e os cristãos gentios e
conduzi-los em direção à completa união, como um só homem, em Cristo Jesus. 
No entanto, ao escrever da maneira como o fez, Paulo ilumina e enriquece nossa
mente no conhecimento de Deus e exalta a  justiça e a benignidade imerecida de
Deus, bem como a posição de Cristo com respeito à congregação cristã e a toda a
humanidade.
4. Comentário da Carta

Comentando a autenticidade da carta aos romanos, o Dr. William Paley, perito


bíblico, inglês, disse: 
“Num genuíno escrito de S. Paulo a genuínos conversos, isto é o que a ansiedade
de convencê-los da sua crença naturalmente produziria; mas há um fervor e uma
personalidade, se posso chamar isto assim, no estilo, que uma fria falsificação, creio
eu, nunca teria ideado nem suportado.”  
 
Paulo delineou a posição dos judeus de forma muito clara e direta e mostrou que
judeus e gentios acham-se no mesmo nível perante Deus. Isto exigiu que ele dissesse
algumas coisas que os judeus talvez considerassem ofensivas. Mas o amor de Paulo
por seus concidadãos e seu calor humano para com eles foram demonstrados na
delicadeza com que tratou destes assuntos. Quando dizia coisas que poderiam
parecer depreciativas da Lei, ou dos judeus, ele jeitosamente fazia em seguida uma
declaração amenizadora. 
Por exemplo, quando disse: “Não é judeu aquele que o é por fora, nem é
circuncisão aquela que a é por fora, na carne”, ele acrescentou: “Qual é então a
superioridade do judeu, ou qual é o proveito da circuncisão? Grande, de todo modo.
Primeiramente, porque foram incumbidos das proclamações sagradas de Deus.” (Ro
2:28; 3:1, 2) Depois de dizer: “O homem é declarado justo pela fé, à parte das obras
da lei”, ele continuou prontamente: “Abolimos então a lei por meio de nossa fé? Que
isso nunca aconteça! Ao contrário, estabelecemos lei.” (3:28, 31) Após a declaração:
“Mas agora fomos exonerados da Lei”, ele perguntou: “É a Lei pecado? Que nunca se
torne tal! Realmente, eu não teria chegado a conhecer o pecado, se não fosse a Lei.”
(7:6, 7) E no capítulo 9, versículos 1 a 3, fez a mais forte expressão possível de afeto
por seus irmãos carnais, os judeus: “Digo a verdade em Cristo; não estou mentindo,
visto que a minha consciência dá testemunho comigo, em Espírito Santo, de que
tenho grande pesar e incessante dor no meu coração. Pois, poderia desejar que eu
mesmo fosse separado do Cristo como amaldiçoado, em favor dos meus irmãos,
meus parentes segundo a carne.”  Compare também Romanos 9:30-32 com 10:1, 2;
e 10:20, 21 com 11:1-4. 
Por conseguinte, pelo estudo deste livro, comprovamos que não se trata duma
consideração desconexa, ou sem objetivo, mas dum discurso com um objetivo e um
tema, e que nenhuma parte pode ser plenamente entendida sem o estudo do livro
como um todo e o conhecimento de seu objetivo. Paulo destaca a benignidade
imerecida de Deus mediante Cristo e ressalta que é somente por tal benignidade
imerecida de Deus, conjugada com a fé do crente, que os homens são declarados
justos; ele comenta que nem o judeu nem o gêntio têm base para jactância ou para
elevar-se sobre o outro.
Avisa estritamente os cristãos gentios que não devem ficar orgulhosos por se terem
beneficiado de os judeus não terem aceitado a Cristo, visto que a queda dos judeus
permitiu que os gentios tivessem a oportunidade de ser membros do “corpo” de Cristo.
Ele diz: “Eis, portanto, a benignidade e a severidade de Deus. Para com aqueles que
caíram, há severidade, mas para contigo há a benignidade de Deus, desde que
permaneças na sua benignidade; senão, tu também serás cortado fora.”  Ro 11:22.
5. Considerações Finais da Carta e Esboço

Versículos Centrais – Romanos 1:16,17 e 12: 1,2.


1) A justiça resulta da fé em Cristo e da benignidade imerecida de Deus. (1:1-11:36)

Carta que explica que a justiça resulta, não da genealogia ou de obras da Lei
mosaica, mas da fé em Jesus Cristo e da  benignidade de Deus. 
A fé é essencial para a salvação; o texto diz: “O justo  por meio da fé é que
viverá.” 
  Os judeus, embora altamente favorecidos por Deus, não conseguiram alcançar a
justiça por meio da Lei. Tanto judeus como não-judeus estão sob o pecado; “não há
um justo, nem sequer um só”. 
 Pela benignidade imerecida de Deus tanto judeus como não-judeus podem ser
declarados justos como dádiva gratuita por intermédio da fé, assim como Abraão foi
considerado justo em resultado da fé  mesmo antes de ser circuncidado.
Os homens herdam o pecado e a morte de um só homem, Adão; por intermédio
de um só homem, Jesus, muitos pecadores são declarados justos. Isto não abre
concessão para o pecado; quem permanece escravo do pecado não é escravo da
justiça.  Os que anteriormente estavam debaixo da Lei ‘morrem para com a Lei’ por
intermédio do corpo de Cristo; têm de andar em harmonia com o espírito, entregando
à morte as práticas pecaminosas do corpo.
A Lei serviu ao propósito de tornar manifestos os pecados; somente por
intermédio de Cristo, porém, há salvação do pecado. Deus convoca aqueles que vêm
a estar em união com Cristo e os declara justos; Seu Espírito dá testemunho de que
eles são Seus filhos. O Israel carnal recebeu as promessas, mas a maioria deles
procura alcançar a justiça pela Lei, de modo que apenas um restante deles é salvo; é
necessário fazer declaração pública da fé em Cristo, para se obter a salvação. 
A ilustração da oliveira mostra que, por falta de fé da parte do Israel carnal, não-
israelitas foram enxertados para que o verdadeiro Israel pudesse ser salvo. 
2) Atitude para com as autoridades superiores, a própria pessoa, e outras pessoas. (12:
115:13)

 Apresentem o corpo como sacrifício aceitável a Deus, reformem a mente, usem seus
dons no serviço de Deus, sejam amorosos e fervorosos de espírito, perseverem e
continuem a vencer o mal com o bem.
Estejam em sujeição às autoridades superiores. Amem-se uns aos outros;
andem decentemente, não planejando antecipadamente os desejos da carne. Não
julguem os outros em questões de consciência, nem abusem de sua liberdade cristã,
deste modo fazendo tropeçar os que têm consciência fraca. 
Sejam guiados pelo exemplo de Cristo em não agradar a si mesmos; estejam
dispostos a suportar as fraquezas dos outros, fazendo o que é bom para a edificação
deles. 
3) O interesse amoroso de Paulo na Igreja de Roma. (15:14; 16:27)

A razão de Paulo escrever é para cumprir sua comissão como apóstolo para os
gentios e a fim de que esses gentios sejam uma oferta aceitável para Deus. Já não
tendo território em que as boas novas ainda não haviam sido proclamadas, Paulo
deseja satisfazer seu anseio de visitar Roma e de lá ir à Espanha, depois de primeiro
viajar a Jerusalém com uma contribuição, para os santos, enviada pelos irmãos da
Macedônia e da Acaia. Paulo cumprimenta vários crentes por nome, incentivando os
irmãos a evitar os que causam divisões e também a ser sábios no que diz respeito ao
que é bom. 
 

1ª Carta de Paulo aos Coríntios


 
Data e Propósito
 
Essa epístola foi escrita em Éfeso, provavelmente em 55 d.C. Foi composta para
afastar novos convertidos do paganismo mais vil e grosseiro, com seus vícios e
pecados, tão largamente praticado em Corinto. Não era fácil para eles romper com
seu passado de degradação. O mundanismo associado a imaturidade cristã deles
exigia paciente instrução da parte do apóstolo. Como centro de comércio e riqueza, e
também de cobiça e incontida luxaria, Corinto, com sua vã sabedoria secular, era um
desafio ao cristianismo. Se a igreja pudesse se firmar ali, onde o Oriente e o Ocidente
se encontravam, na encruzilhada do mundo Greco-romano, então sua influência
poderia ser ampla. 
 
Cristo, a Base da Unidade
 
Ele é a base da unidade da igreja e da posição individual do crente. A esfera em que
Deus vê o crente e com ele se relaciona. Cristo deve ser o centro preeminente em
qualquer igreja, para corrigir seus abusos. Essa é a lição da epístola. A correção das
faltas na assembléia precisa começar, conforme afirma Paulo, com o fato de Cristo: 
1 – sua autoridade – “apóstolo de Jesus Cristo”
2 – Seu poder de nos dar uma nova posição – “Santificados em Cristo e
Chamados para serem santos”
3 – Seu ministério com vistas à criação da unidade espiritual em meio aos
crentes de toda parte
4 – Sua dispensação de graça e paz
5 – Sua concessão de plena suficiência ao crente
6 – Sua posição de objeto do testemunho e esperança do crente; sua ação
como confirmador do destino do crente
7 – A posição do crente em Cristo, é a base do apelo à correção das práticas
errôneas dos coríntios.
 
O Espírito Santo, Agente da Unidade
 
Os Espírito Santo revela a verdadeira sabedoria. Essa sabedoria, a pedra de toque da
unidade cristã, não deve ser obscurecida pela retórica floreada nem modelada pela
filosofia humana para fazê-la palatável aos irregenerados. Portanto, foram do
ministério de instrução do Espírito Santo, a verdadeira sabedoria é desconhecida e
não pode ser jamais conhecida. Essas verdades são expressas não por palavras
ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo.
 
Extrato da Carta:
 
 
Cap. 4 - A igreja e seus líderes – O pecado de julgar os servos de Deus. Os lideres da
igreja devem ser altamente estimados como ministros de Cristo e administradores das
verdades reveladas por Deus.
 
Cap. 5 - O problema do crente imoral – A carnalidade cega a pessoa à presença da
grosseira imoralidade.Relatou-se nesta igreja um caso de vil incesto, escandaloso até
na pecaminosa Corinto.
 
Cap. 6: 1 - 8 - A perturbação do processo legal – Cristão processando cristão. O fato
de um cristão ir a justiça contra outro cristão em cortes pagãs, perante juízes pagãos,
é uma violação da verdade cristã.
 
Cap. 6: 9 - 20 - A Cilada da Fornicação – Esse problema era grave nesta igreja, por
que ele fora salva recentemente da corrupta atmosfera moral de Corinto. Como centro
comercial, a cidade unia o Oriente e o Ocidente em uma verdadeira cloaca de
imundície.
 
Cap. 7: 1 – 24 - Regulamentos do casamento cristão
 
Cap. 7: 25 – 40 - Casamento versus Celibato
 
Cap. 8 - Liberdade Cristã
 
Cap. 9 - A igreja e Seus obreiros
 
Cap. 10: 1 – 15 - A herança da igreja
 
Cap. 10: 6 – 33 - A ceia do Senhor
 
Cap. 11: 1 – 16 – A igreja e as mulheres
 
Cap. 11: 17 – 34 - Censura da desordem durante a ceia do Senhor
 
Cap. 12: 1 – 11 - O Crente e os dons espirituais – Aqui o apóstolo Paulo expõe
instrução imprescindível a respeito das ações e das manifestações do Espírito por
intermédio do crente. Os crentes de Corintos eram impressionantemente ignorantes
em relação a esse assunto. Entre eles, abundavam os abusos, pois tinham sido
resgatados havia a pouco tempo do paganismo e da idolatria inspirada pelo
demônio (10: 20,21).
 
Cap. 12: 12 – 31 - A igreja e dos dons do Espírito – A unidade da igreja é apresentada
pela metáfora de um corpo humano.
 
Cap. 15 - A doutrina da Ressurreição
 
Cap. 15: 35 – 58 - A Ressurreição e a Vitória Sobre a Morte.
 
 
 
2ª Carta de Paulo Aos Coríntios
Introdução
A 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios é direcionada aos cristãos residentes na
cidade grega de Corinto.Segundo a tradição cristã, o apóstolo teria escrito quatro
cartas à Igreja em Corinto, das quais duas encontram-se perdidas atualmente, de
maneira que II Coríntios pode ter sido a quarta epístola.
Em I Coríntios, Paulo havía dado várias advertências e ensinamentos aos
cristãos dessa cidade. Contudo, alguns falsos mestres questionaram sua autoridade
apostólica, caluniando-o.
1. Autoria

O autor da epístola foi Paulo, o que pode ser verificado durante a sua leitura,
quando o apóstolo menciona o seu relacionamento com essa igreja. Muito comum
observar sua identificação como servo de Deus.
2. Breve Biografia do Autor

No hebraico seu nome significa pequeno. Nasceu em Tarso, At.9.11. Da tribo de


Benjamim, Fl.3.5. Discípulo de Gamaliel, Atos 22:3. Pode-se dizer que Paulo foi um
fariseu convertido. De perseguidor, passou a pregador do cristianismo. Um homem
que assistiu com satisfação a morte de Estevão (Atos 8.1), como membro do sinédrio,
levou muitos cristãos à prisão. Constituído Apóstolo dos gentios, Atos. 9.15 e
separado para a obra missionária. Após três viagens missionárias, a prisão em Roma
e um curto ministério no Oriente, é executado por Nero em 64 d.C.
3. Data

Foi escrita entre os anos 55 a 57 da era cristã da província romana chamada


Macedônia. De acordo com alguns estudos, esta epístola pode ter sido escrita
durante o final do verão ou no outono do ano 56 já que havia prometido passar o
inverno em Corinto.
4. Corinto

As quatro cidades mais importantes do Império Romano foram: Roma, Corinto,


Éfeso e Antioquia. A cidade de Corinto foi a maior, a mais opulenta e importante
cidade da Grécia, situada no istmo deste país, orgulhava-se dos seus dois portos,
pelos quais passavam o comércio do mundo de então. Foi terra de grande luxo e
licenciosidade, o lugar do culto a deusa Vênus, acompanhados de ritos vergonhosos.
5. As cartas de Paulo aos coríntios

Segundo a tradição cristã, o apóstolo teria escrito quatro cartas à Igreja em Corinto,
das quais duas encontram-se perdidas atualmente, de maneira que II Coríntios pode
ter sido a quarta epístola. As duas epístolas de Paulo aos Coríntios nos revelam o
coração, os sentimentos mais íntimos e os motivos mais profundos deste apóstolo.
5.1 – Resumo Histórico de Corinto

Corinto foi uma das mais florescentes cidades gregas da antiguidade clássica,
tendo sido autônoma e soberana durante o período arcaico da história da Grécia.
Desde aqueles tempos, Corinto experimentou um notável desenvolvimento comercial
devido à sua localização, o que trouxe benefícios sobre as artes (os seus famosos
vasos de cerâmica) e a cultura de um modo geral, bem como a acumulação de
riquezas pela aristocracia local.
Contudo, no final dessa fase áurea, a pólis foi governada por
um tirano denominado Cípselo, provavelmente entre 657 a.C. e 625 a.C., quando
iniciou-se um curto período de expansionismo em que foram fundadas colônias no
noroeste da Grécia.
Após anos de guerras de resistência ao domínio persa e de lutas entre os gregos
pela hegemonia na península, quando chegou a ser rival de Atenas e de Esparta,
Corinto, tal como as demais cidades independentes da Grécia, veio a fazer parte do
Império Macedônio de Alexandre, o Grande, perdendo assim parte da autonomia
plena antes existente.
Vencendo Filipe V da Macedônia, em 197 a.C., na Batalha de Cinoscéfalos o
cônsul romano Titus Quinctius Flaminius, a princípio, declarou o respeito de Roma
pela autonomia das cidades gregas, o que ocorreu nos Jogos Ístmicos, realizados
no istmo de Corinto em 196 a.C.. Todavia, as guarnições romanas ainda se
mantiveram presentes na cidade.
Em 146 a.C., após uma rebelião, Corinto veio a ser destruída pelos romanos.
Porém, cem anos mais tarde, em 46 a.C., Júlio César decidiu reconstruí-la., tornando-
se assim a capital da província romana da Acaia.
Corinto tinha um local chamado Acrocorinto onde ficava um templo da
deusa Afrodite com cerca de mil prostitutas cultuais, sendo muito comum a prática
de orgias. Além disso, com as escavações feitas pelos norte-americanos, foram
descobertos muitos vestígios monumentos greco-romanos.
6. Conteúdo

Enquanto a primeira carta é voltada, em boa parte, aos problemas específicos dos
coríntios (questões de doutrina e prática), a segunda carta abre mais o coração de
Paulo para mostrar os seus sentimentos fortes em relação aos coríntios e, mais ainda,
para com o Senhor. É um livro extremamente rico pelo qual somos privilegiados para
ver o coração de uma das grandes personagens da História, o apóstolo Paulo.
Também é necessário registrar a grande indiganação do apóstolo Paulo com o
envolvimento de alguns daquela igreja com as falsas doutrinas. Ele ataca veemente
os falsos mestres que buscavam enganar os cristãos dessa comunidade de fé,
afastando-os dos verdadeiros propósitos do Evangelho pregado.
Assim, Paulo demonstra sua autoridade como apóstolo e exorta os coríntios
amorosamente para que submetam-se à verdade divina, rejeitando as falsas
doutrinas.
Além disso, Paulo encoraja a igreja a enfrentar as provações, lembrando-os que ao
chegarem no céu receberiam novos corpos e pede que sejam feitas doações para os
pobres da Igreja em Jerusalém.
6. 1 - Segunda aos Coríntios consiste de cinco partes principais:
6.1.1 - Introdução, 1.1-11. 
6.1.2 - Paulo relata o caráter dos seus trabalhos, 1.12 a 7.16. 
6.1.3 - A oferta para os pobres da Judéia, caps. 8 e 9. 
6.1.4 - Paulo defende a sua autoridade apostólica, 10.1 a 13.10.
6.1.5 - Conclusão, 13.11-13.
7. Síntese da 2ª Carta aos Coríntios

A segunda carta de Paulo aos coríntios foi uma resposta ao antagonismo que havia
se levantado contra a sua autoridade apostólica, pois o seu modo incisivo de doutrinar
havia chocado conceitos dos cristãos de corinto. O apóstolo enfrenta várias
dificuldades e aflições, no entanto é confortado por Deus e mostra fé e equilíbrio
diante das tribulações. Seu ministério é genuíno, e fundamentado na experiência que
recebera do próprio Jesus Cristo.
Paulo faz um paradoxo entre a antiga aliança e a nova aliança. Na primeira que
tinha como "escopo a lei", enquanto a segunda era no" Espírito". Aquela era morte,
essa, porém é vida.
O apóstolo dos gentios demonstra humildade, e se observa nele um homem que
aprendeu a viver em toda e qualquer situação. O seu ministério é voltado para a
reconciliação. Um exemplo de líder que estava também para servir, qualidade e
virtude vivenciada por nosso Senhor e salvador Jesus.
Os ensinos paulinos apontam aos coríntios o caminho para uma vida de santidade,
obediência e comunhão com Deus. Havia uma necessidade de eles buscarem uma
ruptura com o modo de vida dos moradores de corinto, sem, contudo discriminá-los.
A igreja foi ensinada a contribuir com amor e cooperar com as atividades voltadas
para o social. Paulo aplica o princípio bíblico da generosidade que significa "virtude
daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem".
8. Esboço

 
1) 1: 1 – 11 – O Consolo Divino e seu Propósito
✓ Abundancia do consolo de Deus em tempos de tribulação
✓ Ação de graças pela recente libertação por meio do sangue de Cristo

 
2) 1: 12 – 2:13 – Testemunho de Sinceridade
✓ A razão da alegria de Paulo
✓ O desejo de Paulo de visitá-los com alegria

 
3) 2: 14 – 17 - A glória do Ministério: Seu Triunfo.
✓ A triunfal macha cristã
✓ A poderosa influência do cristão

 
4) 3: 1 – 6 - A glória do Ministério: Sua Autenticação
✓ Ele não é autenticado pelo auto-elogio
✓ É autenticado pelo testemunho e pela obra de Paulo
✓ É autenticado por Deus
 
5) 3: 6 – 11 – A Glória do Ministério: Sua Mensagem da graça
✓ A mensagem era espiritual e vivificante

 
6) 3: 12 – 18 – A glória do ministério: Seu Poder Transformador
✓ Deve demonstrar grande coragem, iluminação e liberdade
✓ Opera maravilhosa transformação

 
7) 4: 1 – 7 – A glória do Ministério: Sua Sinceridade
✓ Renuncia a todo o pecado e engano
✓ Anuncia Jesus Cristo

 
8) 4: 8 – 18 – A glória do ministério: Seus sofrimentos
✓ Sofre, mas é espiritualmente beneficiado
✓ Tem um segredo interior de natureza espiritual

 
9) 5:  1 – 13 – A glória do ministério: Sua Intrepidez diante da morte
✓ A convicção acerca da ressurreição do corpo
✓ Resultados da convicção acerca da ressurreição corpórea

 
10) 6: 1 – 10 – A glória do Ministério: Seu Caráter
✓ Deve ser imaculado
✓ Deve ser recomendado

 
11) 7: 2 - 16 - A glória do ministério: Seu Reflexo na vida de Paulo
✓ A amorosa preocupação de Paulo pelos crentes de Corinto
✓ Paulo deseja que eles tenham certeza do seu amor

 
12) 8: 1 – 15 - Exemplo e Exortação à Doação
✓ A adoção cristã e o exemplo dos cristãos da Macedônia
✓ A adoção cristã e o exemplo de Cristo

 
13) 8: 16 - 9:5 – Instrução sobre a sábia administração de recursos
✓ O dinheiro do Senhor deve ser administrado de modo impecável
✓ Os coríntios são encorajados a oferecer seu quinhão

 
14) 9: 6 – 15 – Princípios da Doação Espiritual
✓ O princípio da colheita
✓ O princípio da doação segundo o livre-arbítrio
✓ O princípio da graça
✓ O princípio da ação de graças

 
15) 10 – 11 – A defesa da glória do ministério: A recomendação do Senhor
✓ O ministério é recomendado por sua atitude
✓ O ministério é recomendado por sua autoridade
✓ O ministério é recomendado pelo Senhor

 
16) 11: 1 – 15 - A defesa da glória do ministério pela sinceridade comprovada no serviço
✓ Os motivos sinceros do serviço
✓ As recompensas dos serviços sinceros
✓ As falsificações de serviços sinceros

 
17) 11: 16 – 33 – A defesa da glória do ministério pela sinceridade confirmada via
sofrimento.
✓ Paulo responde aos seus críticos
✓ Paulo cita seus sofrimentos para provar sua sinceridade

 
18) 12: 1 – 10 – A defesa da glória do ministério pela experiência da relação com Deus
✓ A experiência da glória de Deus
✓ A experiência da provação Divina

 
19) 12: 11 – 21 – A defesa da glória do ministério pela experiência do serviço eficaz
✓ O ministério deve ser eficaz para Cristo
✓ O serviço eficaz é excelente no auxílio aos outros
✓ O serviço eficaz alerta contra o pecado

 
20) 13: 1 – 10 – A defesa da glória do ministério: Recomendado pela honestidade
✓ A honestidade para corrigir as falhas
✓ Honestidade para exigir honestidade

 
21) 13: 11 – 14 – Bênção da despedida
✓ Exortação
✓ A bênção
9 - Cristo Revelado em 2ª aos Coríntios

Jesus é o foco de nosso relacionamento com Deus:


1. Todas as promessas de Deus para nós são sim em Jesus, e dizemos “amém” à estas
promessas (1:9-20);
2. Jesus é o Sim de Deus para nós e nosso Sim para Deus. Nós vemos a glória de Deus
somente em Jesus e só nele somos transformados por essa glória (3: 14,18);
3. Pois Cristo é a própria imagem de Deus (4:4-6);
4. Deus veio até nós em Cristo, reconciliando o mundo consigo (5: 19);
5. Portanto, é “em Cristo” que nos tornamos novas criaturas (5:17);

Essa mudança foi realizada através do maravilhoso ato da graça de Deus, no qual
Cristo, “que não conheceu pecado”, tornou-se “pecado por nós, para que, nele,
fossemos feitos justiça de Deus” (5:21).
Ele também é o foco de nosso serviço a Deus. Proclamamos a Jesus como Senhor
e nós mesmos como servos por seu amor a ele (4:5). 
Nós compartilhamos não apenas a vida e a glória de Cristo, Mas também:
1. Sua morte (4: 10-12);
2. Sua disposição de ser fraco de modo que os outros pudessem experimentar o pode de
Deus (13: 3 4,9);
3. E a sua disposição de empobrecer, de modo que os outros pudessem enriquecer
(8.9). 
Nós experimentamos sua fraqueza, mas também sua força, à medida que
procuramos levar “cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (10: 5)
Mais uma vez, Ele é o foco de nossa presente vida neste mundo, onde
experimentamos simultaneamente em nosso corpo mortal “a mortificação do Senhor
Jesus” tanto quanto sua vida (4.10-11).
Por fim, Jesus é o foco de nossa vida futura, pois seremos ressuscitados com
Jesus (4:14), que é o “marido” da igreja (11.2) e o juiz de todos os homens (5.10).
10 - O Espírito Santo em Ação em 2ª aos Coríntios

O Espírito Santo é o poder do NT (3:6): 


1. Pois ele torna real para nós as provisões presentes e futuras de nossa salvação em
Cristo, através do dom do “penhor do Espírito em nossos corações”;
2. Nós asseguramos que todas as promessas de Deus são Sim em Cristo e que somos
ungidos e “selados”como pertencendo a ele (1: 20-22);
3. A experiência presente do Espírito é especificamente um “penhor” do corpo glorificado
que receberemos um dia (5: 1-5).
Nós não apenas lemos a respeito da vontade de Deus na “letra” das Escrituras,
pois “a letra (sozinha) mata”. O Espírito que vivifica (3:6) muda nossa maneira de
viver abrindo nossos olhos à realidade viva que lemos. Portanto, experimentamos
progressivamente e incorporamos a vontade de Deus e nós mesmos nos tornamos
epístolas de Cristo, “conhecida e lida por todos os homens” (3:2).
Quando nos submetemos à obra do Espírito Santo, experimentamos um milagre.
Achamos que “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (3:17). Há liberdade
pra contemplar a glória revelada do Senhor e para nos transformarmos mais e mais
de acordo com a imagem que contemplamos. O Espírito Santo nos dá liberdade para
vermos e liberdade para sermos o que Deus quer que sejamos (3: 16-18).
A obra do Espírito Santo é evidente:
1. Na renovação interna diária (4:16);
2. No conflito espiritual (10: 3-5);
3. Nos “sinais, prodígios e maravilhas” do ministério de Paulo (12: 12).
Paulo terminou sua epístola com uma bênção, que incluía a “comunhão
(companheirismo) do Espírito Santo” (13: 13). Isso poderia indicar um sentido da
presença do Espírito ou, mais provavelmente, um deleite de companheirismo que o
Espírito nos dá com Cristo e com todas as pessoas que amam a Cristo.
Seminário: Dividir duplas para apresentar um seminário sobre as cartas de Paulo
aos Gálatas, aos Efésios e aos Filipenses. Apresentar e entregar o trabalho na
próxima aula.
 
Carta de Paulo aos Gálatas
Autor: Paulo
Data: Cerca de 55 - 56 dC
Destinatários
Gálatas é a única carta que Paulo endereçou especialmente a uma grupo de
Igrejas. A Galácia não era uma cidade, mas uma região da Ásia Menor, que incluía
várias cidades. Seu nome originou-se no Séc. III aC, quando uma tribo de pessoas da
Gália migrou para o local. No séc. I dC, o termo “Galácia” era usado geograficamente
pra indicar a região centro-norte da Ásia Menor, onde os gálios tinha se estabelecido;
politicamente, designava a província romana na parte centro-sul da Ásia Menor. Paulo
enviou esta carta para as igrejas na província da Galácia, uma área que incluía as
cidades de Antioquia, Icônia, Listra e Derbe.
Data
A questão da data de Gálatas depende principalmente da correlação de 2.1-10 com a
visitas de Paulo a Jerusalém registradas em At. Embora o cap. 2 posse ser
identificado com a chegada da fome em At 11.30, são encontradas poucas
dificuldades para relacionar a carta com os acontecimentos de At 15. Paulo
provavelmente tenha escrito a carta por volta de 55 ou 56 dC, quando estava na
Macedônia ou em Corinto, em sua terceira viagem missionária.
Conteúdo
Gálatas contém divisões biográficas, doutrinárias e práticas de dois capítulos cada.
Na primeira seção (caps. 1-2), Paulo defende sua autoridade apostólica.
Na segunda seção, doutrinária, (caps 3-4), Paulo apresenta uma série de argumentos
e ilustrações para provar a inferioridade da lei em relação ao evangelho e para
estabelecer o verdadeiro propósito da Lei.
Na terceira, aplicação prática da doutrina ( caps. 5-6), Paulo exorta os gálatas pra
usarem adequadamente sua habilidade cristão e para não abusarem da mesma. Ao
invés de dar lugar ao pecado, o evangelho fornece meios para se obter a justiça que a
Lei exige.
Cristo Revelado
Paulo ensina que Jesus coloca aqueles que têm fé nele (1.16; 3.26) em uma posição
de liberdade (2.4; 5.1), libertando-os da servidão ao legalismo e à libertinagem. A
principal ênfase do apóstolo está na crucificação de Cristo como base para a
libertação do crente da maldição do pecado (1.4; 6.14), do próprio eu (2.20) e da lei
(3.12; 4.5). Paulo também descreve uma dinâmica união de fé com Cristo (2.20),
visivelmente retratada no batismo (3.28). Em relação à pessoa de Cristo, Paulo
declara tanto sua divindade (1.1,3,16) quanto sua humanidade (3.16; 4.4), que ele
próprio revelou a Paulo (1.12).
O Espírito Santo em Ação
Os judaizantes estavam errados sobre as formas de santificação, bem como a forma
de justificação. Uma passagem importante é 3.2-3, em que Paulo pergunta aos
Gálatas, que prontamente admitiram que tinham iniciado sua vida cristã através do
Espírito, por que eles estavam buscando maturidade espiritual realizando obras da lei.
O que ele quer dizer é que o mesmo espírito que os regenerou faz com que a nova
vida deles cresça.
Em 3.5, Paulo faz um pergunta semelhante relacionada ao ES. A linguagem que ele
usa indica uma experiência do Espírito que se estendeu além da recepção inicial dos
gálatas. O verbo “dá” sugere um fornecimento contínuo com generosidade, enquanto
“opera” indica que Deus continuava a fazer maravilhas através dos crentes cheios do
Espírito que não tinha se entregado ao legalismo. A palavra “maravilhas” refere-se às
manifestações carismáticas do Espírito evidenciadas por sinais externos, como os
descritos em 1Co 12-14. A frase “a promessa do Espírito”, em 3.14, também foi usada
por Pedro pra explicar o derramamento do ES no Pentecostes (At 2.33).
Estes versos ensinam que receberemos o Espírito através da fé e que Ele continua a
se manifestar no poder à medida que caminhamos na fé.
Em 5.16-25, Paulo descreve um conflito feroz e constante entre a carne, a nossa
natureza propensa ao pecado, e o Espírito que habita em nós. Somente o ES, quando
nos submetemos passivamente ao seu controle e caminhamos ativamente nele, pode
nos permitir morrer pela carne (vs. 16-17), nos libertar da tirania da lei (v.18) e fazer
com que o fruto da santidade cresça em nossas vidas (vs.22-23).
Esta seção (5.16-25) faz parte da exortação de Paulo em relação ao uso adequado da
liberdade cristã. Separada da obra do ES de controlar e santificar, a liberdade
certamente acabará em libertinagem.
Esboço de Gálatas
I. Introdução 1.1-10
Saudação 1.1-5
Deserção dos gálatas 1.6-7
Denúncia contras os judaizantes 1.8-9
Declaração da integridade de Paulo 1.10
II. Biografia: Paulo defende sua autoridade 1.11-2.21
A fonte de sua autoridade 1.11-24
O reconhecimento de sua autoridade 2.1-10
A manifestação de sua autoridade 2.11-21
III. Doutrina: Paulo defende seu evangelho 3.1-4.31
Com discussão 3.1-4.11
Por apelo 4.12-20
Por alegoria 4.21-31
IV. Prática: Paulo exorta os gálatas 5.1-6.10
Para usar adequadamente sua liberdade cristã 5.1-15
Para caminhar através do Espírito 5.16-26
Para carregar os fardos dos outros 6.1-10
V. Conclusão 6.11-18
advertência contra os legalistas 6.11-13
Centralidade da cruz 6.14-16
Marcas de um apóstolo 6.17
Bênção 6.18
EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS
 
 
DESTINAÇÃO
 
Aos Efésios? — O título "Aos Efésios", como em todos os livros do Novo
Testamento, não é parte da própria carta. Os títulos foram acrescentados quando
foram feitas as coleções, para se identificar e separar uma carta de outra. No caso
das cartas, o título foi tirado das palavras contidas na saudação, que identificavam
aqueles a quem se endereçavam. O volume dos manuscritos gregos (os encontrados
desde o quarto século) e todas as versões antigas têm a expressão "em Éfeso" como
o local aonde esta carta foi enviada (1:1). Contudo, há duas coisas importantes que
poderiam contrariar este corpo de evidência.
 
Uma Carta Circular — A proposição mais popular entre os estudiosos bíblicos
modernos é considerar-se a Epístola aos Efésios uma carta circular, uma encíclica.
Esta carta foi escrita para circular entre as igrejas na província romana da Ásia, da
qual Éfeso era a maior cidade e a capital administrativa. Éfeso proveu o centro do
ministério de três anos de Paulo na Ásia, tendo o evangelho sido levado às áreas
circunvizinhas por seus discípulos. Porque o próprio Paulo não entrava em muitas das
cidades e vilas em torno de Éfeso, e era desconhecido de vista às igrejas de lá.
Também, se a carta é realmente encíclica, isto explicaria a ausência da expressão
"em Éfeso" em 1:1 e a maneira desapegada pela qual a carta foi escrita, a falta de
saudações e toques pessoais, que eram tão característicos de Paulo quando escrevia
a uma igreja que o conhecia bem. Numa carta circular, seria impraticável, se não
impossível, incluir saudações a pessoas de muitas igrejas diferentes, e o que poderia
ser dito pessoalmente a várias igrejas possivelmente não poderia ser dito para todas
as igrejas em que a carta seria lida. Pode-se observar que a Epístola aos Gálatas,
enviada a um grupo de igrejas em que Paulo trabalhara, também é desprovida de
saudações no seu final.
 
3.   Laços Literários com  Outros Escritos Neotestamentários —  As
estreitas semelhanças entre Efésios e Colossenses são óbvias. Cerca de um terço
das palavras contidas em Colossenses aparecem em Efésios, e setenta e cinco, dos
155 versículos de Efésios, são encontrados em Colossenses. O problema, contudo,
não está tanto no fato de o autor de Efésios usar Colossenses, mas, sim,
na maneira em que é usada. As únicas passagens que são realmente paralelas o são
em referência a Tíquico (Ef. 6:21,22; Col. 4:7,8), e não há nenhum problema aqui.
Mas, em outros lugares, o autor de Efésios toma os termos de Colossenses e
freqüentemente os usa com sentido diferente. Por exemplo, a descrição de Cristo
como o Cabeça sobre as potestades cósmicas, em Colossenses (2:10,19), torna-se
Cristo, o Cabeça da igreja em Éfeso (4:15,16). O termo "mistério" é uma palavra-
chave em ambas as epístolas, contudo, em Colossenses 1:27 é "Cristo em vós",
enquanto em Efésios torna-se a unificação dos judeus e gentios (3:3,6). A palavra
traduzida "dispensação" (oikonomía) é, em Efésios (1:10; 3:2), usada para o plano e
propósito de Deus, e, em Colossenses (1:20), ela tem o sentido de mordomia. A
reconciliação em Colossenses 1:20 é entre Deus e o homem, mas em Efésios 2:16 é
entre judeu e gentio. É feita a pergunta sobre se é possível psicologicamente um
autor fluente como Paulo usar palavras e expressões com sentidos diferentes. Os que
negam a autoria paulina respondem negativamente.
 
DATA E LOCAL
 
Já foi concluído, neste capítulo, que as Epístolas da Prisão (Efésios, Filipenses,
Colossenses e Filemom) foram escritas de Roma, durante o primeiro encarceramento
de Paulo (58-60 d.C). Há pouco foi determinado, acima, que Paulo realmente
escreveu Efésios. Portanto, estamos afirmando, neste livro, que Paulo escreveu a
Epístola aos Efésios de Roma, durante os dois anos quando esteve morando como
prisioneiro em sua própria casa alugada. Por causa da estreita ligação com a Epístola
aos Colossenses, são apresentadas maiores informações acerca do local e época da
escrita nos parágrafos correspondentes sobre a Epístola aos Colossenses.
 
OCASIÃO E PROPÓSITO
 
A própria natureza da Epístola aos Efésios impede qualquer dogmatismo acerca
de sua destinação definitiva e, portanto, acerca da ocasião e propósito. Concluímos
que ela foi escrita como uma carta circular, para ser usada nas igrejas da província
romana da Ásia. Esta conclusão é baseada nas ligações definitivas entre esta carta e
Colossenses historicamente (Ef. 6:21,22; Col. 4:7-9; e por implicação Filem; cf. Filem.
2,3; Col. 4:9-14), bem como pelo assunto. Crendo-se que estes versículos
verdadeiramente representam a situação histórica, a seguinte interpretação da
ocasião e propósito parece ser razoável:
 
ESTRUTURA E CONTEÚDO
 
Como em todas as suas cartas, Paulo primeiramente apresenta uma base
doutrinária para as exortações que se seguem, o aspecto prático na vida cristã
resultando da base teológica. Os três primeiros capítulos contêm um resumo, ainda
que indiretamente apresentado na forma de uma oração de ação de graças, das
grandes e eternas verdades da fé cristã. Os três últimos capítulos são de oratória, em
sua natureza, para exortar o crente individual a estar cônscio de sua responsabilidade
de auxiliar a igreja a cumprir seu papel no plano e propósito de Deus na história.
Em seguida à saudação (1:1,2), Paulo imediatamente entra numa oração extensiva
de ação de graças a Deus pelas bênçãos recebidas em Cristo (1:3-14). Esta é toda
uma sentença com o refrão repetido de louvor: "Para o louvor da sua glória"
(1:6,12,14). Este louvor é devido à bênção proveniente do Deus triúno, Pai (1:3-6),
Filho (1:7-12) e Espírito Santo (1:13,14). Esta oração de louvor então se torna uma
petição a Deus para que os leitores possam chegar a um entendimento do propósito
de Deus na história através de Jesus e da igreja (1:15-3:21). É nesta seção que Paulo
se eleva à sua maior altura, ao descrever o propósito de Deus na obra de Jesus: a
cristologia. Após descrever o poder disponível (aquele que ressuscitou Jesus dentre
os mortos e o exaltou acima de todo nome) para se executar o propósito de Deus
(1:15-23), Paulo escreve acerca da formação do novo povo de Deus, a Igreja (2:1-22),
através da vivificação pela graça de Deus (2:1-10) e a reconciliação de todos os
povos em Jesus (2:11-22). A oração é continuada em 3:1-21, mas com uma digressão
acerca do ministério especial de Paulo na execução da obra da Igreja em cumprir o
propósito de Deus (3:2-13). O capítulo conclui Paulo novamente dando graças pela
sabedoria de Deus em operar em pessoas e através de pessoas como ele.
 
O versículo central na epístola é 4:1, onde o tema inteiro de 1:3-3:21 é reunido
em uma oração: "Rogo-vos... que andeis como é digno da vocação com que fostes
chamados." A palavra-chave, nestes três últimos capítulos, é "andar": andar no
Espírito (4:1-16), andar na nova vida, e não na velha (4:17-32), andar em amor
(5:1,2), andar como filhos da luz (5:3-14), andar com sabedoria (5:15-21). Estes
podem ser agrupados em áreas de responsabilidades de obrigações espirituais (4:1-
16) e obrigações morais (4:17-5:21). Os aspectos práticos também são encontrados
em várias relações sociais: casamento (5:22-33), família (6:1-4) e patrão-empregado
(6:5-9). Paulo identifica o problema básico do homem como sendo que o Diabo está
trabalhando em oposição à vida cristã (6:10-12). Para tal batalha, Deus equipou o
crente com tudo o que é necessário para ele executar sua responsabilidade individual
no plano e propósito gerais da história (6:11-20). Segue-se uma explicação acerca de
Tíquico (6:21,22), e uma bênção conclui a carta (6:23,24)
 
A EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES
 
Poucos negariam que a Epístola aos Filipenses é a mais linda de todas as cartas
de Paulo. Nela, muitas características da personalidade de Paulo são reveladas:
coragem, humildade, serenidade e independência. Esta carta reflete a intimidade e
confiança mútua que existia entre a igreja e seu fundador. Tal confiança aparece na
prontidão de Paulo para aceitar auxílio material dos filipenses e ainda sentir-se livre
de qualquer insinuação de cobiça. Paulo era mais achegado a esta igreja do que a
qualquer outra. A Epístola aos Filipenses, por causa dos laços entre a igreja e Paulo,
refletidos no teor, foi chamada "A Epístola da Alegria". Alegria é a nota dominante na
carta. No século dezoito, John A. Bengel fez esta observação: "Summa epistolae;
gaudeo, gaudete" ("Resumo da carta: eu me regozijo, regozijai-vos").
 
A CIDADE DE FILIPOS
 
A cidade de Filipos era, originalmente, uma vila trácia, cujo nome, Crenides,
derivou de uma série de fontes encontradas por perto. Era localizada numa
passagem, numa cordilheira de montanhas, que dividia a Trácia da Macedônia; a Ásia
da Europa. A localização estratégica, em caso de guerra, era evidente, e, no início do
quarto século antes de Cristo, Filipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande,
estacionou uma guarnição de soldados macedônios lá e deu um novo nome à cidade,
de acordo com o seu nome. 
 
 
OCASIÃO E PROPÓSITO
 
Paulo, na prisão, recebera uma doação em dinheiro dos filipenses, trazida por
Epafrodito (2:25; 4:14,18). Epafrodito, que estivera mortalmente enfermo, estava
voltando a Filipos por solicitação de Paulo (2:28) e levaria esta carta. Paulo expressa
sua gratidão pela oferta, pelo trabalho de Epafrodito e também sua preocupação com
possíveis problemas na igreja (3:2-4:9). A carta, juntamente com a palavra pessoal do
portador, iria explicar a situação de Paulo na prisão e suas possíveis conseqüências.
Mais tarde, Paulo enviaria Timóteo para fazê-los saber como o julgamento estava
progredindo (2:19,23), e ele mesmo espera ir até eles dentro em breve (2:24). A carta
é muito pessoal, e a preocupação de Paulo para que os leitores saibam de sua
situação e da de Epafrodito é expressa em toda parte. O amor deles para com ele e o
amor de Paulo para com eles é uma nota para regozijo, porque Deus estava
operando para que eles estivessem juntos outra vez.
 
LOCAL E DATA
 
Embora a ocasião e o propósito da carta possam ser bem compreensíveis, o
local de origem e a data não estão tão claros como se poderia desejar. Sem dúvida,
Paulo era um prisioneiro (1:7,13,17; etc). Os argumentos ao contrário, e há poucos
que assim os declarariam, são altamente subjetivos e não-convincentes. O grande
problema é, naturalmente, de que prisão e quando Paulo escreveu. Nos primeiros
parágrafos deste capítulo, este problema foi discutido sucintamente. Lá foi afirmado
que, dos encarceramentos mencionados em Atos, só os de Cesaréia e Roma foram
suficientemente extensos para serem considerados. Todos os argumentos em favor
da escrita em Cesaréia poderiam também ser usados para o encarceramento em
Roma, e há pontos adicionais que favorecem Roma sobre Cesaréia. Mas Éfeso foi
sugerida como uma alternativa para Roma, quanto à origem desta carta. Como muitos
estudiosos estão se voltando para esta posição, consideraremos as duas posições,
com alguns detalhes.
 
 
AUTOR
 
É universalmente aceito que Paulo escreveu esta Epístola aos Filipenses. Desde
o tempo dos primeiros escritores patrísticos, Paulo foi designado como o autor.
Mesmo os críticos que alegam que a Filipenses Canônica é uma compilação de várias
cartas se prendem a uma origem paulina de todas as peças. Sem dúvida e
argumento, esta carta pode ser aceita como uma autêntica e genuína carta de Paulo.
 
 
ESTRUTURA E CONTEÚDOS
 
Esta carta dá, ao cristão moderno, o quadro mais completo de Paulo, o cristão, e
isto se dá por causa de sua intimidade. Paulo está escrevendo como um amigo para
amigos, assim, mesmo na saudação, ela é vista pela ausência da palavra "apóstolo"
em referência à sua pessoa O caráter pessoal da carta é refletido na proeminência do
pronome "eu", usado mais que cinqüenta vezes, muito mais que o normal para Paulo.
Há uma alegria e calor real expressados aqui, que não são encontrados alhures.
Paulo se abre. aos amigos, revelando suas lutas espirituais, suas falhas e suas
ambições, bem como sua amizade. A nota dominante, por toda parte, é a de alegria
(1:4,18; 2:2,17; 3:1; 4:1,10).
 
Após a saudação (1:1,2), Paulo expressa, numa oração, sua gratidão à igreja,
pela sua expressão de amor e cuidado (1:3-8) e ora por seu contínuo crescimento
espiritual (1:9-11). Segue-se um relato acerca de sua situação na prisão (1:12-26), no
qual ele vê seu encarceramento como um meio para a propagação do evangelho
(1:12-17), o que contribui para sua alegria no ministério apostólico, porque Cristo está
sendo proclamado com ousadia (1:18-20), e ele acredita que será solto da prisão,
embora fosse muito melhor para ele morrer e estar com Cristo (1:21-26). Seguem-se
três exortações (1:27-2:18), através das quais os filipenses são admoestados a andar
como é digno do evangelho (1:27-30), a andar humildemente, assim como Jesus fez
(2:1-11), e progredir cuidadosamente no crescimento espiritual (2:12-18). O restante
do capítulo (2:19-30) apresenta os tencionados planos de enviar Timóteo (2:19-23),
fala acerca de sua própria visita (2:24) e dá notícias de Epafrodito e apresenta a
resolução de Paulo de enviá-lo de volta ao seu lar em Filipos (2:25-30). As
advertências que se iniciam com 3:2 são para terem cuidado com os inimigos de
Cristo (3:1-14) e com os perigos da licenciosidade (3:15-4:1). Há admoestações para
a unidade, a alegria, para resolver os problemas incipientes, que podem destruir a
unidade, para a libertação da ansiedade, e para procurar as virtudes que são
duradouras (4:2-9). Mais uma vez Paulo expressa gratidão pelas doações de seus
leitores, que são evidência de seu amor mútuo (4:10-20). As saudações finais
(4:21,22) são seguidas pela bênção paulina costumeira (4:23).
 
Colossenses 
I - A inspirada carta do apóstolo Paulo aos cristãos em Colossos
Da forma como usualmente é colocada nas atuais versões da Bíblia em
português, é o 12.° livro das Escrituras Gregas Cristãs. Paulo identifica-se com o
escritor desta carta inspirada por iniciá-la com as palavras:
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, e Timóteo, nosso irmão, aos
santos e irmãos fiéis em união com Cristo, em Colossos.” (Col 1:1, 2)
Que o apóstolo foi o escritor é também confirmado pelo cumprimento final,
escrito pelo próprio punho dele.  Col 4:18.
Existe uma similaridade bastante grande entre Colossenses e Efésios. Embora
isso talvez se deva à proximidade na questão do tempo da escrita e à possibilidade
de que prevaleciam situações similares em cada uma destas cidades, esta
correspondência também significa que, se Paulo for aceito como escritor de Efésios,
ele terá de ser aceito também como escritor de Colossenses. (Para ver exemplos,
compare Col 1:24-29 com Ef 3:1-7; Col 2:13, 14, com Ef 2:1-5, 13-16; Col 2:19 com Ef
4:16; Col 3:8-10, 12, 13, com Ef 4:20-25, 31, 32; Col 3:18-25; 4:1 com Ef 5:21-23; 6:1-
9.) 
Além disso, a inclusão da carta aos colossenses junto com as outras cartas de
Paulo no Papiro Chester BeattyN.° 2 (P.46, de cerca de 200 dC) mostra claramente
que os primitivos cristãos encaravam Colossenses como um dos escritos inspirados
de Paulo. 
Papiro bíblico Chester Beatty ou simplesmente Papiro Chester Beatty refere-se
a um grupo de papirosmanuscritos de Textos bíblicos. Os manuscritos estão
no grego e são de origem cristã. Há onze manuscritos no grupo, sete destes
consistem em livros do Antigo Testamento, três são do Novo Testamento (No. de
Gregory-Aland.  P ,  P , e P ), e uma parte consistindo no livro de Enoque e de homilia
45 46 47

cristã não identificada. A maioria é datada do século III. Estão arquivados em parte
na Biblioteca de Chester Beatty e outra parte na Universidade de Michigan.Os
papiros iniciais, provavelmente foram obtidos por antigos comerciantes ilegais. Por
causa disso, as circunstâncias exatas do seu achado não estão claras. Uma teoria é
que os manuscritos estavam em vasos perto das ruínas da antiga cidade de Atfih,
no Egito. Outra teoria afirma que a coleção foi encontrada perto Fayum, outra cidade
egípcia.A maioria dos papiros foram comprados de um negociante por Alfred Chester
Beatty, cujo nome foi dado aos manuscritos, embora algumas folhas e fragmentos
foram adquiridos pela Universidade de Michigan e por alguns outros colecionadores
e instituições. Os papiros foram inicialmente anunciados em 19 de
Novembro de 1931, embora outros papiros fossem adquiridos na década seguinte.  
II - Dois fatores evidentemente motivaram Paulo a escrever sua carta aos
Colossenses.
Em primeiro lugar, Epáfras trouxera ao apóstolo um relato sobre a condição espiritual
da congregação. Parte da informação causava preocupação; mas havia também boas
notícias, porque Paulo disse que Epáfras “nos expôs também o vosso amor em
sentido espiritual”. (Col 1:7, 8) Embora houvesse problemas na congregação, a
situação não era crítica, e havia também muita coisa a elogiar. Outrossim, também,
Onésimo, escravo de Filemom, estava retornando ao seu amo em Colossos. De modo
que Paulo aproveitou esta situação para enviar sua carta à congregação ali por meio
de Onésimo, e seu companheiro Tíquico.  Col 4:7-9.  
 
II - Data e Lugar da Escrita
Não se declara diretamente onde Paulo se encontrava ao escrever aos
Colossenses. Alguns têm sugerido Êfeso.Todavia, a carta indica que o apóstolo
estava na prisão (Col 1: 24; 4:10, 18), e não há nenhum relato bíblico sobre ele estar
preso em Êfeso. Os comentários que Paulo faz em Colossenses 4: 2 - 4, 11, parecem
ser mais compatíveis com a situação do apóstolo durante o seu primeiro
encarceramento em Roma (c. 59-61 d.C.). É verdade que Paulo esteve preso
em Cesaréia (Atos 23: 33 - 35), e que Félix ordenou que houvesse algum
abrandamento da detenção do apóstolo. (Atos 24: 23) Mas, evidentemente, não era
uma liberdade tão grande como a que Paulo teve durante o seu primeiro
encarceramento em Roma, quando permaneceu por dois anos na sua própria casa
alugada e pôde pregar o Reino de Deus aos que o visitavam ali.  Atos 28:16, 23, 30,
31.
Outro fator que parece indicar que a carta foi escrita em Roma é que Onésimo estava
no lugar onde Paulo a escreveu, e ia acompanhar Tíquico na entrega dela em
Colossos. Certamente, Roma, com sua numerosa população, proveria mui
provavelmente refúgio a um escravo fugitivo. 
A carta aos Colossenses foi evidentemente escrita perto do fim do primeiro
encarceramento de Paulo em Roma, ou por volta de 60-61 dC, quando também
escreveu a carta a Filemom. Tíquico e Onésimo não só entregaram a carta aos
Colossenses, mas também a carta para Filemom. (Flm 10-12) Visto que Paulo, na sua
carta a Filemom, expressa a esperança (v. 22) de ser liberto, pode-se concluir que,
igual à dirigida a Filemom, a carta aos Colossenses foi escrita perto do fim do primeiro
encarceramento de Paulo em Roma.  
III - Rebatidos Falsos Conceitos
Uma filosofia enganosa estava sendo fomentada por falsos instrutores em
Colossos. Dava-se ênfase à observância da Lei mosaica. Promovia-se também a
prática do ascetismo. O apóstolo avisou os cristãos Colossenses a cuidarem de que
ninguém os levasse “como presa sua, por intermédio de filosofia e de vão engano,
segundo a tradição de homens, segundo as coisas elementares do mundo e não
segundo Cristo”. (Col 2:8)Paulo exortou também aos crentes a não permitirem que
alguém os julgassem pelo comer e pelo beber, “ou com respeito a uma festividade ou
à observância da lua nova ou dum sábado; pois estas coisas são sombra das coisas
vindouras, mas a realidade pertence ao Cristo”. (Col 2:16, 17) O apóstolo reconheceu
a humildade fingida pelo que realmente é, e expôs o ascetismo, dizendo: “Estas
mesmas coisas, deveras, têm aparência de sabedoria numa forma de adoração
imposta a si próprio e em humildade fingida, no tratamento severo do corpo; mas, não
são de valor algum em combater a satisfação da carne.”  Col 2:20-23.
Paulo deu ênfase à posição de superioridade, dada por Deus, que Cristo
usufrui. (Col 1:13-20) Esta verdade neutralizaria a filosofia pagã, a tradição judaica e
outra prática, uma “forma de adoração dos anjos”. (Col 2:18) As Escrituras não
esclarecem se os envolvidos nela pretendiam realizar a forma de adoração que os
anjos supostamente realizam, se pensavam estar imitando a atitude reverente dos
anjos ou se realmente adoravam essas criaturas espirituais.  
IV - DESTAQUES DE COLOSSENSES
1. A carta destaca o apreço pela posição de Cristo, dada por Deus, como o meio para
neutralizar conceitos e práticas erradas.
2. Escrita por Paulo perto do fim do seu primeiro encarceramento em Roma.
3. Apreço pela posição de Cristo. (1:12:12)
4.  Elogiada a fé em conexão com Cristo e o amor a todos os santos, com quem
compartilhavam a esperança celestial.
5. Posição de destaque dada a Cristo: Ele é a imagem de Deus, o primogênito de toda a
criação, aquele por intermédio de quem foram criadas todas as outras coisas, cabeça
da congregação, primogênito dentre os mortos.
6. A reconciliação com Deus é realizada por meio de Cristo. 
  Ocultos em Cristo se acham todos os tesouros de verdadeira sabedoria e
conhecimento. 
7. Prossigam andando em união com ele; não se deixem levar por alguém como presa,
por meio de filosofias humanas. 
8. A Lei mosaica foi tirada do caminho por Deus mediante Cristo. (2:13-23)  Deus,
figurativamente, pregou o pacto da Lei na estaca de tortura na qual Cristo morreu.
9. Os requisitos da Lei eram sombra; a realidade pertence ao Cristo.
10. Que nenhum homem o prive do prêmio por induzí-lo a seguir mandamentos e ensinos
de homens, em vez de se apegar a Cristo como cabeça.
11. Revista-se da nova personalidade, sujeitando-se à autoridade de Cristo. (3:1-17)
12. Mantenha a mente fixa nas coisas de cima, não nas coisas na terra. Amorteça os
desejos impuros da carne; afaste de si atitudes e conversa erradas.  Revista-se de
compaixão, benignidade, humildade mental, brandura, longanimidade.
13. Deixe a paz de Cristo dominar no coração.
14.  Faça tudo no nome do Senhor Jesus, agradecendo a Deus por meio dele.
15. As relações com outros devem ser influenciadas pelo apreço por Deus e Cristo.
(3:184:18)
16. Esposas, maridos, filhos, escravos e amos devem cumprir com as responsabilidades,
não como para agradar a homens, mas com temor de Deus, reconhecendo que
Cristo, no céu, é nosso Amo. 
17. Persevere em oração;
18. Ande em sabedoria. 
19. Cumprimentos pessoais a conservos do Senhor. 
V – Propósito
  Essa epístola foi escrita para a igreja de Colossos, cidade perto de Laodicéia e
Hierápolis. O apóstolo ficara sabendo de dois graves erros doutrinários que
ameaçavam a igreja:
❖ Forma de legalismo ascético – 2: 14 – 17
❖ Espécie nociva de misticismo – 2: 18 – 23
Para combatê-los, a epístola exalta a pessoa e a obra de Cristo e a união do crente
com ele como resposta definitiva a erros dessa espécie.
 
VI – ESBOÇO
 
➢ 1: 1 – 14 – O interesse de Paulo pelos Colossenses;
➢ 1: 15 – 29 – A glória da pessoa e da obra de Cristo;
➢ 2: 1 – 23 – Cristo como resposta aos erros doutrinários;
➢ 3: 1 – 4:18 – A união com Cristo como fundamento do viver cristão;
 
Cartas aos Tessalonicenses
 
Duas cartas inspiradas das Escrituras Gregas Cristãs, talvez as primeiras a
serem redigidas pelo apóstolo Paulo, que se identifica como o escritor de
ambas. (1Te 1:1; 2:18; 2Te 1:1; 3:17) Na época em que essas cartas foram
escritas, Silvano (Silas) e Timóteo estavam com Paulo. (1Te 1:1; 2Te 1:1) Isto
indica que elas foram enviadas de Corinto, visto que não há nenhum registro de
que esses três homens tenham trabalhado de novo juntos, depois de sua estada
em Corinto, durante a segunda viagem missionária de Paulo. (At 18:5) Visto que
os 18 meses de atividade do apóstolo em Corinto parecem ter começado no
outono de 50 dC, é provável que a primeira carta aos tessalonicenses tenha sido
escrita por volta dessa época. (At 18:11) A segunda carta deve ter sido escrita
não muito tempo depois, provavelmente por volta de 51 dC.
 
Em todos os catálogos importantes do segundo, do terceiro e do quarto
séculos dC, as duas cartas são alistadas como canônicas. Elas também se
harmonizam plenamente com o restante das Escrituras ao admoestarem os
servos de Deus a manter uma conduta excelente em todas as ocasiões. É digna
de nota também a ênfase que se dá nestas cartas à oração. Paulo, junto com
seus colaboradores, sempre se lembrava dos tessalonicenses em oração (1Te
1:2; 2:13; 2Te 1:3, 11; 2:13), e o apóstolo os encorajou:
“Orai incessantemente. Dai graças em conexão com tudo.” (1Te 5:17, 18)
“Irmãos, continuai a orar por nós.”  1Te 5:25; 2Te 3:1.
 
I - Fundo Histórico de Primeira Aos Tessalonicenses
A congregação à qual Primeira aos Tessalonicenses foi dirigida sofreu perseguição
praticamente desde o início. Depois de chegar a Tessalônica, Paulo pregou na
sinagoga local por três sábados. Considerável número de pessoas tornara-se crentes,
e formou-se uma congregação. Judeus fanáticos, porém, provocaram violento motim.
Quando não encontraram Paulo e Silas na casa de Jasão, a turba arrastou Jasão e
outros irmãos até os governantes da cidade, acusando-os de sedição. Apenas depois
de pagarem “suficiente fiança” é que Jasão e os outros foram libertados. Isto moveu
os irmãos a enviar Paulo e Silas para Beréia, à noite, evidentemente para o bem da
congregação e para a segurança dos dois.  Atos 17:1-10. 
Depois disso, além de contínua perseguição (1Tess. 2:14), a congregação pelo
visto sentiu grande tristeza com a perda de um, ou mais, de seus membros na morte.
(4:13) Cônscio da pressão que se exercia sobre a nova congregação, e muitíssimo
preocupado com o efeito que isto teria, Paulo enviou Timóteo para confortar e
fortalecer os tessalonicenses. Antes disso, o apóstolo tentara duas vezes visitá-los,
mas ‘Satanás se interpusera em seu caminho’.  2:17; 3:3.
Paulo regozijou-se ao receber o relatório encorajador de Timóteo sobre a fidelidade
e o amor dos tessalonicenses. (1Tess. 3: 6-10) No entanto, eles precisavam de mais
encorajamento e admoestação para resistirem às fraquezas da carne. Por este
motivo, além de elogiar os tessalonicenses por sua perseverança fiel (1:2-10; 2:14;
3:6 -10) e de confortá-los com a esperança da ressurreição (4:13-18), Paulo exortou-
os a continuar seguindo o proceder aprovado por Deus e a fazê-lo ainda mais
plenamente. (4:1, 2) Entre outras coisas, o apóstolo aconselhou-os a abster-se de
fornicação (4:3-8), a amar uns aos outros em medida mais plena, a trabalhar com
suas próprias mãos (4:9-12), a permanecer espiritualmente despertos (5: 6-10), a ter
consideração pelos que trabalhavam arduamente entre eles, a ‘admoestar os
desordeiros, a falar consoladoramente às almas deprimidas, a amparar os fracos, a
ser longânimes para com todos’ e a ‘abster-se de toda forma de iniqüidade’ (5:11-22). 
II - Fundo Histórico de Segunda  Aos Tessalonicenses
A fé dos cristãos em Tessalônica crescia sobremaneira, seu amor mútuo aumentava,
e eles continuavam a suportar fielmente perseguição e tribulação. Portanto, o
apóstolo Paulo, como em sua primeira carta, elogiou-os e incentivou-os a continuar
firmes.  2Te 1:3-12; 2:13-17. 
No entanto, havia na congregação alguns que diziam erroneamente que a
presença de Jesus Cristo era iminente. É até possível que uma carta, erroneamente
atribuída a Paulo, tenha sido interpretada como indicando que “o dia do Senhor está
aqui”. (2Tss 2: 1, 2) Pode ter sido esta a razão pela qual o apóstolo frisou a
genuinidade da sua segunda carta, ao dizer: “Aqui está o meu cumprimento, o de
Paulo, pela minha própria mão, que é sinal em cada carta; é assim que eu escrevo.”
(3:17) Não desejando que os irmãos fossem seduzidos a aceitar um ensino errôneo,
Paulo mostrou que outros eventos tinham de preceder à vinda do dia do Senhor . Ele
escreveu: “Não virá a menos que venha primeiro a apostasia e seja revelado o
homem que é contra a lei.”  2:3.
Um problema que já existia antes na congregação ainda precisava de atenção. Em
sua primeira carta aos tessalonicenses, Paulo lhes dissera: “Exortamo-vos, . . .
irmãos, . . . que tomeis por vosso alvo viver sossegadamente, e que cuideis de vossos
próprios negócios e trabalheis com as vossas mãos, assim como vos ordenamos, a
fim de que andeis decentemente para com os de fora e não necessiteis de nada.”
(1Tss. 4:10 - 12) Havia alguns na congregação que não levaram a peito essa
admoestação. Por isto, Paulo ordenou que essas pessoas trabalhassem
sossegadamente e comessem o alimento que elas próprias ganhassem,
acrescentando: “Mas, se alguém não for obediente à nossa palavra por intermédio
desta carta, tomai nota de tal, parai de associar-vos com ele, para que fique
envergonhado. Contudo, não o considereis como inimigo, mas continuai a admoestá-
lo como irmão.”  2 Tess. 3:10-15.
III - DESTAQUES DE PRIMEIRA TESSALONICENSES
➢ Encorajamento e conselhos para uma congregação relativamente nova. 
  Escrita por Paulo por volta de 50 dC, poucos meses depois de ter deixado
Tessalônica por causa dum motim. 
 
➢ Elogios à congregação. (1Tess. 1:1-10)
 
➢ Paulo elogia cordialmente os tessalonicenses por seu trabalho e perseverança fiéis.
 
➢ Os tessalonicenses tornaram-se exemplo para outros crentes ao aceitarem a palavra
sob tribulação e com a alegria que o Espírito de Deus produz. 
  Relata-se em todo lugar que eles abandonaram a idolatria e passaram a trabalhar
como escravos do Deus vivente e a aguardar Jesus. 
 
➢ O exemplo de Paulo quando estava entre eles. (2:1-12) 
Depois de ser tratado com insolência em Filipos, Paulo derivou forças de Deus e
pregou denodadamente aos tessalonicenses. 
 
➢ Paulo esquivava-se de lisonja, cobiça e busca de glória.
 
➢ Ele evitou tornar-se um fardo para os irmãos, mas tratou-os gentilmente, como a mãe
lactante faria, e exortou-os como um pai amoroso. 
 
➢ Encorajamento para permanecerem firmes em face de perseguição. (2:133:13) 
  Os irmãos em Tessalônica, depois de aceitarem a mensagem que lhes fora
transmitida como a palavra de Deus, foram perseguidos por seus conterrâneos; as
mesmas coisas aconteciam na Judéia, onde os cristãos estavam sofrendo às mãos
dos judeus.
 
➢ Paulo havia tido grande desejo de ver os tessalonicenses; quando não mais pôde
suportar a falta de notícias deles, enviou Timóteo, e este acabava de voltar com boas
novas da condição espiritual deles. 
  Paulo orou pedindo que continuassem a aumentar. 
 
➢ Admoestação sobre atitude e conduta. (4:1-5:28)
 
➢ Andem mais plenamente no proceder que agrada a Deus; abstenham-se de
fornicação. 
 
➢ Amem os irmãos num grau ainda maior; trabalhem com suas mãos para que até
mesmo as pessoas de fora vejam que andam decentemente. 
 
➢ Confortem-se com a esperança de que na presença de Cristo os crentes gerados pelo
Espírito, que tiverem morrido, serão ressuscitados primeiro e unidos a Cristo; depois,
os que ainda estiverem vivos se juntarão a ele e aos já ressuscitados. 
O dia do Senhor vem como ladrão  quando estiverem dizendo: “Paz e segurança!”,
virá a repentina destruição; em vista disto, permaneçam espiritualmente despertos,
protegidos pela fé e pelo amor como couraça, e pela esperança da salvação como
capacete. 
Tenham profunda consideração por aqueles que presidem na congregação; sejam
pacíficos, empenhem-se pelo que é bom, alegrem-se sempre, dêem graças,
certifiquem-se de todas as coisas, apeguem-se ao que é excelente e abstenham-se
da iniqüidade. 
IV - DESTAQUES DE SEGUNDA TESSALONICENSE
➢   Carta para corrigir um conceito errado a respeito da presença de Cristo e para dar
conselhos sobre como tratar pessoas desordeiras.
 
➢ Escrita por Paulo pouco depois de sua primeira carta aos tessalonicenses.

 
➢ O alívio virá na revelação de Cristo. (2 Tess. 1:1-12)
 
➢ Os tessalonicenses são elogiados por sua perseverança e fé ao sofrerem
perseguições e angústia.
 
➢ O alívio virá na revelação de Cristo; nesta ocasião, Jesus Cristo, acompanhado por
poderosos anjos, destruirá os que não obedecem às boas novas e será glorificado
com relação aos seus santos.
 
➢ Paulo ora pedindo que os tessalonicenses sejam achados dignos para que o nome do
Senhor Jesus seja glorificado neles.
Cartas a Timóteo
Cartas para um Jovem Pastor
Timóteo, amado "filho" na fé. O jovem Timóteo morava na cidade asiática de
Listra, e era filho de uma judia crente e um pai grego (veja Atos 16:1). É provável que
Timóteo e sua mãe fossem convertidos pela pregação de Paulo durante a primeira
viagem missionária do apóstolo (veja Atos 14). Ao visitar Listra novamente durante
sua segunda viagem, Paulo ouviu o bom testemunho dos irmãos sobre Timóteo e
decidiu levá-lo consigo para o trabalho da pregação do evangelho (Atos 16:2-3).
Sendo que o pai de Timóteo não era cristão, Paulo logo se tornou como um "pai" na fé
para este discípulo. O apóstolo mostra grande respeito, confiança, e amor por
Timóteo, mencionando o discípulo com muita a- feição em 8 das 13 cartas que
escreveu.
I - O tema das cartas
A tarefa de Timóteo na cidade de Êfeso não era pequena. Paulo o havia deixado
com o cargo de corrigir "certas pessoas" que estavam promovendo erro doutrinário (1
Timóteo 1:3). Na primeira carta, para ajudá-lo a combater estes falsos mestres, Paulo
ensina a Timóteo "como se deve proceder na casa de Deus" (1 Timóteo 3:15).
Embora que Timóteo fosse ainda jovem (1 Timóteo 4:12), ele teria que ensinar e
ordenar estes mandamentos de Deus aos irmãos de Éfeso (1 Timóteo 4:6,11,16).
Na segunda carta, Paulo encoraja Timóteo a continuar pregando a palavra,
corrigindo e repreendendo "com toda a longanimidade e doutrina" (2 Timóteo 4:2),
mesmo no meio de muitas perseguições pelas mãos dos infiéis (2 Timóteo 1:8; 2:3;
3:12-13; 4:5).
A ênfase de Paulo nestas duas cartas está sempre voltada à palavra de Deus.
Tudo o que Timóteo precisava, tanto para corrigir erros doutrinários como para ficar
firme no meio de tribulação, ele poderia achar na palavra do Senhor. Por este motivo,
Paulo exorta a Timóteo: "aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino" (1 Timóteo 4:13),
e "procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro...que maneja bem a palavra
da verdade" (2 Timóteo 2:15).
Paulo sabia que Timóteo precisava da palavra de Deus para fazer o trabalho de
evangelista. Ele não ordenava que Timóteo se apoiasse na sua "experiência", e nem
que ele estudasse teologia para aprender pregar. Em vez disso Paulo mandou: "tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina...porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo
como aos teus ouvintes" (1 Timóteo 4:16).
II - O caráter das cartas
Paulo, embora tendo grande intimidade como um "pai" para Timóteo, começa as
duas cartas falando da sua autoridade como apóstolo (1 Timóteo 1:1; 2 Timóteo 1:1).
Estas não são meramente cartas particulares, mas contêm a revelação divina de
Deus (veja 1 Coríntios 14:37; Efésios 3:3-5; 2 Pedro 3:15-16).
As cartas foram escritas inicialmente para Timóteo, e assim contêm muitas
referências particulares, que não podemos aplicar como mandamento do Senhor (veja
1 Timóteo 1:3 e 5:23; 2 Timóteo 4:21). Mesmo assim, elas têm um segundo nível de
aplicação universal, revelando a vontade de Deus sobre o papel das mulheres (1
Timóteo 2:11-15), as qualificações dos bispos e diáconos (1 Timóteo 3:1-13), a
inspiração das Escrituras (2 Timóteo 3:14-17), e várias outras coisas.
III - Destinatário
Duas cartas inspiradas das Escrituras Gregas Cristãs, que o apóstolo Paulo dirigiu
a Timóteo, identificando-se logo nas palavras iniciais de cada carta como o escritor.
(1Ti 1:1; 2Ti 1:1) A primeira carta foi evidentemente escrita na Macedônia.
IV - Autoria
A base para se atribuir uma data aproximada à composição desta carta acha-se no
capítulo 1, versículo 3 de 1 Tess. onde lemos: “Assim como te encorajei a ficar em
Éfeso, quando eu estava para ir à Macedônia, assim faço agora.” Não se faz menção
alguma disto no livro de Atos, que abrange o período desde a época da ascensão de
Jesus ao céu, em 33 dC, até o segundo ano da detenção de Paulo em Roma, por
volta de 61 dC. Assim sendo, parece ter sido algum tempo depois de libertado que
Paulo incentivou Timóteo a permanecer em Éfeso, e então, pelo visto, Paulo partiu
para a Macedônia. Isto situaria a época da escrita de Primeira a Timóteo entre a data
da libertação do apóstolo de sua primeira prisão em Roma e seu encarceramento final
ali, ou por volta de 61 - 64 dC. A segunda carta foi composta em Roma, durante a
detenção final de Paulo (provavelmente c. 65 dC), e não muito antes de sua morte.  2
Tess. 1:8, 17; 4:6-9. 
V - Autenticidade
A autenticidade da Primeira e Segunda a Timóteo acha-se bem confirmada.
Todos os importantes catálogos antigos, começando pelo Fragmento Muratoriano do
segundo século dC, alistam ambas as cartas como canônicas. Mais importante é que
tais cartas estão em completa harmonia com o restante das Escrituras, e fazem
citações delas. Citam ou fazem alusões a Números (16:5; 2Ti 2:19), Deuteronômio
(19:15; 25:4; 1Ti 5:18, 19), Isaías (26:13; 2Ti 2:19), e às palavras de Jesus Cristo (Mt
10:10; Lu 10:7; 1Ti 5:18). Dignas de nota são as freqüentes referências à fé (1Ti 1:2,
4, 5, 14, 19; 2:7, 15; 3:9, 13; 4:1, 6, 12; 5:8, 12; 6:10, 11, 12, 21; 2Ti 1:5, 13; 2:18, 22;
3:8, 10, 15; 4:7), bem como a ênfase à doutrina correta (1Ti 1:3, 4; 4:1-3, 6, 7; 6:3, 4,
20, 21; 2Ti 1:13; 3:14, 15; 4:3, 5), à conduta (1Ti 2:8-11, 15; 3:2-13; 4:12; 5:1-21; 6:1,
2, 11-14; 2Ti 2:22), à oração (1Ti 2:1, 2, 8; 4:5; 5:5; 2Ti 1:3) e à perseverança fiel sob
sofrimentos (2Ti 1:8, 12; 2:3, 8-13). 
VI - Fundo Histórico de Primeira a Timóteo
Por volta de 56 dC, quando se reuniu em Mileto com os anciãos da congregação de
Éfeso, o apóstolo Paulo lhes disse: “Sei que depois de eu ter ido embora entrarão no
meio de vós lobos opressivos e eles não tratarão o rebanho com ternura, e dentre vós
mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos.”
(At 20:29, 30) Em questão de alguns anos, a situação referente ao ensino de
doutrinas falsas tornou-se tão grave, que Paulo incentivou Timóteo a permanecer em
Éfeso, para que ‘mandasse a certos que não ensinassem doutrina diferente, nem
prestassem atenção a histórias falsas e a genealogias’. (1Ti 1:3, 4) Por conseguinte,
Timóteo teve de travar um combate espiritual dentro da congregação cristã, para
preservar a pureza dela, e ajudar seus membros a permanecer na fé. (1: 18, 19)
Aplicar ele as coisas mencionadas na carta do apóstolo serviria para proteger os
membros da congregação de se desviarem.  
Para que a congregação prosperasse, não se podia desperceber a oração. A fim
de que os cristãos pudessem continuar levando uma vida calma e sossegada, sem
interferências, era correto que orassem com respeito a reis e a homens em altas
posições governamentais. A respeito dos que representavam a congregação em
oração, Paulo escreveu: “Desejo . . . que em todo lugar os homens façam orações,
erguendo mãos leais, sem furor e sem debates.” Isto significava achegar-se a Deus
de modo puro, sem quaisquer sentimentos de animosidade ou de ira para com
outros.  1 Tess.  2:1-8. 

Timóteo também tinha de ficar alerta para que as mulheres mantivessem seu lugar
designado por Deus (1Tm 2:9-15); para que apenas homens habilitados servissem
como superintendentes e servos ministeriais, pois tais atuariam como forte baluarte
contra a apostasia (3:1-13; 5:22); para que as viúvas merecedoras recebessem ajuda
da congregação (5:3-16); para que se mostrasse a devida consideração aos anciãos
que presidiam de maneira excelente (5:17-19); para que os escravos se portassem de
modo correto para com seus amos (6:1, 2); para que todos ficassem contentes com
aquilo que possuíam, em vez de procurarem ficar ricos (6:6-10); e para que os ricos
não baseassem suas esperanças em coisas materiais, sendo, em vez disso, ricos em
obras excelentes, e manifestando generosidade (6:17-19). O próprio Timóteo tinha
de ser um “exemplo para os fiéis, no falar, na conduta, no amor, na fé, na castidade”,
e também tinha de preocupar-se em continuar a fazer progresso.  4:12, 15, 16; 6:11-
14. 
VII - Fundo Histórico de Segunda a Timóteo
Em 64 dC, um grande incêndio grassou em Roma, destruindo cerca de um
quarto da cidade. Surgiram rumores de que o César Nero era responsável por isso.
Para proteger-se, Nero lançou a culpa nos cristãos. Isto parece ter suscitado uma
onda de violenta perseguição governamental. Foi provavelmente por volta dessa
época (c. 65 dC) que o apóstolo Paulo foi novamente preso em Roma. Embora muitos
o abandonassem, e ele sofresse em cadeias e enfrentasse a morte iminente (2Tess.
1:15, 16; 4:6-8), o apóstolo escreveu uma carta animadora a Timóteo, carta esta que
preparava seu colaborador mais jovem para resistir aos elementos apóstatas de
dentro da congregação, e para ficar firme diante de perseguição. (2: 3-7, 14-26;
3:144:5) Por ficar sabendo das circunstâncias pelas quais Paulo passava, Timóteo
teria meios de derivar encorajamento do bom exemplo de perseverança fiel do
apóstolo sob grande tribulação.  2: 8 -13. 
Destemidamente, com a força que Deus dá, Paulo exortou Timóteo: “Atices,
como a um fogo, o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos.
Porque Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de poder, e de amor, e de
bom juízo. Portanto, não te envergonhes do testemunho a respeito de nosso Senhor,
nem de mim, prisioneiro pela causa dele, mas participa em sofrer o mal pelas boas
novas, segundo o poder de Deus.”  2 Tess. 1: 6 - 8. 
VIII - DESTAQUES DE PRIMEIRA A TIMÓTEO
❖ Conselho a um dirigente cristão sobre suas responsabilidades.
❖ Conselhos visando o bem-estar espiritual do próprio Timóteo. 
  Trave o combate espiritual, mantendo a fé e uma boa consciência. (1Tm 1:18, 19)
❖ Sua preocupação deve ser, não com o treinamento corporal, mas com a devoção
piedosa; não permita que outros menosprezem sua mocidade, antes dê bom exemplo
e faça progresso. (4: 7b-16)
❖ Não se precipite em designar alguém a um cargo, para evitar ser partícipe nos
pecados de outros. ( 5: 22) 
❖ Avisos contra influências corrompedoras na congregação.
❖ Ordene a certos que não ensinem doutrinas diferentes, nem prestem atenção a
histórias falsas e a genealogias. ( 1: 3, 4)
❖ Alguns se desviaram do amor e da fé sem hipocrisia; desejam ser instrutores da lei,
mas carecem de entendimento sobre sua finalidade. (1:5-11)
❖ Em tempos posteriores haverá um desvio da fé. ( 4: 1-5) 
  Combata as influências erradas; nutra-se com palavras de fé; rejeita histórias falsas.
(4: 6, 7a)
❖  Ensinamentos falsos produzem inveja, rixa, linguagem ultrajante, suspeitas, disputas
violentas e o uso do que é piedoso para ganho egoísta. (6:3-5) 
  Fuja dos maus frutos resultantes do amor ao dinheiro; trave a luta excelente da fé e
resista às doutrinas falsas. (6: 11, 12, 20, 21) 
❖ Habilitações para os designados a servir como dirigentes e servos ministeriais. 
❖ As habilitações do superintendente incluem ser ele irrepreensível; ter uma só esposa;
ser ajuizado, ordeiro, hospitaleiro, qualificado para ensinar, evitar bebidas e
no temperamento, razoável; não amante do dinheiro; presidir bem sua família; não ser
recém-convertido; e ter boa reputação fora da congregação. (3: 1-7)
❖ Os servos ministeriais devem ser sérios, não de língua dobre, não beber, não ser
ávidos de ganho desonesto, ser primeiro testados quanto à aptidão, estar livres de
acusação, presidir bem a família. (3: 8-10, 12, 13)
❖ Instruções sobre diversas necessidades da congregação.  
❖ Deve-se orar com respeito a toda sorte de homens  inclusive governantes, a fim de
que os cristãos possam levar uma vida pacífica com devoção piedosa; é da vontade
de Deus que toda sorte de homens sejam salvos. (2:1-4)
❖ Há um só Deus e um só mediador, Jesus Cristo, de modo que os homens que oram
devem erguer “mãos leais, sem furor e sem debates”. (2:5-8)
❖ As mulheres devem vestir-se de forma modesta e com decoro, refletindo reverência a
Deus; não devem ensinar na congregação ou exercer autoridade sobre o homem. (2:
9-15) 
❖ Somente viúvas com 60 anos ou mais, que gozem de boa reputação e que não
tenham filhos nem netos vivos, devem ser incluídas na lista das que recebem ajuda
material da congregação. (5: 3-16) 
❖ Os anciãos que trabalham arduamente em falar e em ensinar devem ser considerados
merecedores de “dupla honra”. (5: 17, 18)
❖ Não aceite uma acusação contra um ancião, a menos que haja duas ou três
testemunhas; os que praticam pecado devem ser repreendidos perante todos os
espectadores. (5:19-21)
❖ Os escravos devem ser exemplares na sujeição aos seus donos, especialmente se
seus amos forem concrentes. (6:1, 2) 
  Todos devem estar contentes se tiverem o sustento e com que se cobrir; o amor ao
dinheiro é raiz de coisas prejudiciais, e os decididos a ficar ricos sofrem danos
espirituais. (6:6-10)
❖ Os ricos não devem ser arrogantes, confiando nas riquezas; antes, devem estar
prontos para partilhar generosamente com os necessitados. (6:17-19) 
IX - DESTAQUES DE SEGUNDA A TIMÓTEO
o Incentivo e conselhos para ajudar Timóteo a permanecer firme nos tempos difíceis à
frente.
o A última carta inspirada escrita por Paulo, durante sua segunda detenção em Roma.
o Incentivo para Timóteo prosseguir fazendo progresso.
o Atice, como a um fogo, o dom de Deus que você recebeu; não se envergonhe de dar
testemunho sobre Cristo ou sobre Paulo, um prisioneiro; participe no sofrimento pelas
boas novas. (2ª Tess. 1: 6 - 8)
o Guarde o modelo de palavras salutares. (1: 13, 14) 
o Como soldado, tenha um objetivo em vista; como um atleta nos jogos, compita
segundo as regras; seja como o lavrador, que trabalha arduamente; persevere
fielmente. (2: 3 -13)
o Faça o máximo para apresentar-se aprovado por Deus, manejando corretamente a
palavra da verdade. (2: 15)
o Fuja dos desejos da mocidade, mas empenhe-se por qualidades piedosas na
companhia daqueles que invocam o Senhor dum coração puro. (2: 22) 
o Conselhos para ajudar Timóteo a permanecer firme contra falsos instrutores.
o Evite discussões sobre palavras e conversas que violam o que é santo; com brandura,
procure restabelecer os enlaçados pelo Diabo. (2: 16-26) 
o Nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar, devido às atitudes
iníquas das pessoas; elas serão amantes do dinheiro e dos prazeres, em vez de
amantes de Deus; afaste-se de tais pessoas. (3: 17)
o Estes homens corruptos continuarão resistindo à verdade; mas apegue-se àquilo que
você aceitou como veraz, pois aprendeu de pessoas a quem conhecia bem e com
base nas Escrituras inspiradas. (3:8 - 17)
o Persevere em pregar a palavra, evangelizando, efetuando plenamente seu ministério 
muito embora esteja chegando o tempo em que os homens não desejarão ouvir a
doutrina salutar, mas preferirão que os instrutores de sua escolha lhes façam cócegas
nos ouvidos. (4:1-5) 
X - A situação de Paulo como prisioneiro
▪ Paulo foi nomeado apóstolo de Jesus Cristo; agora está sofrendo por isso, mas não se
envergonha. (1:11, 12)
▪  Como prisioneiro em cadeias, praticamente todos do distrito da Ásia o abandonaram,
mas Onesíforo procurou-o diligentemente e lhe trouxe revigoramento (1:15-18)
▪ Reconhecendo a iminência de sua morte, Paulo aguarda confiantemente o dia em que
Jesus Cristo concederá a coroa da justiça a ele e a todos os demais que amaram Sua
manifestação. (4:6-8)
▪ Ninguém se pôs do lado dele na primeira defesa; todavia, Paulo foi fortalecido pelo
Senhor Jesus Cristo; está confiante de que o Senhor o salvará para Seu Reino
celestial. (4:16-18).
Conclusão
Natural de Listra, filho de pai grego e de mãe judia, Eunice (Act 16,1), Timóteo
tornou-se companheiro de Paulo, desde que este por ali passou, no decorrer da
segunda viagem missionária (Act 15,35-18,22). Aparece associado a ele no endereço
de várias Cartas (2 Cor, Cl, 1 e 2 Ts, Flm), está ao seu lado em Atenas (Act 17,14-15),
em Corinto (Act 18,5), em Éfeso (Act 19,22) e é um dos portadores da colecta para
Jerusalém (Act 20,4). Foi encarregado por Paulo de várias missões difíceis, para
resolver situações delicadas (Rm 16,21; 1 Cor 4,17; 16,10-11; Fl 2,19-24; 1 Ts 3,2-6). 
Carta a Tito
Tito foi, juntamente com Timóteo, um dos principais colaboradores de Paulo. De
origem grega, aderiu à fé, provavelmente através de Paulo, durante a primeira viagem
missionária deste. Certo é que o acompanhou a Jerusalém, para a assembléia
apostólica, constituindo um exemplo vivo da decisão tomada de não impor os
costumes judaicos aos cristãos oriundos do mundo pagão, pois, embora sendo grego,
não foi obrigado a circuncidar-se (Gl 2,1.3).
AÇÃO DE TITO
Na sua colaboração com Paulo, foram-lhe confiadas tarefas delicadas como a
organização da coleta em favor das igrejas da Judéia (2 Cor 8,6-17) e,
provavelmente, a pacificação da comunidade de Corinto e a reconciliação entre esta e
o próprio Paulo (2 Cor 2,1-13).
Paulo refere-se a ele sempre em termos muito elogiosos (2 Cor 7,6-7.13-16;
12,18). Segundo 2 Tm 4,10, foi-lhe ainda confiada uma missão na Dalmácia. A
presente Carta dá-o como “bispo” de Creta (Tt 1,5), onde, segundo a tradição,
exerceu o ministério até ao fim dos seus dias. É estranho que os Atos dos Apóstolos,
que mencionam várias vezes Timóteo, não façam nenhuma referência a Tito. Nunca
foi apresentada uma explicação convincente para o fato, sugerindo alguns que Tito é
o redator das passagens “nós” dos Atos (Act 16,10-17; 20,5-21,18; 27,1-28,16).
AUTENTICIDADE
A maioria dos exegetas contesta a autenticidade paulina da Carta a Tito, quer
pelo vocabulário utilizado, que se afasta bastante do que encontramos nas autênticas
Cartas de Paulo, quer pelos problemas tratados, que fazem supor uma fase de
desenvolvimento da Igreja posterior à época apostólica.
Além disso, a Carta encontra-se redigida num tom muito impessoal, com
exceção do título de «meu verdadeiro filho» que se encontra na saudação (1,4),
longe, pois, das afetuosas referências de Paulo a Tito noutras Cartas.
O Objetivo da Carta
A carta evidentemente devia servir como guia para Tito, e lhe dava apoio
apostólico para o desempenho de seus deveres relacionados com as congregações
cretenses. Sua designação não era nada fácil, pois tinha de lidar com pessoas
rebeldes. Como Paulo escreveu: “Há muitos indisciplinados, conversadores
improfícuos e enganadores da mente, especialmente os homens que aderem à
circuncisão. É preciso fechar a boca de tais, visto que estes mesmos persistem em
subverter famílias inteiras por ensinarem coisas que não deviam, por causa de ganho
desonesto.” (Tit 1:10, 11) Também, entre os cretenses, eram comuns a mentira, a
glutonaria e a preguiça, e, pelo visto, alguns dos cristãos refletiam essas
características ruins. Por esse motivo, Tito tinha de repreendê-los com severidade e
mostrar-lhes o que se exigia dos cristãos, quer jovens, quer idosos, varões ou
mulheres, escravos ou livres. Pessoalmente, tinha de ser exemplo de obras
excelentes e mostrar incorruptibilidade no ensino. Tit 1:123:2. 
DESTAQUES DE TITO
▪ Conselhos a um ancião sobre como lidar com as situações numa designação
muitíssimo difícil.
▪ Carta escrita pelo apóstolo Paulo, evidentemente após seu primeiro encarceramento
em Roma.
▪ Designação de presbíteros e como lidar com sérios problemas. 
  Tito é comissionado a corrigir as coisas defeituosas e a designar superintendentes
nas diversas cidades de Creta. (1:5)
▪ O homem designado superintendente deve estar livre de acusação, deve ser exemplar
tanto pessoalmente como em sua vida familiar, hospitaleiro, equilibrado, dominando a
si mesmo; precisa representar corretamente a verdade em seu ensino, sendo assim
capaz de exortar e repreender aqueles que contradizem. (1:6-9)
▪ Homens indisciplinados nas congregações têm de ser silenciados, especialmente os
adeptos da circuncisão, que subverteram famílias inteiras; devem ser repreendidos
com severidade para que todos sejam sãos na fé. (1:10-16) 
▪ Questões tolas, genealogias e conflitos sobre a Lei devem ser evitados; alguém que
promova uma seita deve ser rejeitado depois de ter sido admoestado pela segunda
vez. (3: 9 - 11) 
Boas Recomendações
❖ Os homens idosos são incentivados a ser exemplos de moderação, seriedade, juízo,
fé, amor e perseverança. (2:1, 2)
❖ As mulheres idosas são igualmente exortadas a ser exemplares; devem ser
instrutoras do que é bom, para que possam ajudar as mulheres mais jovens a encarar
corretamente suas responsabilidades como esposas e mães, a fim de não trazerem
vitupério sobre a palavra de Deus. (2:3-5)
❖ Os homens mais jovens são exortados a serem ajuizados. (2:6-8) 
  Os escravos devem estar sujeitos aos seus donos, para que adornem o ensino de
Deus. (2:9, 10)
❖ A benignidade imerecida de Deus deve motivar os cristãos a repudiar a impiedade e a
viver com bom juízo neste sistema de coisas, enquanto aguardam pacientemente a
gloriosa manifestação de Deus e de Jesus Cristo. (2:11-15) 
❖ Devem mostrar a devida sujeição a governantes, evitar ser beligerantes e cultivar a
razoabilidade e a brandura. (3:1, 2)
❖ Paulo e seus con-cristãos haviam, outrora, procedido em maldade também; mas, por
intermédio da benignidade imerecida de Deus, foram salvos e têm agora a esperança
segura da vida eterna; esses fatos devem ser constantemente enfatizados, a fim de
incentivar os crentes a concentrar a mente em obras excelentes. (3: 3-8)
Esboço
Saudação inicial (1,1-4);
Orientações a Tito sobre os critérios de escolha dos responsáveis das
comunidades (1,5-9);
Aviso contra os falsos mestres (1,10-16);
Ensinamentos sobre o modo de comportamento de várias categorias de
crentes (2,1-15);
Elenco de deveres sociais (3,1-11);
Recomendações de caráter pessoal (3,12-14);
Saudação final (3,15).
 
Carta a Filemom
Pelo tema e pelo tom afetuoso, esta é certamente uma Carta autêntica de Paulo
(v.19). Filemom era um cristão de elevada posição social, convertido por Paulo, e
tinha como escravo um outro cristão, Onésimo. Este, tendo fugido ao seu senhor,
refugiou-se junto de Paulo (v.10), que o refere em Cl 4,9 como «irmão fiel e querido».
Este fato era motivo de graves penas civis, tanto para o escravo como para quem o
acolhia. 
Paulo, prescindindo da questão legal, envia-o ao seu senhor com o presente “bilhete”
e pede a Filemom que acolha de novo, não como escravo, mas «como irmão
querido» (v.16), um irmão na fé. Mais: como se fosse o próprio Paulo (v.17). 
LUGAR
Pelo que é dito no v.1, a Carta terá sido escrita num dos cativeiros de Paulo
(Roma, Êfeso ou Cesaréia), nos últimos anos da sua vida (ver v.9-10.13.18). Os
companheiros referidos aqui (v.23-24) são os mencionados em Cl 4,7-17. 
TEOLOGIA
Como noutras ocasiões em que trata a questão da escravatura, Paulo não se
preocupa em mudar a estrutura social em vigor (1 Cor 7,20-24; Ef 6,5-9; Cl 3,22-4,1).
O que ele faz é prescindir disso e deslocar o problema para a questão do amor
fraterno, mais profunda que a questão legal em vigor, pois, em Cristo, «não há
escravo nem livre» (Gl 3,28). 
Daí em diante, Filemom deve tratar o (antigo) escravo Onésimo como irmão,
porque Paulo está disposto a recompensá-lo monetariamente, isto é, a resgatar
Onésimo. 
Com isto, Paulo, embora não se oponha frontalmente à escravatura, tão-pouco a
aprova; e afirma que o amor fraterno, centro do Evangelho de Cristo, é que levará à
eliminação da escravatura. 
Destaques de Filemom
❖ Carta que incentivava a que se mostrasse amor e misericórdia para com um escravo
fugitivo que se tornara cristão.
❖ Escrita por volta de 60 - 61 dC, enquanto Paulo era prisioneiro em Roma.
❖ Elogiado Filemom por seu amor e sua fé. (v 1 - 7)
❖ Paulo chama Filemom de amado e de colaborador. 
  Relatos sobre o amor e a fé de Filemom induzem Paulo a agradecer a Deus e dão
ao apóstolo muita alegria e consolo.
❖ Paulo manda Onésimo de volta como “mais do que escravo”. (v 8-25)
❖ O encarcerado Paulo, à base do amor, apela a favor do escravo fugitivo Onésimo, que
se tornou cristão pela associação com Paulo.
❖ Visto que Onésimo é útil em ministrar-lhe, Paulo gostaria de retê-lo; o apóstolo,
porém, o manda de volta, uma vez que não quer fazer nada sem o consentimento de
Filemom.
❖ Exorta Filemom a acolher Onésimo como irmão, como se fosse o próprio apóstolo, e
Paulo expressa confiança em Filemom fazer ainda mais do que o pedido. 

 Esboço
Apresentação e saudação: v.1-3;
Ação de graças: v.4-7;
Corpo da Carta: v.8-22;
Saudação final: v.23-25.
 
 
 
 
Bibliografia 
 
 
 
 
1. Manual Bíblico UNGER – Merrill Frederick Unger – Revisado por Gary N. Larson –
Editora Vida Nova – São Paulo – 2006.
 
 
 
2. Escola Diaconal - São Francisco de Assis -------- DIOCESE DE APUCARANA
 
 
 
3. Bíblia Plenitude
 
 
 
4. Wikipédia – Enciclopédia Virtual
 
 
5. Broadus David Hale  -  INTRODUÇÃO AOESTUDO DO NOVO TESTAMENTO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seminário Teológico Batista do Tocantins
Cartas Paulinas – Pr.Cláudio Cirqueira de Souza – Araguaína, Setembro de
2011
 

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