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Faith Gibson

Copyright © 2018


quando o caixão cor de rosa foi baixado
na cova. Um monte de terra se transformando em lama devido à
chuva que esperava para ser empurrada de volta para o buraco.
Quatro arranjos esparsos de flores estavam ao redor da barraca
amassada, que fazia o possível para manter a chuva longe da única
fileira de cadeiras de metal embaixo. Apenas uma daquelas cadeiras
estava ocupada. Lucia Harlow Ball estava sentada sozinha, com os
olhos dolorosamente secos enquanto olhava para a cena à sua frente.

Vera Ball desapareceu lentamente na terra. O ministro fez um


rápido discurso sobre cinzas, poeira e vida após a morte. Não houve
sermão longo e prolongado. Nenhum enlutado para atender ao
chamado do clero para consertar as coisas com Deus antes que fosse
tarde demais. Ninguém segurando a mão de Lucy ou oferecendo
palavras de condolências. Nenhuma limusine levando Lucy para
uma funerária luxuosa, onde os membros da família trariam bandejas
de carne e assados. Ninguém esperando em casa para fazer o mesmo.

Lucy poderia ter permitido uma multidão enorme, mas ela não
conseguia ouvir estranhos oferecendo palavras vazias enquanto
estava morrendo por dentro. Ela preferia sofrer sozinha do que ter
que ouvir as pessoas rirem enquanto contavam histórias sobre sua
mãe. Porque eles iriam rir. Vera tinha sido o tipo de mulher que trazia
um sorriso a todos com quem entrava em contato. Ela era uma
pessoa gentil e quieta que nunca conheceu um estranho. Não era
como Vera queria, mas ela conhecia Lucy. Ela deixou instruções
para o obituário sair depois que ela fosse enterrada, para que Lucy
não tivesse que lidar com a multidão.

Lucy não derramou uma lágrima. Nem quando ela recebeu a


ligação. Nem quando se sentou em um quarto abafado com um
homem gorduroso em um terno pequeno demais que tentava vender
os preparativos de funeral de sua mãe. Nem quando ela apontou
entorpecida para a caixa de metal rosa, onde o corpo de sua mãe
residiria por toda a eternidade. Nem quando o ministro lhe deu um
tapinha no braço e lhe disse para ligar se precisasse de alguma coisa.
Nem quando a última pá de lama aterrissou com um "pop" no topo
da cova. Nem enquanto ela caminhava na chuva até o único carro
no estacionamento.

Enquanto dirigia os 32 quilômetros até a casa em que cresceu,


Lucy estremeceu de frio. Ou talvez fosse a solidão. Lucy tinha dado
como certo seu último parente vivo. Tendo perdido o pai quase
quatro anos antes, ela deveria ter percebido como a vida era
passageira, mesmo para alguém como ela. Só porque ela e o pai eram
especiais, isso não lhes garantia uma vida longa, mesmo que fosse
exatamente o que havia sido prometido. Se ao menos sua mãe tivesse
sido como eles, talvez ela tivesse se esquivado do câncer. Ou pelo
menos teriam sido capazes de vencê-lo.

Em vez de estudar biologia molecular e genética no MIT , Lucy


deveria ter estudado medicina. Deveria ter tentado entender como a
doença que roubou sua mãe entrava no corpo, agarrando-se
definitivamente a algumas pessoas. A pesquisa percorreu um longo
caminho, mas não o suficiente. Em vez de estudar como e porque ela
era diferente dos outros, ela deveria ter se concentrado em uma cura

MIT: Instituto de Tecnologia de Massachusetts é uma universidade privada


de pesquisa localizada em Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos.
para salvar sua mãe. Mas esse não tinha sido o sonho. Não o sonho
dela, mas o do pai dela. Eles não podiam mudar o que eram mais do
que uma pessoa poderia mudar a cor da pele com a qual nasceram.

Lucius Ball era um cientista brilhante e criou Lucy à sua


semelhança. Sua mãe a encorajou a ser o que quisesse, mesmo que
não fosse o que Lucius queria. Mas o pai dela havia arraigado nela a
necessidade de continuar sua pesquisa pelo tempo que ela conseguia
se lembrar. Seu pai se fora, então, se Lucy decidisse abandonar o
MIT e mudar de carreira, ele nunca saberia disso.

A casa estava estranhamente silenciosa quando Lucy fechou a


porta da frente. Quando seus pais estavam vivos, a casa estava cheia
de sons suaves. Lucius ficaria animado quando fizesse uma
descoberta, mas sua alegria era comemorada com uma risada baixa,
na melhor das hipóteses. Vera tinha sido uma mulher mansa, porém
animada, nunca levantando a voz. Lucy não conseguia se lembrar de
uma vez que sua mãe tivesse ficado brava. Ela sempre sorria para
Lucy e seu pai. A morte de Lucius atingiu Vera com força e, quando
o câncer invadiu seu corpo, ela lutou apenas o suficiente para Lucy
se tornar uma adulta. Foi no dia em que Lucy completou 21 anos,
que sua mãe decidiu que seu trabalho estava terminado e ela desistiu
de lutar. Ela recusou o tratamento, dizendo que estava pronta para
encarar a morte e abraçá-la. Lucy sabia que chegaria o dia em que
entraria em casa sozinha, mas ainda parecia um pesadelo.

Em vez de abandonar a escola e ficar com a mãe na casa de pedra


de três andares, aninhada entre árvores luxuriantes e um lago
intocado em oito hectares, Lucy continuou com suas aulas por
insistência de Vera. E quando Vera não podia mais cuidar de si
mesma, o home-care havia sido chamado e ela morreu em paz
enquanto dormia.

Lucy já havia fechado a porta do quarto dos pais, adiando o


inevitável. Normalmente, ela teria pego uma taça de vinho e
apreciado a vista do deck dos fundos. A chuva tornava isso
impossível, então Lucy trocou o traje preto do funeral por moletom
e camiseta de manga comprida. Ela ainda optou pelo vinho para
aliviar um pouco a dor no peito enquanto vagava pelo lugar que
chamara de lar nos últimos vinte e um anos.

Encontrando-se no escritório de seu pai, Lucy se colocou entre a


cadeira de couro gasta e a mesa antiga de mogno. O conteúdo do
cofre de seus pais aguardava na mesa, escondido dentro de uma caixa
de papelão. O advogado de seu pai se encontrou com Lucy no banco

Home-care: Cuidados domiciliares são cuidados de saúde ou cuidados de suporte prestados por um profissional de saúde na casa
individual onde o paciente ou cliente está morando, em oposição aos cuidados prestados em acomodações de grupo, como clínicas ou
casas de repouso.
no dia seguinte ao seu retorno da faculdade, entregando os segredos
que Lucius havia escondido dos olhos curiosos. A casa, os carros, as
contas bancárias, tudo agora era de Lucy, mas ela devolveria tudo
por mais um dia com sua doce mãe.

A caixa permanecia intacta na mesa. Com o fardo de enterrar


sua mãe, Lucy não teve tempo nem energia para cavar o que ela
imaginava que seriam os diários de seu pai, que ele escrevia toda vez
que fazia uma nova descoberta. Ela estava com mais frequência
presente do que ausente quando ele rabiscava suas anotações e
teorias. Sua casa havia sido seu santuário enquanto crescia, mas
também tinha sido sua prisão. Em vez de ter uma festa do pijama
com os amigos, o tempo de Lucy foi gasto aprendendo com o pai.
Ela não o invejou. Seus pais haviam lhe dado uma vida que a maioria
das crianças só tinha um vislumbre nos filmes.

Lucius não apenas fora brilhante no laboratório, como também


era um investidor notável. Pelo menos, ela assumiu que era assim
que ele acumulou sua fortuna. Então agora, aos 21 anos, Lucy tinha
mais dinheiro que os deuses. No entanto, por melhor que fosse, ela
não queria o dinheiro. Não precisava do status que trazia. Ela queria
sua vida simples de volta. Indo para a faculdade, estudando muito.
Ir a um encontro uma vez a cada poucos meses quando se cansava
de dizer não. Visitar a mãe nos intervalos e aproveitar com ela e
passando cada momento acordada colocando o papo em dia.

Lucy tomou um gole de vinho antes de levantar a tampa da caixa


de papelão. Olhando para dentro, ela ficou surpresa quando não
encontrou os diários de seu pai. Não no topo, pelo menos. Lá,
esperando por ela, havia um envelope com o seu nome escrito na
frente. Ela não reconheceu a caligrafia. O que estava esperando lá
dentro não poderia machucá-la mais do que perder a mãe. Em vez
de pegar o abridor de cartas, Lucy rasgou o selo com o dedo
indicador, cortando a pele como resultado. Enquanto colocava o
dedo na boca para estancar o sangue, Lucy usou a outra mão para
remover o conteúdo. Enquanto processava o que estava lendo, seu
dedo caiu da boca e Lucy sentou-se com força na cadeira atrás dela.

Pela primeira vez desde que recebeu a ligação sobre sua mãe,
Lucy chorou.
desapareceu no ar. Tamian correu
em direção à floresta por onde andava, mas ela não estava em lugar
algum, mesmo com a visão shifter dele. Como isso era possível?
Harlow, como ele pensava nela, era um mistério. Ele escolhera esse
apelido em particular porque gostava do jeito que isso rolava de sua
língua quando se imaginava enterrado no calor dela. Ou na boca
dela. Nunca antes ele tinha se concentrado em sexo, mas agora que
tinha tido um vislumbre de quem tinha virado seu mundo de cabeça
para baixo, era tudo em que ele conseguia pensar. Tinha ouvido que
isso era normal, mas para ele, era tudo menos isso.

Enquanto alguns Gárgulas locais estavam convencidos de que a


estranha era uma espiã, descobrir exatamente quem ela estava
espionando estava se tornando um desafio. A mulher estava em
Holmesvik por quase duas semanas e Tamian a seguia por quase
metade daqueles dias. Além de entrar em Oslo e passear pelo
palácio, ela passara a maior parte do tempo fora aproveitando o ar
fresco. Observá-la não era uma dificuldade. Bem, além de seu pau
querer se comportar mal sempre que estava perto dela. Ele ainda
estava tentando se convencer de que ela não era sua companheira,
mas quanto mais ele a seguia, mais seu corpo reagia a ela e mais
difícil era negar isso.

Quando Tamian entrou na pequena casa onde Harlow estava


hospedada, não havia nada por perto para indicar quem ela
realmente era ou porque estava na pequena cidade Norueguesa. A
casa estava sendo alugada sob o nome de Warryck Lazlo, mas
Tamian não via nenhum sinal de alguém além de Harlow.

Olhando em volta para se certificar de que ela não havia se


esgueirado atrás dele, Tamian entrou nos confins das árvores,
mantendo os sentidos abertos. Os únicos passos eram os dele. Os
pássaros passavam de galho em galho e as folhas farfalhavam na brisa
suave. Uma grande águia voou, afastando-se rapidamente de onde
Tamian estava parado, e seus olhos ficaram grudados no pássaro.

Oslo, a capital da Noruega, fica no litoral sul do país, na cabeceira do fiorde de Oslo. A cidade é conhecida
por suas áreas verdes e seus museus. Muitos deles ficam na Península Bygdøy, como o Museu Marítimo Norueguês, nas margens da
península, e o Museu do Navio Viking, com exemplares do século IX. A Holmenkollbakken é uma colina para a prática de saltos de esqui
com vista panorâmica do fiorde e um museu de esqui.
Não que ele estivesse tão familiarizado com as águias marinhas da
Europa, mas a coloração dessa parecia ... estranha. Quando ela ficou
fora de vista, ele voltou sua atenção para a área ao seu redor. Se a
mulher tinha entrado na floresta, ela não estava lá agora.

Ele não a viu, mas pelos deuses, ele a sentiu. Então, onde diabos
ela estava?

Desistindo, Tamian refez seus passos e virou-se para retornar a


cidade. Não foi a primeira vez que Harlow fugiu dele. Se ele não
fosse Gárgula, ele pensaria que ela sabia que a estava seguindo. Mas
ele era um shifter, e a discrição era sua melhor amiga desde que ele
era criança. Se ela mantivesse seu padrão, a mulher retornaria à
pequena casa que chamava de lar nos últimos doze dias. Julian ainda
não havia encontrado uma conexão entre o inquilino, um professor
de psicologia, e Harlow, mas a mulher era um enigma, com vários
pseudônimos. Inferno, o homem também poderia ser outro
pseudónimo, considerando que Julian não tinha visto ninguém além
da mulher dentro ou perto da casa.

A águia-rabalva ou simplesmente rabalva (Haliaeetus albicilla) é uma espécie de águia que vive no
norte da Europa e da Ásia. É uma ave marinha, que se alimenta principalmente de peixes, aves aquáticas e carniça e que substitui na maior
parte da Eurásia a águia-de-cabeça-branca americana.
Havendo o colocado no silencioso, Tamian retirou o telefone do
bolso de trás da calça jeans e o trouxe à vida. Sentando-se em um
banco de metal do parque, ele abriu o aplicativo que lhe permitia
acessar as câmeras que escondeu no pequeno bangalô em que
Harlow estava hospedada. O aplicativo teria pulsado uma
notificação se ela ativasse o sensor de movimento em uma das
câmeras, mas ele olhou de qualquer maneira. De onde ele a viu pela
última vez, Harlow levaria quatro minutos para percorrer a curta
distância até a casa.

Ele sabia que era inútil, mas esperou mais alguns minutos antes
de fechar o telefone. A mulher tinha ido para outro lugar, então
Tamian foi em direção ao centro da cidade onde o café estava
localizado. Além do pequeno parque, era o lugar que ela visitava com
mais frequência. Gárgulas podiam sentir seus companheiros quando
estavam perto. Eles tinham um elo invisível com o escolhido para
eles pelo destino. Tamian sentia a conexão quando estava perto de
Harlow. O estranho era que ele a sentia mesmo quando não podia
vê-la. O mais estranho era que não conseguia ouvir seus
pensamentos.

Tamian não era um mero meio-sangue. Ele foi criado a partir de


mais do que as células de sua irmã. Jonas juntou algumas das suas à
mistura, tornando Tamian mais perto de um Goyle de sangue-puro.
Tal como acontece com os de sangue-puro, Tamian havia feito a
transição quando jovem, sem ter que esperar para encontrar sua
companheira para desencadear a mudança. Não apenas isso, mas de
alguma forma suas habilidades eram mais aprimoradas do que a
média dos Gárgulas. Levou anos para controlar alguns de seus
poderes, como poder ouvir pensamentos. Se não fosse por Jonas,
Tamian teria enlouquecido antes de chegar a adolescência. Ninguém
além de Jonas, Caroline e, eventualmente, Xavier sabia das coisas de
que Tamian era capaz. Nem mesmo sua irmã.

Enquanto ele caminhava, Tamian passou pela casa de Freyda.


Desde que ela fora morar com Gautum, tio de Banyan, a casa ficava
vazia à noite, mas durante o dia, a fêmea utilizava sua enorme
cozinha para assar o melhor pão que Tamian já havia colocado em
sua boca. A princípio, Tamian não sabia o que pensar dos Gárgulas
mais velhos. Os pais de Urijah, Tabor e Halina, acolheram Tamian
em sua casa como se o conhecessem a vida toda, em vez de alguém
que acabaram de conhecer. Tabor passava seus dias no arsenal com
Gautum. Os dois estavam esperando Uri e Banyan assumirem o
arsenal para que pudessem viajar pelo mundo com suas
companheiras. Os quatro eram certamente diferentes dos pais de
Tamian, pois eram almas antigas. Por fora, eles pareciam ter
quarenta e poucos anos, mas quando conversavam, anos de vida
saíam de suas bocas. A casa deles eram pequenas mas repletas de
vida. O amor permeava o ar.

O nome de Xavier Montagnon estava na certidão de nascimento


de Tamian, mas o Rei Italiano pouco tinha a ver com a forma como
Tamian havia sido criado em seus primeiros dias. Em vez disso,
Tamian cresceu com Jonas como sua figura paterna, tendo ficado
com o homem que o criou com mais frequência do que com sua mãe
e Xavier. Sendo um clone, era difícil para Tamian pensar em
qualquer um dos homens como pai.

Xavier dividia seu tempo entre Nova York, onde construiu uma
propriedade segura para Elizabeth, e seu chalé italiano situado aos
pés do Mont Blanc . Elizabeth fora uma mãe maravilhosa, mas
passara os primeiros trinta e três anos de sua vida se escondendo de
Gordon Flanagan, seu marido humano. Agora que Flanagan não
estava mais em cena, Elizabeth estava livre para se mover como bem
entendesse.

O Monte Branco (em francês: Mont Blanc, em italiano: Monte Bianco) é a mais alta
montanha dos Alpes e da União Europeia, atingindo uma altitude de 4 808,73 metros, embora possa variar um pouco de ano para ano, em
função das condições atmosféricas, é o primeiro dos cumes dos Alpes com mais de 4000 metros. O Monte Branco é a maior montanha do
Maciço do Monte Branco e faz parte da divisória de águas entre o mar Adriático e o mar Mediterrâneo.
Quando ele ficou mais velho, Tamian dividiu seu tempo entre o
chalé italiano e seguir sua irmã ao redor do mundo, mantendo um
olho nela. Foi somente quando Tessa acasalou com Gregor, e a
Sociedade da Pedra deu as boas-vindas a toda sua família no Clã, que
ele parou de ser tão recluso. Agora, aqui estava ele no meio das coisas
com os membros do Clã de Pedra e suas famílias. Tendo
desempenhado um papel essencial em ajudar Julian a tirar sua
companheira das instalações da Super Max do FBI, bem como na
luta contra o Rei Grego, Tamian era bem-vindo ao redil ainda mais
do que antes. Era algo que ele ainda estava se acostumando.

— Você vai passar como se não me conhecesse? —Freyda


chamou Tamian. Sorrindo, ele se virou e caminhou até a varanda da
shifter feminina. — Porque a pressa? —Ela perguntou, as mãos nos
quadris.

Mantendo a voz baixa, Tamian admitiu:

— Eu estava procurando por Harlow. —Em vez de continuar a


chamá-la de "espiã", Tamian disse aos outros que preferia usar um
de seus pseudônimos conhecidos.

Freyda, mais do que os outros, estava curiosa sobre a mulher que


Tamian estava vigiando, convencida de que ela não estava
aprontando nada de bom. A casa em que Harlow estava hospedada
ficava do outro lado da casa de Freyda, dando-lhe a oportunidade
perfeita de espionar um pouco. Tamian era da mesma opinião,
apenas porque a mulher tinha muitos pseudônimos. Tessa tem vários
nomes, ele lembrou a si mesmo.

— Ela entrou na casa do outro lado da rua a cerca de dez minutos


atrás.

— Isso não é possível, —Tamian bufou, puxando o telefone do


bolso para verificar o aplicativo.

— Eu a vi com meus próprios olhos. Olha, lá está ela.

Tamian virou-se para a casa do outro lado da rua e, com certeza,


Harlow estava saindo pela porta da frente, puxando uma mala atrás
dela.

— Que porra é essa? —Ele murmurou. Tamian não pôde deixar


de admirar a maneira como as calças de Harlow abraçavam seu
traseiro redondo enquanto ela guardava sua bagagem no porta-
malas. Quando ela fechou a tampa, a fêmea se virou e olhou
diretamente para ele com um sorriso malicioso antes de dar a volta e
sentar no banco do motorista. Ele só podia olhar enquanto ela
passava e acenava.

— Mas que porra é essa?


Tamian discou o número de Julian e, enquanto esperava o outro
Goyle atender, ele tocou na tela do telefone. Mudando de aplicativo,
Tamian abriu o que mostrava qual rota Harlow estava seguindo. O
farol vermelho passou pelo mapa, saindo da cidade. Droga.

— Desculpe, amor. Tenho que correr. Diga a Halina que eu ligo


para ela, —disse Tamian, beijando Freyda rapidamente na bochecha.

— Tenha cuidado lá fora, —ela gritou atrás dele enquanto ele se


dirigia para a casa dos Aldobrand para recolher suas coisas. Se
Harlow estava saindo da cidade, ele precisava se apressar.

Julian respondeu: — Tam? E aí?

— Harlow está em movimento, e se eu estiver certo, ela está


indo para o aeroporto.

— Espere. —Os dedos de Julian se movendo pelo teclado soavam


muito alto no ouvido de Tamian, então ele colocou o telefone no
viva-voz. Ele correu para pegar suas coisas no antigo quarto de
Urijah, sem se preocupar em deixar um bilhete. Ele não tinha dúvida
de que Freyda já havia telefonado para Halina, informando que
estava partindo.

— A boa notícia é que um de seus pseudônimos apareceu no sistema.


Marlena Evans está no voo das onze e dez para Nova York. A má notícia
é que o voo está lotado. Você quer que eu veja se posso encaixa-lo no
próximo?

— Isso não será necessário. Tenho meu jato. Eu só precisava


saber para onde ela estava indo.

— O voo dela é sem escalas, chegada prevista ao La Guardia à uma


e quinze.

— Obrigado, Julian. Devo conseguir chegar lá antes dela, ou


pelo menos perto da mesma hora.

— Boa sorte, Irmão.

Tamian desconectou, seu coração inchando mais uma vez por


ser considerado parte do Clã. Chegando ao aeroporto em seu carro
alugado, Tamian ligou para o piloto, Santiago, que estava de
prontidão. Mesmo tendo que parar e reabastecer, o macho garantiu
a Tamian que chegariam ao La Guardia antes que o Airbus onde
Harlow estaria voando.

LaGuardia Airport (IATA: LGA, ICAO: KLGA, FAA LID: LGA) /lə‫יי י‬wəəərdiə/ é um aeroporto em Queens, Nova
York. O aeroporto é o terceiro aeroporto mais movimentado que serve Nova York e o vigésimo mais movimentado dos Estados Unidos. O
Aeroporto de LaGuardia cobre 680 acres (280 ha).
Tamian não encontrou nenhuma evidência de Harlow
espionando os Goyles, mas ele não estava pronto para abandonar a
ideia. Havia mais na fêmea do que aparentava, e ele planejava
descobrir tudo sobre ela.

se conter quando acenou para o homem que a estava


seguindo. Ele pensava que estava sendo furtivo, mas seus sentidos
estavam cientes de sua proximidade. Ele também pensou que poderia
entrar dentro da casa que havia alugado sem que ela soubesse. Assim
que pegou o cheiro dele, foi tudo o que ela precisava para perceber
que ele havia invadido a casa. Com seus olhos de águia, não
demorou muito para encontrar as câmeras que ele havia escondido.
O que não conseguia descobrir era o porquê.

Como agente da Agência Global de Inteligência, Lucy tinha


muitos recursos à sua disposição e, depois de tirar uma foto do
homem, ela passou a foto por meio de um programa de
reconhecimento facial em seu computador. Tamian Andrew St.
Claire era o homem mais impressionante que alguma vez seguiu
Lucy. Inferno, ele era um dos homens mais bonitos que ela já tinha
visto, na vida real ou não. A primeira vez que o notou, quase
tropeçou nos próprios pés. Havia algo diferente nele, e se Lucy
tivesse tempo, adoraria descobrir o que era.

Lucy nunca se viu deitada acordada à noite, pensando em como


um homem era construído ou em como seus olhos verdes continham
um mistério que estava morrendo de vontade de resolver. Uma vez
que ela ficou imersa nos negócios da família, Lucy nunca teve tempo
para namorar alguém. Ninguém prendeu a atenção dela o tempo
suficiente para considerar algo além de uma noite apenas, e ela não
se importava com isso desde a faculdade. Até agora.

Seu tempo em Holmesvik foi interrompido, pois ela havia sido


chamada de volta aos Estados Unidos. Incomodava-a que o Sr. St.
Claire a estivesse espionando. Ela nunca tinha ouvido falar do
homem antes de chegar à Noruega e, tanto quanto podia dizer, ele
não estava ligado a nenhum dos seus casos, passado ou presente. Em
vez de alertar seus superiores ou sua família para a presença do
homem, Lucy decidiu investigar um pouco mais o passado dele.

Depois que sua mãe faleceu há quatro anos, Lucy terminou seus
estudos no MIT. Foi difícil, mas ela havia feito uma promessa a Vera.
Depois de receber seu diploma, em vez de mergulhar de cabeça na
pesquisa de seu pai, ela tirou um tempo e aprendeu algumas novas
habilidades. Descobrir que era adotada havia jogado Lucy em um
punhado de rotações. Ela ficou obcecada em descobrir quem
realmente era. Se ao menos Lucius e Vera tivessem dito que era
adotada, ela seria capaz de lidar com a verdade. Pelo menos, ela
pensou que seria. Descobrir que os Balls não eram seus pais
biológicos, e sim tia e tio, colocou Lucy em um caminho que
reformulou seu futuro.

Lucy era esperta, mas a invasão de computadores não era uma


de suas habilidades naquela época, então ela contratou alguém para
ensiná-la. Com os dois pais adotivos falecidos, Lucy era a única
herdeira dos bens dos Ball, e isso era considerável. Lucy convenceu
uma de suas ex-colegas de classe a mostrar-lhe como encontrar coisas
na internet que ela não deveria ser capaz, e pelo tempo e discrição de
Anna, Lucy pagou-lhe bem. Se as coisas tivessem sido diferentes, se
Lucy fosse diferente, ela e Anna poderiam ter acabado sendo
melhores amigas. Lucy ficou obcecada em encontrar Warryck Lazlo,
seu pai.

Com a ajuda de Anna, não demorou assim tanto tempo para


localizar o homem. Ele era um professor de psicologia, ensinando
não muito longe de onde ela cresceu. A reunião não foi feliz, mas
abriu um novo mundo para ela. War, como sua família o chamava,
era um dos cinco garotos. Não só isso, ele tinha um irmão gêmeo,
Maveryck. Mav e seus avós deram as boas-vindas a Lucy, e sua vida
deu uma reviravolta que ela nunca teria acreditado se não a tivesse
vivido.

Tornando-se arraigada nos negócios da família, Lucy se viu


trocando a genética pela infiltração de computadores. Isso soava
melhor do que hackear. Vários meses depois de se formar, Lucy foi
abordada pela AGI. Ela não era tão hábil quanto Anna em pesquisa
de computador, mas havia aprendido bastante. De alguma forma, ela
apareceu no radar do governo e eles quiseram recrutá-la. Ela pediu a
eles tempo para pensar sobre isso, mas eles deram-lhe um ultimato,
trabalhar para eles ou prisão. Para Lucy, não havia escolha. Ao
concordar em trabalhar para a AGI, Lucy teria acesso a melhores
equipamentos e, portanto, teria mais recursos para ajudar os Hounds
em seus empreendimentos.

Antes da AGI, Lucy nunca havia disparado uma arma. Nunca


estudou artes marciais. Nunca sequer pensou em operações secretas
e em espionar pessoas, exceto as que sua família mantinha debaixo
dos olhos. Em dezoito meses, Lucy se tornou versada em todas essas
coisas. Aos vinte e quatro anos, ela tinha vários pseudônimos e um
passaporte quase cheio.

Cães de Caça.
Viajar pelo mundo não era novidade para ela. Viajar pelo mundo
como alguém que não fosse Lucy Ball demorou um pouco para se
acostumar. Ela escolhera seus próprios pseudônimos, optando por
usar nomes intimamente relacionados a celebridades da vida real ou
a personagens da televisão. Aqueles eram mais fáceis para ela
lembrar.

Lucy passara férias em muitos lugares exóticos com os pais.


Alguns eram ilhas tropicais. Alguns eram cidades antigas que haviam
sido abandonadas durante o quase apocalipse. Alguns eram até
pequenas aldeias onde ela e seus pais ofereceram seu tempo e
dinheiro para ajudar os menos afortunados. Ela foi ensinada desde a
tenra idade como a maioria das pessoas não possuía os luxos que
possuía, e era importante retribuir às pessoas com quem
compartilhava o mundo. Como provado pela morte de seus pais,
você não podia levar isso quando morria, portanto, a caridade estava
enraizada nela desde que se lembrava.

A maioria dos seus casos na AGI era para coletar informações.


Depois que o mundo caiu cerca de trinta anos antes, demorou um
tempo para a maioria dos países se reconstruir. As coisas se tornaram
bastante arcaicas a princípio, mas gradualmente o mundo voltou a
um status quase normal. Enquanto os governos trabalhavam para se
recuperar da destruição tanto econômica quanto física, havia uma
facção que se autodenominava Ministério, determinada a manter
reféns os governos, a menos que se conformassem com seus ideais.
Eles acreditavam que o mundo havia caído porque Deus mais uma
vez amaldiçoou os pecadores.

O público perdeu todo o respeito quando a polícia e outras


autoridades locais se inclinaram para a corrupção, e as agências do
alfabeto foram subjugadas. Após muitos anos e muito trabalho duro,
a AGI foi formada, substituindo a CIA . O FBI ainda estava por aí,
mas o nome deles ainda era muito pouco respeitável.

O trabalho de Lucy na AGI era garantir que os governos se


comportassem enquanto determinava a influência do Ministério
sobre eles. Esse era um trabalho mais fácil de dizer do que fazer. A
razão pela qual ela esteve em Holmesvik era porque chegou à agência
a notícia de que o poder estava mudando de mãos. Quando chegou,
Lucy descobriu não só que o Rei Aumont da Noruega não estava
indo a lugar algum, mas ele era adorado pelo povo. Qualquer que

Agência Central de Inteligência, é uma agência de inteligência civil do governo dos Estados Unidos da América responsável por
investigar e fornecer informações de segurança nacional para o Presidente e para o seu gabinete

O FBI: Departamento Federal de Investigação é uma unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, servindo
tanto como polícia de investigação quanto de serviço de inteligência interno
tenha sido a Intel que sua agência tivesse recebido estava errada. Ela
descobriu isso dois dias depois de chegar a Oslo.

Em vez de retornar aos Estados Unidos imediatamente, Lucy


tirou umas miniférias não sancionadas. Quando ela encontrou a
pequena cidade de Holmesvik, ela se apaixonou. As pessoas eram
gentis e a atmosfera era propícia a relaxar, então ela prolongou sua
visita o maior tempo possível. Era uma vila cheia de shifters, apesar
de não ter revelado que estava ciente da verdadeira natureza deles.
Ela sabia como era esconder o animal por dentro.

Quando o pequeno jato pousou na altitude de cruzeiro, os


pensamentos de Lucy se voltaram para Tamian St. Claire e a maneira
como o homem a seguiu. Se ela não entendesse bem, pensaria que
ele também era especial. Ter habilidades fora do normal permitia-lhe
ir além do desempenho de seu trabalho. Elas a mantiveram segura
em mais de uma ocasião em que alguém se aproximou demais para
descobrir a verdade de quem ela era por trás do pseudônimo e dos
disfarces. Perucas, maquiagem e sotaques falsos faziam maravilhas,
mas às vezes não eram suficientes. Se o disfarce dela fosse revelado,
isso poderia significar mais do que um caso sendo aberto, isso
poderia significar morte.

Intel: quer dizer informação


Lucy não estava pronta para se juntar a Lucius e Vera. As duas
vidas foram interrompidas. A do Lucius mais curta do que deveria,
considerando tudo. O que o Sr. St. Claire pensaria se soubesse quem
Lucy era? Como ele reagiria à sua natureza interior? Deixando o
homem deslumbrante na Noruega, ela nunca descobriria, a menos
que ele conseguisse descobrir para onde estava indo. Parecia que ele
tinha um propósito em que ela era o alvo, e ela não podia permitir
isso. A menos que ele estivesse ciente de seus pseudônimos, ele
ficaria procurando por um longo tempo.

uma hora antes do horário programado


para o voo de Harlow. Ele passou as últimas horas tentando
descobrir como ele a rastrearia sem que ela percebesse. Julian havia
entrado no feed das câmeras instaladas por Tamian na casa alugada
de Harlow e descobrira onde ela, ou alguém, colocara a saída em um
loop contínuo, mostrando que ninguém estava em casa. Se tinha sido
ela, ela era mais esperta do que ele lhe dera crédito. Inteligente e
deslumbrante.

Por meia hora, Tamian ficou no hangar particular que dividia


com o pai. Ele usou esse tempo para ligar para a mãe e fazer o check-
in, prometendo passar por lá já que estava em Nova York. Faltando
menos de trinta minutos para a chegada de Harlow, ele entrou no
grande terminal e esperou nos carrosséis de bagagem, mantendo-se
distante do que Harlow usaria. Meia hora chegou e passou sem sinal
da mulher. Depois de mais trinta minutos, Tamian estava pronto
para desistir quando uma jovem mulher vestida com um uniforme da
companhia aérea se aproximou dele.

— Senhor. St. Claire? —A mulher perguntou com um sotaque


sulista.

Tamian ficou tão surpreso que alguém sabia quem ele era, que
se voltou para a voz, mas não negou. — Sim.

— Isto é para você. —Um atendente da companhia aérea em que


Harlow deveria estar, entregou-lhe um envelope, sorrindo. Antes que
ele pudesse abri-lo, ela se virou e desapareceu na multidão. Ele abriu
os sentidos para a mente da mulher.
“Dayum ! Aquela agente é louca por não ter entregue essa mensagem. Um
corpo assim? Uau.”

Tamian balançou a cabeça enquanto olhava para o envelope,


olhando seu nome escrito ordenadamente do lado de fora. O nome
completo dele. Um cheiro familiar encheu suas narinas, e Tamian
não pôde deixar de sorrir. Com cuidado, ele abriu a aba e tirou o
cartão.

“Melhor sorte da próxima vez”


De pé entre centenas, senão milhares de viajantes, Tamian jogou
a cabeça para trás e riu com vontade. Ele não se importava com os
olhares que recebia. Harlow Guthrie, ou quem quer que fosse a
mulher, tinha lançado o desafio e Tamian era o Goyle exato para
pegá-la e correr com ela. Tamian abriu caminho entre as multidões
até chegar ao balcão de aluguel de carros. Sua mãe ofereceu para
Manny ir buscá-lo, mas Tamian não sabia quando exatamente ele
estaria visitando. Ele não tinha uma simples mulher para seguir,
tinha uma agente feminina, se os pensamentos da mensageira
estivessem corretos, então ele foi para a propriedade de seus pais.

Um explativo, não muito diferente de whoa. É uma versão mais enfatizada da palavra "maldito" "Puta merda" e "Caramba" pode ser
usada da mesma forma.
Agora que Harlow estava de olho nele, ele precisaria da ajuda de
Julian para encontrar a fêmea.

Ao sair do terminal em um elegante carro esporte, seu telefone


tocou. Já tendo sincronizado com o Bluetooth, ele respondeu. —
Alô?

— Tamian, é Julian. Estraguei tudo.

— Se você está falando de Harlow, ela estava atrás de nós. Ou


de mim, devo dizer.

— Como você sabe?

— Ela pediu a uma comissária de bordo que me trouxesse um


cartão escrito à mão que dizia “melhor sorte na próxima vez”. Ela
até endereçou com meu nome completo. Estou lhe dizendo,
Julian, ela não é uma mera mortal, —disse Tamian, rindo. Ele se
via fazendo isso muito, mesmo que a mulher fosse frustrante. —
Primeiro, ela conseguiu reproduzir a saída no feed da câmera e
agora descobriu quem eu sou? Quem teria esse tipo de habilidade,
além de vários aliases ?

Aliases ou Alias (em português: "pseudônimo", "apelido") Pseudónimo ou pseudônimo, é um nome fictício usado por um indivíduo
como alternativa ao seu nome real. Normalmente é um nome inventado por um escritor, um poeta ou um jornalista que não queira ou não
possa assinar suas próprias obras.
— Alguém que trabalha para o governo. E Tessa. —Acrescentou
Julian. — A menos que ela seja uma jogadora contratada, atrevo-me a
supor que ela provavelmente trabalha para o AGI desde que estava fora
do país. O FBI é limitado aos Estados Unidos.

Tamian quase derrapou e contou a Julian o que a comissária de


bordo tinha pensado quando estava indo embora. Ela chamou
Harlow de agente.

— Como descobriu que estragou tudo, como você disse?

— Eu apenas procurei os pseudônimos dela em voos comerciais. Não


pensei em olhar para itinerários privados até já ser tarde demais. Um jato
particular deixou Oslo meia hora antes de você decolar. De acordo com o
plano de voo, aterrissou em Nova DC cerca de dez minutos atrás. Eu
já comecei uma pesquisa de reconhecimento facial. Se sua companheira
estiver lá, eu a encontrarei.

Tamian não argumentou que a mulher não era sua companheira.


Ele descobriria isso se e quando tivesse a chance de falar com ela.

— Eu agradeço. Estou a caminho de visitar Elizabeth e Xavier,


já que estou na área. Se você encontrar alguma coisa, por favor,

Washington, D.C. (pronunciado em inglês: [ˈwɒʃɪŋtən diː siː, ˈwɔːʃɪŋtən diː siː] é a capital e o distrito federal dos Estados Unidos. D.C.
é a abreviatura de Distrito de Colúmbia (District of Columbia), onde a cidade está localizada.
mantenha-me informado. Vou ter o jato abastecido e pronto para
partir.

— Vou fazer, até mais, Irmão. —Depois que eles se


desconectaram, Tamian ligou para Elizabeth para avisá-la que ele
estava a caminho. Enquanto dirigia, ele não conseguia parar de
pensar em Harlow. Ele nunca acreditou que teria uma companheira,
muito menos uma tão impressionante quanto ela. Agora que a
possibilidade havia surgido, Tamian estava pronto para fazê-la dele.
Ele só tinha que encontrá-la.

Elizabeth encontrou Tamian na porta da frente.

— Você esteve longe por muito tempo, —ela repreendeu


enquanto passava os braços em volta da cintura dele. Ela era mais
baixa do que Andi, Tessa, talvez uns dois centímetro e meio, mas
fora isso, mãe e filha podiam passar por gêmeas.

— Tenho perseguido criminosos por todo o mundo. —Tamian


se afastou quando Xavier se aproximou da porta aberta. Ele era um
Gárgula adulto, mas ainda assim se intimidava com Xavier sempre
que estava em sua presença. — Oi, pai. O rosto de Xavier se iluminou
e ele fechou a distância entre eles. Raramente o Rei dos italianos lhe
mostrava verdadeiro carinho, mas ele agarrou Tamian e o puxou
para um abraço esmagador. Um que ele retornou alegremente.
— Filho, estou feliz que você esteja aqui. Há algo que eu gostaria
de falar com você. Vamos entrar.

Tamian segurou a porta para seus pais e, antes de entrar mais na


casa além da entrada, Cassandra estava enrolada em torno dele tão
firmemente quanto sua mãe.

— Oh, meu garoto, —ela sussurrou.

— Olá, Cassandra. —Tamian a beijou em cima da cabeça, e a


mulher mais velha se afastou para olhá-lo. As lágrimas ameaçaram
cair, mas ela as piscou.

— Você e sua irmã estão muito ocupadas hoje em dia. Mas você
está aqui agora. Está com fome? Com sede? O que posso te trazer? O
jantar não estará pronto por mais uma hora, mas posso preparar um
sanduíche para você.

— Posso esperar para comer, mas eu adoraria um copo de sua


limonada. —Tamian preferia algo mais forte, mas ele queria que
Cassandra se sentisse necessária. Seus pais estavam viajando mais,
deixando a governanta sem ninguém para cuidar.

Quando ela se retirou para pegar a bebida dele, Tamian


encontrou seus pais no salão. Este era o lugar favorito de sua mãe na
grande casa. Não importava que fosse a primeira semana de junho;
havia uma fogueira no poço, situado no meio da sala. Tamian e
Xavier ficaram do lado de onde estava o bar. Xavier serviu a ambos
um copo de uísque enquanto Elizabeth bebia um copo de vinho tinto.
Cassandra voltou com a limonada de Tamian, e ele a pegou na mão
livre.

— Obrigado, Cassandra.

— De nada. Estarei na cozinha, se alguém precisar de mim.

Tamian esperou até que a governanta estivesse fora do alcance


da voz antes de perguntar:

— O que está acontecendo? —Seus pais se entreolharam e


Tamian se preparou para o que quer que seu pai quisesse conversar
com ele. Ele bebeu o uísque e colocou o copo vazio no bar.

Segurando a limonada, Tamian deu a seu pai sua atenção total.

— Agora que as ameaças desapareceram e sua mãe e eu


podemos viajar como desejamos, estou deixando o cargo de Rei.

— Eu posso entender isso. Vittore está pronto para tomar o seu


lugar? —Habitualmente, era o filho primogênito que assumiria o
comando, mas, como Xavier não tinha um herdeiro masculino, ele
provavelmente escolheria o primeiro em comando para ocupar seu
lugar.
— Eu não perguntei a ele. Tamian, sei que você não se considera
meu filho, mas eu considero. Seu DNA é tanto meu quanto da sua
mãe. Tenho a sensação de que Jonas jogou um pouco do dele. Ele é
egoísta demais para não o ter feito, o que faz de você um Montagnon
ainda mais. Quero que assuma o cargo de Rei.

Tamian olhou para Xavier, sem palavras. Nunca em um milhão


de anos ele pensaria que seu pai o escolheria como seu substituto.

— Você não precisa fazer isso, —disse Tamian antes de se virar


para o bar e encher o copo novamente, colocando a limonada de
lado. Essa conversa exigi algo mais forte. Depois de beber o uísque,
ele serviu mais um. Antes que pudesse entornar isso de volta, Xavier
se aproximou dele e parou sua mão.

— Sei que não preciso, mas você é a escolha lógica. Você é meu
filho tanto quanto Andrea é minha filha.

— Você já a considerou como sendo a Rainha?

— Estamos falando da sua irmã aqui, lembra? Você pode


imaginar o problema em que ela colocaria o Clã se governasse?

Tamian não pôde deixar de sorrir.

— Oh, sim. Todos os tipos de problemas. Tessa era a mulher


mais feroz que ele conhecia, mas ela também era uma das mais
loucas. — Sei que você pensa em mim como seu filho, mas Rei? Eu
quase não fiz outra coisa além de permanecer escondido a maior
parte da minha vida. Não estou qualificado para governar um Clã.

A mão de Elizabeth agarrou o antebraço de Tamian. Ele não a


ouviu chegar de onde estava sentada perto da lareira.

— Tam, meu menino querido. Você é mais do que qualificado.


Você é inteligente e também um guerreiro feroz. —Quando ele abriu
a boca para discutir, ela levantou a mão. — Pare. Seu pai e eu
ouvimos como ajudou a Sociedade de Pedra. Você se aproximou
quando eles mais precisavam de você. Claro, você pode dizer que
estava fazendo isso por Andrea, mas todos nós sabemos que seu
coração é tão grande quanto qualquer um. Você ajudou porque era a
coisa certa a fazer. Eles são seu Clã tanto quanto os Italianos.

— Você está certa, eles são meu Clã. É uma razão pela qual não
me sinto bem assumindo o cargo de papai. Nunca lidei com os
Italianos oficialmente. Só conheci um punhado de Goyles quando
fiquei no chalé. Como posso governar quando não conheço meu
povo? —Pessoas era um termo relativo, considerando que o Clã era
composto por Gárgulas de puro sangue.

— Então conheça-os. Visite mais o chalé. Deixe o Clã conhecê-


lo. Eles não ficarão surpresos quando eu lhes disser que você está
assumindo o trono. Eu falei muito de você várias vezes nos últimos
anos. Será uma transição suave.

Tamian duvidava disso. Ele só agora estava se sentindo


confortável em estar perto da Sociedade de Pedra e fazendo parte do
Clã deles. Não era como se Xavier estivesse pedindo que se tornasse
CEO de uma corporação, uma posição que duraria alguns anos, no
máximo, antes que pudesse se aposentar. Esse era um compromisso
de séculos. Se aceitasse, ele teria que se concentrar em um Clã que
ele pouco conhecia. Isso não lhe daria tempo para procurar Harlow.

— Encontrei minha companheira, —ele deixou escapar.

— O que você disse? —Xavier perguntou, enquanto Elizabeth


disse: — Querido, isso é maravilhoso.

Tamian balançou a cabeça e andou pela sala. Ele olhou pela


janela, mas não viu a extensão de terra. Ele viu olhos azuis
tempestuosos que riram quando ela acenou para ele.

— Tamian? Filho?

— Ela é a razão pela qual fui para a Noruega. Os Goyles


acharam que ela estava espionando-os.

Diretor Executivo
— E ela estava? —Xavier perguntou.

— Não, tanto quanto eu posso dizer. Se meus instintos estão


corretos, ela é uma agente do AGI, e acho que estava lá em missão.

— Então por que os Goyles pensaram que ela estava


espionando?

— Porque ela estava em Holmesvik, que é uma cidade shifter.


Pouquíssimos humanos vivem lá, e ainda menos turistas.

— Mas você não acha que ela estava espionando os shifters?

— Não. Ela saiu várias vezes e dirigiu para Oslo. A cada vez ela
acabava perto do palácio do Rei humano. Eu acho que ela escolheu
Holmesvik porque é singular e relaxante. Além disso, impedia-a de
ser vista com muita frequência em Oslo.

— Você falou com ela? —Elizabeth perguntou.

— Não. Eu basicamente a espionei para ver se ela estava


espionando todo mundo. Enquanto eu fazia isso, ela se afastou. De
alguma forma, ela ficou de olho em mim. Estou lhe dizendo, há algo
diferente em Harlow.

— Harlow?
— Sim, Harlow Guthrie. Esse é um dos pseudônimos dela.
Julian conseguiu encontrar vários nomes que a mulher usou, mas ele
não conseguiu estabelecer sua verdadeira identidade. Ela foi capaz
de nos despistar. Em vez de viajar para Nova York com um de seus
pseudônimos conhecidos, ela foi em um jato particular que pousou
em Nova DC.

— É possível que ela seja um shifter? —Xavier perguntou.

— Qualquer coisa é possível. Até que eu fique cara a cara com


ela, não vou saber.

O rosto de Xavier se suavizou. — Estou assumindo que você vai


persegui-la?

— Tenho que fazê-lo. Se ela é minha companheira, tenho que


saber ao certo e não quero adiar a descoberta. E se algo acontecesse
com ela antes que pudéssemos completar o vínculo? Eu iria perdê-la
para sempre, e agora que sei que há uma possibilidade que eu
realmente tenha aquela pessoa que é para mim, eu não posso não ir
atrás dela.

— Compreendo. Não parei de perseguir sua mãe até tê-la para


mim. Mas só porque você está indo atrás dessa fêmea não significa
que não possa considerar se tornar Rei. Estou falando sério, Tamian.
Quero que ocupe meu lugar no trono.
Tamian engoliu o uísque ainda no copo. — Vou pensar sobre
isso. Agora, se não me engano, o jantar está pronto. —Recuperando
o copo de limonada, Tamian tomou um gole antes de ir para a sala
de jantar onde Cassandra estava colocando a última tigela.

— Bem na hora, —disse ela com um floreio.

discussão fazendo o possível para morder a língua. Ela


não precisava do emprego dela. Inferno, ela nem gostava do seu
trabalho. Na verdade, não. Ela tinha dinheiro suficiente para
desaparecer se quisesse, mas isso lhe daria uma vida solitária, e ela
tinha uma família que precisava dela. Quando o governo lhe deu um
ultimato, nunca pensou que ir para a Pen seria a melhor opção.
Agora, estava parecendo muito bom. Os homens e mulheres com
quem trabalhava tratavam Lucy como se ela fosse um bandido de
classe baixa, só porque ela foi pega olhando para uma corporação
cujos vínculos com o governo eram mais profundos do que
imaginava. Ela foi presa e, em seguida, recebeu um trabalho fazendo
exatamente pelo qual ela foi presa. Ironia no seu melhor.
Lucy era boa em seu trabalho, mas não era boa o suficiente para
sair completamente da grade. Seria necessário alguém com
habilidades muito melhores que as dela para obter uma nova
identidade. Uma que o AGI não conseguisse rastrear. Ela não era a
única hacker empregada pelo governo, então não podia correr o risco
de fugir. Além disso, a família dependia dela para ajudar a encontrar
a sujeira do Ministério. Quatro anos não foram tempo suficiente
gastos com seus avós e tios para simplesmente se afastarem de tudo.

Enquanto o AGI investigava como o Ministério afetava os


governos mundiais, sua família procurava as facções menores que
conseguiram ficar de fora do radar do governo. Ir atrás do Ministério
não era tudo o que seus tios e avós faziam. Os Hounds of Zeus era um
clube de motoqueiros cujos membros eram todos
shifters. Considerando que muitos MCs eram todos sobre o uso de
armas, drogas e até mesmo o tráfico de pessoas, os Hounds tratavam
de manter os humanos seguros, tirar os bandidos das ruas e fazer as
coisas que caíam na categoria do não-estritamente preto-e-
branco. Invadir computadores era uma daquelas coisas que eram
contra a lei, mas úteis para o clube manter o controle dos criminosos.

Os Cães de Caça de Zeus


Clube de motoqueiros
Quando Lucy foi apanhada, ficou tão perturbada que atribuiu
sua situação ao pai. Warryck Lazlo havia escolhido deixar Lucius e
Vera criar Lucy em vez de mantê-la. Se ele tivesse permitido que ela
fosse criada por Rory e Sutton, ela teria crescido como parte da
família. Eles a teriam ensinado a ser discreta e evitar ser pega. Era
algo em que todos se destacavam. War argumentou que ela não teria
a educação que recebeu, nem todo o dinheiro e bens que Lucius
acumulou para ela. Lucy argumentou de volta que teria a verdade. E
a família dela.

Rory conversou com Lucy sobre sua raiva contra War, embora
a mulher tivesse se recusado a falar com seu filho por anos depois
que ele deu a custódia de Lucy para a família de Harlow. A avó de
Lucy era outra coisa. Ela foi a esposa do presidente do MC's por
muitos anos, mas não era a “old lady” de ninguém. Aurora Rose
Lazlo era uma shifter de Grifo e uma mamãe ursa—ou melhor, uma
leoa—quando se tratava de sua família. Rory preferia o leão à águia,
e ela não tinha medo de mostrar os dentes afiados.

Grifo é uma criatura lendária de origens asiáticas milenares. Sua descrição mais corrente o mostra
como um híbrido metade águia e metade leão, mas foi uma imagem comum em uma ampla gama de civilizações do Oriente e Ocidente,
onde sua representação e atributos variaram significativamente.
Mantendo a cabeça erguida, Lucy saiu do escritório de Nova DC
e seguiu para o carro alugado que pegara no aeroporto. O caso que
ela recebeu não era como os que normalmente recebia. De fato, ela
tinha um mau pressentimento sobre sua tarefa. De alguma forma,
isso parecia uma armadilha. Lucy manteve cabeça baixa nos últimos
quatro anos, cumprindo as exigências do governo e de sua família.
Ela nunca deu ao AGI motivos para suspeitar que estivesse envolvida
em algo fora do seu trabalho.

Mantendo um olho na estrada à frente e o outro no retrovisor,


Lucy dirigiu-se para o aeroporto. Em vez de atribuir-lhe uma tarefa
por videoconferência, o governo gastou dinheiro com um jato para
levá-la a Nova DC por uma hora apenas para enviá-la de volta à
África do Sul . Pelo menos era um lugar que ela nunca havia viajado
antes. Quando chegou ao aeroporto, Lucy embarcou novamente no
jato do governo no qual ela acabara de viajar e se acomodou para o
longo voo.

A África do Sul é um país situado na extremidade sul do continente africano e


marcado por vários ecossistemas diferentes. O Parque Nacional Kruger, um destino para safári no interior do país, é repleto de animais de
grande porte. A província de Cabo Ocidental tem praias, vinícolas exuberantes perto de Stellenbosch e Paarl, colinas escarpadas no Cabo
da Boa Esperança, florestas e lagoas ao longo da Tuinroete (rota dos jardins) e a Cidade do Cabo, que fica ao pé da montanha da Mesa, de
topo achatado.
de Harlow voltar ao aeroporto algumas
horas após o pouso, Julian talvez nunca a tivesse encontrado. Ele
ligou para Tamian e disse que sua companheira estava voltando.
Tamian interrompeu sua visita aos pais e voltou para casa em Nova
Atlanta. Ele queria estar no laboratório com Julian enquanto
procurava a mulher esquiva. Depois de prometer a Xavier que ele
consideraria seriamente assumir o trono, Tamian despediu-se de seus
pais e decolou.

Não se incomodando em parar em seu apartamento, ele foi


direto para o laboratório depois que seu jato pousou. Já era tarde
quando chegou, então Tamian enviou Julian para casa para ficar
com sua companheira. Tamian pegou uma garrafa de água na
geladeira e se acomodou, colado aos monitores. A porta da frente se
abriu e ele estendeu seus sentidos para ver quem era, sorrindo quando
a voz de sua irmã chamou antes que ela chegasse à sala onde ele
estava.
— Tam?

— Aqui, Tessa.

Sua irmã caminhou em sua direção. Quando chegou onde ele


estava sentado, ela colocou as costas da mão na testa dele.

— Você está bem?

— Estou bem. O que você está fazendo?

— Vendo se você está com febre.

— Porquê? —Tamian agarrou o pulso da irmã e afastou a mão


da cabeça dele.

— Você nunca me chama de Tessa. O que diabos está


acontecendo? —Ela se sentou na cadeira ao lado dele e se
aproximou.

— Você prefere que eu te chame de Andi?

— Inferno não, mas isso nunca te impediu antes. O que mudou?

— Papai quer que eu seja Rei.

— E foi por isso que você me chamou de Tessa? Você não está
fazendo muito sentido agora.

— Não, eu te chamei de Tessa, porque é o que você prefere. Não


tenho certeza se quero ser Rei.
— Então diga não.

Tamian arqueou uma sobrancelha. — Digo não ao nosso pai, o


Rei dos italianos?

— Certo. Nós dois sabemos que ser Rei é uma grande


responsabilidade. Eu não gostaria do emprego e sou muito mais
extrovertida do que você.

— O que você está tentando dizer? —Se Tamian não soubesse


que Tessa estava dizendo a verdade, ele se ofenderia com a avaliação
dela sobre sua personalidade.

— Não estou tentando dizer nada. Estou apenas afirmando um


fato que nós dois já sabemos. Você poderia ser Rei se quisesse a
responsabilidade. Você é mais esperto do que qualquer um que eu
conheça, com exceção de Jules e Jonas. Você é corajoso e forte e tem
o sangue dos Montagnons correndo pelo seu corpo. Mas é preciso
alguém que não tenha medo de pisar no pé para governar um Clã.

— O que torna você perfeita para o trabalho.

Tessa riu e deu um tapa em Tamian no braço. — Certo. Nós dois


também sabemos que eu teria um Clã virado do avesso em cerca de
dois segundos e meio. Não pense que não percebi que papai não me
pediu para governar. Eu sou a mais velha, mas até ele sabe que não
estou preparada para essa merda.

O computador tocou com um alerta e os dois irmãos voltaram


sua atenção para os monitores.

— Quem estamos procurando? —Tessa perguntou.

— Minha companheira. Pelo menos, eu acho que ela é. Sempre


que estou perto dela, tenho esses sentimentos.

— Se ela for, você fará a transição em breve. A menos que você


já tenha feito?

Tamian hesitou. Ele nunca disse a Andi que fez a transição


quando atingiu a puberdade. Ele se virou para encarar a irmã e
admitiu uma das verdades que mantinha dela todos esses anos.

— Fiz minha transição pela primeira vez quando era jovem,


assim como os puro-sangue fazem.

— Puta merda! Porque você não me contou? —Tessa deu um


tapa no braço dele novamente. Para um meio-sangue, ela era mais
forte do que parecia. Se ele não fosse Gárgula, ele já estaria
machucado.

— Eu não queria que você pensasse em mim de forma diferente.


Já era ruim o suficiente eu ser um clone, mas ser capaz de mudar da
maneira como os sangue-puro o fazem ... —Tamian deu de ombros,
mantendo os olhos nos monitores. — Espere, lá está ela. —Tamian
apontou para uma das telas.

— O que sua companheira está fazendo na África do Sul?

— Como você …? Deixa pra lá. Às vezes esqueço o quanto você


viajou pelo mundo. Estou assumindo que ela está em missão. O
melhor que podemos descobrir é que ela é uma agente do AGI. Julian
encontrou vários de seus pseudônimos, mas ainda não conhecemos
sua verdadeira identidade.

Tamian e Tessa assistiram Harlow enquanto ela entrava em um


táxi e foi embora. Tamian manteve os olhos grudados na tela
enquanto Tessa digitava em um dos teclados. O monitor mudou para
outra rua e Tessa continuou seguindo o carro.

— Como você está fazendo isso? —Tamian perguntou.

— É um pequeno truque que Jules me ensinou uma noite quando


Gregor estava patrulhando, e eu estava entediada. Imaginei que, se
ele precisasse de backup aqui no laboratório, caberia a mim saber
como rastrear alguém dessa maneira.

— Pretenciosa você?
— Cale-se. Por acaso gosto dessa palavra. Depois de mais alguns
toques nas teclas, Tessa parou. — Droga, eu a perdi. Ela entrou em
uma seção não monitorada com câmeras de trânsito. Encontrá-la
novamente será quase impossível. Acho que nossa melhor aposta é
ficar de olho no aeroporto.

Tamian soltou um suspiro.

— Não temos ideia de quanto tempo ela planeja estar lá.

— Não, mas ela vai sair em algum momento. Vou ficar de olho
nisso, se você quiser fazer outra coisa.

— Como o quê?

— Não sei, ler. Nadar. Correr.

— Você pode entrar nos planos de voo dos jatos particulares?

— Sim. Espere um segundo ... —Tessa surpreendeu Tamian


quando apenas alguns segundos depois, ela disse: — Tudo bem.
Existem dez jatos particulares prontos para sair nas próximas duas
horas. Você tem alguma informação sobre o avião em que ela
chegou?

— Sim. —Tamian deslizou um pedaço de papel para a irmã.


Tessa percorreu as informações na tela.
— Achei. O jato dela deve sair esta tarde, voltando para Nova
York. Parece que foi uma rápida entrada e saída. Porque o governo
a mandaria para a África por menos de um dia?

— Porque o governo faz o que quer que seja?

— Verdade. Bem, pelo menos agora sabemos quando ela voltará.

— Gostaria de saber se o LaGuardia está perto de sua casa.


Quando ela voltou pela última vez, foi para Nova DC.

— Tudo o que você pode fazer é esperar e ver para onde ela vai
a partir daí.

— Ou, na verdade, posso estar lá e segui-la.

— E se ela pegar outro voo de lá?

— Ainda bem que tenho um jatinho, certo? —Tamian pegou o


telefone e discou. — Santiago, Tessa e eu conseguimos rastrear
Harlow. Ela está saindo da Cidade do Cabo para o LaGuardia.
Quero estar lá para interceptar o voo dela, então vamos sair daqui
a catorze horas. Isso nos dá algumas horas de folga.

— Eu estarei pronto, —disse o piloto. Tamian costumava sentar


na cabine do piloto com o homem que há muito tempo se tornara
amigo dele, assumindo o controle se Santiago precisasse de um
descanso. Essa era outra habilidade sobre a qual o Clã não sabia. Ele
voava sozinho por anos. Santiago era um shifter, aquele que ensinara
Tamian a voar. Tamian confiava nele sua vida. Portanto, ele não teve
problemas em contar ao homem tudo sobre Harlow.

— Obrigado. —Tamian desconectou e virou-se para a irmã, que


estava esfregando as mãos. — Por que você está tão animada?

— Você precisa de um copiloto e estou entediada. Como temos


catorze horas, isso me dá muito tempo para ir para casa e fazer as
malas. Amanhã, quero passar pela mansão e ver Jonathan um pouco.

— Como ele está? —O homem humano que ajudou a cuidar da


casa de Rafael tinha câncer, que piorava progressivamente, em vez
de melhorar, mesmo com tratamentos.

— Nada bem. Priscilla está prestes a perder a cabeça. Nem a


gravidez de Kaya mantém a mente da governanta longe do irmão.

— Sinto muito por ouvir isso. Achei que Jonas já teria


encontrado uma cura agora a esta altura.

— Não é como se ele não estivesse trabalhando nisso. De fato,


ele está falando em entregar o hospital a outra pessoa, para que possa
concentrar todo o seu tempo e energia em encontrar uma cura.

— Quando você for ver Jonathan, mande meus cumprimentos.


— Farei isso. Agora, vou passar pela Pen e ver se Stone precisa
de ajuda na disputa com qualquer Profano e contar-lhe sobre a nossa
viagem.

— Você honestamente acha que Gregor não vai querer ir junto?


—Tamian ficou extremamente ciumento do companheiro de sua
irmã quando se conheceram, mas agora Gregor era da família. Tessa
não poderia estar em melhores mãos, nem poderia ter encontrado um
companheiro que fosse mais perfeito para ela. Gregor estava disposto
a qualquer coisa que Tessa quisesse fazer. Não apenas para cuidar
dela, mas o homem realmente gostava da loucura que Tessa trouxe
para sua vida. O diretor da prisão tinha um traço aventureiro
escondido atrás de sua fachada estoica.

— Oh, sei que ele vai, mas as coisas com o Profano estão
esquentando. Parece que apesar de Kallisto estar atrás das grades,
seus capangas ainda estão na ativa de alguma forma. Drago foi
avistado no centro, mas desapareceu antes que o Clã pudesse
alcançá-lo. Entre Gregor e Deacon, eles têm as mãos cheias com a
Pen. Ele sentirá minha falta, mas se eu lhe disser que vou visitar os

Profano (Unholy em Inglês) é tudo que transgride as regras sagradas. É o que se torna contrário ao respeito devido às coisas divinas.
Ser profano é violar as regras sagradas, é fazer uso abusivo de práticas impuras, indignas. A Bíblia cita a palavra profano em diversos
capítulos. O livro do profeta Ezequiel traz algumas orientações direcionadas aos sacerdotes daquela época.
“Deverão ensinar o meu povo a distinguir entre sagrado e profano, e farão que ele conheça a diferença entre puro e impuro”. (Ezequiel
44:23).
parentes, ele concordará mais prontamente em me deixar ir sem ele.
Além disso, tenho você para me proteger.

— Quem vai me proteger? —Tamian perguntou, sorrindo.

— Depois daquela pequena bomba que você me lançou mais


cedo, acho que não precisa. O que mais você não está me dizendo,
irmãozinho?

— Vá fazer as malas. Vou ligar para Julian e contar o que está


acontecendo. —Tamian não estava pronto para contar todos os seus
segredos. Nem mesmo para a irmã.

Tessa levantou-se da cadeira e passou os braços em volta de


Tamian por trás.

— Sempre soube que você era especial. Se quer guardar seus


segredos, eu entendo. Me pegue amanhã no seu caminho para o
aeroporto. Estarei pronta para ir. —Tessa beijou sua têmpora antes
de se afastar. Tamian esperou que a pequena dor o atingisse quando
estava sozinho, mas, surpreendentemente, não atingiu sua cabeça
feia. Voltando a atenção para os monitores, ele atribuiu seu bom
humor a uma agente secreta.
relutantemente, entregou ao cientista uma quantia em
dinheiro pela sua última experiência. O dinheiro que Kallisto lhe
enviou estava diminuindo, mas esse tinha sido um bom
investimento. Craven foi capaz de sintetizar uma fórmula que
diminuía a severidade da loucura do Profano. Antes, os homens
eram nada mais que guerreiros zumbis mutantes. Agora, eles eram
capazes de utilizar partes do cérebro anteriormente desligadas. Ele
poderia controlá-los e dar-lhes ordens para executar funções como
dirigir e operar telefones. Ele não gastou todo o seu dinheiro na
fórmula, em vez disso, ele precisou apenas de um pequeno lote para
usar em um punhado de Profano. O resto ele deixou em seu estado
atual.

Colocar os humanos na folha de pagamento era um mal


necessário e bem como um mal caro, mas havia certos trabalhos que
precisava realizar, com os quais não podia contar com seus
companheiros Gárgulas para realizar. Burk e Kavin provaram ser
leais e capazes, portanto, enviou os dois para a Costa Oeste para
construir seu exército lá. Dois outros Goyles, Renneck e Trexon,

A "Costa Oeste dos EUA", também conhecida por "Costa do Pacífico" designa geralmente os três
estados mais ocidentais do grupo de estados contíguos: Califórnia, Oregon, Washington e Alasca.
encontraram o caminho da Grécia depois que o Rei foi derrubado.
Eles eram bons em seguir ordens, e nenhum deles queria lutar com
ele pelo papel de liderança. Não que qualquer um pudesse vencê-lo.
Como todas as outras formas de vida, havia uma hierarquia, e Drago
estava agora no topo dela. Ele nunca considerou ser Rei enquanto
morava na Grécia, mas agora que não estava mais sob o controle de
Alistair, o pensamento era atraente. Se pudesse continuar a construir
um exército de Profano, ele poderia eventualmente desafiar Rafael
Stone.

Renneck ergueu as sobrancelhas enquanto inclinava a cabeça em


direção à porta pela qual o cientista saía.

— Não, —Drago respondeu à pergunta não dita. — Podemos ter


necessidade de seus serviços no futuro. —Aqueles humanos que
serviam a um único propósito foram dispensados, e então Renneck e
Trexon os seguiam e os tiravam da comissão, recuperando o dinheiro
que havia sido pago. Pessoas como Craven eram mantidas vivas
desde que se mostrassem úteis.

A Grécia é um país do sudeste da Europa com milhares de ilhas espalhadas


pelos mares Egeu e Jônico. Bastante influente na antiguidade, a nação é considerada o berço da civilização ocidental. Atenas, sua capital,
conserva monumentos como a Acrópole, do século V a.C., onde fica o templo Partenon. A Grécia também é conhecida por suas praias, como
Santorini, com suas areias escuras, e os festivos complexos hoteleiros de Míconos.
Drago foi capaz de compartilhar seu objetivo com aqueles
Profanos que tiveram parte de sua humanidade retornada. Era um
plano de duas partes que não apenas o faria governar Nova Atlanta
quando assumisse a liderança de Rafael Stone, mas também tiraria
Kallisto da prisão. Ele não estaria onde estava sem a ajuda dela, e
não havia como deixar a fêmea apodrecer na Pen, mesmo que ela
fosse humana. Drago trabalhou para Kallisto por muitos anos e ela
sempre fora justa. Sem falar que ela era deslumbrante. Talvez ela o
apreciasse o suficiente para considerar ser sua Rainha uma vez que
ele a tirasse da cela da prisão.

O armazém que ele estava usando como base de operações ficava


escondido nos arredores da cidade. Era um dos poucos edifícios não
pertencentes à Stone Inc. Drago teve sorte quando o encontrou.
Estava perto o suficiente para que os Profanos pudessem se espalhar
e criar estragos, mas longe o suficiente para ficarem fora da grade.
Quando ele se sentou atrás de sua mesa na grande sala que
transformara em escritório, Drago acendeu um charuto, soprando

Atlanta é a capital do estado da Geórgia, nos EUA. A cidade desempenhou um papel


importante na Guerra Civil e no movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos na década de 1960. O Atlanta History Center
registra o passado da cidade, e o Martin Luther King Jr. National Historic Site é dedicado à vida do líder afro-americano Martin Luther King
Jr. No centro da cidade, o Centennial Olympic Park, construído para os Jogos Olímpicos de 1996, abriga o enorme aquário Georgia
Aquarium.
anéis de fumaça em direção ao teto. Perderam a pequena garçonete
quando a sequestraram, mas ele não se intimidou. Drago já havia
escolhido sua próxima vítima e, em pouco tempo, a Sociedade de
Pedra saberia quem estava tomando conta de Nova Atlanta.

a garrafa de vinho e a levou para o pátio. Ela estava com

jet lag desde o voo quase sem escalas que fizera na semana passada,
e o cochilo de quatro horas fez pouco para aliviar o cansaço. Quando
relaxou em uma cadeira almofadada, ela olhou para o gramado
enquanto a lua brilhava sua luz sobre a extensão. Um de seus tios,
Hayden, cuidava da propriedade enquanto Lucy viajava. Quando
conheceu a família do pai, era estranho para Lucy como eles a
aceitaram imediatamente. Tratavam-na como se nunca tivesse
estado longe deles. Eles sabiam quase tudo o que havia para saber
sobre ela, e só um ano depois de conhecer a todos é que ela descobriu
que eles mantinham um olho nela enquanto crescia. Eles a queriam,
mesmo que Warryck não.

O jet lag é um distúrbio temporário do sono. Ocorre quando o relógio biológico do corpo está fora de sincronia com os sinais de um
novo fuso horário. Pode haver desorientação relacionada à exposição à luz e aos horários das refeições. Fadiga e dificuldade de
concentração são alguns dos sintomas. Medicamentos e terapia de luz podem ajudar.
Enquanto bebia o Merlot, pensou nos últimos dias. Sua viagem
à África tinha sido estranha, para dizer o mínimo. As informações
que seu chefe procurava poderiam ter sido facilmente obtidas de sua
mesa nos Estados Unidos. Era outra em uma longa fila de bandeiras
vermelhas que Lucy estava colocando na parede para ver se elas
formavam um padrão. Algo estava errado. Algo aconteceu nos
últimos seis meses para colocá-la em alerta máximo, e ela pretendia
descobrir o que era. Lucy odiava pensar que seu empregador era
corrupto, então tentava restringir o campo de jogo àqueles que
tinham algo a ganhar ao atravessar para o lado sombrio. Ela se
recusava a acreditar que estava coletando informações sobre o
Ministério apenas para que as informações os ajudassem de alguma
forma.

Toda e qualquer informação que reuniu, Lucy entregou ao avô.


Sutton Lazlo havia sido oficial do exército antes de se tornar policial
no Texas . Quando ele mudou a família para o norte do estado de
Nova York, ele formou um clube de motocicletas. Ter um clube cujos
membros eram todos shifters significava que eram um grupo eclético.
Muitos humanos tentaram se conectar, mas isso nunca aconteceu. Se

O Texas é um grande estado no sul dos EUA com desertos, florestas de pinheiros e o rio Grande, que delimita a fronteira com o
México. Em sua maior cidade, Houston, o Museu de Belas-artes abriga obras de pintores impressionistas e renascentistas conhecidos,
enquanto o Space Center Houston oferece exposições interativas projetadas pela NASA. Austin, a capital, é conhecida pelo seu cenário
musical eclético e pela LBJ Presidential Library.
alguém dissesse a Lucy, há cinco anos, que ela estaria montada nas
costas de uma Harley com os cabelos esvoaçando ao vento, ela teria
rido muito. Lucy Ball era uma jovem bonita e respeitável.

Ok, certo.

Só foi preciso um passeio na traseira da moto de Mav para mudar


sua atitude e seu estilo de vida. Claro, ela ainda tinha o dinheiro e a
casa grande, vazia e solitária. Mas agora ela tinha um guarda-roupa
de jeans, jaquetas de couro e onze pares de botas pretas de
motoqueiro. Lucy tinha até gostado de cerveja. Isso foi graças a
Hayden. Lucy mantinha a geladeira abastecida para o tio quando ele
vinha apreciar a paisagem. A primeira vez que ele pediu que ela se
juntasse a ele no cais com vista para o lago, eles se sentaram lado a
lado com um cooler de cerveja, enquanto Hayden contava suas
histórias da família.

Cada irmão tinha uma opinião diferente sobre o que eram os


Hounds. Sutton havia formado o clube para os shifters terem uma
irmandade. Um refúgio seguro onde eles poderiam se reunir com
outros Grifos e não precisar esconder sua verdadeira natureza. Sendo
policial, Sutton havia governado o clube da mesma maneira que
liderara seu departamento de polícia, sempre cuidando dos inocentes
e desamparados. Quando o Ministério destruiu o mundo cerca de
trinta anos atrás, Sutton decidiu reunir o maior número possível de
Hounds para encontrar esses cultos e destrui-los. No começo, Lucy
não tinha certeza de como se sentia em relação à sua nova família de
mercenários, algo que descobrira por engano, mas depois que Rory
explicou que não saíam e matavam pessoas aleatoriamente, ela
finalmente gostou da ideia de destruir o lixo, como dizia a avó.

Os Profano chegaram pouco tempo depois do quase apocalipse,


mas a família tomou conhecimento de outro grupo de shifters que
faziam sua parte para manter os monstros sob controle. Tanto quanto
a família sabia, os Gárgulas não estavam cientes dos Grifos. Eles
acharam melhor manter isso assim. Se os Gárgulas pudessem lidar
com os Profanos, os Hounds poderiam cuidar do Ministério. Depois
de ouvir o legado de sua família e sua parte em manter a humanidade
segura, Lucy aproveitou a chance para fazer parte disso. Pena que o
governo a alcançou antes que ela pudesse fazer muitas coisas boas.

Um movimento nas árvores chamou a atenção de Lucy. Usando


sua visão de águia, ela deu um zoom na área e ofegou quando viu
um homem escondido entre as árvores. Não no chão, mas nas
árvores entre os galhos. Mantendo-se imóvel, ela não queria alertá-
lo de que estava ciente de sua presença. O que ele estava fazendo? E
como passou pelo sistema de segurança? De olho nele, Lucy pegou
o telefone e abriu o aplicativo de feed de segurança. As câmeras
estavam localizadas em torno do perímetro, então, não importava de
que maneira ele entrasse na propriedade, as câmeras o teriam pego.
Não foi até que ela rebobinou o feed mais de quatro horas atrás que
encontrou o que estava procurando.

O homem parou na beira do lago depois de nadar a largura dele.


Ele olhou em volta e, depois de alguns segundos, lançou-se fora da
água usando grandes asas cinza. O homem pousou entre os galhos
grossos das árvores e instalou-se no que ele estava usando atualmente
como poleiro, exceto que não era um homem. Ele era um Gárgula.
Quando Lucy voltou ao ponto em que ele estava esperando na água,
ela deu um zoom no rosto dele. Mesmo que estivesse escurecendo lá
fora quando ele quebrou a superfície, havia luz suficiente para ela vê-
lo claramente.

Este não era apenas um Gárgula.

Este era Tamian St. Claire.


Harlow, mas ele ainda não
conseguia entrar em sua mente. Ele precisou de todas as forças que
conseguiu reunir para permanecer na árvore onde estava escondido
e não ir até ela em seu quarto. A mulher tinha sido fácil de seguir do
aeroporto. Mesmo longe quanto estava, Tamian podia sentir o
cansaço que ela experimentava. Depois que ela desapareceu através
do grande portão de ferro que protegia o que ele supunha ser sua
casa, Tessa e ele dirigiram por ali procurando uma entrada. Depois
de meia hora de reconhecimento, Tamian decidiu que seu melhor
curso de infiltração seria nadar através do lago e observá-la da
floresta ao redor de sua casa.

Havia câmeras de segurança localizadas ao redor do perímetro,


mas ele contava com um esconderijo suficiente para que Harlow não
detectasse sua presença. Tessa o deixou antes de ir encontrar um
hotel onde pudesse instalar o equipamento de computador que Julian
havia enviado com eles. Depois de terem um endereço, Julian levou
menos de um minuto para reunir a verdadeira identidade de Harlow,
Lucia Harlow Ball. Pelo menos ele a chamava pelo seu nome
verdadeiro.

O movimento na árvore fez Tamian se torcer. Um esquilo


empoleirado no galho acima daquele que estava usando e conversou
com ele. Tamian sussurrou para o pequeno roedor: — Olá,
amiguinho. —O esquilo respondeu com algo em que Tamian sorriu
antes de sair correndo para uma árvore diferente. Depois de voltar
sua atenção para Harlow, ele permaneceu imóvel. A mão dela parou
quando levou o copo de vinho à boca, olhando na direção dele. Os
olhos dela se fixaram nos dele. Mas como? Merda. Depois de alguns
segundos, Harlow tomou um gole de vinho, mas em vez de
permanecer onde estava, ela se levantou e entrou na casa, levando a
garrafa de vinho com ela.

Maldição. Ele não sabia como, mas ela o viu. Ela poderia não
saber que era ele, mas ele não tinha dúvida de que ela viu o
movimento quando falou com o rato da árvore. Não podia arriscar
ficar onde estava, então subiu mais alto na árvore antes de atravessar
vários galhos que se inclinavam sobre a água. Quando sentiu que
estava fora de vista da casa, Tamian deslizou pela parte de trás da
árvore e se arrastou pelo chão até chegar à beira da água, onde
mergulhou no lago e nadou a distância através da água.
A água estava turva, na melhor das hipóteses, durante o dia,
mas, como era noite, estava quase tudo escuro. Sua visão shifter lhe
permitiu ver o suficiente para nadar para o outro lado. Quando
chegou à margem oposta, Tamian virou de costas e abriu a boca
tempo suficiente para respirar. Com os pulmões cheios de oxigênio,
ele se virou e se jogou debaixo d'água, nadando ao longo da margem
até passar pela curva na costa. Só então ele se atreveu a colocar a
cabeça acima da água. Tamian não entendeu como Harlow poderia
tê-lo visto. Ela não era uma Gárgula que qualquer um dos Clãs
conhecia. Nikolas tinha verificado os arquivos. Ele disse que era
possível que um meio-sangue tivesse escapado das fendas,
considerando que o Clã só sabia de sua existência há cerca de um
ano.

Tamian perguntou a Tessa no voo se ela estava ciente de meios-


sangues não documentados, mas ela disse que agora toda a sua
família era contabilizada. Isso não significava que outros Gárgulas
em todo o mundo não tivessem acasalado com humanos. Se sua
companheira fosse parte shifter, ela saberia que ele era quem estava
vigiando a casa dela. Ou talvez você esteja apenas paranoico. De
qualquer maneira, Tamian retornou pela floresta no lado oposto do
lago da casa de Harlow. Quando chegou perto do local onde Tessa o
deixou, ele ligou para ela.
— Tessa?

— Estou aqui.

— Você pode me pegar agora.

— Já?

— Sim. Acho que ela me viu.

— Como isso é possível?

— Não tenho ideia. Bem, tenho uma ideia, mas até me


aproximar dela, não terei certeza.

— Estarei aí em dez minutos.

Quando Tessa chegou, ela jogou uma toalha e uma camiseta


para o irmão.

— Obrigado, —ele disse.

— Então, desembucha. O que aconteceu?

— Virei-me para conversar com um esquilo e acho que ela


acompanhou meu movimento.

— Sobre o que vocês dois conversaram? Suas nozes?


— Muito engraçada. Acho que Harlow pode ser uma Gárgula.
Não há outra maneira de ela ter captado meu movimento de tão
longe.

— Isso não seria a pior coisa do mundo. Por uma questão de


fato, seria melhor se ela fosse. Dessa forma, você não precisaria
explicar o que é.

— Então porque não posso senti-la como posso com outros


Gárgulas? Essa é a parte que não consigo entender. Sempre que estou
perto dela, sinto a necessidade de reivindicá-la, mas é a outra parte
que está faltando.

— Você quer dizer ser capaz de detectar as emoções dela?

Não. — Sim. É como se ela tivesse uma barreira invisível a


protegendo de mim. —Tamian podia sentir as emoções da mulher,
então mentir para Tessa parecia totalmente errado. Era nos
pensamentos de Harlow que ele ainda não conseguia se prender.

— Você tem certeza que ela o viu?

— Sim. Ela olhou diretamente para mim. Porra!

— Ei, esfrie seus jatos. Vai ficar tudo bem.

Tamian suspirou.
— Como você sabe disso?

— Se Stone e eu podemos ser companheiros sem nos matar, você


não deve ter nada com que se preocupar. Em vez de espreitar nas
árvores brincando de sussurrar com esquilo, porque não vai até a
porta e se apresenta?

— E dizer o quê? — Olá, Harlow. Sou Tamian St. Claire e você


é minha companheira?

— Você pode deixar de fora essa última parte, mas sim, por que
não?

— Foi isso o que você fez? Foi até Gregor e se apresentou? —


Tamian nunca tinha ouvido Tessa mencionar exatamente como ela
e Gregor se conheceram inicialmente.

— Não, nós nos encontramos em um posto de gasolina.


Literalmente. Eu me escondi dele por três anos porque Jonas estava
decidido a ficar longe dos sangue-puro.

— Uau, isso é …

— Patético. Eu sei, mas isso é passado. Agora que sabemos com


quem quer que o destino nos junte é nosso verdadeiro companheiro,
não acho que você tenha algo com que se preocupar, especialmente
se sentir a atração por ela.
— Mas e se for um acaso feliz? Quero dizer, não sou exatamente
o garoto propaganda normal quando se trata de ser um Gárgula.

— Não. Você é um garoto-propaganda por ser um Gárgula


especial. Se for verdade, mal posso esperar para conhecer essa garota.

— Porquê isso?

— Porque ela tem que ser extraordinária para se juntar a você.


Apenas espere, Harlow Ball vai arrancar suas meias.

— Não estou usando meias, —Tamian brincou, mas ele esperava


que a irmã estivesse dizendo a verdade. E talvez fosse assim tão
simples. Talvez ele devesse simplesmente bater na porta e convidá-la
para sair.

— Olá. Estive perseguindo você e estou aqui para levá-la para


sair.

— Você pode ser mesmo um bobão, —disse Tessa com um


sorriso. — Não diga a ela que você a perseguiu ou que você é um
companheiro predestinado.

— Você ouviu isso? —Tamian franziu a testa.

— Sim, você estava pensando bem alto por aí. Sério, seja você
mesmo e deixe tudo se encaixar após a introdução. Diga-lhe que você
a viu na Noruega e pensou que ela era a mulher mais bonita que já
viu, e você sentiu uma profunda conexão. Você tinha que descobrir
se ela sentia isso também.

— Vou pensar sobre isso. —Tamian não era necessariamente


tímido, mas não era tão extrovertido quanto sua irmã. Tessa
conversaria com o próprio diabo se ela acreditasse que ele era real.
Então, novamente, Satanás se esconderia de Tessa, com medo de ela
querer assumir o inferno. Às vezes, ela era como um turbilhão. A
maior parte do tempo. Okay, o tempo todo.

Era tarde demais para voltar para a casa de Harlow, então eles
foram para o hotel onde Tamian tentou dormir um pouco. Depois de
se virar e se virar por algumas horas, levantou-se da cama e desceu
as escadas para a piscina. Era o meio da noite, então ele tinha a área
para si. Tecnicamente, ele não deveria usar a piscina tão tarde, mas
arriscou que ninguém do hotel o visse. Se o fizessem, sairia e daria
uma corrida. Ele perdeu a conta do número de voltas que nadou.
Não foi até Tessa gritar em sua cabeça que ele parou.

Para onde você fugiu?

Estou na piscina. Volto em alguns minutos.

Tamian saiu da água e se secou com uma das toalhas de cortesia


que o hotel empilhou nas prateleiras para os hóspedes. Ele o enrolou
na cintura enquanto jogava outra sobre os ombros para não ficar
quase nu enquanto voltava para o andar de cima. Quando chegou à
suíte que ele e Tessa estavam compartilhando, ela já estava vestida.

— Eu pedi serviço de quarto. —Tessa nunca se esquivava


quando se tratava de comer. Seu metabolismo shifter lhe permitia
comer qualquer coisa e tudo o que ela queria, e ela não se conteve.
Pilhas de panquecas, montes de bacon e frutas enchiam a mesa, junto
com uma cafeteira e uma jarra de suco. Ela colocou uma mordida de
panquecas em xarope na boca enquanto ele enchia o próprio prato.

— Toda aquela natação lhe deu alguma resposta?

— Na verdade não, mas vou me arriscar e vou vê-la. Se Harlow


é minha companheira, preciso saber.

— —Lucy levou alguns segundos para perceber o que

a acordou. Alguém estava jogando sinuca. Fechando os olhos, Lucy


gemeu no travesseiro. Ela estava cansada tanto do voo longo quanto
da falta de sono. Depois que identificou Tamian St. Claire, ela
escapuliu pela floresta esperando ... Ela ainda não sabia o que
esperava realizar quando se encontrassem cara a cara. Esse jogo de
gato e rato que St. Claire estava jogando a deixava nervosa. Porque
um Gárgula estaria se escondendo para vigiá-la? Primeiro na
Noruega, agora em casa em Nova York. Lucy ligou para a avó,
pedindo que ela viesse mais tarde naquela manhã. Quando ela olhou
pela janela, percebeu que era mais tarde.

Lucy colocou o roupão felpudo por cima da camisola curta e


desceu as escadas. Parando na sala de bilhar, ela revirou os olhos e
suspirou ao ver Hayden e Kyllian às nove da manhã. Pelo menos
alguém estava usando a sala de jogos, mesmo que fosse muito cedo.
Até que Lucy conheceu seus tios e avós, ela nunca jogara bilhar.
Raramente ela se incomodava em entrar na sala de bilhar. Os dois
tios estavam vestidos com jeans desbotados e camisetas brancas
imaculadas, que se estendiam por todo o peito largo sob seus coletes
MC. Botas de couro pretas gastas finalizavam o conjunto de
motoqueiros. Ela nunca tinha visto seus tios vestindo outra coisa.

— Por que não ouvi suas motos? —Ela perguntou, caminhando


para espiar pela janela que dava para a entrada da garagem.

— Vim dirigindo o caminhão, —disse Hayden sem maiores


explicações. O irmão mais novo de Lazlo alinhou outro tiro, e Lucy
os deixou no jogo. O cheiro de café flutuava pela casa, e Lucy seguiu
o nariz. Rory estava no fogão fazendo um enorme café da manhã.
— O que está acontecendo? —Lucy perguntou à avó.

— Você me ligou, lembra?

— Liguei, mas não para você vir tomar café da manhã e


definitivamente não tão cedo.

— Você parecia precisar um pouco de comida caseira.

Lucy serviu o café e pegou um dos bancos da ilha. Quando ela


não respondeu, Rory virou-se para olhá-la.

— Acho que precisa contar a War sobre o Gárgula.

Lucy discordou. O pai dela não fazia parte do MC. Rory e


Warryck finalmente haviam enterrado o machado sobre como ele
lidava com a educação de Lucy, e isso foi apenas porque Lucy
insistiu nisso. Quando Lucy nasceu, sua mãe fez Warryck prometer
não a criar no MC. War concordou, entregando o bebê a tia e o tio
de Harlow. Rory ficou magoada, para dizer o mínimo, e seu
relacionamento com o filho se deteriorou a ponto de não existir.
Lucy demorou um pouco para perdoar o pai também, mas,
eventualmente, ele a convenceu de que estava atendendo ao desejo
de morte de sua mãe. Quando Lucy teve uma longa conversa com a
avó, Rory apareceu, e ela e War encerraram a disputa de vinte e um
anos.
— E dizer a ele o quê?

— Você tem um Gárgula espionando-a, seguindo você ao redor


do mundo.

— Papai está ocupado com o final do semestre. Ele não precisa


que eu interrompa os últimos dias de aula.

— Pelo menos você falou com ele. Tenho tentado ligar, mas
continua indo para o correio de voz. —Rory resmungou. A avó de
Lucy não tinha perdido a esperança de que seu filho rebelde
finalmente se juntasse à família no MC. Se os instintos de Lucy
estavam corretos, Rory esperava que ao contar a War sobre o
Gárgula isso o levaria a voltar para casa. — Se você não quer
incomodar War, diga pelo menos a Mav ou Ryker. Deixe seus tios
fazerem o trabalho deles e protegê-la.

— Não preciso de proteção. Foi por isso que você trouxe


reforços?

Rory balançou a cabeça. — Não, eles estão me vigiando. Seu avô


está de penas torcidas, porque acho que alguém está me seguindo.
Agora não posso ir a lugar algum sem alguns Hounds para o passeio.

— Você tem alguma ideia de quem é?


— Não. Se eu fizesse, você acha que eles ainda estariam
respirando? —Lucy não tinha dúvida de que se alguém estivesse
incomodando Rory, Sutton Lazlo cuidaria deles. Seus avós estavam
juntos há oitenta anos, e o vínculo que compartilhavam era mais forte
agora do que nunca.

— Não estou preocupada com o Gárgula. Muito pelo contrário,


na verdade. Sinto essa atração quando estou perto dele. Como se
estivesse me atraindo para ele, e não de uma maneira que fosse para
me machucar.

— Não sabemos tudo o que os Gárgulas são capazes. Pelo que


vimos, a maioria deles é boa, mas você sabe tão bem quanto eu, que
há bons e maus em todas as espécies. E se ele não for um dos
mocinhos? E se ele se envolveu com o Ministério e está seguindo
você?

— Não recebi essa vibração dele. Na verdade, não recebi nada


dele, exceto a corda invisível que me puxava em sua direção. Foi
assim na primeira vez que o notei na Noruega. Eu não queria nada
além de ir até ele, rastejar em seu colo e envolvê-lo em meus braços.

— Isso soa como um puxão de companheiro, mas não temos


isso.
— E se eles tiverem? Você acha que …? —Lucy parou, pensando
no lindo Gárgula e no que significaria se estivessem destinados a ficar
juntos. Ela nunca pensou que iria encontrar alguém que pudesse
entender como era ser um shifter. Essa foi uma das razões pelas quais
ela nunca se permitiu namorar com alguém à sério. Claro, muitos
Grifos se apaixonaram e se casaram com humanos. Seus pais, Lucius
e Vera, eram exemplos excelentes. Mas explicar sobre o lado animal
da sua natureza para um humano não era muito atraente para Lucy.

— O que acho é que você precisa ter cuidado. Pelo menos


mencione-o para o seu tio para que Mav possa apoiá-la. Apenas no
caso de ser necessário. Sei que você pode se controlar, você é uma
Lazlo. Mas Gárgulas são criaturas iguais a nós e, de tudo que
sabemos, são praticamente imortais. Você pode se defender de um,
mas quando se trata disso, você não pode matar um.

— De morar com Lucius, eu provavelmente sei mais sobre


Gárgulas do que a maioria do seu tipo. Ele foi levado a descobrir as
diferenças em nosso DNA. Ele nunca disse isso em voz alta, mas
acho que queria descobrir o que os tornava imortais e tentar
encontrar uma maneira de introduzir isso nos Grifos para que
também possamos viver vidas mais longas.

— Em outras palavras, ele estava brincando de deus.


— Se você acredita nesse tipo de coisa, mas sim, acho que ele
estava. —Os Lazlos, juntamente com a maioria dos outros Grifos,
eram seguidores dos velhos costumes. Os Hounds de Zeus não era
apenas o nome do seu clube de motocicletas, era o nome atribuído a
espécies deles que remontavam a centenas de milhares de anos. —
Não foi por isso que te liguei.

— Então por que você ligou? —Rory tirou uma forma de


biscoitos do forno e as colocou no fogão ao lado da frigideira. Lucy
nunca teve boa culinária do Sul, tendo crescido com Vera, cuja
família migrou do Canadá. Desde que Rory morava no Texas há
anos, ela trouxe todo tipo de receitas com as quais Lucy não se
cansava.

— Acho que alguém da minha agência está tentando armar uma


armadilha para mim.

— Uma armadilha para quê?

— Incapacidade? —Lucy escorregou do banquinho e foi até o


fogão. Enquanto ela afogava alguns biscoitos no molho e depois
esfarelava vários pedaços de bacon por cima, ela admitiu: — Esse é
o problema. Honestamente não sei. Os últimos casos que me foram
dados foram inúteis. Um desperdício do dinheiro do governo. Eu
poderia facilmente ter acessado os computadores daqueles para os
quais fui enviada para espionar. Em vez disso, fui enviada ao mundo
duas vezes para viagens sem sentido.

— E você não tem ideia de quem poderia estar por trás disso?

— Na verdade não. Venho fazendo um pequeno rastreamento


dentro do sistema, mas não sou a melhor hacker que temos. Existem
vários dentro do departamento que podem manipular facilmente
documentos e informações do sistema para parecer que alguém está
fazendo algo que não está. Ou não estão fazendo algo que estão.
Sinto que o Ministério tem um espião lá dentro.

— Então você deve se retirar.

— Você sabe que não posso. Tive que entregar minha vida para
o AGI em vez de uma sentença de prisão.

— Mas você pagou suas dívidas. Eles não podem responsabilizá-


la para sempre.

— Claro que podem. Eles são o Governo e podem basicamente


fazer o que quiserem.

— Então eles não são melhores do que as facções que espionam.


Você tem alguma informação que possa usar contra os superiores?
Você precisa de alavancagem para poder sair de lá.
— Isso remonta ao que estava dizendo sobre o rastreamento. Se
alguém descobrir que estou espionando os espiões, estou acabada.
Eles vão me jogar na prisão ou coisa pior.

— Você precisa dizer isso à família.

— Para que eles possam montar em seus cavalos de ferro e


invadir o castelo? Rory, você sabe tão bem quanto eu que só trará
atenção indesejada aos Hounds. O que eles estão fazendo é mais
importante do que salvar minha bunda.

— Diz você. —A avó fez uma careta, mas sabia que era verdade.

Lucy largou o garfo e colocou as duas mãos na beira da mesa. —


Você não pode sentar aí e me dizer que se os papéis fossem
invertidos, você não se sentiria da mesma maneira. Os Hounds são
mais importantes que qualquer um de nós, e você sabe que estou
certa.

— Não significa que tenho que gostar. Você não é apenas uma
Grifo aleatório correndo por aí arriscando a própria vida, você é
minha neta.

— E você me ensinou bem nos últimos anos. Não estou me


arriscando sem pensar nas consequências. Sou cautelosa e treinada.
Rory se inclinou e tirou uma mecha de cabelo do rosto de Lucy.
— Sei que você é, mas isso não me impede de me preocupar com
você. Fiquei sem você por muito tempo. Eu poderia me chutar na
bunda por não entrar na casa de Lucius exigindo tempo igual.

— Mas estamos juntas agora, e você mais do que compensa o


que perdemos. Eu te amo, Rory.

— Eu também te amo, Pombinha.

Tamian ainda hesitou em ir ver


Harlow. Algo sobre caminhar até sua casa chique e bater na porta
não se encaixava bem com ele. Tessa argumentou por alguns
minutos que era o plano perfeito, mas ele lembrou que era o plano
perfeito para ela, não para ele. Ela deixou pra lá e abriu o
equipamento do computador enquanto ele tomava banho. Quando
ele voltou para a sala de estar da suíte, Tessa disse: — Venha ver
isso. Sua fêmea tem companhia.

Tamian sentou-se ao lado dela no sofá e olhou para o


monitor. Dois motoqueiros e uma mulher que parecia estar na casa
dos quarenta anos saíram de um utilitário preto e caminharam até a
porta da frente de Harlow. Eles não bateram. Em vez disso, a mulher
abriu a porta com uma chave.

— Como você conseguiu imagens da câmera da casa de Harlow?

— Enquanto você estava nadando no lago, posso ter feito um


pequeno reconhecimento. E também posso ter configurado algumas
câmeras ao redor do perímetro.

— Ela tem suas próprias câmeras. Ela provavelmente sabe o que


você fez.

— Se isso fosse verdade, ela já as teria removido. Além disso,


Julian digitou seu feed de segurança e me disse para onde as câmeras
apontavam. Eu apenas me certifiquei de ficar longe dessas áreas.

— Quando foi isso? —Tamian indicou a cena sendo exibida no


monitor.

— Cerca de uma hora atrás. Isso … —Tessa digitou algumas


teclas e o monitor mudou para uma tela dividida —… é agora.
Graças ao acesso de Julian às câmeras de Harlow, seis diferentes
quadrados destacavam seis áreas da casa dela. Surpreendeu Tamian
que as janelas não estavam cobertas com cortinas. Em vez disso, ele
e Tessa tinham uma visão clara dos dois homens jogando sinuca e da
mulher preparando o café da manhã. Tessa deu um zoom na foto da
cozinha.

— Sua companheira é quente, mesmo com cara de quem acabou


de acordar.

A irmã dele não estava errada. O cabelo de Harlow estava preso


no topo da cabeça dela em um nó bagunçado, e o robe volumoso
fazia pouco para prejudicar seus traços elegantes.

— Quem quer que seja essas pessoas parecem estar em casa.

— Isso é porque eles são da família. A mulher é Aurora Rose


Lazlo, e os homens são dois de seus filhos. —Informou Tessa,
deslizando o laptop na frente dele. — Nós já sabemos que Harlow foi
adotada. Acontece que os Balls eram tio e tia de sua mãe
biológica. Seu pai biológico, Warryck, é professor de psicologia,
enquanto o resto de sua família faz parte de um clube de
motoqueiros, The Hounds of Zeus.

— Você esteve ocupada.


— Na verdade, Julian esteve. Sou boa, mas ele é
brilhante. Continue lendo, —disse Tessa, apontando para a tela na
frente de Tamian. A história de Harlow, assim como a dos Lazlos,
estava bem documentada. A informação não dizia nada sobre eles
serem Gárgulas ou até meios-sangue.

— Não há nada sobre eles serem shifters, o que não esperava,


mas confira isso. Tamian virou a tela de volta para Tessa e apontou
para um determinado parágrafo. — Aurora parece realmente bem
para alguém da idade dela, não acha?

— Eles devem ser shifters, se isso estiver certo. Mas porque eles
não escondem o fato de serem mais velhos do que parecem? Vou
ligar para Nikolas e levá-lo a investigar melhor o passado deles.

Tamian pegou o computador, colocando-o no colo, enquanto


olhava as informações pela segunda vez. Ao reler o passado de
Harlow, ele olhou para os monitores para ficar de olho na fêmea. Os
dois homens terminaram o jogo de sinuca e se juntaram a Harlow e
Aurora na cozinha. Sem som, era impossível saber o que eles
estavam discutindo, mas pelos olhares nos rostos dos homens, o que
quer que fosse, não era bom. Juntos, os dois homens correram para
fora, e cada um decolou em direções diferentes.
— Uh oh, —disse Tessa. Não demorou muito para os homens
encontrarem as câmeras que Tessa havia colocado ao redor do
perímetro. — Você viu aquilo? —Tessa se esforçou para pressionar
alguns botões no computador e rebobinar o feed. — Lá! —Tamian
olhou para a que ela estava se referindo. Quando um dos homens
alcançou a câmera, um conjunto de garras se projetou de suas pontas
dos dedos.

— Acho que não precisamos mais assumir que eles são shifters.

— Não, mas me incomoda que eles não estejam no banco de


dados. Por que Nik não teria registro deles?

Tamian recostou-se no sofá e passou a mão pelo rosto. — Acho


que é uma pergunta que terei que fazer quando enfrentar Harlow.

— Então, você vai vê-la? —Tessa bateu no teclado e deu um


zoom nas garras do homem.

— Não vejo onde tenho escolha. Agora, mais do que antes,


quero descobrir porque ela estava na Noruega, e Rafael vai querer
saber porque a família não declarou lealdade em todos esses anos.

Quando Tessa não respondeu, Tamian olhou para sua irmã. Seu
foco estava na tela, então ele seguiu os olhos dela. Ela estava olhando
para a imagem ampliada da mão do homem. Tamian permitiu que
suas próprias garras se estendessem da ponta dos
dedos. Comparando as dele com as da tela, havia uma grande
diferença. Tessa fez a mesma coisa e colocou a mão ao lado da de
Tamian. Suas garras eram menores, e isso fazia sentido,
considerando que ela era uma mulher, mas tinham a mesma forma
das de Tamian. Aqueles na tela não eram nem de longe
idênticas. Tessa se virou e olhou para Tamian.

— Essas não são garras de Gárgula.

— Elas não parecem ser, mas estamos cientes da existência de


outro tipo de shifter? —Tamian pensou em como Harlow foi capaz
de desaparecer na floresta. Se ela fosse capaz de se transformar em
algo além de humano, ou Gárgula, isso explicaria como ela escapou
dele. Também poderia explicar porque ele não conseguia ler a mente
dela. Ele queria testar sua teoria. Se pudesse se aproximar dos outros
em sua casa, ele poderia descobrir se era apenas sua companheira
que poderia bloqueá-lo, ou os outros também.

— Você não trouxe nenhum disfarce, trouxe?

Tessa colocou o computador sobre a mesa e se levantou.

— Trouxe, mas ambos são do sexo feminino. O que você está


pensando?
— Acho que preciso me aproximar da família dela e ver se
consigo sentir suas emoções. Ela conhece meu rosto e minha
identidade. Não há como eu testar minha teoria sem esconder quem
sou.

— Eu posso ligar para Jonas e pedir que traga durante a noite


algumas máscaras para nós. Isso lhe dará um dia para elaborar um
plano, em vez de apenas aparecer na casa dela e abrir caminho.

— Vou ligar para ele. Eu sei exatamente o disfarce que vou usar.

— Sim? E qual é?

Os olhos de Tamian brilharam. — Você vai ver. Por enquanto,


porém, eu gostaria que você acompanhasse os machos. Se eles forem
embora, descubra para onde vão.

— Já estou nisso.

Tamian voltou para o quarto, pegou o telefone e ligou para o


tio. Depois disso, Tamian entrou na internet e fez uma pequena
pesquisa. Para se aproximar da família de Harlow, precisava se
transformar em alguém completamente diferente.
voltou a invadir a casa e jogou uma câmera quebrada na
mesa da cozinha.

— Isso é completamente inaceitável, Lucia. Raramente alguém


de sua família a chamava de outra coisa que não Lucy ou Luce, mas
quando a chamavam de Lucia, ela sabia que estava com problemas.

— Concordo, Ian. —No café da manhã, Lucy confidenciou a


seus tios suas suspeitas de estar sendo espionada. Assim que as
palavras saíram de sua boca, Ian e Denny saíram da casa para
verificar o perímetro. Lucy era a única que os chamava pelos nomes
de infância. Para os Hounds, eles eram Kayos e Havyk. — Por isso
que liguei para Rory. —Lucy olhou para a avó, implorando
silenciosamente que ela ficasse calada sobre Tamian St. Claire.

— Então agora vocês duas estão sendo seguidas, Kyllian fervia.


Os irmãos ouviram Lucy e Rory conversando. Eles sabiam quais
câmeras pertenciam à propriedade porque as instalaram. Não seria
difícil descobrir se alguém havia acrescentado as suas à mistura.

— A situação de Lucy é pior, porque há um Gárgula atrás dela.

— Rory! —Lucy não podia acreditar que a avó a traiu. Por outro
lado, Rory era a matriarca dos Hounds. Ela era forte e feroz, e faria
qualquer coisa para manter sua família segura, mesmo que fosse para
“tirar” Lucy.

— O quê? Eu disse que não contaria ao seu pai. Não disse nada
sobre esses dois. Nós não ficamos escondidos dos Gárgulas todos
esses anos apenas para ter um tropeçando em nós agora.

Lucy bateu a cabeça em cima da mesa. Ela queria lidar com


Tamian St. Claire. De mais de uma maneira. Algo sobre o Gárgula
a chamava em um nível primitivo, e se sua família fosse atrás dele,
ficaria feio.

— Porque um Gárgula está atrás de você?

— Porque sou irresistível? Inferno, não sei. Encontrei-o na


Noruega e acho que ele estava mais interessado em saber porque eu
estava lá, na cidade shifter que deveria ser um segredo, do que em
mim pessoalmente. Quando deixei o país, ele me seguiu.

— É possível que ele seja responsável pelas câmeras? Ele poderia


estar aliado com quem está atrás de você dentro do governo?

— Qualquer coisa é possível, todos nós sabemos isso. Mas acho


que não. Acho que Ta ... o Gárgula está apenas curioso. Não me
senti ameaçada por ele. —Lucy rezou para que seus tios não a
pegassem quase escorregando. Só porque ela sabia quem ele era, não
significava que iria compartilhar essa informação com sua família.
Não estava mentindo quando disse que não se sentia ameaçada. Ela
também não compartilharia o que sentia quando estava perto do
homem.

— Temos que contar a Ryker sobre ele. Precisamos de mais


informações sobre sua situação no trabalho assim como o Gárgula.
Ele colocará um guarda em você e depois ...

— Não, —Lucy interrompeu, cortando Hayden. — Você sabe o


que meu trabalho implica. Não há como eu ter motoqueiros me
seguindo ao redor do mundo sem disparar alarmes. Não preciso de
músculo. Preciso de alguém que possa invadir o sistema sem ser
rastreado.

— Mas você é a nossa especialista em computação residente.


Não conhecemos ninguém com esses recursos além de você.

— Exatamente. Enquanto aprecio sua preocupação, vou ter que


descobrir isso sozinha. Vou manter minha cabeça baixa, mas meus
olhos abertos. Se eu sentir que está saindo do meu controle, aviso
você.

Os dois tios a encararam enquanto Rory segurava a mão de


Lucy.
— Eu me sentiria melhor se você deixasse pelo menos um dos
Hounds ficar aqui com você. —Ela não deu mais detalhes na frente
de Ian e Denny, mas Lucy sabia que Rory queria alguém lá, caso
Tamian aparecesse. Lucy tinha sentimentos confusos. Por um lado,
ela queria que Tamian aparecesse para poder enfrentá-lo. Descobrir
o que ele queria com ela. Por outro lado, ela não era páreo para um
Gárgula de sangue puro. Se ele não fosse do bem, seria melhor ter
um dos Hounds por perto como reserva.

— Ok. Mas apenas um. Não quero que minha casa se transforme
em central de festas.

Kyllian fingiu inocência. — Quem, nós? —Hayden estendeu a


mão e eles bateram nas juntas dos dedos. Os dois podiam ser mais
velhos nos anos de Grifos, mas nos anos humanos eles agiam como
dois garotos de faculdade, festejando o caminho da vida. A única vez
que eles falavam sério era quando estavam realizando tarefas de
Hound. Eles podiam estar na parte inferior do totem do MC, mas
estar em uma família de motoqueiros era uma honra para eles. A
maioria deles de qualquer maneira. Seu pai era o único irmão Lazlo
que se recusara a usar o nome do clube nas costas.

— Eu escolho Monk.
— Ooh, A Pequena Lucy gosta dos altos e silenciosos, não é? —
Hayden brincou.

Lucy revirou os olhos para o tio. — Sim, silencioso sendo a


palavra operativa aqui. —Em todos os anos em que esteve nos
Hounds, nunca ouvira Liam "Monk" Nagano pronunciar uma
palavra. Ela o viu usar linguagem de sinais, mas nunca perguntou se
ele havia nascido mudo, ou se algo mais aconteceu. Ele era uma
mistura de sul-coreano e europeu do leste, mas eram seus traços
asiáticos que se destacavam entre os músculos e a tinta. Lucy não se
importava com nada disso. O que ela gostava era o fato de Monk ser
feroz, quieto e, sim, bom aos olhos.

Kyllian pegou o telefone e saiu da sala. Lucy poderia ter um


Hound como guarda-costas, mas raramente sua família falava sobre
os negócios do clube na frente dela. Sem nada para fazer além de
esperar, Lucy se levantou da mesa e limpou a louça do café da
manhã. Quando Rory se ofereceu para ajudar, Lucy a afastou. —
Você cozinhou. Eu limpo. —Esta era uma discussão que elas
costumavam ter, mas Rory sempre deixava Lucy seguir o seu
caminho e foi com Hayden para o pátio.

Lucy usou o tempo para aproveitar o silêncio. Ela amava sua


família, mas ainda não estava acostumada a tanto barulho quando
eles estavam por perto. Crescendo com Lucius e Vera, Lucy havia se
acostumado a uma casa silenciosa. Quando estava na escola, ela se
cercou de pessoas parecidas. Lucy não saía com os festeiros. Ela não
frequentava danceterias ou passeava em bares onde você tinha que
gritar para ser ouvida. Os Hounds eram maiores que a vida. Se ela
tivesse sido criada com quatro irmãos do sexo masculino, ela poderia
ser tão barulhenta quanto todos eles eram. Ela não tinha dúvida de
que os cinco irmãos eram muito próximos, todos disputavam
atenção enquanto cresciam. Se fosse uma pessoa de apostar, Lucy
apostaria que Monk era filho único como ela.

Quando Kyllian voltou à cozinha, ele disse: — Sutton quer falar


com você.

Lucy, com as mãos enterradas na água e sabão, olhou por cima


do ombro. — Ele está no telefone?

— Não. Ele quer você no complexo. O rosto de seu tio não traiu
nenhuma emoção, então Lucy não sabia se isso era bom ou ruim.

— Porque não posso falar com ele ao telefone?

— Ele sente sua falta. E com a brecha na segurança aqui, ele


prefere que todas as conversas futuras sejam realizadas em outro
lugar. Vou terminar a louça enquanto você se troca.
Quando os Hounds queriam algo, eles conseguiam. Sutton podia
não ser mais o presidente do clube, mas ele era o patriarca da família
e, portanto, ainda estava no comando. Ele não gerenciava o MC, mas
quando algo envolvia sua esposa ou neta, ele se envolvia neste
negócio. Lucy secou as mãos, sabendo que discutir seria inútil. Ela
nunca dera aos avós um motivo para ficarem chateados com ela, e
não ia começar agora. Lucy era uma Grifo. Ela era forte, inteligente,
engenhosa, mas ainda era a “garotinha” deles. Talvez um dia seu pai
se sentisse tão profundamente protetor quanto o resto deles. Sendo
ela a imagem cuspida de sua mãe, ela duvidava disso.

— Ele acha que minha casa está com escutas? —Lucy sabia
como eram pequenos aparelhos de escuta e onde estavam
escondidos. Ainda assim, ela olhou em volta da cozinha antes de ir
para o quarto.

— Não. Os alarmes não foram acionados, mas não capturamos


quem adicionou câmeras extras na propriedade, então tudo é
possível. Quando ele chegar aqui, Monk verificará a casa.

Quando Lucy conheceu sua família, ela hesitou em dar-lhes


acesso a sua casa. Levou um tempo para confiar neles
implicitamente, mas depois de ficar com a avó por alguns meses,
Lucy concordou em ter uma família que pudesse aparecer a qualquer
hora do dia ou da noite. Quatro anos depois, eles ainda apareciam
sem um convite ou telefonema para avisar que estavam a caminho.
Desde que ligou para Rory e pediu para ela vir, isso ainda se aplicava.

Depois de vestir um jeans e uma camiseta, Lucy pegou sua bolsa


e seguiu os outros até a caminhonete. Era estranho que não tivesse
sido chamada para o trabalho. Raramente ela conseguia mais de uma
noite para recarregar antes de começar sua próxima missão. Ela
aceitaria o adiamento enquanto durasse.

O complexo dos Hounds não era um complexo típico de MC.


Sutton não fazia nada pela metade. Lucy havia investigado clubes de
motoqueiros enquanto fazia uma pequena pesquisa em sua família.
O mundo deles era tão diferente daquele em que cresceu, e ela queria
saber o máximo possível sobre eles antes mesmo de conhecê-los.
Depois da reunião inicial com o pai, ela entendeu porque sua mãe
biológica não a queria criada pelos Lazlos. Mas quanto mais ela
estava perto deles, mais suas ideias sobre quem eram e o que
defendiam mudava.

Em vez de ter um clube no meio de uma garagem ou estúdio


pornô, como era mostrado em programas de televisão, o complexo
não era um barracão onde aconteciam bebedeiras e devassas 24 horas
por dia. Era um lugar onde a família se reunia para discutir negócios.
Sim, havia uma enorme mesa de carvalho na sala de reuniões, mas o
local era arrumado enquanto era caseiro. Beber era permitido, mas
Lucy nunca tinha visto os Hounds festejando como se fosse sua
última noite na terra. Denny e Ian eram barulhentos e
indisciplinados, mas nunca foram desrespeitosos.

Ao contrário de outros clubes, os Hounds eram tudo sobre


família. Certamente, os membros eram homens típicos por amarem
mulheres, mas não permitiam que mulheres aleatórias andassem
seminuas apenas no caso de alguém querer um boquete. Era raro
quando um dos Hounds trazia uma mulher para lá. Somente aqueles
que estavam em relacionamentos sérios permitiam que alguém visse
essa parte de sua vida. Alguns dos membros eram casados e alguns
até tinham filhos.

Quando Lucy finalmente conheceu sua família, Maveryck


estava namorando alguém e, pela maneira como agiam um com o
outro, era sério. Então, um dia, a garota saiu da vida de Mav sem
sequer um adeus. Ele ficou arrasado, mas a vida continuou. Ele não
namorava pelo que Lucy sabia. Ryker sendo Ryker nunca
mencionou uma mulher. Se ele namorava, era longe da família. Lucy
tinha a sensação de que algo aconteceu no passado dele também,
porque ele era o homem mais estóico que ela já conheceu. Nunca,
em quatro anos que ela conheceu seu tio, ela o viu sorrir.

— Lucy, venha aqui, —Sutton gritou, mantendo os braços


abertos. Pelo menos ela sabia que seu avô não estava chateado com
ela.

— Ei, vovô, —ela disse, permitindo que ele a envolvesse em seus


braços fortes. Os Lazlos, na maioria das vezes, eram um tipo de
família sensível. Crescendo com Lucius e Vera, Lucy se sentiu
amada, mas isso não foi demonstrado tão abertamente quanto com
seus avós e tios. Apenas Ryker a segurava no comprimento do braço,
mas ele frequentemente apertava sua mão brevemente para que ela
soubesse como se sentia. Os outros tios se pareciam mais com irmãos
mais velhos do jeito que se separaram dela enquanto retratavam os
machos protetores.

Quando Sutton a soltou, ele se sentou à cabeceira da mesa,


indicando que se tratava de uma reunião de família e não de negócios
do clube. Ele apontou para a cadeira à esquerda, onde Mav
normalmente estava sentado. Rory foi sentar-se ao lado de Lucy, ao
lado do marido. Todos os irmãos estavam lá, todos, menos o pai
dela, bem como alguns outros Hounds que ela agora considerava
família. Quando todos estavam ao redor da mesa, Sutton disse: —
Conte-nos tudo, e isso inclui o Gárgula que está seguindo você.

Bem, merda.

— —Tessa perguntou quando

Tamian voltou para a sala de estar.

— Jonas estava ocupado. Eles tiveram que levar Jonathan ao


hospital.

— O quê? Eu o vi faz pouco, ele …? —Tessa mordeu o lábio


inferior, e seus olhos esmeralda brilhavam com lágrimas não
derramadas. Tamian atravessou a sala e a puxou para ele. Jonathan
não era apenas o braço direito de Rafael. O humano era como um
pai para a maioria do Clã, e Tamian não era imune ao amor do
homem. Jonathan adorava todas os Gárgulas, companheiras e as
crianças tanto quanto Priscilla, mas à sua maneira. Era apenas uma
questão de tempo até que ele sucumbisse ao câncer que destruía seu
corpo, e seria um dia triste para a Sociedade de Pedra.

— Ele estava tentando sair da cama quando desmaiou. —Rafael


ligou para Jonas, pedindo-lhe para encontrá-los no hospital. Por
enquanto, ele está estável, mas vão mantê-lo lá, onde ele pode ser
monitorado. Porque você não vai para casa? —Gregor
provavelmente precisa de você.

— Gregor tem sua família. Ligo para ele mais tarde, mas não
vou a lugar nenhum. Você precisa de mim aqui. —Tamian apertou a
irmã um pouco mais forte, dando um beijo em sua têmpora.

— Obrigado.

— Até Gregor aparecer, você me protegeu a vida toda. Já era


hora de eu fazer algo para você.

Tamian balançou a cabeça. — Não funciona assim. Não se trata


de reembolso ou contagem de pontos. Eu fiquei com você porque te
amo.

— E eu te amo. —Tessa o beijou na bochecha antes de se sentar


no sofá. Tamian sentou-se ao lado da irmã e ela disse, — Harlow saiu
com os três visitantes. Eles entraram a um prédio de tijolos sem sinais
ou marcas discerníveis indicando se é ou não um negócio e, em caso
afirmativo, que tipo. Enviei o endereço para Jules. —Tessa
rebobinou o feed para quando eles chegaram e apontou para o
monitor. — Dê uma olhada nos outros que entram no prédio. Eles
estão vestidos como motoqueiros também. Se não soubesse melhor,
pensaria que eles estavam entrando em uma reunião de um MC, mas
os clubes geralmente não são tão modernos.

Tamian estava agradecido por ter tido a previsão de solicitar um


disfarce adicional de Jonas. Ele precisaria ir comprar as roupas
apropriadas, mas se fosse se aproximar de Harlow, ele não queria
usar a mesma prótese que usaria quando tivesse que encontrar os
motoqueiros, porque estava confiante de que os encontraria.

— Está com fome? —Tessa perguntou depois de uma hora sem


movimento na tela e silêncio no quarto deles.

Tamian esfregou as mãos no rosto e soltou um suspiro. Ele ficou


surpreso que sua irmã tivesse demorado tanto para saltar do sofá.
Nenhum deles era do tipo que ficava sentado, mas ela era muito mais
anti-sofá do que ele.

— Sim. O que você acha de sushi? —Tamian não era muito


exigente e havia vários restaurantes a uma curta distância do hotel,
incluindo um pequeno japonês. Isso permitiria que Tessa saísse e
esticasse as pernas.

— Certo. Você quer o de sempre? —Ele e Tessa haviam


compartilhado refeições suficientes ao longo dos anos, ela sabia do
que ele gostava.

— Isso ou você pode me surpreender. Pegue minha carteira na


cômoda.

— Nah, eu pago essa. —Tessa acenou para ele e pegou dinheiro


da bolsa junto com o cartão-chave. — Volto em alguns minutos.
Nenhum deles tinha falta de dinheiro, então não discutiu sobre quem
pagava.

Tamian se levantou e esticou os braços sobre a cabeça. Olhando


em volta para garantir que tinha espaço suficiente, ele abriu as asas e
deixou suas presas e garras se estenderem. Nadar no lago e na piscina
fez pouco para aliviar a tensão interior. Desde que encontrou Harlow
na Noruega, a besta de Tamian estava ficando cada vez mais
inquieto. Por mais de vinte anos, as duas metades viveram em
harmonia. O shifter só vinha à tona quando Tamian o chamava, mas
estava claro que não seria o caso por muito mais tempo. Fazia muito
tempo desde que foi capaz de realmente se esticar e voar. Talvez fosse
hora de outra viagem ao chalé, mas isso só acalmaria a fera por um
tempo. Não muito diferente de Tamian, ele estava ansioso para se
aproximar de Harlow e fazê-la deles.

Depois de voltar atrás, Tamian olhou para o monitor do


computador bem a tempo de ver Harlow saindo do prédio com um
homem diferente do que ela havia entrado. Enquanto o homem
escoltava Harlow, ele deu um passo atrás com a mão nas costas dela.
Quando chegaram à beira do estacionamento, ele entregou-lhe um
capacete antes de se inclinar para uma motocicleta preta e cromada.
Harlow não hesitou em colocar o capacete e subir na moto, passando
os braços em volta da cintura dele. Nenhuma palavra foi dita quando
a moto saiu do estacionamento e acelerou.

— Porra! —Tamian não queria acreditar que sua companheira


estava envolvida com outra pessoa, mas então porque não estaria?
Ela era jovem e bonita. Inteligente e rica. Provavelmente uma shifter
dado o fato de que parte de sua família era. Se o homem na
motocicleta fosse o namorado dela, Tamian não hesitaria em
remediar isso. Ele não era bem versado nas maneiras de cortejar
mulheres. Ele passou a maior parte de sua vida vigiando sua irmã
para garantir que ela estivesse segura. Tinha estado perto de outros
shifters e suas companheiras, mas quando o vínculo de companheiro
assumia, não era necessário muito "cortejar". A atração entre dois
companheiros de destino era instantânea e poderosa. Tudo o que ele
precisava fazer era deixar Harlow sozinha, e isso deveria ser
suficiente para fazê-la se apaixonar por ele.

Quando Tessa voltou, com os braços carregados de comida,


Harlow ainda não havia voltado para casa com o motoqueiro. Tessa
espalhou o almoço sobre a mesa de jantar e, enquanto dividiam os
vários tipos de pãezinhos, Tamian contou a ela sobre o cara com
quem Harlow estava.

— Você precisa ir vê-la. Quanto mais tempo ela passa com


alguém que não é você, mais ruim fica.

— Eu vou, mas não sem um plano. Depois que comermos, vou


fazer compras. Preciso de roupas novas para a máscara que Jonas
está enviando. Talvez enquanto estiver fora, o cenário perfeito
chegue até mim.

Tamian precisava de um motivo para se aproximar da casa de


Harlow. Estava bem escondido atrás de um portão, por isso não era
como se ele pudesse subir e bater na porta.

— O que precisamos é ter ouvidos dentro da casa dela. Se


tivéssemos uma maneira de levar um pequeno transmissor para ela.
E se lhe enviarmos um pacote com um presente?
— E se você recebesse algo pelo correio que não pediu, não
suspeitaria?

— Sim ... E flores? Eu não suspeitaria de flores ... Sim, eu faria.


—Merda. Usando pauzinhos, Tamian habilmente mergulhou um
rolo de atum picante em molho de amendoim.

— Acho que aparecer pessoalmente é a melhor opção, mas vou


precisar de uma boa desculpa. Quando achávamos que eu poderia
me aproximar dela sozinha, isso era uma coisa, mas agora que ela
tem companhia, conversar com ela com o homem por perto oferece
um novo conjunto de obstáculos. Se os dois estão envolvidos ...
Enfim. Vou descobrir alguma coisa. Tenho quase vinte e quatro
horas antes de meu pacote de Jonas chegar.

Tamian almoçou, vagamente consciente de seus movimentos,


enquanto mantinha os olhos fixos nos monitores. Se Harlow e o
homem estivessem envolvidos romanticamente, em algum momento
eles ficariam de mãos dadas. Ele não queria assistir se ou quando
acontecesse, então, assim que terminou de comer, ele ajudou Tessa
a limpar a bagunça antes de dizer: Vou sair daqui por um tempo. —
Tessa entregou-lhe as chaves do carro alugado. — Você precisa de
alguma coisa enquanto eu estiver fora?
— Se você quiser pegar algo para cozinhar para o jantar no seu
caminho de volta, estarei bem com isso, a menos que você queira
sair.

— Vou ver o que estou disposto a fazer mais tarde, e ligo para
você. Se alguma coisa acontecer por lá. —Tamian apontou para o
monitor. — Me ligue.

— Eu ligo. Divirta-se fazendo compras.

Tamian nunca igualaria compras a diversão. O que comprava


para si mesmo, ele geralmente comprava online. Isso o impedia de
estar perto de toda a multidão. Ele não era um introvertido, mas
definitivamente não era aquele que se divertia na companhia de
grupos barulhentos. Era uma das razões pelas quais ele nunca pisara
sozinho em uma boate. As poucas vezes que havia seguido Tessa
quando ela optou por dançar a noite toda foram dolorosas. Sua irmã
era mais do tipo de mulher no salão de bilhar, mas quando era a
sentinela da família, às vezes tinha que fazer coisas fora de sua
própria zona de conforto para se misturar. Dançar em um clube
lotado era uma delas. Portanto, Tamian saia de sua própria zona de
conforto para cuidar dela. Ele sinceramente esperava que esse tipo de
atividade não fosse algo pelo qual Harlow estivesse interessada.
Exibindo um dos pseudônimos de Harlow, Tamian não
demorou muito para encontrar o conjunto certo de roupas para o
disfarce que ele escolhera. Ele comprou várias outras roupas e itens
que poderia usar se encontrasse se misturando aos motoqueiros.
Assim que ficou satisfeito com o que precisava, Tamian virou o carro
para um parque que tinha visto a caminho do shopping. Tessa havia
mandado uma mensagem algumas vezes dizendo que tudo estava na
mesma, então ele levou um tempo para sair e respirar o ar fresco,
mesmo que por pouco tempo.

Depois de caminhar pelo parque, Tamian descansou em um


banco, com os braços abertos nas costas. O sol brilhava em seu rosto,
tirando um pouco do frio. Ele gostava de clima frio e, quando estava
no chalé, adorava estar cercado por montanhas cobertas de neve.
Mas também gostava do sol. Era como um abraço caloroso dos
Deuses.

— Stormy! Stormy volte! —Tamian abriu os olhos para os gritos


angustiados de uma menininha. Sua audição shifter ouviu sua
corrida frenética quase trinta segundos antes que ela aparecesse. Um
filhote de cachorro cinza com olhos azuis brilhantes corria o mais
rápido que as pernas curtas permitiam, com a coleira atrás.
Tamian estendeu seus sentidos para a mente dele e o filhote
saltou direto para ele. Quando alcançou os pés dele, ela colocou as
patas da frente na perna dele, seu rabo balançando tão forte que fazia
sua bunda balançar. Tamian riu, segurando-a em seus braços.

— Olá, Stormy. Quem é uma garota bonita? —Ele coçou atrás


das orelhas dela até a garotinha se aproximar, seguida de perto por
uma mulher.

— Stormy! —A menina gritou e Tamian colocou o filhote em


segurança nos braços daquela pessoinha.

— Muito obrigada, —disse a mulher. Estamos tentando


acostumar Stormy a uma coleira e, até agora, ela está ganhando.

— Você não tem que agradecer. —Tamian esfregou Stormy sob


o queixo e silenciosamente a instruiu a obedecer a sua pessoa. A
garotinha colocou o filhote no chão e o cachorrinho dançou ao redor
da menina. Enquanto as observava brincar, uma ideia veio à mente.
Isso pode parecer um pedido estranho, mas estava pensando em
arrumar um filhote para minha filha, e Stormy é tão fofa. Tudo bem
se eu tirar uma foto dela para mostrar a minha garotinha?

— Eu ... —A mãe hesitou, o que foi inteligente. Demasiados


cretinos no mundo.
Prometo que só quero a foto para mostrar para a minha filha. Sua
criança está segura comigo.

— Sim, tudo bem, a mãe concordou depois que ele a cutucou


suavemente com sua mente. Tamian só usava seus poderes para o
bem, e se o plano que estava tramando reunisse ele e Harlow,
considerava isso uma coisa boa. Ele pegou o telefone e tirou uma foto
do filhote.

— Obrigado. Talvez eu tenha uma Stormy em minha vida em


breve.

— Posso ver uma foto da sua filha? A garotinha perguntou.

Tamian tinha por acaso uma foto de Amélia que ele tirou da
última vez que esteve na academia. A família de Frey havia passado
para trazer o almoço para Matthew quando ele esqueceu em casa.
Tamian não gostaria de ser Frey. Matthew tinha acabado de
completar dezoito anos, mas Slade ainda estava se recusando a
deixar o garoto saber que eram companheiros. Frey havia dado a
Slade sua bênção quando Matthew completou dezoito anos, mas
Slade queria que Matthew vivesse um pouco, ir para a faculdade e
jogasse basquete. Ele não queria que o jovem namorasse, mas
também não queria se relacionar com ele antes que o garoto tivesse
chance de experimentar a vida. Tamian não conseguia imaginar o
tipo de força necessária para estar perto de seu companheiro todos os
dias, fingindo ser apenas amigos.

Tamian mostrou a foto de Amélia, para mãe e filha, e depois que


elas concordaram que a menina precisava de um cachorro, elas
voltaram de onde vieram. A garotinha se virou e acenou para ele,
sorrindo, enquanto o filhote corria obedientemente a seu lado.
Tamian amava animais, e era apenas porque conseguia se comunicar
com eles, que eles toleravam estar perto de um Gárgula. Desde sua
pequena conversa com Molly, o labrador preto de Travis, Jasper e
outros Goyles podiam fazer visitas sem ela enlouquecer.

Era difícil imaginar uma vida sem animais por perto. Por causa
da fera por dentro, ele era basicamente um animal, mas para as
pequenas criaturas temiam estar perto dos Gárgulas, isso parecia
incomodar alguns, se não todos. A alegria que um cão ou gato trazia
para os humanos era uma alegria que ele não dava por garantida,
sendo um dos poucos, se não o único, que podia falar com eles e
aliviar seu medo.

Ao voltar para o quarto alugado, Tamian pensou em seu plano


para o dia seguinte. Era um truque clichê, mas funcionava. Pelo
menos ele esperava que sim. Harlow era uma mulher inteligente, mas
contava que seu coração fosse aquecido. Se ele soubesse mais sobre
sua companheira. Como se ela estava ou não namorando o
motoqueiro. Se preferia alguém todo esfarrapado e desalinhado em
vez de um homem com pele sem marcas e aparência básica? Ele
estava tão em forma quanto o motoqueiro, se não mais magro, mas
com roupas, ele não se sentia como algo especial.

Tamian viu como os membros do Clã encontraram suas


companheiras. Quando o fizeram, a força do vínculo era tão forte
que não importava se o outro companheiro era ou não o tipo deles;
elas eram atraídas para eles independentemente. Ele nunca tinha
visto casais que não estavam profundamente apaixonados, então
tinha que supor que o destino sabia o que estavam fazendo. No que
dizia respeito a ele e Harlow, ele rezava para que sim.

ficou ao lado da sala de espera privada com vários membros


do Clã. Rafael e Kaya estavam sentados em ambos os lados de
Priscilla enquanto todos esperavam Jonas vir falar com eles. A
tristeza que rolava do humano mais velho era quase mais do que
Deacon podia suportar. Todas os Gárgulas tinham a capacidade de
detectar emoções, mas seu "dom" ia muito além do normal.
Me ajude, ele implorou a sua besta.

Estou tentando. Priscilla está muito mais perturbada do


que qualquer um que já senti, e seu irmão ainda está vivo. Você
pode imaginar como será quando ele morrer?

Prefiro não imaginar. A besta de Deacon fazia o possível para


protegê-lo de sentimentos mais fortes que o normal.

Jonas, disfarçado de Joseph Mooneyham, Chefe da Equipe


Médica, entrou na sala e colocou Priscilla em pé. — Vamos, amor.
Vamos levá-la para ver Jonathan. Nós o instalamos em um quarto
privado e montamos uma cama extra para que você possa ficar com
ele. —Rafael e Kaya seguiram atrás, assim como a maioria do Clã
que estava esperando. Deacon hesitou, dando a si mesmo uma
pausa.

— Você vem, irmão? —Paxton perguntou.

— Sim, mas vou ligar para Remy e fazer uma atualização


primeiro. —Paxton assentiu e deixou Deacon fazer sua chamada.
Remy Doucet estava visitando a costa oeste. Sinclair havia
encarregado o homem de visitar a Pen para ver como Gregor e
Deacon a administrava. A população de Profano estava crescendo
na costa oeste, e Rafael e Sin estavam projetando uma instalação
privada onde pudessem abrigar seus próprios presos. O nome Stone
não tinha tanto peso na Califórnia quanto em Nova Atlanta, e a
oferta para construir e administrar uma prisão foi recebida com um
obstáculo atrás do outro, então eles projetaram uma instalação
privada que estava em processo de construção.

Quando Gregor partiu para o hospital, Deacon pediu para ir


também, deixando Remy para cuidar das coisas na Pen. Enquanto
vigiava Trevor, Deacon se aproximara ainda mais das companheiras
e filhos dos membros do Clã. Isso também significava passar um
tempo na mansão e se apaixonar por Jonathan e Priscilla. Deacon
não tinha família por perto. Seus pais moravam na África e ele não
os via há mais de trezentos anos. Ele era filho único, então encontrar
uma família em seu Clã trouxe a alegria que ele não sentia há muito
tempo.

Quando Remy garantiu que tudo estava bem, Deacon foi até o
quarto de Jonathan. A maioria dos Goyles estava amontoado ao
redor da porta, dando a Priscilla, Rafael e Kaya espaço para respirar.
Um por um, eles se aproximaram de Jonathan, oferecendo-lhe amor
e apoio. Quando Deacon entrou no quarto, ficou tonto. Que porra é
essa? Curvando-se, ele respirou fundo várias vezes, tentando limpar a
névoa do cérebro.
— Você está bem? —Rafael perguntou, colocando uma mão
firme nas costas de Deacon.

— Sim, eu ... —De pé, ele balançou a cabeça. — Isso foi


estranho. De repente, fiquei tonto.

Rafael e Kaya se entreolharam, sorrindo.

Kaya disse: — Dr. Bailey.

— O que tem ele? —Deacon perguntou, esfregando a testa.

— Ela. Dra. Bailey é a oncologista de Jonathan. Você pode


querer ficar até que ela volte.

— Você sabe, só para ter certeza. —Rafael deu um tapinha no


ombro dele, sorrindo.

— Ter certeza do quê?

— Que ela é sua companheira.


alvoroço do avô sobre Tamian St.
Claire. O que o desencadeou, no entanto, foi quem estava mexendo
com ela no trabalho. Com o Gárgula eles lidariam, o que quer que
isso significasse. Mas como eles poderiam protegê-la do
desconhecido? Depois de algumas horas, Lucy mudou de assunto e
os informou sobre as poucas informações que havia recolhido sobre
o Ministério desde a última reunião. Depois disso, ela disse que
precisava voltar para casa. Não era muitas vezes que tinha um fim de
semana para si mesma onde não estava viajando e queria aproveitar
o que restava dele.

Sem permissão, Monk levantou-se da cadeira e puxou a cadeira


de Lucy para ela. Nesse ponto, a reunião foi obviamente adiada, e
Lucy prometeu à família que os manteria informados sobre novos
desenvolvimentos. Ela nunca andou na traseira da moto do homem
silencioso, mas Lucy não hesitou em subir atrás dele. Ela adorava
andar de moto, e estar atrás de um homem tão bonito quanto Monk
não era uma dificuldade. No caminho de volta para sua casa, em vez
de seguir a rota mais direta, Monk percorreu o longo caminho,
percorrendo estradas secundárias por quase duas horas. De alguma
forma, ele sabia que ela precisava da paz que você só podia obter ao
andar ao vento.

Quando eles chegaram na casa dela, Lucy desceu da traseira da


moto, apertando os ombros de Monk no processo. — Obrigada, —
ela disse. Ele inclinou o queixo em resposta e partiu para fazer uma
verificação do perímetro. Lucy desligou o alarme, sabendo que ele o
redefiniria quando estivesse dentro. Todos os Hounds já haviam
estado em sua casa e todos sabiam o código dela. Ela não esperou
por ele, porque ele faria o que quisesse, independente de seus planos.

A casa era muito grande para uma pessoa. Tinha sido muito
vasta para três pessoas, mas era totalmente dela, e ela não conseguia
encontrar em si mesma o necessário para mudar para algo menor.
Em algum lugar no fundo de sua mente, Lucy imaginou a casa um
dia sendo preenchida por um marido e filhos. A qualquer momento
que ela tinha esses pensamentos melancólicos, ela se perguntava
como seria seu homem para sempre, mas agora ...? Agora era
Tamian St. Claire cujo rosto ela imaginava.

Grifos e Gárgulas poderiam acasalar? Como seriam os filhos


deles? Especiais. Isso é o que seriam. Lucy não estava preocupada se
seriam prioritariamente Grifos, porque ela sempre admirou os
Gárgulas como espécie. Tendo aprendido algumas coisas sobre eles
quando Lucius a ensinara sobre a espécie deles, e ela não era de
discriminar. Quanto mais pensava, mais empolgada ela ficava. Por
que ele a estava seguindo? Essa era a pergunta que ponderava mais do
que quem no trabalho estava de olho nela. Se ela tivesse alguém
como Tamian como seu companheiro, os dois sem dúvida seriam
uma força a ser reconhecida.

Lucy não tinha como encontrá-lo, ela tentou. Uma pesquisa


básica no computador não deu em nada, então talvez ele a
encontrasse novamente. Se isso acontecesse, ela iria apenas
perguntar o que ele queria com ela. A rota direta costumava ser a
mais fácil. Sua família sem dúvida gritaria com ela por se colocar em
risco, mas ela não se sentia perigo quando estava perto dele. Ela
sentia uma atração inegável. Lucy sabia sobre a composição genética
deles, mas não sabia sobre as normas sociais.

Depois de se servir de uma xícara de chá, Lucy saiu para o deck


dos fundos e sentou-se, relaxando na quietude do ambiente. A
propriedade era uma espécie de refúgio, mesmo que tivesse câmeras
de segurança monitorando os motivos de intrusos e um motoqueiro
silencioso procurando por Gárgulas sorrateiras. Com Monk lá, Lucy
duvidava que Tamian voltasse, mas ela podia esperar.

voltou para a suíte do hotel com comida italiana suficiente


para alimentar metade da família, mas ele e Tessa podiam guardar a
lasanha e a torrada como ninguém.

— Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora? —Ele sabia


que ela teria telefonado se surgisse algo que valesse a pena falar, mas
ainda assim perguntou.

— Não desde que eles voltaram alguns minutos atrás. Rebobinei


o feed para que você possa ver por si mesmo. —Tamian viu Harlow
deslizar da moto naturalmente, como se isso fosse algo que estivesse
acostumada. O motoqueiro seguiu Harlow, mas nenhum deles falou.
Enquanto ela entrava, o macho permaneceu do lado de fora e olhou
em volta. Ele caminhou pelo perímetro da grande casa de pedra antes
de entrar pela porta do pátio. Uma vez lá dentro, ele digitou o código
no painel de alarme dela antes de se servir de uma garrafa de água na
geladeira. Harlow lhe disse algo naquele momento antes de
desaparecer mais em sua casa. O homem sentou-se na ilha da
cozinha, cruzando os braços sobre o peito.

— Desde então, Harlow está sentada do lado de fora relaxando,


e o motoqueiro verificou o exterior e o perímetro várias vezes. Os
dois não se falam desde que saíram da moto. Pelo que parece, ele está
lá como guarda-costas e nada mais.

Só porque o motoqueiro não era seu namorado, não significava


que ela não tivesse um. Ainda assim, Tamian ficou feliz em ouvir
essas notícias. Isso tornaria as coisas mais fáceis no futuro. Depois
de abrir um dos pequenos copos plásticos de molho de alho e colocá-
lo ao lado do pão, Tamian levou o prato para o sofá e observou o
monitor. Habilmente, ele mergulhou o pão no molho e enfiou na
boca sem deixar cair um cisco.

— Por que uma agente do governo precisaria de guarda-costas?


Tamian murmurou.

— Por que você sentiu a necessidade de me seguir pelo mundo?


Eu poderia me cuidar, provavelmente melhor do que a sua Harlow.

— Porque você é minha irmã.

— Então, talvez eles se sintam tão protetores com Harlow


quanto você.
Tessa tinha um argumento válido, mas até que soubesse com
certeza, ele não podia deixar de imaginar todos os tipos de cenários,
bons e ruins.

— Ela é agente do AGI, mora em uma grande propriedade e tem


muito dinheiro. E se a família dela não estiver cuidando dela, mas
usando-a? Sei que eles são da família, mas não faz muito tempo desde
que ela descobriu que foi adotada. Julian examinou os registros
financeiros dos Hounds?

— Não que eu saiba, mas posso perguntar se isso vai fazer você
se sentir melhor.

— Sim. —Tamian seria o primeiro a intervir e defender sua


companheira se a família dela estivesse se aproveitando dela de
alguma forma.

— Vou enviar um e-mail agora, mas ela não parecia ameaçada.


Nenhuma vez ela se encolheu ou fez uma careta para a avó e os tios
antes. Nem mesmo quando encontraram as câmeras.

— Ok, então eles não são uma ameaça para ela, mas se eles
sentem a necessidade de protegê-la, algo está acontecendo.

Tessa engoliu um pedaço de lasanha e apontou o garfo para ele.


— Talvez eles a estejam protegendo de você. Quando Tamian
começou a protestar, Tessa falou por cima dele. — Ouça-me. Ela
estava sozinha em casa e depois te viu nas árvores, certo? —Tamian
assentiu e ela continuou. — Se ela o viu se transformar, ela tem que
saber que você é algo além de humano. Só porque seu tio também
não é humano, não significa que não se sinta ameaçada pelo belo
homem que a espia das árvores. A família dela chegou, todos
tomaram café juntos e, em seguida, ela provavelmente lhes contou
sobre vê-lo. Porque mais eles teriam subitamente procurado na
propriedade? As câmeras deveriam ter mostrado algo fora do
comum. Como não tinham, os tios procuraram até encontrar nossas
câmeras.

— Odeio quando você faz sentido. Mas ela tem que saber que
não sou uma ameaça. Quero dizer, se eu quisesse machucá-la, não
teria feito isso na Noruega?

— Uh, não, porque você não conseguiu pegá-la na Noruega. Sua


fêmea é inteligente e ilusória. Ela te escapou antes mesmo de você
saber o que estava acontecendo. Ela descobriu seu nome
provavelmente usando a tecnologia de reconhecimento facial do
governo. Não há muitas informações sobre você na internet, eu
chequei. Então, ela sabe o seu nome, mas isso é tudo que sabe, além
de você ser um shifter. Aposto que ela está sentada no pátio,
esperando você voltar para que possa descobrir mais. Se ela é
realmente sua companheira, ela deve sentir a atração quando você
estava perto dela. Garanto que ela está curiosa. O bilhete dela dizia
“mais sorte na próxima vez”, então talvez ela esteja contando com a
próxima vez.

Tamian estava confuso sobre como abordar Harlow. — Você


acha que eu deveria me aproximar dela sem disfarce? Ou devo
continuar com meu plano de chegar perto dela amanhã, fingindo ser
outra pessoa? Não quero ter que lutar com o motoqueiro, então
provavelmente devo seguir em frente com o plano anterior.

— Acho que essa é sua melhor aposta por enquanto. Se


funcionar, você chegará perto dela e poderá conversar com ela sem
confronto. —Tessa afastou o prato vazio. — Tente entender as
emoções dela. Se isso não funcionar, pelo menos você estará perto o
suficiente para ouvir a conversa dela com o motoqueiro, se algum dia
eles falarem um com o outro. Não consigo imaginar estar na mesma
casa com alguém e nunca dizer uma palavra a eles.

— Talvez ele não possa falar. —Tamian não podia imaginar ser
mudo. Ele era calado por natureza, mas não ser capaz de se
comunicar sempre que quisesse deve ser uma porra para um macho.
— Tudo é possível. —Tessa digitou algumas teclas e disse: —
Pedi a Julian que investigasse as finanças dos Hounds. Se você estiver
bem por enquanto, vou dar uma volta e ligar para Stone. Eu meio
que sinto falta do meu companheiro.

— Meio que? —Tamian sorriu para sua irmã. — Estou surpreso


que tenha passado tanto tempo sem ligar para ele. Você esquece que
eu os vi juntos.

— Não fique esperto comigo, irmãozinho. Você tem sua própria


companheira e, quando vocês dois se reunirem, entenderão por que
Gregor e eu agimos da maneira que agimos.

Tamian levantou as mãos. — Justo. Vá em frente. Eu arrumo


isso. —Ele se levantou e limpou os restos do jantar antes de pegar
uma cerveja na geladeira. Uma vez que Tessa saiu do quarto de hotel,
ele inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos brevemente. Ele só
podia rezar para que ele e Harlow tivessem um com o outro metade
do que Tessa e Gregor tinham. Ou todas os Gárgulas que
encontraram suas companheiras, aliás. Mesmo Jonas e Caroline
ainda eram inseparáveis depois todos os anos juntos. Ele queria isso
com Harlow.

As horas se arrastaram quando Tamian olhou para o monitor.


Sua impaciência era quase demais para Tessa, mas ela finalmente foi
para a cama, deixando-o resmungando. Quando a manhã chegou,
ele tomou banho e se vestiu para que, quando os disfarces chegassem,
tudo o que precisasse fazer era aplicar a prótese. Tessa queria que ele
também alterasse sua voz, então fez uma viagem ao restaurante do
hotel, onde os hóspedes estavam tomando café da manhã. Enquanto
tomava uma xícara de café, Tessa gravou uma conversa entre dois
homens. Quando ela voltou para a suíte, não demorou muito para
transferir uma das vozes aleatórias para o gravador e programar o
dispositivo quase invisível que Tamian colocaria contra sua garganta.

— É uma coisa boa que eu esteja preparada, —disse Tessa


enquanto pressionava o pequeno disco contra a pele dele. Enquanto
ela estava lá embaixo, o pacote de Jonas chegou, e Tamian havia
transformado sua aparência. Usando um pouco de gel de cabelo
preto, ele passou o cabelo para trás para combinar com o personagem
que ele escolhera para retratar. No último momento, ele optou por
renunciar às lentes de contato. Tamian secretamente queria que
Harlow reconhecesse uma parte dele.

— Como estou? —Ele perguntou, testando sua nova voz.

— Como se você tivesse saído do set de uma novela. Quando


Tessa não mencionou as lentes, Tamian tomou isso como um bom
sinal.
— Bom. Vamos.

Tessa usava seu traje normal, parecendo a garota motoqueira


que ela era. Ela até mesmo alugou uma moto para o caso de precisar
se aproximar dos Hounds por qualquer motivo. Tamian discutiu
sobre sua irmã se infiltrar em um clube de motoqueiros, mas depois
que ela colocou Gregor no viva-voz e ele deu sua benção, Tamian
apenas balançou a cabeça. Ele não entendia completamente a
dinâmica deles. Gregor era completamente protetor de Tessa, mas
quando ela pensava em algo, ele nunca tentava convencê-la a recuar.
O macho a apoiava, mesmo a centenas de quilômetros de distância.

Depois de deixar Tamian perto do bairro de Harlow, ela dirigiu


para o lado oposto do lago, onde esperaria por ele. Tamian caminhou
com propósito até faltarem três casas até à propriedade de sua
companheira. Ao se aproximar, ele diminuiu os passos, pôs em
marcha seu plano e começou a chamar o filhote que pertencia à
criança do parque.

— Stormy! Onde você está garota? —Tamian fingiu procurar o


cachorro rebelde, gritando de vez em quando até chegar ao portão de
Harlow. — Stormy! Aqui menina! —Tamian continuou andando
pela calçada, indo e voltando em frente às sebes altas que separavam
a propriedade da estrada, certificando-se de pisar no caminho das
câmeras. — Stormy. —Tamian assobiou algumas vezes por uma boa
medida. Esperava que o motoqueiro visse o que estava acontecendo,
considerando que parecia que ele estava lá para proteger Harlow. Seu
estômago apertou, e ele soube antes de vê-la. Harlow era quem vinha
ver o que estava acontecendo.

— Desculpe-me? —Ela chamou.

Enquanto Tamian corria de volta para o portão, ele estendeu


seus sentidos, tentando obter acesso à mente de Harlow. Em vez de
ter os pensamentos dela, ele foi bombardeado com xingamentos
vindos do motoqueiro que estava parado no portão com Harlow.

— Oi, —Tamian ofegou como se estivesse sem fôlego. Não foi


exagero, considerando que Harlow estava a poucos metros de
distância, parecendo esplêndida ao sol da manhã. Mais uma vez, seu
cabelo estava em um nó bagunçado no alto de sua cabeça, e ela usava
calças de yoga cortadas e uma camiseta que não deixava nada para a
imaginação. Ela não usava maquiagem que ele pudesse detectar, mas
não precisava. Percebendo que estava encarando, ele pigarreou.

— Você viu um filhote de cachorro? Ela veio por aqui, e se eu


não a recuperar, minha filha ficará arrasada. —Tamian fechou a
mente para os pensamentos do homem e tentou obter algo de sua
companheira além da atração. De pé a menos de um metro e meio
dela, ele não tinha dúvida de que ela era dele. Fez tudo o que podia
para não se transformar e passar por cima do portão, agarrá-la e sair
voando, maldito seja o motoqueiro.

O sorriso dela vacilou com a menção da filha dele. Ou talvez ela


simplesmente não acreditasse nele. Ele abriu o telefone, bateu nas
fotos e levantou para ela ver uma foto do verdadeiro Stormy.

— Ela é pequena, mas a maldita é rápida.

— Por que ela não estava com a coleira? —Harlow perguntou,


olhando da foto para o rosto dele, a cabeça inclinada para o lado
enquanto o estudava atentamente.

— Amélia, essa é minha filha, estava tentando colocar a coleira


no filhote quando ela debandou. Peço desculpas por incomodá-la, é
só que ... você a viu? Eu realmente preciso encontrá-la.

O motoqueiro se ergueu mais alto, cruzando os braços sobre o


peito. Se Tamian fosse um humano, ele ficaria intimidado, então
fingiu estar desconfiado do macho enorme. Harlow não perdeu a
maneira como Tamian deu um passo para trás, e ela colocou a mão
no braço do homem e sussurrou: — Está tudo bem, Monk. Eu tenho
um bom pressentimento sobre o homem. —Monk estreitou os olhos
para Tamian, mas ainda não disse nada enquanto caminhava até
uma pequena guarita e apertou o botão para abrir o portão.
— Por favor, entre, —Harlow ofereceu. Tamian não queria
chegar muito perto por medo de acabar desmaiando, mas era por isso
que ele procurava um cachorro inexistente, para se aproximar dela.
Ele esperava fazer isso sem uma audiência. Tamian estendeu os
sentidos enquanto o homem estava preocupado. Seus pensamentos
eram altos dentro de sua cabeça, e Tamian quase o castigou por
pensar que Harlow estava sendo tola. Ele também sentiu algo dentro
de Monk que não era humano. Sem saber o que ele enfrentaria,
Tamian não tentou controlar Monk, caso ele tivesse suas próprias
habilidades. Tamian tinha que jogar com segurança e deixar as coisas
acontecerem naturalmente.

de Lucy foi fraturado em sonhos, alternando entre encontrar


Tamian nas árvores, onde ele abria suas enormes asas e a levava para
um voo da meia-noite no céu e sendo perseguida por uma criatura
desconhecida pelas ruas de Nova York. Depois de acordar pela
terceira vez, ela saiu da cama e desceu as escadas para tomar um chá.
Não era com frequência que se deliciava com a bebida favorita de
Vera, mas Lucy achava reconfortante nas primeiras horas da manhã.
Monk silenciosamente preparou o café da manhã, sem que Lucy
lhe pedisse, e em vez de comer à mesa com ela, ele ficou ao lado do
fogão e engoliu a comida antes de limpar a louça. Um alarme soou,
e os dois foram em direção ao escritório onde as câmeras estavam
alojadas. Um homem andava de um lado para o outro em frente ao
portão. — Vou ver o que ele quer, —disse Lucy, mas Monk colocou
a mão pesada no braço dela e balançou a cabeça. Estreitando os
olhos, ela perguntou: — Você vai perguntar o que ele precisa? —
Monk balançou a cabeça novamente e Lucy suspirou. — Bem, então
vou com você. Você não pode simplesmente intimidar os vizinhos
encarando-os.

Quando ela e Monk saíram, o homem assobiou e gritou: —


Aqui, Stormy. —Lucy olhou duas vezes quando deu uma boa olhada
no homem. Não havia como ele ser o ator com quem se parecia, mas
a semelhança era estranha. Ela nunca o tinha visto antes, então não
achava que ele era vizinho, mas Lucy raramente estava em casa, e
alguém novo poderia ter se mudado para a área. Enquanto se
aproximavam do portão, o estômago de Lucy se apertou. Ela não
achou que fosse do café da manhã. Não, isso a lembrava da mesma
sensação que sentia quando estava perto de Tamian St. Claire. Ele
tinha a mesma constituição, mas o homem que procurava um animal
não era Tamian. Então, por que sentia a atração?
— Oi, —disse o homem, ofegante. — Você viu um filhote de
cachorro? Ela veio por aqui, e se eu não a recuperar, minha filha
ficará arrasada. —Definitivamente não é o ator. Sua voz não era
suficientemente rouca.

Lucy não pôde evitar a decepção ao ouvir que o homem era pai.
Mas porquê? Porque isso a afetaria de alguma maneira? Ela estava
tão ansiosa pelo carinho de um homem que ia começar a se atirar nos
estranhos em seu portão? Enquanto ele brincava com o telefone, ela
o observou. Havia algo vagamente familiar nos maneirismos dele,
mas quando ela estudou o rosto dele, sabia que nunca o tinha visto
antes. Parte de seu trabalho era prestar atenção às pessoas ao seu
redor. Estar ciente de alguém com quem entrasse em contato. Ela
nunca tinha visto esse homem antes, mesmo que ...

Depois de convencer Monk a abrir o portão, o estranho se


aproximou, apesar de manter distância. — Vamos nos separar.
Monk, você segue por esse caminho, e o Sr ....? —Lucy olhou para o
estranho, esperando pelo nome dele.

— Oh, John. John Black. —John estendeu a mão para Lucy


apertar, mas ela ficou surpresa com o nome dele. John Black era o
marido fictício de Marlena Evans, um de seus pseudônimos.
Certamente tinha que ser coincidência. Ela colocou a mão na dele e,
quando a pele deles fez contato, sentiu uma vontade inexplicável de
nunca largar.

— Lucy Ball. Prazer em conhecê-lo.

John estreitou os olhos com a introdução dela, mas rapidamente


transformou a testa em um sorriso brilhante. — O prazer é
certamente meu.

Com um rubor, Lucy soltou a mão e disse a Monk: — O Sr.


Black e eu seguiremos por esse caminho, se você quiser dar uma
olhada no outro lado.

Monk olhou para Lucy em um aviso silencioso, mas ela o


ignorou. Ele a ignorou também quando, em vez de recuar para o lado
oposto da propriedade, Monk seguiu atrás de Lucy e do Sr. Black.
Lucy não tinha lugar em sua vida para um homem, muito menos
para um com uma filha. Se ele tivesse uma filha, havia mais do que
provavelmente uma Sra. Black na foto, e isso certamente era algo
com o qual Lucy não se envolveria. Enquanto caminhavam, os dois
chamaram o filhote, e Lucy pegou John olhando furtivamente para
ela.

Depois de meia hora andando pelos jardins e voltando ao portão,


era evidente que eles não iam localizar o cachorro rebelde. Os
ombros de John caíram e ele disse: — Sinto muito por ter
desperdiçado sua manhã. —Ele puxou um pedaço de papel dobrado
do bolso e entregou a Lucy, segurando os dedos dela por mais tempo
do que era apropriado. — Se você a vir, por favor me ligue.

— Isso não foi um problema. Eu precisava de exercício. —Lucy


respondeu suavemente. Ela não queria deixa-lo ir. Lucy queria se
segurar ainda mais, levar o homem para sua casa e conhecê-lo. O que
diabos havia de errado com ela? Monk ainda estava persistente, mas não
tão perto. John atravessou o portão e, quando ele se fechou atrás dele,
ele piscou para Lucy antes de sair pela calçada. Quando ela abriu o
papel, um número de telefone havia sido rabiscado acima de uma
nota. Quando ela olhou para as palavras, levou um segundo para
perceber o que ele havia escrito.

Talvez eu tenha melhor sorte na próxima vez

Tamian. Lucy disparou, correndo para abrir o portão novamente,


para que pudesse correr atrás dele. Deveria ter passado por cima do
muro, porque, quando abriu o portão, ele desapareceu.
— O tempo todo que Tamian estava

voltando para onde Tessa viria pegá-lo, ele dizia o nome de sua
companheira em voz alta. Ela se apresentou como Lucy, e ele não
tinha motivos para duvidar que era assim que ela se referia a si
mesma diariamente. Enquanto ele ainda preferia Harlow, tentou
mentalmente conciliar o novo nome com a mulher que conhecera.

— Sobre o que você está murmurando? —Tessa perguntou


quando ele deslizou no banco do passageiro.

— O nome dela é Lucy Ball.

— Lucy Ball? Você está brincando comigo? —Tessa deu uma


risada enquanto se afastava do meio-fio.

— O que há de errado nisso?

— Lucy Ball. Lucille Ball? A comediante ruiva de meados dos


anos cinquenta? “I Love Lucy”?
Quando Tamian apenas olhou para a irmã, ela balançou a
cabeça. — Esqueço que você não é do tipo clássico de televisão. Eu
o educarei quando voltarmos ao hotel. Mas, além do nome dela, não
preciso perguntar se tem mais alguma coisa sobre sua pequena
reunião. Você tem a mesma expressão que eu tinha depois de estar
perto de Gregor pela primeira vez. É verdade que fui para casa, me
enrolei em uma bola no chão da cozinha e fiz a transição depois que
nos conhecemos, mas como você já passou por isso, posso imaginar
que está com vontade de sequestrá-la e fugir. Certo?

— Algo parecido. —Tamian não estava disposto a discutir o que


ele realmente queria fazer com Lucy. Ele fechou o acesso a seus
pensamentos, para que não houvesse maneira de Tessa poder
acidentalmente ou não ouvir como ele queria rasgar as roupas de
Lucy de seu corpo e fode-la durante a próxima semana. Em todos os
seus anos, Tamian nunca sentiu o desejo de levar uma mulher de
uma maneira tão carnal. Sim, ele levou algumas mulheres para a
cama, mas sem uma companheira, o sexo era apenas um ato para
amenizar uma necessidade básica, não a necessidade de reivindicar
alguém como dele. Marca-la para que o mundo soubesse que ela não
estava mais disponível. Se Monk não estivesse lá, Tamian
provavelmente teria feito exatamente isso. Não tinha dúvida de que
era mais forte que o motoqueiro, mesmo que ele fosse um shifter.
Isso era outra coisa, Tamian reconheceu a fera no outro macho.
Não parecia a energia de um Gárgula, mas algo estava lá. Algo
animalesco. O macho não se incomodou em fechar suas emoções ou
pensamentos, e isso agradou Tamian e o irritou sabendo que o
macho se sentia protetor de Lucy. Seus pensamentos eram menos do
que puros quando ele se imaginou protegendo Lucy de “John”.
Tamian, porém, queria esperar um pouco até estar a sós com Lucy.
Ele queria conhecer sua companheira. Queria mostrar a ela quem ele
era e dar-lhe a chance de escolhê-lo como companheiro.

Os pensamentos delas estavam completamente interrompidos,


mas ele foi capaz de sentir suas emoções. Com o outro homem por
perto, ele não podia ter certeza por quem o corpo dela estava
reagindo, portanto, a necessidade de deixá-la sozinha. Se ela tivesse
sentimentos pelo motoqueiro, Tamian teria que levar as coisas
devagar, para que ela tivesse muitas oportunidades de tomar uma
decisão baseada em algo que não seja o desejo do companheiro. E
agora que colocara o bilhete na mão dela, não tinha dúvida de que
ela sabia quem era ele por baixo do disfarce. A bola estava em sua
quadra para ligar para ele.

Aqui a autora faz um trocadilho com o nome da personagem Lucy Ball que em inglês ball é bola.
estava ficando louca. Monk continuava a encará-la, mas não
perguntou o que dizia o bilhete, e ela não estava prestes a divulgar
essa informação. Ela sabia que não devia envolver a família no jogo
de gato e rato que ela e Tamian pareciam estar jogando. Ela odiava
o fato de que eles já sabiam sobre ele. Eles já estavam em guarda por
causa dele, e isso não era algo com o qual Lucy queria lidar.

Tudo sobre o homem a chamava em um nível mais básico. Ela


deveria ter percebido que era ele mesmo com o disfarce. E que
disfarce tinha sido. Era digno de estar em um filme de espionagem.
Como ele conseguiu isso? Se pudesse colocar as mãos em algo assim,
ela poderia viajar pelo mundo com todos os novos pseudônimos.

E a maneira como eles se conectaram quando suas mãos se


encontraram? Ela fez tudo o que pôde para não escalar o corpo alto
e magro bem ali na frente de Monk. Isso teria acabado como um
balão de chumbo. Eles teriam brigado? Um Gárgula versus um Grifo
... Que combinação seria essa! Lucy se viu ficando excitada pensando
em Tamian soltando aquelas enormes asas dele e indo muito
bestialmente para ela. Suspirando, ela se levantou de onde estava
tentando relaxar no sofá com um livro, sem sucesso. O bilhete estava
queimando um buraco no bolso dela. Ela não queria nada mais do
que ligar para o número e pedir para Tamian encontrá-la em algum
lugar, mas Monk nunca a deixaria fora de vista.

Até que ela pudesse planejar um plano para encontrá-lo sozinho,


Lucy tentou achar algo para tirar o Gárgula de sua mente. Ela se viu
vagando pela grande casa, olhando coisas que ignorava diariamente.
Fotos dela desde bebê até a formatura do ensino médio se alinhavam
na parede subindo as escadas. Fotos simples dela e Vera foram
colocadas por toda a casa em mesas laterais e estantes de livros. A
única coisa que faltava eram fotos de Lucius.

Ela nunca tinha notado antes, mas agora que estava realmente
olhando, Lucy não encontrou evidências de seu pai “tio-avô” em
qualquer lugar nas áreas comuns. Foi só quando entrava no escritório
ou no laboratório dele que encontrou vestígios do homem que a
criou. Agora que conhecera Warryck, era difícil pensar em Lucius
como seu pai.

Vera havia removido as fotos que incluíam o marido? Ela estava


tão desanimada que não suportava olhar para coisas que a
lembravam de quando ele estava vivo? Lucy não tinha mudado nada
na casa desde que sua mãe faleceu, mas agora quando pensava em
quando estava crescendo, não se lembrava de ter visto nada que
aludisse ao fato de Lucius Ball morar na casa grande. Nada exposto,
de qualquer maneira.

Fazia meses desde que entrou no escritório, mas Lucy se viu


abrindo a porta e entrando, dando uma boa olhada ao redor. Como
no resto da casa, tudo estava como antes, com exceção do tampo da
mesa dele. Lucy vasculhou o conteúdo do cofre de seu pai,
empurrando a papelada para o lado. Todos os itens que ela retirara
da caixa estavam agora de volta ao recipiente ao lado da mesa. Tudo,
exceto a certidão de nascimento falsa. Ela a levou para o quarto, onde
isso ficaria escondido em segurança no armário.

Quando Lucius estava vivo, passara a maior parte do tempo lá


embaixo em seu laboratório. Ele usava seu escritório para pagar as
contas da casa e, ocasionalmente, anotar informações em seus
diários. Os livros nas prateleiras haviam acumulado poeira antes
mesmo de ele morrer. Lucy andou devagar pela sala, lendo os vários
títulos. Assuntos como química, anatomia e biologia faziam sentido
para alguém como Lucius. Lucy parou quando viu “Memórias de
uma gueixa”. O que estava fazendo entre os livros de medicina?
Quando puxou o livro para removê-lo, um clique soou e a unidade
se moveu.
— O que você estava escondendo? —Lucy perguntou ao pai
morto. Quando a estante parou, Lucy a abriu mais, dando espaço
para passar entre as prateleiras de madeira e a parede atrás dela. Ela
ligou o interruptor do lado de dentro e uma luz brilhou em um
conjunto de degraus de pedra. Se Monk não estivesse em algum lugar
da casa, provavelmente teria esperado até que um de seus tios
estivesse lá com ela. Desde que o Hound estava lá, ela desceu
lentamente para uma sala cavernosa que não sabia que existia.
Quando chegou ao fundo, Lucy ofegou, cobrindo a boca com a mão.

— Santa mãe de Zeus. O que é que você fez?

estava colado no sofá, com os olhos nos monitores para


poder vigiar sua companheira. Por um tempo, ela ficou lendo. Bem,
ela estava sentada no sofá com um livro na mão, mas seus olhos
estavam olhando em frente como se estivesse perdida em
pensamentos. Ela estava pensando nele? Agora que Lucy sabia que
ele estava na cidade, ela ligaria para ele? Ou continuaria a evitá-lo
como fazia desde a Noruega?
Quando Tessa perguntou-lhe quais eram seus próximos passos,
ele admitiu que não sabia.

— Dei-lhe um número de um telefone descartável. Espero que


ela ligue.

— E se ela não ligar? Você não pode me dizer que vai esperar
para sempre que ela dê o próximo passo.

— Não. Não vou esperar para sempre, mas vou dar a ela tempo
para me ligar.

Lucy largou o livro e caminhou pela sala, olhando as paredes. O


que ela estava fazendo? Parecia que estava vagando por sua casa sem
outra finalidade além de estudar as obras de arte e as fotos. Ela
finalmente desapareceu em uma sala sem acesso à câmera. Tamian
esperou, impaciente, que ela voltasse, mas parecia que tinha
encontrado algo para ocupar seu tempo. Quando o motoqueiro
saltou da cadeira e caminhou com propósito até a porta que Lucy
havia entrado mais cedo, Tamian se inclinou para frente. O homem
desapareceu na sala, e Tamian amaldiçoou o fato de que eles não
podiam ver além da porta.

— O que está errado? —Tessa perguntou.


— O motoqueiro correu para a sala onde Lucy está. Algo está
acontecendo.

— Você não sabe disso.

— Sim eu sei. Não acho que ela esteja em perigo, mas algo não
está certo. Porque mais ele teria entrado correndo na sala? Eu preciso
ir até lá.

— E fazer o quê? Interromper um momento íntimo? Apenas


aguarde mais alguns minutos.

Tamian rosnou com a insinuação de Tessa, algo mais estava


acontecendo entre sua companheira e o macho. Ele não queria
esperar alguns segundos e muito menos minutos, mas Tessa estava
certa. Se fosse lá agora, Lucy não teria a opção de ligar. Por mais que
ele precisasse esperar, ele não conseguia se livrar da sensação de que
algo estava errado. Ele não podia sentar lá e assistir a uma tela em
branco sem perder a cabeça. De pé, ele disse à irmã: — Vou correr.
Ligue-me se acontecer alguma coisa.

— Você tem certeza de que quer fazer isso? —Ela perguntou,


sabendo a direção que ele estava indo.

— Não tenho escolha, —ele admitiu.


Depois de calçar tênis, Tamian saiu do hotel e partiu em direção
à casa de Lucy. Ele sabia que era melhor não chegar perto demais,
mas não conseguia ficar parado sem saber se ela estava bem. Sem
usar a velocidade de shifter, levaria quase uma hora para chegar ao
bairro além do lago. Ele estava correndo por cerca de trinta minutos
quando Tessa o alcançou com sua mente.

Eles saíram da sala e Lucy não está fisicamente prejudicada.

Mas?

Ela parece agitada. Sem áudio, não tenho como saber o que a aborreceu.

Ok, se alguma coisa mudar, me avise.

— diabos está acontecendo? Lucy andava de um lado para o

outro, incapaz de entender o que havia lá embaixo. — Que diabos?


Quero dizer, eu sabia que ele estudava genética, mas isso? Uh-uh.
Nada como aquilo. Porra!

Monk não se deu ao trabalho de reportar ou enviar mensagens


de texto sobre a situação, mas a expressão em seu rosto era suficiente
para projetar que ele se sentia tão doente quanto Lucy. Porque em
nome de Zeus Lucius teria …? O celular dela parou o discurso
interno de Lucy. O toque era o que ela usava para o trabalho e,
considerando que deveria ter o dia seguinte de folga, não era um bom
presságio que eles estivessem ligando tão tarde. Em vez de responder,
ela deixou ir para o correio de voz para dar tempo para acalmar sua
mente. Não faria seu chefe ouvir como ela estava abalada. Não, ela
não daria a Theodore Franks nenhuma munição para usar contra ela.

Lucy apertou a seta para ouvir a mensagem. — Agente Ball, sei que
este é seu fim de semana, mas algo aconteceu e precisamos de você no escritório
imediatamente. O jato está esperando por você. Era isso. Não, tinha por
favor, obrigado ou se você estiver disponível. E se ela estivesse fora
da cidade? E se tivesse planejado um fim de semana prolongado para
relaxar? Isso não importava quando você pertencia ao AGI, e Lucy
estava se cansando disso. Ela tinha que encontrar uma maneira de
sair debaixo do polegar deles. Suspirando, ela jogou o telefone para
baixo e foi para o quarto para trocar de roupa e fazer as malas.

— Tenho que ir para o trabalho, —ela informou Monk enquanto


passava.

O motoqueiro pegou o telefone e enviou uma mensagem de


texto. Ela não precisou perguntar para saber que era para sua família.
Monk podia segui-la até o prédio, mas não podia entrar. Dentro
dessas quatro paredes, Lucy estava sozinha. Ela estava enfiando a
blusa na calça quando Monk bateu na porta. Ele segurou o celular
dela.

— Alô?

— Lucia. —A voz profunda de Ryker provocou um arrepio na


espinha de Lucy. Ela não tinha medo do tio, mas ele era um macho
intimidante. — Monk nos informou que você foi chamada para o
trabalho. Kyllian está a caminho para encontrar você agora com um
dispositivo especial que nos permitirá monitorá-la.

— Como um rastreador?

— Como um rastreador. Ele também está levando um telefone que


você usará para nos enviar mensagens codificadas sempre que sair do
prédio. Se o rastreador estiver em movimento, mas não recebermos um
texto informando que você está bem, seguiremos em frente. Hounds
estarão nas proximidades o tempo todo.

— O que você quer dizer nas proximidades? Você não pode


enviar Hounds para Nova DC.

— Nós podemos, e nós iremos. Mas até que cheguem lá, liguei para
alguns companheiros Hounds para ficar de olho em você até a chegada de
nossos homens. Kyllian deve estar lá a qualquer momento. Ele se guiará
pelo rastreador.

Lucy suspirou, sabendo que não havia discussão com a família.


— Obrigada tio.

— De nada, Pombinha. —O telefone desligou e Lucy respirou


fundo quando ele usou o mesmo apelido que Rory.

Piscando para conter as lágrimas, ela endireitou os ombros e se


virou para sair do quarto. Monk estava de pé contra a moldura da
porta. Em vez de sua habitual carranca solene, seus olhos estavam
suaves. Esses homens iriam quebrá-la. Ele deu um passo para trás,
apontando para Lucy prosseguir. Quando desceu, Kyllian estava
entrando pela porta da frente.

— Eu bati, mas você não respondeu.

— Eu estava no telefone com Ryker. Me mostre o que você tem.

Kyllian ergueu o queixo para Monk quando ele caminhou atrás


de Lucy. O motoqueiro saiu, provavelmente para verificar o
perímetro. — Aqui está o seu telefone descartável. Todos os números
programados nele também são descartáveis. Eles estarão nas mãos
dos Hounds mais próximos da sua localização. Se você deixar o
edifício por vontade própria, pressione um e pressione enviar. Se
você estiver sob pressão, pressione dois. Se você não conseguir enviar
um texto antes de sair, os Hounds se moverão para recuperá-la.

— Entendi. Conte-me sobre o rastreador. —Lucy largou o


telefone descartável na bolsa enquanto esperava Kyllian
desembrulhar o dispositivo quase imperceptível que permitiria à
família controlá-la.

— Isso precisa estar ligado a algo que você tem em você o tempo
todo. Um anel, um relógio, um colar ... algo que você nunca fique
sem.

Lucy tirou o anel de ônix que usava na mão direita. Foi um


presente dos pais dela no décimo sexto aniversário, e ainda assim se
encaixava. Era a única coisa que ela nunca estava sem. Depois de
entregá-lo, Kyllian o virou e prendeu o pequeno dispositivo na parte
inferior antes de devolvê-lo. O telefone dele tocou e ele leu a
mensagem. — Havyk diz que está online e ele pode vê-la.

— Obrigada. Agora, acho melhor eu chegar ao aeroporto antes


que eles mandem alguém me procurando.

— Monk, se você quiser voltar para o complexo, eu sigo Lucy,


—disse Kyllian, olhando por cima do ombro de Lucy. Ela se virou e
encontrou o motoqueiro encostado a um banquinho, os braços
cruzados sobre o peito. Porra, ela não o ouvira voltar para casa. Ele
inclinou a cabeça em reconhecimento, mas não se moveu de outra
maneira.

Lucy foi para o SUV. Kyllian colocou a bolsa na parte de trás e


deslizou no banco do motorista. Ela observou a paisagem passar
enquanto eles faziam a viagem ao aeroporto em silêncio. Quando
eles chegaram, Kyllian dirigiu diretamente para o hangar particular.
Lucy não estava surpresa que ele soubesse de qual estaria voando.
Virando-se, Kyllian disse: — Quero que você se cuide, criança. Eu
sei que você é treinada, mas se alguém quiser pegá-la, você pode não
vê-lo chegando.

— Vou tomar cuidado. —Lucy ignorou o desejo de se inclinar e


beijar sua bochecha, que estava áspera com alguns dias de barba por
fazer. Ela pegou sua bolsa na parte de trás e foi para o jato. Por mais
que quisesse, Lucy não olhou para trás antes de embarcar no pequeno
avião. Ela não tinha ideia em quem poderia confiar no governo e não
queria que ninguém pensasse que seu "motorista" era alguém
especial para ela. Por outro lado, tudo o que precisavam fazer era
vigiar a casa de Lucy e ver os Hounds indo e vindo.

Depois de guardar a bagagem, Lucy sentou-se e apertou o cinto.


O voo era curto, então ela não se incomodou em encontrar um livro
ou revista para ocupar sua mente. Em vez disso, ela fechou os olhos
e deixou a imagem de Tamian St. Claire no centro do palco.

continuou, mas quando chegou à calçada do lado de fora do


portão dela, ele diminuiu o passo, fingindo recuperar o fôlego.
Estendendo seus sentidos, Tamian tentou ler o homem dentro de
casa. Depois de vários minutos, ele finalmente detectou emoções do
homem. Choque e repulsa foram as reações mais fortes. O que ele
tinha visto naquela sala com nojo? Talvez ele estivesse projetando
sentimentos em relação a Lucy, mas Tamian achou que não. Se Lucy
tinha ficado abalada, o que a provocou foi provavelmente a mesma
coisa com a qual o homem reagiu. Tamian queria muito entrar na
casa, mas isso não ia acontecer. Não no momento em que ele não
estava disfarçado, nem tinha um bom motivo para estar perto dela.
Quando um telefone tocou à distância, Tamian abriu os sentidos para
ouvir, apenas por precaução.

Depois de alguns minutos, Lucy disse ao motoqueiro: — Eu


tenho que ir trabalhar. Ela obviamente deixara a ligação ir para o
correio de voz, mas, independentemente disso, significava que
Tamian teria que viajar para Nova DC se quisesse ficar perto de sua
companheira.

Tessa, Lucy está voltando para Washington. Arrume minha mala e


venha me pegar. Ligue para Santiago e diga para preparar o meu jato.

Ok. Onde você quer que eu te pegue?

No cruzamento de Morrison e Aztec. Estarei esperando.

O telefone de Lucy tocou novamente, mas ela não atendeu. O


motoqueiro emitiu um som áspero e, alguns segundos depois, disse:
— Alô. Enquanto Tamian ouvia a conversa unilateral, ele se
esqueceu momentaneamente de onde estava, até o mesmo SUV
parar no portão que estivera lá antes. Tamian se abaixou, fingindo
amarrar o sapato. Quando se levantou, fez questão de manter as
costas para o veículo e começou a correr na direção oposta. Ele não
teve que esperar muito tempo para Tessa buscá-lo. Deslizando-se no
banco do passageiro, ele pegou o telefone quando ela o ofereceu.

— Santiago estará esperando, mas achei que você gostaria de


ligar para Jules.

— Você tem razão. Como só peguei partes da conversa, não


conheço o horário de voo dela. Depois de ligar e pedir a Julian que
descobrisse o que pudesse, ele disse a Tessa: — Espero que Lucy
fique em Nova DC por pelo menos alguns dias. Todo esse
movimento está tornando difícil chegar perto dela.

— O que você precisa que eu faça? —Tessa perguntou enquanto


pegava a saída que levava ao aeroporto.

O trânsito estava parado, então ela se virou para olhar para


Tamian.

— Neste ponto, nada. Você deveria voar para casa e ficar com
Gregor.

— Ou eu poderia ir com você.

Tamian nunca soube de sua irmã passando tanto tempo longe de


seu companheiro. — O que está acontecendo com você? Porque você
não quer ir para casa?

Mantendo os olhos na estrada, ela deu de ombros. — Faz muito


tempo desde que estive na área de Washington e, além disso, você
pode precisar da minha experiência com computadores, —Tessa
avançou outra distância do carro. — Puta merda, Batman. Não olhe
agora, mas sua garota está bem ao nosso lado.

É claro que Tamian virou-se para olhar. Sua companheira estava


olhando pela janela do passageiro, olhando diretamente para o
veículo. Antes que Lucy tivesse tempo de reconhecê-los, Tessa
recuou o acelerador, permitindo que o SUV se fundisse na frente.
Como os dois estavam tomando jatos particulares, Tessa seguiu o
veículo até onde os pequenos hangares estavam localizados. Ela
continuou a diminuir a velocidade para que Lucy e seu tio não
pensassem que estavam sendo seguidos. O hangar onde o avião de
Tamian esperava estava à vista, e Tessa se afastou enquanto o outro
carro continuava.

Tessa estacionou o carro alugado do lado de fora do hangar e


desligou o motor. — Vamos.

Quando ela abriu o porta-malas, Tamian não ficou surpreso ao


ver toda a bagagem e equipamentos.

Quando ele levantou uma sobrancelha, ela sorriu. — Estou


entediada, então me processe.

Tamian ajudou sua irmã a descarregar suas coisas, e juntos


foram para onde Santiago estava esperando. Quando o homem
pegou as malas de Tessa, ela perguntou: — O que está agitando, San
Man?

Um lado do lábio de Santiago se inclinou um pouquinho quando


ele balançou a cabeça, mas não respondeu de outra forma. Uma vez
que ele os ajudou a guardar as coisas deles, ele desapareceu na
cabine.
Tamian permaneceu na cabine com a irmã, em vez de se juntar
a Santiago, como costumava fazer. Algo estava acontecendo com
Tessa, e ele planejava descobrir o que era.

estacionar no estacionamento de
visitantes. Renneck e Trexon não estavam em Nova Atlanta há
muito tempo, então Drago estava dando um tempo para apontar
pessoas e locais de interesse, principalmente essa família. Ele tinha
planos especiais para eles. Bem, pelo menos um deles.

— Aquele, ele apontou para que os homens não tivessem


nenhuma dúvida sobre de quem estava falando. —Você precisará
esperar até que os outros não estejam por perto.

Trexon tirou uma foto daquele que Drago escolheu antes de


partirem. — Você precisará segui-lo de perto pelos próximos dias
para verificar sua agenda. Mudou recentemente, e ele geralmente tem
alguém com ele o tempo todo. Vai ser difícil pegá-lo desprotegido,
mas tenho fé em vocês dois.

Depois que terminaram a tarefa, Drago levou os dois de volta à


sede e depois seguiu para o sul, para uma pequena cidade no norte
da Flórida. Drago queria construir seu exército em mais áreas do país
e, após um recente reconhecimento por Kavin e Burk, eles
encontraram poucos Gárgulas habitando o Sunshine State . Sem
tantos membros da Stone Society para vigiar as coisas, seria mais
fácil recrutar novos membros para seu exército. Renneck procurou
alguns Gárgulas Gregos que não estavam felizes com o novo Rei e
os convidou para se juntar a eles nas Américas. Drago estava se
encontrando com eles na cidade oceânica e estava ansioso para ver a
água novamente, mesmo que não fosse o azul claro do mar perto da
Grécia.

Drago sabia que levaria um tempo para aumentar seus números,


mas ele era uma gárgula que tinha muito tempo para a paciência. Seu

A Flórida também chamada de Sunshine State, é um estado situado no extremo


sudeste dos EUA, , com o Oceano Atlântico de um lado e o Golfo do México do outro. O estado conta com centenas de milhas de praias.
A cidade de Miami é conhecida pelas influências culturais latino-americanas e pelo cenário artístico de destaque, bem como pela vida
noturna, especialmente na sofisticada South Beach. Orlando é famosa pelos parques temáticos, entre eles o Walt Disney World.
ex Rei havia governado centenas de anos antes de ser derrubado, e
isso exigira planejamento de Rafael. Drago aguardaria seu tempo,
continuaria criando Profanos, e quando as coisas estivessem
alinhadas corretamente, ele agiria.

da noite quando Lucy entrou no escritório de seu chefe.

— Agente Ball, por favor, feche a porta, —disse o agente Franks.


Lucy fez como foi instruída antes de ficar na frente da mesa dele. —
Sente-se. —O homem recostou-se na cadeira de couro e juntou os
dedos. — Você tem sido uma boa agente, Lucia. Contra a minha
vontade, você foi transferida às dez horas da manhã. A sua
transferência ocorrerá imediatamente e você agora se reportará ao
vice-diretor Ramey.

— Ramey, senhor? Não estou familiarizada com esse nome. Em


que departamento ele ou ela está? —Lucy tinha um mau
pressentimento sobre sua transferência, especialmente com um
diretor de quem nunca ouvira falar.

— O departamento que ele supervisiona é secreto, mas ouvi


rumores que têm a ver com pesquisa e desenvolvimento. Essa é toda
a informação que tenho liberdade de divulgar neste momento.
Depois de se encontrar com ele, você receberá as especificações de
sua nova tarefa. Você deve estar no escritório dele às sete horas da
manhã, então sugiro que vá para o seu dormitório e tenha uma boa
noite de descanso. Isso é tudo.

Lucy odiava ser dispensada sem maiores informações, mas, em


vez de insistir no assunto quando sabia que Franks não diria mais
nada, ela se levantou e saiu do escritório. Enquanto descia o elevador
até o térreo, pegou o telefone descartável e enviou a mensagem
informando os Hounds que estava bem. Sendo uma agente de
campo, Lucy não tinha uma casa na área de Nova DC. Sempre que
era obrigada a passar a noite, ela usava um dos quartos do
“dormitório”. Era mais perto de uma suíte de hotel do que de um
dormitório, pois possuía uma pequena cozinha, mas a maior parte
era escassa. Os quartos foram projetados para serem usados como
um lugar para dormir algumas noites.

Depois de verificar com o agente no saguão, Lucy caminhou até


o quarto que usaria até descobrir exatamente qual era sua tarefa. Se
eles a castigassem, ela precisaria encontrar um apartamento para
morar durante esse período. Quando ela contasse à família, não seria
bonito, mas não era como se tivesse uma escolha. Até encontrar uma
saída para seu compromisso com o governo, Lucy estava à mercê
deles.

Sem saber se ficaria mais de uma noite, Lucy não se incomodou


em desfazer as malas apenas para ter que refazer no dia seguinte. Ela
colocou a bolsa de roupas que continha seus ternos no pequeno
armário e tirou as roupas de dormir da mala. Ela já havia tomado
banho, mas queria que a água quente ajudasse a acalmar seus nervos
desgastados. Seu cérebro estava sobrecarregado com tudo o que
encontrara naquele dia. Ela não foi capaz de esquecer o pesadelo que
encontrou no porão. Ela não queria insistir nisso, mas precisava
descobrir o que Lucius estava fazendo. Depois, havia Tamian. Lucy
sorriu ao pensar no Gárgula. Ela queria saber qual era a intenção dele e
porque ele continuava a segui-la. Quando entrou na banheira, ela
deixou a água quente bater contra sua pele. Fechando os olhos, ela
repetiu cada momento passado com o macho mais cedo.

Sua voz não parecia certa. Era mais profunda do que Lucy
imaginava que Tamian soasse, mas ela nunca o ouvira falar antes. O
disfarce que ele usava era de primeira qualidade. Se ele não tivesse
lhe dado a pista no papel, ela provavelmente nunca teria descoberto
que era ele. A única coisa que Lucy não conseguiu evitar foi a
menininha. Se Tamian tinha uma filha, então havia uma mãe. Ela
ainda estaria presente? Ela também era uma shifter? O ciúme subindo
por dentro era ridículo. Tecnicamente, ela e Tamian nem haviam
sido apresentados. Ela não sabia nada sobre ele além de ele ser um
Gárgula, e ele queria algo dela, caso contrário não a perseguiria. O
ciúme era uma emoção inútil, especialmente quando você não tinha
direito sobre o que estava se sentindo possessivo.

Quando a água não estava mais quente, Lucy saiu da banheira e


se secou. Ela tinha acabado de vestir suas roupas de dormir quando
o telefone descartável que ela usava para mandar mensagens aos
Hounds tocou. Quando ela respondeu, Kyllian perguntou: — O que
você descobriu?

— Não muito. Fui transferida para um departamento


diferente. Tudo o que meu antigo chefe me disse era que eu iria
trabalhar para o vice-diretor Ramey, e possivelmente tem algo a
ver com pesquisa. O diretor Franks não me contou mais do que
isso. Acho que vou descobrir de manhã quando conhecer minha
nova equipe.

— O que seus instintos estão lhe dizendo?

— Que eu deveria correr como o inferno, mas nós dois


sabemos que isso não é uma opção. Pelo menos ainda não.
— Você quer me falar sobre o cenário macabro no seu porão e porque
você não mencionou isso antes?

Lucy deveria saber que Monk não guardaria essa informação


para si.

— Porque eu não sei o que te dizer. Só o encontrei antes de


receber a ligação de DC. Vou precisar de tempo para descobrir
tudo, e apreciaria se você não tocasse em nada.

— Porque você vai continuar nos passos de Lucius?

— O quê? Não. Porque eu ... apenas por favor, não toque em


nada.

— Ok, mas Sutton e Rory não estão satisfeitos.

— E você acha que eu estou? —Lucy levantou-se da cama e


andou de um lado para o outro no pequeno espaço. Lucy ansiava por
alguém que não fosse seus tios e avós a quem recorrer. Eles eram da
família, mas não era o mesmo que ter um parceiro em quem confiar.
Alguém como Tamian.

Kyllian suspirou e Lucy o viu puxando a barba. — Não, eu não


posso imaginar que você esteja. Vamos lidar com isso juntos quando você
voltar, sim?
— Sim, tudo bem. Vou desligar. Vou mandar uma mensagem
ou ligar amanhã, quando souber o que meu trabalho implica.

— Boa noite, Luce.

— Boa noite, Ian. —Lucy desconectou. Ela ainda estava se


acostumando a ter família em seus negócios, quer ela os quisesse lá
ou não. Lucius e Vera respeitavam os limites e agora Lucy entendia
o porquê. Pelo menos no que dizia respeito a Lucius. Ela não podia
imaginar Vera sabendo o que estava na sala secreta no andar de baixo
e estar bem com isso. Até que ela pudesse voltar para casa e olhar em
volta, Lucy não pensaria muito nisso. Ela tinha outras coisas
urgentes, como sua nova tarefa.

E Tamian, não tinha como John ser outro além de seu Gárgula.
Ele não é seu. Então, porque ele sentiu que pertencia a ela? Com ela?
Porque mais ele a estava seguindo pelo mundo se não estava
tentando se aproximar dela? Só havia uma maneira de descobrir.
Contra seu melhor julgamento, Lucy pegou o celular da mesa de
cabeceira e digitou uma mensagem.
esperou até que as luzes se apagassem no quarto onde Lucy
estava hospedada. Julian foi capaz de invadir o sistema usado pelo
AGI para a habitação, e Tamian sabia exatamente em que quarto sua
companheira estava. Não havia segurança para falar além de um
agente que administrava uma recepção. As portas que davam para o
prédio eram acessadas pelos crachás de identificação dos agentes.
Conseguir um distintivo seria fácil, mas Tamian não estava pronto
para arriscar ser visto.

Quando ele teve certeza de que ela passaria a noite aqui, ele
voltou ao hotel que Tessa havia reservado para eles. Era estranho ter
a irmã no seu espaço vinte e quatro por semana. Fazia anos desde
que os dois passaram tanto tempo juntos e, tanto quanto ele a amava,
estava ansioso por sua privacidade. Era quase impossível pensar em
Lucy sem se excitar, mas com Tessa por perto, não havia nada que
ele pudesse fazer sobre isso. Ele não estava disposto a se masturbar
com a irmã no quarto ao lado, com audição meio sangue ou não.

A suíte do hotel estava situada como a última, e Tessa tinha o


equipamento de computador instalado na mesa de café quando ele
voltou. — Pelo que sei, existem quatro Hounds na área. O que não
sabemos é se eles sempre foram tão protetores com Lucy ou se a estão
protegendo por sua causa. —Quando Tamian contou a Tessa sobre
o bilhete que dera a sua companheira, ela riu e estendeu a mão para
bater com o punho na articulação. Sutileza não era o seu forte.

Quando Tessa queria algo, ela pegava. Por mais que Tamian
quisesse se aproximar de Lucy, ele gostava do jogo que eles pareciam
estar jogando. Ele manteve o telefone descartável no bolso,
silenciosamente disposto a tocar.

— Se ela permanecer na cidade por algum tempo, pretendo


conhecê-la. Se sou a razão pela qual os Hounds estão por perto, terei
que provar a ela e a eles que não sou uma ameaça.

— E se você não for o motivo?

— Então vou tirar isso dela, e eu vou protegê-la.

Tessa suspirou e inclinou a cabeça para o lado. — Gosto de ver


esse seu lado. Não me interprete mal. Você sempre teve um traço
protetor, mas agora é voltado para outra pessoa, e é doce em vez de
irritante.

— Quando eu te aborreci? Você não sabia que eu estava te


seguindo a maior parte do tempo.

— Você está certo. Eu não sabia. Porquê?


Tamian sentou-se no sofá e inclinou o corpo na direção da irmã.
— Eu não queria que você pensasse que não confiava nos seus
instintos. Além disso, eu estava me escondendo, na maior parte.

A testa franzida de Tessa se aprofundou. — Se escondendo de


quem?

— De todos. Você. Xavier e mamãe. — Tamian levou um


momento para reunir seus pensamentos. Ele não queria desanimar,
mas devia a Tessa ser honesto. — Durante muito tempo, eu me
afastei sem propósito. É uma coisa estranha ser um clone. Não me
permito pensar no fato de que sou o primeiro clone, porque ainda
não consigo entender isso. Mas é ... eu não nasci de uma união entre
dois seres que se amavam e queriam trazer uma criança ao mundo.
Eu fui criado em um laboratório. Fui um experimento científico.
Talvez minha criação tivesse um propósito, mas eu não.

Tamian se levantou e foi até a pequena cozinha e procurou algo


para beber. Sem surpresa, várias garrafas de bebidas alcoólicas
cobriam o balcão, e Tamian serviu um copo cheio de vodca. Depois
de engolir, serviu outra copo, mas desta vez acrescentou cubos de
gelo e os deixou descansar, esfriando o álcool. Ele pegou uma cerveja
para Tessa, abriu a tampa da garrafa e a levou para onde ela estava
sentada esperando que ele continuasse.
— Eu não era uma criança que sabia desde jovem que queria ser
um jogador profissional, médico ou artista. Quanto a ser inteligente,
não sou um gênio como Jonas. Não sou aventureiro como você. A
família deu-lhe o trabalho de ser uma sentinela, porque lhe convinha.
Eu? Eles me deixaram em paz para fazer minhas próprias coisas,
mesmo que eu nunca soubesse exatamente quais eram.

Tessa tomou um longo gole de cerveja antes de perguntar: —


Você honestamente acredita que papai pediria que você assumisse o
trono se ele não sentisse que você era mais do que capaz de ser Rei?
Tam, você não pode governar um Clã sem ser inteligente e
ambicioso. Xavier pode estar pronto para renunciar e levar mamãe
ao redor do mundo, mas ele não comprometerá seu Clã entregando
as rédeas a qualquer pessoa. Não, você não nasceu, mas, ao ser
clonado, tem as melhores partes não apenas de mim, mas de Jonas
também.

Tamian engasgou com o líquido que tinha acabado de beber


quando as palavras de Tessa foram registradas. — O quê?

— Não aja como se não soubesse que ele misturou suas células
com as minhas. Se você fosse só meu clone, seríamos basicamente
gêmeos. Você estaria mais perto de um meio sangue como eu, mas
você já disse que fez a transição quando era mais jovem. Isso não
seria possível sem uma pequena ajuda, e eu conheço Jonas. Ele
nunca saiu e disse que lamentava não ter uma companheira Gárgula,
porque ele ama Caroline com tudo o que é. Mas eu li os diários dele.
Já que ele não podia ter uma descendência com todos os traços de
sangue puro, ele fez a segunda melhor coisa quando criou você.

Tamian não negou suas palavras. Ele não conseguiu. Mas não
admitiu que ela estava certa. O toque do telefone de Tessa
interrompeu a conversa e, por isso, ele ficou feliz. Enquanto atendia
a ligação de Gregor em um dos quartos, Tamian saiu para a varanda,
olhando a noite em Nova DC. Colocou a bebida no parapeito e
observou a condensação rolar pelo copo transparente. Ele não estava
mentindo quando disse que não tinha um propósito. Isso foi até que
viu o rosto de Lucy pela primeira vez. Quando ele a seguiu para a
Noruega, a atração de companheiros não pode ser negada. Agora
que estava na presença dela e tinha certeza de que eles deveriam ficar
juntos, seu objetivo era claro. Proteja Lucia Harlow Ball. Faça dela
sua companheira e ame-a pelo resto de suas vidas.

Levou alguns segundos para o zumbido no bolso se registrar.


Quando ele o pegou, ele não reconheceu o número, mas ninguém
tinha esse número, exceto Lucy. Com o coração batendo forte, ele
abriu a mensagem de texto e congelou.
O coração de Tamian acelerou quando ele digitou uma resposta.
Ele excluiu e redigitou várias mensagens, mas nenhuma parecia
correta. Finalmente, ele respondeu honestamente.

Por que tantos pontos de interrogação? Ela estava esperando que


ele dissesse sim? Tamian respondeu com sinceridade.

Enquanto pensava no que queria dizer, a resposta de Lucy foi


imediata. Ela já devia estar digitando.

Tamian deveria esperar que ela perguntasse, mas isso ainda o


surpreendeu. Ele sabia que ela o tinha visto, mas ela não perguntou
se ele era algo diferente. Lucy perguntou especificamente se ele era
um Gárgula.
Lucy não respondeu imediatamente. Tamian drenou o conteúdo
do copo de uma só vez. O gelo derretido havia diluído o álcool, mas
ele permitiu que a frieza saciasse o aperto na sua garganta. Ele não
podia acreditar que eles estavam tendo essa conversa. Provavelmente
não era inteligente colocar a verdade em palavras que ela pudesse
compartilhar, mas ele confiava em Lucy. Quando a resposta dela
voltou, foi longa.

Outras espécies? Tamian tinha visto as garras do tio dela, e ele e


Tessa notaram as diferenças. Como era possível haver uma espécie
de shifter diferente de Gárgula e os Goyles não estarem cientes deles?
E como eles conseguiram o DNA de Gárgula para testar? Tamian
não queria dizer que não estava ciente de outros shifters, então ele
abordou um tópico diferente.
Tamian podia ouvir as aspas em sua voz. Ela não tinha falado
muitas palavras antes, mas seu tom estava entrincheirado para
sempre em sua mente.
que Lucy estava ciente dos
Gárgulas. Claro, ela o viu, mas a existência deles deveria ser um
segredo. Tessa voltou para a sala e, ao mesmo tempo, perguntaram
um ao outro: — O que há de errado?

— Você primeiro, —ele ofereceu.

Tessa não se sentou. Em vez disso, ela andou pela pequena área.
— Sou um fracasso como companheira.

— O quê?
— Sou um fracasso, —ela repetiu. A tristeza rolava de sua irmã
em ondas. — Kaya, Sophia, Lilly e agora Abbi estão todas grávidas.
Estou com Gregor há um tempo, então porque não estou grávida? E
se eu não puder dar um filho a ele?

Tamian se levantou e agarrou os braços de Tessa. — Gregor está


lhe cobrando isso? —Ele deve ter rosnado sua pergunta, porque Tessa
se encolheu.

— Não. Claro que não. Ele é um homem muito bom para


realmente dizer algo sobre isso, mas não deixo de notar a melancolia
em seus olhos ou o desejo em sua voz quando ele fala em se tornar
um tio.

— Isso acontecerá quando tiver que acontecer. Pense desta


maneira. Todas as quatro crianças terão que compartilhar o
nascimento ao mesmo tempo. Seu filho receberá atenção extra
quando nascer. É isso que está te incomodando ultimamente?

— Sim. Então, você não acha que sou um fracasso?

Tamian nunca soube que Tessa era nada menos do que segura
de si, e esse lado dela era surpreendente. — Absolutamente não. Há
uma razão perfeitamente boa para você não ter filhos. Se eu tivesse
que arriscar um palpite, é porque você tem uma aventura que vai
seguir, e conhecendo você, será perigoso. Você não precisa se
preocupar em manter a si e a um bebê seguros. Isso acontecerá
quando estiver pronta para se acalmar um pouco.

— Você provavelmente está certo. Então, o que você estava


pensando tanto quando entrei na sala? —Tessa se afastou de Tamian,
mudando de assunto. Se a atitude dela não melhorasse, ele
conversaria com Gregor. Ele não era de se meter em
relacionamentos, mas Tessa significava o mundo para ele, e ele sabia
o quanto ela significava para Gregor também. Tessa foi para a
cozinha, pegar outra cerveja na geladeira. Ela levantou isso e Tamian
assentiu. Ele realmente queria algo mais forte, mas poderia
compartilhar uma com sua irmã enquanto explicava suas notícias.

Enquanto os dois tomavam uma cerveja, ele a levou para o sofá


e a puxou para perto dele. Em vez de contar para Tessa, ele
desbloqueou o telefone e mostrou a ela o texto. — Isso é de Lucy.

Tessa engasgou com a cerveja, tossindo quando seus olhos se


arregalaram. — Puta merda. Ela sabe sobre Gárgulas. Mas como isso
é possível, há outra espécie de shifters que não conhecemos?

— E onde eles conseguiram o DNA para estudar?

— Provavelmente da mesma forma que Flanagan, ele sequestrou


um.
— Planejo perguntar a ela tudo isso e muito mais quando a levar
para jantar.

— Você não está preocupado com os Hounds?

— Na verdade não. Mesmo que todos sejam shifters, não são


Gárgulas, e posso lidar com eles.

Tessa balançou a cabeça. — Claro que você pode. Esqueço que


você é Tamian St. Claire, o Super Goyle.

Tamian jogou a cabeça para trás e riu. — Obrigado por acreditar


em mim, Andi. —Tamian voltava ao verdadeiro nome dela quando
estava falando sério, e não imaginou que houvesse algo mais sério do
que enfrentar um novo e desconhecido tipo de shifter. Ele teria que
manter o juízo sobre ele, para não perder a mão. — Falando sério,
foi ideia de Lucy conversarmos pessoalmente.

— E isso pode ser uma armadilha. Ela estudou Gárgulas. E se


ela estiver configurando você para que possa estudá-lo
especificamente?

— Então eu acho que o simples fato de sermos companheiros


não me fará nenhum bem. Ou talvez vá. —Tamian encolheu os
ombros. — Tenho que acreditar que o destino tenha uma razão para
nos juntar. Assim como você e Gregor. Jonas não queria que você
chegasse perto dos sangues puros, mas isso funcionou da melhor
maneira. Você está com quem deveria estar. Não saberei se Lucy é
realmente meu destino, a menos que eu a encontre. Além disso, vou
descobrir sobre esses outros shifters.

— E se ela é um desses shifters?

— Estou contando com isso. —Quanto mais Tamian pensava


sobre isso, mais estava convencido de que Lucy era de fato uma
shifter. De que outra forma ela era capaz de iludi-lo na floresta? —
Acho que ela é um pássaro de algum tipo.

— O que te faz pensar isso?

Tamian explicou como Lucy se afastou dele na Noruega,


descrevendo a grande águia que voava no alto.

— Independentemente disso, estou animado para encontrá-la. E


sei que você vai me apoiar, então não será realmente um contra
quatro.

Tessa esfregou as mãos e seus olhos se iluminaram. — Você é


um maldito manipulador, eu vou cuidar de sua retaguarda.

Tamian estava tão empolgado quanto Tessa, mas seus motivos


estavam em um nível mais pessoal do que a pressa que sua irmã tinha
ao pensar em ficar no meio de qualquer problema que pudesse
encontrar. Tamian nunca pensou que teria uma companheira, mas
agora que tinha, ele faria tudo ao seu alcance para conhecê-la, bem
como sua família. Tamian seria o melhor companheiro para Lucy e
a faria ver, Gárgula ou não, ele era o macho para ela.

— sente-se. —Lucy assumiu a cadeira em frente ao seu

novo chefe, vice-diretor Ramey. O homem provavelmente estava


com sessenta anos, mas não parecia. Seus cabelos grisalhos estavam
desgrenhados e afastados de uma testa alta. Seus olhos cinzentos
estavam frios e seu terno esticado sobre um corpo em forma. Nada
de cerveja nesse homem. Seu estômago estava revirando desde que
ela acordou. Com medo de que a comida a perturbasse ainda mais,
Lucy pulou o café da manhã e optou por duas xícaras de café com o
estômago vazio. Grande erro.

— A agência finalmente concordou em usá-la onde nos


beneficiaremos mais. Considerando que sua área de estudo no MIT
era genética, juntamente com quem era seu pai, achamos que seus
talentos são mais adequados em um laboratório, em vez de tentativas
de se infiltrar em sistemas de computadores. —Sua observação
depreciativa sobre a falta de talento em se infiltrar em computadores
fez com que sua raiva aumentasse. Ele foi responsável pelas últimas
atribuições? A parte que mais a incomodou foi a menção a Lucius.
Em vez de soltar suas garras, Lucy estudou suas feições, sentando-se
completamente imóvel.

— Não tenho certeza do que meu pai tem a ver com qualquer
coisa em que o AGI esteja interessado.

O agente mais velho rosnou. — Seu pai era um colega meu antes
de eu entrar para a agência. Ele e eu tínhamos um tipo de acordo e
agora estou interessado em você e em um contrato semelhante.

Lucy engoliu em seco. — Que tipo de acordo?

— Seu pai estava fazendo um estudo sobre genética. Um que o


governo esperava usar no combate aos Profanos.

Lucy teve que sufocar a bile que ameaçava enfeitar a parte


superior de seus sapatos. Se seus instintos estavam corretos, ela
estava mais perto de descobrir o que Lucius estava fazendo no porão.
Só que ela não queria saber. Não por aqui. Ela não queria ter parte
disso, especialmente se o governo dos EUA estivesse por trás disso.

— E o quê? Você quer que eu continue o trabalho dele? —Lucy


não sabia se deveria ou não admitir o que havia encontrado em casa.
Ela mentiu e disse que eles trabalharam juntos durante o verão, mas
não em nada substancial? Não havia como ela dizer a esse homem
que eles estavam comparando espécies de shifters. Ou eles sabiam?
E se Lucius mentiu para ela e eles não estivessem tentando descobrir
a longevidade dos Gárgulas? Não. De jeito nenhum.

— É exatamente o que eu quero. Contratamos vários cientistas


desde a morte prematura de seu pai, mas nenhum deles conseguiu
realizar um décimo do que Lucius fez. Com você tendo
conhecimento em primeira mão de seus experimentos, é hora de você
entrar no lugar dele e continuar seu trabalho. O governo precisa que
você faça isso.

— Então vou voltar para casa hoje à tarde e começar.

— Receio que isso não seja possível. —Ramey estreitou os olhos.


— Permiti a seu pai a liberdade de trabalhar em sua própria casa,
porque ele e eu éramos amigos há muito tempo. Até que eu saiba que
posso confiar em você, você estará trabalhando no laboratório aqui
em Nova DC, sob minha direção. Há um apartamento instalado no
local e é onde você estará morando.

O interior de Lucy congelou. Não apenas ela estaria fazendo algo


que era mais do que provavelmente ilegal, como seria basicamente
mantida prisioneira enquanto o fazia. Ela tinha que falar com os
Hounds e com Tamian. O jantar provavelmente estava fora de
questão, mas ela tinha que voltar para o dormitório e pegar suas
coisas. Ela usaria esse tempo para ligar para ele e pedir desculpas.

— Devo pegar minhas coisas no dormitório agora ou mais tarde?

— Você deve pegá-las agora, pois não voltará por um tempo.


Preciso cuidar de algo enquanto você estiver fazendo isso, mas vou
encontrá-la fora dos dormitórios em vinte minutos.

Vinte minutos não era muito tempo para sair do prédio de


escritórios, reunir suas coisas e alertar os outros sobre o que estava
acontecendo. Lucy não se deu ao trabalho de esperar para ser
dispensada. Ela se levantou e abriu a porta para encontrar outro
agente ali. — O agente Barnes irá acompanhá-la, —disse Ramey.

Bem, merda. Isso estreitava ainda mais seu prazo. Enquanto


seguia o outro agente até o sedã que estava esperando, Lucy revirou
o cérebro para descobrir como contar aos Hounds e Tamian o que
estava acontecendo. Se eles pudessem ler a mente um do outro.
Quando chegaram ao dormitório, Lucy não se incomodou em tentar
manter Barnes fora de seu quarto. Ele foi enviado para observá-la,
era óbvio. Como não tinha desempacotado as malas, não havia
muito o que fazer, exceto pegar seus produtos de higiene pessoal.

— Você seria atencioso e pegaria minha bolsa de roupas do


armário? Lucy perguntou. O agente revirou os olhos, mas fez o que
ela pediu. Enquanto ele estava de costas, Lucy pegou o telefone
descartável e disse: — Vou pegar meus produtos de higiene pessoal e
me refrescar. Coisas de garotas, sabe? Isso foi informação suficiente
para fazer o homem rosnar, mas funcionou. Lucy entrou no
banheiro, fechando a porta atrás de si. Ela enviou um texto rápido
para os Hounds e Tamian, informando que ela estava sendo levada
para algum lugar para trabalhar por um futuro imprevisível.

Tamian e Monk devolveram seu texto imediatamente, mas era


de Tamian que ela lia.
Barnes bateu na porta. — Vamos.

Lucy enfiou o telefone no fundo da sacola, puxou a descarga do


vaso sanitário e ligou a água.

— Aguente as pontas, Barnes. —A porta se abriu e o agente


encheu a porta. — A sério? Você nunca ouviu falar de privacidade?
—Lucy desligou a água, secou as mãos e pegou sua bolsa de higiene
pessoal. Ela passou pelo homem, franzindo o cenho. Como shifter,
ela era mais forte que a maioria dos humanos, homem ou mulher. Se
quisesse machucá-lo, ela poderia. Mas isso não faria nenhum favor
para ela sair do contrato.

Lucy deslizou as alças da mochila por cima do ombro e estendeu


a alça da mala. Ela caminhou até a porta e esperou que Barnes a
abrisse, e então passou na frente dele. Lucy precisava reprimir sua
atitude, mas a cada passo que dava, ela estava se aproximando de ser
trancada em um laboratório em algum lugar sem escapatória à vista.
O laboratório de seu pai passou por sua mente e Lucy estremeceu.

Tamian disse que estava vindo buscá-la. Isso podia ser uma coisa
boa. Por outro lado, isso podia terminar sua carreira no AGI e enviá-
la diretamente para a prisão. Ela teria que se preocupar com isso mais
tarde, porque Ramey estava esperando do lado de fora de uma van
branca sem descrição. Barnes abriu a porta de trás, jogou sua bolsa
de roupas e foi embora. Lucy colocou as outras malas dentro antes
de subir no banco do passageiro. Quando ela fechou a porta, um
calafrio percorreu sua espinha.

Lucy prestou atenção em cada virada que faziam enquanto


procurava na área pelos Hounds. O desejo de torcer seu anel era
forte, mas ela resistiu. O rastreador permitiria que os Hounds
seguissem para onde ela estava indo, sem ter que seguir muito de
perto. Ainda assim, Lucy sabia que eles estavam lá fora, se
escondendo. Observando. Tamian também. Pensando na troca de
mensagens, ela sorriu interiormente por ser chamada de especial,
mas quando se lembrou dele perguntando sobre ler sua mente, isso a
deixou pensativa. Ela queria que ele lesse sua mente? Na maioria das
vezes, seus pensamentos eram tão mundanos quanto os de qualquer
pessoa, mas havia algumas noites em que ela não conseguia escapar
das imagens de Tamian quando estava acordada na cama.

O estrondo profundo de uma Harley chamou a atenção de Lucy.


Ela sabia, sem olhar, que era um dos Hounds. Eles tinham olhos
nela, e isso aliviou um pouco da tensão em seu corpo. Tamian
também tinha olhos nela? Ele a seguiu até Nova DC, de alguma
forma, ele sabia que ela havia saído da cidade. Ramey atravessou o
rio Potomac , indo para o oeste, e Lucy aproveitou a oportunidade
para abrir sua mente para Tamian. Ela não sabia como isso
funcionava. Ela não conseguiu bloquear seus pensamentos, portanto,
ela também não sabia como projetá-los. Tentando, ela se concentrou
nele, seus olhos verdes claros. Suas asas enormes. Seu corpo
elegante. Seu próprio corpo esquentou de dentro para fora com essas
imagens, e ela realmente não precisava se contorcer no banco do
passageiro com o chefe sentado ao lado dela.

Cedo demais, eles estavam do outro lado do rio e se afastando


da cidade. — Aqui, coloque isso. —Ramey estava segurando uma
venda nos olhos.

O rio Potomac é um rio que banha Washington, D.C., capital dos Estados Unidos, e os estados da
Virgínia Ocidental, Virgínia e Maryland. O curso de água estende-se por 616 km, nascendo a 933 m de altitude e desaguando na baía de
Chesapeake. Tem como afluente também em DC o Córrego da Rocha.
— Você não pode estar falando sério.

— Ah, mas eu estou. A localização da instalação é de


conhecimento restrito. Coloque, Agente Ball. —Lucy fez como
instruída. Ele dirigiu por mais uma hora, fazendo tantas curvas que
Lucy não conseguiu mantenha a rota. Ele poderia tê-la levado pela
cidade apenas para jogá-la fora. — Você pode remover a venda.

Lucy a retirou, piscando os olhos para se reajustar à luz do dia.


Eles pararam atrás de um prédio indescritível de quatro andares,
onde uma porta deslizante se abriu e ele desceu a rampa em um
compartimento escura. A porta fechou atrás deles quando ele
desligou o motor.

Ramey saiu da van, deixando Lucy para pegar suas malas. O


mesmo homem que fechou a porta do compartimento caminhou em
direção à van empurrando um carrinho grande. Ele abriu a traseira
do veículo e removeu sem palavras o que pareciam pequenos sacos
para corpos. Lucy ficou boquiaberta com a visão, mas foi impedida
de ver isso quando Ramey a alcançou para pegar sua bolsa de roupas.
— Siga-me, —ele disse.

Lucy andou alguns passos atrás de Ramey por um longo


corredor. O homem com o carrinho estava atrás de Lucy e, quando
chegaram aos elevadores, os três entraram. Ramey passou seu crachá
de segurança sobre um sensor e pressionou o botão B2.

— Teste seu crachá, —ele disse, apontando para o sensor. Lucy


passou o cartão na frente da luz, mas ela permaneceu vermelha.
Depois que o carro desceu ao andar inferior, as portas se abriram
para outro corredor e Ramey não esperou Lucy sair. Ele caminhou
com propósito até chegar a um conjunto de portas duplas. Em vez de
usar seu distintivo, Ramey puxou uma chave do bolso e destrancou
a porta, abrindo-a e entrando diante de Lucy.

Idiota.

— Eu tenho direito a ...

Esse foi o último pensamento compreensível que ela teve ao


observar o ambiente. Lucy pensou que a sala escondida de Lucius
era ruim. Isso era brincadeira de criança em comparação com a cena
apresentada diante dela.

— Que diabos é tudo isso? —Ela perguntou, recuando em


direção à porta. Ela não pôde ir longe, porque o homem com o
carrinho estava bloqueando a entrada.

— Esse é seu trabalho, agente Ball. Não finja que é estranha a


essas coisas. Os cientistas anteriores deixaram suas anotações em
cima da mesa, mas se você é tão inteligente quanto seu pai, não
precisará delas. Espero que você possa continuar de onde ele parou.

— Não estou fingindo, senhor. Posso jurar que nunca participei


de nada parecido com o que está nesta sala. Os experimentos que
Lucius e eu realizamos foram em slides e em placas de Petri . Isso, —
ela acenou com a mão, está tão longe da minha zona de conforto que
está na próxima dimensão.

— Isso é muito ruim para você. —Ramey puxou um conjunto de


papéis do bolso interno do casaco. — Veja, agente Ball, quando
solicitei que você fosse designada para esse departamento, foi-me
entregue as rédeas das condições de seu emprego. Sua bagagem se
tornou meu problema, e isso significa que sua posse está agora em
minhas mãos. Você faz o trabalho que eu exijo e considerarei liberá-
la de seu contrato no prazo especificado anteriormente. Você faz
alguma coisa que me faça acreditar que não está trabalhando em sua
capacidade total? E vou fazer você desejar que tivesse aceitado a
sentença de prisão. Entendido?

— Sim senhor. —Lucy moeu os molares juntos para não dar


uma de Grifo no rabo do homem. Ela não tinha dúvida de que havia

Uma placa de Petri, ou caixa Petri é um recipiente cilíndrico, achatado, de vidro ou plástico que os profissionais de
laboratório utilizam para a cultura de microorganismos.
câmeras de segurança na sala, e não seria bom ela ser pega cortando
o rosto dele com suas garras.

— Seu espaço pessoal é por aquela porta na parede oposta. Você


encontrará tudo o que precisa para viver por quanto tempo for
necessário para concluir sua tarefa. Vou deixar você sozinha para
desfazer as malas. Depois disso, familiarize-se com o equipamento e
verifique os papéis que lhe restam. Ah, e vou precisar do seu telefone
celular. Como pode presumir, o que estamos fazendo aqui é
altamente secreto. Informação sensível que precisa permanecer neste
laboratório.

Lucy tirou o telefone da bolsa, entregando-o, fazendo o possível


para não demonstrar emoção. Se ele soubesse que ela tinha um
telefone descartável escondido com seus produtos de higiene pessoal,
ela não tinha dúvida de que ele pediria também.

— Há um telefone na mesa que você pode usar para ligar para a


enfermaria em caso de emergência. —Quando ele enfiou o telefone
no bolso do casaco, ele disse: — Volto mais tarde para ver como você
está. Carl, tranque quando sair. Ele disse ao homem com o carrinho.

Lucy não respondeu quando o idiota saiu, deixando-a no meio


de um pesadelo.
mensagem de Lucy, ele correu para o
carro alugado e foi em direção ao dormitório. Tessa se ofereceu para
ir com ele, mas ele pediu que ela ficasse no hotel, caso precisasse dela
no computador. Ele tinha acabado de estacionar do outro lado da rua
quando Lucy saiu do prédio, seguida por um homem,
presumivelmente outro agente, considerando a maneira como ele
estava vestido, carregando sua mala de roupas. Depois de jogar a
bolsa na van, o homem entrou em um sedan e foi embora, deixando
Lucy para entrar no banco do passageiro. Tamian enviou as placas
da van e do sedan para Tessa, para o caso de precisarem verificar
mais tarde. Tamian se afastou da van, capaz de seguir à distância e
ainda mantê-los à vista.

Seu plano de entrar furtivamente no quarto de Lucy foi frustrado


quando ela lhe enviou uma mensagem mais cedo do que o esperado.
Ele queria estar esperando para que eles tivessem a chance de
conversar sem medo de serem ouvidos antes que ele a levasse para
jantar. Seria difícil discutir shifters em torno dos ouvidos humanos.
Ele também não sabia quanta privacidade os Hounds lhe dariam, se
lhe dessem alguma. Havia muita coisa que ele não sabia sobre a
situação de Lucy e, agora, parecia que levaria um tempo antes de
descobrir alguma coisa.

Duas motocicletas estavam seguindo mais perto da van e


Tamian imaginou que fossem os Hounds. Ele não era o único
cuidando dela, e por isso ele estava feliz. No momento. Tendo
cuidado de Tessa quando ela e Gregor se reuniram, ele entendia a
necessidade de proteger sua irmã. Ou no caso dos Hounds, sua
sobrinha. No entanto, as coisas seriam diferentes quando ele e Lucy
se reunissem. Eles não eram dois Gárgulas encontrando seus
companheiros. Eram duas espécies de shifters, que, até onde Tamian
sabia, nunca haviam acasalado antes. Não saber nada sobre a espécie
dela, se ela era uma shifter, o colocava em desvantagem. Ele não
poderia lutar contra os Hounds para se defender em relação ao
acasalamento com Lucy, se houvesse algo nela especificamente que
os manteria separados.

No momento em que a van se virou para atravessar o rio,


Tamian foi pego atrás de vários veículos no sinal vermelho. Havia
muito tráfego para dar a volta, então ele não teve escolha a não ser
esperar. Quando ficou verde, Tamian acelerou o mais rápido
possível, tentando alcançar Lucy, mas era tarde demais. Não havia
sinal da van na estrada aberta, então Tamian virou-se e dirigiu por
todas as estradas laterais que havia. Ele tinha que esperar que os
Hounds fossem capazes de rastrear sua localização, porque ele não
tinha nada.

Antes de sair da área, Tamian tentou ligar para Lucy. Ele foi
imediatamente para o correio de voz, então enviou uma mensagem
e disse que a havia perdido no trânsito. Ele então estendeu seus
sentidos para ver se ela foi capaz de desbloquear seus pensamentos.
Após várias tentativas frustradas, Tamian voltou para a cidade. Ele
costumava ponderar porquê o destino tornava tão difícil para alguns
dos Goyles e suas companheiras se unirem uma vez que se
conhecessem. Vários de seus primos conseguiram encontrar o
pretendido e se relacionar com elas com bastante facilidade, mas para
a maioria deles, havia sido um desafio. E talvez esse fosse o objetivo
de tudo, para ver se eles eram dignos do vínculo de companheiro.

Sem esperar encontrar sua própria companheira, Tamian se


deixou acreditar que, se acontecesse, as coisas iriam bem porque ele
era especial. Ele encontraria sua companheira, a convidaria para sair
e, depois de lhe levar dezenas de flores e passar horas conversando e
se conhecendo, eles se uniriam imediatamente e viveriam felizes para
sempre. Haha. Ele estava lendo muitos romances de Tessa. Aqueles
sonhos nada mais eram do que loucuras juvenis, tendo visto seus
pais, Jonas e Caroline juntos. Tamian não namorou muitas fêmeas
ao longo dos anos, mas as que namorou, ele comparava com Tessa,
porque para ele, sua irmã era a mulher perfeita. Ninguém nunca
atendeu às suas expectativas. Não até Lucy.

Agora ele entendia o porquê. Tamian amava sua irmã mais que
a vida. Ele fazia parte dela e ela dele. Mas Lucy era sua companheira,
e esse vínculo era incomparável. Ele tinha fé que seriam capazes de
encontrar um caminho um para o outro e fazer as coisas
funcionarem, mesmo se ela fosse um tipo diferente de shifter.
Enquanto esperava que Lucy se afastasse de suas obrigações com o
AGI, Tamian queria conversar com alguém sobre esses shifters. Seu
primeiro pensamento foi Rafael, mas Xavier era seu pai e seu
verdadeiro Rei. Ele começaria por aí por respeito.

Depois de ligar para Tessa para avisar sobre o que ele queria
fazer, ela estava conversando por vídeo com os pais quando ele
voltou ao hotel. Tamian limpou as mãos no jeans antes de se sentar
ao lado de sua irmã no sofá.

— Ei. Acho que Tessa já contou um pouco do que está

acontecendo?
— Ela mencionou apenas que existem shifters na sua

área que não são Gárgulas, —disse Xavier.

— Você já ouviu falar que existe uma espécie além da

nossa?

— Havia sempre conversas, desde quando eu tinha a sua

idade, mas até onde sei, ninguém nunca conheceu um.

Eram apenas boatos.

— Posso atestar o fato de que é verdade, mas, quanto

ao tipo de espécie, ainda estou no escuro. —Tamian

continuou contando tudo o que aconteceu com Lucy e como

ela admitiu estudar Gárgulas. — Não sei como ela conseguiu

o DNA de Gárgula. Não chegamos tão longe em nossa

conversa. Era um tópico que eu abordaria esta noite no

jantar, mas com o trabalho dela sendo transferido, isso não

vai acontecer.
— Você pode alcançá-la com sua mente? —Elizabeth

perguntou. Nem todos os companheiros podiam falar em

suas mentes, mas ela e Xavier podiam.

— Ainda não. Eu até perguntei-lhe sobre isso, e ela

disse que tentaria me deixar entrar. Até agora, isso não

aconteceu. Ou ela está muito envolvida no trabalho para

tentar ou não é capaz. Nós só falamos disso algumas horas

atrás. Mas não vou parar de tentar alcançá-la.

— Boa sorte, filho. Se alguém pode alcançá-la, é você.


Tamian apenas acenou com a cabeça para o pai. Xavier nunca deu
qualquer indicação de que tinha muita fé em Tamian. O nó na
garganta ameaçava revelar suas emoções, então ele deixou Tessa
dizer adeus pelos dois.

— Você realmente não entende o quanto ele te ama, não é? —


Tessa perguntou.

— Ele nunca foi realmente do tipo que expressa seus


sentimentos. Isso me pegou desprevenido. De qualquer forma, vou
tentar mandar uma mensagem para Lucy novamente. —Tamian
esperou depois de pressionar enviar, mas sua mensagem voltou como
não entregue. Se arriscando, ele discou o número, mas a ligação foi
encerrada antes mesmo de tocar. Ele tentou várias vezes com o
mesmo resultado. — As ligações estão caindo, —disse ele a Tessa.

— Onde quer que ela esteja, provavelmente existe interferência.


Porque você não vê se Julian pode rastreá-la de alguma forma?

— Ela estava usando um telefone descartável.

— Sim, mas com quem quer que ela esteja provavelmente tem o
telefone do trabalho. Se ele puder descobrir quem estava dirigindo a
van, também poderá descobrir o número de telefone ou, pelo menos,
o endereço residencial. Estou vendo um pequeno interrogatório
acontecer em nosso futuro próximo. Enquanto ele está nisso, veja se
Jules pode tirar uma foto recente do motorista. Pode levar algum
tempo, mas podemos pedir ao Jonas para configurar uma prótese
para você. Apenas no caso de ser necessário.

Depois que Tamian falou com Julian, ele fechou os olhos e se


concentrou em sua companheira. Depois de alguns segundos, estava
fraco, mas havia algo tocando o canto de sua mente. Algo que só
poderia ser Lucy. Ele sabia disso porque era suave, mas urgente.
Todo mundo tinha sua própria onda cerebral exclusiva, e essa era
uma que ele nunca havia encontrado antes.
Lucy, você está aí?

Tamian!

Lucy. Fale comigo, querida.

Tamian ... eu ...

Lucy? Lucy!

Droga. Tamian continuou tentando alcançá-la, mas não


adiantou. A urgência em seus pensamentos o tinha pronto para ir
buscá-la naquele momento, exceto que ele não tinha ideia de onde
ela estava.

por Lucy, parando ao lado de quatro mesas de


autópsia. Um a um, ele abriu os zíperes, sacudindo-os e soltando o
conteúdo. Ele não grunhiu tanto quando seus braços magros se
tencionaram com o peso do conteúdo. Lucy engoliu de volta a bílis
ameaçando sua garganta quando um baque retumbante ecoou na
grande sala, enquanto torsos humanos eram jogados sem preâmbulos
sobre as mesas. Pelo menos, ela pensava que eram humanos. As
cabeças, braços e pernas foram removidos sem precisão cirúrgica,
evidente pela carne irregular. Havia dois homens e duas mulheres
que podiam ou não ter sido humanos. Lucy não podia ter certeza
sem examinar o DNA deles. Se eles tivessem a cabeça, ela poderia
ter checado suas gengivas em busca de evidências de presas.
Considerando que ela nunca havia estudado um Gárgula de verdade,
Lucy não sabia como detectar se um corpo era um da espécie deles.
Gárgulas pareciam humanas mesmo depois de se transformarem,
exceto que tinham presas adicionais, garras e os machos tinham asas.
Grifos podiam mostrar suas presas ou garras, mas quanto ao resto
deles? Eles mudavam completamente para leão, a águia ou ambos, o
Grifo. Uma vez que eles começavam a mudança, era tudo ou nada.

Os quatro torsos não eram o pior, no entanto. Em toda a sala,


cilindros altos e redondos cobriam as paredes. Corpos inteiros
estavam suspensos em vasos cheios de líquido. Mais uma vez, Lucy
não tinha ideia se eles eram humanos ou não. Homens e mulheres,
todos parecendo ter trinta anos ou menos, que provavelmente foram
sequestrados por causa da ciência, dançavam em uma sepultura
aquosa. Os cabelos se espalhavam pela cabeça em halos
multicoloridos. Os olhos mortos olhavam de volta para os dela,
acusadoramente, como se fosse culpa dela estarem na situação atual.
O líquido mudou e borbulhou quando o zumbido baixo da fonte de
energia encheu a sala.
Se havia alguma dúvida antes de que Lucius realmente estivesse
envolvido com Ramey, essa dúvida foi aliviada quando ela entrou no
laboratório. Esses eram exatamente os mesmos tipos de cilindros que
ela encontrara no porão de sua casa. O homem que ela agora sabia
ser seu tio estava em desacordo com o homem filantrópico com quem
viajou pelo mundo. O que ele mostrou para aqueles do lado de fora.

Lucy girou trezentos e sessenta graus, contando os corpos.


Quando ela chegou aos 29, Lucy foi interrompida pelo carrinho de
metal que rolou em sua direção. Em vez de parar, ela saltou para fora
do caminho, com medo do aço frio fazer contato com sua pele.
Quando o carrinho bateu em um dos cilindros com um barulho, Carl
xingou Lucy baixinho. Ou ele esqueceu de pisar no freio, ou ele
esqueceu do chão inclinado em direção ao ralo. Ainda sem encontrar
os olhos dela, o homem juntou os quatro sacos nos braços antes de
depositá-las no carrinho rebelde e sair da sala. Quando a porta se
fechou atrás dele, o som da fechadura se chocou com o zumbido dos
cilindros, se misturando com uma melodia estranha. Lucy
estremeceu, esfregando os braços para evitar o frio.

— No que você se meteu? —Lucy balançou a cabeça quando não


houve resposta imediata. Tudo isso porque ela queria encontrar
Warryck. Se ele apenas tivesse deixado Rory criá-la, ela não estaria
nessa bagunça. Lucius tinha trabalhado com Ramey por anos,
enquanto preparava Lucy para entrar no lugar dele e ajudar com o
que quer que fosse. Lucy tinha feito cegamente o que ele pediu, indo
até a escola e estudando o que ele queria que ela estudasse. Se ele
estivesse vivo, teria apresentando-a ao seu trabalho no porão?
Confiaria a ela o que a pesquisa implicava em vez de mentir sobre
isso?

Lucy ficara chocada demais para fazer as perguntas pertinentes


antes de o chefe sair correndo. Ele queria que ela se familiarizasse
com o laboratório e as anotações. Ela não queria ter nada a ver com
o experimento doentio iniciado antes de vir trabalhar para o AGI.

E ela deveria morar lá em baixo? Lucy fez o possível para ignorar


o ambiente enquanto pegava a bagagem e seguia para o lado oposto
da sala. Respirando fundo, ela abriu a porta do que deveria ser seu
quarto. Depois de entrar nos seus aposentos temporários, Lucy
soltou o fôlego que estava segurando. A cor deles surpreendeu
quando ela descobriu que sua nova casa era melhor do que o
dormitório que havia desocupado mais cedo. Era mais que um
quarto. Os alojamentos foram criados como um apartamento, com
uma cozinha completa, uma suíte e uma pequena sala de ginástica.
Os armários e a geladeira estavam abastecidos com os alimentos que
gostava. Isso não a incomodou tanto quanto provavelmente deveria.
Se ao menos ela pudesse se trancar na suíte alegremente decorada e
esquecer o show de horrores que era seu trabalho.

Depois de alguns minutos de mau humor, Lucy decidiu ir em


frente e desfazer as malas. Ela não tinha muitas roupas adequadas
para o laboratório, pois a maior parte de seu trabalho fora realizada
como agente de campo, por conseguinte os quatro ternos que ela
guardara na bolsa de roupas. Cavando o fundo de sua bolsa, Lucy
pegou o telefone descartável, esperando alcançar e deixar Tamian
saber onde ela estava. Não havia sinal. Não apenas não havia sinal,
mas também não havia som vindo do telefone. Deuses, e se eles
tivessem um bloqueador no prédio? O rastreador em seu anel seria
detectável? Ela não tinha como entrar em contato com os Hounds ou
Tamian. Exceto …

Lucy encostou-se ao balcão e fechou os olhos. Ela fez o possível


para limpar sua mente de tudo, exceto o belo Gárgula. Como ela
deveria alcançá-lo? Falar com a mente era algo que ela só tinha visto
em filmes de ficção científica, não na vida real. Respirando fundo,
ela o chamou.

Tamian? Ela esperou um pouco e tentou novamente.

Tamian?
Lucy, você está aí?

Oh, pelos deuses, funcionou!

Tamian!

Lucy, fale comigo, querida.

Tamian ... Que barulho era esse? Não! Ela tinha que se concentrar.
Eu ... Lá estava novamente. Alguém estava se movendo na outra sala.
Pelo menos agora Lucy não se sentia completamente isolada do
mundo exterior. Com um pouco mais de prática, ela
esperançosamente seria capaz de manter uma conversa completa
com seu Gárgula. Ela guardou o telefone inútil no fundo da bolsa e
o fechou antes de abrir a porta do laboratório.

Ramey estava fechando a porta da geladeira de tamanho


industrial. Quando ele se virou e a pegou olhando, ele endureceu. Ela
tinha uma boa razão para atacar o homem e verificar seus bolsos. Ele
disse que daria tempo para ela se instalar, mas Lucy já havia
descoberto o tipo de homem que seu chefe era, controlador. E agora,
sorrateiro.

— Não vai ser bom se esconder nos aposentos, agente Ball.


Quanto mais você adiar sua tarefa, mais tempo ficará sequestrada.
—Ele pegou uma pilha de papéis. — Como você ainda não leu as
anotações deixadas pelos cientistas anteriores, irei explicar o que
estamos fazendo. Essas são coisas das quais você já deve estar ciente,
considerando que seu pai a manteve ao lado dele por anos.

— Como eu disse antes, meu pai não me ensinou isso, —disse


Lucy, passando o braço pela sala. — Só encontrei o laboratório
secreto dele esta semana e, antes que tivesse tempo de examinar o
conteúdo, fui chamada para trabalhar. Então você terá que me
perdoar se eu não souber no que exatamente você e Lucius estavam
trabalhando.

Ramey olhou para Lucy por alguns segundos antes de jogar os


papéis de volta na mesa. Cruzando os braços sobre o peito largo, ele
disse: — Isso é prova de que existem seres extraordinários por aí.
Todo mundo que você vê aqui tem algum tipo de dom, seja psíquico
ou físico. Seu pai começou a estudar o DNA para procurar o que há
dentro dessas pessoas que lhes confere habilidades únicas. Os corpos
nas lajes são para você dissecar seus genes. Cada um é rotulado
quanto à sua capacidade específica. Os corpos ao redor da sala são
mantidos dentro de um meio especial que os impede de se decompor.
Cada pessoa tem uma série de periódicos dedicados ao estudo.
Lucy se aproximou das mesas e encontrou a etiqueta do torso
mais próximo. Uma mulher com seios pequenos e barriga lisa era
capaz de correr excepcionalmente rápido, de acordo com as notas.

— Depois de entrar nas células dela, você as comparará com as


do sujeito 26. —Ramey apontou para um homem atrás dele. — O 26
também tem a capacidade de correr a velocidades além do que os
humanos deveriam ser capazes.

— Porquê os torsos? Porque esses corpos não estão inteiros? —


A deterioração já terá começado.

— Foi aí que seu pai entrou. Lucius desenvolveu um soro que


mantém as células ativas por pouco mais de trinta dias. É uma das
razões pelas quais você precisa trabalhar rapidamente. Você tem um
mês com esses corpos antes que se tornem inúteis.

Lucy caminhou até os outros três corpos enquanto refletia sobre


Lucius e o soro. Como ela poderia ter vivido com o homem a vida
inteira e não saber que tipo de pessoa, ou shifter, ele era? Grifos
foram colocados na Terra para cuidar dos humanos. Protegê-los.
Não para tratá-los como experimentos como ...

— Qual é o seu objetivo? Quando você descobrir que gene é


capaz de produzir super forças ou velocidades sônicas ou a
capacidade de ler mentes, o que acontece então?
— Isso é simples, agente Ball. Nós, através de você, criaremos
uma maneira de introduzir as células em um humano, dando-lhes
todas as habilidades extraordinárias.

— Você quer um super-soldado.

— Claro. Os Estados Unidos está atrasado desde que o mundo


se desfez. Ainda temos que encontrar uma maneira de combater os
Profanos. E agora, o Ministério está ganhando posição não apenas
na América, mas em todo o mundo. Eles precisam ser impedidos, e
vai ser preciso alguém “melhorado” para pará-los.

Ele ainda não tinha falado de shifters, então era possível que
Lucius tivesse escondido essa informação de Ramey. Não era como
se todos os humanos não tivessem conhecimento de Grifos. Ao longo
dos séculos, Grifos se casaram com humanos e tiveram famílias com
eles. Quando isso acontecia, se o humano não conseguisse descobrir
que seu marido ou esposa era um shifter, o Grifo tinha a capacidade
de alterar a mente de seu cônjuge para que ele "esquecesse" as
informações. Isso era mais fácil do que tentar esconder o fato de que
o Grifo era um shifter. Mesmo com a manipulação da mente, havia
certos humanos cujas mentes eram mais fortes que a influência de
seus companheiros, e eles estavam cientes, mas mantinham esse
conhecimento para si. Então havia aqueles shifters, como Lucius,
que nunca escondiam sua natureza. Ele explicou a Lucy que não era
justo Vera ficar no escuro sobre o que seu marido era. Pena que ele
não a deixou entrar no porão secreto. Ou ele tinha?

— Se Lucius não foi capaz de fazer isso antes de morrer, o que


faz você pensar que eu posso? Ele tinha anos em seu currículo,
enquanto eu persegui o Ministério por computadores nos últimos
quatro anos. —Lucy quase escorregou e disse quantos anos Lucius
estava trabalhando em seu laboratório.

— Sim, bem, isso é algo que tenho tentado mudar nesses mesmos
quatro anos. De alguma forma, o agente Franks convenceu o diretor
de que você era necessária em seu departamento. Não tenho dúvida
de que eles estavam dormindo juntos, portanto ele conseguiu o que
queria. Há rumores de que eles não estão mais juntos, e pude
convencer o diretor Higgins de que você era necessária em outro
lugar.

Ah, a política é a melhor. Lucy nunca tinha sido fã daqueles em


posições poderosas. Não importava em qual plataforma eles
disputassem ou quão bons alegassem ser, ela sempre achou que eram
dissimulados e que mentiam e trapaceavam para conseguir o que
queriam.
— Isso ainda não responde à pergunta. Minha especialidade
eram doenças incuráveis, não poderes sobre-humanos.

— Então acho melhor você começar. Como eu disse, você tem


trinta dias com os quatro novos sujeitos. —Ramey caminhou até a
porta e, com a mão na maçaneta, ele disse: — Se eles expirarem antes
que você chegue a eles, será sua responsabilidade recuperar os
próximos quatro. —A porta se fechou com um clique ameaçador.

— E onde seria presumível eu encontrar cadáveres com poderes


sobre-humanos? —Lucy murmurou enquanto pegava uma pilha de
papéis e começava a ler. Ela não tinha ideia de quanto tempo levaria
para entender as anotações, mas sabia que só tinha trinta dias para
fazer isso.
completa. Julian ainda estava
tentando descobrir quem era o motorista da van, mas ele encontrou
o nome do outro agente que acompanhara Lucy até seu dormitório,
o agente Kyle Barnes. Invadir sistemas do governo não era fácil, mas
Julian ganhou muita prática quando procurava por
Katherine. Tamian ajudou a tirar Katherine das instalações da Super
Max, quando ela foi enquadrada, e Julian sentia a necessidade de
retribuir o favor. Tamian ajudou porque ele queria. Quanto mais
ficava na Sociedade de Pedra, mais se sentia parte do Clã deles. Essa
foi outra razão pela qual ele hesitava em assumir o papel de Rei dos
italianos.

Se Julian não conseguisse descobrir o nome do motorista logo,


Tamian faria uma visita ao agente Barnes. Ele já havia conversado
com Jonas sobre fazer uma prótese especializada. Ele odiava pedir
ajuda quando Jonathan estava em tão mau estado, mas, como Jonas
disse, a menos que ele descobrisse uma cura para o câncer em breve,
isso não pareceria bom para o humano. Tamian rezou para que Lucy
fosse uma shifter. Se ela fosse, ele não precisaria se preocupar tanto
com a saúde dela até que eles se acasalassem e ela se tornasse um
pouco mais imortal. Mal podia esperar para descobrir se ela era, que
tipo era e tudo sobre sua espécie.

Depois de passar a tarde toda enjaulado no hotel, Tamian estava


pronto para sair por um tempo. Ele precisava encontrar um lugar
calmo para se concentrar em procurar Lucy novamente. Quase o
divertiu como todos os seus pensamentos a incluíam de alguma
maneira. Ele estava animado com a perspectiva de ter uma
companheira e fazer um lar com ela. Mas primeiro, ele tinha que
encontrá-la. Tessa sugeriu alcançar os Hounds, mas se ele não
pudesse alcançar Lucy no telefone dela, eles também não poderiam.
Era possível que eles tivessem meios de se comunicar, portanto,
encontrá-los não era uma ideia totalmente ruim. Ele não sabia se eles
seriam receptivos a trabalharem juntos, especialmente se Lucy não
os tivesse informado de que ele não a estava perseguindo pelas razões
erradas.

Talvez ele devesse se apresentar à família dela de qualquer


maneira. Adquirir o jeito dos habitantes locais, por assim dizer. Se
Tamian se reunisse com eles e explicasse que eram companheiros,
isso poderia ajudá-los a aceitá-lo e ajudá-lo a encontrá-la.
— Vou tomar um ar fresco, —ele disse a Tessa.

— Estarei aqui, Tam. —Ela deu-lhe um abraço caloroso antes


que saísse pela porta. Ele não sabia o que faria sem a irmã. Ela fazia
parte da vida dele há tanto tempo. Compartilhá-la com Gregor foi
difícil no começo. Tanto que Tamian deixou Nova Atlanta e viajou
um pouco. Ele acabou no chalé, mas depois de ter estado perto do
Clã, ele se sentia sozinho sem estar perto daqueles que começou a
considerar como família. Em vez de se apresentar aos habitantes
locais e conhecê-los, ele voltou aos Estados Unidos.

Nova DC era mais movimentada do que Nova Atlanta, mas


Tamian não teve problemas em encontrar um parque onde pudesse
andar e respirar algo diferente do ar nublado. Ele sempre amou o ar
livre e, sendo Gárgula, achava necessário para o seu bem-estar
encontrar aqueles lugares onde pudesse se comunicar com a
natureza. Depois que teve a chance de se ligar à terra, Tamian
estendeu seus poderes para Lucy. Foram necessárias várias
tentativas, mas ele finalmente conseguiu.

Querida, você pode me ouvir?

Estou aqui. Oh, meu Deus, Tamian.

Tenho tentado ligar e mandar mensagens.


Meu chefe pegou meu telefone comercial e o descartável que tenho é inútil.
Não há sinal. Eu nem sei se os Hounds podem me localizar usando o rastreador
no meu anel.

Eles sabem de mim?

Sim, mas eles podem pensar que você é o inimigo. Não tivemos chance de
conversar sobre você depois que nós conversamos.

Você sabe onde está?

Não. Meu chefe me vendou os olhos. Tudo o que sei é que é um prédio de
quatro andares com uma doca de carregamento na parte traseira. Estou no
porão.

Vou falar com os Hounds e explicar quem sou e quem você é para mim.

Você se importa de me explicar primeiro?

Oh, isso pode ajudar. Primeiro, tenho que perguntar. Você é um shifter?

Sim. Eu sou um Grifo. Isso te incomoda?

De modo nenhum. É meio sexy. Te incomoda que eu seja um Gárgula?

De modo algum. Suas asas ... ah, sim.

Tamian riu de sua resposta.

Então, conte-me sobre ser um Grifo.


Sou parte águia e parte leão. Posso mudar para um ou ambos ao mesmo
tempo, mas estou mais ligada à águia.

Então era você na floresta em Holmesvik.

Você entende rapidamente. Mas voltando ao que sou para você ...

Os Gárgulas têm uma companheira predestinada, e parece que você é


minha.

Eu tenho alguma opinião sobre isso?

Claro, querida. Você pode dizer não, e eu respeitarei seus desejos. Mas
espero ter a oportunidade de me encontrar com você e ver se você pode
eventualmente dizer sim. Posso até mostrar minhas asas de perto.

Agora você está jogando sujo. Mas, falando sério, espero conhecê-lo
também. Deuses, Tamian. Estou no meio de um pesadelo. Meu chefe me trancou
vários andares abaixo do nível do solo, e se eu não fizer o que ele diz, nunca
mais voltarei a ver a luz do dia.

Quem é seu chefe?

Diretor Adjunto Phil Ramey. As coisas em que ele e Lucius estavam


envolvidos ... É uma loucura. Estou cercada por cadáveres flutuando em
suspensão líquida e torsos parciais em lajes . Todas as pessoas tinham traços
extraordinários, e eu devo descobrir qual gene causou suas habilidades e depois
transferi-las para sujeitos vivos, criando assim um super-soldado. Só tenho trinta
dias com as quatro vítimas mais recentes, porque é quando o soro que meu tio
criou para de impedir a deterioração e as células expira.

Presumo que você não sabia o que seu tio estava fazendo?

De jeito nenhum. Logo antes de receber a ligação para voltar a Nova DC,
encontrei uma sala secreta embaixo do escritório do meu tio. Na época, não
conseguia entender o que estava vendo, mas é a mesma coisa que aqui, apenas
em menor escala.

Eu vou tirar você daí, eu prometo.

Como?

Agora que tenho um nome, vou vigiar seu chefe e me familiarizar com as
ações dele. Lembra do John? Poderei me tornar Phil Ramey da mesma
maneira, mas levará alguns dias. Não surte se um dia seu chefe entrar e te
abraçar.

Laje: é a ‘mesa’ onde eles trabalham nos corpos no necrotério. São mesas especias com ralo para o escoamento dos fluídos ‘sangue’
dos corpos.
Ooh, nojento. Mas se eu souber que é você debaixo da máscara, devo ser
capaz de lidar com isso.

Não tenho dúvidas.

Então, companheiros, hein? É por isso que podemos falar um com o outro
dessa maneira?

Sim e não. Eu posso falar com qualquer pessoa capaz de abrir sua mente.
Posso dizer que acho estranho chamá-la de Lucy?

Por quê? Esse é o meu nome.

Antes que eu soubesse disso, eu só tinha seus apelidos e preferia chamá-


la de Harlow.

Esse é o meu nome do meio. Me derem este nome em homenagem a minha


mãe biológica, mas isso é uma conversa para outra hora.

Vou tentar não te chamar assim.

Não me importo, afinal, eu o uso como um apelido. Porcaria. Ele voltou.

Lucy, tenha cuidado. Não dê a ele nenhum motivo para tirar você de
onde está.

Tamian esperou, mas ele não recebeu uma resposta. Seu coração
ficou muito feliz com o fato de Lucy poder falar com ele. Ser capaz
de se comunicar com ela ajudaria a tranquilizar sua mente até que
pudesse chegar até ela. Enquanto ela falava com ele, Tamian
encontrou uma árvore para descansar. Ele não se mexeu enquanto
pensava na conversa deles. Sua companheira era um Grifo, e a
grande águia que ele tinha visto era ela. Isso era ... Droga. Não é de
admirar que os Grifos soubessem sobre Gárgulas. Se eles podiam
voar sem serem detectados, poderiam ter visto Gárgulas se movendo
e subindo aos céus. Nunca teria ocorrido aos Goyles esconder sua
verdadeira natureza dos grandes pássaros. Eu posso me transformar em
um ou ambos ao mesmo tempo. Oh, deuses sagrados. Tamian mal podia
esperar para ver Lucy se transformar em um leão. Ele estava ficando
duro só de pensar nisso.

Balançando a cabeça, ele olhou em volta para se certificar de que


estava sozinho e ajustou o pau antes de se afastar da árvore e voltar
para o hotel. Ele tinha muito trabalho a fazer. No caminho, ligou
para Julian e deu o nome do chefe de Lucy. Depois de obter todas as
informações pertinentes sobre o homem, além de uma foto recente,
ele poderia colocar as coisas em movimento quando descobrisse
onde Lucy estava sendo mantida. Ele tinha que encontrá-la primeiro,
e se o rastreador não estivesse sendo bloqueado, os Hounds poderiam
ajudá-lo.
— você não consegue entrar em contato com ela? —

Rory falou alto e o som veio através do telefone, interrompendo a


ligação de Maveryck com o irmão. Mav preferiria lidar com Ryker
do que com a mãe.

— Mãe por favor. A mensagem de texto de Lucy para Monk


dizia que ela estava sendo realocada. Nós a seguimos quando foi
removida do dormitório, então sabemos onde ela está. Mas o telefone
dela está morto ou eles tiraram o telefone dela. Temos a área
monitorada.

— Por monitorada, você quer dizer que não está de olho nela.

Ryker disse: — Mãe, por favor, deixe-me lidar com isso. Você
está emotiva e não ajuda em nada.

Rory amaldiçoou com um xingamento duro e, alguns segundos


depois, o som de uma porta batendo veio através do telefone. Mav
podia não estar lá, mas ele sentiu a ira dela da mesma maneira. Ele
estava feliz por se oferecer para ir atrás de Lucy, porque quando Rory
entrava com raiva, todo o complexo sentia.
— Droga, irmão. Sei que ela está preocupada. Todos nós
estamos, mas não é como se Lucy não pudesse se defender contra
um humano.

— Todos nós sabemos disso, mas Rory é superprotetora quando se


trata da Pombinha. Se Lucy tivesse sido criada conosco, não acho que
mamãe estaria tão mau assim. Agora que todos vimos as coisas na sala
secreta de Lucius, ela está preocupada com a influência de Lucius ao
longo dos anos.

— E daí? Ela acha que Lucy está contaminada ou algo assim?


Que ela não é inteligente o suficiente para separar essa loucura de
como os Grifos normais agem?

Ryker soltou um suspiro pesado. — Acho que é mais como se ela


sentisse que decepcionou Lucy por não lutar mais por ela. Dane-se os
desejos de Harlow. Palavras dela, não minhas. De qualquer forma, vou
lidar com ela mais tarde. Ou melhor ainda, vou deixar a vó lidar com ela.
Agora, me diga o que você está fazendo por Lucy.

— Como eu disse, temos a área monitorada. Monk levou a sua


águia e não deixou a área desde que Lucy foi levada para o prédio.
Se ela sair, nós saberemos.
— Não gosto que não saibamos o que está acontecendo dentro do
prédio. Existe alguma maneira de entrar?

Mav passou a mão pelo rosto. — Estou trabalhando nisso. Mas


Lucy não parecia estar em perigo imediato. Acho que precisamos
confiar nela agora. Se ficar muito ruim, ela mudará para seu leão
e matará todos por perto.

— Vamos torcer para que não chegue a isso. Espere um segundo ...
—Mav puxou o telefone para longe da orelha e o colocou contra o
peito. — Eu ligo de volta. —Ele desligou e entrou na sala da frente da
suíte onde estavam hospedados. Mav olhou para o homem parado
no corredor perguntando se ele poderia entrar e falar com eles.
Spyder estava com a mão na pistola na parte inferior das costas, mas
Maveryck sabia que seria inútil contra o homem.

— Você é aquele Garg …

Tamian St. Claire entrou no quarto e fechou a porta atrás dele.


— Eu apreciaria se você não anunciasse essa informação em voz alta.
Estou aqui por causa da Lucy.

— O que tem ela? —Maveryck acenou com a mão para Spyder


se afastar.

— Acabei de falar com ela há pouco, e ela está com problemas.


— Como você falou com ela? Tentamos o telefone celular dela e
está morto.

Tamian tocou sua têmpora. — Aqui.

— Certo, —Hawke rosnou.

— Explique, —disse Maveryck ao Gargoyle. Ele não queria


irritá-lo. Ainda.

— Alguns Gárgulas têm a capacidade de falar com a mente. No


começo, não consegui falar com Lucy, mas depois de algumas
tentativas, Lucy conseguiu abrir sua mente para mim.

— Isso não explica por que você a perseguiu.

— Não estava perseguindo-a, exatamente. Como eu disse a


Lucy, os Gárgulas têm uma companheira para a vida toda, e ela é a
minha.

Quando Spyder e Hawke deram um passo em direção a Tamian,


Maveryck levantou a mão. Eles não precisavam de um confronto. —
Vocês dois esperem no corredor. —Relutantemente, eles fizeram
como instruído, e Mav apontou para o sofá. — Por favor sente-se.
Gostaria de uma bebida? Eu sei que quero uma. —Ele foi até onde
várias garrafas de bebidas estavam dispostas no balcão e serviu um
copo de uísque.
— Não, obrigado. Quando Lucy estava na Noruega, os Gárgulas
achavam que ela os estava espionando. Holmesvik é
predominantemente uma cidade shifter, e os moradores não tinham
ideia de que Lucy é uma shifter. Quando Gárgulas encontram suas
companheiras pela primeira vez, temos uma sensação. É uma
atração para nossa companheira que não pode ser negada. Vi a foto
de Lucy em um monitor de computador e senti a atração só de olhar
para ela na tela. Eu tinha que descobrir com certeza se ela era minha
companheira, então viajei para a Noruega. Ela descobriu que eu a
estava seguindo e me deu o troco. —O sorriso de Tamian aumentou
quando ele contou sua história. Maveryck não tinha motivos para
duvidar dele, mas também não tinha motivos para acreditar nele.

— De qualquer forma, eu a segui até em casa. Ela me viu pela


floresta, e acho que foi quando ela alertou sua família de que eu
estava lá. Não que isso faça você se sentir melhor com a situação,
mas foi minha irmã quem colocou as câmeras na floresta. Não sabia
que Lucy tinha uma família para cuidar dela, e eu queria poder ficar
de olho nela. Não sou o homem mais extrovertido do planeta e, em
vez de bater na porta e convidá-la para sair, fingi ser um vizinho
procurando meu cachorro.

— Era você?
— Sim. Tenho acesso a próteses e posso me disfarçar para
parecer com qualquer pessoa. É por isso que estou aqui, mas chegarei
a isso em alguns minutos. Quando Lucy saiu do escritório, ela me
mandou uma mensagem dizendo que estava sendo realocada. Tentei
segui-la, mas fui pego no semáforo. Quando cheguei ao Potomac, a
van havia sumido. Ela me disse que você tem um rastreador nela, e
eu esperava que ainda estivesse operacional. Há um bloqueador de
transmissão no prédio onde eles a estão mantendo, e é por isso que o
telefone dela não está funcionando.

— Digamos que eu acredite no que você disse até agora. Não


seria muito difícil para você descobrir que colocamos um rastreador
nela, especialmente se você estivesse andando pela casa dela e
olhando pelas janelas. Sei sobre as habilidades extraordinárias dos
Gárgulas. Diga-me em que tipo de problema você acredita que ela
está.

— Lucy está sendo mantida em um porão, e agora é seu trabalho


realizar uma tarefa que Lucius estava realizando para o governo
antes de ele morrer. Ela indicou que é o mesmo tipo de trabalho que
encontrou em uma sala secreta abaixo do escritório em sua casa. Seu
chefe está mantendo Lucy isolada, sem contato externo. Não sei
onde fica esse prédio, mas, se soubesse, poderia entrar e tirá-la de lá.
— Como você faria isso? —Maveryck estava começando a
acreditar que o homem estava dizendo a verdade. De que outra
forma ele saberia sobre a horrível história?

— Com a prótese que falei. Lucy me deu o nome de seu chefe.


Preciso segui-lo um pouco. Estudar seus maneirismos e obter uma
gravação de sua voz. Minha irmã e eu cuidaremos desse aspecto, mas
preciso da sua ajuda para encontrar o prédio.

— E quando você a tirar de lá? O quê então? Lucy está sob


contrato com o AGI. Se você ajudá-la a escapar, eles simplesmente
vão procurá-la e jogá-la na prisão.

— Vou escondê-la enquanto estivermos reunindo as provas


necessárias para que seu chefe seja jogado na prisão. O que ele está
fazendo, o que está obrigando Lucy a fazer, não é apenas ilegal, mas
antiético.

Maveryck serviu outra bebida e bateu de volta. — O que


exatamente ele está obrigando ela a fazer?

— Criar super-soldados a partir das células de sujeitos mortos.


Do jeito que ela descreveu o laboratório, há quatro torsos em uma
laje com corpos inteiros sendo mantidos em algum tipo de recipiente
de líquido.
— Parece com o que ela encontrou em casa.

— Eu esperava que, enquanto nós aqui em Nova DC


estivéssemos trabalhando para tirar Lucy do porão, os que estão em
Nova York pudessem procurar no escritório em sua casa qualquer
coisa que pudesse ligar Lucius ao chefe de Lucy.

— Vou cuidar disso. Agora, de volta ao resgate de Lucy. Onde


você planeja escondê-la? Sem ofensa, mas nossa família não vai
deixá-la fora de vista com você só porque afirma que ela é sua
companheira.

— Não esperaria nada menos que isso. Tenho vários lugares em


mente, mas, em última análise, deixarei isso com Lucy. Como ela e
eu não tivemos a oportunidade de passar um tempo juntos e conhecer
o que o outro gosta, não vou assumir que ela prefere um chalé
europeu ao invés do Garden District, em Nova Orleans. Ela parecia
gostar da Noruega, então isso também é uma opção. Essa é a menor
das nossas preocupações. Tirá-la de lá e coletar provas contra seu
chefe exigirá um planejamento cuidadoso, e adoraria que você e eu
pudéssemos trabalhar juntos. Se as coisas correrem do jeito que
acredito que vão, você e eu nos veremos bastante no futuro.
— Sim? Só porque você afirma que ela é sua companheira, Lucy
não tem voz nisso? —Isso não parecia algo que os Hounds pudessem
apoiar. Todos devem poder escolher com quem passam a vida.

— Como eu lhe disse, ela absolutamente tem algo a dizer sobre


isso. Se ela e eu passarmos um tempo juntos e ela decidir que não sou
quem ela quer, respeitarei seu desejo.

— Mas se você tiver apenas uma companheira, não ficará


sozinho sem ela?

Tamian enfiou as mãos nos bolsos, fazendo o possível para não


pensar nesse cenário. — Sim, mas não vou forçar algo que ela não
quer. Por enquanto, vamos nos preocupar em afastá-la de seu chefe.
Não farei nada sem a participação direta dela. Não estou tentando
intervir e assumir a vida de Lucy ou o papel de sua família em
protegê-la. Sei como é isso, pelos dois aspectos. Eu vigiei minha irmã
até que ela encontrou seu companheiro, e quando isso aconteceu,
senti como se não fosse mais necessário. Tessa me fez ver o erro do
meu pensamento.

O desconforto de Maveryck quando Tamian entrou na sala se


foi, o que era estranho. Ele não confiava que tudo o que o homem
dizia fosse verdade, embora estivesse sendo bastante convincente.
Mav precisaria discutir essa conversa com Ryker, mas de alguma
forma, ele sabia que em suas entranhas as coisas iriam dar certo.

— Você tem um acordo.

Tamian se levantou e estendeu a mão. — Obrigado, Maveryck.


Estou ansioso para trabalhar com você. Aqui está o meu número de
telefone. Se me enviar uma mensagem com as coordenadas de onde
Lucy está, pedirei que um dos de meu Clã puxe as plantas para que
fique mais fácil entrar. E eu te dou minha palavra, não vou atrás de
Lucy sem você lá para ajudar. —Depois que eles trocaram contatos,
Tamian saiu sozinho. Não foi até ele ter o telefone na mão que
percebeu que Tamian o chamará por seu nome. Ele já estava
discando para Ryker quando Spyder e Hawke voltaram para a sala,
agindo como se não tivessem acabado de conhecer um Gárgula.

— Fale comigo, Mav, —respondeu Ryker.

— Você não vai acreditar nessa merda.


hotel, ele notou várias motocicletas
estacionadas nos fundos. Ele ficou no carro e ligou para Julian, que
havia acessado o registro de hóspedes do hotel e localizado o quarto
onde os Hounds estavam hospedados. Ele sabia que estava se
arriscando em confiar neles, mas achou que a desconfiança deles
seria ofuscada por querer proteger Lucy a todo custo. Ele estava
certo. Ao sair pela porta, Tamian havia "empurrado" os dois homens
para o corredor com sua mente. Raramente ele usava sua capacidade
de manipular os pensamentos das pessoas, mas precisava que todos
os Hounds fossem cooperativos, não combativos, se quisessem
trabalhar juntos para afastar Lucy de seu chefe com segurança.

Tessa olhou para cima quando ele entrou pela porta e ela sorriu
para ele. — Presumo pelo seu tempo que foi lucrativo?

— Você pode dizer isso. —Tamian explicou tudo o que


aconteceu enquanto esteve fora.
Tessa assobiou. — Droga, Tam. Isso é ... —Ela balançou a
cabeça, sorrindo. — E agora?

— Esperamos que Julian obtenha informações sobre Ramey


para que eu possa segui-lo e aprender tudo o que posso para me
tornar ele. Enquanto estou fazendo isso, Jonas produzirá uma
prótese. Quando isso acontecer, irei ao laboratório e fingirei ser o
chefe de Lucy.

— O que você precisa que eu faça?

— Quero que você seja meu apoio, caso haja alguém no


laboratório que tente me impedir de levá-la. Não deverá acontecer se
eu fizer meu dever de casa bem o suficiente, mas prefiro tê-la lá por
precaução. Prometi a Maveryck que ele poderia estar lá quando eu
entrar, então entre você e os Hounds, não tenho dúvida de que
seremos bem-sucedidos.

— Como ela vai se sentir sobre seu “chefe” removê-la?

— Já a avisei sobre isso. Ela conhece meu plano, e eu a alertarei


com antecedência, para que ela tenha tempo suficiente para reunir o
máximo de provas que puder trazer. Quero que todas as pesquisas
documentadas sejam retiradas do laboratório. Não poderemos
remover os corpos, portanto, precisaremos encontrar uma maneira
de trancar o prédio até conseguirmos que alguém volte depois de nós.
Tirar fotos não será suficiente, porque nós dois sabemos que elas
podem ser manipuladas. Precisamos provar que Lucy não teve nada
a ver com o projeto, e espero que o chefe dela seja capaz de fornecer
essa evidência para nós.

— Como você propõe que ele coopere?

Tamian sabia que era hora de confiar em sua irmã. — Vamos


tomar um drink.

— Oh inferno. Não vou gostar disso, vou?

— Não é nada ruim, é apenas algo que você precisa saber sobre
mim. Tamian serviu uma bebida forte para os dois e entregou-lhe um
copo antes de tomar o espaço ao lado dela no sofá. Ele bebeu metade
do Bourbon e depois inclinou o corpo para encará-la. — Você sabe
como eu posso “falar” com os animais e manipular o medo deles dos
Gárgulas? Tessa assentiu. — Eu também posso fazer isso com
humanos.

— O que você disse? —Tamian abriu a boca para elaborar, mas


ela o deteve. — Não, entendi o conceito e não duvido da sua
capacidade, mas porque não sabia disso sobre você? E são apenas os
humanos que você pode controlar?
Tamian balançou a cabeça. Ele não queria que Tessa pensasse
que ele já havia usado o controle mental nela, mas ele queria ser
completamente honesto. — Você sabe como Dante pode aliviar os
sentimentos dos outros com um empurrãozinho? Eu posso fazer a
mesma coisa, só que não são apenas as emoções que posso controlar.
Juro a você que nunca usei minha habilidade de uma maneira que
seria interpretada como imoral. Não convenço alguém a assaltar um
banco e depois me dar o dinheiro. Na verdade, é o contrário. Apenas
incentivo as pessoas a fazerem uma escolha melhor do que aquela
que elas fariam. Veja os Hounds, por exemplo. Quando saí do quarto
de hotel, os dois que estavam de guarda no corredor estavam se
sentindo um pouco menos hostis em relação a mim. Eu lhes garanti
que só queria ajudar Lucy, não machucá-la de forma alguma.

— Você já usou seu controle mental Jedi em mim?

— Uma vez. Você se lembra de quando tinha dezoito anos e


estava decidida a usar aqueles shorts cortados no bar, e eu não
queria? Eu posso ter sugerido que você vestisse jeans.

Jedi, pronuncia-se Jedi, são guardiões do lado bom da força, e são personagens fictícios da série e filme Star Wars. Jedi são cavaleiros
com poderes especiais, que podiam tocar com a força e afastar o lado negro.
— Seu desgraçado! —Tessa pulou do sofá e virou-se para ele. —
Eu lembro disso. Não conseguia descobrir porque de repente decidi
mudar. Porque você fez isso?

— Porque eu sabia que você realmente não estava indo ao


shopping. Sabia bem aonde você estava indo e os tipos de homens
que estariam no bar. Não pude segui-la, porque Jonas me fez
trabalhar em alguma coisa. Eu não queria me preocupar a noite toda
com você sendo atacada por causa da maneira como você estava
vestida. Juro que foi a única vez que fiz isso com você. Quero dizer,
lembra do passado. Houve outra vez em que você não entendeu uma
decisão que tomou?

Tessa bebeu seu drinque e serviu outro, engolindo-o


rapidamente. Ele esperou que ela pensasse bem, e quando voltou ao
sofá, sentou-se novamente. — Não. Mas ainda não gosto que você
tenha feito isso uma vez. Isso está errado.

— Teremos que concordar em discordar. Não vou me desculpar


por querer você em segurança.

Tessa encostou-se no braço do sofá e olhou para ele. — Há


quanto tempo consegue coagir as pessoas?

— Descobri quando tinha cerca de nove anos. Eu estava com


mamãe e X, e queria ficar em casa em vez de ir para a Itália com eles.
Mamãe estava inflexível que eu deveria ir com eles, mas eu lhe disse
que ela precisava me deixar ficar e, assim, ela mudou de ideia. X
ficou confuso com sua repentina reviravolta, mas como ela o tem na
mão, ele não questionou. Eles me deixaram com Jonas a caminho
do aeroporto. Eu não tinha certeza se minhas palavras foram a causa
da mudança de opinião dela, então tentei com Caroline. Sugeri que
ela fizesse biscoitos e carne com molho em vez de suas panquecas
regulares de sábado, e ela o fez sem hesitar. Jonas ouviu a troca, viu
o resultado e descobriu que eu tinha a capacidade. Depois do café da
manhã, ele e eu tivemos uma longa conversa sobre a obrigação moral
de usar minha capacidade apenas quando absolutamente necessário.

— E eu vestindo jeans era absolutamente necessário? —Tessa


bufou.

— Para minha sanidade? Sim.

Tessa cutucou a perna dele com o pé descalço. — Então, é como


Lilly não usar seus poderes de bruxa para ganho pessoal?

— Essa é uma maneira de olhar para isso. Sempre tentei o meu


melhor para ser “bom”. Nunca machuquei outro ser, exceto para
proteger nosso Clã. Ajudando Julian a resgatar Katherine. A batalha
na Grécia. A guerra existe desde o início dos tempos, e é um mal
necessário. Afastar Lucy do AGI é necessário para seu bem-estar, e
não tenho nenhum problema em usar minha capacidade para atingir
esse objetivo. O que o chefe dela está fazendo ou mandando fazer
não está correto. Ele precisa ser parado, e farei o que for preciso para
que isso aconteça. Assim como Julian estava disposto a violar as leis
humanas para resgatar Katherine.

— Entendo o que está dizendo. Existem outros segredos que


você está escondendo de mim? Se assim for, agora seria um bom
momento para confessar.

Tamian não hesitou em ser honesto. — Posso ouvir


pensamentos. Há aqueles com a capacidade de bloquear suas mentes,
consciente e subconscientemente. Por isso, sou grato. Demorei um
pouco para descobrir como bloquear todo mundo, porque vou lhe
contar, há coisas que você realmente não quer saber sobre seus pais
e irmã.

Tamian estremeceu, lembrando-se da primeira vez que ouviu a


voz de X em sua cabeça quando ele planejava levar a mãe deles para
a cama. Ele tinha dez anos e não era assim que queria aprender sobre
sexo. — Juro à você agora, mantenho essa parte de mim trancada
com força. Não gostaria que alguém invadisse minha privacidade
dessa maneira. Então, a menos que esteja tentando adquirir
conhecimento para nos ajudar a salvar Lucy, não vou tocar nos
pensamentos de ninguém.

— Não te invejo nisso. Inferno, na maioria das vezes eu não


quero ficar sozinha com meus próprios pensamentos. Há uma merda
louca aqui em cima, —disse Tessa, batendo na têmpora. — Sério, no
entanto. Isso tem que ser difícil. Já chegou a ser demais?

Tamian não gostava de pensar naqueles dias, porque a dor em


sua cabeça tinha sido insuportável. — Sim, já foi. Não muito
ultimamente, porque, como eu disse, aprendi como ajustar tudo. Mas
no começo foi doloroso. A única vez que isso fica demasiado é se eu
estiver em um espaço lotado com muito barulho.

Tessa estendeu a mão e agarrou o braço de Tamian. — Porque


você não me contou? Eu teria tentado ajudá-lo com isso.

— Nós dois éramos jovens. Não queria sobrecarregar você com


meus problemas. —Ele colocou a mão em cima da dela e apertou-a.
— E esse é o último dos meus segredos. —O telefone de Tamian
tocou com uma mensagem de texto. Depois de ler, ele disse: — Era
Jules. Ele disse para verificar seu e-mail.

Enquanto Tessa olhava seu e-mail, Tamian foi ao bar e serviu


outra bebida. Foi bom finalmente contar seus segredos a Tessa. Ele
sabia que ela compartilharia essa informação com Gregor, e Tamian
estava bem com isso. Se seu cunhado não confiasse nele nessa altura,
ele nunca confiaria.

nunca tinha discutido com Priscilla, nem puxado a carta de


"Rei", mas estava no limite de sua capacidade. Sua amada governanta
estava se desgastando ficando no hospital, recusando-se a sair do
lado de Jonathan. Kaya tentou mais de uma vez fazer com que a
humana voltasse para casa e descansasse, mas ela argumentou que
seu irmão precisava dela. Rafael sabia que Jonathan precisava de um
pouco de paz e sossego, e não Priscilla constantemente adorando e
se preocupando com ele. Para manter a paz em sua casa, ele pediu a
Jonas para intervir e restringir as visitas noturnas. Pelo menos assim,
ela tinha a garantia de dormir em sua própria cama.

— Rafael! Você tem que fazer alguma coisa. Eles estão me


expulsando. —Priscilla chorou.

Para que não incomodassem Jonathan ainda mais, Rafael a


guiou para o corredor e levou-a para uma sala de família privada.
— Priscilla, me escute. Você não está fazendo nenhum bem a
Jonathan se desgastando. Sei que quer estar com ele, mas você tem
que pensar nele para variar. Ele precisa descansar.

Priscilla inchou, a dor evidente por lágrimas não derramadas. —


Você está dizendo que ele não precisa de mim?

— Claro que ele precisa de você, mas você não dorme. Ele se
preocupa com você, e isso não é bom para ele. Ele precisa se
concentrar em si mesmo. Prometo que alguém do Clã estará aqui o
tempo todo. Você sabe que estamos melhor equipados para manter
longas horas. Agora, vou pedir que Frey e Abbi te levem para casa.
Eu ficarei aqui.

— Mas Kaya precisa de você.

— Ela precisa, mas ela precisa descansar mais. E ela entende que
estarei em casa de manhã quando Dante ou Gregor vierem me
ajudar.

— Mas isso está afastando todos vocês de seus empregos.

— E isso está afastando você do seu também. Você


honestamente acha que seu trabalho não é tão significativo quanto o
resto? Se é para comparar, o seu é mais. Você tem o trabalho mais
importante da família, você cuida de todos nós, não apenas de
Jonathan. Agora, por favor, vá para casa e descanse. Prometo que,
se algo mudar, traremos você de volta aqui antes que você possa
esconder uma porção de cookies de mim. —Os ombros de Priscilla
caíram em derrota quando a porta se abriu, e Frey e Abbi entraram
na sala.

— Vamos, Priscilla. Jasper e Trevor estão vigiando Amélia na


mansão, e ela está chamando por você. —Abbi passou o braço em
volta da mulher mais velha e a puxou para o corredor. As lágrimas
que ela estava segurando correram pelo seu rosto, e Rafael quase a
chamou de volta. Mas Jonathan precisava de um pouco de paz que
ele só teria sem a irmã pairando.

— Rafe? —Gregor disse suavemente por trás.

Rafael se virou e Gregor abriu os braços. Ele não hesitou em


abraçar o irmão mais novo. A situação era difícil para todos eles, mas
Rafe sabia que havia outra coisa na mente de Gregor. Quando eles
se afastaram, ele disse: — Fale comigo.

Gregor indicou a sala da família, e eles voltaram para a área


privada e fecharam a porta.

— Porque não está com Tessa?


— Ela ... ela está bem com Tamian. Eles trabalham bem juntos
e, além disso, sou necessário na Pen enquanto Deacon orienta sua
cabeça.

— Então, a médica é sua companheira?

— Parece que sim, mas ele está lutando contra isso. Diz que ele
não tem tempo para se dedicar a um relacionamento agora.

— Por que não? Todos nós vivemos nossas vidas enquanto


conhecemos nossas companheiras depois que as encontramos.

— Ele diz que é por causa das mudanças que vimos nos
Profanos. Mas acho que é mais do que isso.

— O que mudou? —Rafe perguntou. Ele confiava em seu Clã


para cuidar dos negócios enquanto se concentrava na gravidez de sua
companheira e agora no problema com Jonathan.

— Estamos vendo evidências deles agindo de forma mais normal


do que antes. Conversei com Kallisto e Sergei para descobrir se
sabiam de alguma coisa. Sergei está na Pen há tanto tempo que não
fazia ideia, mas quando eu disse a Kallisto que ela nunca veria a luz
do dia a menos que cooperasse, mencionou Drago. Ela admitiu que
enviou dinheiro para ele antes de fugir da Grécia. Encarreguei Remy
e Kai de tentar localizá-lo. Se ele tiver os recursos, o que parece que
tem, ele poderá usá-los para controlar de alguma maneira os
Profanos. Nós dois sabemos que os Gárgulas Gregos não vieram
para os Estados Unidos para se juntar ao nosso Clã.

— Você acha que ele está construindo um exército?

— Você não faria isso? Se tivesse poucas pessoas apoiando você,


não encontraria uma maneira de recrutar outras pessoas? Donovan
telefonou na semana passada e avisou a Frey que vários Gregos
desertaram. Isso era de se esperar, considerando que a maioria era
leal a Alistair. Como Tamian está fora da cidade procurando por sua
companheira, precisamos encontrar alguém para ajudar Julian e Nik
no laboratório. Ambos estão trabalhando o tempo todo tentando
encontrar evidências de Gárgulas entrando na cidade.

— Nik precisa estar em casa com Sophia. Ela está quase tão perto
do parto quanto Kaya.

— Ela está no laboratório com Nik, dormindo no quarto de


hóspedes. Não é tão difícil para Julian e Katherine, mas você sabe
como é ficar longe de Kaya por um certo período de tempo, grávida
ou não.

— Julian tem alguma ideia de quem poderia ajudá-los? Quando


Gregor hesitou em responder, Rafael balançou a cabeça. — Não. Ele
não pode estar pensando seriamente em Lachlan.
— Ele é um dos melhores.

— E é um traidor. Não vou permitir que ele se aproxime da nossa


família. —Rafe passou as mãos pelos cabelos e soltou um suspiro
profundo. — Certamente deve haver alguém em um Clã tão grande
quanto o nosso que seja competente e confiável. Vou ligar para Sin e
Dominic.

— Não esqueça que foi Sin quem enviou Lachlan para nós. Não
estou dizendo que ele é um mau juiz de caráter, mas ele ainda está se
culpando tanto quanto Julian por toda a situação.

— Tenho tanta culpa quanto Sinclair e Jules. Mas, em última


análise, Lachlan é o único culpado por enganar todos nós. Não. Não
vou permitir que ele tenha acesso a nossas vidas novamente.

— Compreendo. Eu só queria que soubesse o que está


acontecendo. Frey está tentando lidar com tudo no que diz respeito
ao Profano e deixar você se concentrar em sua família. Não se
preocupe em entrar em contato com Sin e Dom. Vou cuidar disso.

— Obrigado, Irmão. Isso é tudo? Você parece tenso. É porque


Tessa não está aqui?

— Não. Não sei. Algo a está incomodando, mas ela insiste que
está bem. Acho que é porque ela ainda não está grávida, mas isso é
apenas um palpite. É uma das razões pelas quais estou dando a ela
algum espaço para ajudar Tamian.

— Nem todos os casais engravidam imediatamente.


Incomodaria você se Tessa não pudesse engravidar?

— Não vou dizer que não, porque é claro que quero que
tenhamos filhos que provêm do nosso DNA, mas se tivermos que
adotar, também estou bem com isso. Sinclair e Rocky terão que
seguir esse caminho se quiserem ter filhos. Nunca faria Tessa se sentir
inferior, porque ela não pode ter meu filho. Você sabe que eu a amo
mais do que tudo.

— Gregor, se você precisar ficar com ela. Temos o suficiente para


lidar com as coisas aqui. —Rafael percebeu que seu irmão estava
dividido. Ele não podia imaginar se Kaya estivesse chateada com
alguma coisa e ele não soubesse o que era.

— Não, estou bem em ficar aqui. Se ela e Tamian precisarem de


ajuda, eles ligarão. Além disso, há algo mais que preciso lhe contar.

— Sim? O que é?

— A companheira de Tamian não é humana, mas ela também


não é uma Gárgula. Ela é um Grifo.
concentrar no que estava lendo.
Tamian a chamou novamente, primeiro para ver como ela estava se
aguentando, e segundo para que soubesse que ele estava mais perto
de tirá-la de lá. Ele havia conversado com Maveryck, e todo mundo
estava se entendendo. Isso era uma coisa a menos que ela tinha que
se preocupar. Fazendo o que ele pediu, Lucy se concentrou em todas
as anotações e documentos, reunindo tudo o que ajudaria a afastar
seu chefe e, com sorte, tirá-la de seu contrato com o AGI.

Quando Tamian perguntou seu lugar favorito no mundo, ela


pensou que era uma pergunta estranha, até que ele lhe disse que
talvez eles tivessem que se esconder enquanto a família dele juntasse
todas as peças para enquadrar Ramey. Lucy lhe disse que teria que
pensar até ele mencionar que sua família tinha um chalé italiano.
Não que Lucy tivesse uma lista completa de lugares que queria
visitar, mas a ideia de estar escondida em um chalé com Tamian era
uma perspectiva bastante atraente. Apenas os dois sozinhos com os
Alpes como pano de fundo? Ai sim.
Havia tanta coisa que ela não sabia sobre Tamian, mas,
estranhamente, estava bem com isso. Se o que ele disse sobre serem
companheiros fosse verdade, eles teriam o resto de suas vidas para se
conhecer. Ela não ia se decepcionar com a ideia de companheiros
predestinados. Ela iria abraçar, porque estava pronta para abraçar
Tamian. Pensar nele a esquentou, e eles não estavam nem perto. Ela
não podia imaginar o quão explosivos eles seriam juntos.

Foco, Lucy.

Depois de conversar com Tamian, Lucy decidiu que faria o


possível para não tocar nos torsos. Não que suas impressões digitais
já não estivessem no laboratório, mas no fundo, seu coração doía
quando pensava no que aquelas vítimas tinham mais do que
provavelmente passado, tudo em nome da ciência. Então, como ela
não se distraiu com todos os corpos do laboratório, Lucy levou a
pesquisa para o apartamento dela. Em vez de mergulhar de cabeça,
Lucy decidiu preparar um pequeno jantar e abrir uma das garrafas de
vinho que havia notado antes. Não era sua marca favorita, mas pelo
menos era tinto. Ela pensou que seria capaz de comer e ler ao mesmo
tempo, mas Lucy logo perdeu o apetite. Decidindo que o vinho era
necessário para passar pelo resto das anotações, ela pegou a garrafa
e a colocou na mesinha ao lado de sua cama. Com um copo cheio,
Lucy relaxou contra a cabeceira da cama.

Ela começou com as anotações que Lucius juntou sobre o soro.


Não deveria ter surpreendido Lucy que seu tio fosse capaz de
inventar algo tão complexo. Lucius tinha sido um gênio. Comparar
o homem que ajudou a criá-la ao cientista que ajudou o AGI com
um experimento para criar super-soldados era como comparar um
filhote de cachorro a um jacaré. Pensando ao longo dos anos, Lucy
não conseguia se lembrar de uma época em que Lucius mostrara o
lado sombrio, a menos que ela considerasse ele tentando descobrir a
longevidade dos Gárgulas. Mas seria isso que realmente ele estava
tentando conseguir? Tinha sido o DNA de Goyle que ele havia lhe
dado para testar e, se sim, onde ele o obteve?

Isso era mais impressionante do que Lucius inventando o soro.


Pelo que Lucy sabia das outras espécies, eles eram mais fortes, mais
rápidos e quase impossíveis de matar. Então, como uma espécie
menor conseguiu reunir a grande quantidade de células que ele
possuía? Algo sobre isso não estava certo. Se Tamian alguma vez a
afastasse de sua situação atual, ela pediria uma amostra para
comparar com o que estava estudando na época. Se eles não
correspondessem, faria sentido que ela estivesse ajudando Lucius no
experimento ao qual foi designada atualmente. Mesmo sem saber,
Lucy nunca iria querer fazer parte de algo antiético. Claro, ela violou
a lei algumas vezes, mas não tinha sido para prejudicar ninguém.

Saindo da cama, Lucy entrou no laboratório e abriu a porta da


geladeira. O conteúdo foi esvaziado. O que quer que Ramey tivesse
levado, ele não queria que Lucy tivesse acesso a isso. Ela se virou
para estudar os torsos. Eles haviam sido injetados com o soro,
portanto, o cientista que esteve lá anteriormente deve ter sido capaz
de replicar a fórmula de seu tio. Nenhuma das anotações estava
datada, então ela não tinha ideia de quanto tempo fazia desde que o
último cientista esteve onde ela estava agora. E o que aconteceu com
essa pessoa? Eles foram liberados para saírem livremente? Eles
concordaram prontamente em realizar os mesmos experimentos sem
pensar nas repercussões do que aconteceu aos humanos que
estudavam?

Se Ramey tivesse conseguido o que queria inicialmente—Lucy


no laboratório—ela teria estado aqui todo esse tempo. Ou será que
estaria? Como um super-soldado ainda não tinha sido formado
usando as informações reunidas por Lucius e por aqueles que vieram
depois, Lucy supunha que não haviam conseguido encontrar a
combinação certa para injetar em uma cobaia. Ela não imaginava
que teria tido mais sucesso. Não se Lucius não conseguiu. Então, por
que Ramey achava que Lucy podia?

Voltando ao seu quarto, ela parou ao pé da cama e fechou os


olhos.

Deveria estar trabalhando, descobrindo essa loucura, mas tudo


o que queria era conversar com Tamian. Ela não queria incomodá-
lo, mas sentiu a intensa necessidade de pelo menos ter a voz dele na
cabeça.

Tamian?

Ei, querida. Você está bem?

Lucy sorriu. Nenhum homem jamais a chamou de querida, ou


baby, ou qualquer termo carinhoso. Eles ainda não tinham se
encontrado oficialmente, mas aqui estava ele, reivindicando-a. Ou
talvez ele fosse apenas um homem muito bom e …

Lucy? Você está aí?

Sim, desculpe-me. Espero não estar incomodando você.

Nunca hesite em me chamar. Estarei sempre aqui para você.

Mesmo se eu apenas quiser ouvir sua voz?

Especialmente nessa ocasião.


Qual sua comida favorita? Lucy queria saber tudo sobre Tamian. Ela
teria descoberto alguns fatos aleatórios se eles pudessem se encontrar
para jantar, e como isso não aconteceu, ela pensou que talvez
pudesse usar esse tempo para fazê-lo.

Adoro um bom bife, no ponto, coberto de cogumelos. Nunca vou recusar


pizza, contanto que não tenha anchovas, mas se você gostar, eu as tiro. E
quanto a você?

Bife é sempre bom, e eu também não ligo para anchovas. Posso viver sem
sushi, embora eu seja conhecida por fazer um bom rolinho Califórnia. Acho que
o meu prato favorito é qualquer coisa italiana. É uma coisa boa que eu tenha
metabolismo shifter, ou todo o macarrão e molho branco iria para os meus
quadris.

Gosto dos seus quadris. E tudo o mais que eu vi até agora.

Lucy sentiu o rubor subir pelas bochechas, juntamente com um


grande sorriso. Como mulher, ela estava preocupada tanto quanto
qualquer mulher sobre como os homens percebiam seu corpo. Ela
nunca teve ninguém criticando sua aparência, mas também nunca
precisou de alguém para achá-la atraente antes.

Eu te perdi nessa? Peço desculpas se estou sendo muito avançado.


Não, estou aqui. Apenas aproveitando o momento. Você me perguntou
antes onde eu iria se pudesse escolher qualquer lugar do mundo. E você? Algum
lugar onde você nunca esteve, que queira ver?

Viajei bastante atrás de minha irmã ao redor do mundo. Você a


encontrará um dia em breve, e eu explicarei mais sobre o motivo de ela ter
viajado tanto. Mas, para responder à sua pergunta, eu sempre quis ir às ilhas
da Polinésia Francesa . Sou fã de águas azuis claras e ainda não as vi. Isso
vai parecer um clichê brega, mas quero ir a qualquer lugar com você e ver as
coisas enquanto você as experimenta pela primeira vez, mesmo que eu já tenha
estado lá.

Uau, isso é tão romântico. Não namorei muito, então não tenho muita
experiência com um homem que diz coisas assim.

A besta em mim está feliz por você não ter tido muita experiência.
Honestamente, não passei muito tempo com nenhuma mulher. Nunca pensei
que encontraria minha companheira, então realmente parecia inútil.

A Polinésia Francesa (em francês: Polynésie française, pronunciado: [pɔlinezi fʁɑ̃sɛz]; em


taitiano: Pōrīnetia Farāni) é um território da Polinésia dependente da França, com o estatuto de coletividade de ultramar (em francês:
collectivité d'outre-mer), por vezes oficiosamente descrita como um país ultramarino (em francês: pays d'outre-mer). Localiza-se no
Oceano Pacífico sul, a aproximadamente 6 000 quilômetros a leste da Austrália, sendo-lhe os territórios mais próximos o Quiribati, a
noroeste, a colónia britânica de Pitcairn, a leste, e as Ilhas Cook, a oeste.
Eu deveria pedir desculpas por isso, porque parece que você tem se sentido
tão sozinho quanto eu, mas não vou. Desculpe, é isso. Acho que meu animal
vai gostar do seu.

Conte me mais sobre isso.

Meu animal?

Sim. Você viu o meu quando eu estava observando você da floresta.

Bem, você me viu em forma de águia. Eu só permiti que meu leão


aparecesse algumas vezes. Ela tende a querer assumir o controle, e tenho que
permanecer no controle o tempo todo.

Lucy removeu a papelada da cama e se esticou de costas. Era


estranho, o sentimento de retidão enchendo seu coração e alma
enquanto os dois compartilhavam um com o outro. Ela contou isso
mesmo a Tamian.

É estranho que me sinta mais perto de você do que nunca de outro ser?
Crescendo com Lucius e Vera, eu tinha tudo o que uma garota poderia querer,
com exceção desse amor abrangente. Não me interprete mal, sei que eles me
amavam, mas não foi o que eu experimentei com os Hounds. Só estou com
minha família há quatro anos e eles me aceitaram como se eu não tivesse sido
mantida longe deles todos esses anos. Eles me amam, e eu vim para cuidar deles
profundamente, mas sou atraída por você de uma maneira que não consigo
explicar.

Não quero que você entenda isso da maneira errada, mas é o vínculo de
companheiro. O fato de como você se sente perto de mim e ainda não estarmos
realmente juntos significa que estamos realmente destinados um ao outro.
Quando eu disse que nunca pensei que encontraria minha companheira, é
porque tenho estado perto daqueles da minha espécie e de suas companheiras.
Vi a atração e invejei esse amor supremo, por falta de um termo melhor. Não
estou dizendo que você e eu estamos apaixonados, por si só. Ainda não. Mas
estou esperançoso. Porra, isso foi idiota.

Lucy riu alto, desejando poder ver o rosto de Tamian para ver se
ele estava corando.

Não me importo que seja idiota. E enquanto os Grifos não têm


companheiros predestinados, eu testemunhei o tipo de vínculo que você está
falando. Meus avós são da mesma maneira. Eles matariam e morreriam um pelo
outro. Eles estão juntos há quase cem anos e estão ferozmente apaixonados.

Tenho que ser honesto. Conheci seu tio Maveryck e, como eu disse
anteriormente, as coisas correram bem. Mas tenho que errar por excesso de
cautela. Não consigo imaginar que eles me deixem entrar e se tornar seu
protetor quando sentem que esse é o trabalho deles. Eles não me conhecem, e
mesmo que tenha explicado como você e eu estamos destinados a ficar juntos,
tenho certeza de que eles não entendem tudo o que isso abrange ou como eu
não hesitarei em fazer o que for preciso quando se trata de você. Eu admiti ter
seguido você e também expliquei porque estava fazendo isso, mas eu sabia que
ele não estava acreditando em mim. Gárgulas têm a capacidade de sentir
como os outros seres estão se sentindo. Maveryck foi agradável, mas estava
vigilante. Ele não confia em mim, e isso era de se esperar.

Bem, este é um novo território para nós. Os Grifos acasalaram-se com


outros Grifos, assim como com os humanos, mas, tanto quanto eu sei, nunca
com outro tipo de shifter. Isso não significa que nunca aconteceu.

Compreendo. Minha mãe é humana e meu pai é Gárgula. O mesmo com


meu tio e sua companheira. Meu tio foi condenado ao ostracismo do seu
Clã por pegar uma companheira humana. Eles viajaram extensivamente,
escondendo-se e colocando seus filhos para adoção para mantê-los seguros.

Posso te perguntar uma coisa? Lucy tinha se preocupado em abordar


o assunto com Tamian, mas ele estava sendo tão aberto com ela que

Ostracismo significa banimento ou exiliu. É um termo proveniente da Grécia antiga e era uma forma de
punição aplicada aos cidadãos suspeitos de exercerem poder excessivo e restrição à liberdade pública. Quando a decisão era a favor do
ostracismo, o nome do indivíduo era escrito em uma pequena tábua que era chamada "ostraka" (óstraco em português).
arriscou. Você acha que seremos compatíveis como companheiros? Quero
dizer, com a gente sendo espécies diferentes?

Não vejo por que não. O destino colocou Goyles e humanos juntos. Nossa
família é a prova de que eles foram feitos um para o outro, então não acredito
que eles teriam escolhido você para mim se não fossemos combinar. Mas como
eu lhe disse quando começamos a conversar, se, uma vez que nos
encontrarmos, você não sentir que sou eu o cara certo para você, cumprirei
seus desejos.

Já está tentando se livrar de mim?

De jeito nenhum, querida. Quero que isso aconteça, mas tem que ser algo
que você deseje.

Lucy também queria que isso acontecesse. Ela pelo menos queria
ver se seus sentimentos eram tão reais quanto ela pensava que seriam.

Quero nos dar uma chance.

Então preciso trabalhar para tirar você daí. Vou me ocupar com isso
agora. Odeio que você esteja sozinha, mas em breve estaremos juntos.

Estou ansiosa por isso. Depois de alguns segundos de silêncio, Lucy


decidiu encerrar a noite. Vou me desligar agora. Boa noite, Tamian.

Boa noite, querida.


O coração de Lucy batia mais rápido toda vez que eles falavam.
Ela não se permitiu pensar em realmente estarem juntos. Se beijando.
Fazendo amor. Se era assim que ela reagia falando com ele com a
mente, seu corpo poderia queimar quando eles finalmente se
reunissem. Mas que maneira de morrer.

estava andando pela sala enquanto Maveryck repetia sua


conversa com o Gargoyle para Ryker. Spyder encontrara em Monk
o seu substituto para vigiar o prédio onde Lucy estava sendo
mantida. Agora, Mav desejou ter feito a ligação antes que o homem
silencioso voltasse ou pelo menos não ter colocado o telefone no
viva-voz. Monk sempre foi protetor com Lucy, e Mav tinha que se
perguntar se o outro macho não tinha sentimentos por ela. Lucy,
pedindo que Monk a vigiasse em casa, poderia ter dado a Monk a
impressão de que seus sentimentos eram recíprocos. Quando Mav
chegou à parte sobre St. Claire jurando que ele e Lucy eram
companheiros, ele pensou que Monk iria destruir a sala.

— Cara, relaxe, —ele rosnou. Hawke, que estava olhando pela


janela, virou-se para ver porque Mav levantou a voz.
— Estou de boa, —respondeu Ryker.

— Você não. Monk parece que está a cerca de dois segundos


de se transformar, e não vou pagar pelos reparos nesta suíte, se
isso acontecer, —disse Mav ao irmão, olhando para o rojão solto na
sala.

— Monk, se acalme, —Ryker ordenou através do telefone. Monk


respondeu ao seu Presidente enfiando as mãos nos bolsos dos jeans
gastos e se encostando no balcão. Seu olhar se concentrou em algum
lugar além de Maveryck, mas sua postura não diminuiu nem um
pouco. — Você confia no Gárgula? —Ryker perguntou.

— Sim e não, mas se ele realmente puder falar com Lucy, e se


puder tirá-la desse prédio, estou disposto a seguir seu plano por
enquanto. Uma vez feito isso, vamos pegar Lucy e escondê-la nós
mesmos.

— Então acho que preciso enviar mais reforços.

— A sério? Você acha que quatro de nós não podem lidar com
um Gárgula?

— Talvez, mas nunca lutamos contra um, e não sabemos se ele tem
seus próprios reforços. Não quero desentendimentos entre nós e eles até
que tenhamos todos os fatos. Ele pode estar falando a verdade sobre
pensar que são companheiros. Se forem, ele será um Gárgula
determinado. Imagine alguém tentando tirar Rory de Sutton. Como você
imaginaria essa merda acontecendo?

— Seria um maldito banho de sangue.

— Exatamente. E ele mencionou companheiros predestinados. Só


porque nossa espécie não tem esse tipo de vínculo não significa que os
Gárgulas não tenham. Se for esse o caso, ele a protegerá a todo custo.
Mesmo que isso signifique ir contra a família dela.

— Então você acredita nele? —Mav perguntou enquanto


apontava para um Monk rosnando que havia retornado a cruzar o
espaço.

— Eu não disse isso, mas não estou disposto a arriscar uma guerra
de shifters até que tenhamos mais informações.

— Então, como você sugere que obtenhamos essa


informação?

— Vamos marcar uma reunião. Descubra a quem ele responde e vou


me encontrar com eles. St. Claire disse que levaria alguns dias para
montar seu plano. Isso deve me dar tempo para conferir a história dele
desse lado.

— Isso significa nos revelarmos para os Gárgulas.

— Do jeito que eu vejo, já fomos revelados. Pelo menos para St.


Claire e aqueles que ele é mais próximo. Vou conversar com Sutton
primeiro, mas não vejo outra maneira de contornar isso.

— Sim, tudo bem. Vou pegar um nome e ligo de volta.

— Estarei esperando. —A ligação foi interrompida e Maveryck


coçou a barba. Quando Monk rosnou, Mav voltou sua atenção para
o outro homem.

As mãos de Monk tremiam quando ele digitou uma mensagem


em seu telefone. Depois de alguns segundos, ele jogou o telefone do
outro lado da sala onde estava a parede. Mav sabia o que estava por
vir, então deu a Monk sua atenção total.

Eu não gosto disso, —Monk assinalou. Raramente o homem


usava as mãos para falar, mas sua tentativa de mandar mensagens
falhou.

— Eu também não gosto, mas não sou o chefe.

— Como vamos fazer isso? —Perguntou Hawke.


Mav suspirou e revirou os ombros. — Ainda não sei, mas vou
pensar em algo. Voltando a atenção para Monk, ele perguntou: —
Você quer me dizer por que está tão chateado?

Monk balançou a cabeça e caminhou até um dos quartos,


batendo a porta. Quando Maveryck partiu atrás dele, Hawke o pegou
pelo braço. — Deixe-o. Ele gosta de Lucy desde que ela apareceu,
mas como ela é da família do Presidente, ele sentiu que ela estava
fora dos limites.

— Isso é fodidamente tudo o que precisamos agora. St. Claire é


um desconhecido. Não preciso de outro curinga jogado na mistura
do nosso lado.

Ele vai superar. Eu espero.


a noite toda examinando as
informações que Julian lhe enviou. A única coisa que faltava era
observar o chefe de Lucy, para que Tamian pudesse se passar pelo
humano e fazer com que os funcionários do laboratório acreditassem
que estavam vendo o verdadeiro Phil Ramey. Tamian já havia
retratado outros antes, mas Tessa era a especialista, então ela estava
indo com ele para a casa do homem. Eles estavam se preparando
para sair quando o telefone de Tamian tocou. Já tendo guardado o
número do Grifo, ele sabia que era Maveryck ligando.

— Alô?

— Tamian, é Maveryck.

Tamian podia sentir a hesitação do Grifo através do telefone. —


O que posso fazer por você? O homem ainda não tinha lhe dado as
coordenadas do edifício onde Lucy estava sendo mantida.

— Tenho um favor para pedir.


— Qual é?

— O líder de nossa família gostaria de se encontrar com o seu. Como


você e Lucy provavelmente estarão juntos em um futuro próximo, ele
pensou que seria um bom momento para ele se apresentar a quem você
responde. Você sabe, para falar sobre como nossas diferentes espécies vão
lidar com as coisas daqui para frente.

— O que você quer dizer com “lidar com as coisas”?

— Os Grifos escondem suas identidades desde o início dos tempos,


e gostaríamos que isso continuasse assim. Não desejamos tornar
conhecida a existência de nenhuma das espécies para os seres humanos.
Pelo menos aqueles que ainda não estão cientes. Queremos ter certeza de
que estamos no mesmo acordo.

— Posso entender isso. Falei com meu pai, ele é o Rei dos
Gárgulas Italianos e, segundo ele, a presença de outra espécie foi
especulada há muitos anos, mas nunca confirmada.

— Seu pai é Rei? Então, você é um príncipe?

Tamian quase sorriu com a insinuação, mas quando pensou


sobre isso, ele poderia reivindicar o título, se assim escolhesse. —
Sim, mas por favor não se preocupe. Não vou me mudar com
Lucy para a Itália quando for minha hora de governar. Meu pai
mora nos Estados Unidos e, desde que esse seja o desejo de Lucy,
é onde permaneceremos também.

— Ficando um pouco à frente das coisas, não é mesmo? —Maveryck


rosnou no telefone.

— Mais como um pensando positivo. Por enquanto,


precisamos nos concentrar em salva-la e na organização desta
reunião.

O tom de Maveryck era mais uniforme quando perguntou: —


Então, devo dizer ao meu irmão que ele se encontrará com seu pai?

— Antes de lhe dar um nome, gostaria de falar com o Rei das


Américas. Desde que vivo sob o seu domínio, ele provavelmente
seria aquele com quem seu irmão precisaria conversar. Deixe-me
fazer algumas ligações e retornarei para você em uma hora.

— Isso soa como um plano. Estou ansioso pela sua ligação.

Depois que eles se despediram, Tamian esperou que Tessa saísse


de seu quarto. Ela estava vestida de preto, com os cabelos trançados
nas costas. — O que foi aquilo? Eu só ouvi o seu lado da conversa,
meu Príncipe. —Ela disse, curvando-se.
Tamian pegou um dos travesseiros do sofá e jogou na cabeça da
irmã. — Pensei que você só tinha ouvido meu lado?

— Ok, posso ter entendido um pouco do que o Grifo estava


dizendo. Cara, eu ainda não consigo me acostumar com isso.
Adoraria ver um deles se transformar em um leão. Isso é quase tão
legal quanto você ter asas

— O que você acha? Devo ligar para Rafael e avisá-lo, ou devo


pedir para papai lidar com isso?

— Rafael já sabe. Gregor contou a ele sobre os Grifos ontem à


noite no hospital. Acho que seria melhor ele se encontrar com o
irmão, pois ele é o Rei das Américas. Você sabe que papai não gosta
de se envolver, a menos que isso tenha a ver com a Itália. Porque
você não liga para Rafe enquanto coloco nossas coisas no carro?

Talvez a conversa não fosse tão difícil quanto ele inicialmente


temia, considerando que Tessa já havia aberto o caminho contando
a Gregor. Cinco minutos depois, Tamian havia informado Rafael
sobre algumas das coisas que Tessa ainda não tinha compartilhado
com seu companheiro e, por sua vez, Rafael o havia atualizado sobre
Jonathan e o que estava acontecendo com os Profanos. Rafael
mencionou a tentativa de conseguir ajuda de Gregor, e Tamian disse
que não era necessário, mas agradeceu a oferta.
Tessa havia retornado e estava parada na porta, pronta para ir.
Tamian levantou o telefone. — Deixe-me ligar para Maveryck e dar-
lhe as informações de Rafael. Ele está mais do que disposto a se
encontrar com os Grifos.

Depois disso, Tamian seguiu a irmã pela porta. Em trinta


minutos, estavam sentados em seu carro alugado na rua de Ramey,
em frente a uma casa onde os ocupantes estavam de férias. Tessa
passou a maior parte da noite anterior percorrendo o bairro e fazendo
com que Julian verificasse os sistemas de segurança doméstica.
Chegaram enquanto estava escuro para esperar Phil Ramey sair para
o trabalho, pois ainda não sabiam o horário dele. Obter o modulador
protético e de voz era a parte fácil de se passar por alguém. Eram os
maneirismos e atitudes que exigiam mais tempo e atenção. Era aí que
Tessa entrava. Ela ia instalar câmeras em torno da casa do homem
para Tamian poder observar da suíte do hotel. Feito isso, eles iriam
para o prédio federal onde ficava o escritório de Ramey, na esperança
de que ele os levasse a Lucy.

Os Hounds não deram a Tamian as coordenadas. Ele prometeu


que os deixaria fazer parte do resgate, mas Lucy era sua prioridade.
Se tivesse que pegá-la sem a informação deles, que assim fosse. Ele
atravessaria a ponte então. Julian enviou a foto de Ramey para Jonas
e, como ele não foi capaz de ajudar Jonathan de outro jeito que não
fosse mantê-lo confortável, ele estava preparando a prótese e
enviando-a para que chegasse no dia seguinte. Seria difícil não entrar
quando encontrasse a localização de Lucy, mas Tamian queria que
o resgate fosse o mais tranquilo possível. Além disso, ela precisava
de tempo para reunir todas as informações.

A casa de Ramey era uma casa grande de dois andares, cercada


por outras, igualmente impressionantes. Os lotes eram grandes, o que
ajudaria a conseguir entrar sem ser detectado. Pelo menos esse era o
plano. Quando o portão de ferro se abriu, o que saiu não era o que
eles estavam esperando. Em vez de um sedan governamental de
emissão padrão, um Mercedes brilhante saiu da garagem e desceu a
rua.

— Esse é um carro excelente para um vice-diretor. Não sabia que


o governo pagava tão bem. —Tessa virou a ignição e o seguiu. —
Chame de palpite, mas não acredito que ele esteja indo para o
escritório. Não naquele veículo. Tamian tinha estado perto de Tessa
o suficiente para saber que seus palpites raramente estavam errados.
Ela viajou pelo mundo como sentinela para a família dela, por isso
tinha muita experiência em se concentrar nas ações de seu alvo.
— Isso me lembra quando Gordon criou o Profano. Porque as
pessoas ricas não podem usar seu dinheiro para o bem? —Tessa
perguntou.

— Se ele tem um projeto privado para criar super-soldados, ele


pode ter investidores financiando o empreendimento.

— Em qualquer um dos casos, ele se empenhará em manter essa


instalação o mais segura possível. Os Hounds precisam descobrir
quantas pessoas estão indo e vindo diariamente, bem como que tipo
de segurança existe.

— Após o pedido de Maveryck pelo número de Rafael, acho que


eles estão esperando a reunião antes de confiarem em nós para irmos
atrás de Lucy. Não posso culpá-los, eles não sabem nada sobre mim
além do que eu lhes disse, e eu poderia muito bem estar mentindo.

— Outra razão pela qual estou seguindo Ramey. Se ele puder


nos levar ao laboratório, faremos nosso próprio reconhecimento.

— É verdade, mas Maveryck admitiu que um dos Hounds está


vigiando o prédio o tempo todo. E se formos lá, eles saberão disso.

— Então teremos que ficar de vigia. Você quer que eu chame por
reforços? Sei que concordamos que poderíamos fazer isso sozinhos,
mas outro conjunto de olhos e garras pode não doer.
Tamian quase disse que sim quando Rafael se ofereceu para
enviar Gregor, mas sua conversa anterior com Tessa sobre ela não
engravidar o fez parar. Ainda assim, ela tinha que estar sentindo falta
de seu companheiro.

— Não me oponho a ajuda, mas há muita coisa acontecendo


com os Profanos, então pode ser melhor aceitar a oferta de papai de
enviar alguém. Então, novamente, se quiser Gregor aqui com você,
eu entenderia isso. A decisão é sua.

Tessa ficou quieta por um tempo enquanto continuava a seguir


Ramey. — Nós provavelmente devemos deixar Gregor ficar em casa
para que ele possa ajudar lá fora. Com a bagunça do Profano e todo
mundo querendo visitar Jonathan, eles provavelmente são todos
necessários, então talvez papai possa enviar Vitto.

— Ok, eu ligo para ele mais tarde. —Tamian odiava que Tessa
estivesse tão estressada que não quisesse Gregor imediatamente com
ela. Mas isso era assunto dela. Por enquanto.

Tessa ligou o rádio. Já estava sintonizado em uma estação de


rock, e ela cantou baixinho todas as músicas tocadas. Depois de
dirigir por mais de uma hora, ela disse: — Droga. Estou feliz por ter
enchido o tanque ontem à noite. Para onde diabos ele está indo? —
Eles logo descobriram quando Ramey saiu da rodovia e dirigiu para
uma escola primária. — As informações de Julian disseram alguma
coisa sobre o agente ter filhos? —Tessa perguntou enquanto passava
pela escola antes de encontrar um lugar para virar para que eles
pudessem observar sem serem vistos.

— Não. De acordo com o que ele enviou, não há esposa, nem


filhos. Ele é um agente desde que o AGI foi formado e subiu na
hierarquia. Antes disso, ele estava no exército. Ele é filho único,
então não há sobrinhas ou sobrinhos.

— Olha, —disse Tessa, apontando. Uma van de entrega parou


atrás da escola. O motorista parou, desceu e caminhou até a traseira
do Mercedes. A tampa do porta-malas se abriu, o motorista pegou
um cooler e voltou para o caminhão. Ramey saiu do estacionamento,
virou à esquerda e o caminhão seguiu na direção oposta. — O que
você acha que estava no resfriador?

— Se eu tivesse que adivinhar, diria o soro que Lucy mencionou.


Isso ou partes de corpos.

Tessa xingou baixinho e dirigiu de volta para a rua, mais uma


vez seguindo o agente.

— Se qualquer uma dessas opções for verdade, isso significa que


ele não está trabalhando sozinho. Quando Lucy mencionou os
torsos, não achei que Ramey estivesse fazendo a ação ele mesmo.
Claro, ele deve ter lacaios trabalhando para ele. Quero saber como
encontram esses humanos com habilidades especiais.

— Nós dois sabemos que é preciso mais de uma parte ativa para
fazer alguma coisa funcionar, e esse homem não chegou onde está
com a agência por ser descuidado. Ele tem outros fazendo o trabalho
sujo, além de garantir que eles sejam os implicados se forem pegos.

— Como Lucy e seu tio. Lucius era um participante voluntário,


mas ele está morto.

— Isso não significa que não há algo na casa de Lucy que vincule
Ramey de volta aos experimentos. Se ele descobrir que alguém está
tentando derrubá-lo, ele destruirá todas as evidências no laboratório.
Precisamos tirá-la de lá.

— Nós vamos, mas não precisamos nos apressar despreparados.


Precisamos seguir nosso plano. Entrar na casa dele, instalar as
câmeras e fazer isso da maneira certa, esperando que os Hounds não
fazem nada estúpido. Se Ramey voltar para sua casa, teremos que
esperar antes que eu possa entrar.

— Estou ligando para o papai pedindo para ele mandar Vitto.


Precisamos de mais olhos. —Tamian fez a ligação para Xavier. O pai
deles prometeu que o amigo estaria a caminho dentro de uma hora.
Tamian sempre se sentiu nervoso ao redor do Gárgula. Ele era o
segundo em comando de Xavier desde antes de Tamian existir. Ele
não pôde deixar de se perguntar como o macho se sentia ao ser
preterido como pretendente ao trono.

— Posso sentir você pensando aí. Você precisa parar de se


preocupar com coisas que não pode controlar.

— Mas eu posso controlar. Tudo o que tenho a fazer é dizer a


palavra e me tornarei Rei. Não estou pronto para isso, especialmente
desde que encontrei minha companheira. Preciso de tempo com ela
antes mesmo de contemplar uma mudança tão grande. Estar com
Lucy já vai mudar o suficiente.

— E papai sabe disso. Além disso, Vitto pensa em você como


um filho. Ele vai te apoiar, não importa o que você decida. Mas pelo
que vale a pena, acho que você e Lucy pareceriam estelares sentados
no trono juntos.

Tamian bufou com a imagem dos dois sentados em tronos reais,


com roupas reais e coroas. — Sim, não, —disse Tamian. Além disso,
Lucy tinha apenas 25 anos. Tornando-se uma agente tão jovem, ela
provavelmente já havia visto e feito muita coisa em sua curta vida,
mas Tamian não colocaria uma responsabilidade tão grande em seus
ombros. Não se ela não quisesse. Ele não seria o tipo de Rei para
governar sozinho sem a contribuição de sua companheira. Havia
muito o que fazer antes que isso fosse possível, então ele fez o
possível para tirar o trono da cabeça.

desligou a ligação com Travis. O jovem humano estava


fazendo um excelente trabalho tomando conta da Stone Inc.,
enquanto Rafe cuidava do Clã. Havia muita coisa acontecendo, e
Rafe estava sentindo a tensão. Ele não queria nada além de passar
um tempo com Kaya e aproveitar a gravidez. Ele não queria
adicionar mais estresse à sua Rainha, mas jurou que, quando se
casasse com ela, ela seria parte integrante da administração do Clã.
Então, quando ele desligou de falar com Travis, ele pediu que ela
fosse com ele até o jardim. Sophia estava na casa vigiando Priscilla,
então sair lá fora era uma pausa bem-vinda.

— O que está incomodando você? —Kaya perguntou quando


Rafe a puxou para o colo dele quando chegaram ao banco "deles".

Rafael passou os braços em volta da cintura dela, embalando o


filho deles e pressionando a testa na têmpora dela.

— A família de Lucy pediu uma reunião. —Rafe já havia


contado a Kaya sobre as outras espécies e que a companheira de
Tamian era um desses shifters. — Eu queria falar com você antes de
fazer a ligação. Seria mais fácil para mim voar para Nova York, mas
com tudo acontecendo aqui, não sei se é uma boa ideia.

— Às vezes, mais fácil nem sempre é a coisa certa, mas se você


estiver preocupado comigo, eu ficarei bem. Não há nada que
possamos fazer por Jonathan, exceto ajudar para deixá-lo mais
confortável. Quanto a Priscilla, você já viu que ela não pode passar
a noite com ele. Penso que entre eu e alguns outros, podemos lidar
com as coisas por tempo suficiente para você participar de uma
reunião. Se for uma conversa simples, será uma viagem rápida para
lá e para cá. Certo?

— Espero que sim. Eles conhecem nossa espécie há muito


tempo, mas não nos conhecem. Eles precisam ver com que tipo de
Clã a sobrinha deles está se envolvendo.

— Como eles estão cientes dos Gárgulas sem você estar ciente
deles?

— Pensei sobre isso. Tamian mencionou que eles podem mudar


para leão ou águia, imagino que em algum momento as águias
tenham visto os Gárgulas subindo ao céu. Eles seriam capazes de nos
observar enquanto permaneciam sem serem detectados.
— Isso faz sentido. Tamian foi capaz de lhe dar mais
informações sobre que tipo de shifter são os Grifos? Não no sentido
físico, mas o que eles fazem? Os Gárgulas protegem os humanos. E
os Grifos?

— Ele não entrou em detalhes sobre qual é a missão deles, essa


é outra razão para eu me encontrar com eles. Sentí-los. Ver que tipo
de shifter Tamian está trazendo para o nosso Clã. Isso vai nos dois
sentidos. Ele pode ser o Príncipe Italiano, mas ainda é um dos nossos.
Se eles são realmente companheiros, esta pode ser a primeira vez que
nossas espécies se reúnem. Então, em essência, seremos família.
Todos precisamos estar na mesma página de como abordamos esse
conhecimento.

— Você tem certeza de que não seria melhor eles virem até você?
Ou você está levando alguém com você como apoio? Não que não
consiga se controlar. Eu tenho toda fé em suas habilidades, mas um
contra quem sabe quantos não são chances muito boas, mesmo que
seja apenas uma reunião para conversar.

— Vou levar apoio. Quero que você vá comigo. —Rafael sabia


que era um risco, mas calculado.

— Eu? Isso é ... estou chocada.


— Não demoraremos muito e confio em nossa família para
cuidar das coisas enquanto estivermos fora. Quero que os Grifos
vejam não apenas o Rei e a Rainha, mas dois companheiros. Quero
que vejam o quanto sou dedicado a você. Talvez isso tranquilize a
forma como Lucy será tratada por Tamian. Ele mencionou a avó de
Lucy. Espero que você possa apelar para ela, mulher para mulher.
Não apenas sobre os dois se acasalando, mas também sobre nossos
tipos vivendo em harmonia.

— Você acha que posso fazer isso?

— Acho que você pode fazer qualquer coisa. —Rafael levantou


o queixo de Kaya com a ponta do dedo e colocou a boca sobre a dela.
Seus momentos de ternura eram poucos e distanciados ultimamente,
e ele precisava do amor de sua Rainha e de suas forças. — Eu preciso
de você, —ele sussurrou contra a boca dela.

— Você me tem.

— Sim, mas eu preciso estar em você, —Rafael ronronou,


pressionando sua ereção contra a bunda dela. Kaya escorregou do
colo dele, puxou o vestido para ter acesso à calcinha e deslizou-a
pelas pernas. O fôlego de Rafael parou. Kaya sempre foi sexy, mas
vê-la carregando seu filho tinha sua besta pronto para transar com ela
constantemente. Rafe desabotoou seus jeans e os empurrou para
baixo junto com sua cueca, expondo seu pau duro e vazando. Ele o
envolveu no punho e deu alguns golpes lentos. Kaya lambeu os lábios
antes de montar em seu colo, relaxando em seu eixo até que ele a
estava enchendo.

Kaya se moveu contra ele, usando os músculos de suas coxas


para levantá-la e abaixá-la em seu pau. Ela agarrou um dos ombros
dele como alavanca, enquanto o outro provocava seus mamilos
através do tecido do vestido. Seus seios se encheram ainda mais
desde que engravidara, e Rafael não conseguia tirar as mãos ou a
boca deles. Puxando o tecido para baixo, expondo um dos bicos
duros, Rafael inclinou a cabeça para baixo até poder sugar o nó na
boca. Beliscando com os dentes, ele brincou com a língua e chupou
com força suficiente para provocar um suspiro de sua companheira.
Ele deu ao outro seio igual atenção até Kaya afastar a cabeça.

— Preciso que você se mexa, —ela insistiu.

Sabendo que o banco não era confortável para os joelhos, Rafael


agarrou a bunda de Kaya e se levantou. Usando sua força shifter, ele
facilmente fez amor com sua companheira, empurrando-se
lentamente antes de recuar até que a ponta de seu pau estivesse na
entrada dela. Nunca tirando os olhos um do outro, Rafael amava
Kaya o mais gentilmente possível, enquanto ela segurava seu pescoço
com força.

— Deuses, eu te amo, —ele sussurrou.

— Eu também te amo. Mais a cada dia.

Rafael manteve um ritmo lento e constante, esperando


pacientemente até o corpo de Kaya se apertar por dentro, quase
passando o limite. Quando a respiração dela acelerou, ele espetou
seu pau mais fundo. Mais duro. Kaya fechou os olhos e inclinou a
cabeça para o lado, oferecendo-lhe acesso, se ele quisesse. Quando
seu orgasmo chegou, as presas de Rafael se estenderam quando sua
vagina o agarrou por dentro. Ele sabia que iriam fazer uma bagunça,
mas ele ainda não conseguia parar de derramar sua semente
profundamente dentro de sua companheira. Não tão gentilmente,
Rafael afundou os dentes na carne entre o pescoço e o ombro dela,
rosnando contra a pele dela.

Kaya agarrou a cabeça de Rafael com as duas mãos, mantendo


as presas onde estavam. Ela admitiu há muito tempo que a mordida
dele aumentava a euforia da união deles, e ele sempre quis que cada
um de seus orgasmos fosse melhor que o anterior. O suspiro que saiu
de sua boca foi o sinal de que ela estava completamente feliz, e ele
retraiu suas presas enquanto se acomodava no banco, seu pau meio
duro ainda enterrado dentro. A boca de Kaya estava sobre a dele
antes que ele pudesse lamber o sangue do local da punção.

Quando ela se afastou, Kaya murmurou: — Faz um tempo desde


que fizemos amor no jato. —Rafael riu e se inclinou para beijar o
nariz dela.

— Então acho que devemos fazer algo sobre isso.

— Sim, vamos.

laboratório para si mesma. Durante


todo o dia, ela ficou esperando seu chefe entrar e exigir saber o que
ela estava fazendo. O que havia recebido como tarefa já era ruim o
suficiente, mas era desesperador ouvir constantemente o som da
fechadura engatando. Lucy não exigia oito horas de sono
diariamente para funcionar bem, mas sua noite havia sido perturbada
por imagens horríveis, tornando impossível dormir profundamente.
Ela queria a voz de Tamian em sua cabeça. Eles disseram bom dia,
ainda que brevemente. A presença dele a acalmava, mas ela também
não queria parecer carente. Ele havia dito a Lucy o que queria que
ela fizesse, então ela o deixou em paz para realizar seu plano de
libertá-la.

Ela tinha tudo o que precisava para replicar o soro usando a


fórmula do tio, mas não se incomodou em fazer mais nada. Se
Tamian fosse bem-sucedido, Lucy estaria fora do laboratório antes
dos trinta dias terminarem. Em vez disso, concentrou-se em procurar
qualquer coisa que ligasse Ramey às experiências. Depois de torradas
e café, Lucy decidiu vasculhar o computador. Os cientistas antes dela
haviam escrito as anotações à mão, mas havia arquivos no laptop de
alguns anos atrás. Uma das primeiras coisas que sua amiga Anna
havia lhe ensinado era que nada era completamente excluído de um
computador, a menos que o usuário tivesse habilidades acima da
média.

Depois de algumas horas e não tendo nada que vinculasse


Ramey aos experimentos, Lucy começou a imprimir tudo referente
ao que deveria estar trabalhando. O que ela achou que a preocupou
foi como as anotações pararam abruptamente. Não apenas com um
cientista, mas com um casal que estava adicionando sua entrada no
computador. Ela procurou os documentos escritos, mas não
conseguiu encontrar onde haviam acrescentado nada. Por que eles
pararam? Tudo o que ela conseguiu foi que não tiveram sucesso e
Ramey os substituiu.

Pegando as folhas impressas, Lucy as adicionou aos cadernos e


as classificou em relação ao tipo de habilidade a que pertenciam. Ela
então colocou tudo em um único local para que ela e Tamian
pudessem pegar tudo facilmente quando chegasse a hora. Se Ramey
perguntasse, ela explicaria isso como sua maneira de organizar as
coisas para facilitar a organização. Ela não tinha intenção de
continuar com os experimentos, mas tinha apresentado seu próprio
plano para fazer parecer que estava trabalhando diligentemente. Ela
leu as anotações o suficiente para saber o que Ramey procuraria se
ele voltasse ao laboratório.

Parecia uma loucura em sua cabeça, mas quando ela cortou cada
torso, tirando amostras de cada um, pediu desculpas a eles. Lucy
sabia em seu coração que eram vítimas. Não havia provas indicando
que os torsos pertenciam àqueles que ofereceram seus corpos.
Quando ela saísse dali, juraria descobrir de onde eles vieram. Se
Ramey estivesse matando pessoas em nome da ciência, de alguma
forma ela provaria isso. Sua família passou o tempo deles
trabalhando contra o Ministério, fazendo o possível para resgatar
qualquer pessoa que estivesse sendo mantida contra sua vontade. Ela
pediria que também a ajudassem nesse empreendimento. Se eles não
pudessem ajudar, ela pediria a Tamian.

Por outro lado, se ela e Tamian eram companheiros, e se eram


compatíveis e acabassem juntos, talvez ela devesse perguntar
primeiro. Era isso que os casais faziam, não era? Pensando nos avós,
ela sabia que estava certa. Sutton tinha sido o presidente dos Hounds,
mas isso era um clube e, como qualquer outro MC, apenas os
membros tinham sua opinião e Rory não era um membro. Em todas
as outras facetas de suas vidas, eles eram uma equipe. Raramente um
era visto sem o outro, a menos que fosse uma época em que Rory
veio visitar Lucy a seu pedido. E quando Rory descobriu os
problemas de Lucy, ela os compartilhou imediatamente com o
marido. Lucius e Vera eram próximos. Lucius poderia ter escondido
seu trabalho de Vera, mas quando se tratava da maneira como
interagiam diariamente, não havia dúvida do que significavam um
para o outro.

Inferno, até o pai dela havia colocado os desejos de sua esposa


antes dos outros. Lucy não sabia o tipo de relacionamento que seus
pais tinham, mas se suas ações não falavam de amor, então do que
falaria? Ela nunca pensou nisso dessa maneira. Ela só tinha visto do
ponto de vista dela. Talvez ela tenha sido muito dura com o pai. E
talvez eles pudessem se sentar e ter uma longa conversa assim que
essa provação terminasse.

Lucy queria esse tipo de amor para si mesma. Ela não entraria
em um relacionamento com Tamian só porque os destinos os
consideravam companheiros, mas também não descartaria. Ela não
tinha muita experiência em namoro. Tinha saído com um punhado
de homens na faculdade, mas a maioria desses encontros terminava
com os homens querendo sexo e nada mais. Não que ela se opusesse
ao sexo, mas apenas um dos caras havia oferecido uma amizade
antes de tentar levá-la para sua cama. Isso durou parte de seu
segundo ano. Ele estava no último ano e, quando se formou, o
relacionamento deles terminou. Depois disso, ela se concentrou em
seus estudos.

Ser agente não lhe dera muito tempo para buscar outro
relacionamento, e agora estava feliz. Seria péssimo para ela se
apaixonar apenas para Tamian entrar em sua vida após o fato. Pela
pouca interação que tiveram e pelo jeito que ela já se sentia atraída
por ele, Lucy tinha a sensação de que não seria capaz de evitá-lo,
mesmo estando com outra pessoa.

O telefone na mesa tocou, tirando Lucy de suas reflexões. Por


mais que quisesse ignorá-lo, ela achou melhor responder caso fosse
seu chefe. — Alô?

— Agente Ball, como você está progredindo?

— É um processo lento. Considerando o pouco tempo que


estou aqui, eu diria que estou fazendo um bom progresso.

— Diga-me o que você tem no microscópio.

O quê? Como diabos ele …? —Lucy olhou em volta e encontrou


várias câmeras montadas na parede.

— Você está me observando?

— Claro. Não posso estar aí segurando sua mão. Isso é importante


demais para eu não ficar de olho em você. Então me diga o que você tem.

Lucy estava chateada. Em vez de responder, ela pousou o fone e


se mudou para o apartamento. À primeira vista, ela não encontrou
nenhuma câmera, mas isso não significava que não havia câmeras
escondidas. Quando ela voltou ao telefone, Ramey estava gritando
com ela. Interrompendo seu discurso, ela disse: — Não gosto de ter
minha privacidade invadida dessa maneira. Se eu descobrir que
há câmeras no apartamento, eu vou ...

— Você fará o quê? Você está à minha mercê, Agente Ball, e faria
bem em lembrar disso. Não há câmeras escondidas na área privada, mas
talvez eu deva repensar isso?

— Não, você não deveria.

— Diga-me o que está sob o microscópio.

Lucy respirou calmamente e explicou o que estava olhando.


Agora que sabia que ele podia vê-la, ela fez a mentira crível. Ela fez
comparações entre o que estava no slide e as notas que tinha lido,
rezando para que ele não estivesse tão familiarizado com a
terminologia quanto possível. Depois de tagarelar por vários minutos
sem parar, ela fez uma pausa, esperando a resposta dele.

— Irei passar aí mais tarde esta noite. Vamos torcer para que você
esteja mais adiantada e tenha algo novo para mim. —A ligação foi
desconectada e Lucy olhou para o telefone antes de desligá-lo. Era
tudo o que podia fazer para não olhar para a câmera e desligá-la.
Droga! Ela precisava dizer a Tamian que o laboratório estava sob
vigilância, caso isso interferisse nos planos dele de tirá-la de lá.

Lucy soprou algumas mechas de cabelo do rosto. Tamian?


Deus, quando ela se tornou tão carente? Não, isso não era
carência. Só estava querendo avisar Tamian.

Ei, querida.

Nós temos um problema. Existem câmeras de segurança aqui no


laboratório. Ramey está me observando.

Ok, não entre em pânico. Isso não será um problema mais tarde, mas
por enquanto, não lhe dê nenhum motivo para duvidar que você esteja fazendo
o seu trabalho.

Sim, tudo bem. Apenas pensei que talvez você precisasse saber.

Estou feliz que tenha me contado. Algo mais?

Não. Vou deixar você voltar ao que quer que esteja fazendo.

Estou vigiando a casa de Ramey para que minha irmã possa colocar
câmeras dentro. Uma pequena reviravolta para tornar o jogo mais justo,
certo?

Lucy abaixou a cabeça para esconder o sorriso. Não havia


necessidade de dar a Ramey qualquer motivo para vir vê-la mais
cedo.

Certo. Falo com você hoje à noite.

Até mais tarde, amor.


Amor? Não. Lucy não estava indo por aí. Você não se apaixona
por alguém antes de conhecê-lo. Exceto que Rory disse a ela que
sabia no momento em que pôs os olhos em Sutton, que ele era o
único. Ainda assim. Lucy voltou sua atenção para o microscópio.
Enquanto estivesse sendo observada, ela poderia muito bem ver se
poderia descobrir alguma coisa enquanto fingia.

levou mais tempo do que Tamian esperava. Quando ela


finalmente saiu da casa, estava sorrindo. — Posso ter bisbilhotado
um pouco enquanto estava lá.

— Sim? Você achou algo interessante?

— Vamos apenas dizer que o gosto do homem por pornografia é


BDSM hardcore , e ele tem sua própria masmorra trancada a sete
chaves.

— Se estava trancada ... esqueça. Eu esqueço o quão habilidosa


você é em quebrar e entrar. Nem vou perguntar o que você
encontrou.

Bondage(servidão), Dominação e Submissão e Sadomasoquismo. O BDSM hardcore muitas vezes é construída por abuso, violência,
estupro, etc. Quase sempre contra a mulher.
— Vamos apenas dizer que ele gosta de dor, e apostaria que ele
é o que inflige.

Tamian ficou ao volante do carro para que Tessa pudesse


inicializar seu laptop e verificar a conexão com as câmeras. — Você
encontrou algo relacionado ao que ele está trabalhando com Lucy?

— Sim. Há um compartimento escondido em uma das gavetas


da mesa. Nele havia um livro com nomes e descrições de quem estou
assumindo serem as vítimas. Tirei fotos das páginas antes de colocar
as coisas de volta exatamente como as encontrei.

— Enquanto você estava ocupada, Lucy me informou que ele


tem câmeras no laboratório. Ele está vigiando-a.

— Isso vai ser um problema quando a libertarmos?

— Não no que me diz respeito. Quando entrarmos, serei eu nas


câmeras fingindo ser ele. Se ele tiver alguém do lado de fora
assistindo, eles não devem suspeitar que algo está errado. Não
pretendo levar nada além de Lucy quando saímos. Antes que isso
aconteça, evacuarei as instalações de qualquer pessoa presente,
dizendo que eles terão os próximos dias de folga. Vou "encorajá-los"
a ir embora e não falar a ninguém para onde estão indo ou porquê.
— Eu já disse como estou com ciúmes do seu controle mental
Jedi?

Tamian riu do tom petulante de Tessa. — Sim, assim como você


está com ciúmes das minhas asas.

— E das de Lucy. Porra, vocês vão ter filhos fodões.

— Filhos? Não se adiante. Ainda não somos companheiros. Ela


pode decidir que não quer nada comigo, uma vez que me conheça.

— Você está brincando, certo? Tam, não tenho ideia de porque


não se dá mais crédito. Você é um Gárgula com habilidades especiais
e gostoso.

— Você não deveria pensar que seu próprio irmão é gostoso, —


brincou Tamian.

— Tanto faz. Posso olhar para você objetivamente sem ser


irreverente. Enfim, as câmeras estão online. Agora só temos que
esperar Ramey ir para casa.

Se eles soubessem onde ficava o laboratório, poderiam


convencer Julian a invadir as câmeras de lá para que Tamian pudesse
observar sua companheira. Ele queria alcançar Lucy novamente e se
certificar de que ela estava bem, mas não queria que ela sentisse que
estava sendo superprotetor. Ela era um agente do governo e também
um Grifo. Sua companheira estava equipada para cuidar de si
mesma. Isso não significava que ele não se preocuparia com ela. Ela
era dele para proteger, por mais capaz que fosse. Ela o lembrava
Tessa. Sua irmã também era uma durona, mas ele sabia que Gregor
era igualmente protetor. O humor de Tessa havia melhorado nas
últimas duas horas, mas ele atribuiu isso a ter algo em que focar além
de bebês.

Quando Tessa mencionou que Lucy e ele teriam filhos, ele não
podia negar o calor que se espalhou por seu peito diante da
possibilidade. Ele nunca pensou em ter uma família própria. Agora
que isso era uma possibilidade. Ele queria uma casa cheia. Se isso
fosse o que Lucy quisesse. A linhagem dos Montagnon estava sendo
carregada por todos os netos de Jonas, mas isso não significava que
Xavier não iria querer netos. Tamian estava interessado em conhecer
Lucy e sua família. Algum dos seus tios teria filhos? Ou Lucy era a
única? Com vinte e cinco anos, Tamian duvidava que fosse a única
neta. E se eles tivessem filhos, seriam Gárgula ou Grifo, ou um novo
híbrido de ambos? Tessa estava certa, seus filhos seriam fodões. Isso
fez Tamian sorrir.

— O que te deixou tão bobo? — Tessa perguntou, interrompendo


seus pensamentos.
— Bobo?

— Sim. Qualquer que fosse seu pensamento fez você rir.

— Eu não ri.

— Cara, você estava rindo. Desembucha.

Tamian não podia dizer a verdade. Com a admissão anterior


dela de se preocupar em não ter filhos, isso apenas acabaria com o
humor dela, então ele mentiu. — Eu estava considerando Lucy e eu
sendo o Rei e a Rainha da Itália, sentados em nossos tronos com
nossas coroas, enquanto todos os membros do nosso Clã se
curvavam aos nossos pés.

Tamian entrou no estacionamento do hotel e encontrou um


lugar perto da entrada dos fundos.

Quando ele estacionou o carro, ele olhou e a encontrou sorrindo.


— Você é mesmo um bobo. Não há como você se sentar em um
trono.

— É claro que não, daí a risada. Agora vamos lá. Temos trabalho
a fazer. —Tamian pretendia manter a mente de Tessa preocupada
com todas as coisas de Ramey, para que ela não tivesse tempo de se
preocupar com seus próprios problemas.
estava na varanda de seu quarto de hotel, deixando o som das
ondas tomar conta dele. A água não era o azul claro dos mares de
casa, mas ainda assim era calmante. Os homens que haviam migrado
da Grécia estavam no hotel. Drago havia encontrado um mais
sofisticado que não havia sido abandonado. Ele estaria recebendo os
shifters nos próximos dias até poder decidir onde alojá-los de maneira
mais permanente. Só foi preciso encontrá-los uma vez para decidir
quem seria seu segundo em comando. Arden imediatamente se
destacou como o mais alfa do grupo, e os outros se dirigiam a ele sem
questionar.

Os Profanos, embora generalizados, eram poucos e distantes


entre o Sul que Drago havia viajado. Eles precisavam de um exército,
mas precisavam montar um o mais silenciosamente possível.

Depois de uma longa discussão sobre merda de bebidas, Drago


havia instruído Arden a pegar o soro e distribuí-lo a alguns Profanos
da região, para que tivessem homens capazes de viajar quando
chegasse a hora. Ele odiava usar um dos frascos, mas era necessário
para a causa. Craven já estava trabalhando no próximo lote, então
Drago não se importou em usar um pouco para garantir que os
Profanos que encontrassem na Flórida fossem boas adições ao seu
grupo crescente. Eventualmente, ele os espalharia pelo país, mas
primeiro ele tinha que derrubar Rafael Stone e sua família, que ficava
principalmente em Nova Atlanta.

A praia estava praticamente deserta, exceto pelas poucas pessoas


que passeavam. Um riso feminino ecoou através das ondas,
alcançando os ouvidos de Drago. Fazia muito tempo desde que
permitirá apreciar a sensação de um corpo macio. O riso foi apenas
o começo de uma agitação por dentro, e quando Drago sentiu um
cheiro delicioso ao vento, ele se inclinou e colocou as mãos nos
joelhos. Inspirando profundamente, o aroma deixou sua fera em um
frenesi.

Não tendo encontrado sua companheira depois de todos esses


anos, ele se resignou a uma vida de mulheres aleatórias. Tendo
ouvido como a Sociedade de Pedra estava encontrando seus
companheiros em humanos, Drago sabia o que estava acontecendo.
Agora não era hora de ele acasalar. Ele tinha muito o que fazer em
relação à construção de seu exército, mas seu animal estava exigindo
que pegassem o que era deles.

— Porra! —Ele fervia entre os dentes. Se não seguisse em frente


com a reivindicação da fêmea, seu shifter tentaria assumir o controle,
e isso não poderia acontecer. Havia muito em risco para Drago estar
em desacordo com a fera. Voltando para o quarto de hotel, Drago se
olhou no espelho. Usar um uniforme militar não era como os
humanos se vestiam enquanto passeavam pela beira da água.
Felizmente, ele comprou sunga, sabendo que em algum momento
iria querer nadar ao longo das ondas. Drago mudou rapidamente, e
com outro olhar em seu reflexo, ele apreciou o homem olhando de
volta para ele. Pegando o cartão-chave do quarto, Drago prendeu o
plástico no bolso interno enquanto se dirigia para o elevador.
Enquanto caminhava com propósito em direção ao acesso à praia,
respirou fundo, esperando se acalmar. Quando o perfume de sua
companheira encontrou seu caminho mais uma vez, teve o efeito
oposto.

As duas mulheres estavam mais longe na praia do que ele


gostaria, mas com sua visão de shifter, Drago foi capaz de ficar de
olho nelas. Decolando em uma corrida, foi capaz de alcançá-las,
considerando que elas paravam de vez em quando para cavar na
areia a seus pés.

— Bom dia, senhoras, —ele ronronou enquanto diminuía os


passos. As duas mulheres eram bonitas, mas era a de cabelos loiros
que mantinha toda sua atenção. Quando ela sorriu para ele, ele sabia
que estava fodido de várias maneiras.

enquanto caminhavam para a


porta da frente da grande casa de Sutton e Rory Lazlo. Quando ele
falou com Ryker ao telefone, o homem sugeriu que se encontrassem
com seus pais também, e Rafael concordou prontamente. Ele não
gostou do pensamento de levar sua companheira para o complexo do
clube de motociclistas, e ficou aliviado por não ter que fazê-lo.

A porta da frente se abriu e um casal que não parecia muito mais


velho do que ele saiu para a varanda. — Rafael, seja bem-vindo à
nossa casa, —disse Sutton, estendendo a mão.
Rafe sacudiu isso e disse: — Obrigado por nos receber. Esta é
Kaya, minha esposa, minha companheira, minha Rainha, mas o
mais importante, a mãe do meu filho.

O rosto de Rory se suavizou quando ela se adiantou para


cumprimentar Kaya. — É um prazer. Por favor, entrem. —Ela se
afastou, permitindo que eles entrassem na casa primeiro. Um macho
grande e taciturno estava esperando lá dentro. Este é o nosso filho
mais velho, Ryker. Embora ele seja o presidente dos Hounds, todos
nós sentimos que era importante nos encontrarmos em família. —
Ryker ofereceu a mão a Rafe e inclinou a cabeça para Kaya.

Rory os levou a uma grande sala de estar. A casa era bem


mobiliada, mas era evidente que era uma casa que tinha sido usada
por muitos anos. — Posso pegar algo para vocês beberem? —Rory
perguntou, sendo a anfitriã perfeita.

— Nada para mim. Kaya?

— Céus, não. Já tenho que fazer xixi a cada cinco minutos. Você
pensaria que esse bebê estava pronto para aparecer pela maneira
como se senta na minha bexiga. —Kaya corou com a sua admissão.
— Desculpe, provavelmente é muita informação para uma primeira
reunião.
— Tolice. Tendo parido cinco garotos, entendo perfeitamente,
— respondeu Rory, seu sorriso quente enquanto fazia sinal para eles
se sentarem.

Rafael não esperou para começar a conversa que os havia feito


voar para Nova York. — Agradeço que você tenha nos procurado.
Devo admitir que ficamos surpresos ao descobrir que há outra
espécie de shifter. Posso perguntar como os Grifos souberam dos
Gárgulas?

Sutton, que estava sentado ao lado de sua esposa, pegou a mão


dela. — Embora nossa forma verdadeira seja a de uma águia
combinada com um leão, somos capazes de mudar para cada animal
separadamente, se desejarmos. Foi há muito tempo que um de nosso
tipo estava voando em forma de águia, e eles notaram o que
pensavam ser um homem com asas. O Grifo seguiu o homem e o
observou por um tempo. Ele queria saber como um humano era
capaz de voar. Sendo um shifter, ele não tinha medo do macho, então
ele fez sua presença conhecida e perguntou. Durante a conversa, o
homem admitiu ser um Gárgula.

— Os dois começaram uma amizade depois disso. O Grifo não


falou do Gárgula para sua família por muitos anos. Quando estava
morrendo, ele contou ao filho a verdade sobre o que aconteceu no
dia em que se conheceram. O filho manteve o segredo por muitos
anos, até estar no leito de morte. Foi assim por vários séculos, sempre
passando o segredo para o filho mais velho, até que um dia se tornou
conhecimento comum. Não querendo que nossa espécie fosse
descoberta, era um acordo tácito para todos que se conscientizaram
de manter em segredo a existência dos Gárgulas. O nome do shifter
nunca foi compartilhado, apenas que uma espécie diferente estava lá
fora, vigiando os seres humanos da mesma forma que os Grifos.

— Isso é incrível. Se o Gárgula compartilhou com alguém sobre


o Grifo, não foi repassado, tanto quanto eu sei, —disse Rafael. —
Posso ver onde seria mais fácil para os Grifos esconder sua
verdadeira natureza. Certamente, mudar para um leão no meio de
uma área lotada causaria caos, mas as pessoas verem leões e águias
não é incomum. Agora, se você mudasse para o seu Grifo, isso seria
absolutamente algo para se ver, como um homem com asas.

Sutton sorriu, concordando com a cabeça. — Fizemos o possível


para manter a população humana ignorante de nossa espécie, com
exceção dos humanos que tomamos como companheiras. Sabemos
pouco sobre os Gárgulas além de que existem e que lutam contra os
Profanos. De acordo com este Tamian, o destino escolheu Lucy
como sua companheira. Os Grifos não têm companheiros
predestinados e, como tal, nos apaixonamos como os humanos ao
escolher com quem passar nossas vidas. Se o destino escolheu Lucy,
que é uma shifter, para Tamian, isso significa que eles também
combinam os Gárgulas com os humanos?

— Sim. Kaya é humana. Até recentemente, os Gárgulas


acasalavam com nossa própria espécie, mas nossas fêmeas estão se
tornando escassas. Quando me casei com Kaya, tive a impressão de
que era a primeira vez que isso acontecia, mas depois descobrimos
que não era o caso. O tio-avô de Tamian acasalou-se com uma
humana há mais de duzentos anos atrás, e meu próprio tio condenou
o macho ao ostracismo de seu Clã por não manter as linhagens puras.
Alistair era um bastardo. Minha mãe era Grega e meu pai era
Italiano. Meu tio a deserdou, mesmo sabendo que o destino escolhe
nossos companheiros. Ainda bem que meu pai era o Rei dos
italianos, então não importava.

— Tamian disse a Maveryck que seu pai é o Rei italiano. Isso faz
de vocês irmãos? —Rory Perguntou.

— Não. Meu pai decidiu vir para as Américas e instalar nossa


família aqui. Quando ele fez isso, ele abriu mão do trono Italiano e
Xavier Montagnon, pai de Tamian, assumiu. Ele era o braço direito
do meu pai há séculos.
— Então Tamian não estava mentindo quando disse que era um
Príncipe.

— Não, ele não estava. Mas Tamian é muito mais que isso. Ele
interveio e ajudou nosso Clã em mais de uma ocasião. Como quando
Kaya e eu nos conhecemos, ela era a chefe de polícia e alguém estava
me acusando de uma série de assassinatos. Tamian se infiltrou na
Penitenciária para ajudar a obter informações sobre o homem
responsável. Ele também interveio e ajudou a resgatar a companheira
de meu primo quando ela foi presa injustamente na Super Max.

— Eles tiraram alguém da Super Max? Como eles conseguiram


isso? —Ryker perguntou.

— Julian, o primo que mencionei, é um gênio quando se trata de


computadores. Tamian e sua irmã são mestres do disfarce. Juntos,
eles conseguiram se passar por dois agentes tempo suficiente para
tirar Katherine da prisão.

— Isso me faz sentir melhor sobre esse plano dele, —disse


Sutton. — Tamian disse que iria se fazer passar pelo chefe de Lucy.
Como isso é algo que já fez antes, espero que tenha sucesso.

O telefone de Ryker tocou e ele se desculpou saindo da sala.


— Então, Kaya. Você ainda é chefe de polícia? —Rory
perguntou.

— Não. Rafael queria que eu me retirasse quando engravidei.


Tendo sido sequestrada e baleada várias vezes, não demorou muito
para me convencer.

— Puta merda! Você foi sequestrada? —Sutton balançou a


cabeça. — Peço desculpas pelos meus palavrões.

Kaya riu e acenou para as desculpas. — Tenho certeza que você


não quis desrespeitar.

Rory deu uma cotovelada no marido, sorrindo. — Gosto de


você, —ela disse a Kaya.

— Comecei como policial de rua e subi na hierarquia. Você não


pode ser uma mulher no mundo de um homem sem ouvir algo pior
do que isso. Você também não pode liderar no mundo de um homem
sem xingar um pouco. Às vezes eu tinha que ser criativa para chamar
a atenção deles, —explicou Kaya.

— O mesmo que ter cinco machos alfa como filhos. Eu tinha que
ser criativa, como você disse, ou então eles teriam tentado passar por
cima de mim. —Quando Sutton rosnou baixo, Rory explicou: —
Sutton nem sempre esteve aqui. Estar no exército significava ficar
longe de sua família por meses a fio. Tenho orgulho do meu
companheiro pelo homem que é, e não tive problemas em domesticar
os meninos.

— Puta merda, —Ryker latiu do outro quarto.

— Okay, talvez domesticar não seja a palavra correta. Todos os


nossos filhos são bons e seguiram os passos de Sutton quando se trata
de cumprir seu dever de manter os humanos seguros.

— Eles são todos militares? Pensei que eles eram motoqueiros,


—disse Rafael.

— Não, nenhum dos meninos foi militar, mas todos fazem sua
parte no que for necessário para o bem da humanidade. Ser
motoqueiro é um estilo de vida, mas é um que nos permite atrair
outros Grifos que tenham a mesma opinião. Todos eles, exceto o pai
de Lucy, Warryck. Ele é professor universitário, mas isso é uma
história para outro dia. Falando em Lucy, conte-nos como funciona
ser companheiros predestinados. Isso é algo em que ela pode
escolher?

Rafael olhou para Kaya e sorriu, lembrando como eles se


uniram. Ela teve uma escolha, mas depois de tudo dito e feito, ela fez
a escolha certa para ele.
— Lucy tem absolutamente uma escolha, e se ela decidir que não
quer Tamian, ele fará a coisa honrosa e dará um passo atrás sem
pressioná-la. No entanto, nunca ouvi falar do destino unir dois seres
que não eram perfeitos um para o outro. Assim que Tamian tiver
Lucy longe do laboratório, o vínculo de união irá entrar em ação e
ela se sentirá atraída por ele. Como eu disse anteriormente, Tamian
é um bom macho. Ele vem de uma grande família, e Lucy teria
dificuldade em encontrar alguém que a amasse mais.

— Amar? —Ryker perguntou quando voltou ao cómodo. — Se o


acasalamento deles é predestinado, o que o amor tem a ver com isso?

Rafael e Kaya se entreolharam, e ele não resistiu em pressionar


os lábios nos dela, não importava quem estivesse assistindo. Ele
apoiou a mão na barriga dela e suspirou. Voltando-se para Ryker, ele
disse: — Tem tudo a ver com isso. Eu diria que seus pais se sentem
da mesma maneira, mesmo que tenham se escolhido.

— Ele não está errado, filho, —disse Sutton. — Quem era no


telefone, e o que o fez praguejar?

Ryker, que puxou ao pai com os cabelos escuros, esfregou a mão


na longa barba. — Podemos ter um problema. —Ryker olhou para
Rafael e Kaya sem continuar.
— Que tipo de problema? —Seu pai fez um gesto para ele
continuar. — Isso é assunto do clube, ou algo a ver com Lucy, porque
se for o último, você deve falar livremente na frente de nossos
convidados.

Ryker soltou um suspiro antes de dizer: — Monk não está se


comportando bem. Depois que Mav se encontrou com Tamian,
Monk ficou agitado e se trancou em seu quarto. Quando chegou a
hora de Hawke substituir Spyder, Monk exigiu que ele tomasse o
próximo turno. Parece que nosso garoto sente um apego por Lucy.

— Todos os irmãos sentem um apego. Ela é como a irmã mais


nova, —disse Rory.

— É mais do que um apego familiar. Segundo Hawke, Monk se


apaixonou por Lucy quando ela chegou.

— Como não soubemos disso? —Sutton perguntou.

— Você sabe como Monk é. Ele mantém tudo trancado por


dentro. Mesmo se falasse, ele ainda não teria mencionado seus
sentimentos. Não posso imaginá-lo sentindo que você aceitaria bem
se um dos nossos tivesse sentimentos por ela, então ele não
compartilhou com ninguém. Hawke só sabe por causa de suas
habilidades empáticas.
— Ele vai tentar parar Tamian? —Rafael perguntou. Esse Hawke
não era o único empático. Todas os Gárgulas podiam sentir
emoções, e as que os Grifos estavam experimentando estavam por
toda parte. Rory estava preocupada, Sutton estava chateado e Ryker
... Bem, o homem era mais difícil de ler.

— Não. Vou, pessoalmente, garantir que isso não acontece.


Sutton, vou agendar um voo assim que conseguir um. Com Mav e
eu fora da cidade, estou pedindo que você volte para os Hounds. Não
quero ouvir Hayden e Kyllian reclamarem de quem deveria estar
sentado à cabeceira da mesa em nossa ausência.

— Posso ter meu jato pronto para sair imediatamente. Só preciso


entrar em contato com o piloto e fazer com que ele mude o plano de
voo. —Ofereceu Rafael.

— Isso não é necessário, —respondeu Ryker.

— Talvez não, mas se houver uma chance de esse Monk fazer


algo drástico, e você estar lá reduzir essa possibilidade, prefiro que
você chegue mais cedo do que mais tarde. Além disso, nos dará a
oportunidade de nos conhecermos melhor durante o voo.

— Ok, —disse Ryker. — Eu vou fazer uma mala.


Rafael virou-se para Sutton. — Peço desculpas se parece que
estou pisando no limite, mas se vamos nos unir no futuro, acho
melhor aprendermos o máximo possível um sobre o outro. Confio
nas habilidades de seu filho em lidar com Monk, mas se pudermos
aliviar uma situação levando Ryker para lá mais cedo, estou disposto
a fazer uma pequena parada em Nova DC.

Sutton se levantou e estendeu a mão para Rory. Rafael fez o


mesmo, ajudando Kaya a se levantar. — Eu me sentiria do mesmo
jeito no seu lugar, além de querer Lucy longe da situação atual. Ver
como você e sua companheira estão juntos me faz sentir melhor
sobre o futuro de Lucy. Sei que há coisas boas e ruins em todas as
espécies, mas não duvido que você seja um bom Rei. Se você atesta
St. Claire, vou lhe dar o benefício da dúvida.

— Obrigado. Juro por minha honra, minha companheira e nosso


filho ainda não nascido que farei tudo o que puder para Lucy não se
machucar. —Rafael apertou o punho sobre o coração e inclinou a
cabeça. Ryker parou bruscamente com as palavras de Rafael, e o
suspiro do homem foi audível, embora baixo. Rafael pediu licença
para ligar para Bryce, deixando Kaya se despedir.
da pesquisa era contra o que Lucy sabia ser ético,
mas se ela pelo menos não tentasse fazer um esforço, Ramey usaria
isso contra ela. Ultrapassando sua comoção, Lucy não conseguia
parar de pensar no que aconteceria quando Tamian a resgatasse. Ela
não duvidou que ele faria o que prometeu. Era tudo o que vinha
depois do que a preocupava. Tamian a esconderia em algum lugar
seguro, enquanto suas famílias reuniam as provas que precisavam
contra Ramey. Essa prova provavelmente incriminaria Lucius, mas
ela não podia se preocupar com isso. Se ele fosse culpado, e ela não
tinha dúvida de que era, ele precisava ser responsabilizado, mesmo
que fosse apenas com seu bom nome marcado.

Talvez ela estivesse errada ao dizer a seus tios para deixar tudo
intacto na sala secreta. Se ela não queria ser incriminada, a evidência
da parte de Lucius em tudo isso precisava ser removida de sua casa.
Fazer isso impediria o mundo de conhecer a verdade por trás do
homem, mas isso realmente importava neste momento? Ele era
culpado, mas também estava morto. Arrastar o nome dele pela lama
agora só tornaria sua vida mais difícil, além de refletir mal em Vera.
Lucy não queria acreditar que sua amada mãe/tia, sabia dos pecados
do marido.
De alguma forma, Lucy precisava ter certeza de que não seria
responsabilizada. Por mais que isso a incomodasse, era a parte sobre
Ramey ser acusado, julgado e condenado por crimes contra a
natureza com a qual ela mais se preocupava. Ela conheceu muitos
homens como ele nos últimos quatro anos. Homens que ocupavam
cargos ou posições que eles sabiam que os manteriam a salvo da
prisão. Ele foi hábil ao realizar essa pesquisa em particular por anos
sem ser pego. Sua atitude indicava que ele se considerava intocável.

Sua pesquisa seria mais rápida se tivesse acesso às últimas


anotações de seu tio. Ela não pensava mais nele como seu pai. Ela
não queria pensar nele como família agora que sabia o tipo de macho
que ele tinha sido, mas foi ele que a ajudou a chegar longe, de modo
que era mais fácil falar do que fazer. Pelo menos os cilindros em casa
estavam vazios de humanos, mas Lucy sabia que nem sempre tinha
sido esse o caso. Como ele conseguiu infiltrar secretamente todo o
equipamento e cadáveres sem Vera saber?

Quanto mais ela pensava nisso, mais ela queria que sua família
livrasse a sala escondida de tudo, exceto as anotações escritas. Não
que fosse usa-las, mas ela queria estudá-las para ver quão profundo
era o conhecimento de Ramey. Em algum momento no futuro, Lucy
poderia precisar do trabalho dele para combater o que já havia sido
feito. Pelo que encontrou até agora, e pela urgência no
comportamento de Ramey, não parecia que nenhum dos cientistas
anteriores tivesse conseguido produzir o super-soldado. Ainda …

Com uma amostra de células sob o microscópio, Lucy estudou


as últimas anotações, comparando-as com o que observou. O que ela
viu não fazia sentido. O último registro no diário era contraditório
com o que Lucy estava olhando. Isso era proposital ou o cientista
realmente não sabia o que estava fazendo? Talvez tivesse sido a
maneira deles de garantir que o trabalho que foram forçados a fazer
não tivesse êxito. Nesse caso, Ramey realmente não sabia nada sobre
genética. Agora que sabia que Tamian a estava tirando de lá, Lucy
não temia o homem. A menos que ele entrasse com uma arma e
atirasse nela, ela poderia mudar e derrotá-lo se tudo se resumisse à
sua sobrevivência.

Com esse pensamento em mente, Lucy decidiu testar sua teoria


mais tarde, quando Ramey chegasse. Ela descobriria quão extenso
era seu conhecimento. Se ele descobrisse seu blefe, ela lidaria com
isso. Caso contrário, ela saberia como iria lidar com seu trabalho no
futuro. Tudo o que ela tinha que fazer era empatar o tempo suficiente
para Tamian vir buscá-la. Parando apenas o tempo suficiente para
almoçar rapidamente, Lucy se ocupou com suas próprias anotações
e amostras dos quatro torsos. Quando as fechaduras finalmente
fizeram click e a porta do laboratório se abriu, Lucy estava pronta.

— —disse Tessa de onde estava sentada à

mesa. Enquanto Tamian passeava pela sala esperando o alarme para


indicar movimento na casa de Ramey, Julian trabalhava sem parar
para invadir as câmeras de segurança do AGI e, com o anúncio de
Tessa, ele conseguiu. Tamian tentou não se sentir mal com o número
de horas que Julian passava ajudando com Lucy, mas Julian estava
pagando por sua ajuda no resgate de Katherine. No fundo, ele sabia
que Julian faria isso de qualquer maneira, porque era isso que a
família fazia.

Antes da Sociedade de Pedra entrar na vida deles, Tamian


observara seus pais juntos, assim como o jeito que Jonas e Caroline
agiam. Ele tinha visto quão longe Xavier tinha ido para manter
Elizabeth fora das mãos de seu marido humano. Tamian tinha
rodado a vida cuidando de Tessa. Esse vínculo era profundo porque
ele era o clone dela. Ele fazia parte dela de uma maneira que pensou
que nunca seria duplicada. Ele estava errado. Ele e Lucy mal haviam
passado algum tempo juntos, e já sabia que o que os dois tinham
ofuscaria seu amor por sua irmã, e isso já dizia tudo.

Tamian sentou-se ao lado de Tessa e estudou o homem na tela.


Ramey caminhou pelos corredores com um propósito. A tela
dividida mostrava o chefe de Lucy indo da porta da frente aos
elevadores do escritório. Ele foi parado algumas vezes por outros
agentes, dando a Tamian uma visão do comportamento do homem.
Não era agradável. Nem uma vez ele sorriu. As conversas duraram
alguns segundos com Ramey claramente irritado por ter sido
interrompido.

Uma batida na porta chamou a atenção de Tamian por apenas


um segundo. — Eu atendo, —disse Tessa, colocando a mão em seu
ombro para mantê-lo sentado. — Tio Vitto! —Tessa gritou quando
abriu a porta.
— Buongiorno , Andrea. —Vittore agarrou Tessa e a girou como
ele fazia desde que ela era uma garotinha, trazendo um sorriso ao
rosto de Tamian e o riso de sua irmã. Vitto era uma das poucas
pessoas que ainda se dirigiam a Tessa pelo seu nome.

Tamian levantou-se para cumprimentar o melhor amigo de seu


pai. Estendendo a mão, Tamian disse: — Vitto, obrigado por ter
vindo.

— Você está me fazendo um favor, meu garoto. Martina


remodelou a cozinha e nossa casa se transformou em uma padaria.
Comigo como cobaia, minha cintura está pagando por isso. —Vitto
deu um tapinha no estômago plano antes de puxar Tamian para um
abraço apertado, dando-lhe um tapa nas costas, surpreendendo
Tamian. Vitto e sua companheira nunca tiveram filhos por qualquer
motivo, e eles adoravam Tessa mais por isso. Tessa os chamava de
"tia" e "tio", embora não fossem parentes por sangue. Tamian sabia
que o sangue não fazia necessariamente uma família.

— Diga-me o que você precisa de mim, —disse Vitto enquanto


recuava.

Bom dia, em Italiano


Depois de retransmitir tudo o que aconteceu até aquele
momento, Tamian disse: — Gostaria que seguisse os Hounds. Eles
ainda precisam nos dar as coordenadas para onde Lucy está sendo
mantida. A reunião entre Rafael e seu líder já deveria ter terminado
agora, e ou não correu bem, ou eles estão sendo obstinados. Se você
descobrir onde fica o laboratório, podemos prosseguir com o nosso
plano assim que a prótese chegar.

— Isso! —Vitto deu um soco no ar. — Finalmente, algo para me


fazer sentir útil. Além de visitar o chalé para garantir que tudo esteja
bem quando você não está lá, seu pai me deixou por conta própria, e
todos sabemos que isso nunca é um bom presságio.

Tamian e Tessa sorriram, sabendo que Vitto tinha o hábito de


tentar encontrar hobbies para mantê-lo ocupado e sem problemas
com Martina. Seu último empreendimento, a construção de um
barco, terminara com um porão cheio de pedaços de madeira quando
ele não conseguiu entender corretamente as curvas de corte das
peças.

— Presumo que você nunca terminou o barco? —Tessa


perguntou.
— Hah! Um dia, enquanto eu ia visitar seu padre , Martina fez
uso de minhas ferramentas, e toda a madeira foi cortada em pedaços
pequenos que ela usou para encher a lareira no inverno passado. Eu
deveria tê-la deixado me mostrar como moldar corretamente as
tábuas. —O rosto de Vitto estava cheio de nada além de amor e
respeito ao falar de sua companheira. Eles eram outro exemplo de
como a vida de casal deveria ser. Martina o divertia, por mais insano
que ela achasse que fosse seu último hobby. — Agora, conte-me
sobre os Hounds.

Sentando-se à mesa para Tamian continuar assistindo Ramey,


eles elaboraram um plano para Vitto seguir os Hounds, esperando
que isso os levasse aonde Lucy estava sendo mantida. Tessa
telefonou para Rafael para ver como tinha corrido a reunião, mas foi
para o correio de voz. Tamian estava cansado de esperar pela ajuda
da família de Lucy. Ela era sua companheira, e ele era responsável
por seu bem-estar. Ele faria o que fosse necessário para afastá-la de
sua situação atual, mesmo que isso significasse ir contra os Hounds.

Como Maveryck e os outros não conheciam Vitto, ele foi até o


saguão do hotel e pediu um quarto no mesmo andar em que estavam
hospedados. O plano era que ele desse um sorriso sexy para a

Pai, em italiano.
recepcionista e uma história romântica sobre o número do quarto que
solicitou. Funcionou e Vitto recebeu a suíte ao lado dos Hounds.
Usando sua audição shifter, ele ouvia as conversas dos Hounds e os
seguia quando um deles saía do prédio. Com seu plano em
andamento, Tamian conseguiu se concentrar em sua própria parte
do plano.

Julian conseguiu encontrar uma entrevista antiga quando


Ramey começou com o AGI, e Tessa ficou ocupada trabalhando no
modulador de voz. Depois de alguns segundos, ela parou. — Você
não pode usar o controle da mente nos Hounds para levá-los a dizer
onde Lucy está?

Tamian mordeu o lábio inferior, pensando em estar na sala com


Maveryck. — Tive que dizer a eles que era capaz de falar com Lucy
com minha mente. Quando admiti minha capacidade, senti a mente
deles fechar tão alto como se alguém tivesse fechado uma porta. Ele
trancou a merda dele com força depois disso. Vamos torcer para que
eles nos deem o paradeiro dela por vontade própria, ou que Vitto seja
capaz de segui-los e descobrir a localização dessa maneira.
Realmente não quero nossas famílias brigando antes mesmo de nos
tornarmos uma família.
Tessa inclinou a cabeça para o lado, estudando-o. — Entendi.
Mesclar duas famílias que veem as coisas de maneira diferente não é
uma caminhada. Eu sei. —Ela voltou sua atenção para o modulador
de voz e ele estudou os monitores. Quando o chefe de Lucy deixou
o prédio, Tamian se ocupou com um pouco de compras on-line para
comprar um terno, um pouco de tintura de cabelo e lentes de contato
coloridas. Ele não deixou nada ao acaso para esta missão. Era
importante demais ignorar os mínimos detalhes. Ramey era um
pouco mais amplo que Tamian, mas não era nada que um pouco de
estofamento não pudesse resolver. Tudo o que precisava era de uma
prótese e um local, e ele estaria pronto.

— o que você tem para mim? —Ramey perguntou

assim que a porta se fechou atrás dele.

Lucy ergueu os ombros e apontou para o microscópio. — Receio


que não sejam boas notícias. Quem trabalhou nesse projeto antes de
mim deve ter sido um idiota. Dê uma olhada por si mesmo.

— O que você quer dizer? Contratei os melhores cientistas que


pude encontrar para substituir seu pai até você se tornar disponível.
—Ramey não se deu ao trabalho de olhar no microscópio. Essa foi a
primeira pista de Lucy de que ele não tinha conhecimento científico.
Excelente.

— Não sei o que lhe dizer, senhor. As amostras que tirei desses
quatro candidatos não mostram sinais de genes especiais. Não há
indicadores de que eles sejam diferentes de você ou eu.

— Isso é impossível. Paguei um bom dinheiro para garantir o


que queria. —Ramey passeou pela sala, as mãos puxando seus
cabelos. Ele fez uma pausa para encará-la. — Talvez seja você quem
não é competente.

— Garanto, eu sei do que estou falando. Eu me formei em


primeiro lugar na minha turma, mas você já sabe disso e também o
que a minha tese final abordou. A genética é minha especialidade, e
se eu não tivesse sido jogada em algo tão mundano quanto a
infiltração de computadores no AGI, teria continuado meus estudos.
—Lucy bateu em um dos diários, tendo uma grande chance. — À
parte das incapacidades de seus colegas anteriores, comparei
amostras de todos os quatro torsos com o Sujeito 26, pensando que a
marcação incorreta era uma possibilidade. Lucy foi até o
microscópio e trocou a lâmina atual por uma nova. Ela havia colhido
amostras de todas as quatro vítimas, mas só usara células de uma
delas nas quatro lâminas, a que não correspondia ao Sujeito 26. —
Nenhuma de suas vítimas contém a mesma composição genética do
Sujeito 26.

— Você pode parar de se referir a eles como vítimas, agente Ball.


Tentar me fazer sentir culpado pelo que estamos fazendo aqui não
vai funcionar. Nunca ouviu a frase "tentar ver o quadro geral?" O que
estamos fazendo é mudar o mundo. Os EUA finalmente voltarão à
grande nação que já fomos antes que o mundo se desviasse de seu
eixo. Não me interprete mal, aplaudo Jonas Montague por abrir o
caminho, clonando o primeiro humano. Eu adoraria apertar sua mão
se ele ainda estivesse vivo. Ele, como Lucius, era um gênio que não
teve problemas para ver o quadro geral.

Lucy sabia tudo sobre o famoso cientista que clonara o primeiro


bebê do mundo. Não apenas ela estudou sobre ele na faculdade,
Lucius elogiou o homem em mais de uma ocasião. Lucy não culpou
o clone ou os que vieram depois pela destruição do mundo, como
eles o conheciam cerca de trinta anos antes. Ela nem estava viva, mas
lera o suficiente para saber que as consequências que vieram depois
estavam nas mãos do Ministério. O clone do bebê não era o culpado,
e Lucy não conseguia nem culpar Montague, mesmo que ele
estivesse brincando de Deus. Depois de todo esse tempo, o mundo
não sabia quem era o clone ou de quem ele havia sido clonado.

Lucy havia participado de uma aula de psicologia, onde


discutiam a clonagem e seus efeitos sobre as crianças que foram
criadas apenas para salvar um irmão mais velho. Ela se convencera
de que nunca faria isso com uma criança, mas, novamente, ela nunca
havia sido confrontada com essa decisão. Se algum dia tivesse seus
próprios filhos, faria algo tão drástico para mantê-los vivos?

— Que seja, —continuou Lucy, arriscando-se a ser beligerante o


suficiente para se sentir bem em falar, mas não o suficiente para ele
ficar realmente chateado. — Dê uma olhada por si mesmo, —ela
insistiu novamente enquanto colocava a lente um pouco fora de foco.

Ramey bufou, mas fez o que pediu e olhou através da lente,


fechando um olho. Ele não se incomodou em tentar focalizá-lo antes
de se afastar. — Então, se estes não coincidem com o Sujeito 26, com
qual deles coincide?

— Ainda não cheguei tão longe. Fiquei preocupada quando


descobri que não coincidia como você indicou, então extraí amostras
de outros torsos. Eu estava apenas olhando as notas anteriores,
tentando entender o que estava lendo. Você deveria exigir seu
dinheiro de volta dos meus antecessores.
Ramey amaldiçoou com uma praga dura, mais uma vez
andando pela pequena área. — Descubra com qual sujeito eles
correspondem. Não me importo se você levar a noite toda. —Com
isso, seu chefe saiu correndo da sala, batendo a porta atrás dele. Lucy
esperou o som da fechadura e prendeu a respiração. O som nunca
veio e Lucy teve que decidir se tentaria ou não sair do laboratório
para sair do prédio. Ela não olhou para as câmeras por medo de se
entregar se alguém estivesse assistindo.

Fingindo ler o último diário, Lucy pensou em procurar Tamian.


Ela sabia que ele estava ocupado trabalhando para tirá-la de lá, mas
se ela pudesse fazer isso sozinha, poderia poupar-lhe o problema de
tudo o que ele estava passando. Mas, se tentasse e se encontrasse de
volta, trancada com chave, ela teria interrompido o progresso dele,
fazendo com que seu resgate levasse muito mais tempo. Não, ela não
o incomodaria ainda. Se pudesse escapar do laboratório, entraria em
contato com ele assim que estivesse do lado de fora e descobrisse sua
localização. Então pediria para ele vir buscá-la.

Tendo tomado essa decisão, ela decidiu que seria melhor esperar
até que escurecesse. Dessa forma, se ela precisasse mudar para a
águia, poderia fazê-lo sem ser tão facilmente detectada. Paciência
não era o seu forte, então ela se ocupou até a hora de partir.
estava recebendo a encomenda de Jonas, que continha a
prótese quando Rafael e Kaya chegaram à porta do quarto de hotel.
— Rafael? O que está acontecendo.

— Vamos entrar para que Kaya possa se sentar, e vou lhe contar
tudo.

Tamian deu um passo para trás, segurando o pacote debaixo do


braço e permitiu que o casal entrasse na suíte.

— Ei, vocês dois, —disse Tessa quando eles entraram na sala de


estar. — Você recebeu minha mensagem?

Rafael levou Kaya para o sofá e segurou sua mão enquanto ela
se abaixava nas almofadas. — Sim, mas estávamos no meio do voo
conversando com Ryker Lazlo. Nós nos encontramos com os pais
dele, conforme solicitado, mas antes que pudéssemos chegar a
conclusões sobre como lidar com a situação daqui para frente, Ryker
recebeu uma ligação de Maveryck. Parece que um dos Hounds não
gostou quando Tamian reivindicou Lucy.

Tamian rosnou baixo na garganta, e Rafael levantou as mãos. —


Calma, Tamian. Não morda o mensageiro.
— Qual? —Tamian não queria que houvesse sangue derramado
entre as duas espécies, mas Lucy era dele.

— Monk, o que não fala. O carinho dele por Lucy era novidade
para a família, e eles imaginaram que ele mantinha seus sentimentos
para si, já que ela era neta e sobrinha dos Lazlos. Ouvir você
reivindicá-la como sua companheira o provocou, mas eles não
acham que será um problema quando Ryker falar com ele.

— E é por isso que você está aqui? —Tessa perguntou.

— Mais ou menos. Nossa reunião foi interrompida quando


Ryker decidiu que era melhor lidar com essa situação pessoalmente.
Em vez de ele pegar um voo comercial, ofereci-lhe o jato. Não só o
trouxe aqui mais rápido, como também nos deu tempo de nos
conhecermos melhor.

— Sinto muito que isso te afastou de Jonathan, —disse Tamian.


— Como ele está?

— Tão bem quanto se pode esperar. Lamento dizer que não há


nada que possamos fazer, exceto deixá-lo confortável pelo tempo que
ele tiver até partir. Quanto a ser afastado, você é família tanto quanto
ele. Existem muitos membros do Clã que podem cuidar dele na
minha ausência. Não quero parecer insensível, mas ser Rei não para
apenas porque um dos nossos está doente. Você precisava de mim, e
aqui estou. Além disso, descobrir que há outra espécie de shifters é
algo que precisava resolver. O momento poderia ter sido melhor, mas
não há nada que possamos fazer sobre isso. Lucy é sua companheira
e, como tal, nossos Clãs estarão conectados. É melhor conhecê-los
agora, para estarmos todos de acordo quando afastarmos Lucy do
laboratório.

— Você conseguiu convencer Ryker a conseguir o paradeiro dela


do irmão dele? Ele ainda não deu as coordenadas para o prédio onde
ela está sendo mantida.

— Ele me garantiu que obteria essas informações de Maveryck e


as passaria adiante. Nossos objetivos são iguais em mais de uma
maneira. Os Grifos, assim como os Gárgulas, estão aqui para
proteger os humanos. Eles conhecem nossa espécie há um bom
tempo. Eles nos observaram sem que soubéssemos disso, e uma vez
que viram que estávamos enfrentando o Profano, eles nos deixaram
assim enquanto estavam indo atrás do Ministério.

— O Ministério? —Tessa perguntou. — Pensei que eles eram um


monte de psicopatas religiosos.

— Eles são, mas em uma escala maior do a maioria está ciente.


Eles foram os responsáveis por bombardear a clínica quando você foi
clonada. Em uma palavra, eles são um culto de fanáticos religiosos
que decidiram purgar o mundo de seus pecados. Os Hounds são um
pouco mais mercenários que os Goyles. Enquanto patrulhamos por
Profanos e os colocamos na Pen quando podemos, a missão dos
Hounds é perseguir os líderes de qualquer culto que encontrarem e
destruí-los. Não tenho certeza se concordo com os métodos deles,
mas, neste momento, não vou impedi-los de fazer o que fazem. Pela
maneira como Ryker descreveu as coisas, o Ministério é uma ameaça
maior para a população humana do que os Profanos, se você
conseguir acreditar nisso.

— Como Lucy se encaixa na missão deles? —Tamian perguntou.

— Antes de ser transferida, Lucy era a especialista em


computadores. Ela usou suas habilidades e a tecnologia do AGI para
ajudar a localizar o Ministério da melhor maneira possível. Segundo
Ryker, Lucy não é nem de longe tão adepta aos computadores
quanto Julian. Ela só aprendeu a hackear um pouco para localizar o
pai biológico. Ela era especialista em genética no MIT, por isso faz
sentido que ela estivesse trabalhando nesse projeto secreto. Ryker
perguntou se Julian estaria de acordo em ajudar na busca do
Ministério. Expliquei a situação dele, mas estamos trabalhando para
encontrar outro Goyle para ajudar a aliviar todo o tempo que ele
passa longe de sua companheira.
— Você tem alguma perspectiva viável? —Tessa perguntou.

— O único que conhecemos neste momento é Lachlan, e isso


não vai acontecer.

— Mesmo que seja uma maneira de ele se redimir? —Tessa


acrescentou.

— Com tudo o que aconteceu como resultado de sua traição?


Não há nada que ele possa fazer que o redima.

O telefone de Tamian tocou com um texto recebido. —


Desculpe-me. Preciso ler isso, ele se desculpou antes de abrir a
mensagem de Vitto. — Merda.

— O que está errado? —Tessa perguntou.

— Os Hounds estão em movimento, e não parece que estejam


nos levando com eles.
no apartamento e trocou as
roupas de uso diário por um de seus ternos. Ela não tinha sua arma
emitida pelo governo para usar no quadril, mas, esperançosamente,
tarde como era, todo mundo teria ido embora, e ela não precisaria.
Se fosse forçada, ela chamaria o leão para passar por qualquer um
que estivesse entre ela e a porta. Usar suas garras em humanos era
um risco que estava disposta a correr. Ela apagou todas as luzes do
laboratório, usando sua águia para guiá-la na escuridão.

Colocando a orelha na porta, Lucy ouviu qualquer indicação de


vida lá fora. Quando não ouviu vozes ou passos, ela abriu a porta e
saiu. O corredor estava escuro. A única iluminação era o único botão
no elevador. Tendo decidido subir as escadas, Lucy desceu o
corredor até a única outra porta que conseguiu encontrar.
Encontrando-a trancada, Lucy puxou um grampo do cabelo e tentou
pegá-lo na escuridão. Demorou alguns minutos e muita maldição
silenciosa, mas os gatilhos finalmente cederam.
O coração de Lucy estava batendo forte contra o peito e seu leão
estava se preparando para uma luta. Ela nunca lutou com ninguém
em qualquer forma animal, mas isso não significava que não
estivesse pronta. A escada estava escura, e por isso ela estava
agradecida. Isso lhe dava uma vantagem adicional se encontrasse
alguém no caminho. Quando Ramey a levou ao porão, ela não
prestou atenção em quantos andares eles desciam. Isso realmente não
importava, Lucy estava em forma e, se não estivesse, era uma shifter.
Sua resistência estava aumentada, e subir os degraus silenciosamente
não era problema. Depois de dez andares sem portas, Lucy chegou
ao que ela supôs ser o primeiro andar.

Uma luz fraca entrava pela pequena janela e Lucy espiou antes
de tentar a maçaneta. Quando ela não viu sinais de vida, ela girou a
maçaneta, rezando para que não estivesse trancada. Não estava, mas
assim que ela pisou no corredor, as sirenes tocaram, alertando
qualquer pessoa no edifício de sua presença. Sem saber para onde ir,
Lucy puxou a bunda para a direita. Gritos e passos seguiam em sua
direção, então ela fez uma rotação de 180 graus e se retirou em
direção à escada. Um amontoado de janelas se estendia pela parede
oposta, a aproximadamente vinte e cinco metros de distância. Lucy
correu para frente, chamando seu leão por velocidade extra.
Um tiro rasgou o ar e a dor explodiu em seu ombro. Lucy perdeu
a conta dos tiros disparados e o número de vozes gritando para
alguém impedi-la. Sem hesitar, Lucy mergulhou pela janela, rezando
a qualquer deus ou deusa que a ouvisse para que fosse de vidro
comum e não um policarbonato de alta tecnologia na qual ela
ricochetearia. Sua oração foi atendida, e Lucy saiu, sem se preocupar
com os cortes na pele exposta. Ela tinha outras coisas com que se
preocupar, como não estar no térreo. Lucy se viu caindo no ar. Antes
que ela tivesse tempo de mudar para a águia, seu corpo parou
rapidamente quando garras afiadas agarraram suas roupas.

O bater das asas a alertou para seu salvador. Ela tinha visto as
asas de Tamian e eram de couro cinza. Os da visão periférica eram
feitos de penas. Quem a tinha era um Hound. Embora ela preferisse
que fosse Tamian, ainda estava agradecida por alguém estar perto o
suficiente para pegá-la. Ela teria que agradecer-lhe quando ele se
transformasse, quem quer que fosse.

Lucy queria mudar para sua própria águia, mas a dor no ombro
a deixou hesitante. Se o dano correspondesse à dor, ela seria
pressionada a voar bem o suficiente para não cair no chão. Quando
as vozes e os tiros diminuíram, o Hound desceu e gentilmente a
colocou em pé. Ainda assim, Lucy caiu de bunda, com medo de que
suas pernas não a segurassem. Lucy olhou por cima do ombro a
tempo de ver Monk mudando de sua águia para sua forma humana.
Sem tentar esconder sua nudez, o Hound ajoelhou-se junto a Lucy,
passando as mãos sobre ela, procurando por ferimentos. Quando
seus dedos tocaram a bala, Lucy sibilou.

Monk assinalou para ela, mas suas mãos se moveram mais


rápido do que ela podia compreender o significado delas. Ela
aprendeu um pouco de linguagem gestual, mas não o suficiente para
seguir. — Não posso seguir tão rápido. Onde está o seu telefone? —
Ela perguntou. Na maioria das vezes, ele digitava as mensagens em
texto. Monk bufou e balançou a cabeça. Olhando em volta, ele
estudou a área. Segurando um dedo, ele partiu em direção à floresta,
deixando-a sozinha. Lucy fechou os olhos, respirando através da dor.
Ela não estava ao ar livre, mas não estava longe o suficiente na
floresta para se considerar fora de vista também. Galhos estalaram, e
Lucy se arrastou até uma árvore, fazendo o possível para se proteger
de qualquer um que estivesse em seu caminho. Monk reapareceu,
agora vestido e segurando o telefone na mão.

Ele estendeu o dispositivo, mostrando a mensagem que ele havia


digitado. — Tenho que tirar você daqui. Você pode se transformar?
— Posso tentar, mas não tenho certeza se posso voar. —Ele
estendeu a mão e a ajudou a se levantar. Lucy respirou fundo e
chamou sua águia. Por uma fração de segundo, ela pensou que seria
capaz de mudar, mas a náusea tomou conta de seu estômago, e sua
visão diminuiu. Olhando em frente, tudo ficou preto.

a moto de Spyder, deixando o homem no hotel para


esperar caso Monk voltasse. Nunca antes o silencioso Hound se
recusou a responder as mensagens de Ryker, então algo tinha
acontecido com ele ou ele se tornou desonesto. Se fosse esse o caso,
haveria um inferno a pagar. Enquanto seguia seu irmão mais novo,
Ryker pensou em sua conversa com o Rei Gárgula. Rafael Stone
parecia um homem razoável, e se Lucy escolhesse ficar com St.
Claire, suas vidas estariam entrelaçadas, pelo menos na periferia.
Ryker não era tão tacanho a ponto de não aceitar ajuda dos Gárgulas
quando se tratava de derrubar o Ministério.

Ambos tinham um objetivo comum, proteger os humanos. Não


havia regras estabelecidas, afirmando que não poderiam ajudar-se
mutuamente. Os Grifos faziam as coisas de maneira diferente, mas
Rafael parecia aceitar seus caminhos sem os denunciar por serem
mercenários. Os Hounds não matavam por matar, mas não
hesitavam em pegar a cabeça da cobra quando a oportunidade se
apresentasse. Nos últimos trinta e dois anos, os Hounds haviam
procurado o culto em toda parte. Os novos estavam sempre
aparecendo quando um era retirado, mas isso apenas fez com que ele
e sua família estivessem mais determinados a procurar e destruir.

Em vez de levar Ryker diretamente para o prédio onde Lucy


estava presa, Maveryck dirigiu até um pequeno parque e parou sua
moto ao lado de uma abandonada.

— Porque estamos aqui? —Ryker perguntou.

— O posto de Monk é por aquelas árvores logo ali. Lá de cima,


— Hawke apontou para um grupo de árvores altas, — você pode ver
a estrada que leva ao prédio. Se subir alto o suficiente, poderá ver o
próprio edifício. Como sua moto está aqui, ele tem que estar na área.
Ryker e Mav seguiram atrás de Hawke enquanto ele liderava o
caminho para a árvore onde eles vigiavam a área. Monk não estava
em lugar algum.

— Você não acha que ele fez algo estúpido, como ir atrás de Lucy
...

— Shhh, Ryker interrompeu Mav. — Droga, ele praguejou ao


som de tiros, e os três correram em direção ao som. Na beira da
floresta, eles pararam para tentar estabelecer o que estava
acontecendo. Eles estavam longe o suficiente para permanecerem
escondidos dos humanos, mas seus olhos de águia permitiam que
eles vissem sem ter que se aproximar. Vários homens estavam
gritando e olhando pela janela no segundo andar. Uma janela
quebrada. Ou alguém foi empurrado ou pulou.

— Certamente, por Zeus, Lucy não pulou, —disse Hawke,


olhando para o vidro quebrado ao lado do prédio quando ouviram
gritos.

— Preciso ligar para St. Claire, —Maveryck sussurrou.

— É melhor alguém encontrá-la! Você não precisa se preocupar em perder


o emprego, porque se ela não for encontrada, cuidarei para que cada um de vocês
acabe em uma porra de uma laje! —Um homem de terno escuro passeava
pelo térreo, onde mais homens procuravam na área. Aqueles que
estavam olhando pela janela desapareceram de volta para dentro.

— Não consigo imaginar que houvesse mais de uma como ela


que tivesse coragem o suficiente para pular de uma janela do segundo
andar. Porque diabos ela não nos esperou? —Mav perguntou.

Ryker acariciou sua barba enquanto examinava a área. — Lucy


provavelmente viu uma oportunidade e a aproveitou.
— Pensei que o Gargoyle disse que Lucy estava trancada, —
disse Hawke.

— Ele disse, mas Lucy é uma agente treinada, e mais, ela é uma
Grifo. Ela não está sem habilidades. Se ela conseguiu fugir,
provavelmente usou a sua águia, —lembrou Ryker.

— Isso ainda não explica onde Monk está. Ele deve ter ouvido a
comoção e saiu atrás dela.

— Então porque não está respondendo minhas malditas


mensagens? Mesmo que os dois se transformassem, ele sabe que não
deve deixar seu telefone e suas roupas para trás. Caso contrário, ele
estará inoperante quando voltar à forma humana.

— Não planejamos nos transformar e deixar a área. Nenhum de


nós tem nossas mochilas conosco, —disse Hawke. Ao longo dos
anos, os Hounds inventaram uma pequena bolsa com uma alça que
eles poderiam carregar em suas garras ou bicos quando precisavam
guardar suas roupas enquanto estavam na forma de Grifo. Andar nu
quando voltavam à forma humana não era propício a ficar longe de
problemas.

— Encontrei sangue, mas a trilha termina aqui, um dos homens gritou para
os outros. —Esses humanos não estavam vestidos como agentes.
Alguns usavam roupas comuns, enquanto outros vestiam roupas
militares.

— Merda! Isso tem que ser o sangue de Lucy. O próprio sangue


de Ryker ferveu ao pensar em sua sobrinha ser ferida nas mãos desses
humanos.

— Acalme-se, Ryot. Você sabe tão bem quanto eu que o poder


shifter vai cuidar dos ferimentos dela. —O uso de Maveryck do nome
de motoqueiro de Ryker o lembrou de quem ele era. Qual era o papel
dele. O homem que estava no comando. Aquele em que os Hounds
contavam para manter a cabeça nivelada em todas as situações.

— Se houver sangue suficiente para eles detectarem no escuro,


seus ferimentos não foram pequenos. E se ela foi baleada? —Ryker
começou a andar, seu leão implorando para se soltar. — Maldito
Monk, —Ryker amaldiçoou quando ele pegou o telefone e mandou
uma mensagem para o homem novamente. Quando a mensagem foi
entregue, mas não havia indicação de que havia sido lida, Ryker disse
a Mav: — Ligue para o Spyder e coloque ele rastreando o anel de
Lucy.

— Considere feito.
Enquanto seu irmão seguia as instruções, Ryker examinou a
área. Com os humanos se espalhando, alguns deles começaram a
caminhar em direção aos Hounds.

— Porra. Precisamos sair daqui. Não é necessário explicar


porque estamos nos escondendo nas sombras. Vamos voltar para as
motos e voltaremos quando a área estiver livre de ...

— Você não vai a lugar nenhum, —uma voz latiu atrás deles.
Ryker se virou, ficando cara a cara com um homem de aparência
normal.

— St. Claire? Eu ia ligar para você. Como nos encontrou? —Mav


perguntou, ainda segurando o telefone.

Então, este era o companheiro de Lucy. Seu muito irritado


companheiro. E ele não estava sozinho. De pé atrás dele estava
Rafael Stone, outro homem maior do que os dois Gárgulas, e uma
mulher ruiva. A raiva em seu rosto não diminuía sua beleza, nem as
roupas que ela usava. Parecia que ela pertencia a traseira de uma
moto. Ela lembrava a ele ... Não. Não estava indo por aí.

— Como eu te encontrei não importa, —Tamian fervia, trazendo


a atenção de Ryker de volta para o Gárgula. — O que importa é que
minha companheira pode estar machucada, e você não tem ideia de
onde ela está.
— Sei que você está chateado, meu garoto, mas nós precisamos
sair da área até que os agentes saiam, —insistiu o homem alto.

Este era o pai dele, o Rei italiano? Eles não se pareciam em nada,
então era possível que ele parecesse com sua mãe.

— Não vou a lugar nenhum até obter algumas respostas, —


respondeu Tamian.

A mulher parou na frente de Tamian e abaixou a cabeça para


que pudesse pousar suas testas juntas.

— Tam, vamos encontrá-la, —ela sussurrou.

Quem era essa mulher que se sentia descarada o suficiente para


tocar St. Claire intimamente? Se Lucy deveria ser sua companheira,
ele não deveria estar empurrando essa mulher? Ele achava que estava
tudo bem ter outras amantes até que ele e Lucy estivessem juntos?
Nesse caso, essa merda não seguiria.

Tamian agarrou seus braços e beijou sua bochecha antes de se


afastar. — Você está certa, eu a encontrarei, —ele jurou enquanto
puxava a camiseta sobre a cabeça. Ela estendeu a mão e pegou a
camisa dele, torcendo o algodão nas mãos. Com isso, um grande
conjunto de asas se abriu atrás do Gárgula, e ele se lançou no ar.

Hawke assobiou baixo. — Bem, isso foi impressionante.


— Vamos lá. Vamos voltar ao hotel e elaborar um plano. —
Rafael encorajou. Pelo olhar em seu rosto, ele não estava menos
chateado que os outros, mas parecia que o Rei sabia controlar melhor
suas emoções. Ninguém discutiu com Rafael, e todos o seguiram até
o estacionamento onde um SUV grande estava estacionado ao lado
das motos. A ruiva entregou as chaves para o homem maior, com
Rafael subindo atrás, onde Kaya, sua Rainha, estava esperando por
ele.

A mulher montou em uma das motos e disse: — Nós o


seguiremos de volta ao hotel. —Garras longas se estendiam das
pontas de seus dedos, e ela apontou uma na direção deles. — Nem
pense em tentar nos despistar, porque se o fizer, eu o seguirei até os
confins da terra, e quando eu te pegar, vou cortar suas bolas.

Depois de colocar o capacete e dar a partida na motocicleta,


Maveryck murmurou: — Acho que estou apaixonado.

Os Hounds montaram suas próprias motos e foram direto para o


hotel com o SUV seguindo a uma distância segura. A fêmea andava
na grande moto como se tivesse nascido nela. Quando eles chegaram
e estacionaram, Ryker esperou que Rafael e os outros saíssem do
veículo.
— Sigam-me, —instruiu a ruiva, sem se preocupar em esperar
por uma resposta. Ninguém mais falou até que estivessem em uma
suíte semelhante àquela em que Ryker encontrou seu irmão e os
outros Hounds.

Assim que a porta foi fechada, Rafael levou Kaya para o sofá,
onde ficaram sentados um ao lado do outro. O homem maior estava
ao lado da porta com os braços cruzados sobre o peito. A mulher foi
até o balcão, onde várias garrafas de bebidas estavam armazenadas.
Ela não lhes ofereceu uma bebida. Em vez disso, deu um longo gole
e depois limpou a boca nas costas da mão. — Por que caralho você
não nos ligou? —Ela perguntou.

Ryker estreitou os olhos para ela, mas em vez de se intimidar,


ela o fulminou com o olhar de volta para ele.

— Senhores, gostariam de nos informar sobre o que sabem? —


Rafael perguntou, tentando quebrar a tensão.

Ryker alisou sua barba antes de se instalar na poltrona em frente


a Rafael e sua companheira. — Juro para você, não sabíamos no que
estávamos entrando quando chegámos na floresta. Quando cheguei
ao hotel, Monk não estava respondendo minhas mensagens.
Sinceramente, pensei que ele estava sendo idiota e me ignorando,
então fui lidar com isso pessoalmente. Pouco depois de chegarmos,
ouvimos o último tiro e os gritos começaram. O plano era voltar aqui
com ele a reboque, e foi aí que você apareceu. Se Monk sentisse que
Lucy estava em perigo, ele teria feito o que fosse necessário para tirá-
la da área. Além disso, você sabe tanto quanto nós.

— Esse é o filho da puta que gosta de Lucy? —A ruiva


perguntou.

— Andrea, —o homem na porta repreendeu.

— Não, Vitto. Estamos falando da companheira do meu irmão.


Você sabe tão bem quanto eu como essa merda fica complicada, e
todos tomam partido até que estejamos brigando e não realizando
nada. Do meu ponto de vista, precisamos chegar a Lucy antes de
Tam. Se ele a encontrar com Monk, não há como dizer o que ele
fará.

— Você está dizendo que seu irmão matará Monk? —Ryker


sibilou.

— Estou dizendo que, se você não tem uma companheira, não


pode entender como é. A força que atrai Tamian e Lucy um para o
outro será forte, mesmo que não tenham completado oficialmente o
vínculo.
— Ela não está errada, —disse Kaya. — Quando conheci Rafael
não conseguia ficar longe dele, por mais que tentasse. Mesmo antes
de concluirmos nosso vínculo, eu teria passado pelo inferno e voltado
por ele.

— E você o fez, —Rafael sussurrou antes de puxar a mão dela


para a boca e colocar um beijo suave em seus dedos.

— E o rastreador que você colocou em Lucy, —disse Andrea,


colocando-os de volta à tarefa.

— Como você sabe sobre o rastreador? —Mav perguntou,


puxando o telefone do bolso.

— Lucy contou a Tamian. Você já tentou localizá-lo? —Ela


perguntou.

Maveryck suspirou, passando a mão pelos longos cabelos loiros.


— Spyder disse que está estático bem do lado de fora do laboratório.
Ela deve ter deixado cair quando se transformou.

— Se ela se transformou, —disse Ryker. — Os agentes que


procuravam por ela encontraram sangue. Se isso foi suficientemente
substancial, eles podem tê-lo rastreado no escuro, deve ter havido
muito disso. Se for esse o caso, Lucy pode ter ficado presa em sua
forma humana.
— Como nem Lucy nem Monk estavam na área, precisamos
assumir que ele a colocou em segurança. Para onde ele a teria levado?
—Rafael perguntou.

Ryker rolou a cabeça nos ombros, parando para olhar o teto. —


Eu não sei. —Quando ele encontrou o olhar de Rafael, ele prometeu:
— Mas vou descobrir. De uma forma ou de outra.

estava sentado em um bar junto ao oceano com Audrey, a


loira com quem ele planejava se acasalar, e sua amiga Lacy. As duas
mulheres riram e flertaram com ele, mas foi Lacy quem mencionou
descaradamente se reunir com Drago mais tarde naquela noite.
Audrey lançou um olhar para ele, sorrindo timidamente e olhando
para o outro lado. Ele não se importava que ela se fizesse de difícil.
Ele gostava bastante. A perseguição tornava a caçada ainda mais
interessante. Mas precisava ficar a sós com ela, sem que a amiga
avançada estivesse entre eles. Ele aprendeu ao longo dos anos como
os humanos tendiam a dar um passo atrás se o amigo deles quisesse
a mesma coisa que eles. A honra era rara, mas parecia que Audrey
se sentia assim em relação à outra mulher.
Criando um plano, ele pediu licença para ir ao banheiro. Quando
as mulheres estavam fora do alcance da voz, Drago ligou para Arden
e explicou o que ele precisava. Vinte minutos e uma nova rodada de
bebidas depois, Arden saiu para o deck do bar onde estavam
sentados.

— Se importa se eu me juntar a vocês? —Ele perguntou, sentado


no assento que Drago se certificara de deixar vago ao lado de Lacy.

Ambas as mulheres voltaram sua atenção para o outro homem.


— Senhoras, este é meu parceiro de negócios, Arden. Arden, Lacy e
Audrey.

Arden sorriu para Audrey, cumprimentando-a e depois deu sua


atenção total a Lacy. Ele levantou a mão dela e beijou os nós dos
dedos. A morena riu e golpeou os cílios como uma má atriz em um
filme romântico ainda pior. Não que Drago assistisse a tantos
romances ruins, mas vivendo tanto quanto os Gárgulas viviam, eles
estavam fadados a ficar entediados em algum momento. Com Lacy
não disputando mais seu afeto, Drago passou as pontas dos dedos
pelo braço de Audrey e sorriu quando ela estremeceu.

— Conte-me sobre você, —ele encorajou, aproximando sua


cadeira da dela para que seu joelho nu roçasse no dela. Drago nunca
tinha estado tão atraído por uma mulher antes. Claro, ele tinha
dormido com centenas, mas nenhuma tinha significado nada além
de liberação. Ele sempre ia para a casa delas para que pudesse sair
depois que fodessem.

— Vamos ver. Sou de uma pequena cidade do Alabama . Meus


pais são donos de uma creche e eu administro a loja de flores. Gosto
de ler. —Audrey deu de ombros, olhando para baixo. — E sou
bastante chata.

— Duvido disso. O que te trouxe para a praia? Está de férias?

Audrey se contorceu em seu assento, passando o dedo pela borda


do copo, que segurava alguma mistura frutada. — Uh, não
exatamente. Meu marido me mandou uma mensagem dizendo que
queria o divórcio. Então, arrumei suas coisas, coloquei-as do lado de
fora, troquei as fechaduras e decidi fugir enquanto ele voltava para
pegar suas coisas.

Audrey era casada? E o idiota mandou uma mensagem para ela


que queria o divórcio? Que tipo de perdedor fazia algo assim? Um
covarde. A besta de Drago o encorajou a pegar o nome do cara e

Alabama é um dos 50 estados dos Estados Unidos, localizado na região sudeste do


país. Alabama limita-se ao norte com Tennessee, ao sul com o Golfo do México e com a Flórida, a leste com a Geórgia e a oeste com
Mississipi.
bater nele. Era evidente que Audrey se sentia mal com a situação.
Ele precisava avançar com cuidado. Ela poderia ser sua
companheira, mas se ela fosse uma mulher honrada, talvez não
cedesse ao desejo de ficar com Drago enquanto estivesse casada.
Fazia muito tempo que Drago havia sido outra coisa além do
guerreiro endurecido que Alistair exigia de todos os seus homens.

— Qual é o nome do seu marido?

— Porquê? —Audrey perguntou, olhando nos olhos dele. Os


castanhos dela puxaram pelo dele, puxaram por um coração que
pensou estar morto há muito tempo.

— Porque prefiro dar um nome a um homem quando o


amaldiçoo por sua estupidez.

— Oh. Bem, o nome dele é Burt. —Audrey já havia oferecido


seu sobrenome na conversa anterior e agora Drago tinha o nome
completo do humano. Burt Hughes. Não importava porque ele
queria o divórcio. Do jeito que fez isso mostrou que não era digno de
respirar o mesmo ar que Audrey. Drago faria alguma investigação e
encontraria esse humano imbecil. O mundo estaria melhor sem ele.
Empoleirado em um galho bem acima dos
homens, ele observou enquanto eles procuravam na área por sua
companheira. Enquanto esperava que desistissem, ele chamou Lucy
em sua mente. Ele não recebeu resposta, e sua besta se enfureceu por
dentro para que caísse no chão e despedaçasse os humanos. Os
Gárgulas deveriam proteger os humanos, não rasgá-los em pedaços,
mas eles haviam atirado em Lucy. Se ela pulou da janela, isso
significava que eles atiraram nela por trás enquanto ela estava
correndo por sua vida. Malditos covardes. Talvez devesse deixar a
besta solta.

Sim!

Ainda não. Não podemos piorar a situação, causando mais destruição à


cena.

Podemos nos livrar deles de outra maneira.

Há muitos deles. Se houvesse apenas dois humanos, Tamian


poderia pedir que fossem embora, mas ele contou dezessete. O vice-
diretor Phil Ramey ainda não parara de gritar suas ameaças. Se
algum deles fosse sentir a ira da besta de Tamian, seria ele. Ele era
responsável por essa tempestade de merda, e Tamian cuidaria para
que o homem pagasse. A vida atrás das grades era o que ele merecia,
mas Tamian não correria o risco do homem ser libertado, ou pior,
nunca ir para a prisão.

A fera o cutucou novamente. Sinto o cheiro da nossa


companheira.

Qual caminho?

Para o oeste. Está fraco, mas eu a cheiro.

Tamian inalou profundamente e sentiu o cheiro. Ele fez o seu


caminho através das copas das árvores, seguindo o cheiro de cobre
junto com outro perfume familiar, Monk. Por mais furioso que
Tamian estivesse por sua companheira não estar mais na área,
Tamian agradeceu aos deuses que não estava sozinha. O Hound
estava lá para cuidar de Lucy, e se o que Rafael disse fosse verdade e
o homem se importasse com Lucy, ele faria o que fosse necessário
para mantê-la segura e cuidar de sua ferida.

À medida que cada agente se afastava do prédio, Tamian


esperou até que pudesse encontrá-los sozinhos e pediu que
desistissem da busca. Um a um, ele os mandou embora até haver
apenas um punhado de homens fazendo o que Ramey instruiu.
Quando Ramey finalmente percebeu que os outros haviam
desaparecido, Tamian pensou que tinha visto o pior de sua ira. Ele
estava errado. Ramey puxou a arma do coldre e disparou um após o
outro até que fosse o único a restar de pé. Antes que Tamian pudesse
alcançá-lo, Ramey correu para o Mercedes e dirigiu para longe.

Por mais que quisesse revistar o prédio, Tamian não podia correr
o risco de ser pego nas câmeras de segurança. Observando bem o
lado de fora, viu equipamentos de vigilância montados em cada
canto. Puxando o telefone, Tamian discou para Julian.

— Ei Irmão. O que posso fazer para você?

— Estou mandando uma mensagem para você com as


coordenadas do laboratório. Existem câmeras do lado de fora do
prédio, e preciso que trabalhe com a sua magia e garanta que o
feed não foi destruído. O chefe de Lucy acabou de assassinar seis
homens, e se ele chegar a quem quer que esteja trabalhando na
vigilância, podemos perder a evidência do que fez.

— Merda, Tamian. Ok, tenho as coordenadas e as conectando agora.


Lucy está bem?
— Não sei. Não sei o que exatamente aconteceu antes de eu
aparecer, mas parece que ela pulou de uma janela e desapareceu.

— Santos deuses. Você está bem? —Julian perguntou enquanto


seus dedos voavam pelo teclado. — Risca isso. Sei que não está. Se
alguém entende o que você está passando, sou eu.

Tamian não podia discutir. Todos do Clã que haviam


encontrado recentemente suas companheiras havia lidado com um
evento traumático após o outro.

— Por que não podemos simplesmente encontrar nossas


companheiras e entrar facilmente em uma vida de amor,
felicidade e muitos bebês?

— Acho que o destino quer que valorizemos mais o que temos.


Passar por toda essa merda nos faz ficar muito mais ligados, —
respondeu Julian.

— O destino pode se foder no que me diz respeito.

Julian riu enquanto digitava. Tamian acreditava que Julian era


um dos maiores ativos do Clã. — Consegui. Estou baixando o feed e,
como finalmente conheço a localização do laboratório, também estou
usando as câmeras dentro do prédio. —Tamian permaneceu calado
enquanto Julian trabalhava. — Santo inferno, Irmão. Isso é uma merda
de filme B de horror e ficção científica. É nisso que sua companheira
estava trabalhando?

— Se parece com o laboratório do Dr. Frankenstein, então sim.


O pior é que Lucy encontrou o mesmo tipo de horror em um
quarto secreto embaixo de sua casa.

— Queridos deuses. É nós aqui pensando que Flanagan era um


monstro quando criou os Profanos. Pelo menos ele recrutou participantes
dispostos.

— Essa e a razão pela qual precisava que você obtivesse todas


as provas contra o chefe dela, por acaso não tem som nesses
vídeos, tem?

— De fato, tem. Estou baixando tudo o que posso. Também cortei o


feed por dentro e por fora, para que você possa andar livremente sem que
ninguém o capture em vídeo. Agora, vamos apenas esperar que sua
companheira seja inteligente o suficiente para mencionar que ela estava
lá sob coação.
— Vamos apenas esperar que eu possa encontrar minha
companheira. Estamos quase seguros de que um dos Hounds a
pegou e a ajudou a escapar da área.

— Quase seguros? Você não parece satisfeito com isso.

A besta de Tamian rosnou. — Não estou. O homem tem uma


queda por Lucy. Pelo bem dele, é melhor ele cuidar dos
ferimentos dela e nada mais.

— E a saga continua. Tenha fé, Irmão. Mesmo que o Hound goste


de Lucy, ela não vai deixar que isso atrapalhe o que você tem com ela.

— Nós não temos nada. Ainda não. Um encontro comigo


disfarçado de vizinho e algumas conversas mentais.

— Se você pode falar com ela em seus pensamentos, o vínculo já é


forte. Lembre-se disso e, novamente, tenha fé em Lucy.

— Farei o meu melhor. Mais uma vez obrigado por tudo,


Julian. Quando tudo isso acabar, mandarei você e Katherine para
o chalé na Itália para umas boas férias.

— Isso parece um acordo. Agora, vá encontrar a sua companheira.

Quando o telefone desligou, Tamian fechou os olhos e deixou a


imagem de Lucy entrar em sua mente. Ela dizendo que queria dar
uma chance a eles tomou conta dele, cobrindo-o com um pingo de
paz.

Lucy? Você está aí, querida?

Tam ... Tamian ... Ow!

Lucy? Lucy!

Tamian não conseguiu segurar o rugido quando seu animal


expulsou a angústia.

amaldiçoou quando perdeu a conexão com Tamian, mas a


agulha atravessando seu ombro enquanto Monk a costurava era
dolorosa, para dizer o mínimo. Ela mal conseguia permanecer
consciente. Ela não tinha ideia de onde estavam ou como ele havia
encontrado o equipamento necessário para cuidar do ferimento da
bala. Assobiando pela agonia, ela tentou o seu melhor para entrar em
contato com Tamian, mas seu cérebro estava muito focado na dor.

Algo molhado e ardente espirrou sobre a ferida e os puxões


começaram de novo. Ela não conseguia erguer a cabeça para ver o
que estava acontecendo. Monk era um borrão, o que dizia que devia
ser ruim se a águia não podia mostrar claramente o macho. Outra
onda de náusea tomou conta dela, e Lucy não lutou contra isso.
Monk a virou de bruços, a cabeça pendendo sobre a cama para que
ela pudesse vomitar no chão. Um pano frio e úmido encontrou sua
testa e a parte de trás do pescoço. Por mais que ela apreciasse o
cuidado que ele estava lhe dando, Lucy desejava que houvesse mais
alguém lá com ela, onde quer que estivesse.

— Monk ... —Lucy sabia que ele não podia falar com ela, e não
seria capaz de entender se ele assinalasse para ela, então decidiu
economizar suas forças. Quando ele terminasse de consertá-la, ela
lutaria contra a dor e o enjoo para obter algumas respostas.

Na próxima vez que Lucy acordou, ela tentou olhar em volta,


mas a sala estava envolta em trevas, exceto por uma luz fraca vinda
de outra sala. Concentrando-se em seu corpo, a dor em seu ombro
havia diminuído em uma dor maçante. As pequenas alfinetadas em
todo o rosto ainda estavam lá, onde o vidro havia estilhaçado quando
ela mergulhou. Se pudesse mudar para o Grifo, os ferimentos se
curariam mais rapidamente, mas ela não queria ficar nua na frente
de Monk quando voltasse à forma humana. Falando no homem,
Lucy levantou a cabeça para ver onde ele estava.
Quando não o encontrou na sala, Lucy olhou ao redor. Ela
estava em uma cama macia e com cheiro de mofo em um pequeno
quarto. As paredes eram feitas de toras de pinheiro, e ela imaginou
que estava em uma espécie de cabana. O que uma cabana estava
fazendo em Nova DC? Ela ainda estava na cidade? Lutando contra
a fraqueza, Lucy usou o braço bom para se levantar. Passos soaram
contra o piso de madeira na outra sala. Sete passos, uma pausa,
depois mais sete. O som se repetiu, então Monk estava andando para
lá pra cá pelo chão.

A sede e a fome anularam a dor em seu corpo, então Lucy tentou


se levantar. Assim que seus pés bateram no chão, Monk estava lá na
porta, seu corpo grande bloqueando a luz. Segundos depois, ele
estava ao seu lado, seu braço forte em volta da cintura dela. Quando
a mão dele encontrou sua carne, ela olhou para baixo e viu que estava
apenas de sutiã e calcinha. Realisticamente, ela sabia que ele tinha
que remover suas roupas para cuidar de seus ombros, mas isso
exigiria apenas que ele removesse sua jaqueta e blusa.

— Onde estão minhas calças? —Ela exigiu. Mesmo sem muita


luz, ela podia ver Monk corar. Talvez fosse o calor que ela sentia
indicando que ele estava envergonhado.
— Me solte, —ela disse, tentando se afastar de suas mãos. Ele
firmou seu aperto antes de pegá-la e carregá-la para o próximo
quarto. Ela não teve escolha a não ser esperar. Monk colocou-a
gentilmente em um sofá velho e a cobriu com uma manta de crochê.
Lucy puxou a coberta até ao queixo, escondendo-se dos olhos dele,
que estavam focados em seu peito. O movimento tirou o homem de
seu olhar, e seus olhos encontraram os dela.

— Onde estamos? Onde estão minhas calças? Você entrou em


contato com Mav? Como chegamos aqui? Onde você conseguiu os
materiais para costurar minha ferida? Como você soube fazer isso?
Fale comigo, droga! —Monk começou a assinalar, e Lucy soltou um
suspiro. Ele sabia que ela não conseguia entendê-lo quando ele se
comunicava dessa maneira. — Pare! Envie-me suas respostas por
mensagem.

Em vez de pegar o telefone, ele levantou as mãos, as palmas das


mãos vazias. — Por favor, me diga que você tem o seu telefone, —
ela implorou. Quando ele negou com a cabeça, ela disse: — Droga!
Temos que dizer aos outros onde estamos!

Uma sombra escura cruzou o rosto de Monk antes que virasse as


costas para ela e seguisse até a cozinha. Monk abriu a torneira e
encheu um copo com água, trazendo-o para ela. Lucy bebeu
avidamente, o líquido derramando pelas laterais do copo e pelo
queixo. Quando o copo estava vazio, ela estendeu para ele.

— Mais. Ele o encheu novamente e, desta vez, ela bebeu mais


devagar. Seu estômago não estava satisfeito, mas ela mordeu a bílis
enquanto isso tentava subir para a garganta.

Enquanto ela apreciava estar longe do laboratório, Lucy não se


sentia muito mais segura em sua situação atual. Estava só Zeus sabia
onde com um homem com quem ela não podia se comunicar. Sua
família confiou nele a segurança dela, mas eles não estavam lá. Eles
não sabiam onde ela estava, tanto quanto Lucy sabia. Se ela não
tivesse acordado praticamente nua, não se preocuparia tanto.
Respirando fundo, calmamente, Lucy olhou para Monk e perguntou:
— Existe algum papel por aqui onde você possa pelo menos me
escrever uma anotação?

Monk hesitou antes de procurar na pequena cabana. Tinha que


haver alguma maneira de deixar sua família e Tamian saber onde ela
estava. Eles colocaram o rastreador em seu anel, mas quando
colocou a mão na frente dela, ela soltou um estremecimento suave.
Não estava lá. Ela estava usando quando fugiu do laboratório, mas
se tivesse se transformado em algum momento, isso teria caído. Lucy
lembrou-se vagamente de tentar se transformar depois de levar um
tiro, mas o que aconteceu depois era um borrão.

Seus olhos ficaram pesados esperando que Monk encontrasse


um pedaço de papel, e Lucy lutou contra o sono, mas os eventos da
noite foram demais. Ela não queria ficar mais vulnerável do que já
estava, mas se Monk fosse tirar vantagem, ele já teria feito isso.
Sucumbindo à atração, Lucy rolou para o lado, certificando-se de
que a manta a cobrisse completamente.

sob controle, Tamian vasculhou a área. Ele começou


na base do prédio abaixo da janela quebrada e seguiu o sangue.
Quando alcançou a última gota perceptível, seu próprio sangue
gelou. As roupas de Lucy estavam no chão. Tamian se ajoelhou e
pegou sua blusa manchada de vermelho. Trazendo-a ao nariz, ele
inalou profundamente. Empurrando o perfume acobreado,
ignorando o desodorante floral, ele encontrou o que procurava, a
essência de Lucy. Era sutil, mas estava lá. Ele se agarrou a isso para
não perder a cabeça, sabendo que sua companheira estava em algum
lugar com apenas suas roupas íntimas. A única explicação que ele
aceitaria era que ela havia tirado a roupa para poder se transformar.
Qualquer outra coisa e a fera assumiriam o controle.

Antes que ele se levantasse, algo brilhante chamou sua atenção.


Um anel de ônix estava meio escondido debaixo do paletó. Ele
deslizou no dedo mindinho. Era um ajuste apertado, mas não o
deixou para trás. Em algum lugar sua companheira estava sem
roupa, e isso não era aceitável. Em vez de levar seu traje arruinado,
Tamian foi até o prédio. Ele estendeu seus sentidos shifter para se
certificar de que não havia mais humanos na área. Uma vez lá
dentro, ele encontrou a porta da escada e começou a descer. Quando
chegou ao porão, o cheiro de Lucy era forte.

Quando ele atravessou a porta do laboratório, Tamian congelou


do lado de dentro. Ouvir o comentário de Julian sobre o que Lucy
havia suportado era uma coisa, mas ver era outra. Ramey havia
submetido Lucy às atrocidades. Se Tamian não estivesse pronto para
estripar o humano antes, a visão diante dele confirmava sua
determinação. Primeiro, ele tinha que encontrar Lucy, e isso
significava levar roupas com ele. Quando a encontrasse, e o faria,
Tamian a esconderia do mundo, inclusive de sua família, até que
tivesse certeza de que ela estava segura. Ao entrar em seu
apartamento, Tamian fez um rápido trabalho de arrumar sua
mochila com todas as roupas e produtos de higiene pessoal que
cabessem dentro.

Quando ele encontrou o que parecia um telefone descartável,


Tamian hesitou. Se era assim que Lucy contatava sua família, ele não
tinha certeza se queria que ela o tivesse. Não que ele não confiasse
nela, mas não queria que ela contatasse sua família pelas suas costas.
Deixando isso, não havia mais nada que ele precisasse da sala.
Tamian não se demorou quando saiu do laboratório e subiu correndo
as escadas.

Uma vez lá fora, ele voltou para onde as roupas dela haviam sido
deixadas. Ele chamou seu shifter para ajudá-lo a encontrar o perfume
que ela deixou para trás. Quando o perfume acabou, ele continuou
na direção em que andava. Enquanto passava pelas árvores, ele
chamou Lucy e os deuses para que ela respondesse seus pedidos.
Parando a cada vinte metros para se concentrar, Tamian também
tentou pensar como o Hound faria. Se ele estivesse ajudando Lucy,
ele a teria levado de volta ao hotel. Tessa já havia mandado uma
mensagem de texto que eles não estavam lá, e os Hounds não sabiam
onde estavam. Monk tinha saído do radar com a companheira de
Tamian.
Como esse era o caso, Tamian mudou de ideia para algo que não
queria contemplar. Se ele tivesse uma mulher que ele queria cuidar
mas escondê-la ao mesmo tempo, para onde ele iria? Em algum lugar
remoto, mas em algum lugar onde pudesse cuidar de seus ferimentos.
Como o sangue não estava mais pontilhando o chão, Monk havia
encontrado uma maneira de estancar o fluxo, ou ... Tamian olhou
para cima, imaginando uma grande águia voando no céu, na
escuridão, carregando sua companheira. Ele não sabia o suficiente
sobre os Grifos para avaliar se suas águias eram capazes ou não de
se deslocarem feridas.

Apenas no caso dos outros terem feito contato com Lucy ou


Monk, Tamian pegou o telefone e ligou para Tessa.

— Tam, você a encontrou? O anel dela está se mexendo, mas não


fica longe do laboratório.

— Não. Encontrei o anel dela, então sou eu quem você está


rastreando. —Tamian não queria que os outros seguissem seus
movimentos, especialmente depois que encontrasse Lucy. Ele
examinou a joia enquanto falava. — Presumo que você esteja aí
com os Hounds, já que sabe do anel. Preciso que você pergunte a
eles se Lucy seria capaz de mudar com um ferimento.
— Nós já discutimos isso. Se a lesão foi pequena, então sim. Se foi
grave, provavelmente não.

— Monk em sua forma de águia seria capaz de carregar o


corpo dela, se ele precisasse?

— Sim. Como Ryker explicou, o Grifo é um pouco maior que um


leão adulto. Se voar em forma de águia, eles geralmente permanecem com
o tamanho normal, mas se precisam ficar maiores, digamos, transportar
um humano, podem aumentar seu tamanho de acordo. Ryker já enviou
Hawke e Spyder para procurá-los. Se você vir duas águias circulando no
alto, elas estão do seu lado.

— Se eles puderem me ajudar a encontrar Lucy, tanto melhor.


Pensei que Ryker e Maveryck também estariam aqui procurando.

— Eles estão indo para o aeroporto e a estação de trem enquanto o


tio Vitto vai para o terminal de ônibus. Estou monitorando os hospitais
para que Julian possa continuar fazendo o que você pediu. Nós vamos
encontrá-la.

— Sim, eu vou. E quando eu fizer isso, a levarei a algum lugar


seguro.
— Não tenho dúvida de que você o fará. Mantenha seu telefone à
mão. Se algum de nós os encontrar ou algo que leve aonde estão, eu ligo
para você.

— Obrigado, Andi. Eu te amo.

— Amo você também.

Tamian colocou o telefone no bolso de trás da calça jeans.


Estudando o anel de Lucy, não demorou muito para encontrar o
minúsculo rastreador. Depois de removê-lo e soltá-lo, ele o moeu na
terra. Quando deslizou o anel de volta para o dedo mindinho,
Tamian virou o olhar para cima. Grato pelas nuvens, ele soltou suas
asas e se lançou nas copas das árvores. Sabendo que Lucy voara por
sua própria vontade ou fora carregada pela águia de Monk, Tamian
agora tinha algo para continuar. Ele chamou sua besta pela força e
atenção que precisavam para detectar a direção que Lucy havia
seguido. Ele não desistiria até chegar a sua companheira.
sabia que estava sozinha. A cabana
estava silenciosa por dentro, enquanto os pássaros cantavam um para
o outro lá fora. Envolvendo a manta em volta dela, ela se levantou
do sofá e foi direto para a geladeira. Depois de limpar seu sistema na
noite anterior, Lucy estava com fome. Seus ombros caíram quando
não encontrou nada comestível além de garrafas de ketchup e
mostarda. Restavam três cervejas de um pacote de seis, e Lucy se
perguntou se pertencia aos proprietários da cabana ou se Monk havia
encontrado uma loja nas proximidades. Se arriscando, ela abriu as
poucas portas do armário apenas para encontrá-las vazias também.

Lucy precisava descobrir onde estava, então abriu a porta da


frente e saiu para a varanda robusta. Estava cercada por árvores por
todos os lados. Um caminho gasto conduzia pela floresta. Para onde,
ela não sabia, mas se estivesse com roupas, ela descobriria. Voltando
ao quarto, Lucy abriu a porta à direita, encontrando um banheiro
pequeno. Ela não precisava fazer xixi, mas abriu a torneira e
enxaguou a boca, usando o dedo para escovar os dentes da melhor
maneira possível, sem pasta de dente. Sua boca estava rançosa por
vômito e sono. Quando ela abriu a porta à esquerda, encontrou um
armário quase vazio. Uma jaqueta de camuflagem estava pendurada
em um gancho e um rifle estava apoiado na parede oposta. Lucy
verificou o rifle, encontrando-o sem munição. Ela voltou a colocar a
arma onde estava e fechou a porta.

A menos que quisesse enfrentar o ar livre em nada além de uma


jaqueta muito grande para ela, ela estava presa esperando Monk
retornar ou Tamian a encontrar Aproveitando o silêncio, estendeu os
sentidos para ele.

Tamian, você está aí?

Lucy! Oh deuses, querida. Você está bem?

Estou bem, além de não ter ideia de onde estou.

Monk está com você?

Não. Ele estava aqui quando adormeci, mas ele se foi agora.

Ele ...?

Não. Tamian, estou bem. Ele costurou meu ombro.

Você pode descrever onde está? Você tem alguma ideia para onde ele a
levou ou a direção?
Não me lembro do que aconteceu depois que fui baleada. Acordei quando
Monk estava me costurando. Tudo o que sei é que estou no que parece ser uma
cabana de caça na floresta, cercada por árvores. Há um caminho que sai daqui,
mas como não tenho roupas, prefiro não andar pela floresta.

Se ele tocou em você de outra maneira, além de cuidar de suas feridas, eu


rasgarei o membro do bastardo.

Por mais que seu ciúme aqueça meu coração, vamos nos preocupar com
você me encontrando. Perdi meu anel em algum momento, então a família não
pode me rastrear.

Eu tenho seu anel. Também tenho algumas roupas para quando eu te


encontrar. E vou te encontrar, querida.

Em que direção você está viajando?

Oeste, porquê?

Tenho uma ideia. Vou tentar mudar para a minha águia. Acho que tentei
depois de levar um tiro, mas a bala me impediu de ter sucesso. Espere, estou
andando do lado de fora.

Lucy largou a manta. Se pudesse mudar, encontraria Tamian,


que tinha roupas para ela. Se não pudesse, pelo menos tinha a roupa
de baixo para cobri-la. Chamando seu animal, Lucy respirou fundo
e permitiu que a mudança fluísse sobre ela. Ela se encolheu com a
dor no ombro, mas agora estava no chão, um metro mais baixo do
que antes.

Consegui. Tamian? Merda. Ela não podia falar com ele na forma
de sua águia. Voltando, ela tentou novamente.

Tamian?

Estou aqui.

Não posso falar com você em forma de águia. Vou mudar de volta e voar
para o leste até encontrar você ou uma cidade onde possa lhe dar minha
localização.

Excelente, querida. Vejo você em breve. E Lucy, por favor, tenha


cuidado.

Eu vou.

Lucy estava tão envolvida em seu plano que não ouviu Monk
retornar. Assustada, ela cobriu o corpo da melhor maneira possível.

— Vire-se, —ela exigiu. Os olhos dele caíram sobre o corpo dela,


a luxúria brilhando atrás deles. — Eu disse, vire-se, droga.

Os lábios de Monk se voltaram para baixo e a tristeza substituiu


o calor em seu olhar. Foi então que ela notou as sacolas nas mãos
dele. O aroma de bacon encontrou seu nariz e seu estômago roncou.
Ela precisava chegar a Tamian, mas Lucy decidiu que comer alguma
coisa antes de decolar, não faria mal nenhum.

— Se você encontrou o café da manhã, deve haver uma cidade


por perto. Você ligou para Mav e o deixou saber onde estamos?

Sem olhar para ela, Monk assentiu uma vez antes de passar por
ela na cabana. Lucy vestiu a calcinha e o seguiu, pegando a manta e
prendendo-a como uma toalha em volta do corpo.

— Você não me arrumou nenhuma roupa, não é?

Suas bochechas coraram e ele balançou a cabeça. Lucy


aproveitou a oportunidade para ver as feições de Monk. Ele era
bonito de uma maneira áspera, com o cabelo cortado curto. Uma
cicatriz que ela nunca havia notado antes estava principalmente
coberta por sua barba. Quando ele se virou para olhá-la, olhos
dourados brilhavam com tantas emoções que ela teve que desviar o
olhar. Ficou claro que ele a queria, mas ela não retornava seus
sentimentos. Ele era um dos Hounds, mais como um tio honorário.
Ela nunca olhou para ele de outra maneira. Nunca lhe deu nenhuma
indicação de que estava interessada. Pelo menos, ela não achava que
tinha.
Eu escolho Monk. Suas palavras voltaram com força total. Mas ele
não estava em sua casa quando ela falou sobre sua escolha de guarda-
costas. Era possível que Hayden ou Kyllian tivessem dito algo na
frente do homem para fazê-lo acreditar que a escolha dela se baseava
em algo que não fosse sua reserva tranquila. Ela o escolheu para não
ter que aturar a existência autoritária de seu tio em sua casa. Lucy
abriu um dos recipientes de isopor e tirou o garfo de plástico da
embalagem.

— Obrigado. Isso parece delicioso. —Sem olhá-lo, ela não


conseguia ver se ele respondeu ou não.

Enquanto mastigava, estendeu seus sentidos para Tamian.

Tamian?

Está tudo bem?

Sim. Monk voltou com o café da manhã antes que eu pudesse mudar. Isso
significa que há civilização por perto. Vou comer alguma coisa, para recuperar
um pouco de energia e depois decolar. Avisarei quando isso acontecer.

Tamian não respondeu imediatamente e ela parou de mastigar


enquanto esperava. Monk estava olhando para ela, a testa dele
enrugou enquanto a encarava.

Tamian?
Estou aqui. Apenas ... tenha cuidado, Lucy. Estou preocupado com
Monk.

Porque você ficaria preocupado?

Quando descobriu que você e eu somos companheiros, ele não aceitou


bem. Ele saiu do hotel e quebrou o contato com Maveryck.

Lucy olhou para Monk e engoliu a comida. Ela estava certa. Ele
tinha sentimentos por ela. Ainda assim, isso não significava que
desejava mal a ela. Monk largou a faca e se levantou, estendendo a
mão para tocar seu braço. Lucy recuou e Monk congelou.

— Desculpe. Estou só ... estou conversando com Tamian. —


Quando Monk estreitou os olhos, Lucy bateu na têmpora. — Aqui.
Nós podemos nos comunicar com a mente. —Essa foi a coisa errada
a dizer. Monk saiu pela porta da frente, fechando-a com força. Bem,
merda.

Vou embora em breve. Vou encontrar a cidade e deixar você saber onde
me encontrar.

Eu sei que continuo dizendo isso, mas tenha cuidado.

Eu vou. Prometo.
Lucy empurrou goela abaixo o resto do café da manhã antes de
ir para a pia pegar um copo de água. Café teria sido bom, mas pelo
menos Monk pensou em alimentá-la. Agora, sairia pela porta e se
transformaria sem que ele visse. Antes de abrir a porta, Lucy olhou
pela janela. Monk estava no caminho de costas para ela. Ele estava
digitando no telefone. Desgraçado. Ele foi capaz de se comunicar o
tempo todo. Soltando a manta, Lucy tirou o sutiã e a calcinha antes
de abrir a porta. Assim que seus pés atingiram a varanda, ela se
transformou e voou. Mantendo os olhos em Monk, ela se ergueu no
céu e bateu as asas o mais silenciosamente possível. Quando ela
passou por cima, ele voltou para a cabana, nunca olhando para cima.
Ela sabia que só tinha um minuto na melhor das hipóteses antes que
ele descobrisse que ela se foi.

Ryker leu o texto de Monk duas vezes antes de enviar as


coordenadas para Tessa e os Hounds. Ele instruiu os Hounds a
chegarem ao local o mais rápido possível. Ele não tinha dúvida de
que os Gárgulas seguiriam para lá por sua conta.

Ryker não queria pensar no que aconteceria se St. Claire


encontrasse Lucy antes que o resto dos Hounds pudesse aparecer e
impedi-lo de enfrentar Monk. Na forma de Grifo, o Hound teria uma
chance contra o Gárgula, mas Ryker não queria que isso chegasse a
um banho de sangue. Monk não detalhou como Tamian conseguiu
encontrá-los, mas se o que os outros diziam fosse verdade, o Gárgula
e Lucy eram capazes de se comunicar mentalmente. Ryker não
conseguia entender essa habilidade, especialmente do ponto de vista
de Lucy. Deve ter algo a ver com o vínculo de companheiro. Mesmo
quando ele e ... Não. Ryker não permitiria a ele próprio se concentrar
no passado. Era muito doloroso.

Inserindo as coordenadas no sistema GPS do telefone, ele


estudou o mapa e as instruções. Seria mais fácil dirigir um carro, mas
ele já estava montando na moto e amarrando o capacete. Maveryck
tinha se saído bem com as motos que alugara ao chegar. Com Monk
solto, todos os Hounds tinham uma motocicleta à sua disposição e,
depois de colocar o telefone no suporte embaixo do painel de
instrumentos, ele saiu do terminal do aeroporto, confiando nos
outros para entrar na estrada tão rapidamente. A localização da
cabana ficava a uma hora de distância, sem problemas de trânsito.
Qualquer coisa poderia acontecer dentro dessa hora, mas Ryker não
insistiria no negativo.

Recuperar Lucy inteira era a primeira coisa a fazer. Convencer


St. Claire a deixar Ryker levá-la a algum lugar que a família pudesse
vigiá-la viria depois de garantir que o Gárgula e Monk não tentassem
se matar. Ele entendia muito bem querer proteger sua companheira,
mas Tamian e Lucy não estavam acasalados. Ainda não. Eles mal se
conheciam. Ele queria que sua preciosa Lucia tivesse tempo de se
curar de qualquer ferida que tivesse sofrido antes de entregá-la ao
Gárgula.

Em menos de quatro anos, Ryker passou a pensar em Lucy mais


como filha do que sobrinha. Ele nunca esperava ter um filho, então
ela se tornara uma substituta bem-vinda. Ele ficou de fora das
discussões entre Warryck e seus pais quando Lucy nasceu, mas ele
entendeu os dois lados. War querendo honrar os desejos moribundos
de sua esposa e seus pais querendo criar Lucy na família. Todos
haviam perdido a oportunidade de vê-la se transformar na mulher
incrível que era agora. Seu irmão teimoso ainda estava perdendo.
Rory tinha procurado War quando Lucy foi transferida. Ele podia
não querer estar na vida dela em tempo integral, mas ele merecia
saber quando ela estava com problemas.

Em vez de atender a ligação de Rory, War ligou para Ryker para


obter todas as informações. Ele estava lidando com tarefas de última
hora como professor. War lhe confidenciou que terminaria de
ensinar e, assim que pudesse, estaria no caminho de casa. Ryker não
contava com a vinda de War em auxílio de Lucy, mas isso foi bom
para ele. Ele assumiu o papel de figura paterna da garota, mesmo que
ela não estivesse ciente de seus sentimentos profundos.

O telefone de Ryker se iluminou com uma mensagem de texto


recebida. Ele sabia o quão perigoso era enviar mensagens de texto e
dirigir, mas se algo aconteceu, precisava saber, ele tinha que se
arriscar. Mantendo a mão direita no acelerador, ele bateu na tela com
a mão esquerda, exibindo a mensagem completa.

Ryker olhou para cima quando o carro à sua frente freou com
força. Sendo um piloto experiente, ele desviou do carro, dividindo as
faixas e rodando no acelerador para ultrapassar a linha de tráfego.
Assim que ficou livre, Ryker acelerou com os dois motores,
desafiando a polícia a persegui-lo. Sutton era policial por muitos anos
e tinha muitos contatos em casa. Isso não ajudaria Ryker onde ele
estava atualmente, mas tempos desesperados exigiam
comportamento imprudente. Ou algo assim.

Se Lucy se foi, ela decolou sozinha ou St. Claire a encontrou de


alguma forma.

Se fosse esse o caso, eles talvez nunca mais vissem sua


Pombinha.

recebeu as coordenadas de Ryker, ela imediatamente


ligou para Tamian. Quando ele não respondeu, ela estendeu seus
sentidos para ele com sua mente.

Tamian?

Estou aqui.

Encontramos Lucy. Ou melhor, Monk enviou as coordenadas para os


Hounds. Vou enviá-las para o seu telefone.

Obrigado. Isso vai me ajudar a encontrá-la mais cedo. Lucy fugiu da


cabana onde Monk a estava mantendo, e logo me encontrará.

O que você quer dizer com 'fugiu'?


Quero dizer, se ele tinha as coordenadas o tempo todo e só agora as
enviou, ele a segurava lá.

Onde você vai se encontrar com ela?

Ainda não sei. Ela está voando em forma de águia para a cidade mais
próxima. Não pode estar muito longe, porque Monk foi e comprou o café da
manhã para ela.

Droga. Ok, então vou sair daqui e ... espere ... Merda! Ramey está furioso.
Ele está no telefone com alguém dizendo para limpar sua bagunça.

O que ele está dizendo?

Estou aumentando o volume no monitor.

Tessa, junto com Rafael e Kaya, sentaram-se em silêncio


enquanto o chefe de Lucy dizia a quem estava do outro lado do
telefone para não apenas limpar o laboratório, mas também
encontrar um caminho para a casa de Lucy, verificar se não havia
evidências apontando para ele. Ele então ligou para alguém exigindo
que encontrassem Lucy e acabassem com ela.

Droga! Julian tem o feed do laboratório onde Ramey matou os humanos,


bem como as discussões que ele e Lucy tiveram no laboratório. Toda as
evidências estão lá, mas não temos as coisas da casa dela. Ligue para os avós
de Lucy e peça para trancarem a casa dela.
Estou trabalhando nisso. O que você vai fazer?

Estou levando Lucy para algum lugar seguro. Avisarei quando


chegarmos lá.

Fique seguro e boa sorte com sua companheira.

Espero que não precise, mas obrigado.

— Rafael, como você conheceu os avós de Lucy, pode ligar para


eles e avisá-los? Se os homens de Ramey entrarem de alguma forma,
receio que destruam o lugar procurando a sala secreta. Julian baixou
o feed do laboratório, mas pode não ser suficiente para exonerar
Lucy se eles encontrarem o laboratório doméstico de Lucius.

Rafael fez o que Tessa pediu. Ela digitou as coordenadas,


enviando-as para o telefone do irmão, depois soltou um suspiro e
recostou-se no sofá.

— Você não vai tentar alcançar Tamian de novo? —Kaya


perguntou, sua mão embalando seu estômago. Tessa seguiu a mão
de Kaya, desejando ter sua própria barriga inchada para proteger. —
Tessa?

— Desculpe. Já falei com ele. Ele está indo ao encontro de Lucy


agora.
— Como isso é possível? Você acabou de receber as
coordenadas.

— Lucy escapou da cabana e está voando para a cidade mais


próxima. Quando ela chegar lá, entrará em contato com Tamian com
sua localização. —Quando Kaya continuou franzindo a testa, Tessa
bateu na têmpora.

— Eu esqueço que você e seu irmão podem falar mente a mente.


Isso é ... —Kaya sorriu e esfregou o estômago novamente. — Eu diria
que não entendo isso, mas Sebastian falou comigo e Rafael antes que
eu soubesse que estava grávida. Talvez eu não saiba como é possível,
mas sei que é incrível estar tão perto de alguém com quem você pode
compartilhar seus pensamentos telepaticamente.

Tessa nunca tinha ouvido Kaya ou Rafael falar das habilidades


de seu bebê. Esfregando a mão sobre o peito, desejando aliviar a dor
no coração, ela se afastou da outra mulher. Quando Kaya estendeu
a mão e segurou o braço de Tessa, ela perguntou: — Você está bem?

— Estou. Eu só ... —Tessa soltou um suspiro e enxugou as


lágrimas que não conseguiu evitar de cair. — Eu me sinto um
fracasso, —ela sussurrou. — Você e as outras estão dando filhos aos
seus companheiros e eu ... E se nunca engravidar? Sei o quanto a
família significa para Gregor e não quero ser uma decepção.
— Se você nunca engravidar, adotará do mesmo jeito que Sin e
Rocky, —disse Rafael, agachando-se na frente da companheira de
seu irmão. Ele puxou as mãos de Tessa entre as suas bem maiores,
esfregando o polegar sobre os nós dos dedos. — Não há palavras para
descrever a profundidade do amor de Gregor por você. Você é a vida
inteira dele. Você nunca poderia decepcioná-lo, mesmo que não fosse
capaz de ter filhos. Sei que há muitas companheiras grávidas agora,
mas todo mundo é diferente. Meus pais foram casados cinco anos
antes de eu nascer. Nossa tia e tio não tiveram Frey até estarem
casados há três anos. Você só precisa ser paciente e aproveitar sua
liberdade enquanto a possui. Olhe isto deste modo. Quando você
engravidar, Gregor vai querer que você diminua todas as aventuras
em que se encontra no meio. Ele insistirá para que você dirija com o
veículo mais seguro do mercado e estacione sua motocicleta. Você
está pronta para tudo isso?

— Sim, —admitiu Tessa, surpreendendo-se. Ela desistiria de


todas as viagens, se isso significasse dar a Stone um bebê.

Rafael deu um tapinha na mão dela antes de se levantar. — Ele


sabe que algo está incomodando você. Acho que será bom para vocês
dois se contar-lhe o que disse a Kaya. Eu prometo que você se sentirá
melhor depois.
Tessa respirou fundo e enxugou o rosto. — Vou fazer isso.
Agora, porém, tenho um irmão com quem me preocupar. O que os
Lazlos disseram?

— Dois de seus filhos estão na casa de Lucy, mas estão enviando


reforços. Ninguém entrará na casa de Lucy. Caso alguém esteja
vigiando, em vez de tentar remover o equipamento da sala secreta,
eles vão selar a sala por enquanto e garantir que a alavanca da porta
secreta esteja desativada. É uma solução rápida até que tudo isso
exploda e seu chefe esteja atrás das grades. Rory me perguntou se
Tamian estaria disposto a permitir que Lucy voltasse para eles assim
que ela fosse localizada, mas não fiz nenhuma promessa. Acho que
no fundo eles entendem o vínculo de companheiro e seu desejo de
mantê-la segura.

— Ele não a afastará de sua família depois que a ameaça for


eliminada, mas antes disso, ele a levará a algum lugar que apenas ele
conhece a localização e que tenham a chance de se conhecerem.
Tamian entende a importância da família e ele garantirá que Lucy a
tenha.

— Foi assim que lhes expliquei. Vamos torcer para que seus tios
sejam tão compreensivos. Agora porque não vai ligar para o meu
irmão? Sei que ele adoraria ter notícias suas.
Tessa assentiu e saiu da sala de estar para poder ligar para seu
companheiro. Ela adoraria ouvir a voz dele também.

para inserir as coordenadas em seu


telefone, franzindo a testa quando viu a cabana a mais de oitenta
quilômetros de distância. Isso significava que Lucy encontraria uma
cidade em breve, mas ele ainda tinha maneiras de chegar até ela.
Antes que pudesse decolar novamente, ela o chamou.

Tamian?

Estou aqui, querida.

Eu também. Estou em uma pequena cidade chamada Elvan. Estou me


escondendo em um vinhedo abandonado na Rota 68.

Ele digitou o nome da cidade no GPS.


São aproximadamente sessenta e quatro quilômetros. Vou ter que
encontrar um carro, porque se eu for para o céu, serei avistado e correr não é
a melhor opção. Você aguenta firme até eu chegar aí?

Sim. Estarei esperando.

Aguente firme, querida. Deixe-me encontrar uma carona, e irei até você.

Estou aguardando.

Tamian sorriu com o tom de brincadeira de sua companheira.


Ele tentou não pensar nas bochechas dela, aquelas no rosto dela ou
não, enquanto procurava na área por um veículo. Sua primeira
ordem do dia era encontrar uma camisa. Ele havia dado sua camiseta
para Tessa na pressa de se transformar. Era tarde da manhã, quando
as crianças deveriam estar na escola, mas ele passou por dois
adolescentes andando por uma estrada de terra.

— Com licença, —ele disse, saindo da floresta, assustando os


dois meninos.

— De onde diabos você veio? —Um garoto perguntou.

— Estava acampando e minha camisa rasgou em um galho.


Estou indo para a cidade, mas prefiro não fazê-lo no meu estado
atual. Eu gostaria de comprar sua camiseta. —Ele disse ao maior dos
dois.
— Você está de gozação, certo?

— Não. —Tamian tirou a carteira do bolso e mostrou ao garoto


uma nota de cinquenta. Os dois se entreolharam antes de olhar o
dinheiro adicional em sua carteira. Em vez de ameaçá-los, Tamian
usou seus poderes de persuasão. — Gostaria de comprar sua camisa.
Você vai me dar, pegar o dinheiro e esquecer que já me viu. —O
adolescente imediatamente puxou a camiseta por cima da cabeça e a
entregou. Tamian colocou os cinquenta na mão estendida antes de
puxar a camisa. Cheirava como o menino, um pouco suado com uma
pitada de desodorante, mas servia. — Obrigado, continuem, —ele
insistiu. Os adolescentes continuaram no caminho, enquanto
Tamian seguia pelo outro caminho.

Não muito mais longe, Tamian viu um pequeno café.


Empurrando a porta, um sino tocou anunciando sua presença. Ele
encontrou um banquinho no balcão e uma jovem se aproximou. —
O que você vai ter?

Examinando o menu, Tamian decidiu algo que poderia levar


com ele. — Duas porções de linguiças com ovo e um grande café
preto, por favor.

— Chegando logo.
Tamian olhou ao redor da sala e viu um homem mais velho
pagando sua conta. Perfeito. Depois que a garçonete voltou com o
pedido, Tamian entregou-lhe algum dinheiro e disse a ela para ficar
com o troco. Ele seguiu o homem para fora e disse: — Com licença.
Esperava poder pegar uma carona. Meu carro quebrou e eu
realmente preciso ir até Elvan. Eu tenho dinheiro.

— Certo. Entre, o homem concordou sem Tamian ter que coagi-


lo. —Tamian jogou a bolsa de Lucy na caminhonete e entrou. — Sou
Clayton, —disse o homem depois de deslizar para o banco do
motorista.

— Andrew. Prazer em conhecê-lo.

Depois que deram início, o homem olhou para Tamian enquanto


mordia seu primeiro sanduíche. — Já não há muito em Elvan.

Depois de engolir, Tamian sorriu. — Vou encontrar minha


garota lá. —Ele não ofereceu mais informações, pois o homem
estava familiarizado com a área.

— Alguém que eu possa conhecer?

— Duvido. Harlow está interessada no velho vinhedo. Ela tem


na cabeça que ela quer abrir o lugar de volta. Seu pai deixou um
pouco de dinheiro quando morreu, e ela está ansiosa para gastá-lo.
— E o que você acha disso? Gerir uma vinha é um trabalho duro,
pelo que ouvi. Especialmente uma que está fechada há anos.

— Vou encontrá-la lá para olhar o local e dar alguns números.


Ela é a sonhadora, enquanto eu sou o realista, mas se parece possível,
sou a favor. Eu daria a essa garota o mundo se pudesse.

— Amor jovem, —disse o homem, rindo. — Lembro desses dias.


Minha Dora queria abrir uma padaria quando éramos jovens.

— E ela fez isso?

— Ela com certeza fez. Fazia os melhores bolos por quilômetros.


—Tamian terminou os sanduíches e seu café enquanto Clayton
conversava sem parar sobre Dora, a vida juntos, os filhos e os netos.
Clayton dirigiu até a vinha sem precisar de instruções. Ele parou e
olhou em volta. — Você tem certeza que sua garota está aqui?

— Sim, ela está aqui. Tamian desceu da caminhonete e tirou a


carteira.

— Guarde seu dinheiro, filho. Gaste em algo legal para Harlow.

— Obrigado por sair do seu caminho dessa maneira. Eu


realmente aprecio isso, —disse Tamian, sorrindo.
— O prazer foi meu. Não é sempre que consigo falar sobre minha
garota com alguém que não tenha ouvido nossa história centenas de
vezes.

Tamian pegou a bolsa de Lucy e bateu os nós dos dedos na


carroceria da caminhonete. Clayton levantou a mão e partiu pela
estrada. Tamian olhou em volta, vendo o que Clayton tinha visto. O
local estava cheio de mato e precisava de mais trabalho do que ele
gostaria de colocar no local, se sua história fosse verdadeira.

— Tamian? —Lucy chamou. Ele se virou e lá estava sua


companheira, escondida atrás de uma árvore. Quando ela saiu, ele
não pôde deixar de notar que ela estava nua. Isso não o impediu de
correr para ela e puxá-la em seus braços.

— Olá, querida. —A necessidade de beijá-la era forte demais


para resistir, mas quando ele inclinou a boca sobre a dela, ela o
empurrou.

— Eu realmente preciso escovar os dentes, —ela disse, as


bochechas corando.

— E eu realmente não me importo, —ele disse a ela e esmagou


seus lábios nos dela. Com muito pouca persuasão, Lucy se abriu e
Tamian deslizou a língua em sua boca, provando todos os lugares
por dentro. Ela gemeu contra a boca dele, e ele aprofundou o beijo.
Sua besta estava empurrando-o para pegá-la e marcá-la, mas ele se
afastou. O toque de bacon foi substituído pelo sabor de algo mais
forte. Em algum momento, Lucy esteve doente do estômago. Ele
interrompeu o beijo e perguntou: — Você está bem? —Era difícil
ignorar seu corpo nu, mas o bem-estar dela vinha antes da
necessidade de seu pau afundar em seu calor.

— Meu ombro está um pouco dolorido, mas fora isso, estou


bem. A mudança me livrou dos pequenos cortes de quando pulei pela
janela e presumo que Monk tenha tirado a bala antes de me costurar.

A menção do outro homem teve sua besta querer sair, mas


Tamian estava lá com ela agora, e Monk não.

— Se importa se eu der uma olhada? —Ele perguntou, indicando


o ombro dela.

— Não. —Lucy deu as costas para ele. Ele levou um segundo


para admirar o inchaço da bunda dela e mal podia esperar para
colocar as mãos e a boca em sua pele deliciosa. Não havia curativo
cobrindo a ferida, mas os pontos eram evidentes ao longo do local
enrugado.

— Como é que você ainda tem pontos depois de se transformar?


Lucy encolheu os ombros. — Não sei como tudo funciona. Nós
nos transformamos e nossas roupas caem, mas não são rasgadas. O
curativo caiu assim que eu chamei minha águia, mas acho que, como
os pontos fazem parte da minha pele, eles permaneceram.

Tamian mal podia esperar para vê-la em sua forma animal. Sua
besta concordou e seu pau inchou. Respirando fundo, ele lutou
contra os dois. As pontas de seus dedos deslizaram pela pele
avermelhada. Quando ficou satisfeito que o ferimento dela tinha sido
tratado adequadamente, ele deu um passo para trás, removendo o
anel dela da mão dele. Puxando-o do dedo, estendeu para ela.

— Acho que isso é seu, —ele disse, segurando-o. Lucy levantou


a mão direita e Tamian deslizou gentilmente. Um dia, ele colocaria
um anel de um tipo diferente na mão esquerda dela, mas ainda
faltava muito para chegarem a esse ponto. — Eu trouxe suas coisas,
—disse Tamian, apontando para a bolsa que deixou cair.

— Você não gosta do jeito que estou vestida? —Ela perguntou,


seus olhos brilhando e sua boca se inclinando em um sorriso.

— Gosto muito disso. Se você não colocar uma roupa, vou


encontrar o ponto macio mais próximo e deitá-la.

Os olhos azuis de Lucy brilharam áureos e ela rosnou baixo no


peito. Foi a coisa mais sexy que ele já ouviu.
— Meu leão gosta do som disso, —ela admitiu. — Mas
provavelmente é uma boa ideia se conversarmos antes de nós
perdermos no sexo animal selvagem. —Tamian não pôde deixar de
sorrir para sua companheira. Ela já estava provando ser perfeita.

— Vamos. O prédio principal ainda está em boas condições e eu


gostaria de vestir algumas roupas. Por favor, diga-me que você trouxe
uma escova de dentes.

— Eu trouxe uma escova de dentes, —ele disse, pegando a bolsa


dela em uma mão e pegando a mão dela com a mão livre. Eles
ficaram em silêncio quando Lucy o levou para o prédio que antes
abrigava um restaurante. Teias de aranha pendiam de lustres e
algumas das janelas estavam rachadas. Fora isso, o espaço não era
tão ruim.

Pegando a bolsa, ela disse: — Volto já. —Antes de sair, ela


puxou a cabeça dele e deu um beijo casto nos seus lábios. Com uma
piscadela, ela atravessou a sala. O balanço de seus quadris o manteve
hipnotizado, e ele se abaixou para ajustar seu tesão. Esperar para
acasalar com ela iria acabar com ele.
teve que se afastar de Tamian antes que fizesse algo louco,
como implorar para ele transar com ela sem sentido. Ela apenas
pensou que a atração por ele tinha sido forte quando ele fingiu ser
John Black. Ficar diante dele em toda a sua glória deveria tê-la
autoconsciente, mas a maneira como os olhos dele roçavam seu
corpo em apreciação aumentava seus próprios desejos. E aquele
beijo? Ela nunca soube que alguém poderia colocar tanta paixão em
um beijo. Lucy abriu a bolsa, feliz por ver seus produtos de higiene
pessoal incluídos. Não havia água no prédio, mas ela conseguiu
escovar os dentes sem ela. Com um toque fresco de desodorante, e
os cabelos desembaraçados e presos em um nó bagunçado, Lucy
vestiu um par de calças cáqui e um pulôver. Tamian até pensou em
pegar um par de sapatos.

Quando ela voltou para a sala de jantar, Tamian estava olhando


para o telefone, a cara fechada estragando seus belos traços.

— O que está errado? —Ela perguntou, colocando a bolsa no


chão antes de caminhar para o lado dele. Ele enfiou o telefone no
bolso e abriu os braços, e ela deslizou contra a frente dele tão
naturalmente como se estivessem juntos a anos.

Tamian passou os braços em volta da cintura dela e deu um beijo


em sua têmpora.
— Ramey perdeu a cabeça. Ele tem pessoas limpando sua
bagunça e também tem alguém procurando por você. Preciso leva-la
daqui para algum lugar seguro.

— Nós poderíamos nos esconder aqui. Quero dizer, está


abandonado. A única pessoa que sabe que você está aqui é o homem
na caminhonete. Você contou a ele sobre mim?

— Eu queria chegar aqui o mais rápido possível, então, em vez


de pedir que me deixasse, inventei uma história sobre como minha
garota tinha uma herança que queria gastar, e ela estava pensando
em reabrir o vinhedo.

— Eu gosto de vinho, —ela murmurou contra seu peito duro.

— Querida, se você quer um vinhedo, eu comprarei uma que já


esteja pronto e funcionando e mais perto de casa.

Lucy se inclinou para trás e olhou para o rosto dele. — Você me


compraria um vinhedo?

— Eu compraria para você o que quisesse. Antes que possamos


fazer isso, temos que colocar alguma distância entre você e Ramey
até que o Clã possa cuidar dele. Sua segurança está em primeiro lugar
e não me sinto seguro por estar tão perto de Nova DC.

— Então, para onde você gostaria de me levar?


— O que você acha sobre a Itália?

— Não tenho meu passaporte.

— Você não precisará disso. Eu tenho um jato particular em


espera. Você diz a palavra, e vou levá-la para onde você quiser. Só
sugeri a Itália porque minha família é dona de um chalé, e seria mais
fácil me esconder por um tempo em algum lugar familiar.

— Como está o clima lá nesta época do ano? Só tenho a roupa


que você me trouxe.

— As temperaturas mais baixas estão provavelmente nos quatro


graus, então não está tão ruim. Se eu conseguir, nenhum de nós se
preocupara demais com as roupas, mas o que você precisar, eu
mandarei entregar. Enquanto estivermos no ar, você poderá fazer
algumas compras on-line e, quando chegarmos lá, o que você pedir
deverá ter chegado.

— Você não precisa me comprar roupas. Tenho meu próprio


dinheiro.

— Sei que você tem, mas eu também tenho. É uma coisa com a
qual nunca teremos que nos preocupar e, portanto, também não
devemos discutir. Se eu quiser comprar algo legal para minha garota,
ela deve me deixar e dizer “obrigada”.
— Sua garota, hein? Você está bastante seguro de si mesmo.

Tamian esfregou o nariz contra Lucy, sorrindo. — Sim. —


Tamian a abraçou com força, respirando seu perfume. Ela teria
achado isso estranho se não estivesse fazendo o mesmo.
Provavelmente era o puxão de companheiro que Tamian havia
descrito, mas Lucy já se sentia confortável com ele, exceto pelo
desejo ardente de despi-lo e fazer o que queria com ele.

— Se estamos saindo do país, preciso tomar as providências. Vou


ligar para o meu piloto e deixá-lo pronto para o jato, e depois arranjo
para que alguém venha nos buscar.

— Você tem seu próprio jato?

— Isso te incomoda? —Tamian segurou os braços de Lucy


enquanto procurava seu rosto.

— Não, é apenas surpreendente. Quando você disse que tinha


dinheiro, não sabia que você estava lotado. O que você faz para
viver?

— Eu ... essa é uma boa pergunta. Durante a maior parte da


minha vida, segui minha irmã por todo o mundo, garantindo que ela
estivesse segura em seu trabalho. Essa é uma longa história, e vou
explicar no avião. Temos muito a aprender um com o outro e
prometo contar tudo o que deseja saber.

Agora Lucy estava intrigada e mal podia esperar para conhecer


esse macho por dentro e por fora. Ela estudou as feições dele
enquanto ele ligava para alguém chamado Santiago, então um
homem que chamou de Vitto. Humm, Vitto parecia ser um chefe da
máfia. Tamian era da máfia? Ele não parecia um mafioso. Ele
mencionou que sua família possuía um chalé na Itália, mas Tamian
não carregava as feições que Lucy associava a alguém com essa
herança específica.

Seus traços não eram extraordinários, mas ele era o homem mais
perfeito que ela já tinha visto. Seu cabelo castanho estava entremeado
com mechas aleatórias de vermelho, e seus olhos ... Lucy nunca tinha
visto aquele tom de verde específico antes, jade cercado por uma
pitada de azul. Ele tinha uma mandíbula forte e seu queixo era
quadrado, mas não excessivamente. Sua voz era profunda, mas
suave, e quando ele a chamou de amor, encheu-a de um calor do qual
ela nunca queria se afastar.

Quando ele desligou, ele disse: — Estamos prontos. O carro


estará aqui em menos de uma hora.
— O que devemos fazer com todo esse tempo? —Lucy
perguntou. Ela não reconheceu sua própria voz. Nunca se sentira tão
descarada quanto se sentia em ao redor de Tamian.

— Está bom lá fora. Que tal uma caminhada?

Isso não era exatamente o que Lucy tinha em mente, mas


precisavam conversar antes de fazer sexo. Ela não tinha dúvida de
que, uma vez que ele a colocasse na cama, não seria capaz de recusar
o vínculo de companheiro. Ela tinha certeza de que era o que queria,
mas se houvesse algo sobre ele e sua família que achasse
contraditório com o pouco que sabia, seria melhor descobrir antes de
ficar amarrada a ele por toda a vida.

— Um passeio parece bom. —Lucy estendeu a mão e Tamian


deslizou os dedos juntos. Uma vez do lado de fora, eles se voltaram
para as fileiras murchas de videiras.

— Então, —eles disseram ao mesmo tempo, rindo e sorrindo


para o outro.

— Você primeiro, —Lucy ofereceu.

— Sinto que sei o básico, então por que não me diz o que acha
que devo saber sobre você. Conte-me todos os seus segredos
sombrios.
— Ha! O que faz você pensar que tenho segredos obscuros? —
Lucy cutucou seu ombro com o dela. Ela gostou que ele não fosse
muito mais alto do que ela.

— Todo mundo não tem segredos?

— Você tem? —Ela perguntou. Tamian ficou tenso ao lado dela.


— Tamian? Existe algo que eu deveria saber?

Ele parou de andar e a virou para encará-lo. — Por acaso, sim.


É provavelmente um dos maiores segredos do mundo, e se vamos
ficar juntos, é algo que você precisa saber. Não vou pedir para não
contar, porque se você é o tipo de mulher que acredito que seja, já sei
que vai guardar para si mesma.

— Você pode me dizer qualquer coisa, —prometeu Lucy.

Tamian fechou os olhos e respirou fundo. Quando os abriu, seu


sorriso era triste. — Tenho certeza que você já ouviu falar do Dr.
Jonas Montague e de como ele clonou o primeiro bebê do mundo.

— Claro. Você teria que viver embaixo de uma pedra para não
ter ouvido essa história.

— Jonas é meu tio. Tio-avô, na verdade.

— É? Ele ainda está vivo? Pensei que ele tinha morrido quando
o prédio dele foi destruído.
— Ele está bem vivo. De fato, ele é quem constrói as próteses
que uso. De qualquer forma, essa não é a parte que você precisa
saber. O bebê clonado era minha irmã, Tessa. Eu sou ... eu sou o
clone. É minha culpa que o mundo desmoronou.

— Você é um clone? —Lucy inclinou a cabeça para o lado


enquanto estudava atentamente as feições dele. Ele deixou que ela o
examinasse enquanto esperava que dissesse que ele era uma
aberração. Em vez disso, ela murmurou. — Incrível, —e continuou
traçando sua mandíbula com os dedos. Se Lucy ficou chocada ou
repelida, ela não demonstrou. Em vez de se concentrar na bomba que
ele jogou ou em tratá-lo como o experimento científico que ele era,
ela se agarrou à parte sobre ele ser o culpado.

— Sua culpa? Você não pediu para nascer.

Tamian balançou a cabeça. — Mas eu não nasci, eu fui criado.

— Não faz diferença, na minha opinião. Alguém queria que você


estivesse aqui. Sua irmã estava doente?

— Não. Jonas é um gênio e descobriu como juntar todas as peças


do quebra-cabeça. Isso não te incomoda? Que não sou ... que sou
composto por partes de outra pessoa? —Ele sussurrou.
— Somos todos produtos de outra pessoa. E não, isso não me
incomoda, é apenas surpreendente. Uau. —Lucy sorriu, passando os
dedos pela mandíbula dele. — Eu sabia que você era especial, mas
caramba. Não sabia o quão especial você é. —Tamian relaxou com
suas palavras e Lucy o puxou para um beijo doce.

O que ele fez? Ramey agarrou seu cabelo com as duas mãos e
puxou, amaldiçoando Deus, Jesus, Buda e qualquer outra divindade
que ele pudesse pensar.

— Ok, acalme-se. Ninguém sabe onde fica o laboratório.


Ninguém, exceto aquela cadela. Porra, por que achei que ela
assumiria o trabalho do seu velho? —Falar consigo mesmo não iria
adiantar nada. Ele não podia fazer nada sobre os corpos, mas com
certeza podia levar os arquivos do computador. Ele precisava entrar
no laboratório, pegar os computadores e os diários e depois
queimaria o local.

Ele tirou o telefone do bolso e discou. — Tenho um trabalho


para você e pagarei o dobro de sua taxa habitual para que isso
aconteça para ontem. —Ramey explicou o que precisava e, depois
que seu contato concordou, ele fez outra ligação.

— Preciso que você limpe o feed tanto de dentro como de fora


do laboratório. O que quer que veja fica entre nós, ou você vai
acabar como meus homens, entende? Depois disso, você precisa
trabalhar sua mágica no áudio e fazer parecer que a Agente Ball
matou aqueles homens. Não se preocupe com a casa dela. Vou
lidar com isso.

Mais de vinte anos de progresso saíram pela porra da janela com


a agente Ball. Ele deveria tê-la examinado melhor antes de deixá-la
entrar no laboratório. Quando seu hacker descobriu as próprias
habilidades de espionagem de Lucy, Ramey se certificou de que os
superiores concordassem com ele em lhe dar um ultimato. Não o
surpreendeu quando ela aceitou a oferta de emprego. O que o
surpreendeu foi como ela não sabia da parte do pai no projeto
secreto.

Lucius garantiu que ele estava preparando Lucy para assumir


sua pesquisa, mas então o bastardo se foi e teve um ataque
cardíaco. Pelo menos é o que sua esposa havia afirmado. Vera Ball
estava um desastre no funeral, mas algo sobre sua explicação não
havia encaixado bem para Ramey. Lucius era saudável. Nunca havia
perdido um dia de pesquisa para ir ao médico. Talvez ele tivesse
alguma doença subjacente que não conhecia, mas isso não era mais
relevante.

O que importava era encontrar Lucy e fazê-la pagar. Como


diabos ela pulou pela janela e escapou no ar com um ferimento de
bala? O sangue havia secado quando Ramey seguiu a trilha mais
tarde. Ele passou a noite toda procurando pistas na área e não
encontrou nada além da blusa e jaqueta manchadas de sangue. Ele
tinha um homem em Nova York vigiando a casa dela. Lucy não
havia retornado, mas havia pelo menos dois motoqueiros por lá o
tempo todo. O que Lucy estava fazendo com bandidos como
eles? Entrar em sua casa e encontrar a pesquisa de Lucius seria mais
difícil do que planejava inicialmente, mas ele não iria parar até ter
todas as evidências do que eles estavam trabalhando em seu
poder. Se ao menos seu velho amigo Gordon Flanagan ainda
estivesse vivo.

Flanagan criou os Profanos, e Ramey levou esse conhecimento


para Lucius. Tinha que haver uma maneira de criar um super-
soldado que não se transformasse em aberração. Flanagan se recusou
a entregar todas as suas informações, mas o que ele entregou tinha
sido inestimável. Os Profanos não morreram com Flanagan. Alguém
ainda estava criando os monstros, e Ramey pretendia descobrir
quem.

Tamian respirou fundo e sorriu. Um


sorriso de verdade que alcançou seus olhos. — É você que é especial.
Pensei com certeza que, uma vez que conhecesse meu segredo,
correria gritando.

Ele pegou a mão acariciando seu rosto e beijou as pontas dos


dedos. Arrepios subiram pela pele dela, e ela estava começando a
pensar que falar era superestimado. Lutando contra o desejo de dizer
"ao diabo com isso", ela se concentrou no medo de rejeição de
Tamian.

— Sou um pouco mais difícil que isso. Sendo uma shifter e


sabendo que eu era diferente toda a minha vida me permiti manter a
mente aberta. Em geral. No que Ramey me obrigou a trabalhar e nas
coisas que descobri em minha casa, encontrei a única coisa que não
posso suportar.

— Eu vi. Quando voltei para pegar suas coisas, não pude


acreditar no que você teve que suportar. Não importa se você é uma
cientista ou geneticista, aquilo era uma merda louca.

— A quem você está dizendo isso. O que vamos fazer com


Ramey?

— Um membro do meu Clã foi capaz de invadir o feed de


segurança e baixar as evidências não apenas de sua conversa com ele,
mas de seu chefe matando seis humanos a sangue frio.

— Ele fez o quê?

— Depois que você pulou pela janela e fugiu, Ramey acabou


com todos os outros funcionários do laboratório, além de alguns
tipos militares procurando por você. Quando eles não trouxeram
você de volta, ele atirou nos que não haviam partido.

— Eu sabia que ele era um monstro, mas assassino? Isso não


deveria me surpreender, porque tenho certeza de que os torsos
pertenciam a pessoas que não se inscreveram para ter seus corpos
dissecados.
— Nós vamos assegurar em descobrir se Ramey estava
respondendo a alguém acima dele, ou se foi ideia dele. De qualquer
maneira, encontraremos uma maneira de acabar com isso.

— Eu gostaria de poder acreditar em você. Olhe para o Profano.


Isso acontece há décadas e ainda está sendo produzido de alguma
forma.

— Estamos tentando entender isso também. É isso que os


Gárgulas fazem, eles lutam contra o Profano. Conte-me sobre os
Grifos. Qual é o objetivo deles?

— Como os Gárgulas enfrentam os Profanos, os Hounds estão


tentando controlar o Ministério. Eles são os responsáveis por
bombardear a clínica do seu tio e colocar o mundo em polvorosa.
Eles são um culto religioso com muitas facções e espalhadas. Os
Hounds fazem o possível para se infiltrar no culto e derrubar o líder.
A parte difícil é cuidar daqueles que sofreram lavagem cerebral. Era
o que eu estava fazendo antes que Ramey me recrutasse para o lado
sombrio. Usei meu acesso aos equipamentos do AGI para ajudar a
encontrar onde o Ministério tem seus campos de base.

— Então, você não é apenas uma geneticista qualificada, mas


também um hacker? —Tamian perguntou com o que parecia orgulho
em sua voz.
— Eu não iria tão longe. Minhas habilidades são iniciantes, na
melhor das hipóteses. Quando descobri que Lucius e Vera não eram
meus verdadeiros pais, paguei a uma colega para me ensinar algumas
habilidades mais extensas em informática para encontrar meu pai
biológico. Isso me levou aos meus avós e aos Hounds. Eu sabia que
era uma Grifo, mas não sabia que havia pessoas no mundo fazendo
boas ações. Vera era humana, então ela não tinha nada para me
ajudar a me transformar em shifter. Lucius estava mais preocupado
com o como eu poderia ajudar no laboratório. Seu foco estava nas
diferenças entre os Grifos e os Gárgulas. Pelo menos, era o que ele
sempre me dizia. Agora, não tenho certeza de que era esse o caso.

— Posso ajudar com as diferenças. Você não precisa de um


laboratório para isso. —Tamian virou-se para o restaurante. — Acho
que essa é a nossa carona, —ele disse. — Vamos ver.

Lucy não ouvira nada, mas não tinha audição aumentada,


apenas visão e força.

Antes que eles fossem longe demais, Tamian fez uma pausa,
virando a cabeça em direção à floresta atrás do restaurante.

— Fique aqui, —ele instruiu e caminhou em direção às árvores.


— Puta merda, —ele murmurou antes de sair correndo. Lucy não
ficaria onde estava, se houvesse problemas. Ele poderia ser um
Gárgula e seu protetor, mas Lucy não estava sem seus próprios
pontos fortes, e se eles iam ficar juntos, ele teria que superar isso.

Quando ela alcançou Tamian, ela não podia acreditar no que


estava acontecendo. As asas de Tamian estavam abertas atrás dele, e
suas garras e presas estavam à mostra. Isso seria sexy se ele não
estivesse de frente para um Grifo de três metros. Mas Tamian não
estava sozinho. Um carro parou e um homem maior que Tamian
saiu da porta do passageiro, se transformando quando parou ao lado
de Tamian. Como a de Tamian, sua camisa rasgou e caiu no chão a
seus pés.

Uma mulher ruiva e deslumbrante, vestida como se pertencesse


à traseira da moto de um Hound, correu para o outro lado. Ela não
tinha asas, mas suas garras e presas estavam à mostra. Esse era o tipo
de mulher que Tamian preferia? Quando Monk se aproximou de
Tamian, Lucy gritou: — Não! —E mudou para seu Grifo. Ela não
era tão alta quanto Monk, mas precisava que ele soubesse onde
estava, e isso era com seu Gárgula.

— Volte! —Tamian gritou, mas ela o ignorou, assumindo que


ele estava falando com ela, e correu para se colocar entre Tamian e
Monk. A mulher parou na frente de Tamian como se fosse para
protegê-lo.
— Fique longe dele! —Lucy gritou. Sua atenção estava dividida
entre Monk e os três Gárgulas, mas sua lealdade era verdadeira.
Quando Monk se levantou sobre as patas traseiras, Lucy fez o mesmo
antes de atacar o Hound, enquanto Tamian usava sua velocidade de
deslocamento para ficar entre eles.

Antes que ela pudesse detê-lo, Tamian mergulhou de cabeça em


Monk, pegando sua águia pela metade nas costelas. As garras de
Monk caíram nas costas de Tamian, arranhando para penetrar em
torno de suas asas de couro. Os dois rolaram no chão com Tamian
pousando de bruços. Monk aproveitou a posição de Tamian e
mergulhou em cima dele, cavando suas garras na carne das coxas de
Tamian. Em vez de rasgar sua pele, apenas conseguiu irritar o
Gárgula. Suas asas se abriram e Tamian rolou para longe de Monk,
antes de se levantar.

Quando o outro Gargoyle masculino se virou para Lucy, ela


mudou para humana. — Estou do seu lado, —ela gritou, antes que
ele pudesse atacar.

O homem perguntou: — Lucy?

— Sim. Preciso fazer Monk parar com essa loucura. —Com isso,
ela mais uma vez chamou seu Grifo e estudou a melhor maneira de
afastar Monk de Tamian.
Enquanto ela estava de costas, Tamian havia colocado espaço
entre ele e o Hound. Lucy aproveitou a oportunidade para atacar
Monk. Enquanto ela estava no meio do voo, Tamian gritou: —
Monk, mude para humano.

Surpreendentemente, Monk fez o que Tamian ordenou,


segurando as mãos na frente dele. Lucy mal teve tempo de parar
antes de rolar sobre o macho. Ela se transformou em leão quando
chegou a Monk e o derrubou de bunda no chão. Colocando as patas
da frente em seu peito nu, ela arreganhou os dentes e mordiscou seu
ombro. Ela não o machucaria pois que ele se submetera, mas também
não lhe daria a oportunidade de ir atrás de Tamian novamente. Lucy
chamou a terra, e a poeira rodou em um ciclone ao redor dos dois.
Os olhos de Monk se arregalaram. Grifos raramente usava os
elementos um contra o outro, mas ela precisava que ele visse quão
séria estava.

— Lucy, pare. —A voz de Tamian era calma, mas firme. Ela


soltou seu elemento e a poeira baixou. Removendo as patas do peito
de Monk, ela circulou seu corpo, bufando em seu rosto. Monk não
se moveu enquanto caminhava até Tamian, sentando-se sobre as
patas traseiras e encostando-se à perna dele. Seu companheiro
acariciou sua cabeça, enfiando os dedos no pêlo atrás da orelha. Ela
não tentou evitar ronronar. Em todos estes anos, Lucy nunca pensou
em encontrar um homem que aceitaria tão facilmente seu shifter,
mas aqui estava um, nem mesmo piscando quando ela mudou de
forma.

— Acho que precisamos conversar, —disse Tamian a Monk. O


Hound levantou-se, sem tentar cobrir seu corpo nu. Lucy nunca se
incomodou em vê-lo ou a qualquer um dos outros Hounds sem roupa
depois de se transformarem. Fazia parte de quem eles eram. Ela sabia
que seu companheiro não entendia esse aspecto dos Grifos, e ela já
havia se encontrado com a possessividade dele. Lucy permaneceu
como seu leão para que nem Monk nem o outro homem a vissem
nua. Quando Tamian se mexeu para que não estivesse mais portando
presas e garras, o homem e a mulher com ele fizeram o mesmo, mas
seus corpos permaneceram rígidos e alertas. Lucy não conseguia
sentir o cheiro de medo em nenhum deles.

Tamian manteve os dedos nos pêlos de Lucy enquanto ele


falava. — Sei que você tem sentimentos por Lucy. Não posso culpá-
lo por isso. Tanto quanto eu sei, você não está ciente dos costumes
dos Gárgulas. Quando encontramos nossa companheira, isso é certo
para nós. Não há mais ninguém. Lucy é minha, se ela me quiser. —
Lucy resmungou e cutucou a perna de Tamian, deixando Monk
saber que ela já havia feito sua escolha.

Quando ela olhou para o Hound, os olhos dele estavam


molhados. Ele usou as mãos para assinalar uma das poucas frases
que ela reconhecia. — Eu sinto muito. —Com isso, Monk mudou
para sua águia e voou para longe.

— Bem, estou com ciúmes, —disse a mulher, caminhando em


direção a Tamian. Lucy rosnou, movendo-se entre a mulher e
Tamian. A ruiva riu, erguendo as mãos. — Gatinho bonzinho.
Droga, Tam. Parece que sua companheira está tendo um ataque de
ciúmes. Eu já gosto dela. Sou Tessa, irmã dele, —ela disse a Lucy.
Apontando por cima do ombro, acrescentou: — Esse aqui é o nosso
tio Vitto. Eu apertaria sua mão, mas ... —O sorriso de Tessa era
contagioso. Sim, Lucy também gostava dela.

de Tamian estava confusa. Estava incitando-o a ir atrás do


Grifo e arrastar Lucy para dentro do prédio e torná-la deles, mas ele
tinha que cuidar dela de uma maneira diferente. — Vitto, pode virar
de costas para Lucy se vestir? —Quando Vitto obedeceu, Tamian
pegou as roupas de Lucy de onde haviam caído quando ela se
transformou. Quando ela ficou nua diante dele, ele disse: — Se eu
não estivesse tão impressionado com você nesse momento, ficaria
chateado por se colocar entre eu e Monk. —Ele se inclinou para mais
perto, arrastando-a contra seu corpo e queimando suas bocas. — Isso
foi tão fodidamente quente, —ele murmurou contra os lábios dela.

— Vocês dois podem esperar até que as crianças saiam da sala


antes de se ocuparem? —Tessa brincou por cima do ombro.

Lucy pegou as roupas um artigo de cada vez. Enquanto estava


se vestindo, ela disse: — Você se importa de me dizer como
conseguiu que Monk se acalmasse? Quero dizer, sua voz exigia
obediência, mas nunca conheci um Hound que largasse uma briga
tão voluntariamente.

Tamian não estava pronto para admitir sua capacidade de coagir


os outros. Ele lhe contaria seu segredo quando estivessem sozinhos.
Depois que eles se acasalassem. Em vez disso, ele contornou a
verdade. — Ele provavelmente estava pensando em sua segurança.
E por falar nisso, precisamos sair daqui. Monk sem dúvida foi contar
aos outros onde estamos. Eu gostaria de evitar outro confronto, se
possível.
— Os outros já voltaram para Nova York. Quando Rafael
ofereceu seu jato, Ryker aceitou. Como suas mensagens para Monk
ficaram sem resposta, Ryker decidiu deixar o homem aqui para
resolver seus problemas por conta própria, —explicou Tessa. —
Ryker não estava feliz com você saindo com Tamian, mas ele
admitiu que era sua escolha.

— Então vamos. Primeiro, preciso pegar minha bolsa no


restaurante. —disse Lucy.

— Vou pegá-la para você, —Tessa ofereceu. A irmã de Tamian


entrou correndo no prédio antes que Lucy pudesse discutir,
deixando-a com os dois homens sem camisa. Ela desviou os olhos do
peito do tio de Tamian quando ele se aproximou.

— Lucy, é uma honra conhecê-la. Bem-vinda à família, —disse


Vitto, apertando o punho sobre o coração e inclinando a cabeça em
lealdade à companheira de Tamian. — Já liguei para Mirabella e ela
me garantiu que o chalé está pronto para sua chegada. —Mirabella
era irmã de Martina, e ela cuidava do chalé na ausência da família.

— Obrigado, Vitto. Precisamos seguir em frente. Santiago está


esperando. Tessa, você vai viajar conosco? —Tamian amava sua
irmã, mas ele queria esse tempo a sós com Lucy.
— De jeito nenhum. Não faz muito tempo que Stone e eu
concluímos nosso vínculo, e lembro de querer tê-lo só para mim por
alguns meses.

— Meses? —Lucy perguntou, as sobrancelhas erguendo-se.

Tamian colocou o braço em volta de sua companheira, levando-


a para o carro. — Ela está brincando.

— Não estou. Apenas espere. Depois de reivindicarem um ao


outro, ficarão agradecidos por estarem a milhares de quilômetros de
distância da família. Eu não tive esse luxo. —Tessa subiu no banco
do motorista enquanto Vitto abriu a traseira do SUV e tirou duas
camisas de uma bolsa, entregando uma a Tamian.

— Obrigado, —disse Tamian. Depois que Vitto estava coberto,


ele pegou a espingarda para que Tamian e Lucy pudessem
compartilhar o banco de trás.

— De qualquer forma, estou voltando para Nova York com o tio


Vitto. Vou relaxar com os parentes por alguns dias e ir ver Manny e
Laurence.

Tamian pensou que depois que Tessa tinha falado com Gregor
por telefone mais cedo, ela estaria pronta para voltar para casa. Ele
não podia perguntar na frente dos outros, então entrou na mente
dela.

Está tudo bem, Andi?

Tudo. Stone está ocupado com os Profanos, então isso me dá uma desculpa
para ver mamãe sem me sentir culpada por ficar fora mais alguns dias.

Jura?

Tam, você precisa se concentrar em Lucy, não em mim. Estou bem.

Lucy se inclinou para o lado dele e olhou para ele, franzindo a


testa. Ela olhou para Tessa antes de olhar para o colo. Ela pegou a
mão dele e a colocou no colo, oferecendo ... sua força?
Compreensão? Apoio, suporte? Mas porquê? Teria ela sido capaz de
ouvir seus pensamentos?

— Preciso deixar minha família saber que estou segura. Não


tenho certeza do que Monk lhes dirá quando finalmente aparecer,
mas não quero que haja ressentimentos. Não podemos começar
nosso futuro juntos com nossas famílias brigando, —disse Lucy.

Tessa abriu o porta luvas e pegou um telefone. — Aqui, —ela


disse, entregando-o. — Esse é um descartável. Você pode chamá-los,
e eles não serão capazes de rastreá-la.
— Obrigada, —disse Lucy. Ela digitou um número e esperou.
Quando foi para o correio de voz, Lucy disse: — Ei, vovô. Estou segura,
então você pode chamar os Hounds de volta. Até toda essa merda acabar, vou
ficar com Tamian. Vou voluntariamente com ele, não importa o que Monk lhe
diga. Inferno, do jeito que estava agindo, ele pode não lhe contar nada, mas isso
é para Ryker lidar. De qualquer forma, diga a Rory que a amo, e eu ligo de volta
em breve. Amo vocês dois.

Quando Lucy estendeu o telefone para Tessa, ela balançou a


cabeça. — Mantenha-o. A menos que você queira que sua família
rastreie sua localização enquanto você e Tamian estão se
conhecendo, precisará de uma maneira de se comunicar que não
possa ser rastreada.

Tamian puxou Lucy para mais perto e enfiou o nariz nos cabelos
dela. Quando ele inalou, ela riu, mas não se afastou. Em vez disso,
colocou a mão na coxa dele e esfregou círculos com a ponta do dedo.
Se ela não se conhecesse, teria jurado que estava ronronando. Por
outro lado, ela tinha um gato enorme por dentro, então tudo era
possível.

Tessa olhou para Lucy pelo espelho retrovisor. — Não estava


brincando quando disse que estava com ciúmes. Os machos Gárgulas
têm asas, mas você? Puta merda maldita! Você é incrível, sendo
capaz de mudar a maneira como você faz. Seu Grifo é glorioso.

— Obrigado. É a primeira vez que chamo meu Grifo em mais de


dez anos. Na maioria das vezes, sou minha águia quando mudo. Isso
me permite passar despercebida pelos humanos.

— Não detectada por Goyles também. Tamian me contou como


escapou em Holmesvik. Existe uma razão para você e Monk terem
cores diferentes?

— Sim. Existem alguns tipos diferentes de Grifos. Monk é um


Grifo da água, portanto suas asas são azuis. Minhas penas são
amarelas e douradas, indicando um shifter da terra. Há os de fogo
com asas vermelhas e os dos shifters do ar com as penas todas
brancas. Temos a capacidade de chamar os elementos para aumentar
a força. Como sou um Grifo da terra, prefiro minha águia, mas como
você viu, não tenho medo do meu leão.

— Então era você que estava causando a tempestade de poeira?


—Tessa perguntou. Quando Lucy admitiu isso, Tessa balançou a
cabeça e sorriu para Lucy antes de olhar para Tamian. — Tam, você
precisa entrar em contato com Uri e Banyan e informar quem é Lucy,
para que seus pais possam descansar mais facilmente.
— Farei isso. Podemos até fazer uma parada no caminho de casa
para que eu possa apresentá-los adequadamente a Lucy.

— Quando você voltar, você sabe que mamãe também vai querer
conhecê-la. Especialmente depois que eu lhe diga o quão incrível ela
é. Lucy, não sou de ter medo, mas quando você mostrou aqueles
dentões do seu leão, eu quase me molhei. Desculpe por chamá-la de
gatinho. Não quis desrespeitar.

Lucy sorriu. — Não fiquei ofendida. Só não sabia quem você era
para Tamian e acho que estava marcando meu território, por assim
dizer.

— Não culpo você. Eu sei tudo sobre ser possessiva. Cortaria


uma vadia se ela tentasse ficar entre eu e meu companheiro. —O
rosto de Tessa entristeceu quando ela mencionou Gregor, e Tamian
considerou algo que prometeu que nunca faria depois que ela
estivesse acasalada. Ele iria se intrometer na vida de sua irmã.
Quando ele e Lucy retornassem da Itália, se Tessa e Gregor não
tivessem resolvido a situação, ele conversaria com o cunhado. Ele
não suportava que Tessa sofresse, e no que dizia respeito a ele, não
era por um bom motivo.

O resto do trajeto até o aeroporto foi preenchido com Tessa e


Lucy conversando sobre as diferenças entre Grifos e Gárgulas. Isso
permitiu a Tamian aprender mais sobre sua companheira enquanto
desfrutava da presença dela ao seu lado. Quanto mais eles ficavam
juntos, mais difícil ficava manter a besta à distância. Eles teriam
muito tempo sozinhos no voo de oito horas, mas ele recusava que a
primeira vez que fizessem amor fosse em outro lugar que não fosse
uma cama. No chão. Eles poderiam ingressar no clube de milha no
caminho de casa.

Continue dizendo isso a si mesmo. Ela nos quer.

E eu a quero, mas quero que ela queira mais que sexo.

O que há de errado com sexo?

Nada, mas há mais em ser companheiros do que foder.

Fale por você.

Sim, eu falo. Agora, comporte-se. Precisamos chegar ao avião e decolar


antes que Monk decida fazer outra aparição.

Deixe-o.

Tamian ignorou a fera e ajudou Lucy a sair do banco de trás.


Santiago e outro homem que Tamian nunca havia conhecido
estavam esperando por eles. Santiago avançou e apertou o punho
sobre o coração, curvando-se. — Lucy, é uma honra conhecê-la.
— Lucy, esse é Santiago. Meu piloto e amigo. Lucy estendeu a
mão e Santiago a pegou beijando os nós dos dedos em vez e apertá-
la. Tamian rosnou baixo, e Santiago riu enquanto Lucy revirava os
olhos.

— Calma, garoto. Sou toda sua. —Ela disse, confortando o ego


dele. Quando se virou para dizer adeus a Vitto e Tessa, Tessa puxou
sua companheira em seus braços.

— Cuide dele, —Tessa sussurrou.

— Eu prometo. E quando voltarmos, quero que passemos mais


tempo juntas.

— Eu gostaria disso, —admitiu Tessa. O sorriso que ela deu a


Lucy era um que Tamian não via há algum tempo e, por mais que
quisesse ficar sozinho com Lucy, ele queria que a bagunça com
Ramey fosse concluída mais cedo do que mais tarde, para que ele
pudesse levar sua companheira para casa e começar a viverem juntos.

Tessa entrou nos braços de Tamian e o envolveu em um abraço


apertado. Estou tão feliz por você, disse ela, silenciosamente. A
felicidade dela estava misturada com tristeza, mas ele sabia que não
tinha nada a ver com ele encontrar sua companheira.

Não fique longe de Gregor por muito tempo, Andi. Ele sente sua falta.
Como você sabe?

Da mesma maneira que você sente a dele. Eu sinto isso.

Tessa deu um passo atrás e limpou uma lágrima da bochecha. —


Vá. Pegue sua garota e desfrute da calmaria enquanto o resto de nós
cuidamos do show de merda conhecido como Ramey.

Tessa saiu sem outra palavra. Vitto apertou o ombro de Tamian.


— Vou cuidar dela, eu prometo.

Santiago pegou a bolsa de Lucy e caminhou em direção ao jato


de Tamian, deixando apenas Tamian e Lucy ali. Ele estendeu a mão
e perguntou: — Você está pronta para ir?

— Estou pronta, —ela respondeu suavemente. Com uma


piscadela, Lucy puxou a mão de Tamian, e ele deixou sua
companheira levá-lo ao avião. Ele também estava pronto.
levar Kaya para casa e verificar
Jonathan, mas era necessário descobrir mais sobre os Hounds, então
ficou feliz quando Ryker aceitou a oferta de uma volta para Nova
York no jato. Os homens não hesitaram em discutir Monk e seu
desaparecimento na frente dele e de Kaya, e isso ajudou bastante a
aliviar sua mente sobre o tipo de relacionamento que todos teriam no
futuro.

Quando eles se acomodaram, Rafael disse: — Conte-me sobre o


Ministério. Sei que eles assumiram a responsabilidade de terem
derrubado a clínica de Jonas Montague quando o mundo se desfez,
mas fora isso, não ouvi muito sobre eles.

— Porque eles são mais escorregadios que merda de baleia, —


afirmou Kaya, surpreendendo os Hounds.

— Ela não está errada, —Maveryck murmurou, sorrindo para


ela.
— Durante todos os anos em que estive no exército, nenhuma
pessoa ligada ao Ministério foi condenada por um crime. Sem
ninguém disposto a testemunhar contra eles, as provas nunca se
sustentaram.

Ryker assentiu e explicou mais. — Eles são excepcionais em


manter seus negócios ocultos e seus membros na linha. Eles afirmam
ser um grupo religioso, mas, na realidade, são um culto com facções
em todo o mundo. Os Hounds de Zeus, como os Gárgulas, vêm de
todas as áreas do globo, e nós fizemos de nossa missão derrubar o
Ministério, um grupo de cada vez. Os Hounds não estão tão
conectados como parece que o seu Clã está. Vocês tem Reis para
governar seus respectivos país. Os Hounds praticamente se governam
dentro de suas próprias áreas. Nós nos comunicamos com reuniões
anuais, a menos que tenhamos conhecimento de um culto em uma
área que não controlamos. Então avisamos o chefe da família. Antes
de Lucy ser contratada pelo AGI, fizemos o melhor que pudemos
para encontrá-los sem o conhecimento de informática dela. É
verdade que ela não é a melhor hacker do mundo, mas conseguiu
ajudar antes que esse último fiasco acontecesse.
— Quando tudo acabar e provarmos a inocência de Lucy, Julian
poderá ensiná-la mais sobre computadores, se é algo que ela estaria
interessada. Ou seja, se ela não continuar com o AGI.

— Ela não queria se juntar a eles em primeiro lugar, mas era isso
ou a prisão. Provar sua inocência não necessariamente permitirá que
ela saia de seu contrato.

— Então, precisamos descobrir como ajudá-la com isso também.


Não tenho certeza de onde ela e Tamian vão acabar, mas, como ela
mora em Nova York, eu suspeitaria que ela queira ficar perto de sua
família. Os pais de Tamian também moram lá, então não acho que
ele se oponha a se mudar para lá com ela. Ele tem um lugar em Nova
Atlanta, para que eles possam ficar lá enquanto ela estiver treinando.

— Por que Julian faria isso? —Maveryck perguntou.

— Porque Lucy faz parte da nossa família, e nós cuidamos dos


nossos. Não se preocupe, não estamos tentando tirá-la de vocês, mas
agora ela tem uma família extensa que abrange todo o país. Todos
nós estaremos conectados uma vez que Lucy e Tamian forem
companheiros, e seria do nosso interesse trabalhar juntos. Só porque
os Gárgulas lidam com os Profanos e os Grifos assumem o
Ministério não significa que não podemos ajudar uns aos outros
daqui para frente. Ambas as nossas espécies têm a honra de cuidar
dos seres humanos.

— O que acontece se eles passarem algum tempo juntos e


decidem não completar o vínculo? —Perguntou Hawke.

— Tenho toda fé que Tamian e Lucy se casarão em breve, mas


se algo acontecer e seguirem caminhos separados, Lucy ainda será
considerada da família, e o Clã trabalhará com os Hounds
independentemente disso. Temos um objetivo em comum, e nada vai
mudar isso.

O resto do voo foi passado com Ryker e os Hounds, contando os


tempos em que se infiltraram no Ministério e como os derrubaram.
O bom foi que os membros do culto que não estavam por vontade
própria eram direcionados para os centros de reabilitação criados
pelos Hounds. O único aspecto negativo era que os Hounds não
conseguiam fazer os chefes dos cultos chegaram ao sistema de justiça
humano. Em vez disso, eles estabeleceram sua própria marca de
justiça. Surpreendentemente, Kaya não pestanejou quando eles
explicaram como sua família funcionava.

Quando Rafael perguntou sobre isso mais tarde, —ela disse: —


Há muito de errado com o mundo como ele é. Se os Hounds podem
livrar a sociedade desses bastardos, eu sou a favor. É uma coisa a
menos com a qual preciso me preocupar quando Sebastian nascer. —
Ele não podia culpá-la de pensar assim.

Depois de deixar Kaya na mansão, Rafael foi para o hospital.


Ficou satisfeito ao encontrar Jonathan de bom humor, e isso
significava que Priscilla estava se comportando. Ela ainda pairava,
mas não tanto como quando seu irmão estava se sentindo mal.
Deacon estava encostado na parede do outro lado da sala, ficando
fora do caminho. Rafael fez uma anotação mental para perguntar ao
macho quantas vezes ele visitava Jonathan apenas para poder ficar
de olho na Dra. Bailey.

Para tirar a mente de sua família humana de coisas que não


tinham controle, Rafael contou a todos tudo sobre o encontro com
os Grifos, mas não demorou muito tempo depois de responder a
todas as perguntas deles. Ele não queria causar mais estresse a
Jonathan do que Priscilla por si só. Depois de prometer voltar em
breve, Rafael foi ver Julian.

Rafael ficou surpreso ao encontrar Julian sozinho quando entrou


no laboratório. — Ei, Irmão. Quando é que você voltou? —Julian
perguntou, tirando os olhos dos monitores e virando-se para o primo.

— Algumas horas atrás. Deixei Kaya em casa e parei para ver


Jonathan. Como vão as coisas aqui? —Era difícil não sentir a
angústia nos olhos de Julian, mas seu primo nunca reclamaria. Ele
podia ser Gárgula, mas em algum momento, todos eles precisavam
descansar.

— Como seria de esperar quando o governo humano está


envolvido. Phil Ramey é uma peça e tanto, e quanto mais eu cavo,
mais fundo o buraco fica sem atingir o fundo. Como ele conseguiu
passar pela habilitação de segurança do AGI está além da minha
compreensão, a menos que ele tenha uma ajuda interna. Ele tem sido
bom em cobrir seu rasto nos últimos vinte anos, mas nos últimos
anos, ele ficou desleixado. Isso coincide com a morte de Lucius Ball.
Quando finalmente conseguir ler os arquivos do laboratório em que
Lucy estava trabalhando, talvez consiga discernir o motivo, mas
presumo que os especialistas que Ramey contratou após a morte de
Lucius não eram tão hábeis no que quer que estivessem encarregados
de fazer, e Ramey continuou procurando até conseguir que Lucy
fosse transferida para sua área.

— Eles estão encriptados?

O rosto franzido de Julian se aprofundou. Esfregando a mão no


rosto com a barba por fazer, ele disse: — Não, eu apenas ainda não
cheguei a eles. Estou tentando, mas há apenas um de mim. Rafe, sei
que você não confia nele, mas eu realmente poderia usar a ajuda de
Lachlan.

— Você está certo. Não há como eu deixá-lo sair da Pen. —Os


ombros de Julian caíram e Rafael sentiu o impacto de suas palavras
como se estivesse sentado no lugar de Julian. — Depois de tudo o
que ele fez para ajudar na detenção de Katherine, você pode
honestamente dizer que quer a ajuda dele?

Julian fechou os olhos e respirou fundo. Quando ele olhou para


Rafael, ele disse: — Se não conseguimos encontrar outra pessoa,
então sim. Isso ajudaria muito que ele se redimisse. Eu estou ... —
Julian deu de ombros, sua voz sumindo.

— Jules, me desculpe. Eu ...

— Compreendo. Você é o Rei e precisa fazer o que achar melhor


para o Clã.

— Não era o que eu ia dizer. Me desculpe, não percebi o quão


estressado você está. Se você, Frey e Gregor puderem descobrir uma
maneira de mantê-lo sob vigilância nas 24 horas do dia, então eu
permitirei.

— Não. Não posso deixar você fazer isso. Vou continuar


procurando por outra pessoa.
— Enquanto faz todo o outro trabalho que lhe pedi? Não.
Faremos isso funcionar, pelo menos até encontrarmos outro
substituto adequado. Com o número de Goyles que temos nos
Estados Unidos, deve haver outro gênio entre o grupo.

— Você sabia que Hunter liga para Gregor pelo menos uma vez
por semana para verificar Lachlan?

— Não, mas não duvido. Ele pode não ser capaz de perdoar seu
companheiro, mas se eu estivesse no lugar dele, eu o verificaria
também. Por qualquer motivo, o destino colocou esses dois juntos.
Eles tinham que ver algo de bom em Lachlan, ou duvido que
tivessem dado a ele um Goyle tão honrado como Hunter. Antes de
falar com Frey e Gregor, ligo para Hunter e lhe digo o que estamos
planejando. Agora que Donovan tem uma boa noção de que é ser
Rei dos Gregos, Hunter pode estar disposto a se mudar para Nova
Atlanta por um tempo e nos ajudar a vigiar Lachlan.

— Essa é uma boa ideia. Na última vez em que ligou, ele


informou a Gregor que vários Goyles Gregos desapareceram. Não
tive tempo de rastreá-los, mas se eu fosse de apostar, apostava que
eles estão aqui com Drago.

Rafael respirou fundo. Quando as coisas ficaram tão fora de controle?


— Eu não te contei, porque você tem o suficiente com Kaya
grávida e Jonathan no hospital. Acrescente mais informações sobre
os Grifos, e sua família pensou em tentarmos aliviar um pouco a
carga dos seus ombros.

— Embora aprecie o sentimento, é minha responsabilidade


suportar essa carga. Kaya está indo bem. Não há nada que eu possa
fazer para ajudar Jonathan, além de impedir Priscilla de deixá-lo
louco. Essa coisa com os Grifos vai se resolver. Depois de me
encontrar com eles, sinto que eles serão bons aliados. Existe mais
alguma coisa que minha família esconde de mim?

— Não, Irmão. Não pelo o que sei.

— Está bem então. Vou ligar para Hunter e depois convocar uma
reunião de família. Você está dispensado da reunião. De fato, insisto
que vá para casa e tire a folga amanhã. Sei que precisamos ajudar
Lucy, mas Tamian a tem, e ela ficará bem o tempo suficiente para
você fazer uma pausa.

— Eu estou bem.

— Eu não estou lhe dizendo como seu primo, estou lhe dando
uma ordem como seu Rei. —Não eram muitas as vezes que Rafe
puxava o cartão de Rei com sua família imediata, mas Julian
precisava de um tempo de inatividade. — Vá para casa com
Katherine. Agora.

— Obrigado, —Julian sussurrou.

Rafael fechou a distância entre eles e colocou Julian de pé. Ele


envolveu seu primo com seus braços fortes e o segurou, oferecendo
o máximo de força que podia, sem dizer nada que pudesse fazer com
que dois grandes Gárgulas derramassem algumas lágrimas. Quando
ele se afastou, Rafael esperou que Julian digitasse alguns códigos.

— Ligarei para Katherine quando sair daqui e direi a ela para


mantê-lo longe dos computadores em casa. Sem trabalho, Jules.
Estou falando sério.

— Eu não vou, prometo.

Uma vez do lado de fora, Rafael deslizou no assento do Jaguar


enquanto Julian entrava no Vette . Quando os dois se afastaram do
estacionamento, Rafael discou para Gregor. Era hora de tirar a
cabeça da bunda e lembrar a família que estava de volta.

Jaguar é a marca de automóveis de luxo da Jaguar Land Rover, uma fabricante de automóveis multinacional com
sede em Whitley, Coventry, Inglaterra, de propriedade da empresa indiana Tata Motors desde 2008.

Chevrolet Corvette ou Vette


voara nos jatos da AGI muitas vezes, mas não eram nada
comparados ao avião particular de Tamian. Isso tinha muito a ver
com o seu Gárgula estar lá com ela. Santiago apenas os interrompeu
o tempo suficiente para acessar o interfone com informações sobre
decolagem e pouso. Fora isso, Lucy e Tamian tinham a cabine para
eles. Era impossível para ela manter as mãos afastadas de Tamian,
para não tentar. A única coisa que a impedia de se despir e se entregar
a ele era Santiago. O piloto também era um Gárgula, o que
significava que ele ouviria tudo o que eles fizessem ou dissessem.
Além disso, ela não estava pronta para fazer sexo. Seu corpo doía
para que ele a tocasse em todos os lugares, mas seu cérebro a
lembrava de que não haveria volta quando isso acontecesse.

Sentada em um dos sofás de couro, virou-se para se encararem,


Tamian enfiou os dedos entre os de Lucy, acariciando sua pele
enquanto conversavam sobre tudo e nada. Assim que ficaram no ar,
ele prometeu levar as coisas tão devagar quanto ela queria, afirmando
que conhecer todas as pequenas coisas um sobre o outro levaria
tempo, e eles tinham muito disso.
Em algum momento, Lucy cochilou. Quando acordou, ela
manteve os olhos fechados. Tamian a segurava nos braços, afastando
seus cabelos do rosto e colocando beijos suaves na têmpora e nos
cabelos. Enquanto ela dormia, eles se moveram e ficaram deitados
no sofá. Ela não pôde resistir ao suspiro que escapou. Ela ficaria feliz
em acordar com a doçura dele todas as manhãs. Quando Lucy abriu
os olhos, a cabine foi lavada com um calor sutil, com o sol brilhando
através das janelas. O voo foi longo e a Itália ficava sete horas à frente
de Nova DC.

— Que horas são? —Ela perguntou, passando um dedo pela


mandíbula de Tamian. Ela se perguntou como ele ficaria com uma
barba. Impressionante, sem dúvida.

Em vez de verificar um relógio ou seu telefone, Tamian olhou


pela janela. — Eu diria que é perto das sete.

Uma campainha tocou e Santiago passou pelo interfone. — Este


é seu capitão falando. Estaremos descendo em aproximadamente quinze
minutos. Por favor, retornem seus assentos, ou seus corpos, na posição vertical.
A hora atual é seis e cinquenta e cinco, e o clima em Courmayeur é ameno com

Courmayeur (pronúncia italiana [kurmaˈjɛr] ou [kurmaˈjør]) é uma comuna italiana da região do


Vale de Aosta com cerca de 2.798 habitantes, que se estende por uma área de 210 km², e tem uma densidade populacional de 13 hab/km².
oito graus Celsius. Para aqueles de vocês que são desafiados metricamente, como
eu, isso equivale a quarenta e seis graus Fahrenheit. —Lucy e Tamian riram
das travessuras do homem. Lucy não considerava oito graus
agradável, mas não era um Gárgula de sangue puro. Tamian se
mexeu para que Lucy não estivesse mais deitada em cima dele e a
ajudou a se sentar.

A aterrissagem foi a mais suave que Lucy já havia encontrado.


Depois que eles pararam, Tamian estendeu a mão e levantou Lucy
até ficar de pé, a emoção correndo em suas veias. Ela não sabia a que
distância o chalé ficava do pequeno aeroporto, mas estava um passo
mais perto de ficar sozinha com seu Gárgula. O pensamento de ter
um companheiro que era um shifter não era um conceito estranho,
mas ter um que era muito diferente do seu era emocionante. Mais de
uma vez, Lucy imaginou chamar sua águia para que ela e Tamian
pudessem voar pelos céus. Felizmente, o chalé dele era isolado, por
mais de um motivo.

Santiago abriu a porta da cabine do piloto e se esticou até a altura


máxima, torcendo o corpo várias vezes. Seu sorriso era tão brilhante
quanto o sol atravessando as pequenas janelas.

— O que o está deixando tão feliz? —Tamian perguntou.

— O quê? Um cara não pode sorrir sem motivo?


— Não.

Santiago encolheu os ombros. — Então, não sei do que você está


falando. —Ele abaixou a alavanca e abriu a porta, depois apertou o
botão que desdobrava as escadas. — Depois de vocês, —ele
gesticulou.

Quando Lucy e Tamian chegaram à pista, uma mulher linda


estava esperando por eles. — Aí está você, —ela disse, entrando nos
braços de Tamian.

— Olá, Mirabella. Você não precisava nos encontrar aqui. Eu


tenho meu carro. —O rosto da mulher ficou vermelho, e ela baixou
os olhos.

— Ela não está aqui por você. —Santiago passou por Tamian e
pegou Mirabella em seus braços, balançando-a.

Rindo, ela bateu no braço do piloto.

— Ponha-me no chão, sua besta exagerada. —O brilho nos olhos


dela sugeria muito mais que amizade.

— Espere. Porque ela está aqui por você? —Tamian perguntou,


passando o braço pela cintura de Lucy. — Você não vem conosco
para o chalé?
— Não em sua vida. Bem, tudo bem, se sua vida estivesse em
risco, mas não acho que isto seja algo com que tenha que me
preocupar, não é? —Santiago piscou para Lucy, fazendo-a corar tão
calorosamente quanto a outra mulher.

Tamian deu uma risada. — Mirabella, gostaria de apresentá-la a


Lucia Ball—minha companheira.

— O prazer é meu, —disse Mirabella, oferecendo a mão para


Lucy. Mirabella entregou a Lucy uma jaqueta que estava segurando.
— Tomei a liberdade de trazer isso para você. Suas outras roupas
estão esperando no chalé. —Tamian havia pedido roupas para Lucy,
mas ficou surpresa por elas terem chegado em tão pouco tempo. A
diferença de temperatura entre a Itália e os Estados Unidos era
significativa, mas não tanto que realmente incomodasse Lucy. Sendo
uma shifter, ela podia suportar melhor o calor que o frio, mas oito
graus não eram tão ruins. Ainda assim, ela deslizou os braços na
jaqueta, agradecendo a outra mulher por sua consideração.

— O chalé está totalmente abastecido e pronto para uma estadia


prolongada. Mas se precisar de mais alguma coisa, sabe como me
encontrar. —Ela disse a Tamian.

— Você é a melhor, —ele respondeu, mantendo Lucy perto do


seu lado. Para Santiago, Tamian disse: — Nós não discutimos se
vamos ou não permanecer aqui até que a tempestade passe, mas vou
tentar avisar com a maior antecedência possível antes de estarmos
prontos para viajar. Se precisar sair do país por qualquer motivo, me
avise.

Santiago sorriu e olhou para Mirabella. — Tenho certeza de que


posso encontrar algo para ocupar meu tempo enquanto você e Lucy
se familiarizam melhor. —Ele entregou a bolsa de Lucy a Tamian
antes de pegar a mão de Mirabella. — Vamos? —Ela assentiu, seu
rosto ainda com um tom bonito de rosa.

Tamian não se mexeu enquanto o casal caminhava para o avião.


Ele ficou olhando enquanto as escadas se dobravam e desapareciam
dentro do jato antes que a porta se fechasse.

— O que diabos aconteceu? —Tamian murmurou.

— Assumo que você não sabia sobre eles? —Lucy perguntou,


sorrindo ao ver como seu macho estava boquiaberto.

— Não, eu não sabia. Mas muitas coisas estão fazendo mais


sentido. —Saindo de seu estupor, Tamian repetiu as palavras de
Santiago: — Vamos?
— Devemos. —Quando Tamian disse que seu carro estava lá,
Lucy não pensou muito. Quando ele a levou a um Lamborghini
amarelo e elegante, a parte dela que ama emoções gritou de alegria.

— Você gostaria de dirigir? —Tamian perguntou quando


percebeu como ela estava olhando o carro dele.

— Eu adoraria, mas não acho que seja uma boa ideia. Pelo
menos ainda não. —Lucy tinha um carro esportivo em casa, na
garagem, mas não chegava nem perto do calibre do veículo de luxo
esperando a liberdade. Fazia meses desde que ela teve a chance de
colocá-lo na estrada, e mesmo sabendo que não haveria comparação
entre os dois, Lucy estava ansiosa para ver se o conversível italiano
de Tamian estava à altura de seu exagero.

— Justo, mas considerando que é seu ...

— Meu? —Lucy colocou as mãos nos quadris. — Tamian, você


não pode me dar um carro, muito menos um Aventador . —Suas
palavras traíram a dança feliz acontecendo dentro de sua cabeça.

Lamborghini é uma fabricante italiana de automóveis desportivos de


luxo e de alto desempenho criada originalmente para competir com a Ferrari com sede no município de Sant'Agata Bolognese.
Aventador é um carro esportivo de motor central produzido pela fabricante italiana Automobili Lamborghini, é o substituto do
Murciélago. Ele é codificado como LB834 e LB835 para a versão roadster. O Aventador foi publicamente anunciado no Geneva Motor Show
em 28 de fevereiro de 2011.
— Eu já te disse, vou te dar o que seu coração desejar. Isso, —
ele apontou para o Lambo , — é algo que meu coração deseja que
você tenha. Considere isso um presente de aniversário.

Lucy aproximou-se de Tamian e colocou as mãos no rosto dele,


puxando-o para encontrar seus lábios. Soltando a bolsa dela, ele
deslizou as mãos em volta da cintura dela até sua bunda, puxando-a
com força contra ele. Ou ele estava feliz em vê-la, ou dar-lhe um
presente desses o deixou excitado. A ereção de Tamian pressionava
seu estômago, e Lucy perdeu toda a noção do tempo e de onde eles
estavam. Envolvendo as pernas em volta da cintura dele, Lucy se
mexeu contra a protuberância na calça jeans dele, puxando sua
camiseta. Ela precisava que ele a pegasse, naquele momento e ali, e
a fizesse dele.

Quando Tamian a colocou de novo de pé, ele a segurou a


distância do braço. Sorrindo, ele disse: — Eu também quero você,
querida, mas não aqui. Assim não. Vamos para o chalé, e você pode
ter o seu jeito malvado comigo.

Lucy poderia ter feito beicinho, mas ele estava certo. Se o que ele
havia lhe dito sobre o vínculo de companheiro fosse verdade, eles
precisariam de um lugar onde pudessem se perder um com o outro

Abreviação para Lamborghini


quando os animais assumissem o controle. Mal podia esperar para
ver as asas dele novamente, então endireitou as roupas e assentiu.

— Está bem então. Vamos ver do que esse bebê é capaz. —Ela
disse quando ele abriu a porta para ela. Enquanto esperava Tamian
caminhar até o lado do motorista, Lucy admirou o interior. — Puta
merda. Eu tenho um Lamborghini, —ela disse, rindo.

Como ela pediu, Tamian mostrou a ela exatamente o que seu


novo carro poderia fazer.

Tamian ignorou sua fera enquanto levava Lucy no passeio da


vida dela. Bem, o tipo de passeio que ele poderia dar a ela enquanto
forçava os limites da gravidade pelas estradas sinuosas na base do
Mont Blanc. Pelo jeito como subiu no corpo dele e se esfregou nele
no aeroporto, ela estaria montando nele assim que chegassem ao
chalé. Ele queria adiar isso por mais um tempo para garantir que ela
não tivesse dúvidas sobre estar acasalada com ele por toda a vida,
mas sabia que não era forte o suficiente. Ele a queria. Cada parte
dela. Mente, corpo e alma. Tamian estava pronto para a amizade e o
amor que viriam junto com os parceiros da vida.

A cada curva acentuada que o carro abraçava, Lucy soltava um


grito alto ou ria descaradamente. Era o melhor som do mundo. Se o
tempo estivesse mais quente, ele colocaria a capota para baixo, mas
haveria muitos dias no futuro para isso. Quando ele se aproximou da
entrada secreta que levava à sua propriedade, Tamian diminuiu a
velocidade enquanto pressionava um botão no console. O que
parecia uma grande pedra rolou para trás, expondo o caminho que
apenas um punhado de pessoas conhecia.

— Você tem uma caverna de morcegos. Diga-me que você tem


uma caverna de morcegos! —Lucy exclamou.

— Não, eu tenho uma caverna de Gárgulas, —Tamian brincou


enquanto descia o carro pelo túnel escuro que levava ao chalé situado
na base da montanha. Xavier tinha roçado os limites do neurótico
quando se tratava de manter Elizabeth segura. Assim que
acasalaram, ele contratou uma equipe para instalar a passagem
secreta e, depois, Tamian usou seus poderes de persuasão para ajudá-
los a esquecer que alguma vez estiveram lá. A entrada de automóveis
original que levava ao chalé havia sido removida e o túnel era o único
caminho transitável para a propriedade. Havia também um heliporto
para emergências e saídas rápidas. Seu pai não poupou despesas
quando se tratou de esconder sua mãe de Gordon Flanagan.

Depois que o humano morreu durante a luta de helicóptero com


Frey, Xavier disse a Tamian que o chalé era seu para fazer o que
quisesse, mas Tamian não tinha vontade de abrir a possibilidade do
tipo errado de de encontrar sua casa de família. Agora ele tinha sua
própria companheira para se preocupar. Talvez um dia, em um
futuro distante, as coisas fossem diferentes e eles abrissem sua casa a
outros de sua espécie.

Tamian entrou na enorme garagem e estacionou ao lado de um


utilitário esportivo. Os invernos podiam ficar difíceis, tornando as
estradas perigosas. Antes que ele soubesse o que estava acontecendo.
Lucy estava tentando pular do console em seu colo. — Calma
Gatinha. Ou devo dizer leoa.

— Isso foi incrível. Podemos fazer de novo? —O rosto de Lucy


estava vermelho e seus olhos brilhavam com a descarga de
adrenalina.
— Com certeza. Mas primeiro, quero lhe mostrar uma coisa.
Vamos. —Insistiu Tamian, saindo do assento baixo. Ele deu a volta
no carro e ajudou Lucy a sair, pegando a mão dela e guiando-a pelo
piso suave do chão de concreto da garagem. Em vez de atravessar a
porta que dava para o lado da casa, Tamian a levou pela frente para
que pudesse compartilhar com ela a vista que era o Mont Blanc. O
chalé estava situado, onde as montanhas se erguiam ao longe em
frente à casa. Tamian ficou atrás de Lucy, colocando-a de costas no
peito dele e apoiou o queixo no ombro dela. — Bem-vinda ao lar.

A respiração de Lucy parou, e ela se aproximou dele, se isso fosse


possível. — As flores silvestres que cobrem o terreno na primavera
são tão espetaculares quanto os picos cobertos de neve no inverno.
Este é o meu lugar favorito no mundo, e agora é ainda melhor porque
posso compartilhar isso com você.

— Não sei o que dizer, —sussurrou Lucy.

Tamian beijou a têmpora dela. — Você não precisa dizer nada.


Tamian ficou com sua companheira nos braços por vários minutos
calmos, deixando-a se adaptar ao que seria parte de sua nova vida.
Quando ela moveu sua bunda contra a virilha dele, seu pau percebeu,
e Tamian deu um passo atrás. — Vamos. Deixe-me mostrar o
interior. Quando chegaram à porta da frente, Tamian falou na caixa
de segurança antes de olhar para o scanner da retina. — Vamos
inserir sua identificação no scanner mais tarde. —Quando ele abriu
a porta, Tamian se afastou, permitindo que Lucy visse pela primeira
vez sua nova casa.

— Uau. Isso é ... Tem certeza de que é aqui que você mora? —
Lucy entrou no meio da grande sala da família e virou-se em círculo.

— Sim, e você também. Por agora. Se em algum momento no


futuro você decidir ser a Rainha dos Gárgulas Italianos, me avise. Ou
podemos apenas visitar quando quisermos. —Tamian já havia dito a
Lucy que Xavier queria entregar o trono. Ela ouviu sem comentar,
então ele não conhecia seus sentimentos sobre o assunto. Ele estava
bem com qualquer maneira que ela decidisse. Se fosse algo que a
excitasse, ele intensificaria e faria o que seu pai queria. Caso
contrário, convenceria seu pai a deixar Vitto ter a coroa.

— Quando você disse que era dono de um chalé, eu estava


pensando em um pequeno, não este. —Tamian manteve os detalhes
de sua casa para si mesmo, apenas para que pudesse ver a reação de
Lucy. Ele não ficou desapontado.

— Quando meu avô construiu isso, ele tinha uma grande família
em mente. Mal sabia que ele e sua companheira teriam apenas um
filho, meu pai. Papai não esperava encontrar sua própria
companheira, porque demorou muito tempo. Ele já tinha setecentos
anos quando a conheceu.

— Conversamos sobre muitas coisas no avião, mas uma coisa


que pretendo perguntar é quanto tempo os companheiros humanos
vivem? Sei que Goyles tem uma vida útil extensa.

— Não tenho muita certeza. Eu sei que o processo de


envelhecimento para, porque minha mãe poderia passar pela irmã
gêmea de Tessa, e ela está chegando aos sessenta. Minha tia tem
quase duzentos e cinquenta anos. Jonas acredita que as
companheiras humanas podem viver tanto quanto seu Gárgula, a
menos que sucumbam à doença humana. Tessa é meio-sangue desde
que mamãe é humana e papai é Gárgula, então ela está mais bem
equipada para lutar contra doenças.

— As fêmeas não têm asas, ou é só porque Tessa não é de sangue


puro?

— Isso é uma coisa de fêmeas. Elas têm presas e garras,


velocidade, força e a visão e audição excepcionais, mas é só isso. Os
machos têm asas e pele impenetrável.

— É por isso que as garras de Monk não o despedaçaram. —


Lucy mordeu o lábio inferior e Tamian esperou para ver se ela diria
livremente o que estava em sua mente. — Posso fazer outra pergunta
pessoal?

— Você pode me perguntar qualquer coisa. Não tenho nada a


esconder de você. Você vai ser minha companheira e tem o direito
de saber no que está se metendo.

— Se você é o clone de Tessa, por que não se parecem mais?


Quero dizer, a semelhança existe, mas os estudos que fiz na
faculdade mencionaram clones mais parecidos com quem quer que
fosse o DNA deles.

— Isso porque Jonas é um pouco narcisista. Não sou apenas


clonado de Tessa, mas de Jonas também. Sou mais um vira-lata do
que um raça pura. Não me interprete mal. Amo meu tio e tenho o
maior respeito por sua genialidade, mas ele sabia que seria bem-
sucedido no processo de clonagem e queria que eu estivesse mais
perto de um sangue-puro do que não. Isso é algo que apenas nossa
família imediata sabe.

— Não vou contar a ninguém. Mais uma pergunta, e então


prometo que vou parar.

— Qual é?
— Por que você se chama St. Claire se o nome da sua família é
Montagnon?

— Quando Jonas se casou com Caroline, ele foi condenado ao


ostracismo de seu clã por aceitar um humano. Eles fugiram, mas isso
não os impediu de ter filhos. Jonas achou melhor colocar seus filhos
em adoção para mantê-los seguros. Quando Caroline convenceu
Jonas a manter vários de seus filhos, as coisas se estabilizaram até
que um dia, um deles, Gabriel, fez a transição pela primeira vez. Ele
estava em público quando isso aconteceu, e alguns cientistas que
trabalhavam para o marido humano de minha mãe o encontraram.
Eles levaram Gabriel para Gordon, que pensou que ele poderia usar
seu DNA para criar um super-soldado. Soa familiar? —Lucy
assentiu, mas esperou que ele continuasse. — Essas experiências
deram errado, criando assim o Profano.

— Santo Zeus. Você está brincando.

— Eu desejava estar. Foi depois disso que Jonas se recusou a


manter mais de seus filhos. Isso é até Isabelle aparecer trinta anos
depois. Ela é a última filha deles. Com o ostracismo, Jonas estava
convencido de que os meio-sangues precisavam manter distância de
todos os puro-sangues. Dois de seus filhos mais velhos viajaram pelo
mundo cuidando dos que foram colocados para adoção. Quando
Tessa—cujo nome verdadeiro é Andrea—tinha idade suficiente, ela
se tornou uma observadora. Ela assumiu pseudônimos da mesma
forma que você fez para manter sua identidade verdadeira escondida.
Tessa sempre odiou o nome de Andrea, então quando ela tinha idade
suficiente, ela adotou um de seus apelidos, Tessa Blackmore, como
seu nome verdadeiro. Escolhi o sobrenome St. Claire em um livro
que li quando era jovem.

— Por que você ainda a chama de Andi se ela prefere Tessa?

— Meu nome do meio é Andrew e, a princípio, acho que me


sinto como se ainda estivéssemos perto. Quando Tessa viajou, eu a
segui. Ela é dura como unhas, mas ainda é minha irmã, e até ela se
acasalar com Gregor, senti que era meu dever cuidar dela.

— Tenho que te dizer uma coisa, —disse Lucy, sem encontrar


os olhos dele. Ele pegou as mãos dela e a incentivou a continuar. —
Quando estávamos no carro com ela e Vitto, eu pude ouvir sua
conversa.

— Pensei que poderia ser o caso. Ou isso, ou você pode sentir


meu desconforto. Você e eu somos um casal especial, querida. Até
onde eu sei, somos os primeiros do nosso tipo, duas espécies
diferentes de shifter se unindo. Tenho a sensação de que haverá mais
surpresas em nosso futuro e, por acaso, gosto de surpresas. Agora,
deixe-me mostrar o resto da casa e depois veremos o que Mirabella
deixou na geladeira. Ela é uma excelente cozinheira.

Tamian não se importava com as perguntas de Lucy e não


hesitava em dar-lhe as respostas verdadeiras, mas estava pronto para
se acalmar e relaxar um pouco. O chalé foi decorado a partir de uma
loja, por falta de uma comparação melhor. O segundo andar abrigava
todos os quartos, enquanto o piso principal abrigava todos os outros
cómodos. Tanto a frente como a parte de trás tinham um deck
esticando a largura da casa. Havia duas suítes máster, uma usada por
Xavier e Elizabeth, e uma que Tamian havia reivindicado para si
mesmo.

Lucy parou ao pé da cama enorme, passando a mão sobre o


edredom macio. Quando ela se virou para olhá-lo, ele não precisava
ser empático para saber o que ela estava pensando. A luxúria brilhou
quando seus olhos mudaram de humanos para os de seus animais. O
ouro substituiu o azul e eles eram de tirar o fôlego. Ou talvez esse
fosse seu próprio corpo reagindo a finalmente ter sua companheira
sozinha. Se permitisse, ele poderia despi-la e fazê-la dele naquele
momento. Lucy já havia tirado a jaqueta que usava e seus dedos
deslizavam os botões da blusa pelos buracos, e todos os pensamentos
sobre comida foram esquecidos.
Tamian ficou hipnotizado quando sua companheira se mostrou
para ele. Ele sempre se perguntou como seria esse momento. As
poucas humanas que namorou nunca dominaram seu corpo. Apenas
um par delas o excitou o suficiente para levá-las para a cama. Ele
assistia pornografia quando era mais jovem e seu pau exigia
liberação, mas ele sempre temeu que não soubesse como agradar
adequadamente sua companheira, desde que os tempos anteriores
faltou. Todos esses medos desapareceram quando sua besta o
empurrou, enchendo sua cabeça com o conhecimento de como
cuidar de Lucy. Quando ela deu um passo em sua direção, ele
perguntou: — Tem certeza de que é isso que você quer? Porque
quando eu a tiver na cama, não poderei parar. Minha besta está
muito perto da superfície.

— Tenho certeza. Eu quero isso com você. Quero tudo com


você.

Tamian rasgou as roupas do corpo e, em segundos, ele ficou


diante de Lucy tão nu quanto ela. Sem dúvida nublando sua mente,
Tamian pegou sua companheira, colocando-a no meio da cama antes
de subir em cima dela. Seu pau vazou quando ele inalou sua
excitação. Ele não queria se apressar na primeira vez, então
empurrou a besta, pois essa exigia que ele a pegasse e a fodesse com
força. Ele chegaria a isso, mas primeiro, iria valorizar seu corpo e
garantir que ela não tivesse arrependimentos.

não teve tempo de ver o quarto de Tamian completamente. Ela


estava muito ocupada admirando a atração principal. Ela era louca?
Lucy conhecia Tamian há menos de uma semana, e aqui estava ela,
concordando em ficar ligada a ele para todo sempre. Ela queria viver
centenas, se não milhares, de anos, salvo qualquer doença
imprevista? Aos trinta e três anos, Tamian era um bebê nos anos de
Gárgula, mas não teve nenhum problema em viver uma vida tão
longa, como ele dissera. Como um Grifo, a longevidade fazia parte
da composição genética, mas não era nada comparado aos dos
Gárgulas. Conversar e conhecê-lo tinha sido fácil. Aprender sobre as
espécies deles tinha sido interessante, e ela confiava em seus instintos
de que ele estava dizendo a verdade. Eles tinham uma conexão além
de qualquer coisa que ela pudesse imaginar, e seu corpo estava em
sintonia com o dele.

Lucy não era virgem, mas ver Tamian despido a deixou


hesitante. Ele era a perfeição. Não havia suavidade em volta do
estômago. Era plano sob os abdominais definidos. O tom de sua pele
sugeria sua herança italiana, mas estava em desacordo com seus
cabelos castanho-avermelhados e olhos verdes claros. Olhos
aquecidos que percorriam cada centímetro de sua pele. E o pau dele?
Santo Zeus! Ela nunca dera um boquete, mas o jeito que isso se
esticava em direção ao seu abdômen, duro e vazando, a deixava com
água na boca, e Lucy queria saber como era. Queria lamber o pré-
sémen da ponta. Ela queria saber se seu reflexo de vômito a impediria
de levá-lo até o fim.

Na faculdade, depois de ter nada além de sexo simples e baunilha


com parceiros que não tinham se preocupado com seu orgasmo, ela
assistiu pornografia para saber do que se tratava. Entre os vídeos
supostamente tabus e os poucos romances que lera, o sexo ficou
aquém dela. Talvez isso fosse porque fosse um Grifo e o animal lá
dentro precisava mais do que aquilo que um humano comum poderia
dar, porque o que ela experimentou não se igualou ao que Lucy tinha
visto ou lido. Até agora.

Quando Tamian se arrastou para a cama, cobrindo o corpo dela


com o dele, o calor aumentou entre suas pernas quando a ereção de
Tamian deslizou por seu monte, perto de seu clitóris, mas não perto
o suficiente. Lucy queria virar Tamian e esfregar seu clitóris contra
ele até ele deslizar para casa. A necessidade que ele a tomasse e
tomasse com força, anulou todos os pensamentos racionais sobre se
ela estava ou não pronta para a vida toda com esse homem. Se não
o parasse agora, eles ficariam unidos enquanto ela vivesse. Seria
realmente uma dificuldade? Acordar com isso todas as manhãs e
adormecer em seus braços fortes todas as noites? Ter um shifter forte
ao seu lado para enfrentar tudo o que a vida jogava em seu caminho?

— Querida, —Tamian gemeu contra sua orelha. Ele estava


esticado sobre ela, pele com pele, mantendo a maior parte de seu peso
fora dela. Sua ereção estava presa entre eles, e ela podia ouvir a
tensão em sua voz enquanto ele esperava. Com ele aninhado contra
suas coxas abertas, era um ajuste perfeito. Lucy traçou as costas de
Tamian com as mãos, memorizando o músculo duro sob sua pele
macia.

— Beije-me, —ela pediu, e Tamian o fez. Ele beijou atrás da


orelha dela, mordiscando seu pescoço, sua mandíbula, seu queixo,
até que seus lábios deslizaram contra os dela. Lucy os abriu para ele,
querendo prová-lo em sua língua. Respirar o oxigênio dele, tomando-
o como seu. Certo ou errado, Lucy não podia negar que queria
Tamian. Ela tinha que confiar que o destino sabia o que eles estavam
fazendo para colocá-los juntos, e não estava mais disposta a debater
se deveria ou não ceder a ele. A necessidade de se unirem era grande
demais. Lucy abaixou as mãos para os globos tensos de sua bunda
perfeita, encorajando-o a tomá-la.

Reconhecendo o sinal silencioso dela, Tamian manteve as bocas


fundidas enquanto empurrava um cotovelo e usava a outra mão para
guiar seu longo e veemente pau até a abertura dela. Tamian esfregou
a cabeça inchada para frente e para trás através do creme que o corpo
de Lucy havia produzido, deslizando para cima até que provocou seu
clitóris. Faíscas elétricas dispararam através de Lucy, e seu corpo
arqueou por vontade própria. Quando Lucy gemeu na boca de
Tamian, ele a provocou novamente, e seu corpo sacudiu, seu
orgasmo já perto da superfície. Ela perguntava como isso era
possível, mas já sabia que sexo com Tamian seria tudo menos papai
e mamãe, e ele cuidaria para que ela gostasse.

— Por favor, Tam, por favor ... —ela implorou, suas palavras
caindo nos lábios dele.

Ele não a fez esperar mais. Com um movimento lento e


torturante, empurrou para dentro, enchendo-a completamente. Lucy
esperava que doesse, mas não havia dor. Apenas perfeição.
Envolvendo suas longas pernas em torno das dele, ela enfiou os
calcanhares nas coxas dele, pedindo que ele se movesse.
Tamian levantou a cabeça da dela, olhando em seus olhos. A
adoração lá combinava com a verdade que ela sentia. Não havia mais
dúvida de que pertenciam um ao outro. Tamian deu um beijo casto
nos lábios dela e perguntou: — Você está pronta para mim, querida?

— Sim por favor. E não se contenha.

A adoração se transformou em luxúria, assim como ela pediu.


Os primeiros golpes foram lentos e suaves, e a tensão voltou ao sulco
da testa e as veias pressionando contra o pescoço dele. Lucy raspou
as unhas nas costas dele, sabendo que não poderia machucá-lo, mas
ainda esperando que ele sentisse pressão suficiente para saber que
tinha a atenção dela. Toda ela. Um rosnado baixo emanou de sua
garganta, e seu próprio animal empurrou contra Lucy, pronto para
atender a chamada. Ela não precisou alcançar muito longe o leão,
deixando os dentes afiados se formarem nas gengivas. Lucy não
costumava chamar partes individuais de seu Grifo, mas mudar
completamente durante o sexo estava fora de questão.

Quando Tamian vislumbrou seus dentes, ele deixou suas presas


caírem. Eles eram mais nítidos que os dela, mas ela estava pronta
para senti-los empalar sua pele. Ela precisava que a mordesse e a
fizesse dele de uma maneira que nunca poderia ser desfeita. — Lucy,
—ele ronronou, fechando os olhos enquanto empurrava mais fundo.
Mais rápido. Mais duro. Além dos gemidos profundos e seu nome
proferido como uma oração, Tamian não deu-lhe as palavras sujas
que ela teria esperado com um acasalamento tão intenso, mas ele não
era menos exigente. Tamian deixou seu corpo falar por ele. Naquele
momento, Lucy queria se ajoelhar e se curvar diante dessa criatura
incrível, oferecendo lealdade pelo tempo que eles tivessem.

Tamian usou o vigor de seu Gárgula para levar Lucy a alturas


que nunca alcançara. Não como uma águia e nem como um Grifo
totalmente transformado. Ela tinha lido sobre levar ao limite, mas
Tamian não a atormentou recuando apenas para levá-la ao limite
mais uma vez. Ele a manteve oscilando à beira, enquanto enchia seu
núcleo repetidamente. A cada poucas investidas, ele mudava o
ângulo para atingir o clitóris. Se ele tivesse sido outro amante, ela
teria alcançado entre eles e ajudado as coisas, mas seu companheiro
não precisava de ajuda para garantir que encontraria o mesmo
orgasmo que ele. Seus olhos escureceram quando seu pau a perfurou
ainda mais. Tessa estava errada. Meses de tendo Tamian para si
mesma não seriam suficientes. Para sempre não seria suficiente.

— Deixe-me ver você, Tamian. Por completo. —A pedido dela,


as asas de Tamian se abriram atrás dele. Quando ele abriu os olhos,
Lucy viu a fera avançando. Não havia outra maneira de descrever a
intensidade escura. Em vez de ficar assustada, emocionou-a saber
que ele poderia combiná-la de todas as maneiras. Lucy não conseguia
parar de traçar o contorno de uma de suas asas de couro. Assim que
ela fez contato, Tamian deixou cair todo o seu peso em cima de Lucy,
e uma dor intoxicante rasgou sua pele quando seu orgasmo explodiu,
pulsando a cada batida de seu coração.

Seu próprio shifter assumiu o controle e Lucy afundou os dentes


afiados no local onde o pescoço e o ombro dele se encontravam. O
pau de Tamian pulsou profundamente dentro dela, derramando sua
semente enquanto ele perseguia seu próprio orgasmo. Lucy lambeu
a pele dele onde o mordeu, e a parte inferior do corpo dele
desacelerou até ele descansar lá dentro. Tamian retirou as presas,
deixando sua língua remover qualquer vestígio de sangue enquanto
seu peito arfava.

As fortes respirações de Tamian se acalmavam quanto mais ele


permanecia pressionando sua testa. Quando ela o abraçou, Lucy não
pôde deixar de notar que suas asas haviam mudado de cinza para um
branco iridescente. Ela já as achava sexy antes quando irradiavam
força. Agora ... Para Lucy, o branco representava paixão e algo mais
pessoal.
— Elas são lindas, —ela sussurrou enquanto corria a ponta do
dedo ao longo da borda.

Tamian estremeceu, e seu pau amolecido endureceu, enchendo-


a mais uma vez.

— Elas sempre mudam de cor quando você faz sexo? —Ela


perguntou.

— O quê?

— Suas asas estão brancas.

Tamian olhou por cima do ombro e respondeu: — Huh. Eu, hum


... —Tamian retirou as asas e enterrou o rosto no pescoço dela. Em
vez de responder mais, ele a distraiu com as mãos e os lábios. Ele
beijou cada parte dela que conseguiu alcançar enquanto seu pau
provocava seu interior. Se afastando, Tamian deslizou até que
pudesse levar o mamilo dela em sua boca. Ele alternou entre chupar
e morder, não com força suficiente para ser doloroso, mas com
pressão suficiente para conectar-se ao núcleo dela. Lucy agarrou a
cabeça dele e o puxou para o outro seio. Quando obedeceu, Tamian
sacudiu a ponta com a língua. O calor de sua boca foi substituído
pelo ar fresco quando soprou através do mamilo.
— Por favor, —ela implorou, arqueando-se. Ela acabara de ter a
melhor experiência de sua vida, mas não era suficiente. Ela precisava
de mais. Lucy precisava de tudo dele e com ele. Não havia palavras
fortes o suficiente para descrever a intensidade do momento. Tamian
beijou seu estômago até que sua boca alcançou seu clitóris. Seu corpo
estava sendo adorado, e seu coração estava cheio com o que ela sabia
que era amor, embora fosse muito cedo para admitir isso ao seu
companheiro.

O companheiro dela.

Lucy agora tinha um parceiro para toda a vida. Alguém que


olhava para ela como Sutton olhava para Rory. Alguém que a
protegeria, não importasse a luta. Um companheiro que se colocaria
entre ela e a maior ameaça, Grifo ou não, se ela precisasse dele ou
não. E ela faria o mesmo por ele. Não importava o que a vida jogasse,
eles enfrentariam isso juntos. Quando Tamian chupou seu clitóris na
boca, ela balançou a cabeça para frente e para trás, temporariamente
esquecendo o futuro.
no pescoço de Lucy, inspirando
profundamente. Ele colocou a mão no cabelo dela quando ela
arqueou nele com um tremor secundário. Enquanto seu pau se
alongava por dentro, Tamian usou a excitação combinada deles para
facilitar a entrada e saída. Ele cedeu à fera, levando Lucy com força
e implacavelmente. Ela o incentivou com seus gemidos e os
calcanhares cravados nas pernas dele. Suas unhas arranhando suas
costas. Foi perfeito. Eles estavam acasalados, e nada jamais os
separaria. Ele faria o voto mais tarde, mas estava na hora de mostrar
a ela como ele podia ser gentil e amoroso.

Enquanto balançava seus corpos juntos, Tamian pensou em


todas as coisas que queria fazer com Lucy. Ele precisava provar a
doçura entre suas pernas enquanto seu corpo o encorajava a levá-la.
Ele queria beijar sua pele macia e encontrar os pontos que a faziam
tremer mais. Segura-la perto enquanto seus corpos desciam do alto.
Deixa-la assumir o controle e mostrar a ele o que ela queria. Acima
de tudo, queria nunca deixá-la ir. Ela era dele, e finalmente ele
entendeu do que se tratava a fusão. Ela já era a coisa mais preciosa
do mundo para ele. Ainda mais que Tessa. Não era um concurso,
mas se fosse, Lucy venceria com as mãos para baixo.

Os lábios de Lucy encontraram os dele, e ele fez amor com a


boca, o corpo e a mente dela. Ela já estava entrincheirada tão
profundamente em seu coração, que ele pensou que irromperia de
seu peito. Movendo-se com ele, Lucy foi tão responsiva. Quando ele
permitiu que a besta assumisse o acasalamento, sentiu o próprio
shifter dela vir à superfície. Agora, eram apenas eles, amando um ao
outro sem palavras. Quando ele a empurrava cada vez mais alto,
ainda estava fazendo amor.

Ele considerava foder como o que os seres faziam apenas para


gozar. O sexo deles sempre seria muito mais do que isso. Seria
cuidar, amar, aprender, criar bebês. O pensamento da barriga de
Lucy inchada com o filho deles fez com que ficasse sem fôlego, e ele
perdeu o ritmo. A boca de Lucy em seu pescoço o trouxe de volta ao
presente. Haveria tempo para filhos mais tarde.

Tamian deslizou seu pau do corpo de Lucy, beijando sua


mandíbula, seu ombro. Ele não podia esperar para prová-la, então
ele relaxou entre as pernas dela, parando em seus seios para levar
cada um em sua boca, chupando e provocando seus mamilos até que
fossem picos duros. Lucy gemia, balançado a cabeça de um lado para
o outro no travesseiro. Ele continuou a explorar o estômago dela,
girando a língua no umbigo dela e arrastando beijos de boca aberta
mais ao sul até que ele pudesse colocar a boca no núcleo dela. Ele
estava errado, o melhor som do mundo não era sua risada. Não,
eram os gemidos ofegantes e os gritos de prazer de Lucy.

Seu orgasmo misturado ao dela era uma experiência inebriante,


e ele lambeu as dobras dela, lambendo tudo o que podia encontrar
antes de se concentrar em lhe dar novo um orgasmo. Assim que a
língua dele tocou seu clitóris, Lucy agarrou dois punhados dos
cabelos dele e empurrou contra a boca dele. Ele não parou de chupar
e provocar até que ela estivesse gozando novamente. Com o corpo
ainda em espasmos, Tamian se arrastou entre as pernas dela e
empurrou para dentro. Alguns golpes foram o suficiente para que
suas bolas se apertassem, prontas para levá-lo até a beira do
precipício. Ele mergulhou de cabeça, amando-a lentamente. Com
sua besta saciada, Tamian pôde tomar um tempo, acariciando o
núcleo pulsante de Lucy, levando-a a gozar de novo enquanto ele
atirava fundo, com a cabeça jogada para trás enquanto gemia através
de seu orgasmo.
Essas três pequenas palavras estavam em sua língua. Era muito
cedo, mas conhecia seu coração. Quando ele olhou para ela para lhe
dizer, ela franziu a testa e ele se absteve de revelar sua alma. — O
que está errado? Machuquei você? —Algo nela estava diferente. Os
olhos dela …

— Seus olhos, —ela sussurrou, tocando o lado deles com as


pontas dos dedos. — Eles estão azuis.

— E os seus estão verdes.

— O que está acontecendo?

Tamian aliviou o pau dele do calor dela, seu esperma seguindo


e escorrendo entre suas coxas. Ele a levaria ao chuveiro para se
limpar em breve. Primeiro, eles tinham uma questão mais urgente a
tratar. Ele ergueu-se na cama e sentou-se de costas para a cabeceira
da cama e a puxou para seu colo. Ele ficou surpreso quando Lucy
apontou que suas asas haviam mudado de cor, mas ele considerou
que isso fazia parte de se reunir com sua companheira. Agora que
seus olhos haviam mudado para a cor dos dela, poderia ter mais a
ver com quem era sua companheira, ou melhor, o que ela era, do que
com ele ser especial.
— Já ouvi que isso aconteceu uma vez antes, mas ninguém
conseguiu explicar. Você me disse que gosta de rock. Você ouve a
banda Cyanide Sweetness ?

— Sim, amo a música deles.

— Desmond Rothchild, o vocalista, é meio-sangue. Quando ele


e sua companheira se acasalaram, seus olhos fizeram a mesma coisa,
mas, tanto quanto eu sei, Simone é humana.

— Qual a idade dela?

— Eu diria vinte e poucos anos. Porquê?

— É possível que ela seja parte Grifo e não saiba disso. Quando
um Grifo acasala com um humano e tem um filho, essa criança nem
sempre recebe o gene Grifo. Isso acontece com mais frequência com
as mulheres. Você sabe alguma coisa sobre os pais dela?

— Não, mas tudo o que precisamos fazer é ligar para Desi e


perguntar.

A banda futurista com o Desmond ‘Desi’ Rothchild como sendo o vocalista atual e seus amigos com o nome de Cyanide Sweetness
acrescentndo o ness no final do Sweetness e invertendo o nome para diferenciá-las da nossa Sweet Cyanide *-* nos tempos de hoje.

Os roqueiros de Nova York começaram a agitar o cenário musical de Gotham em 2008.


— Posso me entusiasmar com o fato de que você conhece uma
estrela do rock? —Lucy sorriu.

— Não. Você pode esperar até encontrá-lo em um show e ser


uma fã até o seu coração se contentar.

— A sério? —Lucy parecia mais uma adolescente naquele


momento do que a agente do AGI que ela era.

Tamian riu e a puxou de volta contra o peito. — Assim que não


estivermos mais fugindo do seu chefe, você encontrará mais Clãs do
que pode agitar. A Sociedade de Pedra já a reivindicou como uma
deles. Só estou lhe avisando, porque as companheiras a aceitarão, e
você será sufocada pelo amor e pela sobrecarga de informações.

— Estou acostumada a ser sufocada pela minha própria família.


Se o resto das companheiras for como Tessa, estou ansiosa para
conhecer todas. —Tamian ficou feliz em ouvir isso. Ele ficou feliz
que ela e Tessa se deram bem, e ele queria que Lucy conhecesse todo
o amor do mundo, não apenas o que ele lhe daria. Os dedos de Lucy
traçavam desenhos no peito de Tamian, e ele esfregou a mão na coxa
nua dela. Por um tempo, o toque deles não foi sexual, apenas
calmante.

Não demorou muito para a respiração de Lucy se acalmar e ela


adormecer. Em vez de acordá-la para que pudesse limpá-la, Tamian
a deixou descansar. Ele a abraçou, deleitando-se com o fato de que
estavam acasalados, e agora ele tinha o que os outros tinham.
Quando pensou na última hora e em como o ato sexual havia
superado em muito as expectativas que tinha, seu pau começou a
ficar duro, então ele voltou sua atenção para coisas que manteriam
sua excitação distante, como o que estava acontecendo lá nos
Estados Unidos com o chefe dela. Se Julian não conseguisse fazer
sua mágica, Tamian encontraria Ramey e o convenceria a dizer a
verdade.

na mansão estava mais sombrio que o normal. Rafael


convenceu Priscilla a preparar o café da manhã e, depois que todos
estavam com o estômago cheio, ele dirigiu os machos para fora para
que pudessem conversar sobre o que estava acontecendo, enquanto
as companheiras faziam o possível para afastar Jonathan da mente
de Priscilla. Quando ele voltou para casa na noite anterior, Rafael
ainda estava chateado após sua conversa com Julian. Assim que ele
e Kaya se acomodaram, Rafael explicou a ela porque estava
chateado. Ela ouviu atentamente antes de aliviar o humor dele com
suas palavras e a boca no pau dele. Ela o acalmava de uma maneira
que ninguém mais poderia, e ele permaneceu acordado depois de
fazer amor com sua companheira, ele entendeu que os outros não
pensavam menos dele.

Ele era o Rei, mas também era irmão deles e, como tal, eles
assumiram um fardo para que ele não precisasse. Foi o que a família
fez. Embora tivesse instruído Julian a tirar o dia de folga, ele e
Katherine chegaram junto com os outros, explicando como perder a
comida de Priscilla teria sido uma tragédia. Rafael não pôde
discordar. Uma vez que ele abordou o assunto de Lachlan, ficou feliz
por seu primo estar lá.

— Primeiro, eu quero que vocês saibam que aprecio todos vocês


mais do que estão cientes. Eu ia me desculpar por não ver o que todo
mundo estava passando, como alguns de vocês estavam tentando
tirar um pouco do fardo dos meus ombros, mas Kaya me fez perceber
que é o que a família faz. Nós assumimos mais do que deveríamos
para impedir um ao outro de assumir demais.

— Com alguns Gregos entrando em nossa cidade, estou


convencido de que Drago está construindo um exército. Precisamos
encontrar sua base de operações e descobrir como ele está criando
Profanos que são mais do que drones irracionais. Precisamos segui-los
e descobrir para onde eles vão durante o dia. Se precisarmos de
reforços, é isso que faremos. Sin notou mais movimento na costa
oeste, mas Dominic não vê um Profano há semanas. Julian não teve
a chance de investigar onde os Gregos desembarcaram, porque ele
estava concentrado em ajudar a companheira de Tamian.

— Como todos sabem, Lucy é um Grifo e tive a oportunidade


de conversar com alguns membros da família dela. Os Hounds de
Zeus são uma lenda Grega, com Zeus criando os Grifos—seus
Cães—para cuidar os humanos. Agora sabemos que eles são mais
que uma lenda. A família de Lucy, os Lazlos, usa os Hounds como
o nome do seu clube de motocicletas, permitindo que apenas outros
Grifos sejam membros. Para quem está do lado de fora, os Hounds
nada mais são do que um clube fazendo o que outras gangues de
motoqueiros fazem. Na verdade, eles são muito parecidos com o
nosso Clã, mas, em vez de se concentrarem nos Profanos, eles
buscam o Ministério.

— Não é esse o grupo religioso que assumiu o crédito por


bombardear a clínica de Jonas? —Perguntou Frey.

— Sim. Eles se tornaram um culto mundial, e os Hounds os


procuram, derrubando os líderes enquanto tentam obter ajuda dos
membros depois que eles se separaram do grupo. Embora sejam
basicamente mercenários, não posso contestar seus métodos. Os
humanos inocentes são acolhidos e submetidos a uma lavagem
cerebral. A única religião à qual esses bastardos aderem é a deles,
tentando criar uma raça mais pura. Pense em skinheads de algumas
décadas atrás. Ou Hitler . Os Hounds fazem o que é necessário para
impedir que uma guerra comece.

— Dito isso, estão dispostos a ajudar da maneira que puderem


com os Profanos, mas eles têm suas próprias mãos cheias. —Rafael
explicou como Lucy foi coagida a ingressar no AGI. — Ela não é tão
qualificada como Julian com um computador. Ela aprendeu algumas
habilidades de hacker com uma colega de faculdade, mas achamos
que há mais nisso do que um pouco de busca ilegal que ela fez ao
tentar encontrar seu pai. Seu chefe, o Vice-Diretor Phil Ramey,
trabalhou com o pai de Lucy para criar seu próprio tipo de super-
soldado. Lucy poderá nos contar mais sobre isso assim que
limparmos o nome dela e derrubarmos seu chefe.

Skinhead (traduzido do inglês, "cabeça-raspada", AFI: [ˈskɪnˌhɛd]) é uma subcultura originária dos jovens da classe
operária no Reino Unido no final dos anos 1960 e, mais tarde, espalhada para o resto do mundo. Chamados desta forma devido ao corte
de cabelo, os primeiros skinheads se originaram dos mods britânicos, e foram fortemente influenciados pelos rude-boys jamaicanos que
imigraram para a Inglaterra nessa época, em termos de moda, música e estilo de vida. A subcultura skinhead era originalmente baseada
nesses elementos, e não na política nem em questões raciais. No final dos anos 1970, entretanto, a raça e a política viraram fatores
determinantes, gerando divergências e divisões entre os skinheads. O espectro político dentro da cena skinhead abrange da extrema-
direita à extrema-esquerda, apesar de muitos skinheads serem apolíticos.

Adolf Hitler, por vezes em português Adolfo Hitler, foi um político alemão que serviu como líder do Partido Nazista,
Chanceler do Reich e Führer da Alemanha Nazista de 1934 até 1945. Como ditador do Reich Alemão, ele foi o principal instigador da Segunda
Guerra Mundial na Europa e figura central do Holocausto.
Rafael falou sobre a viagem dele e de Kaya para Nova York e
depois para Nova DC, e o que Lucy havia sido forçada a fazer. Por
alguma razão, Tessa ligou para Rafael em vez de Gregor, uma vez
que tinham Lucy de volta a salvo. Ele queria confiar em seu irmão
sobre a conversa com Tessa sobre crianças, mas decidiu que era
melhor se eles resolvessem isso sozinhos. Rafael tinha seus próprios
problemas para se preocupar, como ajudar Julian.

— Quando Lucy estiver livre, é possível que ela volte a ajudar


sua família a procurar o Ministério usando suas habilidades em
informática. Julian concordou em ensinar Lucy, mas isso traz outra
questão. Julian precisa de ajuda para além da que Nik e Tessa são
capazes de dar.

Rafael parou para tomar um gole de café enquanto os outros


esperavam. Geralmente eles entrariam e ofereceriam sugestões, mas
ele deixou claro antes de começarem, que só ele falaria. — Depois de
muito debate interno e conversando com Julian, entrei em contato
com Hunter nesta manhã para obter sua opinião sobre Lachlan.
Sabemos do que o macho é capaz e, embora eu não confie nele mais
do que Priscilla pode atirar, decidi permitir que ele trabalhasse com
Julian até encontrarmos outra pessoa para ajudar no laboratório.
Hunter concordou em se mudar para Nova Atlanta nesse ínterim
para ficar de olho em seu companheiro.

— Que tipo de garantia teremos de que ele não tentará nos ferrar
de novo? —Jasper perguntou.

— Antes que ele seja libertado da Caneta, vou deixar


perfeitamente claro que ele tem uma chance de consertar os erros que
fez à nossa família. Ao primeiro sinal de traição, vou arrancar sua
cabeça. —Rafael deixou essa concessão perfeitamente clara para
Hunter, e o macho apenas concordou com os termos, sabendo que
era a decisão certa. — Há muita coisa acontecendo em nossas vidas,
mas não é nada que não possamos lidar como um Clã e como uma
família. Achávamos que as coisas iriam acabar quando Alistair saísse
de cena, mas agora temos que nos preocupar com Drago. Estou
ansioso pelo dia em que possamos nos sentar e aproveitar nossas
companheiras e as crianças que estão a caminho de nossas vidas, mas
até então, precisamos continuar trabalhando para tornar o mundo
deles um lugar mais seguro. Agora, não sei sobre vocês, mas eu
apreciaria um jogo de futebol. Quem está dentro?
em computadores de Ramey garantiu que ele tinha
todo o conteúdo das câmeras apagadas e destruídas. Antes de ir para
o laboratório, Ramey tentou entrar em contato com todos os
trabalhadores do laboratório que desapareceram antes de começar a
atirar. Cada um havia assinado um acordo de confidencialidade e
eles conheciam as ramificações de falar sobre o que viram ou até
mesmo onde ficava o prédio. Ele se certificou de que fossem pagos
generosamente por sua lealdade. Ele havia encontrado apenas um
dos funcionários, porque os outros haviam tirado férias prolongadas
misteriosamente, de acordo com suas famílias. O único homem com
quem ele falara estava saindo pela porta com várias malas. Quando
Ramey perguntou para onde ele pensava estar indo, o homem olhou
para ele com uma expressão vazia e respondeu: — Para o Havaí, —
mostrando a Ramey a passagem de avião.

Ramey contatou a companhia aérea e o hotel e cancelou as


reservas. Seria mais fácil para o homem simplesmente desaparecer
do que perder o voo ou não aparecer no hotel. Depois de carregar o
corpo na traseira da van que estava dirigindo, Ramey foi para o
laboratório. O corpo do homem se juntaria ao dos seis que Ramey
havia abatido.
Ele não era um homem pequeno, mas arrastar todo esse peso
morto para o laboratório por si só era desgastante. Enquanto
recuperava o fôlego, Ramey desconectou os computadores,
colocando-os no carrinho usado para transportar os torsos. Ele
amaldiçoou Lucy Ball ao pensar em quanto dinheiro gastara
montando o laboratório com o extenso equipamento. Se suas
suspeitas estivessem corretas, havia o mesmo equipamento na casa
de Lucy, e Ramey planejava recuperá-lo. Isso ajudaria a manter
baixos os custos iniciais quando montasse um novo laboratório.

Assim que todo o hardware do computador e as anotações


manuscritas estavam em segurança, Ramey mergulhou o laboratório
em gasolina. Ele parou em todos os andares acima do porão e fez a
mesma coisa. Quando teve certeza de que não restaria nenhum
indício, ele abriu um isqueiro e jogou-o no meio da última sala, onde
havia empurrado todo o papel e papelão em uma pilha. Ele o viu
queimar, certificando-se de que pegaria bem o suficiente para se
espalhar antes de correr para fora. Depois de guardar o equipamento
de informática e os papéis em seu porta-malas, Ramey recuou
enquanto vinte anos de trabalho pegavam fogo.

Galhos quebrados esmagaram atrás dele, e Ramey se virou bem


a tempo de ver um leão trotando da floresta. — Que diabos? —Ele
não estava nem perto de um zoológico e não entendia como o animal
estava lá. Ramey recuou lentamente em direção ao carro quando o
calor do fogo se espalhou ao seu redor. Antes que ele pudesse
alcançar a segurança, o animal pulou, jogando-o para trás. Ramey
tentou proteger o rosto dos dentes afiados, mas não era páreo para a
fera. O grande gato rasgou seu corpo com dentes e garras. Com um
golpe da pata da frente do leão, uma dor como ele nunca havia
sentido antes rasgou o pescoço de Ramey.

Ele colocou as duas mãos ao redor da ferida, tentando impedir


que o sangue deixasse seu corpo, mas era inútil. Ramey sabia que
estava perto da morte porque sua mente estava pregando peças nele.
O leão bufou em seu rosto antes de se transformar em uma águia com
asas azuis. Pouco antes de Ramey desmaiar, o pássaro majestoso
decolou no ar.

estava tão perto da perfeição quanto Drago poderia ter pedido.


Arden manteve Lacy ocupada e ele e Audrey passaram o dia inteiro
juntos. Por um tempo, ele havia se esquecido completamente do
Profano e do planejamento de sua aquisição. Sua companheira não
era apenas deslumbrante em suas duas pernas enquanto caminhavam
ao longo da beira da água, mas ela era engraçada. Ele não entendia
muito da cultura pop a que ela se referia, mas guardou tudo o que
disse, prometendo estudar seus interesses para poder conversar com
ela e não se sentir um idiota.

Ele não pressionou por nada físico com ela, contra os desejos de
sua besta. Drago sabia que, ao passar um tempo com ela, ela fugiria
ao primeiro sinal de agressão. Ele conseguiu que se abrisse sobre o
marido. Ele não queria ouvir sua intimidade, mas quanto mais
soubesse sobre Burt Hughes, mais bem equipado ele estaria para
derrubar o humano. Depois de ouvir a infidelidade do homem,
Drago decidiu que a morte seria boa demais para o homem. Audrey
havia oferecido ao marido um divórcio incontestado, dividindo as
coisas pela metade. Isso não era bom o suficiente para Drago. Se ao
menos Aquiles ainda estivesse por perto, Drago chamaria o hacker e
o faria arruinar Hughes de uma maneira diferente. Drago pensou no
garoto humano que Kallisto havia contratado. Quando ele retornasse
a Nova Atlanta, ele alcançaria o humano e ofereceria um emprego a
ele.

Audrey estava saindo na manhã seguinte para retornar ao


Alabama e sua vida lá. Drago precisava de Audrey ao seu lado e em
sua cama. Levá-la de volta para Nova Atlanta era uma má ideia. Se
ela descobrisse sobre ele e seus planos, ele não tinha dúvida de que a
perderia. Talvez um relacionamento de longa distância fosse o
melhor. Ele não precisava da distração que uma companheira traria,
mas não havia como se afastar dela. Ele nunca foi o tipo de homem
que fez a coisa honrosa, mas nunca havia conhecido sua
companheira. Drago aguardaria seu tempo, se vingaria do marido de
Audrey em nome dela, e então decidiria como lidar com ela em sua
vida.

Ele a deixara no quarto mais cedo para tomar banho e se trocar


para o jantar. Ele se encontrou com Arden para conversar sobre os
Gregos que haviam viajado para a Flórida. Quando chegou a hora
de recuperar as fêmeas para sua última noite juntos, ele e Arden
foram para o andar acima deles, onde ficava o quarto de Audrey.
Assim que as portas do elevador se abriram, Drago soube que algo
estava errado. Os dois saíram correndo e, quando chegaram ao
quarto das mulheres, sons estranhos fizeram a besta de Drago
explodir. Ele chutou a porta, mas parou quando viu um dos machos
Gregos fodendo com Lacy. Drago lançou o macho, cortando suas
garras no pescoço do outro Goyle antes de empurrá-lo para fora de
Lacy.
Enquanto Arden verificava a morena, Drago procurou Audrey
na sala. Quando ele a encontrou, espancada e machucada com
sangue escorrendo pelo canto da boca, ele se virou contra o macho.
Ele não teve que checar o pulso de Audrey. Ele não podia sentir a
essência de sua vida. O laço deles havia sido cortado. Por um
pequeno momento, ele considerou uma vida cheia do amor de uma
companheira. Os filhos que eles teriam. Ele deveria ter percebido.
Não, Gárgulas como ele não eram dignos de amor. Girando na direção do
macho que havia tirado a vida de Audrey, ele disse: — Corra.

O macho não hesitou em sair correndo do quarto. Drago não


estava dando-lhe uma vantagem. Ele só queria ficar a sós com
Audrey por um momento antes de procurar sua lâmina. Não
importava o que o macho pensava de qual seria o motivo de Drago
para deixá-lo ir, Drago o encontraria e arrancaria sua cabeça. Se
qualquer outro Gárgula atrapalhasse, ele os mataria também. Ele
precisava de um exército, mas por um breve momento trêmulo, ele
teve um propósito, além de matar Rafael Stone. Agora, esse objetivo
se foi, e ele não tinha nada o impedindo.
o dia todo, mas Tamian insistiu em
alimentá-la. Assim que o cheiro de bacon atingiu seu nariz, seu
estômago roncou e ela não podia negar que estava com fome. Lucy
não era má cozinheira, mas passava a maior parte do tempo fora de
casa e nunca teve muita chance de experimentar novas receitas.
Cozinhar para uma pessoa era péssimo, e ela odiava jogar comida
fora quando tinha que decolar em uma nova tarefa. Tamian, no
entanto, estava em casa na cozinha, movendo-se com a graça de uma
dançarina.

Com uma xícara de café nas mãos, Lucy sentou-se na grande


ilha, estudando seu companheiro. Eles fizeram amor várias vezes,
tanto na cama quanto fora. O chuveiro de Tamian—o chuveiro
deles—era grande o suficiente para seis pessoas, e ela estremeceu ao
se lembrar de como ele a tomou contra as paredes de azulejos.
Tamian se virou, seus olhos agora azuis brilhando com o calor.
— Você precisa controlar seus pensamentos, ou nunca
terminaremos o café da manhã.

— Você está lendo minha mente? —Ela perguntou, sorrindo


sobre a xícara enquanto a levava aos lábios.

Ela não se desculparia por ter pensamentos sensuais.

— Não preciso. Seu pulso está acelerado. A menos que esteja


preocupada com alguma coisa, isso significa que você está pensando
em sexo. Além disso, sinto o cheiro da sua excitação.

— O que posso dizer? Você me faz pensar em coisas safadas.

— Temos o resto de nossas vidas para coisas safadas. —Tamian


jogou o bacon em um prato forrado de papel toalha antes de pegar os
ovos da geladeira. — Precisamos discutir o que acontecerá quando
formos embora daqui.

— O que você quer que aconteça? —Lucy conhecia seu coração,


mas não queria colocar ideias na cabeça de Tamian. Ele já tinha
provado ser muito gentil com ela, e cederia ao que ela quisesse. Lucy
não esperava tomar todas as decisões. Ela não queria fazê-lo. Ela
queria que o relacionamento deles fosse uma parceria igual.

— Quero que você seja feliz, querida. Se você quiser morar em


Nova York e ajudar sua família, é isso que faremos. Se você quiser
ficar aqui e se esconder do mundo, não sou contra. —Disse Tamian,
balançando as sobrancelhas. Lucy riu, inclinando a cabeça para o
lado. Como ela teve tanta sorte? Ele realmente era perfeito. — Se
você quiser se mudar para Nova Atlanta e deixar Julian lhe ensinar
mais sobre computadores, ele já concordou.

— E os seus desejos e necessidades? Não quero que tudo seja


sobre mim. Devemos tomar decisões que atendam aos nossos
melhores interesses.

Tamian diminuiu o fogo dos ovos e deu-lhe toda a atenção. —


A única coisa que tenho que decidir é se devo ou não assumir o cargo
de Rei da Itália, e se concordarmos nesse assunto, posso governar de
qualquer lugar. Meu pai governa de Nova York, então não vejo por
que não poderia também. Não precisamos nos apressar nessa
decisão. Quando eu era solteiro, isso não era um grande problema.
Agora, tenho uma companheira a considerar, e suas necessidades e
desejos vêm em primeiro lugar. Você é jovem, Lucy. Perdoe o clichê,
mas o mundo realmente é uma ostra. Temos mais dinheiro do que
jamais gastaremos e, se você decidir deixar de trabalhar, podemos
viajar pelo mundo e ver todos os cantos, curvas, oceanos, mar e
montanhas.
Sim, seu companheiro era perfeito. — Ainda não estou pronta para
me aposentar. Eu viajei bastante quando era criança, então não é algo
que precise fazer em tempo integral. Se eu conseguir rescindir meu
contrato com o AGI, gostaria de ajudar os Hounds, então estudar
computadores com Julian parece uma boa ideia. Além disso, estar
em Nova Atlanta o manterá mais perto de Tessa por um tempo e me
dará tempo para conhecer sua família e seu Clã. A meu ver, ambos
temos a mesma ostra disponível para nós.

Lucy podia sentir o vínculo entre os irmãos e não queria afastá-


los um do outro. Ela também não se opunha a colocar algum espaço
entre ela e os Hounds. Ela finalmente teria que enfrentar Monk, e
não estava ansiosa por isso. Ela queria que ele voltasse à vida no MC
sem ela por perto, para fazê-lo se sentir pior do que ele já se sentia.
Suas palavras de despedida para ela e o olhar em seu rosto
machucaram seu coração. Ela nunca havia lhe dado qualquer
indicação de que retornava a afeição dele, mas também não podia
ignorar os sentimentos dele.

Ela amava sua família, por mais arrogante que eles pudessem
ser. Se ela dissesse que estava se mudando para a Geórgia para ajudar
melhor os Hounds, eles teriam que concordar que era o melhor.
Entre episódios de amor, Lucy tinha tempo para pensar no futuro
deles. Ela sentiu que se mudar para Nova Atlanta era melhor para
todos.

— Eu percebo que sou jovem e não sei tudo sobre o sua espécie,
mas não sou contra me tornar Rainha. Se você pode governar de
qualquer lugar, não vejo isso como um problema, mas essa é uma
decisão que vou deixar para você. Aprender com Julian me interessa
e, assim que tiver alguma experiência, poderei trabalhar de qualquer
lugar. Podemos voltar para a Itália quantas vezes você precisar.

Sorrindo, Tamian voltou sua atenção para o fogão. — Você é


perfeita, querida. Obrigado por querer que eu seja feliz.

— Porque não? Se você estiver feliz, trabalhará mais para atender


às minhas necessidades e felicidade. É uma situação ganha-ganha.
Sei que acabamos de nos conhecer e ainda estamos aprendendo
coisas um sobre o outro. Estou ansiosa por um futuro com você,
assim que meu nome for limpo. Nós fomos abençoados. Nós dois
temos famílias que estão cuidando das nossas costas. Não
precisamos nos preocupar com dinheiro ou casas. Podemos fazer o
que quisermos, e o que queremos é tornar o mundo um lugar melhor.

— Você está absolutamente correta. Demorei um pouco para


descobrir meu lugar no mundo e minha parte em ajudar. Tenho que
admitir, eu era um pouco egoísta quando criança. Em vez de fazer
minha parte, permaneci escondido do mundo enquanto seguia Tessa.
—Tamian serviu a comida e colocou os pratos na ilha. Ele deu a volta
e sentou-se ao lado dela. Pegando o garfo, ele empurrou os ovos para
frente e para trás sem dar uma mordida. — Ser um clone afetou tanto
a minha mente quanto meu ego. Minha família nunca me fez sentir
como se eu fosse algo menos que seu filho amado, mas ainda me
confundia onde eu me encaixava. Não foi até Tessa finalmente ceder
ao vínculo de companheiro com Gregor que decidi que precisava dar
um passo a frente e fazer minha parte para ajudar.

— Como assim, finalmente cedeu?

Tamian sorriu. — Ela lutou contra a atração por cerca de três


anos. Jonas nos convenceu de que precisávamos nos esconder dos
sangue-puro. Quando Gregor descobriu que ela era sua
companheira, ele foi implacável e finalmente a cansou. Aqueles dois
eram voláteis às vezes. Inferno, ela até atirou nele. Não uma, mas
duas vezes.

Lucy engasgou com a comida e Tamian bateu entre os seus


ombros. — Você está bem?

Assentindo, ela limpou a boca com um guardanapo. — Sim. Isso


é ... Ela é realmente demais.
— Você não tem ideia. Tessa se encaixaria perfeitamente com os
Hounds. Ela anda de moto há muito tempo e tem uma atitude que
dura dias. Você viu o lado dócil quando a conheceu.

— Isso confirma tudo. Tenho que me mudar para Nova Atlanta.


Eu não tive muitos amigos ao longo dos anos. Anna, a pessoa que
me ensinou sobre computadores, foi provavelmente a coisa mais
próxima de uma melhor amiga que já tive, e só saímos por alguns
meses. Posso ver Tessa se tornando isso para mim. Ou a irmã que
nunca tive.

— Desde que você não a deixe convencê-la a fazer um esquema


maluco, eu gostaria de ver vocês duas proximas. Antes de você
aparecer, ela era a pessoa mais importante da minha vida.

Um telefone tocou em algum lugar do chalé. Tamian deslizou


do banquinho para pegá-lo. — Pode ser Julian, —explicou ele,
enquanto partia em direção ao quarto. Quando voltou, ele tinha o
telefone em uma mão e um laptop na outra. Colocando o
computador na ilha na frente deles, ele bateu algumas teclas e abriu
um vídeo. Era uma reportagem de Nova DC.

Um prédio em chamas estava ao fundo, enquanto equipes de


emergência se movimentavam pelo local. O repórter disse: — O AGI
emitiu um comunicado. O vice-diretor Phillip Ramey foi morto ontem à
noite. Seu representante não revelou a causa da morte enquanto eles
continuam investigando.

Tamian abaixou o som.

— Rafael ordenou que Julian tirasse um dia de férias, mas ele


havia configurado alertas nos computadores do laboratório e nas
câmeras. Quando o telefone tocou com uma notificação, ele entrou
em seu escritório em casa para ver o que acionava o alarme. Ramey
estava se certificando de que nada no laboratório pudesse ser
rastreado até ele, então, depois de levar os corpos dos homens que
atirou no porão, ele incendiou o prédio depois de remover os
computadores e as anotações. Quando ele chegou ao carro, algo foi
pego nas câmeras de segurança externas antes de serem destruídas.
Tamian mudou para outra aba e virou o computador para Lucy.

— Santo Zeus, —ela murmurou enquanto observava seu chefe


ser atacado por um leão. Quando o leão mudou para uma águia, não
havia dúvida de quem era. — Monk …

— Parece que seu Hound se ofendeu com a forma como você foi
tratada.

— Ele não é meu Hound. E as evidências? Ramey colocou tudo


no carro.
— Assista. —Tamian avançou rapidamente o feed e mostrou um
Monk nu retornando ao veículo para recuperar tudo o que Ramey
havia tirado do laboratório. — Talvez ele tenha ouvido alguma coisa
e tenha se certificado de que a barra estava limpa antes de voltar. Seja
qual for o motivo, não há nada que o AGI encontre vinculando você
ao laboratório. Julian criou um código em que qualquer feed
proveniente dessas câmeras chegasse apenas a ele. Mesmo que
Ramey tivesse alguém trabalhando para ele, essa pessoa não seria
capaz de baixar nada que as câmeras gravassem. A única evidência
que a liga ao laboratório está agora com Monk. Há algo mais. —
Julian enviou uma cópia do vídeo de você pulando pela janela, uma
grande águia pegando você e Ramey matando seus homens no AGI,
juntamente com uma declaração de como ele a forçou a trabalhar no
laboratório sob a mira de uma arma. Foi enviado por um dos
funcionários do laboratório que foi morto.

— O AGI não quer saber no que estávamos trabalhando?

— Provavelmente, mas é aí que você pode dizer o que quiser.


Não há ninguém para corroborar sua história, então também não há
ninguém para negá-la.
— O que aconteceu com os outros funcionários? Ele não matou
todo mundo. Tamian hesitou em responder. Lucy agarrou seu
antebraço. — Tamian?

— Há algo que preciso lhe dizer. Seus ... —Tamian andava pela
cozinha, claramente nervoso.

— Eu preciso que você seja honesto comigo. Somos


companheiros agora, e isso significa que compartilhamos tudo,
certo?

Tamian parou na frente dela, colocando as mãos nos quadris


antes de abaixá-los para o lado e fechar os punhos. — Certo, mas
pode alterar a maneira como você se sente sobre mim.

Lucy duvidava disso. Ela já estava se apaixonando por ele depois


de um tempo tão curto. Não, ela já tinha se apaixonado
completamente. — Você confia em mim? —Ela perguntou.

— Com a minha vida, —disse Tamian sem hesitar.

Lucy escorregou do banquinho e pegou as mãos dele nas dela.


— Então confie em mim com esse conhecimento. Prometo que não
vou fugir, não importa o quão ruim você pense que é.

— OK. Lembra quando eu disse para Monk se transformar, e ele


o fez? —Lucy assentiu, então ele continuou. — Eu posso ordenar que
outras pessoas mudem suas ações e convenci os funcionários do
laboratório a se despedirem e saírem em férias prolongadas. —
Tamian soltou as mãos dela para que pudesse colocá-las nos ombros
dela. — E antes que você pergunte, não, nunca usei minha
capacidade em você. —Tamian deu um passo atrás e colocou o
punho sobre o coração. — Juro a você, por minha honra como
Príncipe da Itália, por nossas famílias, por nosso vínculo de
companheirismo quanto quaisquer futuros filhos que trouxermos a
este mundo, nunca e jamais vou coagir você a fazer algo contra sua
vontade. Uso apenas minha habilidade para o bem maior. Okay, eu
poderia ter usado em Tessa uma vez quando seus shorts eram muito
curtos, mas isso foi para o próprio bem dela. Ela parecia uma
prostituta.

— Eu preciso ligar para Ryker.

O rosto de Tamian entristeceu e Lucy se aproximou, colocando


a mão em sua mandíbula. — Confie em mim, —ela persuadiu.
Assentindo, ele ofereceu a Lucy seu telefone com o número de Ryker
já programado. Suas mãos tremiam quando ela apertou o botão
verde que completava a ligação.

— St. Claire, como está a minha garota? —Ryker disse em


saudação.
Lucy ficou momentaneamente surpresa com o tio que a
reivindicava como sua. Piscando as lágrimas dos olhos, ela
conseguiu dizer: — Ryker, sou eu. Estou indo muito bem, mas
você já ouviu falar de Monk?

— Sim. Ele me enviou uma mensagem e me disse o que aconteceu.

— O que ele vai fazer com as coisas do laboratório? Se ele está


chateado comigo, ele ainda pode destruir minha vida.

— Ele está a caminho de casa agora. Os sentimentos de Monk por


você são mais profundos do que qualquer um de nós sabia. Ele se
desculpou por ter saído dos trilhos, mas nunca faria nada para machucá-
la. Ele vai demorar um pouco para recuperar a cabeça, mas para mim isso
acabou e você pode voltar para casa.

— Tecnicamente, ainda estou sob contrato com o AGI, mas


Julian pôs em movimento um plano que acho que cuidará disso.
Falando em Julian, decidi voltar para Nova Atlanta com Tamian
para que Julian possa me ensinar mais sobre computadores. Isso
me permitirá ajudar os Hounds com o Ministério.

— Eu acho que é uma excelente ideia.

— Você acha?
— Lucia, eu sei melhor do que você como Rory pode ser desgastante.
Se você voltasse para casa com seu companheiro a reboque, vocês dois não
teriam tempo a sós. Kyllian e Hayden já estão vigiando sua casa, então
não precisa se preocupar com isso.

— E a sala secreta?

— Foi selada. Se alguém viesse investigar, não encontraria nada.


Havia um bandido vigiando sua casa, mas Hayden cuidou dele depois de
saber que ele trabalhava para o seu chefe. Com a maneira como as coisas
aconteceram, não deve haver mais ninguém por perto. Se chegar um
momento no futuro em que as coisas se acalmem e você deseje remover o
que Lucius estava escondendo, cuidaremos disso. Sugiro que você volte
para casa para uma breve visita antes de se mudar para a Geórgia. Caso
contrário, Rory estará no primeiro avião para Nova Atlanta e Sutton
estará com ela.

— Obrigado tio. Por tudo, —disse Lucy, fazendo o possível


para manter a voz firme.

— Eu faria qualquer coisa por você, Pombinha. Me avise quando


você planejar retornar e vou me certificar de que meus irmãos não
estejam vigiando sua casa.
— Vou avisar. Falo com você em breve. —Lucy desconectou o
telefone.

— Querida, precisamos conversar sobre …

— Não, nós não precisamos. Eu confio em você, Tamian. Você


fez um juramente pelos nossos filhos. Como eu poderia duvidar
disso? —Tamian corou, e Lucy achou que era a coisa mais doce do
mundo. Era muito cedo para pensar em crianças, mas quando isso
acontecesse, Lucy estaria pronta. — Acho que preciso esclarecer uma
coisa também. Os Grifos são capazes de simples coerção mental, mas
só funciona em seu companheiro, por algum motivo.
Principalmente, quando nossa espécie se une aos humanos, eles
confiam em suas companheiras para manter o segredo. Houve casos
em que eles escolheram esconder a verdade dos parceiros, por
qualquer motivo.

— É bom saber disso. Mas tenho que dizer que estou surpreso
que em algum momento durante todo esse tempo os humanos não
deixaram escapar, que há shifters andando por aí.

— Honestamente, nós também estamos. Acho que é inevitável


em algum momento, mas até que isso aconteça, não pensaremos
nisso. Agora, vamos reaquecer nosso café da manhã e depois quero
explorar.
— Que tipo de exploração? —Tamian perguntou, pegando os
dois pratos para colocar no micro-ondas.

— O tipo sem roupa, —Lucy ronronou.

Café da manhã esquecido, Tamian colocou os pratos na mesa


antes de contornar a ilha. Ele agarrou Lucy pela cintura e a jogou por
cima do ombro. De cabeça para baixo, Lucy deu um tapa na bunda
dele, rindo até o quarto.

destruírem completamente a cama, ensoparem o chão do


banheiro e quebrarem a mesa de café na sala da família, eles
decidiram levar a exploração para fora. Sem ninguém por perto para
vê-los, Lucy mudou para a águia enquanto Tamian se transformou
e, juntos, eles subiram ao céu.

Possuir várias centenas de hectares ao redor do chalé permitia


que eles voassem livremente. Encontrar sua companheira permitiu a
Tamian a mesma felicidade que todos os outros casais tinham, mas
Lucy sendo um Grifo, ofereceu a ele algo que ninguém mais tinha—
a liberdade de voar. Juntos. Tamian prometeu nunca aceitá-la como
garantido. Voar ao lado da forma deslumbrante de sua companheira
era hipnotizante. Ele poderia vigiá-la o dia todo, mas quando ela
mergulhou em direção à grama ao redor do chalé, ela teve outras
idéias.

Tamian pousou, abrindo as asas. Em vez de retornar para


humano, Lucy mudou para o leão e, antes que Tamian pudesse se
preparar, Lucy atacou, derrubando-o para trás. Suas patas grandes
em seu peito o impediram de se levantar, mas se ela queria brincar,
ele a deixaria. Lucy massageou seu peito enquanto bufava em seu
rosto. Era uma baforada amorosa em vez da ameaçadora que ela dera
a Monk. Tamian não hesitou em acariciar seu pêlo, um ronronar
profundo vibrando em sua garganta enquanto ele passava os dedos
pelo casaco bronzeado.

— Deuses, você é incrível, —ele disse, olhando nos olhos


dourados de seu animal.

Lucy cutucou o queixo dele com o nariz, como se dissesse


"obrigada". Com um golpe de sua língua na bochecha dele, ela
mudou para sua forma humana e se envolveu em seu corpo. O jeans
marrom que ele usava era uma tortura. Eles não apenas o impediam
de sentir toda a pele dela contra a dele, mas também seguravam sua
ereção firmemente atrás do zíper. Dando-lhe uma piscadela astuta,
Lucy deslizou entre suas coxas e cuidou de seu último problema.
Com o botão solto e o zíper abaixado, Lucy puxou sua calça. Tamian
levantou os quadris para que ela pudesse puxar o jeans pelas pernas
dele. Ele os chutou e prendeu a respiração quando Lucy se
concentrou em seu pau vazando.

Hesitante, ela passou a língua várias vezes, como se estivesse


testando as águas. Quando alcançou a fenda dele, ela lambeu o pré-
sémen.

— Mmm, ela cantarolou antes de mergulhar, envolvendo os


lábios em volta da cabeça e sugando-o o mais para trás possível. Lucy
trabalhou com ele com pouca delicadeza. Ele poderia dizer que ela
não tinha muita experiência, mas ela mais do que compensou isso
com entusiasmo. Seu punho seguiu sua boca enquanto ela balançava
para cima e para baixo. Só a visão dela de joelhos era quase o
suficiente para fazê-lo atirar sua carga em sua boca, mas então Lucy
ronronou, a vibração indo direto para suas bolas. Quando ele sentiu
que não podia mais se conter, Tamian tentou afastá-la, mas sua
companheira não estava querendo. Lucy usou a mão livre,
empurrando o peito dele, para mantê-lo no lugar.

— Estou vindo, querida, —ele avisou. Lucy manteve sua ereção


na boca e engoliu a maior parte de seu orgasmo. Ele empurrou em
sua boca, fazendo o possível para não sufocá-la.
Quando o pau de Tamian estava amolecendo em sua boca, Lucy
se afastou, dando um beijo na ponta. Lambendo os lábios, ela subiu
pelo corpo dele, olhando para ele com olhos verdes cheios de mais
emoção do que as palavras podiam expressar. Ele ainda não estava
acostumado a vê-la com os seus olhos, mas o amor que emanava por
trás deles era o que importava. Ele ainda tinha que dizer as palavras,
mas elas estavam chegando, e logo. Eles podiam ter milhares de anos
estendidos diante deles. Então, novamente, talvez não. Mesmo como
shifters, eles não tinham o dia seguinte como garantia, e ele não a
faria esperar para saber exatamente como ele se sentia.

Pela primeira vez em sua vida, Tamian não conseguia pensar em


nada que o preocupasse. Nem mesmo assumir o trono o faria parar.
Com Lucy ao seu lado, ele governaria o mundo. Sua confiança
absoluta nele era uma coisa linda, assim como tudo na companheira
dele. Lucy era pura perfeição, por dentro e por fora.
Lucy enquanto ela e Simone
conversavam nos bastidores, esperando que a Cyanide Sweetness
subia ao palco. A barriga grávida de Lucy estava coberta por uma
camiseta da banda e ela nunca pareceu mais radiante.

A rescisão do contrato de Lucy com o AGI não demorou muito.


Julian havia produzido um documento que descrevia as
manipulações de Ramey para conseguir que Lucy fosse contratada
sob falsos pretextos. Com as evidências empilhadas contra um
homem morto, o governo não teve outro recurso senão deixá-la se
aposentar. Eles permaneceram no chalé por duas semanas,
continuando suas explorações. Quando voltaram aos Estados
Unidos, ele havia dito o quanto a amava, e ela não hesitou em
retribuir suas palavras.
Os Hounds o receberam de braços abertos, embora Rory fizesse
o possível para fazer Lucy se sentir culpada para querer permanecer
em Nova York. Não funcionou e uma semana depois, depois de
apresentá-la aos pais dele, eles estavam em Nova Atlanta. Quando
Lucy se estabeleceu em seu treinamento com Julian, as
companheiras tomaram Lucy sob suas asas proverbiais depois que
ela lhes mostrou as suas verdadeiras. Tamian riu de Trevor, que
estava completamente apaixonado por Lucy. Se o humano não
estivesse acasalado com Jasper, Tamian poderia ter interferido. Mas
todos as companheiras colocaram Lucy em uma espécie de pedestal.
Ela riu, provando que era "apenas uma garota normal". Palavras dela.
Não havia nada normal em sua companheira, e ele estava feliz por
isso.

De todos as companheiras com quem Lucy se relacionava,


Simone era a pessoa mais próxima. Quando elas se conheceram,
Lucy contou a ela como seus olhos mudaram após o acasalamento,
o mesmo que aconteceu com Simone e Desi. Lucy foi apresentada à
mãe de Simone, Celia, e depois de algumas pesquisas—com uma
pequena ajuda de Julian—Lucy encontrou o pai de Simone. Ele
acabou por ser um Hound chamado Archer que estava passando pela
Califórnia quando conheceu Celia. Ela admitiu que foi um fim de
semana sem compromisso sério. Levou meses até que Simone
decidisse entrar em contato com o Hound. Celia deixou a decisão
por conta de Simone. As coisas correram bem, e os três tinham um
relacionamento maravilhoso.

A área dos bastidores foi isolada para a família e os amigos de


Desi. Sixx, Desirae, Jasper e Trevor estavam entre os presentes.
Raramente Sixx e Desirae perdiam uma das performances de Desi
quando ele estava na região da Califórnia, mas eles tiraram férias
para ficar com Tamian e Lucy em sua casa em Nova York. A banda
também estava com eles, e quando os Hounds convergiram para a
casa, mesmo que fosse grande, as coisas ficaram lotadas. Tamian não
poderia estar mais feliz, porque sua garota, cercada por toda a família
dela, estava em êxtase.

Tessa e Gregor, envoltos nos braços um do outro, pararam ao


lado deles. — Eu juro que esses dois vão ser a minha morte, —ela
reclamou, esfregando o estômago. — Ainda faltam três meses e já
não consigo ficar fora do banheiro. Stone, você ainda vai me amar se
eu começar a usar fraldas até que os demônios nasçam?

— Ruiva, pare de chamar meus filhos de demônios. E sim, eu


vou te amar de fraldas. —Gregor a puxou para mais perto e beijou o
lado de sua cabeça.
Tamian não conseguiu se impedir de dizer à irmã: — Você
conhece esse velho ditado, aqui se faz, aqui se paga? Acho que você
vai pagar por isso com os gêmeos.

Gregor estreitou os olhos para Tamian. — Cala a boca. Meus


filhos serão anjos.

— Assim como a mãe deles? —Tamian perguntou.

— Você tem um ponto. —Gregor sorriu até Tessa dar uma


cotovelada no estômago dele.

— Não estou grávida demais para chutar sua bunda, Stone. E se


isso não funcionar, vou atirar em sua bunda, —prometeu Tessa.

Todos ao redor caíram na gargalhada, sabendo que não seria a


primeira vez que algo assim aconteceria. A própria felicidade de
Tamian foi aumentada ainda mais pela de Tessa. As coisas entre ela
e Gregor ficaram instáveis depois que ela voltou de Nova York, e
Tamian finalmente rompeu e teve uma conversa com seu cunhado.
As coisas mudaram depois, e Gregor fez tudo ao seu alcance para
mostrar a Tessa o quanto ela significava para ele, com ou sem bebês.
Quase um ano depois ela engravidou, mas não por falta de tentativa.
Mais uma vez, havia algumas coisas que ele simplesmente não queria
saber sobre sua irmã. Tessa e Gregor visitavam sempre que o trabalho
de Gregor permitia, com Tessa e Hayden gastando a mesa de bilhar.
Eles eram iguais, mas era divertido vê-los se xingando. Ela se tornara
uma Hound honorária, e os Grifos a tratavam como uma irmã.

Quando Lucy finalmente decidiu remover o equipamento de


Lucius de sua casa, eles descobriram outra porta secreta. Ela se abria
em um longo túnel subterrâneo que saía à beira do lago. Isso
explicava como Lucius foi capaz de mover os corpos para dentro da
casa sem ser detectado. Com a ajuda de Jonas, Lucy determinou que
o DNA que ela estava estudando não era o de um Gárgula, mas
humanos com habilidades especiais, como os do laboratório.

Maveryck encontrou uma carta de Vera endereçada a Lucy entre


as anotações. A mulher que criou Lucy tinha seus próprios segredos
e, em vez de levá-los ao túmulo, explicou-os na carta. Um dia, Vera
passou pela porta do escritório de Lucius no momento em que ele
saía da passagem secreta. A reunião semanal do clube de jardinagem
de Vera havia sido cancelada quando a presidente adoeceu. Lucius
não percebeu que ela voltara para casa mais cedo, mas em vez de
perguntar sobre a sala secreta, Vera esperou até Lucius saísse da
cidade para um seminário. O que ela encontrou a deixou doente.

Ela contou a Lucy como fora enfermeira nos primeiros anos de


casamento. Quando Harlow pediu aos Balls para criar Lucy, Vera
largou o emprego para ficar em casa em tempo integral. Ela nunca se
arrependeu de sua decisão. O que se arrependeu foi o fato de Lucius
ter sido um monstro, e ela teve que garantir que a influência dele
sobre Lucy não continuasse mais do que já havia acontecido.
Sabendo um pouco sobre certos medicamentos e como eles reagiam
juntos, Vera misturava vários no café de Lucius todas as manhãs,
sem ele saber de nada. Demorou quase dois anos, mas quando
Lucius percebeu que algo estava errado, o estrago já estava feito.

Vera deixou a carta na sala secreta. Se Lucy nunca encontrasse


a sala e que tipo de macho o homem que a criou havia sido, ela
poderia continuar sua vida acreditando no melhor dele e de Vera. Se
encontrasse as atrocidades, Vera queria que Lucy soubesse de toda a
verdade. As últimas palavras de Vera foram as de uma mulher
desolada implorando a Lucy que a perdoasse.

Quase um ano depois, Lucy ainda estava aceitando a verdade,


mas na maioria dos dias ela não o demonstrava. Suas vidas eram
preenchidas com a ajuda dos Hounds para lidar com o Ministério,
acompanhados de seus deveres como Rei e Rainha. Agora, eles
teriam a filha deles nascendo em alguns meses. Tamian passava
todos os dias fazendo o possível para manter um sorriso no rosto de
sua companheira. Como a que ela usava quando Desi subiu ao palco.
Todo o mal foi esquecido enquanto Lucy pulava para cima e para
baixo, gritando junto com a multidão enquanto seu roqueiro favorito
trazia sua música à vida. Ao todo, a vida deles era perfeita, e ele só
podia vê-la melhorando.

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