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BIONANOCOMPÓSITOS QUITOSANA/MONTMORILONITA
CARREADOS COM IBUPROFENO
Albaniza A. Tavares1, Bárbara F. Figueiredo1, Pedro H. C. Lima2, Camila A. B. Pereira1, Rillen G. Leal2,
Eduardo L. Canedo2 e Suédina M. L. Silva2*
1 – Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPG-CEMat), Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG), Campina Grande, PB
2 – Unidade Acadêmica de Engenharia de Materiais (UAEMa), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),
Campina Grande, PB, suedina.silva@ufcg.edu.br
Introdução
Os bionanocompósitos constituem um grupo de compostos de natureza híbrida, orgânico-
inorgânico, baseada na mistura de polímeros de fonte natural com sólidos inorgânicos, onde os
constituintes interagem em escala manométrica. Estes materiais combinam as excelentes
propriedades mecânicas, térmicas e de barreira a gases e líquidos, típicas dos nanocompósitos
convencionais preparados com polímeros sintéticos, mas com o caráter intrínseco de
biocompatibilidade e biodegradabilidade associado aos biopolímeros. Estes nanocompósitos de
natureza bio-nanohíbrida podem ser aplicados em implantes, dispositivos eletroquímicos, sensores
ou biossensores e em sistemas de liberação controlada de fármacos [1, 2]. Dentre os biopolímeros
atuantes, principalmente, nos campos biomédico e farmacêutico tem-se como destaque a quitosana
[1, 3]. Por apresentar carga positiva em sua estrutura quando comparada a muitos outros polímeros
naturais, o que lhe confere a propriedade de mucoadesividade, biocompatibilidade,
O processo de encapsulamento do fármaco foi realizado durante a produção dos filmes de quitosana
e quitosana/montmorilonita para que o aprisionamento na matriz polimérica fosse mais eficiente.
De acordo com os resultados (Tabela 1) a eficiência de encapsulamento (EE) variou entre 78,87 e
92,79%, corroborando com os resultados apresentados por Lamprachet e colaboradores usando
ibuprofeno encapsulado em nanocápsulas lipídicas [19]. A menor eficiência de encapsulamento foi
apresentada pelo sistema Q8CL10IBU. O grau de desacetilação é um importante parâmetro que está
relacionado ao número de grupos aminos presentes na cadeia polimérica da quitosana, que por sua
vez exerce influência sobre propriedades como hidrofobia, solubilidade e viscosidade de suas
soluções [20]. De acordo com a literatura, quanto menor o grau de desacetilação, ou seja menor
quantidade de número de grupos aminos da quitosana menor será a interação da mesma com a
montimorilonita e, consequentemente, menor será a eficiencia de encapsulamento da droga ao
sistema, já que são os grupos aminos da quitosana que irão reagir com os grupos catiônicos da
argila. Fato este que pode estar relacionado com a maior quantidade de IBU encontrado na água de
lavagem dos filmes.
Tabela 1 - Dados de eficiência de encapsulação do IBU.
Amostra Mt (mg) Ml (mg) EE (%) Amostra Mt (mg) Ml (mg) EE (%)
Q8IBU 28,84 2,08 92,79 Q9IBU 28,51 5,49 80,74
Q8CL10IBU 29,35 6,20 78,87 Q9CL10IBU 35,06 4,74 86,48
Figura 2 – Liberação acumulada do fármaco nos filmes de quitosana carreados com ibuprofeno (Q8IBU e
Q9IBU) e quitosana/montmorilonita (Q8CL10IBU e Q9CL10IBU).
Conclusões
Filmes de quitosana e quitosana/montmorilonita carreados com o ibuprofeno foram preparados pela
técnica de evaporação de solvente. O grau de desacetilação da quitosana afetou a morfologia dos
bionanocompósitos, a eficiência de encapsulamento e a liberação do fármaco no ensaio in vitro. Os
bionanocompósitos preparados com a quitosana com maior grau de desacetilação apresentaram uma
morfologia mais desordenada, uma maior eficiência de encapsulamento, uma liberação mais lenta e
uma menor quantidade de fármaco liberada.
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES pela concessão da bolsa. Ao CNPq pelo apoio financeiro. Aos
Laboratórios Nanopol pelo desenvolvimento do projeto e ao CERTBIO/UFCG pela realização do
ensaio de DRX.
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