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INSTITUTO FEDERAL DE

EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
SUL DE MINAS GERAIS
Campus Inconfidentes

Tecidos urbanos e custos

Engenharia de Agrimensura e Cartográfica


Aspectos gerais do traçado
urbano
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ O traçado urbano inicia pela definição de avenidas,


ruas e caminhos para pedestres.

◼ É necessário tornar acessíveis as diferentes partes


do espaço a serem organizadas.

◼ Essas avenidas, ruas ou caminho assumem traçados e


desenhos muito diferentes, conforme a topografia do
local, as características do usuário e o motivo pelo
qual transita nessas vias.
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ A seguir são apresentados três tipos de malhas


urbanas fechadas.
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ Todos os traçados não-ortogonais têm custos maiores


que os ortogonais e apresentam taxas de
aproveitamento menores, porque formam glebas
irregulares, significando assim uma dupla
“deseconomia”.

◼ Os custos são superiores porque os quilômetros de


vias necessárias para servir a uma mesma área
aumenta na medida em que nos afastamos do quadro.
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ Os cruzamentos, por serem atípicos, também terão


maior superfície a ser pavimentada.

◼ Assim, quadras não ortogonais tem um custo entre 20


e 50% maior que as malhas ortogonais, pois a
quantidade de metros de vias e redes em geral por
lote servido é maior.
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ A figura a seguir mostra os lotes quando o traçado


não é ortogonal.
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ Malhas urbanas abertas


➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ Malhas urbanas abertas

◼ São necessários menos quilômetros de vias e mais


lotes servidos para áreas iguais, se usadas
criteriosamente.

◼ Quando se adota traçados aberto, em lugar do


convencional fechado, a quantidade média de lotes por
hectare passa de 19,9 para 23,4, um crescimento de
17,6%.
➢Aspectos gerais do traçado urbano

◼ Malhas urbanas abertas, principais críticas:

◼ Vias altamente vulneráveis a interrupções no serviço,


para manutenção ou por acidentes;

◼ Aumento dos custos de transporte para unir os


diferentes pontos resultantes de percursos maiores;

◼ Dificuldade de coleta de lixo, distribuição de gás,


correspondência, etc.
Combinações de traçados
➢Combinações de traçados

◼ Para as vias de trânsito intenso e artérias principais, o


mais adequado é o traçado em malha fechada, porque
permite menores percursos;

◼ Para vias de trânsito eventual, secundários, o traçado


em malha aberta permite menores custos de
implantação da infra-estrutura.
➢Combinações de traçados
➢Combinações de traçados

◼ Para as combinações serem o mais econômicas


possíveis, a malha principal deve ser de um tamanho
apreciável, com quarteirões maiores que os
normalmente usados.
➢Combinações de traçados

◼ Áreas consumidas com o sistema viário em função do


tamanho do grão e para distintos tipos de traçado
urbano, sendo que todas as ruas têm a mesma largura.
Observe que:

a) Em todos os tipos de
traçados as áreas viárias
diminuem quando aumenta o
tamanho do grão.
➢Combinações de traçados

◼ Grão se refere a abertura da malha urbana ou a


distância entre as vias circundantes:

◼ Em todos os tipos de traçados as áreas viárias


diminuem quando aumenta o tamanho do grão.

◼ Se o grão é pequeno, os traçados com malha fechada


são mais econômicos que os de malha aberta (com ruas
de penetração), assim traçados com ruas de
penetração são economicamente viáveis quando há
maiores distâncias entre as vias principais
circundantes.
➢Combinações de traçados

◼ b) os traçados com malha fechada são mais


econômicos que os de malha aberta (com ruas de
penetração), se o grão é pequeno.
➢Combinações de traçados

◼ Áreas consumidas com o sistema viário em função do


tamanho do grão e para distintos tipos de traçado
urbano, com ruas de penetração com uma largura igual
à metade das circundantes.
➢Combinações de traçados

◼ As diferenças entre os traçados com quadra sem ruas


de penetração e os com ruas de penetração não são
somente econômicos, são múltiplos e afetam toda a
vida urbana.

◼ Algumas dessas diferenças são apresentadas na


tabela.
Quarteirões sem ruas de
penetração
➢Quarteirões sem ruas de penetração

◼ Passa-se da abertura da malha urbana para a forma


das quadras e para o posicionamento dos lotes nelas,
que é um fator que afeta tanto os aspectos de
linguagem urbana, modo de vida, como os custos de
implantação da urbanização.
Localização de lotes em
quadras sem ruas de
penetração
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ Quarteirões são espaços urbanos rodeados de ruas,


que inevitavelmente apresentam problemas nas
esquinas.
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ Quadras sem ruas de penetração com os dois lados


maiores que o dobro da profundidade necessária e a
localização dos lotes nelas.

(a) (b)
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ Em (a) a quantidade de lotes é máxima para esta


forma de quarteirão, mas é necessário a construção
de rede de infra-estrutura nas quatro ruas que
circundam a quadra.

◼ A possibilidade (b) permite diminuir o comprimento


das redes de serviço pela metade, mas a quantidade
de lotes diminui de 20 a 30%.
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ O custo de urbanização decresce em


aproximadamente 20%, mas o preço da terra por cada
lote cresce até mais do que este percentual, devendo
evitar a disposição apresentada na alternativa (b).
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ Nos quarteirões retangulares (a) e (b) possuem a


mesma quantidade de lotes.

(a) ◼ (b) 20% de economia


com infraestrutura.

◼ (b) Ruas transversais


mais monótonas.
(b)
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ Nos quarteirões triangulares todos os fatores


negativos de custo e aproveitamento estão
acentuados.
◼ É uma alternativa que
deve ser evitada
sempre que possível
por ser cara e
ineficiente.
➢Localização de lotes em quadras sem ruas de
penetração

◼ Os quarteirões triangulares têm sua lógica, pois


surgiram da necessidade de abrir novas vias para o
tráfego (haussmanniano).
◼ Parcelar criando
formas triangulares é
uma “deseconomia”
sem nenhuma lógica.
Comparação econômica entre
quarteirões quadrados e
retangulares
➢Comparação econômica entre quarteirões quadrados
e retangulares

◼ Comparação entre quadras quadradas com lotes saindo


em todas as direções e os que os retangulares com
uma das dimensões igual ao dobro do fundo dos lotes.
➢Comparação econômica entre quarteirões quadrados
e retangulares

◼ A quantidade de lotes por quilômetro de via sempre é


maior para as quadras retangulares, com uma
diferença variando entre 4 e 11% a seu favor, com um
custo de implantação de infra-estrutura por lote que
diminui na mesma proporção..
➢Comparação econômica entre quarteirões quadrados
e retangulares

◼ Lotes por km de rua.


➢Comparação econômica entre quarteirões quadrados
e retangulares

◼ Lotes por hectare (ha).


➢Comparação econômica entre quarteirões quadrados
e retangulares

◼ Supondo que a gleba a dividir custe tanto quanto a


infra-estrutura a implantar, a decisão de manter
quadras de formas quadradas em lugar de
retangulares dará um incremento de custo em cada
lote que oscilará entre 5 e 70%.
Quarteirões com ruas de
penetração
➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ Quarteirões são espaços


urbanos rodeados de ruas.

◼ A figura a seguir mostra


uma forma urbana altamente
econômica e ao mesmo
tempo com qualidade de vida
ao criar uma praça interna
semi-privativa.
➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ Comprimento ideal das ruas de penetração simples em


quarteirões e as medidas básicas de um quadra.

◼ Somente dimensões
mais próximas
possível a essas
relações darão um
traçado limpo de
lotes.
➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ Exemplo: Se para o parcelamento é fixada uma


testada (a) e uma superfície (S), o fundo da parcela
desejável será b=S/a e, para que a quadra possa ser
traçada razoavelmente bem, necessitará ter as
seguintes dimensões: o lado que contém a entrada da
rua de penetração deverá ser igual a 4b+c; o lado
perpendicular igual a 4b, sendo (c) a largura da rua de
penetração.
➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ Assim, se S=300m2, a = 10m e c=10m, a quadra deverá


ter, de alinhamento a alinhamento, 130m onde tem a
rua de penetração e 120m no outro sentido.

◼ As ruas de penetração devem ter comprimento mínimo


de 2b. Comprimento menores farão que o interior da
quadra fique substancialmente prejudicado.
➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ As ruas de penetração só se tornam convenientes


economicamente a partir de quadras de mais de 1,8ha.

◼ Quadras de menor superfície são melhores resolvidas


com forma retangulares simples e sem ruas de
penetração.
➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ Quadras com ruas de penetração em T.


➢Quarteirões com ruas de penetração

◼ Quadras com ruas de penetração em alça ou bucle.


Forma dos lotes
➢Forma dos lotes

◼ Geralmente as formas dos lotes são definidas a priori


e com uma espécie de princípio básico.

◼ Do ponto de vista geométrico, três características


são básicas:

- a área da parcela;

- a relação de seus lados;

- paralelismo de seus lados opostos.


➢Forma dos lotes

◼ Essas três características estão fortemente ligadas a


um quarto fator, a topografia do terreno, que é
raramente levado em consideração.

◼ Alguns buscam minimizar a área da parcela de forma a


maximizar a quantidade de lote, e aparentemente
maximizar o rendimento econômico.

Custo total da parcela = custo da terra + custo da


infra-estrutura
➢Forma dos lotes

◼ Dependendo do caso, um dos termos pode assumir uma


expressão maior que o outro, fazendo com que o mais
importante seja a maximização da quantidade de
parcelas ou a minimização da infra-estrutura
necessária.
➢Forma dos lotes
➢Forma dos lotes
➢Forma dos lotes
➢Forma dos lotes

◼ A quantidade de infra-estrutura consumida em um


parcelamento depende, no que se refere à parcela, de
dois fatores: a área e a testada da parcela.
➢Forma dos lotes

◼ Se houver interesse em baixar custos em


urbanizações onde as infra-estruturas terão um peso
importante, se deve buscar a diminuição das testadas
dos lotes.

◼ As possibilidades de redução do espaço serão


verificadas somente depois de examinar os critérios
de ocupação das parcelas

◼ Lotes com pouca profundidade são praticamente


sempre antieconômicos e devem ser evitados.
➢Forma dos lotes

◼ Duas propostas de lotes pequenos e de baixo custo.

◼ 1) Porto Alegre – Padrão 1

Características – lotes 5 x 30 m; quarteirão,


comprimento máximo 200m; rede viária: 6m, 12m, 18m
de largura
➢Forma dos lotes
➢Forma dos lotes

◼ Duas propostas de lotes pequenos e de baixo custo.

◼ 1) Porto Alegre – Padrão 2

Características – lotes 5 x 25 m; quarteirão,


comprimento máximo 200m; rede viária: 6m, 12m, 18m
de largura
➢Forma dos lotes
➢Forma dos lotes

◼ Duas propostas de lotes pequenos e de baixo custo.

◼ 2) São Paulo

Características – área, 60m2, com frente reduzida


para 1,20m, desde que, em alguns ponto, possa se
escrever um circulo de 3,40m de diâmetro e
condicionado as dimensões mínimas a certas condições
de declividade para que não fiquem prejudicadas as
possibilidades de ocupação dos lotes.
Lotes de formas regulares
➢Lotes de formas regulares

◼ Do ponto de vista econômico, os lotes devem ter a


maior profundidade possível, assim seu custo de
urbanização será diminuído.

◼ Pensando em seu aproveitamento, deveriam se


aproximar ao máximo da forma o mais quadrada
possível.

◼ Dentro destes critérios aparecem as dimensões


básicas das parcelas em função da classe social a que
se destinam.
➢Lotes de formas regulares
Lotes de formas irregulares
➢Lotes de formas irregulares

◼ Com o objetivo de levar ao máximo a otimização


econômica do custo dos lotes, já existem propostas de
se fazer lotes com lados não paralelos e medidas de
frente e fundo desiguais.
➢Lotes de formas irregulares

◼ Proposta francesa para urbanizações de baixo custo


no norte da África.
➢Lotes de formas irregulares

◼ Verificam-se vários problemas:

# as construções deverão ser dispostas isoladamente,


encarecendo-as;

# as construções não poderão ser apoiadas em nenhuma


divisa, criando pequenos espaços abertos nos
irregulares;

# a metade das casa ficará perto do alinhamento,


enquanto a outra metade perto do fundo, o que
encarecerá as ligações de rede.
➢Lotes de formas irregulares
➢Lotes de formas irregulares

◼ Variantes de loteamentos derivados da proposta


francesa:
➢Lotes de formas irregulares

◼ Variantes de loteamentos derivados da proposta


francesa:
➢Lotes de formas irregulares

◼ Variantes de loteamentos derivados da proposta


francesa:
Lotes, quarteirões e ruas em
terrenos acidentados
➢Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados

◼ Outro caso onde os lotes podem ser irregulares é


quando a implantação se faz num terreno acidentado.

◼ Para uma urbanização em terrenos acidentados, onde


se quer evitar grandes cortes e aterros, as ruas não
deverão ser totalmente retas e paralelas nem os
cruzamentos absolutamente ortogonais.
Consequentemente os quarteirões serão irregulares e
os lotes também.
➢Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados

◼ Critérios básicos:

# os seus quatro lados deixando de ser paralelos dois a


dois e delimitando um trapézio que permitirá a criação
de um circulo de pelo menos igual a 1,2 vezes a testada
mínima especificada para esse tipo de loteamento;

# não mais de quatro lados;

# perpendicularidade, pelo menos na testada da frente


e em um de seus lados;
➢Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados

◼ Critérios básicos:

# quando em forma trapezoidal, uma área mínima igual


ou superior a 1,2 vezes, área mínima especificada para os
lotes de forma regular e se localizarão
preferencialmente nas esquinas do quarteirão.
➢Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados

◼ Em relação às ruas é importante que:

# particularmente as interiores dos bairros onde há


frente de lotes residenciais, sejam traçadas
acompanhando as curvas de nível, evitando-se cortes e
aterros;

# as ruas principais e avenidas onde se prevê trânsito


intenso, tenham o seu traçado o mais reto possível sendo
feitos cortes e aterros quando não exista outra
alternativa;
➢Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados

◼ Em relação às ruas é importante que:

# os cruzamentos sejam o mais perpendiculares que a


topografia permita, admitindo-se um ângulo mínimo de
60% entre elas;
➢Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados

◼ Quanto aos quarteirões:

# se evitará que sejam muito pequenos ou muito


grandes. Admite-se como normal em terrenos
acidentados variações em 20% para mais ou para menos;

# se evitará os muito compridos. Admite-se como limite


máximo um lado maior de 150 a 160 metros;

# Caso seja incluídas ruas sem saída, com praça de


retorno. Nesses casos, os lotes trapezoidais poderão ser
os melhores, pois possibilitam colocar um número grande
ao redor da praça.

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