Os filósofos e historiadores têm vindo a deparar-se com várias
problemáticas da filosofia, isto é, no estudo de um problema,
que a priori pode ser resolvido através do pensamento, e da conclusão de um argumento, ou antes denominada como a Eureca, e não através de qualquer observação ou experimentação científica. É nesta lógica que os pensadores têm enfrentado as problemáticas relacionadas com o direito, a justiça e até à questão mais relevante, no que concerne à construção do saber. No entanto, importa referir que para os filósofos existe ainda uma maior relevância no processo de reflexão e descoberta, bem como dos valores que nessa equação se encontram, do que propriamente a resposta ou conclusão a que chegam. A epistemologia é sinónimo de conhecimento, das teorias e estudos que este envolve, sendo por isso um dos ramos da filosofia que se ocupa de um processo de conhecimento científico, sobre o qual nos debruçamos, uma vez que é uma das problemáticas ainda hoje discutidas pelos pensadores. Aqui descobrimos a linguagem do Mito, como representante de um processo de conhecimento de fora para dentro do individuo, que se ancorava na religião e na imortalidade, que por sua vez suportava os valores fundamentais dos deuses míticos, como um modelo a seguir para o Homem. Esta linguagem surge como um mote do pensamento romano arcaico, suportado pela Epopeia de Gilgamesh, como sendo o primeiro texto em linguagem mítica que abordava os primados do bem e do mal, bem como do caminho para a imortalidade. O Mito foi assim uma expressão marcante para a História, pois emana um modelo de comportamento a seguir por qualquer Homem, no qual o mito se considerava como a voz ontopoética de todo um corpo cultural repleto de significados, bem como dos valores que os deuses representavam, tendo por base a crença como a justificação para a construção mítica. O dever do Homem, seria assim buscar a imortalidade como um meio para atingir a Aréte, isto é, a virtude heroica, como um dos valores fundamentais que representam um feito extraordinário e digno de ser recordado, como o caso das batalhas e outras glórias que passavam a ocupar um lugar nos cantos dos Aedos. Esta glória consistente e desmedida remonta para a conduta que o homem deve ter durante a sua vida, que por sua vez podia ser atingida através da Kléos, equiparando os Homens aos Deuses. 28 linhas A estrutura da sociedade ateniense e da detenção de poder por vários grupos de indivíduos, remonta para uma falta de equilíbrio e uma necessidade de reflexão perante o que se denominava como justo ou injusto, ou seja, sobre outra problemática da filosofia, como sendo o conceito de justiça. Nesta linha de pensamento, focamos em Hesíodo, como sendo um filósofo que se motiva pelo sentido de injustiça presente nesta época, e o qual sistematiza os Deuses na sua obra, a Teogonia. Neste texto, encontramos a proposta de Hesiodo, de caminhar da linguagem do Mito, para a linguagem do Logos, partindo para um conhecimento de dentro para fora do individuo, utilizando a razão como cerne para este ponto de viragem. Assim, notamos a proposta de um sistema de valores que restringiam a arbitrariedade disposta por grupos emanados de poderes, corrigindo por vezes a falta de moralidade nos processos que eram julgados nas antigas cidades gregas, e, por conseguinte, permitindo a correção da fragilidade do sistema jurídico que pecava pela falta de justiça. Hesíodo ao colocar em questão a virtude e valores da sociedade daquela época, abre um precedente ou caminho para que o Homem fosse em busca de mais respostas, demonstrando que a dúvida é o caminho para a reflexão e investigação. Aqui a Arché, como racionalização sobre a origem das coisas no mundo, constitui o mote da linguagem lógica, que resultou da desmistificação da realidade, e culmina na nova perceção do Homem enquanto Ser, encontrando novos valores, como o da Liberdade como o maior bem do Homem. É aqui que a Teogonia marca a sua importância enquanto sistema que visa marcar a origem dos deuses, mas ensinando aos juízes, como grupo de maior poder, que devem agir em conformidade com Dike, a Deusa que impõe uma conduta moral de bem, que se espera diante os costumes, ou antes dita como a ordem criada pelos Deuses para a justiça dos Homens. Daqui importa reter que ambas as linguagens procuravam expressar as paixões da alma de cada época, sendo que a linguagem lógica assinala uma viragem histórica, que mais tarde resulta no estudo das escolas voltadas para a compreensão da Physis. No que concerne a esta temática, apontamos para o surgimento da escola naturalista e da escola pr