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Universidade Técnica de Moçambique

Faculdade de Ciências Económicas e Sociais


Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

Revisão de Contas II
Trabalho

Meios Líquidos Financeiros

Discente:
Ana Dimande
Belma Ngulele
Maiquel Saene
Melves Banze
Michela Carlos
Docente: Mestre Pedro Magalo

Maputo, dezembro de 2021


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

1.1. OBJECTIVOS....................................................................................................3

1.1.1. Objectivo geral............................................................................................3

1.1.2. Objectivos específicos.................................................................................3

2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................4

2.1. Conceito de Controlo Interno.............................................................................4

2.2. Controlo interno nos meios financeiros líquidos................................................5

2.2.1. Aspectos de Natureza Contabilística...........................................................5

2.2.2. Principais Objetivos de Controlo a Atingir.................................................7

2.2.3. Principais Problemas Frequentes.................................................................7

2.2.4. O Risco de Auditoria...................................................................................8

2.2.5. Procedimentos substantivos.......................................................................10

3. CONCLUSÃO.........................................................................................................11

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................12
1. INTRODUÇÃO
A terminologia Meios Financeiros Líquidos, é a utilizada pelo Sistema de Normalização
Contabilística (SNC), que segue as regras contabilísticas dos International Accounting
Standards (IAS). E visto que, os padrões de procedimentos de Auditoria e Controlo
Interno são regulados pelos International Standards on Auditing (ISA), neste trabalho
utilizamos a terminologia Meios Financeiros Líquidos, que equivale a Rúbrica das
Disponibilidades, de acordo com o Plano Geral de Contabilidade (PGC).
O tema Controlo Interno nos Meios Financeiros Líquidos, é de grande relevância, uma
vez que, nenhuma empresa é capaz de realizar convenientemente as suas actividades,
sem que adopte um Sistema de Controlo Interno que seja adequado as suas
características, por mais simples que este seja.

1.1. OBJECTIVOS
1.1.1. Objectivo geral
Analisar o impacto que o sistema de controlo interno na área dos meios
financeiros líquidos tem nas demonstrações financeiras
1.1.2. Objectivos específicos
 Explicar o sistema do controlo interno, os seus principais conceitos;
 Apresentar os conceitos dos meios financeiros líquidos;
 Compreender o sistema de controlo interno na rúbrica dos meios
financeiros líquidos.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Conceito de Controlo Interno


Sabemos que a Gestão pode ser entendida como um processo de planear, organizar,
dirigir e controlar os recursos de uma organização, com vista a consecução de uma
missão. A função de controlo, destina-se a assegurar que o desempenho real, seja
conforme o respectivo planeamento.
Segundo Santos (2008), Esta medida é a função de gestão que envolve a monitorização
e o acompanhamento contínuo e sistemático do meio envolvente e do desenvolvimento
das actividades, no sentido de assegurar o cumprimento dos planos e objectivos fixados
e, concomitantemente, acionar as medidas correctivas que se revelem necessárias, face a
detecção de eventuais desvios.
Esta concepção, evidencia claramente que o Sistema de Controlo Interno está
intrinsecamente relacionado as funções de gestão.
Existe uma infinidade de definições de controlos internos, que foram concebidos por
diversos autores, pelo que neste trabalho destacaremos apenas algumas.

A International Standards on Auditing (ISA 315) refere que:


“ O controlo interno é o processo concebido, implementado e mantido pelos
responsáveis pela governação, pela gestão e outro pessoal, para proporcionar uma
segurança razoável com o fim de se atingir os objectivos de uma entidade com vista à
credibilidade do relato financeiro, eficácia e eficiência das operações e cumprimento das
leis e regulamentos aplicáveis. O termo ‘controlos’ refere-se a quaisquer aspectos de um
ou mais dos componentes do controlo interno” (DA COSTA, 2010).
Em 1992, o Commitee of Sponsoring organizations of treadway commission (COSO),
elaborou um estudo sobre o controlo interno. Segundo Almeida (2014), A COSO
definiu controlo interno como sendo “ um processo conduzido por todos os
intervenientes de uma organização com a finalidade de fornecer uma certeza razoável
sobre o cumprimento dos seus objectivos.”

Em suma, o controlo interno compreende um conjunto de normas, procedimentos,


instrumentos e ações, usados de forma sistemática pelas Empresas/Organizações para
execução fidedigna das suas actividades na consecução dos seus objectivos.

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2.2. Controlo interno nos meios financeiros líquidos

Os Meios Financeiros Líquidos são constituídos pelo caixa, depósitos bancários, outros
depósitos e outros instrumentos financeiros. São activos com liquidez imediata, e as
operações inerentes a este ciclo, incluem essencialmente manusear e depositar
recebimentos, manter a custódia dos valores dai resultantes e gerir os pagamentos. Estão
associados ao departamento financeiro que também deve ter responsabilidades de prever
as necessidades de tesouraria de curto e medio prazo.

É uma área transversal, uma vez que relaciona-se com outras áreas, portanto a sua
auditoria é sempre cruzada com as outras áreas, consoante as operações que respeitam.
Apesar de que para muitas empresas, os Meios Financeiros Líquidos representam uma
pequena parte dos seus ativos, o número de transacções efectuadas através desta área ao
longo do ano, é normalmente maior do que qualquer outra área das Demonstrações
Financeiras, por isso, o risco inerente é bastante alto.

A boa gestão dos Meios Financeiros Líquidos constitui um aspecto essencial para a
sobrevivência de qualquer empresa, uma vez que é nela que se encontra a origem e o
fim da actividade empresarial, bem como dos negócios realizados com terceiros, pelo
que as empresas devem dispor de fundos suficientes de modo a poderem satisfazer as
suas obrigações de forma atempada, caso contrário, a sua credibilidade será afectada e
este problema de liquidez, pode originar que a empresa se torne insolvente, apesar do
lucro das suas operações.

2.2.1. Aspectos de Natureza Contabilística

O Plano Geral de Contabilidade Moçambique (PGC) e o Sistema de


Normalização Contabilística (SNC)

A informação contabilística e as Demonstrações Financeiras, destinam-se a


vários utentes que, entre outros fins, utilizam-se no processo de tomada de
decisões.

Tornando-se necessário aprovar um Sistema de Contabilidade para o Sector


Empresarial em Moçambique, visando a adopção dum Plano Geral de
Contabilidade baseado nas Normas Internacionais de Relato Financeiro,
aplicável às grandes e médias empresas, e a introdução de alguns ajustamentos

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no Plano Geral de Contabilidade em vigor, aprovado pelo Decreto n.º 36/2006,
de 25 de Julho.

A nível internacional, a maioria dos países têm aderido ao Sistema de


Normalização Contabilística (SNC), seguindo as regras contabilísticas do
International Accounting Standards (IAS), Entre esses países podemos destacar
Portugal.

A adesão de Portugal à União Europeia implicou alterações na sua


regulamentação contabilística, aderindo ao Sistema de Normalização
Contabilística. É uma convergência entre as normas internacionais do
International Accounting Standards Board /Internacional Financial Reporting
(IASB/IFRS) e as adaptações das normas nos diferentes países membros da
União Europeia. Neste aspeto, o SNC constitui uma base referencial que permite
às empresas publicarem informações mais compreensíveis e facilmente
comparáveis.

A normalização contabilística é um processo que tenta impor uma uniformidade


de métodos e práticas contabilísticas em todos os países que participam no
processo. Ela procura reduzir as diferenças entre as práticas contabilísticas
existentes entre países para permitir a comparação das informações” (LANDU,
2014).

Aspectos de natureza contabilística segundo PGC

Os Meios Financeiros Líquidos representam meios líquidos de pagamentos de


propriedade da empresa, quer em dinheiro quer em valores facilmente
convertíveis em dinheiro, que segundo o PGC corresponde a classe das
Disponibilidades.

De acordo com o Plano Geral de Contas (PGC), da República de Angola, as


Disponibilidades compõem a classe 1. Esta classe é constituída pelos meios
monetários de curto prazo de que a empresa dispõe. Assim englobam para
efeitos de apresentação no balanço, as seguintes contas:

 1.1 Caixa;
 1.2 Bancos;
 1.2.1 Depósito à ordem;

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 1.2.2 Depósito com pré-aviso;
 1.2.3 Depósitos a prazo.
2.2.2. Principais Objetivos de Controlo a Atingir

Inácio (2014), refere que um dos principais objectivos é garantir que todos os
recebimentos e pagamentos são devidamente refletidos nas demonstrações financeiras e
os activos estão devidamente salvaguardados de qualquer utilização indevida não
autorizada.

“É importante criar medidas que permitam reduzir as transações em dinheiro, uma vez
que este não deixa rasto, sendo mais difícil de seguir as operações. Em contrapartida
devem-se criar medidas que obriguem a movimentação nas contas bancárias, quer dos
pagamentos, quer dos recebimentos, introduzindo a intervenção de um terceiro (o
banco) na operação e reforçando o rasto desta” (INÁCIO, 2014).

Outro objectivo é o de garantir que os valores evidenciados nas demonstrações


financeiras correspondem a valores efectivos e pertencem a entidade. Portanto, as
funções do departamento financeiro e contabilístico devem fornecer segurança de que:

 Todos os valores que deviam ter sido recebidos foram efectivamente recebidos,
registrados atempadamente e imediatamente depositados;
 Os pagamentos foram efectuados para fins autorizados e foram devidamente
registados;
 Os valores em caixa e depósitos bancários são mantidos a níveis adequados mas
não excessivos, de acordo com as previsões de recebimentos e pagamentos
relacionados com as operações correntes.

2.2.3. Principais Problemas Frequentes

Conforme evidenciado por Almeida (2014), os principais prolemas frequentem na área


dos Meios Financeiros Líquidos são:

 A caixa pode ser facilmente manipulada, sendo fortemente propensa à


ocorrência de fraudes e de irregularidades, como é o caso de: contabilização e
pagamento de passivos que não ocorreram, duplicação dos comprovativos de
pagamentos existentes no fundo de caixa, ou adulteração dos referidos
documentos com a finalidade de receber uma importância maior;

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 Desvios de recebimento de clientes que se encontram em situação de
cobrança duvidosa, considerando estas dívidas como perdidas; retenção dos
montantes cobrados aos clientes;

 Os depósitos em trânsito devem ser creditados pelo banco no espaço


relativamente curto de tempo. Caso contrário, poderemos estar confrontados
com indícios de que o montante foi recebido e contabilizado, mas pode ter
havido uma retenção indevida desses fundos por parte de funcionários;

 O conteúdo do caixa pode incluir operações mal contabilizadas, como é o


caso de vales de empréstimos a funcionários, comprovativos de pagamentos
efectuados, cheques por depositar, cheques devolvidos, etc., que deverão ser
imputados nas respectivas rúbricas;

 Meios líquidos de pagamento em moedas estrangeiras indevidamente


valorizados à data das Demonstrações Financeiras.

2.2.4. O Risco de Auditoria

Segundo a ISA 200, o risco de auditoria é «o risco de o auditor expressar uma opinião
de auditoria inapropriada quando as demonstrações financeiras estão materialmente
distorcidas». Este risco pode ser de dois tipos, nomeadamente:

 Risco Tipo I – Susceptibilidade do auditor emitir uma opinião referindo que as


demonstrações financeiras apresentam uma imagem verdadeira e apropriada
quando na realidade não a apresentam;
 Risco Tipo II – Susceptibilidade do auditor emitir uma opinião referindo que as
demonstrações financeiras não apresentam uma imagem verdadeira e apropriada
quando na realidade elas não estão distorcidas.

Ao determinar o risco de auditoria, o auditor tem que ter em atenção o equlíbrio entre o
custo de expressar uma opinião inapropriada e o custo de realizar procedimentos
adicionais necessários para minorar esse risco.

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 Risco inerente – é a susceptibilidade de um saldo de conta ou classe de
transacções conter uma distorção que possa ser materialmente relevante,
considerando individualmente ou quando agregada com distorções em outros
saldos ou classes, assumindo que não existem os respectivos controlos internos.
O risco inerente varia de empresa para empresa e de actividade para actividade.
Assim, empresas que operem no mercado do gás, ou do petróleo têm um risco
mais elevado que empresas transformadoras de madeiras ou empresas que
comercializem electrodomésticos. Da mesma forma, aspectos como: transacções
entre partes relacionadas, transacções poucos usuais, grande rotação de pessoal,
resultado de auditorias anteriores e a susceptibilidade a desfalques podem
acarretar um risco inerente mais elevado. Da mesma forma, certas contas e
classes têm risco inerente mais elevado que outras, por exemplo, a caixa é mais
susceptível a desvios que, por exemplo, os activos tangíveis. O risco inerente
existe independentemente da auditoria, assim os auditores não conseguem
controlar nem modificar este risco.
 Risco de controlo – Susceptibidade de uma distorção, que possa ocorrer num
saldo de conta ou numa classe de transacções e que possa ser materialmente
relevante, considerada individualmente ou quando agregada com distorções em
outros saldos ou classes, não vir a ser prevenida ou detectada e corrigida
atempadamente pelo sistema de controlo interno. O risco de controlo nunca pode
ser zero, uma vez que os controlos implementados pela empresa não podem
assegurar a 100% que erros materialmente relevantes sejam detectados, é sempre
necessário ter em atenção que o factor humano, a fadiga e o descuido podem
originar que os controlos internos implementados pela empresa, em
determinadas situações, não estejam em funcionamento. Os auditores não podem
controlar este risco, podem, no entanto, influenciá-lo. A influência do auditor no
risco de controlo está relacionada com as recomendações ao órgão de gestão
relativamente ao seu funcionamento (ALMEIDA, 2014).

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2.2.5. Procedimentos substantivos

Almeida (2014), São procedimentos destinados a detectar distorções materialmente


relevantes que não tenham sido prevenidas ou detectadas pelo sistema de controlo
interno da empresa.

Os procedimentos Substantivos dividem-se em testes de detalhe aos saldos, às


transacções e à apresentação e divulgação e em procedimentos analíticos.

 Os testes de detalhe aos saldos são orientados para verificar se os saldos finais
possuem ou não distorções materialmente relevantes;
 Os testes de detalhe às transacções destinam-se a verificar se as transacções
ocorridas ao longo do ano foram adequadamente contabilizadas;
 Os testes de detalhe à apresentação e divulgação destinam-se a verificar se as
demonstrações financeiras estão correctamente apresentadas, bem como
verificar se todas as divulgações estão espelhadas de forma apropriada.

Os procedimentos substantivos podem ser realizados ao longo do ano (interinos) ou


após a data das demonstrações financeiras. A realização de procedimentos substantivos
interinos aumenta o risco de auditoria, uma vez que distorções materialmente relevantes
podem ocorrer entre a data do trabalho interino e o final do ano.

Este risco pode ser diminuído através da realização de mais procedimentos substantivos
durante o período remanescente ou pelo facto do auditor ter confiança de que o controlo
interno previne e/ou detecta distorções materiais e que este continua em funcionamento
nesse período. Quanto maior for o risco inerente e o risco de controlo mais
procedimentos substantivos são realizados.

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3. CONCLUSÃO

No contesto actual em que o crescimento económico, a concorrência e a


competitividade se baseiam na capacidade organizativa das empresas, o Sistema de
Controlo Interno é visto como uma ferramenta de gestão para que as empresas alcancem
os objectivos desejados. Para que o Controlo Interno Funcione da melhor forma
possível, é necessário que todos na organização estejam devidamente motivados,
comprometidos com a organização e que tenham bons valores de integridade e ética,
visto que o Controlo Interno é concebido, implementado e mantido por todas pessoas na
organização.

Apesar dos Meios Financeiros Líquidos ou Disponibilidades constituírem, uma pequena


parte das rúbricas das Demonstrações Financeiras, o Controlo Interno nesta área, deve
ser encarado, como um dos mais importantes, porque além ser uma das mais sensíveis e
vulneráveis a uso impróprio, esta é uma área transversal, em que qualquer incoerência
vai afectar todas as outras áreas da empresa, o que pode originar demonstrações
financeiras incoerentes, levar a problemas de liquidez e consequentemente a insolvência
da empresa.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, B. J. (2014). Manual de Auditoria Financeira. Lisboa: Escolar Editora.


DA COSTA, C. B. (2010). Auditoria Financeira: Teoria e Prática. 9º Edição. Rei dos
Livros
INACIO, Helena Coelho, (2014). Controlo Interno: Enquadramento teórico e aplicação
prática. Lisboa. Escolar
SANTOS, A. R. (2008). Gestão Estratégica: Conceitos, modelos e instrumentos.
Lisboa. Escolar
LANDU, M (2014) O Plano Geral De Contabilidade Angolano E O Sistema De
Normalização Contabilística De Portugal: Uma Análise Comparada. Instituto Superior
De Contabilidade E Administração Do Porto. Portugal – Porto (PDF) Recuperado de :
http://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/4878/1/DM_Masidivinga%20Landu_2014.pdf,
acesso em 1 de dezembro de 2021

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