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SUMÁRIO.
INTRODUÇÃO...................................................................................................................05
CAPÍTULO1-O SERVIÇO DE GUARDIÃO De PISCINA...........................................07
1.1 LIDERANÇA.....................................................................................................07
1.2 SOCIABILIDADE.............................................................................................07
1.3 EXERCÍCIO DA AUTORIDADE.....................................................................08
1.4 AUTOCONFIANÇA..........................................................................................08
1.5 CONDICIONAMENTO TÉCNICO..................................................................08
1.6 CUDADOS COM O EXCESSO DE SOL.........................................................................09
CAPÍTULO 2 - PREVENIR E SALVAR........................................................................13
2.1 PREVENÇÃO....................................................................................................13
2.2 ALARME...........................................................................................................13
2.3 - SBV NA ÁGUA e RESGATE.........................................................................13
2.3.1- Aproximação.............................................................................................14
2.3.2 Abordagem.................................................................................................14
2.3.3 Resgate ......................................................................................................15
2.3.3.1 Resgate simples..............................................................................16
2.3.3.1 Resgate em dupla...........................................................................16
2.3.4 Fixação do afogado....................................................................................16
2.3.5 Retirada do afogado....................................................................................16
2.4 - SBV NO SECO..................................................................................................16
2.4.1 Avaliação da cena.......................................................................................17
2.4.2 Checar resposta...........................................................................................17
2.4.3 Pedir ajuda..................................................................................................18
2.4.4 Abertura das vias aéreas.............................................................................18
2.4.5 Ver, ouvir e sentir.......................................................................................18
2.4.6 Cinco Ventilações.......................................................................................18
2.4.7 Checar resposta...........................................................................................19
2.4.8 Compressão cardíaca...................................................................................19
CAPÍTULO 3 - ACIDENTES COMUNS EM PISCINAS...............................................21
3.1 MANOBRA DE HEIMLICH.............................................................................21
3.1.1 Vítimas conscientes com obstrução de vias aéreas (incompleta) .............21
3.1.2 Vítimas inconscientes com obstrução de vias aéreas (completa) .............22
3.2 TRAUMA-RAQUI-MEDULAR (TRM) ..........................................................22
3.3 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) ...............................................24
3.4 ANGINA DO PEITO........................................................................................24
3.5 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) ..........................................28
3.6 HEMORRAGIA................................................................................................29
3.7 QUEIMADURAS..............................................................................................29
3.8 INSOLAÇÃO.....................................................................................................31
3.9 INTERMAÇÃO.................................................................................................32
3.10 CONVULSÕES...............................................................................................33
3.11 CONTUSÃO....................................................................................................34

2
3.12 DISTENSÃO MUSCULAR........................................................................34
3.13 CÃIBRA.......................................................................................................35
3.14 ENTORSES..................................................................................................35
3.15 LUXAÇÕES.................................................................................................35
3.16 FRATURAS..................................................................................................36
CAPÍTULO 4 – AFOGAMENTO.................................................................................39
4.1 FASES DE AFOGAMENTO..........................................................................39
4.1.1 Angústia..................................................................................................39
4.1.2 Pânico.....................................................................................................40
4.1.3 Submersão.............................................................................................41
4.2 FISIOPATOLOGIA DO AFOGAMENTO....................................................41
4.3 TIPOS DE ACIDENTES NA ÁGUA.............................................................42
4.3.1 Síndrome de imersão............................................................................42
4.3.2 Hipotermia..............................................................................................42
4.4 AFOGAMENTO..............................................................................................44
4.4.1 Classificação..........................................................................................44
4.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE AFOGAMENTO..............................................48
4.6 A IMPORTÂNCIA DOS EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO
ARTIFICIAL.....................................................................................................................52
4.6.1 Anatomia e fisiologia relacionada ao oxigênio..................................52
4.6.2 Composição gasosa do ar ambiente que respiramos........................54
4.6.3 Como o oxigênio entra no corpo e chega às células..........................54
4.7 AFOGAMENTO E AS ALTERAÇÕES NO OXIGÊNIO SANGUÍNEO....55
CAPÍTULO 5 - O USO DOS EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO ARTIFICIAL..57
5.1 MÁSCARA ORO-NASAL ……….…………………………………….…..57
5.2 CILINDRO DE O2 (“OXYGEN CYLINDER”) ............................................60
5.3 REGULADOR DE OXIGÊNIO (“OXYGEN REGULATOR”) ....................61
5.4 EQUIPO DE O2 (HOSES AND TUBING) ....................................................64
5.5 CÂNULA ORO-FARÍNGEA (GUEDEL) ......................................................64
5.6 MALETA DE EQUIPAMENTOS............................................................... ...64
5.7 COMO INSTALAR O REGULADOR FLUXÔMETRO NO CILINDRO DE
O2........................................................................................................................................64
5.8 INSTRUÇÕES DE OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO................................65
5.9 CUIDADOS COM OS EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO.....................66
5.10 COMO E PORQUE UTILIZAR O OXIGÊNIO EM CASOS DE
AFOGAMENTO.................................................................................................................67
5.10.1 Por que utilizar oxigênio extra?...........................................................67
5.10.2 Os riscos de utilizar o oxigênio a 100%...............................................67
5.10.3 Indicações do uso de oxigênio...............................................................69
CAPÍTULO 6 - CONSTRUÇÃO, TRATAMENTO E MANUTENÇÃO DE
PISCINA.............................................................................................................................71
6.1 CONSTRUÇÃO AQUASTORE (2012) ...........................................................71
6.2 TRATAMENTO E MANUTENÇÃO DA ÁGUA............................................71
3
6.3 LEIS E EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA .................................................73
6.4 OPERAÇÃO........................................................................................................73
CAPÍTULO 7 - MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS E ACIDENTES
EM PISCINAS...................................................................................................................74
7.1 RISCOS DE ACIDENTES..................................................................................74
7.2 MEDIDAS GERAIS PREVENTIVAS................................................................75
ANEXOS - DECRETOS E LEIS......................................................................................77
REFERÊNCIAS..................................................................................................................84

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INTRODUÇÃO

O presente Centro de Formação de Guardião de Piscina (CFGP) foi


desenvolvido com o objetivo de demonstrar as teorias e práticas na
operacionalização do serviço de salvamento em piscinas, bem como, os
procedimentos de primeiros socorros efetuados pelo Guardião de Piscina – GP. É o
Centro que, devidamente credenciado no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Rio de Janeiro (CBMERJ), encontra-se em condições de realizar a formação e
atualização do Guardião de Piscina. O Curso de Formação de Guardião de Piscina,
realizado pelo CFGP, visa à preparação do aluno para exercer as atividades de
Guardião de Piscina, que é a pessoa habilitada pelo CBMERJ, nos termos do
Decreto nº 4.447, de 04 de agosto de 1981, para exercer a atividade de Guardião de
Piscina. O CBA XI - Comando de Bombeiro de Área das Atividades de Salvamentos
Marítimos do CBMERJ é o Órgão responsável pelo credenciamento dos CFGP e
pelo processo de homologação da certificação do Curso de Formação de Guardião
de Piscina.
O Guardião de Piscina é o profissional que atua no serviço de prevenção e
intervenção ao afogamento, bem como, no tratamento do afogado ou quaisquer mal
súbitos ou traumas que ocorram nas piscinas ou próximos a ela. Ao tornarem-se
profissionais de atendimento pré-hospitalar, precisam estar cientes e aceitarem a
responsabilidade de cuidar das vítimas, da melhor forma possível, através dos
conhecimentos adquiridos no Curso de Formação. Não podemos esquecer que a
vítima não optou por se envolver em uma situação traumática e o Guardião, no
entanto, escolheu estar ali para atendê-la. Ele tem o dever de dar tudo de si durante
o atendimento e deve estar sempre atento e preparado para evitar a morte ou a
enfermidade, que pode resultar em sequelas irreversíveis.
A vítima é a pessoa mais importante no local de uma emergência. Não há
tempo para pensar sobre a sequência em que deve ser feita a avaliação, nem sobre
quais tratamentos devem ter prioridade sobre os outros. Não há tempo para treinar
uma técnica antes de utilizá-la, nem para pensar onde encontra-se um determinado
material dentro do kit de primeiros socorros, muito menos, pensar para onde
transportar a vítima. Todas estas informações e outras mais devem estar

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memorizadas e todos os equipamentos e suprimentos devem estar próximos ao
local do incidente. Sem o conhecimento e os equipamentos adequados, o Guardião
pode deixar de adotar procedimentos que poderiam aumentar a chance de
sobrevivência da vítima. As responsabilidades são grandes demais para que ele
possa cometer tais erros. Para corroborar com essas afirmações, a legislação
brasileira preconiza que omissão de socorro é um dos crimes previstos no Código
Penal, mais precisamente em seu artigo 135. Neste caso, é o exemplo clássico do
crime omissivo deixar de prestar socorro a quem não tenha condições de socorrer a
si próprio ou comunicar o evento a autoridade pública que o possa fazê-lo. Logo, o
Guardião de Piscina deverá ter reciclagens no tocante as técnicas de prevenção,
salvamento, retira da piscina e de primeiros socorros, pois estão em constantes
mudanças.
O CBMERJ tem a incumbência do Poder Executivo de fiscalizar as piscinas
do estado do Rio de Janeiro, através de denúncias, vistorias de rotinas ou quando
um estabelecimento quer habilitar sua piscina de uso coletivo, instalada em recintos
públicos ou privados. Para tanto, deve apresentar a documentação necessária para
dar entrada na abertura de processo para a emissão do Certificado de Registro –
CR, em um dos Grupamentos Marítimos, sem o qual a piscina não poderá ser
utilizada por banhistas.

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CAPÍTULO 1
O SERVIÇO DE GUARDIAO DE PISCINA

O perfeito equilíbrio psicológico é fundamental para o pleno exercício de uma


profissão, principalmente aquela considerada emergencial e de risco. Devido às
características particulares da atividade, o Guardião de Piscina mantém um estreito
relacionamento com o público, cabendo a ele informar, orientar e socorrer. No seu
dia-a-dia deve ter um elevado grau de condicionamento técnico e exercer atitudes
de liderança, sociabilidade, autoridade e autoconfiança.

1.1. LIDERANÇA
É a capacidade de conduzir um indivíduo ou grupo de indivíduos, para atingir
um determinado objetivo. É uma qualidade nata, entretanto, pode ser desenvolvida e
aprimorada no homem. O exercício da liderança é fundamental, pois possibilita o
auxilio do público, de forma ordeira e consciente, em todas as atividades. O guardião
deve buscar desenvolver seu espírito de liderança através de atividades e
procedimentos que transmitam confiança ao público de forma instantânea.
São atributos que evidenciam a imagem do líder:
 Vigor físico;
 Inteligência e vigor intelectual;
 Senso de determinação e direção;
 Perseverança;
 Coragem;
 Cordialidade e afeição;
 Adaptabilidade;
 Iniciativa.
Deverá também saber avaliar o tipo de público, a fim de aplicar os recursos
disponíveis. Tais variações são peculiares a cada parque aquático, de acordo com o
nível social.

1.2. SOCIABILIDADE

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Consiste em criar e manter, no seu ambiente de trabalho, um relacionamento
de afetividade com o público e fazer-se conhecido e aceito pelos alunos, sócios ou
condôminos, de forma que suas ações sejam valorizadas, acolhidas e tenham
sempre o imprescindível apoio de todos. O GP deve manter um bom relacionamento
com os banhistas, entretanto, é importante que esse relacionamento seja respeitoso
e somente funcional, isento de promiscuidades que venham a prejudicar a sua boa
imagem.

1.3. EXERCÍCIO DA AUTORIDADE


O serviço do GP não se restringe ao salvamento de afogados. Sua autoridade
amplia-se no que diz respeito às normas estipuladas pelo responsável legal pela
piscina ou parque aquático. Animais na piscina, jogos proibidos e outros fatos
similares devem ser observados pelo guardião, cabendo ao mesmo informar,
orientar e, se necessário, repreender verbalmente.

1.4. AUTOCONFIANÇA
No exercício de funções de risco é necessário um constante
acompanhamento do desempenho psicológico de seus executantes, tendo em vista
a possibilidade de acontecimentos marcantes e até mesmo traumatizantes, como a
impossibilidade de efetivação de um salvamento, a perda de um companheiro e
outros. Este acompanhamento origina-se como uma auto-avaliação do Guardião
indo até, quando necessário, à assistência na área psicológica.
A autoconfiança do guardião é desenvolvida através do conhecimento técnico
e do preparo físico, aliado à sua vocação para a atividade. Dessa forma, o GP deve
manter-se sempre preparado física e tecnicamente para o exercício de sua atividade
fim, ou seja, a realização da prevenção e do salvamento aquático.

1.5. CONDICIONAMENTO TÉCNICO


O condicionamento técnico deverá ser realizado constantemente de forma a
manter o Guardião apto a desempenhar suas atividades. Esse condicionamento é
conseguido através da instrução de manutenção que, considerando o homem
isolado, tem por objetivo a fixação dos conhecimentos adquiridos na fase de ensino,
ampliando-os e atualizando-os em função de novos conhecimentos e experiências

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obtidas. As instruções para os guardiões devem ser práticas e teóricas e deverão
enfocar diversos assuntos como por exemplo:
 Técnicas de recuperação de afogados;
 Ações preventivas;
 Instruções aquáticas;
 Exercícios de adaptação aos equipamentos;
 Exercícios de apneia em profundidade e em distância;
 Exercícios de salvamento;
 Prática de natação.

1.6. CUDADOS COM O EXCESSO DE SOL


A natureza do trabalho do GP requer, na maioria dos casos, muito tempo de
exposição ao ar livre e, consequentemente, ao sol, possuindo alto risco de
desenvolver câncer de pele e, em algumas circunstâncias, não estar mais
habilitados a trabalhar em atividades externas. O melhor a fazer é prevenir.
Todos sabem que banhos de sol sem proteção podem causar problemas
como envelhecimento precoce e câncer de pele e que o bronzeado é uma defesa do
organismo aos efeitos nocivos dos raios solares. Os dermatologistas são unânimes
em afirmar que não existe bronzeado 100% seguro, mas se é impossível resistir ao
sol, que a exposição aconteça da maneira mais segura possível. Para isso, uma
série de recomendações devem ser seguidas pelos Guardiões e banhistas. Segundo
a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD, 2012):
 Nunca se exponha ao sol sem usar um protetor. Os dermatologistas
recomendam que nos primeiros dias de exposição o fator deve ser bem alto. Na
medida em que a pele vai adquirindo uma tonalidade mais escura, o fator pode ser
reduzido, mas não deve ser inferior a 15 Fator de Proteção Solar (FPS);
 Passe o protetor pelo menos meia hora antes de começar a tomar sol. Esse é o
tempo médio que o protetor começa a agir;
 Evite tomar sol entre 10 e 16 horas. Nesse intervalo procure uma sombra e não
esqueça de passar protetor, mesmo estando longe dos raios solares;
 Respeite os limites de sua pele. A regra número um para se conseguir um
bronzeado de maneira mais saudável é a paciência. Não adianta ficar deitado o dia

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inteiro, esperando que a pele “pegue cor” já no primeiro dia. Além disso, nem todos
os tipos de pele ficam bronzeados quando expostos ao sol;
 Use produtos de qualidade e adequados ao seu tipo de pele. Se você tem pele
oleosa ou mista, prefira as loções leves ou os protetores com textura de gel; se a
sua pele é seca, cremes ou loções cremosas;
 Não use no rosto produtos para o corpo. Os produtos específicos para o corpo
geralmente são mais oleosos e podem causar acnes se aplicados no rosto;
 Depois do sol, hidratante. A pele sofre um ressecamento natural depois de
exposta ao sol. Por isso, após o banho, capriche na hidratação, sem esquecer de
usar um produto adequado ao seu tipo de pele;
 Ingerir muito líquido. Não é só passando protetor solar que você garante sua
saúde durante o verão. Nunca é demais lembrar que durante essa época a ingestão
de líquidos deve ser ainda maior, já que com as altas temperaturas, nosso corpo
perde muita água. O ideal é ingerir cerca de dois litros de água por dia, para ajudar a
repor a perda de líquidos do nosso organismo. Além da água, abuse dos sucos, que
alimentam e são leves;
 Use chapeus de abas largas, de preferência que protejam as orelhas, nariz e
lábios;
 Lembre-se de que em dias nublados, 80% da radiação ultravioleta atravessa as
nuvens e a neblina;
 O câncer de pele pode ser curado em 95% dos casos quando detectado
precocemente, portanto, o Guardião de Piscina e pessoas que tenham grande
exposição ao sol devem ser examinados ao menos uma vez por ano.
 Realize o autoexame periódico. Dobre os cotovelos, olhe cuidadosamente os
antebraços, região posterior dos braços e palmas. A seguir examine a parte
posterior das pernas e pés, espaços entre os dedos dos pés e as solas. Com um
espelho de mão, examine a porção posterior do pescoço e o couro cabeludo.
Finalmente, observe as costas e as nádegas com um espelho de mão.
 Os raios ultravioletas presentes na luz solar podem lesar os olhos. A lesão pelo
sol pode provocar catarata, degeneração macular, lesão de córnea e pterígio. A
proteção dos olhos pode ser feita por óculos de boa qualidade junto com o uso de
chapéu. Os óculos devem oferecer proteção de 99 a 100% à luz UV-A e UV-B e 75 a
95% à luz comum. Eles reduzem a luz com lentes de coloração marrom, cinza, verde

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ou amarela. As lentes polarizadas ajudam a reduzir o brilho e a fadiga, mas não
devem obstruir a visão periférica tão importante ao guardião.
 Para pessoas que praticam esportes ou que tenham contato direto com a água,
sugere-se utilizar os filtros solares modelo SPORTS, acima de 45 FPS aplicando-o
de duas em duas horas ou sempre quando sair da água, espera secar e passe-o.
Procure imediatamente um dermatologista se detectar um dos sintomas
descritos abaixo:
 Pele de aparência elevada, brilhante, avermelhada, acastanhada ou rósea;
 Uma "pinta" preta ou acastanhada que muda a sua cor, textura, torna-se irregular
nas bordas e cresce de tamanho;
 Uma "mancha" ou ferida que continua a crescer apresentando coceira, crostas,
erosões ou sangramento;
 Lesões de pele de aparecimento recente, escamosas, elevadas, escurecidas que
sofreram aumento, que coçam, mudam de cor ou sangram.
 Os GP que tiveram câncer de pele podem em algumas circunstâncias não
estarem
mais habilitados a trabalhar em atividades externas. Isto pode ter um grande impacto
econômico individual e dentro da organização a que ele pertence. Assim, o melhor
tratamento é a prevenção.
 A profissão de GP coloca-o em uma posição de alto risco de desenvolver câncer
de pele devido a grande exposição ao sol. A comissão médica da International Lifing
Saving (ILS) desenvolveu recomendações para estes casos, embora cada serviço
de salvamento aquático deva estabelecer suas próprias recomendações.
Segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático - SOBRASA, abaixo
estão algumas recomendações:
a. Programa de educação à população e aos GP relacionado aos perigos da
exposição ao sol.
b. Evitar a exposição solar especialmente durante os períodos de maior intensidade
reduzindo a lesão de pele, o risco de câncer e de lesão ocular.
c. A proteção do sol pode ser conseguida utilizando-se:
 Abrigos tipo guardassol nas torres de observação;
 Roupas com Fator de Proteção Solar (FPS) 50;
 Chapéu com aba larga;

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 Creme de proteção solar resistente à água. Os cremes de proteção solar
devem ter um FPS mínimo de 30, devem ser aplicados de 15 a 30 minutos antes da
exposição solar e utilizados até em dias nublados, já que os raios U- atravessam as
nuvens podendo causar queimaduras de pele. O creme deve ser passado
principalmente nos lábios, orelhas, nariz, ombros e cabeça, locais onde a pele é
mais sensível e sujeita a exposição direta. Deve ser reaplicado a cada 2 a 3h ou
mais frequentemente no caso de banho ou suor.
 Óculos escuros com proteção UV e proteção lateral que permita a visão
periférica. FTP 30 significa proteção 30 vezes maior comparado a não utilização.
d. Revisão médica anual de pele e ocular de todos com exposição prolongada a luz
solar.
Todos os serviços de salvamento aquático devem estimular seus GP a
procurar ajuda médica em caso de qualquer lesão de pele suspeita e orientar nas
modificações de hábitos profissionais se necessário. Todos os serviços de
salvamento e GP devem promover as medidas de prevenção do câncer de pele e da
lesão ocular junto ao público.

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CAPÍTULO 2
PREVENIR E SALVAR

O socorro em áreas aquáticas fechadas tais como piscinas, lagos e represas


é semelhante em sua técnica ao socorro em praias. No entanto, possui
peculiaridades próprias que serão descritas neste Capítulo, utilizando como exemplo
as piscinas. Para iniciarmos este estudo devemos conhecer as fases da cadeia de
sobrevivência. As duas últimas fases não serão comentadas pois acontecem em
ambientes onde não atua o GP.

2.1. PREVENÇÃO
São as diversas ações realizadas a fim de orientar os banhistas acerca dos
perigos relacionados ao ambiente aquático. Existem dois tipos de prevenção a
saber:
ATIVA, que ajuda a impedir que o incidente ocorra, com mais antecedência, através
do uso de placas de sinalização, por exemplo e REATIVA, que avisa e alerta que um
afogamento pode estar em curso, com o uso do apito, por exemplo.

2.2. ALARME
Ao identificar uma situação de afogamento, seja através da própria
observação ou qualquer outra forma de aviso, o socorrista deve avisar ao outro GP
ou a alguém que possa ajudar de alguma forma, que irá realizar o salvamento.

2.3. RESGATE / SBV NA ÁGUA

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São as técnicas de retirada da vítima do meio líquido e primeiros socorros
ainda dentro d’água, quando necessário, visando o reestabelecimento dos sinais
vitais da vítima.

2.3.1. Aproximação.
Após a avaliação cena, é o deslocamento do guardião de piscina até o
afogado. A aproximação deve ser feita pelo local mais seguro, tanto para o
socorrista, quanto para a vítima, através do nado de aproximação (variante do estilo
crawl, com a cabeça fora d’água e olhar fixo na vítima), se possível, acalmando a
mesma e indicando que o socorro está próximo. O GP mergulha na piscina de modo
que sempre haja o contato visual com a vítima, para isso, utiliza-se do mergulho
“pranchado”, não imergindo a cabeça no momento do salto, evitando um trauma do
socorrista, se aproximando da vítima.

2.3.2. Abordagem.
É o contato do GP com a vítima. Esta abordagem deve levar em conta o
estado da vítima:
 Vítimas conscientes e tranquilas: aborde a vítima de longe explicando-a como
você irá fazer para ajudá-la;
 Vítimas conscientes e afoitas: a abordagem deve ser realizada, mergulhando
(canivete) e nadando por debaixo/lado da vítima para sair atrás dela e realizar a
pegada. Após segurar a vítima, o guardião a tranquiliza sustentando-a, para evitar
aspiração de água. Durante a abordagem, com a vítima consciente, o afogado
poderá agarrar o GP, daí poderão ser utilizadas técnicas de soltura - judô aquático.
O afogado, devido a falta de sustentação, precisa de um apoio para sair da situação
em que se encontra. Nesse caso, basta o GP ir para o fundo, que o afogado irá
soltá-lo. Dentre as técnicas de judô aquático podemos citar as seguintes: se o
socorrista for agarrado pela frente ou por trás, mergulhar até a cintura do afogado,
ficar de frente para ele e girá-lo em 180º, com uma das mãos na parte anterior e
outra na posterior da coxa. Assim, o GP deverá sempre ter em mente que quem está
precisando de auxílio é a vítima e que ele possui o conhecimento necessário para se
desvencilhar da mesma, mantendo o máximo de calma para efetuar o salvamento.

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 Vítimas inconscientes. Se a vítima estiver emborcada ou submersa (situações
clássicas de inconsciência) deve-se rapidamente retirar suas vias aéreas do meio
líquido através da manobra de flutuação, que consiste em segurar o braço oposto da
vítima, girando-a, colocando-a em decúbito dorsal (barriga para cima), escorregando
a mesma mão pelas costas da vítima, até segurar o braço oposto e sustentá-la na
superfície. Em seguida, com a via aérea hiperestendida, se não obtiver nenhuma
resposta, solicitar imediatamente o Suporte Avançado de Vida – SAV. Deve-se
checar a respiração através do método “ver, ouvir e sentir”, caso a respiração esteja
ausente, o GP deve fazer até 10 ventilações de resgate. Se as ventilações forem
bem sucedidas e a vítima demonstrar resposta positiva, resgate-a até a área seca,
com atenção especial na continuidade da respiração. Se as ventilações não surtirem
efeito, considere como uma Parada Cardiorrespiratória - PCR e transporte a vítima o
mais rápido possível para a área seca.

2.3.3. Resgate.
O resgate é o deslocamento da vítima até um local seguro. Com o pescoço
em extensão e o corpo relaxado, o quadril da vítima subirá para a superfície, ela
assumirá a posição de decúbito dorsal, permanecendo com as vias aéreas fora da
água. O socorrista irá passar um dos braços sobre o ombro do afogado, cruzando o
peito e segurando embaixo da axila oposta do ombro dominado.
O reboque dar-se-á nadando lateralmente, encaixando a crista ilíaca ântero
superior (quadril - lateralmente) na região dorsal do afogado. A pernada deve ser em
tesoura de forma elíptica, com ambas as pernas formando um ângulo de 90 graus
com as coxas. Quando completar a pernada, os pés deverão ter realizado um
movimento elíptico. Deve-se atentar para a posição dos pés, a perna de cima deverá
estar com o pé em dorso flexão, enquanto que a perna de baixo, deverá estar com o
pé em flexão plantar. O antebraço fará o palmateio, também em forma elíptica, que
no momento da puxada, deverá estar com a palma da mão virada para o socorrista
e durante a volta do braço a palma da mão deverá estar voltada para baixo
(pronação), para não oferecer resistência. O reboque do afogado só será eficaz se
houver coordenação entre a braçada e a pernada.
O método de reboque utilizado pelo GMar é o da Cruz Vermelha, onde o
antebraço do socorrista passa por cima da vítima, cruzando seu peito e pegando

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abaixo das axilas. Entretanto, existem outros métodos que também podem ser
utilizados: reboque pelo queixo, punho, cabelo, ombro, cabeça etc. O reboque da
Cruz Vermelha é o mais tradicional, elaborado pela Cruz Vermelha Americana e
reconhecido mundialmente para o reboque de vítimas agitadas e inconsciente para
trazer segurança através do contato corporal e controle da respiração utilizado em
locais onde há ondulações.

2.3.3.1. Resgate simples.


Caracteriza-se pela ação de somente um guardião de piscina, que utilizará a
técnica de reboque anteriormente descrita. Em hipótese alguma o GP poderá soltar
a vítima. Após o resgate, transporte-a para um local seguro e bem ventilado.

2.3.3.2. Resgate em dupla.


Caracteriza-se pela ação de dois GP. Um aborda o afogado conforme descrito
na fase de abordagem e, após a chegada do segundo GP, ambos seguram em cada
braço da vítima, entre o ombro e o cotovelo. Com cadência e sincronismo realizam o
resgate. A parte técnica é de grande importância para o socorrista. Cada técnica
deverá ser executada na íntegra, objetivando um menor gasto de tempo no
salvamento, sem descuidar da integridade da vítima.

2.3.4. Fixação do afogado.


Ao terminar a fase de reboque, o GP deverá fixar o afogado na borda para
efetuar a retirada e proceder o atendimento de primeiros socorros.

2.3.5. Retirada do afogado.


São manobras realizadas para a retirada de vítima inconsciente ou cansada,
da piscina, para a borda. São utilizadas as seguintes técnicas:
 Retirada de frente, de vítima com PCR e/ou suspeita de Trauma
Raquimedular – TRM.
 Retirada pelas axilas, de costas para a borda.
 Retirada pelo punho, de costas para a borda.

2.4. SBV NO SECO

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São as técnicas de primeiros socorros executadas pelo Guardião de Piscina
na área seca, visando o restabelecimento dos sinais vitais da vítima. A seguir,
apresentaremos o SBV em 08 (oito) passos.

SBV
AVALIAÇÃO DA CENA
CHECAR RESPOSTA
PEDIR AJUDA
ABERTURA DAS VIAS AÉREAS
VER, OUVIR e SENTIR
CINCO VENTILAÇÕES
OBSERVAR SINAIS DE RESPOSTA
COMPRESSÃO CARDÍACA

2.4.1. Avaliação da Cena.


Na avaliação da cena devemos observar, prever e avaliar todos os perigos e
possíveis dificuldades que o local ou evento possam oferecer ao salvamento,
devendo o GP agir antecipadamente para evitar ou amenizar tais dificuldades. Ao se
aproximar de alguém para prestar atendimento, a primeira atitude a ser tomada no
local do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a pessoa
prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo em potencial, deve-se
aguardar a chegada do socorro especializado. Nesta fase, verifica-se também a
provável causa do acidente (mecanismo do trauma), o número de vítimas, a
provável gravidade delas e todas as outras informações que possam ser úteis para a
notificação do acidente. Nesta fase, o socorrista deve atentar para:
 Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
 Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros;
 Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos materiais e
humanos, visando garantir a eficiência do atendimento.
 Preservar sua segurança, não colocando sua vida em risco;
 Manter a calma.
 Transportar a vítima só em último caso, na impossibilidade de chegada do
socorro especializado.
17
2.4.2. Checar resposta.
Com a vítima em decúbito dorsal deve-se checar a resposta, colocando as
mãos nos ombros da mesma e, com os braços estendidos, perguntar:
“ Você está me ouvindo? ”

2.4.3. Pedir ajuda.


Chamar o suporte avançado de vida (SAV) em caso de inconsciência ou
presença de espuma na boca e/ou nariz, caso não tenha sido realizada a solicitação
ainda dentro d’água.

2.4.4. Abertura das vias aéreas.


1º - Coloque sua mão na testa da vítima e, cuidadosamente, incline a cabeça desta
para trás;
2º - Mantenha os seus dedos, polegar e indicador, livres para poder comprimir as
narinas, caso tenha de executar as insuflações;
3º - Coloque as pontas dos dedos da sua outra mão sob a ponta do queixo da
vítima;
4º - Eleve o queixo da vítima para abrir as vias aéreas;
5º - Não pressione a zona mole sob o queixo, pois isso pode dificultar a ventilação.

2.4.5. Ver, ouvir e sentir.


Para verificar se a vítima está respirando normalmente, o socorrista deve
posicionar-se ao lado da vítima, na altura dos ombros, manter a cabeça da vítima
inclinada para que as vias aéreas fiquem livres, colocar sua face próxima à boca e
ao nariz da vítima e, olhando para seu tórax, VER se o tórax da vítima se expande;
OUVIR se há ruído da respiração e SENTIR se há saída de ar. Esse procedimento
deve durar de 5 a 10 segundos, no máximo. As próteses dentárias só devem ser
retiradas se estiverem fora do lugar.
Caso a vítima esteja respirando normalmente, mantenha as vias aéreas livres
e aguarde a ajuda que você solicitou (SAV), colocando a vítima em posição lateral
de segurança – PLS (será visto adiante).

18
2.4.6. Cinco ventilações.
Caso a vítima não esteja respirando normalmente, mantenha a inclinação da
cabeça e faça 5 ventilações boca-a-boca (ventilação de resgate). Para isso, o
socorrista deve manter as vias aéreas abertas com manobra de inclinação da
cabeça e elevação do queixo, fechar as narinas do paciente com a mesma mão que
inclina a cabeça, aplicar sua boca sobre a boca da vítima selando bem para que não
haja escape de ar, e efetuar cinco ventilações de 1 segundo cada com intervalo de 2
segundos entre elas, observando a movimentação do tórax da vítima a cada
ventilação. Se for possível use dispositivo de barreira (máscaras, plásticos especiais)
para realizar o boca-a-boca.
Deve-se observar o seguinte:
 Após a primeira ventilação você deve virar a sua cabeça lateralmente
observando o tórax e aguardar os pulmões se esvaziarem para fazer a segunda
respiração artificial – total de 5 ventilações.
 Mantenha as vias aéreas desobstruídas na inspiração e expiração;
 O tempo de insuflação de cada ventilação deve ser o suficiente para o tórax
expandir e retornar a posição inicial.
 O volume de ar insuflado deve ser o suficiente para elevar o tórax.
 Ventilações mais rápidas causam distensão gástrica e vômitos frequentes.
 O importante durante a ventilação boca-a-boca é a observação da elevação e
abaixamento do tórax, o que significa o bom resultado da sua manobra.
 Se o tórax não se elevar após a primeira ventilação – repita a inclinação da
cabeça (hiperextensão do pescoço) e tente ventilar novamente.
 No lactente o ar contido na boca é o volume suficiente para ventilar. Deve-se
também incluir o nariz na boca do socorrista (boca-a-boca/nariz).

2.4.7. Checar resposta.


Verificar sinais de resposta após as ventilações:
 Sinais presentes: posição lateral de segurança e manter a observação da
vítima.
 Sinais ausentes: executar compressão cardíaca.
.
2.4.8. Compressão cardíaca.

19
Passar 2 dedos pelo abdômen até encontrar as costelas, marcando 2 dedos
acima, logo após, colocar as mãos sobrepostas ao tórax do afogado para a
realização de 30 compressões cardíacas. Após o primeiro ciclo de ventilações e
compressões (5 ventilações para 30 compressões) a relação passa a ser 2
ventilações para 30 compressões, no caso de apenas um socorrista. Se houver dois
socorristas no atendimento ao afogado, a partir do segundo ciclo de ventilações e
compressões, o segundo socorrista passa a participar da RCP, alterando o protocolo
para 2 ventilações com 15 compressões cardíacas. Se houver apenas um socorrista,
deverá ser mantido o protocolo de 2 ventilações com 30 compressões cardíacas
durante todo o procedimento de RCP.

20
CAPÍTULO 3
ACIDENTES COMUNS EM PISCINAS

Durante a utilização dos ambientes aquáticos, o banhista está sujeito a


inúmeros acidentes clínicos e/ou traumas. Dessa forma, o presente Capítulo
descreve os devidos procedimentos a serem adotados, por ocasião desses
acidentes.
3.1 MANOBRA DE HEIMLICH
Essa é uma manobra para desobstrução de vias aéreas por corpo estranho.
Por definição, corpo estranho em vias aéreas é qualquer objeto que permanece em
posição de impedir ou atrapalhar a ventilação pulmonar normal, tais como: balas,
moedas, dentaduras, alimentos e outros. A manobra de HEIMLICH é o único
método, não invasivo, no ambiente pré-hospitalar, de desobstrução das vias aéreas
superiores por corpo estranho, quando não há como retirar com o dedo.
A manobra de HEIMLICH deve ser realizada quando houver forte suspeita de
corpo estranho obstruindo as vias aéreas ou não houver resposta à ventilação boca-
a-boca (ausência de elevação do tórax).
A obstrução das vias aéreas por corpo estranho deve ser suspeitada nos
seguintes casos:
 Adultos jovens que estavam se alimentando e subitamente pararam de
respirar;
 Crianças que estavam se alimentando ou brincando com pequeno objeto e
subitamente perdem a consciência e param de respirar;
 Qualquer paciente em PCR ou PR, em que a ventilação boca-a-boca não
produza a elevação do tórax;
 Impossibilidade de respirar, tossir e falar, de ocorrência súbita;
 Qualquer pessoa agitada, tentando tossir, com dispnéia e falando com
dificuldade.

21
3.1.1. Vítimas conscientes com obstrução de vias aéreas (incompleta).
Neste tipo de obstrução a vítima apresenta tosse ineficaz, e presença de
ruídos respiratórios e agudos. Neste caso deve-se tentar acalmar a vítima e pedir
que ela estimule a tosse. Verifique se a vítima está se sufocando, bem como, sua
capacidade de emitir sons. Caso a vítima possa tossir ou falar, significa que a
obstrução é incompleta. Acione o sistema 193 para transportá-la para o hospital de
referência e não efetue a manobra de HEIMLICH.
Nas obstruções completas posicione-se por trás da vítima, circundando-a com
seus braços e faça compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima,
até desobstruir as vias aéreas ou o paciente perder a consciência.

3.1.2. Vítimas inconscientes com obstrução de vias aéreas (completa)


Suspeite de obstrução em vítimas nas quais você encontre dificuldade para
insuflar seus pulmões. Refaça a hiperextensão do pescoço e tente novamente
ventilar e, caso não tenha sucesso, ajoelhe-se a cavaleiro sobre as coxas do
paciente e coloque as mãos entre o umbigo e o início das costelas. Faça 5
compressões súbitas no abdômen em direção à cabeça. Após a manobra de
Heimlich, tente novamente ventilar o paciente por duas vezes. Abra a boca e
verifique se o corpo estranho foi deslocado, retirando-o. Em caso de insucesso,
repita toda a sequência, até que seja obtido sucesso.

Em mulheres gestantes, os procedimentos serão os mesmos, entretanto, o


ponto de compressão dar-se-á na altura dos mamilos. Em lactentes, coloque a
criança com a cabeça em posição mais baixa que o corpo, uma das mãos segura a
cabeça e a mandíbula em ligeira hiperextensão, e com a outra mão dê 5 tapas no
tórax. Caso não seja efetiva, gire a vítima de frente e tente 5 compressões torácicas
abaixo do ponto da compressão cardíaca em lactente. Em caso de vômitos vire a
cabeça de lado, limpe a boca e continue o procedimento. Não inicie a compressão
cardíaca até que a obstrução tenha sido resolvida.

3.2. TRAUMA-RAQUI-MEDULAR (TRM)


No TRM ocorre o comprometimento da estrutura óssea (vértebras) e medula
espinhal. Os danos causados por traumas nessas estruturas poderão ocasionar

22
lesões permanentes. Se a região atingida for a cervical poderá comprometer a
respiração, levar à paralisia ou até mesmo a morte. O socorrista e o médico devem
estar conscientes de que a manipulação inadequada pode causar dano adicional ao
trauma de coluna vertebral, piorando o prognóstico da lesão. Se a lesão ocorrer
dentro d’água, o Capítulo seguinte apresentará o passo-a-passo para a retirada.
Os principais sinais e sintomas:
 Dor regional (pescoço, dorso, região lombar);
 Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e inferiores;
 Perda da capacidade de movimentação dos membros (paralisia);
 Sensação de formigamento nas extremidades;
 Deformidade em topografia da coluna;
 Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápula ou região dorsal do
paciente;
 Perda do controle urinário ou fecal;
 Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento torácico;
 Priapismo (ereção peniana contínua).

Avaliação vertebral no TRM:


 Dor localizada;
 Deformidades ósseas;
 Dor à palpação;
 Edemas e equimoses;
 Espasmo muscular;
 Dificuldade de alinhamento da cabeça;
 Priapismo.

Avaliação Medular:
 Déficit de força muscular;
 Déficit de sensibilidade;
 Déficit de reflexos tendinosos;
 Disfunção autonômica (controle esfincteriano);
 Ausência de reflexos;
 Respiração diafragmática;

23
 Resposta apenas acima da clavícula.

Complicações:
 Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios). A respiração fica sendo feita
exclusivamente pelo diafragma;
 A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos, podendo se
instalar o choque (neurogênico).

Tratamento:
 Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das vias
aéreas, a respiração e a circulação;
 Controle o sangramento importante;
 Administre oxigênio;
 Evite movimentar o paciente e não deixe que ele se movimente;
 Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite de
RCP e/ou por risco iminente;
 Imobilize a cabeça e o pescoço com emprego do colar cervical, fixadores de
cabeça e prancha rígida;
 Monitore os sinais vitais constantemente (cuidado com o choque e a parada
respiratória).

Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão na coluna, o socorrista


deverá realizar todas as manobras mantendo fixos a cabeça e o pescoço. Deve-se
adotar:
 Tratamento imediato;
 Imobilização com colar cervical;
 Imobilizador lateral de cabeça (head block);
 Colete dorsal (ked se necessário);
 Tábua de transporte.

3.3. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)

24
O infarto do miocárdio se dá quando o suprimento de sangue a uma parte do
músculo cardíaco é reduzido ou cortado totalmente. Isso acontece quando uma
artéria coronária está contraída ou obstruída, parcial ou totalmente.
Com a supressão total ou parcial da oferta de sangue ao músculo cardíaco,
ele sofre uma injúria irreversível e, parando de funcionar, pode levar à morte súbita,
morte tardia ou insuficiência cardíaca, com severas limitações da atividade física.
O infarto do miocárdio pode também acontecer em pessoas que têm as
artérias coronárias normais. Isso acontece quando as coronárias apresentam um
espasmo, contraindo-se violentamente e também produzindo um déficit parcial ou
total de oferecimento de sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído.
Esse tipo de espasmo também pode acontecer em vasos já comprometidos
pela aterosclerose.
Sinais e sintomas:
 Dor precordial irradiada (braço ou pescoço) ou não;
 Dispinéia;
 Enjôo;
 Cansaço;
 Ansiedade;
 Não melhora com o repouso.

Como proceder:
 Manter a vítima no repouso (evitar o esforço físico) preferência sentada;
 Transportar a vítima com inclinação superior a 30º (preferência sentada);
 Oferecer oxigênio (3 a 4 l/min);
 Oferecer Isordil (sublingual);
 Oferecer Aspirina (200 – 325 mg mastigado);
 Levar o mais rápido possível ao hospital;
 Realizar os procedimentos de primeiros socorros.
Embora a legislação nacional não autorize a aplicação de medicamentos por
"socorristas", a AHA, no BLS 2010 recomenda que: "caso não haja contra-indicação
(TCE, suspeita de AVE, último trimestre de gravidez), seja oferecido AAS (200 - 325
mg) para o paciente com IAM ainda no pré-hospitalar, mesmo oferecido por
socorristas, pois seu uso nas primeiras horas reduz a mortalidade".

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O prognóstico quanto à qualidade de vida e a duração da vida após um infarto
do miocárdio depende da gravidade, da extensão do infarto e de outras doenças que
acompanham o paciente.
Cerca de 1 milhão e meio de pessoas sofrem um infarto nos Estados Unidos,
por ano. Nos últimos anos, tem aumentado a incidência de infartos em mulheres, por
outro lado, a sobrevida tem aumentado devido aos mais eficazes meios de
tratamento. A curto prazo, o prognóstico é pior em pessoas idosas, diabéticos,
fumantes, sedentários, obesos, portadores de insuficiência cardíaca e portadores de
insuficiência renal. A longo prazo o prognóstico, tanto para a duração, quanto para a
qualidade de vida, também dependem da severidade do infarto e das medidas
preventivas tomadas.
A causa mais frequente de morte em infartados é o choque, que acontece em
7% dos casos. A incidência de choque não tem diminuído nos últimos anos.
Não existem testes para prever quando um novo ataque vai ocorrer. Admite-
se que até 30% de novos ataques fatais e de cirurgias cardíacas podem ser
evitadas, com a adoção de um estilo de vida saudável e adesão ao tratamento. Os
médicos sabem que 66% dos pacientes não mudam o seu estilo de vida e não
seguem as prescrições e conselhos médicos para evitar um novo infarto.

3.4. ANGINA DO PEITO


A angina do peito apresenta-se sob duas formas, a estável e a instável. Tanto
a instável como a estável têm manifestações ou sintomas semelhantes aos do
infarto do miocárdio. Elas podem evoluir para um infarto do miocárdio quando não
tratadas. A angina do peito estável se diferencia do infarto por algumas das
características abaixo:
 Duração da dor - geralmente é de mais curta duração, se durar mais do que
15 minutos provavelmente trata-se de infarto;
 A dor surge com o esforço e passa com o repouso;
 As manifestações paralelas não costumam ser tão intensas como no infarto;
 A dor ou opressão retroesternal passa com o uso de comprimidos sublinguais
de nitro derivados (ISORDIL). Se a dor não ceder, provavelmente trata-se de um
infarto.

26
Os sintomas da angina de peito estável variam de pessoa para pessoa, mas,
em um mesmo indivíduo, costumam ser semelhantes e ter os mesmos fatores
desencadeantes como: fazer força, caminhar no vento frio, subir escadas, atividade
sexual e outras.
Os sintomas da angina de peito instável costumam surgir em repouso ao
levantar pela manhã e são de aparecimento súbito, com dores e desconforto
moderado a severo, evoluem rapidamente para um estágio em que há um aumento
no desconforto e na dor, tanto na intensidade como severidade.
A angina de peito pode ser considerada uma dor amiga, uma manifestação
desagradável, mas que avisa estar acontecendo algo de errado e grave com o
coração, fazendo com que a pessoa atingida procure recurso médico antes que a
doença se agrave.
Sinais e sintomas mais comuns:
 Pressão e desconforto, dor em aperto no centro do peito que dura mais do
que alguns minutos ou que vai e volta;
 Dor do centro do peito que irradia para os ombros, queixo, pescoço e braços,
mais frequentemente para o braço esquerdo;
 Desconforto no peito com sensação de cabeça leve, sensação de desmaio,
suores e falta de ar.

Sinais e sintomas menos comuns:


 Dores atípicas vagas, na boca do estômago, peito ou barriga;
 Náuseas ou vômitos sem dor no peito;
 Respiração curta ou dificuldade de respirar, mesmo sem dor no peito;
 Ansiedade inexplicável, fraqueza ou fadiga;
 Palpitações, suores frios ou palidez, que às vezes vão e voltam.

Como proceder:
 Manter a vítima no repouso (evitar o esforço físico), de preferência sentada;
 Transportar a vítima com inclinação superior a 30º (preferência sentada);
 Oferecer oxigênio (3 a 4 l/min);
 Oferecer Isordil (sublingual);
 Oferecer Aspirina (200 - 325mg mastigado);

27
 Levar o mais rápido possível ao hospital;
 Realizar os primeiros socorros.

Nos homens a dor pré-cordial é o sintoma mais frequente, já nas mulheres o


cansaço e fadiga extrema são os sintomas mais encontrados. Nas mulheres é mais
frequente sentir náuseas, dores no epigástrio ou nas costas, pescoço ou queixo.
Muitas vezes, sintomas outros que não a dor, são sentidos já há muito tempo
antes do infarto ocorrer. A intensidade da dor do infarto varia muito de doente para
doente. A dor não necessita ser intensa. A dor geralmente irradia para o braço
esquerdo, mas em 15% dos atingidos irradia para o braço direito.
Muitos sintomas de doença das coronárias são ignorados pelos pacientes e
também pelos médicos. Existem infartos silenciosos, que são revelados ao
eletrocardiograma ou outros exames por ocasião de exames rotineiros.
A parte do coração que necrosar, por ocasião de um infarto, não é mais viável
e não produzirá sintomas como dor. Logo, enquanto o doente sentir dor resta tecido
cardíaco viável que pode se recuperar por si ou com tratamentos adequados.
Quanto antes esse tecido doente for tratado, maiores as chances de ser recuperado.
Se isso acontecer, se notar uma ou mais de uma das manifestações acima,
não espere, vá ou chame imediatamente um serviço de emergência.

3.5. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)


Ocorre quando o sangue pára de chegar em uma parte do cérebro. Isso pode
acontecer se houver sangramento no cérebro ou se um vaso sanguíneo cerebral
tornar-se obstruído. Os sinais de AVC são geralmente muito repentinos.
Sinais e sintomas:
 Confusão mental súbita, dificuldade para falar e compreender;
 Fraqueza ou adormecimento súbito da face, braço ou perna, especialmente
em apenas um lado do corpo;
 Problemas visuais súbitos em um ou ambos os olhos;
 Dificuldade para andar, tontura, perda do equilíbrio e da coordenação;
 Dor de cabeça intensa súbita de causa desconhecida;
 Perda da consciência.

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Tratamento:
 Manter a vítima em repouso (evitar o esforço físico), de preferência sentada;
 Realizar os primeiros socorros;
 Adequada ventilação e oxigenação;
 Levar a vítima o mais rápido possível ao hospital.

3.6. HEMORRAGIA
É definida como a perda aguda de sangue circulante devido ao rompimento
de um vaso sanguíneo. Pode ser classificado como:
- Arterial: sangramentos em jato, geralmente sangue de coloração vermelho vivo. É
mais grave que o sangramento venoso.
- Venosa: sangramento contínuo, geralmente de coloração escura.
- Capilar: sangramento contínuo discreto.
Como proceder:
 Proteja suas mãos com luvas ou sacos plásticos para não entrar em contato
com o sangue da vítima.
 Coloque uma compressa ou um pano limpo sobre o local da hemorragia.
 Faça compressão com esse pano sobre o local da hemorragia até a chegada
ao hospital.
 Colocação de torniquete (somente colocar por pessoas treinadas).
 Antes do protocolo de 18/10/2010 da American Heart Association (AHA), era
preconizado que, no caso da hemorragia ser em mãos, braços, pés ou pernas, era
necessária elevação acima do nível do coração. Assim, desde aquela data, não se
utiliza mais esses procedimentos.
Caso o pano fique encharcado coloque outro por cima sem retirar o primeiro.

3.7. QUEIMADURAS
São lesões dos tecidos produzidas por substância corrosiva ou irritante, pela
ação do calor ou frio e de emanação radioativa. A gravidade de uma queimadura
não se mede somente pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também
pela extensão ou localização da área atingida.
Classificação das queimaduras:
1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com:

29
 Eritema (vermelhidão);
 Dor local suportável;
 Inchaço.

2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com:


 Eritema (vermelhidão);
 Formação de flictenas (bolhas);
 Inchaço;
 Dor e ardência locais, de intensidades variadas.

3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, comprometendo os tecidos


mais profundos, podendo ainda alcançar músculos e ossos. Estas queimaduras se
apresentam:
 Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizado;
 Pouca ou nenhuma dor local;
 Pele branca escura ou carbonizada;
 Não ocorrem bolhas.

Queimaduras de 1º, 2º e 3º graus podem apresentar-se no mesmo


acidentado. O risco de morte (gravidade do caso) não está no grau da queimadura,
e sim na extensão da superfície atingida e/ou da localidade da lesão. Quanto maior
a área queimada, maior a gravidade do caso.

Como proceder:
 Afastar a vítima da origem da queimadura;
 Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso contrário, abafe o fogo
envolvendo-a em cobertor, colcha ou casaco;
 Retire anéis, pulseiras, objetos que possam garrotear a área queimada devido
ao inchaço que se instala na região queimada;
 Lave a região afetada com água fria e abundante (1ºgrau);
 Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das bolhas;
 Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos;
 Faça um curativo protetor com bandagens úmidas;

30
 Mantenha o curativo e as compressas úmidas com soro fisiológico;
 Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, margarina etc, sobre a
área queimada;
 Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque;
 Chamar Serviço de Urgência - SU.

Nas queimaduras por soda cáustica, devemos limpar as áreas atingidas com
uma toalha ou pano antes da lavagem, pois o contato destas substâncias com a
água cria uma reação química que produz enorme quantidade de calor.
 Não use produtos como pasta de dente, manteiga, água sanitária ou
medicamentos.
 Não coloque gelo. O gelo direto na pele pode causar geladura (queimadura
por gelo).
 No caso de queimaduras elétricas certifique-se que a fonte de energia está
desligada antes de tocar na vítima.
 As queimaduras elétricas podem fazer uma lesão externa pequena, mas
terem causado lesões internas graves, nesse caso sempre procure um SU.
 Não romper bolhas.
 Não oferecer medicamentos, líquidos ou alimentos.
 Queimaduras por produtos químicos devem ser lavadas com água corrente
em grande quantidade e sempre que possível identifique o produto causador da
queimadura e isole e identifique objetos e roupas contaminadas, para evitar outro
acidente.
 Vítimas que ficaram enclausuradas em locais de incêndio, com queimaduras
de face ou sinais de inalação (dispneia - falta de ar, pelos faciais queimados,
rouquidão, tosse) devem ser avaliadas pelo SU, pois podem apresentar
queimaduras nas vias aéreas, evoluindo para uma obstrução devido ao edema
causado pela queimadura.

3.8. INSOLAÇÃO
É uma perturbação decorrente da exposição DIRETA e PROLONGADA do
organismo aos raios solares.
Como se manifesta:

31
 Pele seca, quente e avermelhada;
 Pulso rápido e forte;
 Dor de cabeça acentuada;
 Sede intensa;
 Temperatura do corpo elevada;
 Dificuldade respiratória;
 Inconsciência.

Como proceder:
 Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
 Afrouxe as vestes da vítima;
 Mantenha o acidentado em repouso e recostado;
 Aplique compressas geladas ou banho frio, se possível;
 Procure o hospital mais próximo.
 Em vítimas que tenham choque pelo calor (T>40º C), é aconselhado colocá-la
em imersão em água fria (até a altura do queixo).

3.9. INTERMAÇÃO
A intermção é uma causa de hipertermia decorrente da dificuldade do corpo
em se resfriar adequadamente num ambiente com calor excessivo. É uma
emergência clínica com alto risco de morte. O diagnóstico e, consequentemente, o
início do tratamento precoces podem melhorar o prognóstico. Pode estar
relacionada ou não a atividade física. Esta última é conhecida como forma clássica e
geralmente afeta pacientes com condições médicas que impeçam o resfriamento e,
desta forma, não há mecanismo de proteção ao calor do ambiente. Pode ocorrer,
por exemplo, em recém-nascidos ou em idosos, ou em pacientes com distúrbios
neurológicos, mentais ou cardiopulmonares graves.
Como se manifesta:
 Dor de cabeça e náuseas;
 Palidez acentuada;
 Sudorese (transpiração excessiva);
 Pulso rápido e fraco;
 Temperatura corporal ligeiramente febril;

32
 Inconsciência.

Como proceder:
 Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
 Afrouxe as vestes da vítima;
 Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o resto do
corpo.

3.10. CONVULSÕES
As convulsões ocorrem em consequência de atividade muscular anormal,
associada à alteração de comportamento ou inconsciência, causada por atividade
cerebral anormal.
Caracteriza-se pela perda da consciência, contrações e espasmos
musculares, produção de grande quantidade de saliva e alteração respiratória.
Causas mais comuns:
 Epilepsia;
 Hipoglicemia (taxa baixa de açúcar no sangue);
 Overdose (dose excessiva) de cocaína;
 Abstinência alcoólica;
 Meningite;
 Lesões cerebrais (tumores, derrame e traumatismo crânio encefálico);
 Febre alta, principalmente em crianças.

Como proceder:
 Peça ajuda (SU);
 Faça um reconhecimento visual rápido da área procurando sinais de consumo
de drogas ou envenenamentos;
 Proteja-se com uso de luvas ou sacos plásticos nas mãos;
 Não tente segurar a vítima, proteja apenas sua cabeça;
 Não coloque o dedo ou nenhum objeto na boca da vítima;
 Não dê nenhum líquido para a vítima beber;
 Afaste da vítima objetos que possam feri-la (móveis, utensílios, ferramentas);
 Limpe com pano limpo o excesso de saliva;

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 Se não houver suspeita de trauma na coluna, mantenha a cabeça da vítima
lateralizada;
 Resfriar crianças febris com toalhas molhadas com água na temperatura
ambiente.
Normalmente a vítima recupera a consciência nos primeiros 10 minutos após
a crise, porém se isto não ocorrer o socorrista deve se preparar para ocorrência de
novo episódio convulsivo. Mantenha observação da vítima até a chegada do SU,
caso a vítima apresente novo episódio de convulsão.
Após o episódio o paciente deverá receber assistência do SU para determinar
a causa da convulsão.

3.11. CONTUSÃO
Lesão produzida nos tecidos por trauma contuso (pancada, chute,
cotoveladas etc), SEM QUE HAJA ROMPIMENTO da pele:
Como se manifesta:
 Dor e edema (inchaço) no local;
 Equimoses (manchas avermelhadas);
 Hematomas (colorações arroxeadas pelo sangue extravasado).
Como proceder:
 Evite movimentar a região lesionada;
 Aplique compressas frias ou saco de gelo no local;
 Caso seja necessário imobilize a região;
 Procure o médico.

Uma contusão pode acarretar em hemorragia interna, fraturas ou outras


lesões graves. Por isso, não perca tempo.

3.12. DISTENSÃO MUSCULAR


É a lesão provocada pelo estiramento do músculo (rompimento de fibras
musculares), ou parte dele, por movimento brusco e/ou violento.
Como se manifesta:
 Dor intensa à movimentação;
 Edema (inchaço) no local.

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Como proceder:
 Evite movimentar a região lesionada;
 Aplique compressas geladas ou saco de gelo no local;
 Faça uma bandagem para sustentação do músculo;
 Caso seja necessário imobilize a região;
 Procure o médico.

3.13. CÃIBRA
É a contração espasmódica abrupta, vigorosa, involuntária e dolorosa de um
ou mais músculos, podendo ocorrer durante o exercício ou em repouso.
Como se manifesta:
 Dor e contratura no local;
 Contração do músculo afetado.

Como proceder:
 Promova o alongamento do músculo atingido;
 Aplique compressas quentes no local;
 Faça uma suave massagem no local;
 Procure o médico.

3.14. ENTORSES
É a separação MOMENTÂNEA das superfícies ósseas ao nível da
articulação, com comprometimento apenas ligamentar.
Como se manifesta:
 Dor intensa à movimentação;
 Edema (inchaço) local;
 Perda da mobilidade local;
 Deformidade da articulação (pelo inchaço).

3.15. LUXAÇÕES

35
É o deslocamento da extremidade de um osso ao nível de sua articulação,
com comprometimento de vários componentes articulares, bem como, estruturas
locais, podendo ser fechadas ou abertas.
Como se manifesta:
 Dor violenta;
 Edema local;
 Deformação visível da articulação;
 Impossibilidade de movimentação.

Como proceder:
 Evite movimentar a região atingida;
 Aplique compressas geladas ou saco de gelo no local lesionado, não
ultrapassando 20 minutos em cada aplicação;
 Proteja a região lesionada;
 Faça a imobilização atingindo as duas articulações próximas à lesão;
 Amarre as talas com ataduras ou tiras de pano com firmeza, SEM APERTAR,
em 4 pontos: ACIMA e ABAIXO DO LOCAL DA LESÃO (nunca em cima da lesão);
 ACIMA e ABAIXO das articulações próximas à região;
 Remova a vítima para o hospital mais próximo.
 Não tente colocar o osso no lugar;
 Não use compressas quentes nas primeiras 24 horas;
 Não faça fricção, nem procure "alongar" a região lesionada;
 O entorse e a luxação são traumatismos que exigem cuidados médicos;
Na dúvida, imobilize.

3.16. FRATURAS
São traumatismos ósseos com o comprometimento da integridade do osso,
apresenta deformação da continuidade da superfície óssea, podem ser causadas
por força direta (traumatismo contundente) e ou indireta (contração muscular
violenta ou projeção da força).
O primeiro socorro consiste em impedir o deslocamento da parte lesionada,
evitando assim seu agravamento. As fraturas podem ser:
 Fechadas, quando o osso quebrado não perfura a pele.

36
 Exposta, quando o osso se expõe pelo rompimento da pele.

Como se manifesta:
 Dor e edema (inchaço) local;
 Dificuldade de movimentação;
 Posição anormal da região atingida;
 Sensação de atrito das partes ósseas no local da fratura (crepitação);
 Ruptura da pele com exposição do osso fraturado (fratura exposta).

Como proceder:
 Colocar o membro lesionado alinhado em sua posição natural. Caso não
consiga, imobilize-o na posição encontrada.
 No caso de fraturas abertas, cubra a ferida com pano limpo antes de
imobilizar.
 No caso de suspeita de lesão na coluna, à mesma deve permanecer
imobilizada durante todo o atendimento e transporte.
 Proteja feridas abertas.
 Não permita que vítimas com lesões em membros inferiores se locomovam
sozinhas.
 Se possível aplique gelo sobre o local. O gelo deve estar envolto em sacos
plásticos ou panos, para evitar geladura.
 Remova anéis e braceletes do membro afetado.
 Antes e depois da imobilização verifique a circulação na extremidade do
membro lesionado. Verifique a cor, a temperatura e se há dormência. Caso, depois
da imobilização, a extremidade fique fria, dormente, pálida ou arroxeada, retire a
imobilização e reimobilize.
 A imobilização deve incluir a articulação acima e a articulação abaixo da
lesão. Se possível elevar a extremidade após o procedimento;
 As imobilizações podem ser feitas com imobilizadores próprios ou com
materiais improvisados como papelão, revistas, jornais, toalhas, lençóis, pedaços de
madeira etc;
 Mantenha a vítima em repouso;
 Evite movimentar a região atingida;

37
 Evite o estado de choque;
 Aplique compressas geladas ou saco de gelo no local lesionado, não
ultrapassando 20 minutos em cada aplicação;
 Estanque a hemorragia (fratura exposta);
 Faça um curativo protetor sobre o ferimento, usando compressas, lenço ou
pano limpo (fratura exposta);
 Imobilize o local;
 Proteja a região lesionada;
 Faça a imobilização de modo a atingir as duas articulações próximas a lesão;
 Amarre as talas com ataduras ou tiras de pano com firmeza, SEM APERTAR,
em 4 pontos: ACIMA e ABAIXO DO LOCAL DA LESÃO; ACIMA e ABAIXO das
articulações próximas à região lesionada;
 Avalie distalmente o corpo todo da vítima;
 Remova a vítima para o hospital mais próximo.
Importante: Não tente reduzir a fratura (colocar o osso no lugar). Na dúvida,
imobilize.

38
CAPÍTULO 4
AFOGAMENTO

É a aspiração de líquido não corporal, por submersão ou imersão. Quando


nos referimos que um indivíduo aspirou água, significa que esta água entrou pelas
vias aéreas, ultrapassando a glote, indo em direção aos pulmões, sendo
considerada uma condição anormal ou patológica.
É importante salientar que os perigos não estão somente em piscinas
profundas. Para uma criança de dois anos, três dedos de água são suficientes para
aspiração de líquido.

4.1. FASES DE AFOGAMENTO


De acordo com o manual de sociedade Brasileira de Salvamento Aquático
(SOBRASA), o processo de afogamento envolve três estágios distintos, que podem
ser interrompidos através da intervenção em sua ocorrência, são eles:
 Angústia;
 Pânico;
 Submersão / imersão.
Este processo é normalmente progressivo, mas nem sempre. Qualquer um
dos estágios iniciais pode ser suprimido, dependendo de uma série de fatores.

4.1.1. Angústia
A palavra angústia talvez não seja a que melhor defina esta fase, mas é a que
melhor se adapta à palavra original desta teoria: "distress". Distress é stress ao
dobro, e stress significa submeter alguém a grande esforço ou dificuldades ou
causar receios ou estar perturbado. Para nós, a palavra que melhor se adapta, em
nossa língua é, então, angústia. Há algumas vezes um longo período de aumento da
angústia antes do começo real da emergência de afogamento. Estas situações
podem envolver nadadores fracos ou cansados em águas mais profundas que suas

39
alturas, e nadadores que apresentem cãibras ou trauma. Durante a ocorrência da
angústia, nadadores são capazes de se manterem na água com técnicas de natação
ou equipamentos flutuantes, mas têm dificuldades em alcançar o grau de segurança
necessário. Eles podem ser capazes de gritar, acenar por socorro, ou mover-se em
direção à ajuda de outros.
À medida que a força do nadador esgota-se, a ocorrência da angústia
progredirá ao pânico, se a vítima não for resgatada ou não conseguir ficar em
segurança. Guardiões alertas são normalmente capazes de intervir durante a fase
da angústia do processo de afogamento. De fato, é comum algumas pessoas
afirmarem que não necessitam de ajuda, pois ainda estavam para se sentir
angustiadas, embora possa parecer claro para o Guardião que elas estivessem em
perigo iminente.
Angústia dentro d'água é sério, mas esta fase do afogamento nem sempre
ocorre. Se ocorrer, a rápida intervenção neste estágio pode assegurar que a vítima
não sofra nenhum efeito do afogamento e possa continuar se divertindo o resto do
dia.

4.1.2. Pânico
O estágio do pânico no processo de afogamento pode se desenvolver do
estágio da angústia a medida que a vítima perca suas forças, ou pode começar
imediatamente em seguida à imersão da vítima na água. No estágio do pânico a
vítima é incapaz de manter adequadamente sua flutuabilidade devido a fadiga,
completa falta de habilidade natatória ou algum problema físico. Por exemplo, um
nadador fraco que cai de um equipamento flutuante (câmara de ar, bóias, pranchas)
em águas profundas, pode imediatamente entrar no estágio do pânico. Há pouca
evidência de qualquer braçada de sustentação efetiva, a cabeça e o rosto
geralmente estão voltados para cima, com o queixo estendido e a vítima concentra
toda sua energia em respirar, de forma que não há grito de socorro. O pânico
irrompeu, tomou conta do banhista.
A vítima em pânico pode usar uma braçada ineficiente, parecida com o nado
“cachorrinho”, como se estivesse "escalando para fora de um buraco" ou "subindo
uma escada". O estágio do pânico raramente dura muito tempo, porque as ações da
vítima são amplamente ineficientes. Alguns estudos mostram que leva de 10 a 60

40
segundos para progredir à submersão, a menos que a vítima seja resgatada.
Portanto, o Guardião deve agir muito rápido para realizar o salvamento.

4.1.3. Submersão
Ao contrário da crença popular, a maioria dos afogamentos não resulta em
uma pessoa boiando emborcada (flutuando em decúbito ventral). Vítimas de
afogamento submergem rapidamente e afundam, indo até próximo ao fundo. Em
água doce, que proporciona muito menos flutuabilidade, a submersão pode ocorrer
extremamente rápida. A submersão pode não ser fatal se a vítima for resgatada a
tempo, mas isto pode ser uma tarefa extremamente difícil.
Baseada na experiência de guarda-vidas profissionais, a USLA (United States
Lifesaving Association – Associação Americana de Salvamento Aquático) acredita
que há um intervalo de até dois minutos de maior possibilidade de um resgate de
sucesso e ressuscitação de vítimas submersas. Após este tempo, as chances de
resgate com êxito declinam muito rapidamente. Em águas frias, salvamentos bem
sucedidos já foram documentados com até uma hora de submersão, mas estes são
casos extremamente raros.
Três fatos juntos ou isolados tentam explicar os casos de RCP com
submersão maior do que 5 minutos reanimados com sucesso (o CRA do 2ºGMar já
registrou 13 casos de PCR com submersão maior que 7 minutos, reanimados com
sucesso, sem sequelas neurológicas).
Existem alguns casos onde o organismo pode suportar além de 5 minutos
sem oxigênio.
1. Redução das necessidades metabólicas devido a hipotermia;
2. Continuação da troca gasosa de O2 – CO2, apesar da presença de líquido no
alvéolo, até ocorrer a interrupção da atividade cardíaca. Se houver gás nos alvéolos,
a quantidade de oxigênio aumentará com a profundidade do afogado dentro d’água;
3. Principalmente em crianças, se houver o “reflexo do mergulho” (reflexo que
induz o consumo de oxigênio em mamíferos que entram na d’água, reduzindo o
metabolismo a níveis basais). O tratamento, em casos de PCR é a RCP.

4.2. FISIOPATOLOGIA DO AFOGAMENTO

41
No afogamento, a função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido
nas vias aéreas, interferindo na troca de O2 – CO2 de duas formas principais:
 Pela obstrução parcial das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido;
 Mais frequentemente pela inundação dos alvéolos com este líquido.
Estas duas situações provocam a diminuição ou abolição da passagem do O2
para a circulação e do CO2 para o meio externo. Estes são os efeitos imediatos que
o afogamento provoca no organismo, dos quais derivam todas as outras
complicações e nos diversos graus de afogamento.
A diminuição da qualidade de oxigênio no sangue, nos casos de afogamento,
obriga as células do organismo a trabalharem sem este gás (ciclo de produção de
energia sem oxigênio – ciclo anaeróbio) gerando quase 20 vezes menos energia e
levando à formação, por esta razão, de uma substância chamada ácido lático, que
vai se acumulando no organismo, de forma proporcional ao tempo e ao grau de
hipóxia (baixo grau de oxigênio nos tecidos). Essa hipóxia, associada ao ácido lático
e CO2, provoca importantes alterações em todo organismo e, principalmente, no
cérebro e coração, órgãos vitais para o ser humano, os quais não resistem sem a
presença de oxigênio.
A aspiração de água provoca dois efeitos principais que se relacionam entre
si (efeitos pulmonares e, posteriormente, descarga de adrenalina), e um outro de
menor importância (efeitos no intravascular). A descarga adrenérgica (liberação de
adrenalina no sangue) em vigência de baixa do oxigênio, do estresse do afogamento
e do exercício físico realizado na tentativa de se salvar, provocam o aumento da
força e da frequência dos batimentos cardíacos, podendo, na dependência da
intensidade, gerar arritmias cardíacas (batimentos cardíacos anormais) que podem
levar à parada do coração. Esta adrenalina provoca ainda a diminuição da luz dos
vasos (vasoconstricção periférica), tornando a pele fria e por vezes azulada
(observada principalmente nos lábios e extremidades dos dedos) descrita como
cianose, devido à má oxigenação nesta região. A água deglutida e aspirada pode
reduzir a temperatura do corpo (hipotermia) e produz alterações sobre o sangue
(aumento ou diminuição do Sódio – Na – ou do Potássio – K - , além do aumento ou
diminuição do volume do sangue e pequena destruição das hemácias). Ao iniciar um
ciclo anaeróbio (produção de energia sem oxigênio), os órgãos vitais (cérebro e
coração) não mantêm suas funções por muito tempo bastando poucos minutos sem

42
oxigênio (anóxia), para que haja sua morte. É claro que a quantidade de oxigênio
disponível é o fator que determina o tempo de tolerância destes órgãos.
Em nosso caso, quando nos referimos à afogamentos, estamos considerando
a água como o veículo que leva à asfixia. Antigamente pensava-se que as
alterações eletrolíticas (Sódio e Potássio) e hídricas eram primariamente
importantes. Hoje sabemos que não são relevantes e não necessitam de qualquer
tratamento diferenciado entre os afogamentos de água doce ou do mar.
A penetração de água no tecido pulmonar e alvéolos levará quase
invariavelmente a uma inflamação pulmonar (pneumonite) e dos alvéolos (alveolite),
tanto pela reação do pulmão à presença da água, bem como pelas impurezas e
microrganismos no líquido aspirado por ocasião do afogamento, podendo causar
também, menos frequentemente, uma pneumonia (infecção pulmonar) como
complicação.

4.3. TIPOS DE ACIDENTES NA ÁGUA


Através de estudos elaborados pela SOBRASA foram identificados os
seguintes acidentes na água:

4.3.1 Síndrome de imersão


A hidrocussão ou síndrome de imersão (vulgarmente conhecida como
“choque térmico”) é um acidente de origem ainda discutida, que parece ser
provocado por uma arritmia cardíaca desencadeado por uma súbita exposição à
água fria, levando a uma Parada Cardiorrespiratória (PCR). Parece que esta
situação pode ser evitada se antes de mergulhar, molharmos a virilha e a cabeça.
Essa síndrome é desencadeada pela súbita exposição a água com uma temperatura
5°C abaixo da corporal.
Pode ocorrer, portanto, em temperaturas da água tão “quentes” quanto 31°C,
frequentemente presente no litoral tropical ou em piscinas. Quanto maior a diferença
de temperatura, maior a possibilidade de sua ocorrência. A síncope promove a
perda da consciência e o afogamento secundário. Nenhuma explicação tal como
estímulo vagal levando à súbita assistolia, fibrilação ventricular por grande descarga
adrenérgica pelo frio ou exercício, ou outras razões menos prováveis foram
comprovadas cientificamente como causa ou como síndrome comprovada.

43
4.3.2. Hipotermia
A exposição da vítima à água fria reduz a temperatura normal do corpo
humano provocando hipotermia que pode acarretar uma arritmia cardíaca severa
com parada cardíaca ou morte de consciência com afogamento secundário.
Ocorre hipotermia quando a temperatura corporal chega a 35º e os primeiros
sintomas são um tremor incontrolável de todo o corpo, lábios azulados e perda da
sensibilidade nas extremidades, seguida de confusão mental. A tabela abaixo
apresenta o tempo de permanência, relacionada com a temperatura d’água, de
pessoas vivas imersas em meio líquido.

Temperatura da água Permanência vivo


0 Menos de uma hora
4 ½ a 3 horas
10 1 a 6 horas
16 2 a 24 horas
21 3 a 40 horas
27 Indefinidamente
Tabela –Tempo de permanência vivo imerso em meio líquido

4.4. AFOGAMENTO
4.4.1 Classificação (SZPILMAN,1997).
a) Quanto ao tipo de água:
1 – Afogamento em água doce: quando ocorre em piscinas, rios, lagos e tanques;
2 – Afogamento em água salgada: quando ocorre no mar.

b) Quanto a causa:
1 – Afogamento primário: quando não existem indícios de uma causa determinante
do afogamento;
2 – Afogamento secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a
vítima de se manter na superfície da água e, em consequência, precipitou o
afogamento.
 Uso de drogas é o mais frequente (36,2%) sendo o álcool a droga mais
comum;
44
 Convulsão (18,1%);
 Traumatismos (16,3 %);
 Doenças cardíacas e/ou pulmonares (14,1%);
 Acidentes de mergulho (3,7%);
 Outras (11,6%).

c) Quanto à gravidade – graus de afogamento:


A classificação de afogamento (Szpilman, 1997) foi baseada em estudo de
casos de afogamento no Centro de Recuperação de Afogados (CRA) de
Copacabana e seu acompanhamento no Hospital Municipal Miguel Couto durante 20
anos, com um total de 2.304 casos estudados. Deste total, 1.831 continham os
dados preenchidos corretamente para entrarem na avaliação final.
A classificação não tem caráter evolutivo, devendo ser estabelecida no local
do afogamento ou no primeiro atendimento, relatando-se melhora ou agravamento
do quadro.
A razão deste fato é simples, por exemplo: digamos que houve um
atendimento com manobras de Reanimação Cardiopulmonar (RCP) em um afogado
grau 6, e que esta foi bem-sucedida, restaurando-lhe a vida. Contudo, o paciente
manteve-se em coma (sem consciência) e a partir daí quem chegar para continuar
seu atendimento deve saber da classificação ou do relato do quadro inicial
(respiração, pulso arterial, nível de consciência, ausculta pulmonar e pressão
arterial), para não cometer erros na avaliação, no tratamento subsequente e no
prognóstico, que difere entre os vários graus de afogamento. A tabela abaixo mostra
o estudo da classificação e a mortalidade em cada grau de afogamento

Grau Número de Casos Mortalidade (%)


Resgate 38.975 0.0%
1 1.189 0.0%
2 338 0.6%
3 58 5.2%
4 36 19.4%
5 25 44%
6 185 93%

45
Tabela – Classificação e a mortalidade em cada grau de afogamento

A classificação de afogamento leva em consideração o grau de insuficiência


respiratória que indiretamente está relacionado a quantidade de líquido aspirado,
determinando a gravidade do caso. A parada respiratória no afogamento ocorre de
segundos até minutos antes da parada cardíaca. O quadro clínico do afogamento é
altamente dinâmico, com piora ou, mais frequentemente, com melhora clínica,
seguindo-se um período de estabilização com uma fase de recuperação mais lenta.
A classificação do grau de afogamento deve ser feita no local do acidente. Embora
nem sempre possível, esta conduta demonstra a real gravidade e indica a
terapêutica apropriada e o prognóstico mais preciso. A presença de patologia
pregressa ou associada (afogamento secundário) representa um fator de
complicação na hora de classificar o grau de afogamento e deve ser bem avaliada.
Todos os casos de resgate podem apresentar hipotermia (temperatura do
corpo menor que 35ºC), náuseas, vômitos, distensão abdominal, tremores, cefaleia
(dor de cabeça), mal estar, cansaço, dores musculares, dor no tórax, diarreia e
outros sintomas inespecíficos. Grande parte desses sintomas é decorrente do
esforço físico realizado dentro da água sob estresse emocional do medo, durante a
tentativa de se salvar do afogamento.

Resgate:
São casos de afogamento em que a vítima não apresenta tosse ou espuma
na boca e/ou nariz, evidenciando não ter ocorrido aspiração da água. Essa vítima
pode ser liberada diretamente do local do acidente sem necessitar de cuidados
médicos.

Afogamento Grau 1:
 Vítimas aspiram quantidade mínima de água, suficiente para produzir tosse;
 A ausculta pulmonar é normal – Não apresenta espuma na boca ou nariz;
 Seu aspecto geral é bom e geralmente encontram-se lúcidos, porém podem
estar agitados ou sonolentos;
 Apresentam frequência respiratória e cardíaca aumentadas pelo esforço e
estresse do afogamento, que se normalizam rapidamente após 10 a 20 minutos;

46
 Tratamento: necessitam apenas de repouso, aquecimento e medidas que
visem o seu conforto e tranquilidade.

Afogamento Grau 2:
 Aspiram pequena quantidade de água, suficiente para alterar a troca de O2 -
CO2 pulmonar;
 O pulmão apresenta secreção de clara a ligeiramente avermelhada que se
revela como pequena quantidade de espuma na boca e/ou nariz;
 Apresentam-se torporosos, agitados ou desorientados;
 A Frequência Respiratória (FR) está aumentada e com sinais de falta de ar
(taquipneia);
 A Frequência Cardíaca (FC) está aumentada pela redução do oxigênio no
sangue;
 A FR e FC não se normalizam rapidamente após 10 a 20 minutos como no grau
1;
 Tratamento: necessitam de atendimento médico com uso de cateter (pequeno
tubo de plástico) de oxigênio nasal a 5 litros/minuto, aquecimento corporal, repouso,
tranquilização e encaminhar ao hospital.

Afogamento Graus 3 e 4:
 Aspiram quantidade importante de água (mais de 2 a 3 ml/Kg de peso) e
apresentam grandes alterações na troca de oxigênio pulmonar;
 Por sua gravidade os casos de graus 3 e 4 necessitam de cuidados médicos
imediatos. Os dois graus de afogamento se diferenciam pela presença de pulso
periférico (radial, pedioso etc) no grau 3 e ausência de pulso periférico no grau 4. A
importância deste fato reside na possibilidade de complicações imediatas no grau 4,
como exemplo a parada respiratória súbita. É, portanto, um grau bem mais grave
que o 3, necessitando de assistência médica imediata. Preste atenção nas
possibilidades de sobrevivência entre os dois graus na tabela abaixo. O afogado em
grau 4 tem 4 vezes mais possibilidade de morrer que em grau 3.
 Ambos mostram grande dificuldade respiratória;
 Intensa secreção pulmonar (edema agudo de pulmão) que se traduz, na
prática, em abundante secreção oral e/ou nasal em forma de espuma;

47
 Grau 3 – muita espuma na boca e/ou nariz com pulso radial presente;
 Grau 4 – muita espuma na boca e/ou nariz sem pulso radial presente;
 O pulso radial presente significa que a pressão arterial está normal.
Tratamento em ambos graus:
Exame primário - ABC da vida - cuidado com a mobilização do pescoço se
houver suspeita de trauma da coluna cervical. A limpeza da boca só deve ser
realizada em caso de forte suspeita de corpo estranho ou presença de secreção
excessiva;
 Administrar oxigênio através de máscara (10 a 15 litros por minuto);
 Posição Lateral de Segurança (virar o paciente de lado) sobre o lado direito;
 Aquecimento corporal (cobertores ou aquecedor elétrico);
 No grau 4 observe atentamente a possibilidade de parada na respiração;
 Remoção urgente ao hospital para tratamento em terapia intensiva.

Afogamento Grau 5:
 Apnéia (parada respiratória), com pulso arterial presente;
 Vítima inconsciente;
 Grande quantidade de secreção oral e/ou nasal.

Afogamento Grau 6:
 Parada Cardiorrespiratória (PCR), representada pela apneia (Parada
Respiratória) e pela ausência de batimentos cardíacos (pulsos arteriais carotídeo e
femoral);
Tratamento: inicie imediatamente a Reanimação Cardio-pulmonar (RCP).

4.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE AFOGAMENTO


QUANDO VALE A PENA TENTAR A RCP EM AFOGAMENTO?
 Todos os casos de PCR que não apresentem um ou mais dos seguintes
sinais: rigidez cadavérica, decomposição corporal ou presença de livores.
 O tempo é fator fundamental para um bom resultado da RCP.
 Os casos de afogamento apresentam uma grande tolerância a falta de
oxigênio, o que nos estimula a tentar a RCP em todos os casos. Inicie a RCP em:
 Todos os afogados em PCR com um tempo de submersão inferior a 1 hora.

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Três fatos juntos ou isolados explicam os casos de sucesso na RCP de
afogados, o “Reflexo de mergulho”, ou seja, a continuação da troca gasosa de O2 -
CO2 após a submersão e a hipotermia. No CRA temos registrado 13 casos de PCR
com submersão maior de 7 minutos reanimados com sucesso.

QUANDO PARAR AS MANOBRAS DE RCP?


1 - Se houver resposta e retornar a função respiratória e os batimentos cardíacos,
ou;
2 - Em caso de exaustão do GP, ou;
3 - Ao entregar o afogado a uma equipe médica.

Assim, durante a RCP, fique atento e verifique periodicamente se o afogado


está ou não respondendo, o que será importante na decisão de parar ou prossegui-
las. Existem casos descritos de sucesso na reanimação de afogados após 2 horas
de manobras.

ABORDAGEM DA VÍTIMA PELO GP AINDA DENTRO DA ÁGUA


Reconhecer a parada respiratória ainda dentro da água.
Em caso de ausência de respiração - boca-a-boca até chegar à borda da
piscina. Esta medida evita a progressão da parada respiratória (grau 5) para uma
PCR (grau 6), ou seja, reduz a mortalidade em 50%.

O GP deve saber realizar os primeiros socorros ainda dentro da água.


Com a estimativa de que o tempo de retorno com a vítima durante o resgate
para área seca pode ser de 3 a 5 vezes o tempo para atingir a vítima, o
conhecimento destas manobras de abordagem ainda dentro da água, encurta o
tempo de sofrimento do afogado por hipóxia (baixa do oxigênio no sangue)
restaurando mais precocemente a ventilação e oxigenação desta vítima. A preciosa
economia destes minutos pode ser a diferença entre a vida e a morte do afogado.
Logo, se vítima estiver em parada respiratória, faça 12 a 16 insuflações por minuto

Considerações das vantagens deste procedimento:

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Em caso de parada respiratória isolada (grau 5) a abordagem com o boca-a-
boca ainda dentro da água pode reduzir a mortalidade do afogado de 93%(grau 6)
para 44% (grau 5) pela precocidade que é iniciada a ventilação. Isto representa um
sucesso 50% maior no salvamento.
Em caso de Traumatismo Raqui-Medular (TRM) o cuidado com a coluna
cervical e sua imobilização pode ser a diferença entre uma vida saudável e a
paralisia definitiva dos 4 membros (Tetraplegia).

CAUSAS DE INCONSCIÊNCIA EM ÁGUAS RASAS:


 Mal súbito – Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), convulsão, lipotímia,
hidrocussão (choque térmico).
 Trauma - Traumatismo Raqui-Medular (TRM), Traumatismo Crâneo-
Encefálico (TCE).
 Afogamento primário em que a vítima foi parar em águas rasas.

Embora várias causas possam determinar a perda da consciência em águas


rasas, a prioridade é tratá-la como se fosse um TRM, de forma a prevenir uma lesão
maior.

QUANDO PENSAR EM TRM DENTRO DA ÁGUA:


 Qualquer vítima se afogando em local raso;
 Vítima testemunhada ou com história compatível com trauma cervical ou
craniano dentro da água;
 Mergulhos de altura na água – trampolim;
 Mergulho em águas rasas - cambalhotas na beira da água;
 Brigas dentro da água.

SINTOMAS E SINAIS SUGESTIVOS DE TRM

 Dor em qualquer região da coluna vertebral.


 Traumatismo facial ou de crânio.
 “Formigamento” (anestesia) ou paralisia de qualquer parte do corpo abaixo
do pescoço.

50
Dez por cento (10%) das lesões do TRM ocorrem por manipulação incorreta das
vítimas de trauma, por socorristas ou pessoal não habilitado.

CUIDADOS NO TRM DENTRO DA ÁGUA


Pela legislação o GP não possui em seu equipamento uma prancha para
estabilização da vítima, entretanto, caso o GP tenha em seu local de trabalho,
poderá efetuar os procedimentos abaixo:
 Exame primário - ABC da vida.
 Em caso de parada respiratória – esqueça a possibilidade de TRM e faça a
ventilação artificial hiperextendendo o pescoço ainda dentro da água.
 Em caso de vítima viva - imobilize a cabeça/pescoço em posição neutra com
as mãos e/ou os braços. A proteção da coluna cervical deve ser uma das
prioridades, a não ser que outra situação esteja produzindo risco de vida iminente
(parada respiratória ou PCR).

TÉCNICA PARA IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA - “Técnica GMAR”


 Com a vítima voltada com a face para água – emborcada;
 Coloque suas 2 mãos por baixo das axilas e prossiga até que elas alcancem a
face na altura das orelhas;
 Fixe bem suas mãos na cabeça da vítima e levante a vítima de encontro ao
seu tórax procurando manter a cabeça e o pescoço alinhados;
 Procure posicionar a vítima de forma que sua face fique fora da água;
 Se necessário transporte á vítima arrastando as pernas e o quadril dentro da
água;
 Mantenha a coluna cervical e torácica reta até a chegada do material para
imobilização.

COLAR CERVICAL
 Alinhe a cabeça e pescoço do paciente se não houver resistência ou dor e
mantenha a estabilização manual;
 O outro guarda-vidas aplica o colar ao pescoço da vítima;
 O paciente lúcido deve ser alertado contra o risco de movimentar-se;

51
 Mantenha a imobilização manual mesmo com o colar aplicado.

IMOBILIZADOR DE CABEÇA (HEAD-BLOCK)


 Dispositivo para impedir os movimentos laterais da coluna;
 São dois anteparos de espuma que são fixados a prancha longa através de
uma fita fixadora (velcro);
 É importante manter sempre a coluna cervical alinhada com a coluna torácica;
 Devemos usar o HEAD-BLOCK mesmo após termos colocado o colar
cervical.

4.6. A IMPORTÂNCIA DOS EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO ARTIFICIAL

Enquanto o guarda-vidas no trabalho de praia possui apoio de atendimento


médico através de ambulâncias aparelhadas com equipamentos de suporte
avançado de vida tipo UTI, que chegam ao local do acidente em tempo médio de 12
minutos, o GP conta principalmente com o seu conhecimento de Suporte Básico de
Vida, para fazer o primeiro atendimento a vítimas de afogamento. Com a utilização
de oxigênio e dos equipamentos de ventilação artificial, acrescentou-se ao seu
arsenal maiores chances de ajudar essas vítimas.
Para aqueles GP que trabalham em locais em que o acesso a uma
ambulância ou socorro médico ultrapasse o tempo médio de 15 minutos, o oxigênio
deve ser utilizado para manter a vida do afogado.
A utilização de equipamentos e oxigênio na ventilação tem as seguintes
vantagens:
 O uso de máscara oro-nasal diminui o risco de transmissão de doenças (Aids
e Hepatite);
 Aumenta a concentração de oxigênio no sangue e nas células das vítimas
atendidas;
 Aumenta a performance do atendimento às vítimas, melhorando suas
chances de sobreviver ao afogamento;

4.6.1. Anatomia e fisiologia relacionada ao oxigênio


Nosso organismo possui diferentes sistemas que são responsáveis por
diferentes funções. Podemos citar os Sistemas: digestivo (digestão), respiratório

52
(respiração), cardiovascular (circulação) e outros. Cada sistema é formado por
órgãos que desempenham uma ou mais funções determinadas. Esses órgãos são
formados por células que necessitam de energia para trabalhar. Essa energia é
proveniente da “combustão” da glicose e chama-se ATP. Essa produção de energia
utilizando a glicose pode ser feita na ausência do oxigênio onde são formadas 2
moléculas de ATP (unidade de energia da célula) e chama-se Metabolismo
Energético Anaeróbio ou Ciclo Anaeróbio (sem oxigênio), ou pode ser feita com a
utilização do oxigênio, onde são formadas 36 moléculas de ATP, quantidade
infinitamente superior, e é chamado - Ciclo de Krebs ou Aeróbio. Na presença do
oxigênio a produção de energia é muito maior do que na ausência dele.
Todo atleta se prepara para ter uma excelente condição física que possa lhe
fornecer o máximo de oxigênio, de forma que a parte do exercício sem oxigênio
(anaeróbio) seja a menor possível. Quando o atleta entra no exercício dito anaeróbio
(sem oxigênio) é produzido menos ATP e, em consequência, uma substância
chamada ácido láctico, que provoca a dor muscular, é produzida. Portanto, aquela
dor muscular após um exercício significa que você realizou parte do exercício
utilizando menos oxigênio que o necessário. Nestes casos nada de sério houve
como consequência, já que o resultado foi só uma dor muscular. Imagine essa
mesma falta de oxigênio no cérebro, qual será o seu resultado e as consequências?
A ausência do oxigênio nas células pode ser total ou parcial, dependendo do
problema existente como causa. Situações extremas como a Parada
Cardiorrespiratória (PCR) - afogamento grau 6 ou Parada Respiratória - grau 5,
levam à ausência total do oxigênio no sangue. Já os afogamentos graus 1 a 4 (sem
PCR ou PR) levam à deficiência parcial de oxigênio no sangue e consequentemente
na célula.
A ausência total de oxigênio afeta as diferentes células do organismo de
forma diferente. Vimos anteriormente que a musculatura que estava sem oxigênio
sofreu apenas dores musculares como resultado, entretanto, tecidos mais nobres
como o cérebro dependem diretamente da quantidade de oxigênio no sangue e
morrem após 4 a 6 minutos na sua ausência.

Deste modo, conclui-se que:


 As células necessitam de oxigênio para sobreviver;
 O cérebro pode morrer em 4 a 6 minutos sem oxigênio;
53
 Quanto antes for administrado oxigênio em casos de hipóxia (diminuição de
oxigênio) ou anóxia (ausência de oxigênio) em situações de afogamento, melhores
as chances de sobrevivência da vítima.

4.6.2. Composição gasosa do ar ambiente que respiramos


Ao nível do mar o oxigênio representa 21% dos gases existentes no ar
ambiente que respiramos, ficando o Nitrogênio (N) com 78% e o dióxido de carbono
(CO2) com 0.033%. Na expiração o ar contém 17% de O2, 78% de Nitrogênio e 4%
de CO2.

4.6.3. Como o oxigênio entra no corpo e chega às células


O oxigênio a 21%, presente no ar ambiente, entra no corpo através da
inspiração, alcança os pulmões, atinge os alvéolos, atravessa uma membrana fina e
entra no sangue (hematose). No sangue, chega ao coração (Átrio esquerdo) onde
será bombeado para todo o corpo, nutrindo todas as células.
Portanto, para oxigenar adequadamente as células, necessitamos que o ar
entre nos pulmões, que os pulmões e seus alvéolos permitam a troca do oxigênio do
ar para o sangue e que o coração bombeie o sangue com oxigênio para todo o
corpo. Diversos problemas nestes órgãos podem acarretar alterações no oxigênio
para as células. Daremos abaixo alguns exemplos e prosseguiremos apenas com o
assunto afogamento. As alterações na oxigenação das células podem estar
prejudicadas por:
1. Redução do oxigênio no ar inspirado.
 Grandes altitudes - oxigênio no ar ambiente é menor que 21%;
 Presença de outro gás no ar ambiente que diminua a quantidade de oxigênio
no ar: escapamento de gás de cozinha, fumaça e outros.
2. Dificuldade de encher o pulmão de ar - fraqueza muscular ou alterações na
parede do tórax impedem ou dificultam a expansão adequada do tórax e, com isso,
a quantidade de ar que entra nos pulmões.
 Trauma Raquimedular (TRM), uso de drogas, cansaço extremo, afogamento,
Miastenia Gravis e outros;
 Trauma de tórax: pneumotórax, fraturas de costelas e outros.
3. Impedimento na entrada do ar por obstrução das vias respiratórias.

54
 Obstrução por corpo estranho como bola de gude, moedas, alimentos e
outros;
 Obstrução por líquido aspirado: afogamento e aspiração de alimentos
líquidos.
4. Alterações na troca de oxigênio nos alvéolos (hematose).
 Pneumonia, afogamento e outros.
5. Alterações no bombeamento do sangue oxigenado.
 Problemas de falência do coração como bomba - infarto do miocárdio;
 Hemorragias importantes com choque.
 Diminuição do número de hemácias.

4.7. AFOGAMENTO E AS ALTERAÇÕES NO OXIGÊNIO SANGÜÍNEO


Vimos anteriormente que o afogamento prejudica diferentes etapas na
obtenção do elemento fundamental que é o oxigênio. A água aspirada (afogamento)
pode obstruir parcialmente a faringe, atingir os alvéolos, onde impede totalmente
(raro) ou parcialmente (frequente) a troca de oxigênio (hematose), ou ainda o
afogado pode ter realizado esforço tão violento na tentativa de se salvar que sua
força muscular para respirar pode esgotar-se, diminuindo de maneira importante o
próprio estímulo primordial à respiração - a inspiração.
O afogamento é definido como a aspiração de fluido não corporal por
submersão (corpo todo) ou imersão (parte do corpo). Isto pode ocorrer em
quantidade mínima (grau 1) ou extrema (graus 4 a 6), o que vai acarretar na
variação da dificuldade na troca de oxigênio no pulmão. Quanto maior a quantidade
de água aspirada, maior a dificuldade na hematose e mais grave a hipóxia
resultante.
Sabemos hoje em dia que basta de 1 a 3 ml/Kg de peso corporal de água
aspirada (1 copo d’água em adultos), para reduzir a quantidade de oxigênio no
sangue em até 50%. Estes casos são afogamentos de graus 3 a 6, onde a
quantidade de alvéolos prejudicados pela água é maior do que 35%. Em todos os
casos de afogamento o organismo tenta compensar a deficiência de oxigênio no
corpo, aumentando a velocidade de respirações por minuto e a frequência dos
batimentos cardíacos. Isto é observado como a respiração rápida e ofegante e a
taquicardia, comuns em todos os casos de afogamento, e será tanto pior quanto

55
mais grave for o grau de afogamento. No caso de hipóxia o organismo irá aumentar
a frequência cardíaca e a pressão arterial, em um esforço de trazer mais O2 dos
pulmões, que deverão aumentar a sua demanda através da maior frequência de
respirações por minuto.
Deste modo, podemos concluir que:
 Nos casos de afogamento onde não há hipóxia, as alterações na respiração e
a taquicardia são resultados do exercício físico intenso realizado para se salvar e
normalizam rapidamente com o repouso de 5 a 10 minutos.
 Nos casos de afogamento onde há hipóxia reduzem o oxigênio no organismo
através da alteração provocada na hematose, embora possuam também outros
mecanismos menos importantes.
 Quanto maior o grau de afogamento, mais grave será a falta de oxigênio nas
células.
 Quanto maior o grau de afogamento, mais rápido e em maior quantidade o
oxigênio deve ser administrado;
 A respiração ofegante e a taquicardia são encontradas em todos os casos de
afogamento. Aquelas decorrentes do esforço físico sem hipóxia cedem em 5 a 10
minutos, ao contrário das decorrentes de hipóxia, que só cedem com o uso de
oxigênio.

56
CAPÍTULO 5
O USO DOS EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO ARTIFICIAL

Existem no mercado uma grande infinidade de equipamentos com diferenças


entre si. Os equipamentos permitem utilizar máscaras e bolsas com e sem oxigênio.
O que passamos a descrever é a utilização de todo material utilizado pelos
profissionais de saúde no ambiente fora do hospital (em maleta), iniciando pelos
mais simples, até o equipamento mais sofisticado. O material básico que se
encontra na piscina, à disposição do guardião de piscinas, possui menos
componentes, sendo mais fácil de usar.

5.1. MÁSCARA ORO-NASAL


Existem diferentes tipos de máscaras no mercado que podem ser escolhidas
conforme as necessidades dos socorristas.
a - Máscara simples com entrada de O2 - ideal para guardiões em piscinas.
Utilização:
 Para fornecer a ventilação boca-a-boca/máscara de ressuscitação, evitando o
contato com a vítima, através da barreira de proteção;
 Em vítimas com parada respiratória ou PCR (afogamento graus 5 e 6),
ofertando O2;
 Para ofertar O2 à vítimas que ainda estejam respirando.
Em casos de parada respiratória ou PCR a “Pocket Mask” com entrada de O2
(“oxygen inlet”) conectado ao O2 a 15 litros/min pode ofertar de 35 a 60% de
oxigênio com o boca-a-boca/máscara ao invés dos 17% quando não se utiliza o O2
acoplado à máscara. Possui ainda uma opção chamada válvula unidirecional (“one
way”) que só permite a saída do ar em uma direção (para fora da máscara),
impedindo que o socorrista entre em contato com o ar expirado da vítima, bem como
vômitos.

Este tipo de máscara deve possuir as seguintes características:


 Material transparente e macio para melhor adaptação à face;
 Entrada para oxigênio caso utilize o cilindro de O2;
 Válvula unidirecional (“one way”);

57
 Entrada para ventilação adequada com diâmetro de 15 a 22 mm;
 Ser simples de colocar e usar;
 Funcionar em diferentes condições de ambiente;
 Adaptar-se em diferentes faces ou idades.

Como adaptar a máscara à face:


 Coloque a válvula unidirecional (“one way”) na máscara;
 Posicione a máscara, cobrindo a boca e o nariz da vítima, de forma que a
parte inferior fique entre o queixo e o lábio inferior;
 A parte mais estreita da máscara deverá ficar no nariz (exceto nos lactentes,
onde a adaptação poderá ser diferente);
 O socorrista posiciona-se por trás da vítima e utiliza as duas mãos para, ao
mesmo tempo, hiperextender o pescoço, abrir as vias aéreas e manter uma boa
adaptação da máscara à face, para que não ocorra vazamentos de ar no caso de
ventilação boca-a-boca/máscara;
 Se houver suspeita de TRM não hiperextenda o pescoço, realize apenas o
levantamento da mandíbula colocando os dedos no seu ângulo e os polegares
fixando a máscara à face;
 Em caso de parada respiratória, proceda a ventilação com a máscara, na
mesma força e frequência de um boca-a-boca (ver capítulo de RCP).

b - Máscara e bolsa auto-inflável.


É composto da máscara oro-nasal, descrita anteriormente, e uma bolsa auto-
inflável (AMBU) conectada na válvula unidirecional da máscara, impedindo que a
bolsa se encha com o ar expirado pela vítima. A bolsa auto-inflável se enche
automaticamente, pois possui tecido elástico para esse fim e o faz através de uma
válvula unidirecional em seu corpo que permite o enchimento com o ar ambiente, ou
oxigênio, se conectado a um equipo de um cilindro de O2.

O princípio de seu uso é simples:


 Coloque a máscara na face da vítima como descrito no uso de máscara;
 Conecte a bolsa auto-inflável à máscara;

58
 Aperte a bolsa auto-inflável durante 1 a 2 segundos (a válvula unidirecional se
abrirá) inflando os pulmões da vítima;
 Desaperte a bolsa por 2 a 3 segundos para se encher com ar ambiente (ou
O2 se conectado ao sistema do cilindro de O2) enquanto, ao mesmo tempo, a vítima
expira pela válvula unidirecional da máscara, para fora do circuito.

Vantagens em casos de parada respiratória ou PCR:


 Sem uso de O2 do cilindro, oferta 21% de O2, ao invés dos 17% do boca-a-
boca.
 Com o uso do cilindro de O2, oferta de 65 a 75% de O2.

Desvantagens:
 É muito difícil para ser utilizada por apenas 1 socorrista;
 Necessita grande prática e reciclagens freqüentes para seu uso correto;
 O custo do material é mais caro do que a máscara sozinha;
 Necessita de tamanhos diferentes para lactentes e crianças;
 A montagem do equipamento é mais demorada do que somente a máscara;
 Provoca muitos vômitos se utilizada erradamente;
 Não é ideal para o guarda-vida ou guardião usar na praia ou piscina.

c - Máscara, bolsa auto-inflável e reservatório de O2 para ventilação sem


reinalação.
Só deve ser utilizado com o equipamento de oxigênio. É um sistema para
utilizar O2 a 100%, de preferência em vítimas que estejam respirando. É desenhada
para ser utilizada com uma bolsa reservatório que fica após a bolsa auto-inflável. A
máscara deve possuir 3 válvulas unidirecionais (“one way”), duas válvulas estão
conectadas na máscara, permitindo a saída do ar expirado da vítima para o exterior
do sistema, e outra está entre a máscara e a bolsa auto-inflável só permitindo a
entrada de O2 a 100% da bolsa auto-inflável. O equipo de O2 é conectado no
regulador com fluxo de +/- 15 litros/min, indo para a bolsa auto-inflável. Durante a
inspiração o fluxo de O2 vem da bolsa a 100% para a máscara e então enche os
pulmões da vítima. Durante a expiração o ar sai pelas válvulas “one way” da
máscara, enquanto a bolsa se enche de O2 a 100%. O reservatório de O2 permite

59
maior reserva de O2 para encher a bolsa auto-inflavel, podendo atingir 90% de
oferta de O2 (geralmente 65 a 75%).

Desvantagens:
 As mesmas da máscara e bolsa auto-inflável;
 Uso de grandes quantidades de O2;
 Deve ser utilizada, de preferência, por pessoal de saúde;
 Nota importante: caso o O2 acabe, retire imediatamente a máscara.

d - Máscara de reinalação parcial com bolsa reservatório.


Este tipo de sistema tem aberturas no corpo da máscara no lugar das duas
válvulas “one way” do sistema anterior, permitindo a entrada de ar ambiente e
possibilitando a inspiração da vítima em casos de falta de O2 e falha no
equipamento, que se mistura com o O2 a 100%. O fluxo de O2 conectado entre o
reservatório e a máscara deve ser maior que 6 litros/min. Pode ofertar, dependendo
do fluxo e da máscara, até 60%. Não possui grandes vantagens sobre o uso da
máscara com O2.

5.2. CILINDRO DE O2 (“OXYGEN CYLINDER”)


Contém oxigênio a 100% na forma líquida sob pressão. Deve conter um
mínimo de 400 litros de oxigênio para que permita uma autonomia de 15 litros por
minuto durante, pelo menos, 25 minutos, tempo este suficiente para que a vítima
seja atendida pelo socorro avançado de vida (ambulância ou hospital).
O O2 puro (100%) é obtido pela destilação fracionada do ar. O ar é filtrado
para retirar as impurezas, então é comprimido a altas pressões e seco, para retirar o
vapor d’água. Para liquefazer o gás ele é esfriado a baixas temperaturas e então é
permitido o reaquecimento lento. Quando ele é reaquecido os vários componentes
do ar (O2, N e outros gases) são capturados e armazenados separadamente em
containers quando atingem pontos de ebulição diferentes. Existem basicamente 3
diferentes tipos de O2 para utilização: medicinal, aviação e industrial, que diferem
entre si pelo seu grau de pureza, mas todos têm acima de 99,5% de O2 em sua
composição. O O2 da aviação não pode congelar em altas altitudes e o O2 médico

60
não pode ter odor nenhum, já o O2 para uso industrial permite um maior grau de
impurezas. O oxigênio medicinal é um gás incolor, inodoro e sem gosto.
Cilindros portáteis como os usados nas piscinas têm autonomia de 20 a 100
minutos, quando usados a 15 litros/minuto. Cilindros grandes (não portáteis) têm
maiores autonomias, porém são mais pesados, dificultando o transporte e manuseio
no local do acidente, embora possam ser uma boa opção nos casos onde o acesso
a um hospital ou ambulância seja superior a 40 – 100 minutos. Você pode ainda
optar em ter mais de um cilindro portátil.

Exemplo: Você possui um cilindro com 400 litros e vai utilizar O2 por cateter
a 5 litros/min em um grau 2 de afogamento. Quanto tempo vai durar seu cilindro? O
resultado pode ser encontrado se dividir 400 por 5 = 80 minutos.
O cilindro pode ser feito de alumínio ou aço e deve ser testado a cada 2 a 10
anos, dependendo das leis vigentes no país. O cilindro no Brasil e nos EUA tem a
cor verde para evitar o uso indevido em outros propósitos.
O registro de O2 do cilindro (“handwheel/wrench”) tem a função de abrir ou
fechar a saída de oxigênio.

5.3. REGULADOR DE OXIGÊNIO (“OXYGEN REGULATOR”)


O regulador de oxigênio reduz a pressão do cilindro a pressões seguras para
uso com o equipamento de fluxo constante ou válvula de demanda. Todos os
reguladores são acoplados ao cilindro de O2. Existem diferentes reguladores com
diferentes formas de acoplamento. Para saber como usar o seu equipamento
consulte o manual. Logo abaixo descrevemos os diferentes tipos de reguladores e a
seguir todos os componentes de um regulador completo tipo multifunções. Nas
piscinas e praias o uso do modelo simples tipo fluxômetro é suficiente para o bom
atendimento da vítima de afogamento e será detalhado. O regulador é formado pela
sua característica de fluxo (constante ou de demanda), manômetro, chave de
fixação, adaptador à saída de O2 e válvula de segurança, descritos em seguida.

Existem 2 tipos básicos de Reguladores para ofertar O2:


I - Regulador de Fluxo Constante ou Fluxômetro.
Tem o menor custo de equipamento embora permita maior gasto de oxigênio
quando utilizado de forma errada. Oferta O2 de forma fixa (desligado - off, 5, 10, 15,

61
20 e 25 litros/min) ou ajustável (0 a 15 litros/min). O Fluxômetro (“constant flow
controller”) indica o fluxo de O2 em litros por minuto que sai do cilindro para o
exterior. O fluxo é controlado por uma válvula no regulador que indica a quantidade
que está saindo. Existem fluxômetros que podem ofertar até 25 litros/min, entretanto
o mais usual é de 15 litros/min. O fluxômetro em tubo, com regulador variável de 0 a
15 l/m, deve ficar na posição vertical para o seu funcionamento perfeito. Fluxômetros
fixos que funcionam com valores pré-determinados podem ser usados em qualquer
posição. Ambos são utilizados com cateter ou máscara oro-nasal.

II - Regulador de Demanda ou Ressuscitador.


Libera O2 sob pressão quando a válvula de demanda é acionada pelo esforço
respiratório da vítima (semelhante ao regulador do equipamento de mergulho) ou
pelo socorrista no caso do ressuscitador. É utilizado com a máscara oro-nasal
podendo ou não ser acoplado a uma bolsa reservatório de O2 e dispensando o uso
da bolsa auto-inflável. Não é um método bom para os guardiões. Este regulador
se subdivide em 2 diferentes tipos:
II.a - Válvula de Demanda Inspiratória.
Funciona ofertando O2 ao comando da vítima. O volume fica em torno de 8 a
10 litros/min dependendo do tamanho e da freqüência respiratória da vítima. Este
método é mais econômico em gasto de O2, pois só funciona ao ser iniciado pela
vítima. A cada inspiração da vítima a válvula libera a pressão e determinado volume
de O2 a 100%. Tem as desvantagens do preço mais caro e da necessidade de ter
uma máscara oro-nasal que se adapte perfeitamente à vítima e não permita
vazamentos. Existem diferentes máscaras no mercado para esta finalidade e a
pocket mask pode ser perfeitamente utilizada para este fim.

II.b - Válvula de Ventilação Controlada (ressuscitador) e de Demanda.


Outro recurso disponível é com o equipamento que possui 2 diferentes
funções: permite o uso da válvula inspiratória de demanda, para vítimas que ainda
estão respirando (ventilação assistida), ou um dispositivo que pode ser acionado
pelo guardião por um botão que controla o fluxo de O2, caso a vítima não esteja
respirando (ventilação controlada ou ressuscitador).

62
Ela utiliza a máscara com válvula unidirecional e, se desejar, a bolsa
reservatório, e é acionado manualmente a cada ventilação. O regulador possui uma
válvula de segurança de pressão. Pode atingir 90% de Fração Inspirada de Oxigênio
(FiO2) (com 15 litros/min de fluxo constante).
É um excelente recurso nas mãos de pessoal treinado, principalmente se a
vítima estiver com um tubo oro-traqueal.
Desvantagens do regulador de demanda ou ressuscitador:
 Muitas horas de treinamento e reciclagens frequentes;
 Custo mais caro de compra e manutenção do equipamento;
 Método difícil de ser usado por uma só pessoa, mesmo por pessoas
treinadas;
 Necessita de perfeito selo entre a máscara e a face da vítima;
 Podem ocorrer complicações como:
 Hiperinsuflação dos alvéolos em casos de não haver válvula de segurança
para o escape de pressão;
 Pouco volume de ventilação em casos onde a válvula de segurança libera a
pressão antes de atingir o volume ideal para aquela vítima.
 Não pode ser utilizado em lactentes e crianças com parada respiratória pelo
perigo de complicações por grandes volumes liberados;
 O uso da máscara com o regulador de fluxo constante é muito mais fácil de
aprender e o tempo de retenção do conhecimento é muito maior.

II.c - Regulador Multifunções.


Possui os dois tipos de reguladores - Fluxo Constante e Demanda ou
Ressuscitador, permitindo escolher qual a melhor opção para liberar o O2. É o
modelo mais caro, mas permite mais opções, até mesmo o atendimento de duas
vítimas ao mesmo tempo.

Fazem parte do Regulador de Oxigênio os equipamentos abaixo:

Manômetro (Pressure Gauge) - Indica a pressão de O2 dentro do cilindro,


indicando qual a quantidade de O2 que resta. Para saber a quantidade, verifique a
capacidade no corpo do cilindro, isto lhe informará o conteúdo de O2.

63
Chave de fixação do regulador (T-handle) - Serve para fixar o regulador ao
cilindro. Existem diferentes formatos disponíveis. Se houver dúvidas consulte o
manual do regulador.

Adaptador à saída de O2 (barbed constant-flow outlet) - Sistema plástico


que se adapta à saída do oxigênio.

Válvula de Segurança do Sistema - funciona como uma válvula de pressão


que se abre para o exterior permitindo a pressão do sistema sair, caso esta pressão
se torne, por qualquer razão, maior do que a necessária e, portanto, perigosa.

5.4. EQUIPO DE O2 (HOSES AND TUBING)


Tubo plástico que se adapta ao regulador, levando O2 do cilindro ao cateter
ou a máscara.

5.5. CÂNULA ORO-FARÍNGEA (GUEDEL)


Tubo simples de material plástico que é aplicado na cavidade bucal da vítima.
Existem nos tamanho P, M e G a fim de evitar a queda da língua sobre a faringe.

5.6. MALETA DE EQUIPAMENTOS


Embora a legislação não prevê este acessório, existem no mercado diferentes
maletas montadas com diferentes equipamentos, específicos para as suas
necessidades. Algumas maletas têm proteção para não entrar água e outras flutuam
para utilizar dentro da água. Avalie e consulte seu instrutor para saber qual o
equipamento que melhor se adapta às suas necessidades. Os equipamentos são
vendidos separadamente e podem ser montados em uma maleta de plástico,
comprados em lojas não especializadas ou para uso em mochila.

5.7. COMO INSTALAR O REGULADOR FLUXÔMETRO NO CILINDRO DE O2


1. Ao receber o cilindro de O2 verifique se o lacre de plástico do fornecedor está
intacto.
2. Retire o lacre do cilindro que encontra-se em volta do registro.

64
3. Cheque se o anel de vedação do regulador está no local (sem graxa ou óleo)
onde fará a conexão ao cilindro e se está em condições apropriadas.
4. Posicione o regulador de forma que a parte da saída de O2 do cilindro e a parte
do regulador onde se conectará estejam firmes.
5. Utilize a chave de fixação do regulador para prendê-lo de forma firme ao cilindro.
6. Instale o equipo de O2 à saída de O2 do regulador perto da chave do fluxômetro.
7. A escolha da utilização do cateter nasofaringeo ou máscara de O2 será feita na
hora do atendimento, conforme a indicação do caso.

Equipamento completo (regulador multi-função) - uso do pessoal de saúde.


1. Prossiga com todos os procedimentos anteriores.
2. Conecte a válvula inspiratória de demanda ao regulador na saída de O2
adequada.
3. Caso necessite utilizar a bolsa e máscara sem reinalação, mantenha-a
conectada ao regulador.

5.8. INSTRUÇÕES DE OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO


 Mantenha o equipamento no local onde será utilizado e de forma fácil ao acesso
(piscina, posto de salvamento, viatura etc.);
 Teste o equipamento diariamente abrindo devagar o registro do cilindro até
completar a manobra e verifique vazamentos;
 Abra o fluxômetro e verifique a saída de O2 pelo equipo;
 Mantenha o registro do cilindro fechado e a posição do fluxômetro em fechado ou
“off” até a sua utilização;
 Ao necessitar utilizar o equipamento:
1. Realize o socorro primeiro;
2. Coloque a vítima em local seguro (borda da piscina ou areia);
3. Avalie o grau de afogamento iniciando pelo ABC da vida (exame primário);
4. Em caso de PCR (grau 6) ou parada respiratória (grau 5) proceda ao
atendimento sem utilizar o oxigênio, exceto se houver mais de um guardião que
possa acessar o equipamento sem interromper as manobras do ABC da vida;
5. Ao decidir utilizar o equipamento proceda da seguinte forma:
a) Coloque o equipamento ao lado da vítima;

65
b) Abra o registro de O2;
c) Escolha a oferta de O2 adequada para o tipo do acidente (ver classificação de
afogamento) e conecte o cateter ou máscara ao equipo de O2:
 Abra o fluxômetro em 5 litros/min se a decisão foi utilizar o cateter nasofaríngeo
(grau 2);
 Abra o fluxômetro em 15 litros/min se a decisão foi utilizar a máscara oro-nasal
(graus 3 a 6);
d) Coloque o cateter ou máscara (conforme o caso indique) e inicie a oferta de O2 à
vítima;
e) Quando terminar a necessidade de uso de O2 (após a chegada da ambulância),
feche primeiro o registro do cilindro, aguarde 1 a 5 minutos até a pressão no
regulador chegar a zero e então feche a chave do fluxômetro (“off”). Só então você
deve retirar o regulador se desejar.

5.9. CUIDADOS COM OS EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO


 Mantenha sempre o material em locais com pouca umidade;
 Mantenha o material em boas condições de limpeza;
 Só utilize o equipamento (cilindro) com oxigênio (O2);
 Lembre-se que o oxigênio sob alta pressão é um produto que facilita muito a
combustão. O O2 não é por si um gás inflamável, porém todas as substâncias
necessitam de O2 para inflamar e podem queimar violentamente em ambiente com
O2 puro. O triângulo do fogo é formado por 3 elementos - oxigênio + substância
combustível + calor. Tenha certeza de não utilizar óleo, graxa ou lubrificantes no
cilindro e evite o sol ou a abertura rápida do registro do cilindro que pode provocar
faísca;
 Não o utilize perto do calor ou fogo;
 Não fume perto do equipamento;
 Evite expor o cilindro a temperaturas maiores que 52ºC como, por exemplo,
na área da piscina com sol;
 Evite guardar o cilindro em local confinado - permita sempre a ventilação;
 Não utilize óleo ou graxa em qualquer parte do equipamento;
 Só utilize peças apropriadas ao sistema de ventilação em uso;
 O equipamento só deve ser utilizado por pessoa treinada para este fim;

66
 Não permita que pessoas não habilitadas manuseiem o equipamento;
 Recarregue o cilindro de O2 após cada uso;
 Evite transportar o cilindro pelo regulador ou registro;
 Sempre abra o registro do cilindro devagar;
 Sempre feche o registro do cilindro após o uso ou caso esteja vazio;
 Manuseie o equipamento com cuidado evitando quedas;
 Não tente consertar o equipamento sozinho - procure um representante;
 Para proteção do equipamento, mantenha-o sempre que possível
acondicionado na maleta;
 Não utilize produtos de limpeza como detergentes ou outros para limpar o
material. Utilize apenas um pano limpo e molhado com água limpa ou álcool;
 Não esterilize os componentes do cilindro em autoclave, soluções
esterilizantes ou outros.
 Nunca tente utilizar o equipamento do cilindro caso esteja faltando alguma
peça;
 Retorne o regulador ao fabricante para revisão a cada 5 anos ou em caso de
dano a alguma peça;
 Mantenha o regulador limpo, fora do cilindro, em um saco plástico, durante o
tempo que não estiver usando;
 Não utilize ar comprimido de posto de gasolina e outros locais, porque
geralmente contém vapor de óleo.

5.10. COMO E PORQUE UTILIZAR O OXIGÊNIO EM CASOS DE AFOGAMENTO


5.10.1. Por que utilizar oxigênio extra?
Em uma pessoa normal o oxigênio respirado (21%) extraído do ar é
suficiente para nutrir as células de todo organismo. Em situações como o
afogamento de grau 2 a 6, a quantidade de O2 extraído do ar diminuí, pois a função
do pulmão está reduzida pela entrada de água nos alvéolos. Nestas situações,
aumentar a oferta de oxigênio de 21% (ar ambiente) para 40 a 75% pode ajudar em
muito esta hipóxia (queda do oxigênio) no organismo.
Ao colocar um cateter ou máscara de oxigênio em uma vítima de afogamento
estamos oferecendo um fluxo de ar de 5 a 15 litros/minuto, como indicam o seu uso.
Considerando que o volume de ar inspirado a cada respiração é em média de +/-

67
500 ml em um adulto e que este adulto respira em média 12 vezes por minuto,
temos um volume de ar inspirado por minuto de 500 ml X 12 ciclos = 6 litros/min.
Quando colocamos um cateter de O2 a 5 litros/min em uma vítima, este O2 a 100%
irá preencher a cavidade nasofaríngea. Esta cavidade pode conter um máximo de
100 ml. A cada respiração ocorre a entrada aproximada de 400 ml de O2 a 21% que
se soma a 100ml de O2 a 100% (no caso do cateter), resultando em um aumento da
fração de O2 inspirado (FiO2) que pode nestes casos chegar ao máximo de 40%
em. De nada adiantará utilizar maiores quantidades de O2 a 100% que 5 litros pelo
cateter nasofaríngeo, já que a cavidade nasofaríngea não tem condições de
armazenar maiores quantidades. Portanto, quando necessitamos ofertar maiores
frações inspiradas de O2 (grau 3 a 6), o artifício que utilizamos é aumentar a
cavidade nasofaríngea. Para isto, utilizamos uma máscara que pode, dependendo
do modelo, aumentar o reservatório em mais 100 ml. Desta forma conseguimos
atingir um máximo de 60% de O2 respirado. Esta quantidade de O2 é suficiente para
todos os casos de afogamento (graus 3 a 6) nas primeiras horas. É por esta razão
que a utilização de bolsas de ventilação para aumentar o reservatório de O2,
fornecendo FiO2 a 100% não são necessários nas primeiras horas, onde se
concentra o atendimento pré-hospitalar, tornando, portanto o material do guardião de
piscina mais simples. Como demonstram diversos trabalhos com afogamentos, estas
quantidades de O2 são geralmente suficientes para todos os graus. Estas
quantidades de O2 no ar inspirado (FiO2) variam inversamente com a frequência
respiratória e com o volume inspirado, ou seja, quanto maior a frequência
respiratória ou o volume inspirado, menor será a fração inspirada de oxigênio (FiO2)
que conseguiremos fornecer.

5.10.2. Os riscos de utilizar o oxigênio a 100%.


Embora raramente possa ocorrer em primeiros socorros, pelo curto tempo
utilizado, o oxigênio, quando respirado a 100%, é tóxico ao pulmão e mais
raramente ao SNC. O O2 a 100% pode provocar basicamente 2 tipos de lesões nos
pulmões:
1o - Quando usado por mais de 6 a 24 h em pessoas sadias, pode matar células que
residem dentro dos alvéolos (pneumócitos), que são responsáveis por produzir uma

68
substancia chamada surfactante que mantém os alvéolos abertos para a respiração,
e;
2o - Com o desaparecimento do Nitrogênio do ar inspirado ao utilizar O2 a 100%, os
alvéolos diminuem seu tamanho, colabando e diminuindo a hematose, chegando
uma parte a fechar totalmente, prejudicando a ventilação.
O oxigênio é considerado uma droga, não o utilize sem indicação.

5.10.3. Indicações do uso de oxigênio.


Afogamento - graus 2 a 6.
 Grau 2 - Cateter de O2 nasofaríngeo a 5 litros/min até chegar a ambulância
ou transporte ao hospital;
 Graus 3 e 4 - Máscara oronasal de O2 a 15 litros/min. Nos casos de grau 4
fique atento à possibilidade de uma parada respiratória;
 Grau 5 - Ventilação boca-a-boca (boca-a-máscara) como primeiro
procedimento. Não perca tempo tentando fazer O2 - inicie imediatamente o boca-a-
boca. A máscara oronasal de O2 a 15 litros/min pode ser utilizada caso haja outro
socorrista disponível para traze-la. Realize então o boca-a-boca/máscara com 15
litros/min. Após a recuperação, utilize 15 litros de O2 /minuto sob máscara;
 Grau 6 - Reanimação Cardiopulmonar. Não perca tempo iniciando O2. Inicie
primeiro a RCP e só então, se houver disponibilidade de pessoas para ajudar, utilize
o O2. Após o sucesso na reanimação, utilize O2 sob máscara a 15 litros/min.

Outras indicações de O2 sob máscara a 15 litros/minuto:


 Redução do oxigênio no ar respirado - grandes altitudes;
 Quando o oxigênio no ar ambiente for menor que 21% pela presença de outro
gás no ar ambiente. Por exemplo: escapamento de gás de cozinha, fumaça e outros
gases;
 Dificuldade de encher o pulmão de ar. Fraqueza muscular ou alterações na
parede do tórax impedem ou dificultam a expansão adequada do tórax e, assim, a
quantidade de ar que entra no pulmão - Trauma Raqui-medular (TRM), uso de
drogas, cansaço extremo, Miastenia Gravis, trauma de tórax (pneumotórax, fraturas
de costelas) e outros;

69
 Impedimento na entrada do ar por obstrução das vias respiratórias. Obstrução
por corpo estranho (bola de gude, moedas, alimentos), asma brônquica e outros;
 Alterações na troca de oxigênio nos alvéolos: pneumonia, e outros;
 Alterações no bombeamento do sangue oxigenado. Problemas de falência do
coração como bomba (infarto do miocárdio) e hemorragias importantes com choque.

70
CAPÍTULO 6
CONSTRUÇÃO, TRATAMENTO E MANUTENÇÃO DE PISCINAS

6.1. CONSTRUÇÃO AQUASTORE (2012)


Existem leis para construção e manutenção das piscinas que preveem a
redução do risco sanitário e a prevenção de acidentes.
Medidas de construção para prevenção de acidentes:
 Piso antiderrapante evita acidentes;
 Fazer uma marcação na piscina para identificar a área mais rasa, onde seja
seguro para as crianças brincarem;
 Avisos de profundidade evitam traumas de cabeça e coluna;
 Evitar acúmulo de água no piso, com ou sem algas (limo);
 Acessos para saída fácil;
 Escadas de acesso à piscina com corrimão e piso antiderrapante;
 Barras de proteção ao longo de todo comprimento da piscina;
 Bordas com proteção;
 Mudança de profundidade possibilita a ocorrência de afogamentos;
 Áreas de sombra e água potável;
Nos parques aquáticos:
 Barra de proteção e liberação de entrada que estabelecem a velocidade de
início do deslize, impedindo maior velocidade e acidentes.

6.2. TRATAMENTO E MANUTENÇÃO DA ÁGUA


A boa aparência não é uma garantia de que a água da piscina está
apropriada para o uso. Os microrganismos patogênicos não são visíveis a olho nu e
seu controle só é possível a partir da aplicação de um tratamento técnico, feito por
profissional especializado. Cuidados com o tratamento da água reduzem a
incidência de doenças infectocontagiosas. São várias as doenças que podem ser
contraídas em piscinas. Dentre elas podemos citar:
 Infecções oculares (conjuntivites);
 Infecções auditivas (otite);
 Infecções respiratórias (amigdalite, faringite e traqueíte);

71
 Infecções da epiderme (furunculose, eczema, micose, vulvovaginite
gonogócica e lesões cutâneas);
 Infecções intestinais (diarreias);
 Enfermidades bem mais graves: a febre paratifoide e tifoide, a poliomielite e a
hepatite “a”.
A desinfecção é a destruição dos microrganismos patogênicos. O cloro
elimina as algas, bactérias, a matéria orgânica e clareia a água. O potencial de
Hidrogênio (pH) mede a intensidade da acidez e da alcalinidade da água, sendo
representado por uma escala numérica de 0 – 14 (pH  7 – acidez; pH  7 –
alcalinidade; pH = 7 – neutro). É importante mantê-lo na sua faixa ideal (PH ideal -
7.4 a 7.6) em virtude dos seguintes fatores:
 O Cl é instável na zona ácida PH  7;
 Com o PH muito elevado (pH  8) o cloro tem sua ação desinfetante bastante
reduzida;
 O pH fora da faixa 7.2 a 8.4, provoca irritação nos olhos e na pele dos
banhistas.
Ao adicionarmos o cloro à água, parte dele vai destruir os germes
patogênicos e a outra é consumida pela matéria orgânica. O que sobra é
denominado residual de cloro ou cloro residual que se apresenta na forma livre, sem
nenhuma combinação, ou na forma combinada, quando se combina com a amônia
ou matéria orgânica nitrogenada – cloraminas (ação desinfetante menos eficiente).
Para determinarmos o cloro residual e o pH devemos usar o comparador de cor ou
colorímetro.
Outros cuidados devem ser tomados como:
 O lava-pés deve ter sempre sua água com cloro e fluxo contínuo;
 Passar pelas áreas com chuveiros para o banho antes de entrar na piscina;
 Azulejos quebrados devem ser trocados;
 Observar as juntas de dilatação;
 Pavimentos, acessos ou escadas em mal estado de conservação podem
provocar acidentes.
 Em Parques aquáticos: portas ou cancelas quebradas;
 Goteiras em atrações;
 Sinalização fora do local ou em mal estado;

72
 Uso de vidro nas atrações;
 Saída de emergência bloqueada;
 Animais soltos;
 Deformação nas pistas;
 Ruptura no material de fibra;
 Deslizamento de assentamento.

6.3. LEIS E EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA


Todas as piscinas de uso público devem ter um departamento médico ou um
protocolo de rápido atendimento para casos de afogamento. No estado do Rio de
Janeiro o Decreto Nº 4.447/81 de 14 de agosto de 1981 - Normas sobre o controle e
a fiscalização de piscinas, publicado no Diário Oficial nº 155 de 17 de agosto de
1981, obriga ter um socorrista treinado em salvamento aquático e primeiros
socorros. O estabelecimento deve ter o equipamento básico de primeiros socorros e
o número de guardiões é determinado levando-se em consideração a distância,
visibilidade e acesso entre as piscinas.
O GP deve ter autonomia para interditar a piscina ou notificar ao órgão de
supervisão responsável caso julgue que exista perigo ao banhista.

6.4. OPERAÇÃO

 Cuidados com o uso do filtro e da aspiração melhoram a qualidade da água e


evitam acidentes tipo sucção;
 Ter muito cuidado com o ralo de fundo e a linha de vácuo (aspirador). Se
possível, desligar a bomba da piscina em caso de uso;
Na casa de máquinas, observar:
 A localização da chave geral para desligar a bomba em caso de emergência;
 Painel elétrico aberto;
 Cabos elétricos desgastados;
 Vazamento de vapor, água, óleo ou cloro;
 Equipamentos contra incêndio em condições de utilização;
 Tabagismo em área proibida;
 Ventilação defeituosa;
 Parafusos ou roscas em mal estado de conservação.

73
CAPÍTULO 7
MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS E ACIDENTES EM PISCINAS

As ações de prevenção são as de maior importância na redução da


mortalidade por afogamento. Estas ações são baseadas em advertências, avisos a
banhistas e outros, no sentido de evitar ou ter cuidado com os perigos relacionados
ao lazer, trabalho ou esportes praticados na água. Estas ações têm como resultado
não só a redução na mortalidade como também na morbidade (lesões decorrentes
da doença) por afogamento.
Entendemos como instalação aquática toda superfície ou lâmina de água
natural ou artificial, que está habilitada para uso recreativo ou desportivo. As
instalações aquáticas possuem uma legislação que as regula e lhes obriga a ter
acessos, serviços, condições higiênicas e sanitárias específicas e principalmente
estar supervisionadas e vigiadas todo o tempo por guardiões de piscinas.
Com o intuito de evitar afogamentos e acidentes, serão enumerados diversos
fatores que irão minimizar as condições de insegurança dos banhistas.
Conhecendo-se os riscos em piscinas, trabalha-se preventivamente no
sentido de reduzir o índice de acidentes.

7.1. RISCOS DE ACIDENTES


Cada área aquática tem suas peculiaridades e fatores em comum. Saber
reconhecê-los possibilita a abordagem necessária à prevenção de acidentes.
Riscos:
 Escadas fixas e móveis – evita acidentes com crianças em brincadeiras de
submersão;
 Jogos com objetos rígidos - possibilidade de trauma com afogamento;
 Brincadeiras de pular na água - possibilidade de trauma com afogamento;
 Escorregas ou tobo-água - possibilidade de trauma com afogamento;
 Atividades ou brincadeiras com cordas ou objetos que possam prender o
banhista ao fundo - risco de afogamento;
 Objetos pontiagudos ou potencialmente quebráveis como garrafas ou azulejos
partidos – trauma com ferimento;
 Vidros e outros materiais cortantes perto da piscina;
 Boia de braço não é sinal de segurança – cuidado!

74
 Praticar hiperventilação para aumentar o fôlego, sem supervisão confiável;
 Mergulhar de cabeça;
 Correr na borda da piscina;
 Colisões com instalações e clientes;
 Brincadeiras de luta;
 Construir torres humanas;
 Objetos no caminho;
 Cabos soltos ou em mal estado;
 Guarda-sol aberto em dias de vento forte;
 Objetos perfurantes na área de banhistas;
 Mais de 65% das mortes por afogamento no mundo ocorrem em água doce;
 Mais de 40% dos proprietários de piscinas não sabem realizar os primeiros
socorros.
 Pouca habilidade de natação;
 Embriaguez;
 Crianças sem a supervisão de adultos.

7.2. MEDIDAS GERAIS PREVENTIVAS


 Leve sempre sua criança caso necessite afastar-se da piscina;
 Isole a piscina - tenha grades com altura mínima de 1,50m e 12cm entre as
verticais. Elas reduzem o afogamento em 50 a 70%;
 Evite brinquedos próximos a piscina, isto atrai as crianças;
 Ter sempre um adulto por perto que saiba nadar quando houver crianças
dentro de piscina, pois 84% dos afogamentos ocorrem na hora do almoço ou após,
por distração do adulto;
 Use sempre telefone sem fio na área da piscina;
 Evite brincadeiras brutas em volta ou dentro da piscina;
 Cuidado ao mergulhar em local raso (coloque aviso);
 Não nadar na área dos trampolins quando estiverem sendo utilizados;
 Os escorregas devem sempre estar com água escorrendo para facilitar o
deslizamento dos banhistas e evitar queimaduras;
 O banho nos chuveiros antes de entrar na piscina evita a hidrocussão
(vulgarmente conhecido como choque térmico);

75
 Proibir a utilização de pranchas rígidas;
 Proibir brincadeiras violentas do tipo caldo;
 Orientar banhistas quanto a exposição ao sol sem proteção solar, para evitar
patologias pelo sol e calor. Aconselhar a ingerir bastante líquido;
 A segurança na água provida por guarda-vidas não substitui a supervisão dos
pais ou responsáveis;
 Mantenha 100% de supervisão em crianças perto ou dentro da água. 89%
dos afogamentos ocorrem por falta de supervisão, principalmente na hora do
almoço;
 Caso necessite afastar-se da piscina leve sempre sua criança;
 Ensine a flutuação a partir de 1 ano e a nadar a partir dos 4 anos de idade;
 Não pratique “prender o fôlego” ou “travessias submersas” sem supervisão
confiável;
 Não utilize bóias ou flutuadores, prefira um colete salva-vidas;
 Desligue o filtro da piscina em caso de uso;
 A maioria das pessoas não sabe realizar os primeiros socorros - Aprenda!

Recomenda-se, para que haja uma estatística fidedigna de afogamentos em


piscinas de clubes, academias, condomínios, parques aquáticos e similares, um
Boletim de Registro de Salvamento de Pessoa que deverá ser preenchido pelo GP
toda vez que ocorre um evento em seu local de trabalho.

76
Anexo A – Decreto no 4.447, de 14 de Agosto de 1981.
Baixa normas sobre o controle e a fiscalização de
piscinas.

Art. 1º – Compete ao Corpo Marítimo de Salvamento, da Secretaria de Estado de


Segurança Pública, o controle e a fiscalização das piscinas de uso coletivo
instaladas em recintos públicos ou privados procedendo:
I – à vistoria;
II – ao registro;
III – à expedição de notificação a seus dirigentes para esclarecimentos e
providências sobre irregularidades constatadas;
IV – à interdição e liberação do parque aquático, mediante lavratura de auto próprio.
Parágrafo único – Nas regiões do Estado, onde inexista unidade administrativa da
estrutura operacional do Corpo Marítimo de Salvamento, a fiscalização das piscinas,
a que se refere este artigo, incisos I, III, e IV, poderá ficar a cargo de:
a) representante designado pelo diretor do Corpo Marítimo de Salvamento;
b) Organização de Bombeiro Militar, observando-se seus limites circunscricionais.

Art. 2o – Aos servidores públicos, devidamente credenciados, no desempenho das


atividades enunciadas no artigo anterior incumbe:
I – vistoriar e cadastrar as piscinas de uso coletivo;
II – notificar os dirigentes das entidades, para esclarecimentos e providências sobre
irregularidades constatadas;
III – interditar e liberar o parque aquático, mediante lavratura de Auto.

Art. 3o – Os clubes, sociedades recreativas, condomínios, clínicas, hotéis e similares,


estabelecimentos de ensino e demais entidades públicas e privadas que possuam
piscinas de uso coletivo estão sujeitos a registro no órgão fiscalizador e deverão
manter:
I – cilindro de oxigênio com capacidade mínima de 1,50 m3 (um metro cúbico e
meio);
II – manômetro com válvula redutora e fluxômetro;
III – sistema capaz de proporcionar assistência ventilatória adequada, constituindo-se de:

a) bolsa de borracha, com 3 (três) litros de capacidade;

b) válvula unidirecional sem reinalação;


77
c) máscara nos tamanhos pequeno, médio e grande;
IV – Cânulas oro-faríngeas nos tamanhos pequeno, médio e grande;
V – Equipamento portátil, auto inflável, para ventilação assistida ou controlada;
VI – Cerca, gradil ou rede de proteção;
VII – Guardião de Piscina, em número suficiente às piscinas existentes;
VIII – Cadeira de observação.

§ 1o – Os equipamentos de socorro urgente, especificados nos incisos I a V,


deverão permanecer à disposição do Guardião da Piscina, em local de fácil acesso,
próximo da piscina e em perfeitas condições de utilização.
§ 2o – As entidades a que se refere este artigo, cujas piscinas não possuam cerca
ou gradil que isolem a área utilizada pelos banhistas, deverão dispor de rede de
proteção, a qual será aplicada e fixada, como cobertura do tanque, nos casos de
interdição.

Art. 4o – Guardião de Piscina, para os efeitos deste decreto, é pessoa devidamente


habilitada pelo Corpo Marítimo de Salvamento, possuidor de certificado de
habilitação, com validade por 5 (cinco) anos, o qual deverá ser exibido à
fiscalização, sempre que solicitado.
§ 1o – O Guardião da Piscina deverá permanecer próximo aos tanques, com traje
adequado que o identifique, durante o horário destinado ao banho, para pronto
atendimento aos usuários.
§ 2o –O atendimento a que se refere o parágrafo anterior poderá ficar a cargo de
um só Guardião de Piscina, quando a distância entre as bordas mais próximas de
uma piscina de adulto a outra de criança, não ultrapassar de 15 (quinze) metros e
desde que haja perfeita visibilidade e fácil acesso a ambos os tanques.

Art. 5o – A cadeira de observação, elevada a uma altura mínima de 1,80m (um metro
e oitenta centímetros) do nível do piso, com escada fixa, será obrigatoriamente
instalada em local que permita perfeita visibilidade, próxima a cada piscina, quando
a dimensão desta for igual ou superior a 12 (doze) metros de comprimento ou
possua área de banho igual ou superior a 60 m2 (sessenta metros quadrados).

Art. 6o – Caberá a interdição da piscina nos casos seguintes:


I – funcionamento sem o competente registro;

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II – desatendimento aos preceitos deste decreto ou a atos específicos do Secretário
de Estado de Segurança Pública, constatado mediante Auto de Verificação.

Art. 7o – A normalização do funcionamento da piscina, uma vez verificada hipótese


contemplada no Art. 6o, ocorrerá mediante Auto.

Art. 8o – Os dirigentes das entidades a que se refere o Art. 3 o deverão requerer a


vistoria técnica e o registro das piscinas, no órgão fiscalizador, antes de permitirem a
sua utilização.
Parágrafo único – É concedido o prazo de 150 (cento e cinquenta) dias, a partir da
vigência deste decreto, para o registro das piscinas em funcionamento.

Art. 9o – O Secretário de Estado de Segurança Pública, mediante ato normativo,


expedirá instruções complementares à aplicação deste decreto.

Art. 10 – Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogados os


Decretos No 5.499, de 09/6/72; 266, de 22/7/75; 574, de 03/02/76 e 3.060, de
15/02/80, bem como as demais disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 14 de agosto de 1981.

(Publicado no DOERJ No 155, de 17 de agosto de 1981 – Parte I)

79
Anexo B – Lei nº. 3.728, de 13 de Dezembro de 2001.
Obriga a permanência de salva-vidas em piscinas
localizadas em clubes e prédios residenciais e dá
outras providências.

Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta


e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - é obrigatório a permanência de salva-vidas em piscinas localizadas nos
prédios residenciais, de dimensões superiores a 6m x 6m, em hotéis, clubes sociais
e esportivos, e nas academias de esportes e ginástica, em território fluminense.
Art. 2º - os condomínios dos prédios cujos administradores não observarem esta Lei
estarão sujeitos a pena, primeiramente de advertência e, na reincidência, de multas
de 1.000 (um mil) a 4.000 (quatro mil) UFIRs.
Art. 3º - A não observância da presente Lei por parte dos dirigentes de hotéis, clubes
sociais e esportivos, e academias de esporte e ginásticas, implicará na aplicação de
multas aos responsáveis por esses estabelecimentos.
§ 1º - As multas de que trata este artigo serão precedidas de pena de advertência e,
posteriormente, de multa pecuniária de 1.000 (um mil) a 6.000 (seis mil) UFIRs.
§ 2º - A reincidência implicará no encerramento das atividades dos estabelecimentos
referidos neste artigo.
Art. 4º - O salva-vidas a que se refere o “caput” desta Lei deve ser habilitado
profissionalmente para as tarefas de que trata, e autorizado pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Art. 5º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas as
disposições contrárias.
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001.
ANTHONY GAROTINHO
Governador
Projeto de Lei nº 200-A/99
Autoria: Deputado Sivuca.
(Transcrito do Bol da SEDEC nº 231, de 17 de dezembro de 2001)

80
Anexo C – Lei nº. 4.428, de 21 de Outubro de 2004.
Altera a lei nº 3728, de 13 de dezembro
de 2001, na forma que menciona, e dá
outras providências.

A Governadora do Estado do Rio de Janeiro faz saber que a Assembleia


Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Na Lei nº 3.728/2001 fica substituído o termo salva-vidas por guardião de
piscinas.
Art. 2º - Fica acrescido ao art. 4º, da Lei nº 3.728/2001, o Parágrafo Único com a
seguinte redação:
Parágrafo único – É, também, reconhecido como guardião de piscina, para efeito do
disposto nesta Lei, o profissional de Educação Física regularmente inscrito no
Sistema CONFEF/CREF e devidamente habilitado em curso específico, organizado
pelo Conselho Regional de Educação Física da 1ª Região e chancelado pelo Corpo
de Bombeiros.
Art. 3º - Ficam revogadas todas as disposições contrárias.

Rio de Janeiro, em 21 de outubro de 2004.

ROSINHA GAROTINHO
Governadora

81
Anexo D – Lei nº 5837, de 11 de Novembro de 2010.
Dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de dispositivos para interromper
o processo de sucção em piscinas e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Ficam os clubes sociais e esportivos, condomínios, hotéis, academias e


outros assemelhados, onde haja piscinas de uso coletivo, obrigados a colocarem
dispositivo que interrompa o processo de sucção da piscina.
§ 1º O dispositivo deverá estar colocado em local de fácil alcance, inclusive para
crianças e portadores de deficiência locomotora.
§ 2º O local deverá estar sinalizado com placas.
Art. 2º As piscinas novas deverão ter, além do dispositivo proposto no caput do
artigo 1º, bombas de sucção, que interrompam o processo automaticamente, sempre
que o ralo se encontrar obstruído.
Art. 3º Ficam as entidades dispostas no caput do artigo 1º autorizadas a
suspenderem por até 30 (trinta) dias os usuários que utilizarem de forma indevida o
dispositivo de que trata esta lei.
Art. 4º As entidades terão o prazo de 60 (sessenta) dias para se adequarem a esta
Lei.
§ 1º O não cumprimento desta Lei acarretará ao infrator uma multa de 1000 a 4000
UFIRs-RJ (um mil a quatro mil unidades fiscais de referência do Estado do Rio de
Janeiro), em caso de 1ª notificação; e de interdição da piscina, em caso de uma
segunda notificação.
§ 2º A interdição só será cancelada depois de colocado o dispositivo de que trata
esta Lei.
Art. 5º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 2010.
SÉRGIO CABRAL
GOVERNADOR

82
Anexo E – Lei nº 6772, de 09 de Maio de 2014.
Altera a lei n° 5.837, de 11 de novembro de 2010, que dispõe sobre a
obrigatoriedade de colocação de dispositivos para interromper o processo de sucção
em piscinas e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° Altera o Art. 1°e o Art. 2° da Lei n° 5.837, de 11 de novembro de 2010, que
passam a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1° Ficam os clubes sociais e esportivos, condomínios, hotéis, academias,
sociedades recreativas, associações, colégios e outros assemelhados, onde haja
piscinas de uso coletivo, obrigados a colocarem dispositivos que interrompam o
processo de sucção dos equipamentos da piscina, manual e automaticamente.
§1° Os dispositivos deverão apresentar condições de interrupção manual, instalada
em local de fácil alcance para os usuários, inclusive para crianças e portadores de
deficiência locomotora.
§2° O local deverá estar sinalizado com placas.
§3° As adaptações necessárias ao cumprimento desta Lei deverão acompanhar
projeto de profissionais registrados no Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia – CREA/RJ e/ou no Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo –
CAU/RJ (NR)”
“Art. 2° As piscinas, inclusive as já construídas, deverão ter, além do dispositivo
proposto no caput do Art. 1°, equipamentos que interrompam o processo
automaticamente, sempre que as linhas hidráulicas de sucção se encontrarem
parcial ou totalmente obstruídas. (NR)"
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 09 de maio de 2014.

LUIZ FERNANDO DE SOUZA


Governador

83
REFERÊNCIAS
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Acessado em 17 de ago de 2012.

ACSM. ACSM´s guidelines for exercise testing and prescription. Baltimore:


Lippincott Williams and Wilkins, 2010.

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes da American Heart


Association 2010 para RCP e ACE. Dallas: AHA; 2010

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines for Cardiopulmonary


Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. International Consensus
on Science. Circulation 2010 October; 112: IV-1-IV-211.

AQUASTORE. Água, Filtração, saneamento, Tratamento, Aquecimento,


Piscinas, Spas Complementos. Disponível em: <http://www.aquastore.com.br/>.
Acessado em: 17 de ago de 2012.

CBMEES. CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.


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ECC. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiac


Care: Circulation, August 22, Vol 102, No 8, 2000.

ILS. INTERNATIONAL LIFE SAVING. Disponível em: <www.ilsf.org>. Acessado em:


17de ago de 2012.

MANUAL DE SOCORRO EM EMERGÊNCIAS. Corpo de Bombeiros Militar do


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