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Aluna: Ana Paula de Moura Leite Carvalho

Recife, 22 de Novembro de 2021

Caso Bojack Horseman

Caro colega estou te encaminhando este paciente para


acompanhamento psicológico em terapia cognitivo comportamental.
Descreverei algumas particularidades do caso e sua formulação
cognitiva.

O paciente chama-se Bojack Horseman é um eqüino com uma


comunicação bastante sarcástica e cheia de ironias, mecanismo que ele
usa para falar de seus traumas e do que lhe machuca emocionalmente.
Desde criança seus pais lhe deixaram claro o quanto ele era um fardo
em suas vidas, o que indica que Bojack tenha uma crença de desamor e
desvalor. Seu pai que morreu quando ele tinha 10 anos, só tinha
interesse em escrever um livro que nunca conseguiu publicar, mas
sendo um homem orgulhoso demais, culpabilizava o filho e a mulher
por qualquer tempo que ele desperdiçasse com eles e não pudesse
dedicar a seu livro. Sempre tratava o filho com grosserias e fazia
questão de falar para o filho sobre suas crenças ofensivas sobre o sexo
feminino e sobre a maternidade. A mãe de Bojack, segundo ele, nunca
lhe dirigiu uma palavra gentil ou qualquer ato de pelo menos compaixão,
que dera amor. Em vários momentos o paciente demonstrou sentir raiva
dos pais, pelas constantes situações constrangedoras e ofensivas que
lhe fizeram passar.

Bojack é ator, dedicando-se a atuar em cenas perigosas nos filmes. O


que chama a atenção, especialmente quando descreve em suas
palavras “uma experiência de quase morte”. Trazendo a tona ideação
suicida e até uma possível tentativa de suicídio. Durante todo momento
que ficou sendo observado, demonstrou irritabilidade, raiva, tristeza.
Mesmo ao tentar trazer um pouco de humor ao se comunicar, foi de
forma sarcástica e irônica como já relatado acima. Mostra também
atitude de desesperança e desmotivação pela vida e nas pessoas, onde
o único fim e objetivo é a morte. O paciente faz uso de remédios, mas
não está tomando regularmente, diz esquecer por conta dos horários do
trabalho. Mas uma prova que sabota seu tratamento e não tem desejo
de viver. Sente que nunca recebeu nada de seus pais afetivamente, e
com a morte da mãe numa situação de gatilho, recebeu de uma
atendente de lanchonete um churros grátis, quando ela ficou sabendo
da morte da mãe dele. O que o faz ficar nostálgico, ativando as
lembranças de todas situações de desafetos e negligencias vivenciadas
na infância e adolescência. Levando-o a pensar que com a morte da
mãe ele perde também toda pouca esperança de receber dos pais o tão
desejado reconhecimento de sua existência, de sua utilidade como
pessoa e seu valor.

Formulação cognitiva

Paciente: Bojack Horseman

Diagnóstico: Distimia

Influências do desenvolvimento: Agressividade do pai, negligência


parental

Influências genéticas: Depressão da mãe

Questões situacionais: aos 10 anos morte do pai, dívidas deixadas pela


morte do pai, acompanhar a doença da mãe e sua morte

Pontos fortes/ recursos: Tem uma profissão e autossuficiência financeira

Objetivos de tratamento:

 Trabalhar a ideação suicida e rede de apoio para tentativa de


suicídio
 Encaminhar para um psiquiatra para atualizar a medicação
 Tratar a distimia
 Entender o luto pela perda dos pais
 Tratar a raiva que sente dos pais
 Trabalhar a autoestima

Pensamentos automáticos: pensa que se disser que não está bem a
pessoas o acharão negativo, pensa que vai ser abandonado quando o
pai demora para pegar ele de carro, pensa que precisa ter uma situação
especifica para sentir-se bem.

Crenças intermediárias: Que ele só é bom se o outro reconhecer

Crenças centrais: Acredita que é mesquinho, acredita não ser uma


pessoa útil, não se acha inteligente, acredita ter um corpo inadequado

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