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10º Ano - Módulo 3
10º Ano - Módulo 3
Módulo 3
Unidade 2
O alargamento do conhecimento do mundo
O contributo português
Com os avanços nas técnicas de navegação, foi necessário construir uma ciência náutica que
permitisse fazer uma viagem no interior do Atlântico por estimativa; de forma a substituir a
navegação de cabotagem (terra à vista).
✓ A generalização do uso da bússola – pequena caixa onde uma agulha magnética
suspensa no seu centro de gravidade aponta para o Norte magnético (polo Norte). É uma
invenção chinesa;
✓ O aperfeiçoamento dos portulanos medievais (cartas náuticas) – desenvolvidos para a
navegação por estimativa. Estas cartas mais rigorosas, permitiram aos pilotos optarem por
outras rotas alternativas; mais tarde estas cartas deram origem às Cartas náuticas;
✓ Recurso à navegação astronómica – partindo da observação dos astros e com recurso a
instrumentos de orientação como o astrolábio, o quadrante, a balestilha, os marinheiros
portugueses foram capazes de determinar a latitude em que se encontravam;
✓ A elaboração de cartas de marear – estas cartas eram importantes pois continham
informação pormenorizada sobre as costas marítimas, horários das marés e regras de
navegação que eram elaboradas de acordo com as observações e experiências feitas.
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Por exemplo, as cartas de marear vieram aperfeiçoar as elaborações de Ptolomeu, dando a
conhecer de forma rigorosa as costas mediterrâneas e mais tarde as atlânticas.
Com o avanço dos marinheiros portugueses por oceano a dentro, as cartas medievais iam-se
mostrando documentos imprecisos, insuficientes e errados nas regiões menos conhecidas.
✓ O Planisfério de cantino
Entre as principais elaborações da cartografia, salienta-se o Planisfério de Cantino,
elaborado em 1502, e é considerado uma carta plana de rigor científico.
Esta carta realça rigorosamente as linhas das costas dos continentes africano, ásia e o
litoral do brasil.
✓ A escola Portuguesa
Os portugueses enquanto pioneiros nos avanços marítimos legitimaram-se como
precursores no desenvolvimento da cartografia científica.
Em Portugal desenvolveu-se um tipo de carta genuinamente rigorosa, indicando o
equador, paralelos e meridianos, bem como as latitudes, profundidades oceânicas,
correntes e ventos.
Os mapas portugueses constituíam obras de elevada qualidade técnica e artística.
Os novos conhecimentos
Ao terminar o século XVI, a imagem do mundo visto pelo ocidente havia sido completamente
transformada:
A antiga perspetiva de que o mundo era somente o mediterrâneo e a europa desfaz-se e adota-se
uma perspetiva oceânica e pluricontinental.
Experiencialismo e experimentação
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A experimentação não se trata de um resultado intencional de hipóteses, sendo que grande parte
do conhecimento resulta de experiências casuais, de observação empírica do quotidiano e não é
acompanhada de uma reflexão teórica.
✓ Faz-se os registos dos dados fornecidos pela bussola e pelos instrumentos de medição
astronómica;
✓ Registam-se escalas, distâncias, profundidades que são rigorosamente calculadas;
✓ Fixam-se horários de entradas e saídas dos portos;
✓ Regista-se o tempo de duração das viagens.
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Na vida quotidiana
A cidade é invadida pelo número, sem o qual é impossível viver
✓ Numeram-se os edifícios;
✓ Criam-se torres de relógios;
✓ As populações controlam os preços dos produtos e orçamentam as suas vidas;
✓ Valoriza-se o estudo da matemática e da aritmética;
✓ Sucedem-se avanços da Física e astronomia;
✓ Pesos e medidas estão presentes em todas as atividades comerciais.
A revolução coperniciana
Em 1531, Copérnico com as suas opiniões que punham em causa o geocentrismo depois veio a
formular as suas hipóteses e a partir das suas experiências concluiu e anunciou a sua obra
“Revolutionbus Orbium Coelestium”.
✓ A terra não é um planeta imóvel. Ela move-se em torno de si mesmo e do sol;
✓ O sol é imóvel e o seu movimento não passa de uma ilusão para quem se encontra na
terra;
✓ A terra não pode ser o centro do universo, logo o centro do universo só pode ser o sol.
Caia assim a teoria geocêntrica e instituía-se a teoria heliocêntrica.
Com o prosseguir dos estudos de copérnico, Tycho Brahe, chegou à conclusão que as orbitas
dos corpos celestes não são circulares (movimentos de translação em volta do sol), provou com
auxílio de novas tecnologias de observação astronómica.
Ainda no século XVI, Giordano Bruno, acrescenta na sua obra que o Universo era infinito e que
existiam outros milhares de sistemas solares onde coexistiam planetas com vida inteligente.
Já no século XVII, Johannes Kepler, foi considerado um dos fundadores da Astronomia moderna
pelos grandes avanços que proporcionou.
Galileu, foi considerado um dos maiores génios da humanidade, inventou o primeiro telescópio,
assim conseguiu descobrir novos universos, montanhas na lua, satélites de Júpiter, manchas
solares e planetas até então desconhecidos – conseguiu dissipar todas as dúvidas que existiam
sobre o heliocentrismo.
Assim, formulou-se um novo saber que se sobrepôs ao conhecimento com base na razão.
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Unidade 3
A produção cultural
Os homens das letras e das artes procuraram inspirar-se nos modelos clássicos e reproduzir as
suas características.
Contudo, impuseram inovações técnicas com os elementos culturais novos.
A escultura
A principal novidade na escultura deve-se a sua libertação face à arquitetura, adquirindo interesse
próprio pelo recurso às características classicistas.
✓ Abandono da rigidez e da frontalidade, ganhando mais expressividade e movimento,
assumindo assim a sua naturalidade;
✓ Representação realista da figura humana;
✓ Recurso à geometrismo das estruturas – respeitando rigorosamente os princípios da
proporcionalidade clássica;
✓ Estátua equestre – culto clássico.
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A arquitetura
Os arquitetos adotam os elementos decorativos greco-romanos, mais procuram evidenciar os
aspetos geométricos pela ordenação matemática das formas.
A arquitetura civil
As elites burguesas e aristocráticas do Renascimento promoveram a construção de palácios
como afirmação da sua riqueza e poder, mas também para conforto pessoal.
A racionalidade do Urbanismo
Os arquitetos do Renascimento alargaram as suas preocupações racionalistas para a criação de
um novo modelo de cidade.
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A racionalidade do urbanismo moderno foi mais uma manifestação do renascimento dos valores
culturais clássicos, neste caso o modelo de cidade romana.
Pela europa surgiam novas interpretações do gosto renascentista que associavam as estruturas
de um gótico tardio com novos elementos decorativos.
Manuelino foi o nome encontrado no século XIX para identificar a arte portuguesa de uma visão
romântica e nacionalista acolhida por Almeida Garret.
O Manuelino é um estilo genuinamente português, imagem da expansão ultramarina.
Manuelino foi buscar o seu nome ao rei D. Manuel I, cujo o reinado mais se afirmou a
exuberância decorativa.
A sensibilidade estética manuelina insere-se num momento de conjuntura económica de
prosperidade do reino, que viveu com afluências das riquezas ultramarinas, numa conjuntura
política de modernização do estado.
Unidade 4
A reforma protestante
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I. As críticas à igreja católica
Na primeira metade do século XVI, o cristianismo foi abalado o que se traduziu na desobediência
ao Papa e a rejeição dos dogmas da Igreja Católica Romana.
No século XII e XIII, o alto clero identificava-se com a nobreza, pela ambição de poder e riquezas,
pois o tempo era prospero economicamente. Devido às circunstâncias, muitos crentes preferiram
abandonar o catolicismo e aderir às ceitas religiosas.
Por exemplo, as ordens mendicantes dos Franciscanos e dos Dominicanos – pregar o ideal
evangélico de pobreza e de penitência.
Ao longo do século XIV, havia uma grande corrupção moral e a anarquia dominava na europa,
agravada pela guerra dos 100 anos.
Existia rivalidades entre os cardeais e pressões políticas impostas pelos monarcas, que levou à
existência simultânea de dois papas – Roma e frança.
A igreja romana permaneceu dividida durante 39 anos, até ao concilio de Constança com a
escolha de martinho V.
A secularização da Igreja
✓ Roma era a cidade de todos os prazeres mundanos, onde viviam altos dignitários da igreja;
✓ Os papas viviam como autênticos príncipes laicos;
✓ As cortes de Roma não escondiam os luxos, e usavam os impostos dos fiéis para
sustentar a corte que se rodeou de artistas;
✓ A igreja só queria somente acumular riqueza.
Para sustentar as cortes:
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Os primeiros apelos de Reforma
Na segunda metade do século XIV, a denúncia dos vícios da igreja levou a uma proposta de
novas formas de culto.
A crítica humanista
Os humanistas não escaparam à curiosidade de conhecer as formas primitivas de culto cristão.
Os humanistas depressa concluíram que existiam grandes diferenças entre o culto clássico e o
culto atual cristão.
Os humanistas cristãos defenderam princípios de coerência, autenticidade, integridade de
caracter, honradez e moralidades cristãs.
✓ Iniciaram uma campanha de divulgação dos textos sagrados nas suas versões originais;
✓ Publicaram versões traduzidas dos evangelhos;
✓ Traduziram a bíblia e comentaram livremente a sua interpretação;
✓ Denunciaram a deturpação da informação da teologia dada nas universidades;
✓ Denunciaram a hipocrisia e a corrupção do clero, ignorância e devassidão do clero regular
e a ambição material dos papas;
✓ Afirmavam a renovação moral através do regresso à pureza do cristianismo original;
✓ Rejeitam o formalismo dos rituais litúrgicos.
O individualismo religioso
Num ambiente de desilusão, os crentes deixaram de acreditar na igreja.
✓ A hierarquia eclesiástica é desvalorizada e as formas de culto passam a ser geridas por
leigos ou organizações laicas;
✓ Generaliza-se a ideia de que a igreja não serve para nada e que o cristão pode praticar
fora da igreja o seu culto;
✓ Acredita-se que o verdadeiro culto pode ser praticado individualmente;
✓ Publicam-se guias espirituais;
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✓ Proliferam movimentos de crentes.
Assim favoreceu-se também a prática de superstições e de fanatismo – acusação de bruxaria e
procissões no norte da europa.
• A angústia de Lutero
Crítico humanista da forma como funciona a igreja católica face à originalidade cristã.
Conclui que a fé absoluta reside em deus e na total confiança no seu poder de perdoar.
• A venda de indulgências
O Papa Leão X, para construir a basílica de S. Pedro, resolveu vender mais indulgências.
• O protesto de Lutero
Lutero afirmava que os perdoes dos pecados não podiam ser comprados, assim a 31 de outubro
de 1517, afixou as “95 teses contra as indulgências” na igreja do castelo de Wittenberg.
• A excomunhão e a revolta
Lutero em 1518, foi intimado pelo papa a retirar as suas teses, contudo recusou-se e afirmou que
a autoridade das escrituras era superior à autoridade do papa.
A justificação pela fé trata-se de o princípio básico da doutrina luterana. O homem será justo e
salvo pela fé em cristo e não pelas suas obras.
Segundo Lutero, é Deus quem elege os que são dotados de fé e salvará os crentes.
Luteranismo advoga assim a teoria da predestinação, pois deus predestina a salvação do
homem.
Lutero propõe a recusa dos fundamentos da fé instituída pelo homem, assim os luteranos:
• A reforma disciplinar
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Em 1530, foram apresentadas as confissões de Ausburgo, que viriam a constituir o mais
importante instrumento da doutrina luterana.
• A paz de Augsburgo
A disputa entre o poder central católico e os locais gerou uma verdadeira guerra civil.
Em 1555, Carlos V, reconhece a cada príncipe a liberdade de opção religiosa para o seu Estado e
confirma a expropriação dos bens da igreja.
• O calvinismo
Em frança surgiam fortes ventos reformistas.
Henrique VIII, foi excomungado e em resposta, o parlamento Inglês votou o Ato de Supremacia
(1534), pela qual o rei de Inglaterra ascendeu à chefia suprema da Igreja.
A igreja inglesa, evoluiu para uma espécie de compromisso entre a liturgia católica e os dogmas
protestantes calvinistas, constituindo uma nova igreja – Igreja Anglicana.
O concílio de Trento
A obra reformada, assentou no princípio da recusa terminante de movimentos protestantes:
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✓ A necessidade da prática de bons atos para obter a salvação;
✓ Livre-arbítrio – todos os pecadores podem chegar à salvação, nada está predestinado;
✓ A importância das indulgências;
✓ A transubstanciação de Cristo durante a Eucaristia.
Disciplina eclesiástica:
✓ A missa é celebrada em latim, com a única versão autoridade da Bíblia;
✓ O papa reforça os seus poderes na igreja, tendo mais autoridade;
✓ Foi publicado o catecismo para generalizar o ensino da religião através de breves leituras
feitas pelos clérigos nas missas;
✓ O clero começou a ser formado em seminários.
• Antecedentes
A inquisição era uma instituição da idade média para reprimir a heresia e outras práticas
contrárias à moral cristã.
• Inquisição e Reforma
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As confissões ofereciam ao julgado o acelerar do processo. Normalmente as confissões só se
conseguiam apôs longos interrogatórios.
As penas eram sempre afixadas com os nomes dos suspeitos e das suas famílias para causar
vergonha social.
As sentenças podiam ser prisão, se o acusado demonstrasse arrependimento ou a condenação à
fogueira em autos de fé, se não demonstrasse a sua inocência.
As ordens religiosas
• A companhia de Jesus
Jesuítas ou companhia de Jesus, são um verdadeiro instrumento de combate à heresia
protestante.
Missionação:
✓ Reconquista de regiões que eram dominadas pelos protestantes;
✓ Conversão de populações pagãs para a fé católica.
No Ensino:
✓ Criação de seminários para formar os seus membros;
✓ Muitos clérigos eram dotados de ensino conversador, mas de reconhecida qualidade.
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III. A contrarreforma em Portugal
A introdução do Santo Ofício
A organização da Inquisição
O tribunal do Santo ofício em Portugal, ficou sobre tutela do monarca, ao qual incumbia de
escolher o inquisidor-geral.
O inquisidor-geral, na qualidade de delegado do papa, sobrepunha-se a todas as autoridades
civis, militares e religiosas.
O espírito português do quinhentismo foi promessa que não se cumpriu. Portugal em pleno século
XVI, é considerado um Portugal fraco e intelectualmente morto, comparado ao Portugal do século
XV.
A máquina da inquisição provocou a paralisação intelectual do reino.
Portugal quando se podia afirmar como pais modernos, assistiu à atrofia da sua frágil burguesia e
a eternização dos valores tradicionais.
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