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TUTORIAL DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA INTERATIVA (SDI)


Aplicação Remota
Maria Marly de Oliveira1

A SDI aplicada de forma remota através do Google Meet apresenta


algumas alternativas e deixa em aberto a possibilidade de adaptações para
incorporar diferentes ferramentas on-line e plataformas. Isso inclui solicitar apoio
de alunos e/ou colaboradores, para se adequar aos grupos participantes em
maior número.

Enfatizamos que a SDI tem como base prioritária a dialogicidade de Paulo


Freire, e que se configura com uma metodologia ativa. Ela se aplica ao contexto
de sala de aula para aprofundamento do processo ensino-aprendizagem dos
diferentes componentes curriculares. Também pode ser utilizada como método
de pesquisa para coleta de dados, facilitando a análise final através do
cruzamento dos achados e consequente fechamento do objeto de estudo em
Dissertações e Teses.

Assim sendo, apresentamos duas principais alternativas para aplicação


da SDI. Entretanto fica em aberto a criação de outras vias para aplicação da
técnica através de diferentes ferramentas on-line e plataformas. Neste tutorial,
optamos pela utilização do Google Meet.

PRIMEIRA ALTERNATIVA (para grupos de até 15 pessoas)

1. Inicialmente, através da criação de um link do Google Meet, o professor


convida alunos, demais professores ou outro público que tenham
interesse no tema a ser trabalhado. Nesta primeira etapa, o docente
solicita que cada participante responda uma ou duas questões sobre o
TEMA a ser estudado, e estabelece o limite de 05 minutos. Podem ser
usados lápis e papel comum como suporte.

2. Agora com as respostas individuais, os participantes são conduzidos à


segunda etapa da SDI. De forma ao máximo equitativa, o professor os
divide em três equipes e digita no chat os nomes dos componentes de
cada uma delas.

3. Nesta segunda etapa os participantes deverão confeccionar, agora em


conjunto, uma nova resposta ao mesmo questionamento feito na primeira
fase. Só que farão isso com base em suas respostas individuais, de modo
que todos sintam-se representados nessa nova construção.

4. Para que isso ocorra, o professor cria novos links do Google Meet, um
para cada equipe. Em seguida cola tais links no chat da reunião em curso,
pede que todos desliguem os microfones e orienta que cada participante
acesse o link do Google Meet de sua equipe. Agora no novo link, cada

1Ph.D. em Educação. Profa. Sênior da UFRPE. Profa. do Programa de Pós-Graduação em


Ensino das Ciências-PPGEC/UFRPE e do Mestrado em Educação da UPE.
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participante digita no chat o que escreveu no papel a fim da nova


construção descrita no item acima. Além de orientar essas ações, nessa
fase de grupos é preciso que o professor solicite que as equipes elejam
um líder do grupo. Sua primeira ação será coordenar a criação do texto e
tomar nota dele.

5. A construção do texto de cada grupo habilita a SDI à sua última fase.


Todos são convidados a voltar ao link que iniciou a reunião. Os líderes
são novamente acionados e, de posse do texto de seus grupos, farão
ação semelhante à da segunda etapa: construir juntos um texto final,
agora com base no texto dos grupos (colados no chat), de forma que cada
líder perceba seu grupo representado nesta última versão. Os demais
participantes acompanham a discussão.

6. O professor junto com os líderes compartilha o resultado final, projetando


o texto-síntese obtido através de todo processo da Sequência Didática
Interativa. Em constante diálogo com os participantes, faz a avaliação do
trabalho realizado e dá início ao conteúdo do tema em estudo. A partir
desse momento, fica a critério do professor solicitar uma determinada
atividade para fixação do conteúdo ministrado, como por exemplo:
construção de pequenos textos, artigo cientifico, fazer um painel, etc.

SEGUNDA ALTERNATIVA (a partir de 16 participantes)


Para maior rendimento acadêmico, sugerimos que a aplicação da SDI
seja trabalhada em aulas com duração de duas horas, e/ou preferencialmente
em dois encontros consecutivos, e que o professor solicite apoio logístico de
alunos e/ou colaboradores que dominem as ferramentas on-line e plataformas.
Dessa vez, além do Google Meet, o Google Forms e o WhatsApp serão
utilizados. Seguem as orientações.

1. O procedimento inicial para aplicação da SDI é o mesmo que foi


apresentado na primeira alternativa: o professor cria o link para convidar
os participantes. Mas desta vez é importante iniciar com uma lista de
frequência (formulário do Google Forms) e já solicitar o apoio de quatro
alunos e/ou mais colaboradores. A quantidade de colaboradores depende
de quantos estudantes a lista de frequência revelar.

2. A lista de participantes também baseará a construção dos pequenos


grupos, a serem digitados no chat já com seus líderes, que será um
estudante-colaborador.

3. Os líderes-colaboradores ficarão responsáveis pela criação de links para


seus grupos e deverão ter uma comunicação via WhatsApp com o
professor, para eventuais informes, que se fizerem necessários.

4. O professor solicita a todos os participantes que respondam uma a duas


perguntas sobre o tema a ser estudado, e que enviem as respostas para
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o WhatsApp do líder de seu grupo. O nome e o número do WhatsApp do


líder de cada grupo deverão ser digitados no chat.

5. O líder responde às mensagens de seus colegas com o link do Google


Meet que criou, a fim de que todos os componentes de seu grupo possam
ingressar na segunda etapa da SDI. Nesse momento, ele copia no chat
do novo link todas as respostas que recebeu e coordena em diálogo, a
construção do texto representante do grupo; novamente atento para que
todos se sintam representados. Ainda com o uso do WhatsApp, o líder
compartilha o link do grupo ao professor, que poderá visitar os grupos.

6. Depois da construção do texto, o líder orienta para que todos voltem ao


link inicial criado pelo professor. O que se segue é o mesmo orientado nas
etapas 5 e 6 da primeira alternativa.

SDI APLICADA COMO MÉTODO DE PESQUISA

Para utilização da SDI como instrumento de pesquisa para coleta de


dados, recomendamos que sua a aplicação seja realizada em dois momentos:
Primeiramente, como teste, (experiência piloto) que servirá como parâmetro,
para realizar, finalmente, a coleta desejada.

Com base nos dados obtidos, o pesquisador organiza uma oficina


pedagógica para ser trabalhada com os atores sociais. Após esta oficina, ele se
aprofunda nos estudos sobre o objeto de estudo e realiza uma segunda SDI com
os mesmos questionamentos aplicados na primeira. Esta segunda SDI se
configura como a coleta final dos dados da pesquisa a ser submetida a um
estudo comparativo com os dados obtidos no projeto piloto e na realização da
primeira SDI. Esse cruzamento de dados iniciais e finais pode compor o
fechamento da Dissertação ou Tese.

Lembramos que a SDI é uma metodologia ativa alicerçada nos aportes


teóricos da Hermenêutica Filosófica de Gadamer, na dialogicidade de Freire, e
no paradigma da Complexidade segundo Edgar Morin. Sendo essencialmente
dialética e dialógica, permite adaptações através de novas ferramentas on-line e
plataformas. O importante é preservar a dinâmica da SDI, com a utilização do
CHD, Círculo Hermenêutico-Dialético, que significa o vai-e-vem de construções
e reconstruções por cada participante sozinho, na reunião dos pequenos grupos
e na volta ao grupo inicial de todos os participantes.

Para auxiliar na preservação da dinâmica, apresentamos a figura a seguir


com os passos básicos que guiam a aplicação da técnica em contexto de salas
de aula ou como coleta de dados, em pesquisas que privilegiam a abordagem
qualitativa.
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