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Hermenêutica e

Argumentação Jurídica
Unidade 1
Lucas Cruz Neves
Hermenêutica Clássica
HERMENÊUTICA JURÍDICA
• F. Gény: todo conhecimento humano desdobra-se
em dois aspectos: princípios e aplicações.
• Hermenêutica: Princípios.
• Interpretação: Aplicações.
Interpretação
• Paulo Nader: “A efetividade do direito depende, de um lado,
do técnico que formula as leis, decretos e códigos e, de outro
lado, da qualidade da interpretação realizada pelo aplicador
das normas.”
• Interpretar: Interpres (indivíduo que na Roma antiga “lia” as
entranhas dos mortos). É revelar o significado de uma
expressão verbal, artística ou constituída por um objeto,
atitude ou gesto. É buscar o verdadeiro sentido das coisas.
Interpretação do Direito
Interpretar o Direito:
• a) revelar o seu sentido;
• b) fixar o seu alcance.
Interpretação do Direito
• Paulo Nader: Fixar o sentido de uma norma jurídica é descobrir a sua
finalidade, é por a descoberto os valores consagrados pelo legislador,
aquilo que teve por mira proteger. Fixar o seu alcance é demarcar o campo
de incidência da norma jurídica, é conhecer sobre que fatos sociais e em
que circunstâncias a norma jurídica tem aplicação.
• Roberto de Ruggiero: Não apenas a lei é interpretável, não apenas o
Direito escrito, mas toda forma de experiência jurídica.
Formas de Interpretação
• Declarativa. O intérprete chega à constatação de que as palavras
expressam, na medida exata, a “mens legis”.
• Restritiva. O legislador diz mais do que queria dizer. O intérprete deve
restringir a amplitude das palavras. Ex. A lei diz descendente quando
deveria dizer filho.
• Extensiva. O legislador diz menos do que queria dizer. O intérprete deve
ampliar o campo de incidência da norma em relação aos seus termos.
Ex. A lei diz filho quando deveria dizer descendente.
• Autêntica.
• Doutrinária.
• Judicial.
LICC
• Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro.
Decreto-Lei nº 4.657, de 04 de setembro de 1942.
(...)
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.
Hermenêutica Contemporânea
Zetética e Dogmática
• ZETÉTICA: ZETEIN, que significa perquirir, perseguir.
• DOGMÁTICA: DOKEIN, que significa doutrinar,
ensinar.
• * Tércio Sampaio Feraz Junior. Introdução ao Estudo
do Direito. p. 41.
Disciplinas Zetéticas e Dogmáticas
• Disciplinas gerais  espaço aberto  fenômeno jurídico (estudo filosófico
e social do direito)  Hermenêutica Jurídica, Sociologia do Direito,
Antropologia Jurídica, Psicologia Jurídica, História do Direito, Filosofia do
Direito (teoria do direito em sentido estrito).

• Disciplinas Dogmáticas  (estudam questões finitas).


Não há pesquisa independente.
Adotam o princípio da legalidade instituído pela CF
DISCIPLINAS: Direito Civil, Comercial, Constitucional, Processual, Penal,
Tributário, Administrativo, Internacional, Econômico, Trabalho,
Previdenciário, Militar, Eleitoral.
Norma Jurídica (decisional)
• NORMA JURÍDICA  ao interpretar os textos
normativos, o jurista (SUJEITO)  terá a
compreensão do fenômeno jurídico (OBJETO) 
mediante um instrumento (LINGUAGEM).
• LINGUAGEM  instrumento de compreensão e
interpretação.
Norma Jurídica
• INTÉRPRETE  interpreta textos normativos e fatos  concomitantes
(fenômeno jurídico).
• Por ser a interpretação constitutiva e não declaratória  ela vai além... O
que é ir além? A interpretação também é aplicação = compreende os
textos normativos e os fatos. Passa pela produção das normas.
• Metáfora da Vênus de Milo.
Produção de normas decisionais

• PRODUÇÃO DE NORMAS  Deve ser ponderada


para chegar à solução de um caso concreto (norma
de decisão)  expressa na decisão jurídica.
Caráter alográfico do direito
• Há dois tipos de artes { 1 – alográficas.
{ 2 – autográficas.
• 1 – Alográficas (música e teatro)  A obra se completa apenas com o
concurso de dois personagens {a) autor; b) intérprete}.
• 2 – Autográficas (pintura e romance)  O autor contribui sozinho para a
realização da obra. A obra, objeto da interpretação é contemplada apenas
pelo autor.  A compreensão visa à contemplação estética
independentemente da mediação de um intérprete.
Caráter alográfico do direito
• ALOGRAFIA:  A interpretação musical e teatral importa em
compreensão + reprodução.
• DIREITO É ALOGRÁFICO  O texto normativo não se completa
no sentido nele impresso pela legalidade. A completude do
texto somente é atingida quando o sentido por ele expresso é
produzido pelo intérprete.
Textos e Fatos
• 1 - A interpretação do DIREITO opera uma mediação entre o
caráter geral do texto normativo e sua aplicação particular.
• 2 – As normas resultam da interpretação dos textos
normativos.
• 3 – Texto e norma não se confundem. A norma é a
interpretação do texto.
Textos e Fatos
• TEXTOS  a) disposições
• b) preceitos
• c) enunciados
•  interpretação (transformação)   NORMA.
• Conjunto de textos   É um ordenamento em potência.
•   É um conjunto de possibilidades de interpretações.

• ORDENAMENTO   É o conjunto de interpretações (normas) no seu


valor histórico-concreto.
Significado
•   É o resultado da tarefa interpretativa. SIGNIFICADO DA NORMA

•   É produzido pelo intérprete.

• O TEXTO NADA DIZ. ELE DIZ O QUE O INTÉRPRETE DIZ QUE ELE DIZ.  Paul
Ricoeur. Interpretação e Ideologia. (PHRÒNESIS: Revista de Ética da
Puccamp).
Significado
• NORMA JURÍDICA  É produzida para ser aplicada a um caso concreto.
• APLICAÇÃO  É a formulação de uma sentença judicial (norma de
decisão) que significa a concretização do direito.
• PONTO DE PARTIDA:
a) textos normativos
b) fatos
•   NORMA JURÍDICA   alcança-se a NORMA DE DECISÃO que
confere solução ao caso concreto.
Interpretar
• INTERPRETAR:
• Vai do caráter geral ao Particular
• Transcendente ao Contingente
• Opera a inserção dos textos (Direito) ao Mundo do Ser = Mundo da Vida
• Pergunta: A interpretação/aplicação do direito é uma ciência?
• NÃO. É uma prudência.
• O saber prático (Phrónesis de Aristóteles). Intérpretes (juristas ou
operadores do direito) tratam da jurisprudência NÃO da iuris scientia.
Discricionariedade na interpretação?
INTERPRETAÇÃO:
•  O intérprete está atado pelo texto narrativo e pelos fatos.
•  Juízo de Legalidade. Interpretar o direito é formular juízos de
legalidade.
• DISCRICIONARIEDADE:
 Exercê-la é formular juízos de OPORTUNIDADE (escolhas entre
indiferentes jurídicos).
Pautas para a interpretação
• 1 – A interpretação do direito como um todo.
Não se interpreta o direito em tiras ou pedaços.
Ponto de partida:  Um texto isolado não expressa significado normativo
algum.
• 2 – A finalidade é a criadora do direito. Não existe nenhuma norma ou
instituto jurídico que não deve sua origem a uma finalidade.
GOVERNO  necessita de normas-objetivo e cria   POLÍTICAS
PÚBLICAS   com fins múltiplos.
A definição está nos textos normativos que consubstanciam as normas-
objetivo.

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