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A obra Frei Luís de Sousa foi escrita por Almeida Garrett e representa ambos os géneros
dramáticos: tragédia clássica e drama romântico. No primeiro caso, porque envolve uma
catástrofe, simplicidade e índole. No segundo caso, porque é utilizada linguagem dramática, a
composição é em prosa e existe o objetivo de ensinar algo.
Almeida Garrett baseou-se na sua vida pessoal para escrever este drama, tendo em conta a
situação íntima e socialmente insustentável que fora criada pelas imposições da Igreja católica.
Por outro lado, o drama também tem em conta o lado histórico de Portugal e das
consequentes relações que neste tempo se estabeleceram ou existiram.
2. Conflito/ Ato I, cena 3 até Ato III, cena 9 – evoluir do conflito e clímax
ATO I
Cena 1
Cena 2
Telmo entre e começa a falar com Madalena sobre o seu marido, Sr. Manuel de Sousa
Coutinho e, mais tarde, sobre a filha do casal: Maria
Maria tem 13 anos (número do azar) e cresceu demais, tornando-se numa
personagem fora do contexto temporal e numa pessoa frágil, débil
Telmo diz que Maria é um anjo, devido à sua pureza, brandura e inocência
Madalena, mais tarde, confessa a Telmo que, após a partida de D. João de Portugal
(que a deixou viúva e órfã. Esta última porque a relação que Madalena estabeleceu
com D. João não foi amorosa, mas paternal), foi Telmo quem passou a ser um pai para
si e foi a Telmo que obedeceu como filha
Madalena refere que procurou D. João por todo o mundo, mas que, sem resultados
positivos, não restou dúvidas de que este estaria morto. Telmo rapidamente afirma
que ainda lhe restam dúvidas
D. João estava desaparecido há 21 anos
Telmo confessa que Manuel nunca seria o espelho de D. João
Madalena disse que o seu casamento com Manuel partira do consenso e aceitação de
todos e que Maria fora uma bênção de Deus. Porém, disse a Telmo que este estava
sempre a reviver o seu passado com a pequena Maria e que esse facto era suficiente
para as desonrar – era uma dúvida fatal
Por último, Madalena pede a Telmo que vá ter com Frei Jorge Coutinho para ver se
este tem notícias do irmão (Manuel de Sousa Coutinho).
Cena 3
Maria entra em cena e diz a Telmo que está à espera que este lhe conte o romance
que lhe prometeu, relativo ao el-rei D. Sebastião, que ainda poderá estar vivo
Madalena, ao ouvir isto, diz que isso é a imaginação do povo a falar
Porém, nunca uma pura falsidade chega a obter crédito total
Maria diz que o seu pai também não pode sequer ouvir falar no regresso de D.
Sebastião e, confusa, pergunta se ele está do lado de D. Filipe.
Madalena começa a chorar e Maria consola-a. O assunto é posto de parte
Indícios da doença de Maria (tuberculose)
Cena 4
Maria pergunta à mãe porque é que os seus pais estão sempre preocupados consigo.
Madalena responde-lhe que é por a amarem tanto, mas Maria diz que não estará
relacionado com isso e que ouve coisas e lê olhos.
As flores que Maria trazia murcharam. Eram flores do sono, para a fazerem dormir e
não sonhar (papoilas)
Maria pergunta-se ainda porque não podia ela ser aquilo que o seu pai sempre quis
Cena 5
Jorge chega com notícias más: os governadores querem sair da cidade e hospedar-se
na casa de Madalena.
Maria ouve o seu pai chegar (mais um indício da sua doença, dado que mais ninguém o
ouviu).
Cena 6
Miranda (empregada) diz que Manuel chegou. Madalena espanta-se com o facto de
Maria ter mesmo bom ouvido (pode significar que não tem noção de que a sua filha
está doente)
Jorge diz que a fantástica audição de Maria é um “terrível sinal naqueles anos”
Cena 7
Manuel chega e diz à sua família que têm de sair de casa porque Luís de Moura
(arcebispo) e os outros governadores se vão, efetivamente, hospedar na sua casa. Dá
ordens para arrumarem as coisas mais importantes o mais rapidamente possível.
Maria fica radiante com a decisão e Madalena pede para falar a sós com Manuel,
tendo ficado atormentada
Maria vai com o seu tio, Jorge, arrumar as suas coisas: livros e papéis; segredos
Cena 8
Manuel tinha dito a Madalena que iriam para a antiga casa de Madalena: casa de D.
João de Portugal
Madalena suplicou para que não o fizessem, mas Manuel acabou por iniciar um
discurso no qual refere que ela não tinha de se preocupar com o passado porque o seu
coração e as suas mãos estavam puras
Cena 9
Cena 10
Cena 11
Manuel incendeia a própria casa e faz antecipadamente uma analogia sobre a morte
de seu pai e a sua possível morte
Cena 12
Madalena espanta-se com o ato do seu marido e este responde-lhe que ilumina a sua
casa para aqueles que a queriam invadir.
Com isto, o retrato de Manuel é também incendiado – indício da morte do amor de
Madalena por Manuel e, consequentemente, da união entre estes
Todos fugiram
ATO II
Cena 1
Maria arrasta Telmo para uma sala, para finalmente conversarem. Têm o cuidado de
não fazer barulho para não acordar Madalena que não dorme há oito dias, desde que
estão naquela casa.
Maria confessa que o incêndio a fascinou, apesar de ter destruído a sua mãe. Agora,
era Maria quem tinha de se fazer de forte e sensata/discreta, que tinha de fingir não
acreditar nos destinos e presságios, apesar de neles acreditar fortemente. Tinha a
noção de que uma desgraça estava por vir.
Telmo diz-lhe que justiça será feita e que o seu pai, Manuel, é um exemplo de Homem,
apesar de só agora lhe ter começado a dar o devido valor.
Maria dirige-se para os três retratos ao fundo da sala e, apontando para o de D. João
de Portugal, pergunta a Telmo de quem se trata. Inicialmente este não lhe disse toda a
verdade, mas Maria, que já o conhece, tentou perceber o porquê de tanto mistério.
Cena 2
Entra Manuel, que diz a Maria que o retrato misterioso é de D. João de Portugal
Manuel pergunta a Maria por Madalena e esta responde-lhe que a mãe está outra
pessoa, mas que continua a dormir
Cena 3
Cena 4
Cena 5
Madalena diz-se curada dos maus pensamentos e pede a Manuel para que não saia de
perto de si
Manuel diz que é sexta-feira (dia da paixão de Cristo) mas que tem de ir a Lisboa e
volta à noite (a noite está associada ao romantismo)
Jorge fica a fazer companhia a Madalena e Maria vai com o pai
Cena 6
Madalena diz a Manuel que não quer que Telmo fique no palácio a fazer-lhe
companhia, ao invés de ir acompanhar Maria. E assim foi.
Cena 7
Cena 8
Madalena pede precaução e Manuel diz que nada vai acontecer, que Maria só vai
conhecer Joana de Castro
Rapidamente a história de amo desta surge na conversa: “depois de tantos anos de
amor… e convivência… condenarem-se a morrer longe um do outro, sós, sós! E quem
sabe se nessa tremenda hora... Arrependidos! (…)”
Cena 9
Jorge pensa que o mal se instalou nos corações da sua família e, talvez, também se
instalará no seu
Cena 10
Hoje, sexta-feira, faz anos que Madalena casou com D. João I, que se perdeu el-rei D.
Sebastião e que Madalena viu pela primeira vez Manuel de Sousa
Crime: Madalena amou Manuel assim que o amou~
Cena 11
Miranda chega a casa com um recado; um romeiro, que vem de Roma e dos Santos-
lugares, quer ver e falar a Madalena
Madalena diz a Miranda para o trazer perto de si, já que este insiste em falar com
Madalena e não com Jorge
Cena 12
Cena 13
Cena 14 - CLÍMAX
O romeiro diz que viveu 20 anos nos Santos-Lugares e que é português. Teve uma vida
miserável, sem filhos e “perdeu” a família
Fez um juramento há um ano atrás, de que iria estar ali, hoje, diante de Madalena, a
pedido de D. João de Portugal, para lhe dizer que este ainda está vivo, para mal de
muitos
Madalena fica atormentada, assustada, perdida ao saber isto
Cena 15
Atualmente, o tema do homem que vai para longe e que, de certo modo, abandona a sua
família para descobrir novos mundos (ou até para se descobrir a si mesmo), faz ainda parte da
nossa realidade, dado que vivemos num mundo de guerras, conflitos, interesses e
curiosidades.