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FACULDADE DE TALENTOS HUMANOS – FACTHUS

LUIZA BARBOSA BORGES


MÁRCIO MARCELO GONTIJO JÚNIOR
OCTÁVIO AGUIAR FERREIRA
RAFAEL CUNHA LEMOS
SARAH NAYANA RODRIGUES SILVA

DIREITO HEBREU

UBERABA – MG
2017
LUIZA BARBOSA BORGES
MÁRCIO MARCELO GONTIJO JÚNIOR
OCTÁVIO AGUIAR FERREIRA
RAFAEL CUNHA LEMOS
SARAH NAYANA RODRIGUES SILVA

DIREITO HEBREU

Trabalho apresentado como


requisito parcial de avaliação da
disciplina História do Direito,
ministrado pelo professor Antônio
Ricardo.

UBERABA, MG
2017
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SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO. 1.1 HISTÓRIA DO POVO HEBREU. 2 DIREITO


CIVIL. 3 DIREITO PENAL 3.1 ADULTÉRIO. DIVÓRCIO. 3.3 CONCUBINATO E
ESTUPRO. 4 DIREITO AMBIENTAL. 5 DIREITOS HUMANOS. 6 O DIREITO
TALMÚDICO E O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DA TRADIÇÃO ORAL.
7 ATUALIDADE. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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1 INTRODUÇÃO

Para entendermos melhor o surgimento do Direito Hebraico, iremos dar inicio


primeiro a história do Povo Hebreu, pois a história deles se reflete em nossa historia até
os dias de hoje, principalmente em nossos direitos e deveres diante do outro, diante da
sociedade ou diante de um pequeno grupo. Nós como iniciantes do Direito, já estamos
passando por essa experiência porque sempre estamos lidando com grupos, aprendendo
que quando todos cumprem o seu dever garantimos o nosso direito de enriquecer ainda
mais nosso conhecimento e de conviver em sociedade. Apenas por curiosidade, a
palavra “hebreu” tem um significado que vem de Éber, que significa terra entre dois
Rios, pois logo no inicio da história, veremos que o povo Hebreu vivia na Mesopotâmia,
que fica entre dois rios. O Rio Tigres e o Rio Eufrates.
O povo Hebreu também nos ensina que através do nosso próprio trabalho, do
suor do nosso rosto, podemos sobreviver, mesmo que tenhamos que se deslocar.
Percebe-se também o direito de ir e vir, pois nessa época eles se instalavam e tinha uma
facilidade em se adaptar em qualquer lugar que garantisse a sobrevivência.
Deixou também para nós o aprendizado em conviver em grupos e a respeitar a
religião de cada um, pois atualmente existem várias religiões.

1.1 HISTÓRIA DO POVO HEBREU

A História do Povo Hebreu tem inicio na Mesopotâmia, terra de Ur. Eles são
conhecidos como nômades (pessoas que não tem moradia fixa), de tempos em tempos
eles se descoloravam para manter sua sobrevivência através de plantios e criações de
animais, como cabras, ovelhas, etc.
A maneira como se organizavam eram muito interessante, pois se dividiam em
grupos, e todos os grupos tinham um líder denominados Patriarcas. A cultura do povo
Hebreu se baseava na Religião Politeísta, crença em vários deuses, eles também tinham
os costumes de oferecer rituais aos deuses e também acreditavam muito em astrologia.
Um desses líderes se destacou na história hebraica, que foi Abraão. Abraão se destacou
por ter um primeiro contato com Deus, nesse momento nasce uma nova religião
denominado de religião Monoteísta, crença em apenas um só Deus, conforme hoje
vemos atualmente.
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Nós conhecemos através da Bíblia, que Deus conversou com Abraão


prometendo que ele seria um grande homem e que de sua descendência sairia uma
grande nação, porém para que essa promessa se cumprisse Abraão teria que se deslocar
de onde estava e ir para uma terra chamada Palestina, conhecida como a Terra
Prometida ou terra de Canaã. Abraão assim faz, sai da Terra de Ur e se desloca para
Palestina. Para o povo Hebreu não foi difícil de adaptarem, afinal eles já possuíam
experiência em plantios e criação de animais. A promessa na vida de Abraão se
cumpriu, pois ele se tornou um grande homem ali naquele lugar e sua família continuou
crescendo. No entanto, tempos se passaram e houve uma grande seca na Palestina,
sendo esse o motivo para eles saírem da Palestina e ir para uma terra chamada Egito,
pois a terra ali era muito fértil e iria garantir a sobrevivência de todos.
O Povo Hebreu chegando ali viu que a sociedade era regida pelos faraós e que a
cultura deles eram a mesma que eles acreditavam antes de acreditarem em um só Deus,
a Religião Politeísta. Ali no Egito, o povo Hebreu influenciou muito na Economia, pois
tinham muita facilidade em plantios e experiência em comércio enriquecendo então os
faraós. Os faraós percebem que se os Hebreus se deslocassem dali a economia seria
prejudicada, então fizeram os Hebreus de escravos. Nessa época nascia ali, um menino
de um casal de Hebreus, porém o Faraó aproveitando de todo o seu poder monárquico
exigiu que todos os bebês meninos que nascessem fossem mortos, mas a mãe desse
bebê conseguiu esconde-lo por algum tempo apenas e logo foi descoberto. O bebe do
casal Hebreu é colocado em uma cesta e em um rio e logo após é encontrado por uma
das filhas de Faraó que logo dá o nome a ele de Moisés, que significa Nascido das
águas.
Moisés cresce ali junto com os costumes da sociedade egípcia. Depois de ter se
tornado um homem, Moisés presencia uma cena de crueldade com o Povo Hebreu,
nesse momento Moisés se ira e mata o Egípcio que maltratava um dos Hebreus, ele
então desesperado foge dali para outro lugar. Depois de algumas caminhadas ele
encontra uma cidade chamada Mídia, onde também assim como Abraão tem seu
primeiro contato com Deus. Moisés se casa e tem filhos, dando inicio a outra vida.
Assim como Deus falou com Abraão, Deus também diz a Moisés para voltar ao
Egito e salvar o Povo Hebreu da escravidão dos Faraós e também para que retornem a
Terra Prometida. Esse retorno é chamado de Êxodo. O povo Hebreu começam a clamar
pela misericórdia de Deus para que sejam libertados da escravidão e Moisés será o
homem que irá receber esta missão.
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De inicio Moisés não compreende muito esta missão, pois jamais imaginaria que
ele seria um Hebreu, mas mesmo assim segue o que Deus diz.
Nesse momento com a morte de Abraão, Moisés se torna sucessor de Abraão.
Chegando ao Egito, Moisés entra em contato com o Faraó, e diz para ele libertar os
Hebreus, pois Deus havia mandado que os libertasse. O Faraó não conhecia quem era
Deus, e, portanto negou todos os pedidos de Moisés.
Foram várias tentativas para que o Faraó libertasse o povo Hebreu, e cada vez
que o pedido era negado, o povo Egípcio recebia vários tipos de pragas enviadas por
Deus. Mas a pior delas foi a morte do primogênito do Faraó. Depois da morte do filho
mais velho do Faraó, é que o povo Hebreu é liberto.
Mas, infelizmente, enquanto o Povo Hebreu está a caminho do seu destino, o
Faraó arrepende-se de tê-los libertado, e envia seus soldados com a ordem de matar
todos.
Diante de tudo isso, Moisés chega num momento em que se depara com um mar,
chamado O Mar Vermelho e Deus diz a Moisés: “Moisés, bata o seu cajado no chão”,
então assim o fez e o mar abriu, todos ficaram admirados. Moisés pede para que todos
passem e assim o povo Hebreu passou em terra seca, por dentro do mar.
Chegando do outro lado do mar, Moisés junto com o povo Hebreu caminha
muitos anos para chagar na Terra Prometida. Nessa longa caminhada, Moisés recebe de
Deus, o Decálogo, conhecido como os Dez Mandamentos, pois seria a lei escritas que
eles seguiriam para manter a ordem entre eles.

2 DIREITO CIVIL

A cultura do povo hebreu, nos primórdios da civilização, já se preocupava com


questões de ordem sociais, morais, econômicas e culturais. Existiam normas dentro do
Pentateuco, ou Torah, como eram chamados os cinco livros de Moises, que possuíam a
finalidade de regulamentar a ordem social, de negócios jurídicos, propriedades,
casamento, herança, etc. Eram leis de caráter civilista.
Os negócios jurídicos existiam há mais de dois milénios antes de Cristo, como
provam os documentos incontestáveis encontrados na Mesopotâmia e seus arredores.
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Os credores poderiam cobrar de seus devedores, mas eram limitados a fazê-lo


sem invadir a propriedade do devedor, não podendo humilha-lo em seu recinto ou
deixa-lo sem condições de trabalho. Nota-se nesta passagem do Deuteronômio:

| Não tomarás em penhor ambas as Mós, nem mesmo a Mó de


cima, pois se penhoraria assim a vida. (DT 24:6).

Assim como a dignidade da pessoa humana, preceito fundamental que rege os


princípios da nossa sociedade nos tempos atuais era percebido naquela época:

| Porém se ele for pobre, não te deitarás com o seu penhor. Em


se pondo o sol, restituir-lhe-ás sem falta o penhor, para que
possa deitar-se no seu manto. Então ele te abençoará, e isto será
para ti justiça diante do Senhor teu Deus. (DT 24:12-13).

É possível perceber, diante de ambas as passagens citadas acima, a semelhança


entre os princípios normativos existentes. No caso, a inviolabilidade do asilo da pessoa,
sendo expressamente proibida pela Constituição Federal a invasão de domicilio de um
cidadão que não em caso de extrema urgência ou autorização legal.
Possível perceber, também, a semelhança entre o principio da dignidade humana
e da justiça gratuita, em que o Estado deverá atuar em favor daqueles menos
favorecidos que necessitam de amparo judicial.
O direito hebreu também instituiu a herança como norma legal, trazendo seus
herdeiros necessários e o amparo daqueles que dependiam da herança. Institutos
igualmente parecidos com o nosso direito atual.

| Quando alguém morrer e não tiver filho, transmitireis a sua


herança à sua filha (NM 26:8).

Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e


testamentários. (Art. 1.784, CC).

| Se não tiver filha, então dareis a sua herança aos irmãos de seu
pai. (NM 26:9).
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São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. (Art.


1.845, CC).
Em relação ao casamento, também havia normas que regulamentassem o fato e
suas consequências legais.

| Se um homem tomar uma mulher, casar-se com ela, e está


depois deixar de lhe agradar por ter ele achado nela qualquer
coisa indecente, escrever-lhe-á uma carta de divórcio, e lhe dará
na mão, e a despedirá da sua casa (DT 24:1).

Qualquer dos cônjuges poderá propor ação de separação judicial, imputando ao


outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne
insuportável a vida em comum. (Art. 1.572, CC).
Outro fato interessante que existia na época e também encontra arrimo no direito
pátrio atual é o instituto da responsabilidade civil. Nos termos seguintes:

| Quando construíres uma casa nova farás um parapeito ao redor


do terraço, para que não tragas sangue sobre tua casa, se alguém
cair dela (DT 22:8).

Aquele que, por ato ilícito, causa dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (Art.
927, CC).
Portanto, muito do nosso direito material civil já existia no povo hebreu, muito
antes da formação das grandes civilizações. Eram formas de manter a sociedade em
ordem, levando em consideração a vontade divina, haja vista o direito ser inteiramente
conectado à crença do povo à época.

3 DIREITO PENAL

A cultura hebraica sofreu muita influência da cultura Mesopotâmica,


principalmente na época dos Reis, com o constante intercâmbio entre as duas nações. A
base do Direito Penal hebreu também era a Lei de Talião, onde as penas cruéis são
presença constante.
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| Então disse o Senhor a Moisés: assim dirás aos filhos de Israel


vistes que dos céus eu vos falei.
Quem ferir a outro de modo que este morra, também será
morto.
Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé. (EX 20,
21:2-12-24).

Caberia ao juiz decidir, de acordo com as especificidades de cada caso, a


aplicação da pena.
Outro detalhe importante é que para o Direito Penal hebreu, a pena não poderia
passar da pessoa do criminoso. É o Princípio da Individualização da Pena.

| Os pais não serão mortos em lugar de seus filhos, nem os filhos


em lugar de seus pais: cada qual será morto pelo seu pecado.
(DT 24:16).

Outro aspecto moderno e inovador da lei penal dos hebreus era o fato de ações
involuntárias não serem passíveis de punição, entretanto, por precaução, o autor do
delito era exilado. Os hebreus não permitem a penalização do que cometeu homicídio
“sem querer”.

| [...] aquele que matar seu próximo involuntariamente, sem tê-


lo odiado antes: ele poderá então se refugiar numa daquelas
cidades, ficando com a vida salva; para que o vingador do
sangue, enfurecido, não persiga o homicida e o alcance. (DT 19,
11-12)
.

3.1 ADULTÉRIO

O peso maior do crime de adultério está sobre a mulher casada, mas, nessa
legislação, também há previsão de incriminação ao homem.
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| Se um homem for pego em flagrante deitado com uma


mulher casada, ambos serão mortos, o homem que se deitou
com a mulher e a mulher. (DT 22, 22).

3.2 DIVÓRCIO

Todos os povos da Antiguidade preveem divórcio. Este só começou a ser


proibido a partir do Cristianismo. Na legislação Mosaica somente os homens podem
divorciar-se, mesmo assim, teria que haver algo „vergonhoso‟ na esposa para que o
esposo pudesse repudiá-la.

| Quando um homem tiver tomado uma mulher e consumado


o matrimônio, mas este logo depois não encontra mais graça a
seus olhos, porque viu nela algo de inconveniente, ele lhe
escreverá então uma ata de divórcio e a entregará, deixando-a
sair de sua casa em liberdade. (DT 24, 1).

3.3 CONCUBINATO E ESTUPRO

No Deuteronômio o concubinato é considerado como algo normal.

| Se alguém tiver duas mulheres [...] e ambas lhe tiverem dado


filhos (DT 22, 15).

O estupro sem pena para a vítima é previsto nessa legislação, embora somente
em um caso específico: o da mulher ter sido violentada em um lugar onde poderia ter
gritado sem que ninguém a ouvisse.

| Se houver uma jovem virgem prometida a um homem, e um


homem a encontra na cidade e se deita com ela, trarei ambos à
porta da cidade e os apedrejareis ate que morram: a jovem por
não ter gritado por socorro na cidade e o homem por ter abusado
da mulher de seu próximo. Contudo, se o homem encontrou a
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jovem prometida no campo, violentou-a e deitou-se com ela,


morrerá somente o homem que se deitou com ela. Nada farás à
jovem porque ela não tem pecado que mereça a morte.

Diferentemente do Direito Mesopotâmico, a mulher na sociedade hebreia não


tinha capacidade civil, enquanto solteira pertencia ao pai, e depois de casada ao marido.

4 DIREITO AMBIENTAL

Nos textos antigos da bíblia, é possível perceber que existem textos voltados
para a preservação da natureza. Apesar de não existir um “código ambiental”, algumas
“leis” no texto antigo da bíblia, demostra a preocupação com a terra, arvores e animais.
São poucas as menções, dessas escrituras que visavam preservar o ambiente, porém é
uma grande evolução para a época, pois em um momento em que direitos e deveres
estão sendo constituídos para o convívio harmônico entre as pessoas em sociedade, já
está se pensa também na importância de preservar o ambiente em que se vive e os
animais que coexistem com os humanos.
Rodrigo Freitas Palma destaca cinco momentos distintos em que fica clara as
leis de cunho ambiental. “A lei sobre o Descanso Sabático da Terra” - também a terra
vista como sujeito de direitos deve ser cultivada nos seis primeiros anos e no sétimo
deve “descansar”.

| Seis anos semearas a tua terra, e recolheras os seus frutos, mas


no sétimo ano a deixarás descansar, para que possam comer os
pobres do teu povo, e da sobra, comam os animais do campo.
Assim farás com a tua vinha e com o teu olival. (EX 23:10-11).

| Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha,
e colherás o seus frutos. Porém no sétimo ano a terra terá o seu
sábado de descanso, um sábado Senhor. O que nascer de si
mesmo da tua seara não podada não colherás (LV 25:1-7).
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Nessa lei ocorre a preservação do solo, “o descanso da terra”, por mais que esta
lei esteja baseada em questões divinas, não se pode ignorar o fato de que a terra é vista
como algo muito importante, de maneira a possuir até mesmo direito (cuidados).
Segundo: “A proibição do Desmatamento indiscriminado-Esta interessante regra
visa coibir os eventuais desatinos durantes as guerras de cerco”.

| Quando situares uma cidade por muitos dias combatendo


contra ela para tomar, não destruas as suas arvores, metendo
nelas o machado, porque de seu fruto comerás. Não as cortaras
(DT 20:19-20).

Nessa lei é a clara a preocupação com as arvores, principalmente frutíferas, pois


proíbe que elas sejam cortadas, pois essas árvores fornecem alimentos, então de certa
maneira demonstra uma preocupação quanto à fonte de alimento (recursos), deixando
clara a importância dessas arvores. Mesmo as arvore não frutíferas só podem ser
cortadas para edificar baluartes, ou seja, é uma exceção a regra.
Terceiro: “Os Cuidados para com o Entorno - Eis aqui uma nítida preocupação
com a limpeza do arraial”.

| Também terás um lugar fora do acampamento para as tuas


necessidades. Entre as tuas armas terás armas terás alguma coisa
com que cavar, e quando defecares, cavarás e cobriras os teus
excrementos (DT 23:13-14).

Essa lei, presa não apenas pelo ambiente, mas também pela higiene.
Quarto: “A preocupação com a Vida e a Perpetuação das Espécies - Entre os
israelitas já havia uma consciência do quão desumano era o ato de promover a
erradicação de qualquer espécie, pois na visão judaica todas as criaturas foram feitas por
Deus”.

| Se encontrares no caminho um ninho de ave, numa arvore ou


no chão, com passarinho, ou ovos, e a mãe posta sobre os
passarinhos, ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhos.
Deixarás ir livremente à mãe, para que te vá bem e prolongues
ou teus dias (DT 22:7-8).
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Essa lei preserva os animais, o texto trata especificamente de aves, porem fica
claro segundo Rodrigo Freitas Palma que existe a preocupação com a vida, e que
animais são seres de Deus, dessa maneira devem ser protegidos de igual.
Quinta: “A Obrigação de preserva a vida dos Animais- A obrigação do homem é
amparar qualquer ser vivo”.

| Se vires o jumento, ou boi, que pertencem a teu irmão, caído no


caminho, deles não te desviarás, mas sem falta o levantarás (DT
22:4).

Nessa lei mais uma vez é percebida a preocupação com os animais, onde a
pessoa tem obrigação de preservar e intervir, se necessário, para proteger a vida de um
animal mesmo que esse não seja dele, pois a vida do animal é importante.

5 DIREITOS HUMANOS

Naquela época os direitos humanos não eram tão fortes como hoje, eram muito
comuns penas cruéis, penas de mortes de formas dolorosas (morte por apedrejamento,
por exemplo). Contudo mesmo assim é possível notar nos textos do antigo testamento,
algumas preocupações com a vida humana, entre os dez mandamentos há a preservação
da dignidade humana, da vida e etc.
No antigo testamento, a pessoa estaria isenta de qualquer punição se matasse
uma pessoa que estivesse tentando roubar/furtar sua casa, para o direito hebraico não
havia distinção entre furtar e roubar.
As principais referências de direitos humanos no direito hebraico é a proteção de
certos grupos de “vulneráveis”, (viúvas, os órfãos, estrangeiros e os pobres). Algumas
referências no antigo testamento referente aos Direitos Humanos:

| Ele faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-


lhe alimento e vestes. Amai o estrangeiro, dando-lhe alimento e
vestes. Amai o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do
Egito (DT 10:18-19).
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| O estrangeiro não afligirás, nem oprimirás, pois estrangeiros


fostes na terra do Egito. A nenhuma viúva nem órfão afligireis.
Se de alguma maneira os afligirdes, e eles clamarem a mim, eu
certamente ouvirei o seu clamor (EX 22:21-23).

| Quando fizeres a colheita da tua terra, não a sagaras totalmente


nem colherás as espigas caídas da tua messe. Semelhantemente
não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua
vinha. Deixá-los-ás para o pobre e para o estrangeiro. Eu sou o
Senhor vosso Deus (LV 19:9-0)

No direito hebraico, no antigo testamento, esses grupos eram protegidos, pois


em geral eles já teriam muitas dificuldades, tendo em vistas que seus direitos já eram
limitados, então para amenizar suas situações, era condicionado que a própria sociedade
deveria prestar auxílio a esses grupos. Para época é uma grande evolução do direito,
pois por menor que seja já estava ocorrendo uma preocupação com os direitos da pessoa
humana.

6 O DIREITO TALMÚDICO E O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DA


TRADIÇÃO ORAL

Quanto à terminologia, cinco terminologias aparecem nos manuais jurídicos:


“Direito hebraico”, “Direito israelita”, “Direito mosaico”, “Direito judaico” e “Direito
talmúdico”. As três primeiras podem ser consideradas sinônimas, utilizada quando se
tem objetivo de fazer menção àquelas leis desenvolvidas e em voga entre os antigos
israelitas dede o tempo de Moisés até a queda do templo, no ano 70 d.C.
Tantas nomenclaturas foram incorporadas ao dia a dia da religião judaica e a
principal delas é “Direito Talmúdico”. A justificativa para essa expressão é que o
Talmude (consolidação literária judaica das leis, costumes, tradições e filosofia) deve
ser compreendido como estrutura independente (PALMA, 2011).
A transmissão oral dos conhecimentos por essa cultura hebraica milenar tomou
corpo na chamada Era Comum. Após a conquista romana de Jerusalém e a destruição
do templo (70 d.C.), havia um receio de a nação ser assimilada entre as pessoas dos seus
locais de destino. Surge então o Talmude (Talmud significa estudo), fruto da tradição
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oral judaica que tem o propósito de adequar, sistematizar, conciliar, explicar,


complementar e suprir as lacunas da Torah. Os judeus crêem que a Torah não é auto--
explicativa e necessita como substrato ao seu conteúdo, do Talmude, cujos
ensinamentos rabínicos fornecem com maior precisão os subsídios teológicos que
permitem o cumprimento dos mandamentos divinos.
A primeira codificação (realização do registro escrito da tradição oral) é
atribuída ao Rabino Akiva (em torno de 100 d.C.) e uma segunda, ao Rabi Meir
(aproximadamente 135 d.C.) ambas as versões tendo sido escritas no atual idioma
aramaico. Porém, foi Judah Ha Nasi (170 – 200 d.C.) que iniciou o processo de redação
da Mishnah (primeira parte do Talmude). Esta foi transmitida de forma ininterrupta por
quarenta gerações de sábios, os quais se iniciaram com Moisés e foram terminadas com
Rav Achi.
A Mishnah é dividida em seis partes:
1. Zeraim (Sementes) – trata das diversas categorias e espécies de dízimos e ofertas
religiosas.
2. Moed (Festas) – abordava as diversas festas tradicionais judaicas.
3. Nashim (Mulheres) – questões relacionadas ao Direito de Família em geral. Ex:
noivado, casamento e o divórcio.
4. Nezekin (Danos) – obrigações civis, usura, danos à propriedade, sucessão,
organização dos tribunais, processo, etc.
5. Kodashim (Coisas Santas) – ofertas de animais e manjares descritas no Tanak.
6. Tohoroth (Limpeza) – questões sobre diversos tipos de ritual de impureza.

Os séculos seguintes produziram discussões, interpretações e aprofundamento do


texto da Mishnah que deram origem a Guemarah (complemento). Estas juntas formam o
Talmude, que ficou pronto no século VI. Redigido originalmente em hebraico e
aramaico, hoje já foi traduzido para diversos idiomas e é considerado o verdadeiro
corpo da Legislação Hebraica.
O rabino Moshe Ben Maicon (1135-1204) ou Maimônides – o grande mérito
desse filósofo medieval judeu foi ter decidido oferecer às inúmeras comunidades
judaicas da diáspora uma síntese em língua hebraica do Talmude. Ele levou vinte anos
para terminar o que intitulou de Mishné Torah, obra fundamental para os estudiosos do
Talmude e para o Direito talmúdico. Este rabino diz que o nome desta obra foi dado
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assim pela razão de que uma pessoa que leia a Lei Escrita, e depois esta recompilação,
saberá dela a íntegra da Lei Oral, sem consultar ou estudar outras fontes.

7 ATUALIDADE

O Talmude assume uma importância que extrapola o universo cultural e


histórico, ele é fonte para o conhecimento do Direito. Um exemplo é Israel que o
casamento é redigido pelo Direito talmúdico. Como previne Hanina Bem Menahem,
mais do que um ramo das ciências jurídicas, está-se diante de um verdadeiro “sistema
legal unificado” (PALMA, 2011).
No Brasil, as pesquisas do Direito talmúdico são muito incipientes e foram
realizados pouquíssimos trabalhos doutrinas nesta área. Outros países a realidade é bem
diferente, onde algumas instituições prevêem o Direito talmúdico no quadro de
disciplinas oferecidas pelos cursos jurídicos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRPAFICAS

PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. 6 ed. Saraiva. São Paulo. 2017.

Bíblia Sagrada.

Código Civil 2015.

Código Penal.

Código de Processo Penal.

Constituição Federal de 1988.

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