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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE RECURSOS NATURAIS E MINERALOGIA


LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

Controlo Interno como Instrumento de Auxílio na Gestão Orçamental no


Governo Distrital de Changara, período de 2018-2020.

CELMA LUÍS ALGUINEIRO

Tete, Março de 2022

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


FACULDADE DE RECURSOS NATURAIS E MINERALOGIA
LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA
Índice

DECLARAÇÃO..........................................................................................................................I

AGRADECIMENTOS...............................................................................................................II

DEDICATÓRIA.......................................................................................................................III

LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................................................V

LISTA DE SIGLAS..................................................................................................................VI

RESUMO................................................................................................................................VII

CAPITULO I – INTRODUÇÃO................................................................................................7

1.1. Contextualização..................................................................................................................7

1.1. Delimitação do tema............................................................................................................7

1.2. Problematização...................................................................................................................8

1.3. Justificativa..........................................................................................................................8

1.4. Objectivos............................................................................................................................8

1.4.1. Geral..................................................................................................................................9

1.4.2. Específicos........................................................................................................................9

1.5. Questões de pesquisa...........................................................................................................9

1.6. Estrutura do trabalho............................................................................................................9

CAPITULO II – REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................11

2.1. Conceitos............................................................................................................................11

2.2. A Contabilidade enquanto sistema de informação e o seu papel nas organizações.....Erro!


Indicador não definido.

2.3. Sistemas Contabilísticos......................................................Erro! Indicador não definido.

2.4. Demonstrações financeiras..................................................Erro! Indicador não definido.

2.4.1. Tipos de Demonstrações financeiras................................Erro! Indicador não definido.

2.4.2. Características qualitativas da informação financeira......Erro! Indicador não definido.

2.4.3. Princípios Contabilísticos.................................................Erro! Indicador não definido.


2.5. Factores que condicionam o uso da informação contabilística...........Erro! Indicador não
definido.

2.6. Utilizadores da informação financeira................................Erro! Indicador não definido.

2.7. A Tomada de decisão..........................................................Erro! Indicador não definido.

2.8. Importância da informação financeira.................................Erro! Indicador não definido.

CAPITULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA..............................................................35

3.1. Tipo de pesquisa................................................................................................................35

3.2. Técnicas e instrumentos de recolha de dados......................Erro! Indicador não definido.

3.3. População e participantes de estudo....................................Erro! Indicador não definido.

3.4. Técnicas de análise de dados...............................................Erro! Indicador não definido.

CAPITULO IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.............Erro! Indicador não


definido.

4. Apresentação, análise e discussão de dados...........................Erro! Indicador não definido.

4.1. Caracterização da Entidade.................................................Erro! Indicador não definido.

4.2. Resultado do questionário dirigidos aos funcionários da Direcção Provincial de


Agricultura e Segurança Alimentar -Cidade de Tete.................Erro! Indicador não definido.

4.2.1. Caracterização dos entrevistados.....................................Erro! Indicador não definido.

4.2.2. Discussão dos resultados..................................................Erro! Indicador não definido.

CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES.....................Erro! Indicador não definido.

5.1. Conclusão............................................................................Erro! Indicador não definido.

5.2. Sugestões.............................................................................Erro! Indicador não definido.

6. Referências Bibliográficas.....................................................Erro! Indicador não definido.

ANEXO I....................................................................................Erro! Indicador não definido.


DECLARAÇÃO

Eu, Celma Luís Alguineiro, declaro por minha honra que este trabalho é fruto da minha
investigação e da orientação do meu supervisorr. O mesmo nunca foi apresentado em
nenhuma outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico. Constitui resultado de
investigação pessoal, estando no texto e na bibliografia as fontes utilizadas.

Tete, Abril de 2022


Estudante
___________________________________________
Celma Luís Alguineiro

O Supervisor
___________________________________________
(Anussa Ali Mirasse)

I
AGRADECIMENTOS

À DEUS em primeiro lugar por me amparar sempre, por nunca me ter abandonado,
principalmente pela força nos momentos mais difíceis.

À Universidade Católica de Moçambique – Departamento de Economia e Gestão,


coordenador, docentes e colegas de turma, pelos ensinamentos, dedicação e amizade.

À Direcção do Governo do Distrito de Changara, pela aquisição de dados dessa pesquisa.

Ao meu supervisor, pela paciência que demonstrou durante a fase da elaboração do presente
trabalho de pesquisa e a todos aqueles que contribuíram para o cumprimento desta etapa
importante, cuja ajuda tornou possível o presente trabalho, que Deus os abençoe.

À minha família em especial pelo apoio incondicional e abnegado esforço, endereço votos de
agradecimento.

De modo geral aos meus amigos e a todos que directa ou indirectamente contribuíram para a
concretização do trabalho e a efectivação da minha formação, vai o meu muito obrigado.

II
DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho a minha família, em especial ao meu pai Luís Alguineiro e minha
mãe Felizarda Maneto.

III
LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Imagem 1: Referente ao Governo do Distrito de Changara.....................................................38


Figura 1: Referente as fases ou etapas do processo de controlo interno no Govrno do Distrito
de Changara...............................................................................................................................40
Tabela 1: Resultados positivos inerentes ao controlo interno no Governo do Distrito de
Changara...................................................................................................................................46

IV
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Referente ao género................................................................................................47
Gráfico 2: Referente ao nível de escolaridade.........................................................................48
Gráfico 3: Referente à avaliação do processo de controlo interno no Governo do Distrito de
Changara...................................................................................................................................48
Gráfico 4: Referente à área com maior incidência do controlo interno no Governo Distrital de
Changara...................................................................................................................................50
Gráfico 5: Referente a conformidade do processo do Controlo Interno com os preceitos legais
no Governo do Distrito de Changara........................................................................................51
Gráfico 6: Referente aos factores limitadores do controlo interno na gestão da instituição....52

V
LISTA DE SIGLAS
CGE--------------------------------- Conta Geral do Estado
DNCP------------------------------- Direcção Nacional de Contabilidade Pública
EC----------------------------------- Estrutura Conceptual
e-SISTAFE------------------------- Sistema Informático do SISTAFE
GDC-------------------------------- Governo do Distrito de Changara
IASB-------------------------------- International Accounting Standards Board
IC------------------------------------ Informação Contabilística
MAF-------------------------------- Manual de Administração Financeira
NIC---------------------------------- Normas Internacionais de Contabilidade
NIRF-------------------------------- Norma Internacionais de Relato Financeiro
OC’s--------------------------------- Operações de Contabilísticas
OE----------------------------------- Orçamento do Estado
PBCP-------------------------------- Plano Básico de Contabilidade Pública
PGC--------------------------------- Plano Geral de Contas
SCP---------------------------------- Sistema de Contabilidade Pública
SISTAFE--------------------------- Sistema de Administração Financeira do Estado
SNC--------------------------------- Sistema de Normalização Contabilística
UCM-------------------------------- Universidade Católica de Moçambique
UG’s-------------------------------- Unidades Gestoras
UI’s---------------------------------- Unidades Intermediárias

VI
RESUMO
O tema em estudo faz abordagem da Controlo interno como instrumento de auxílio na gestão
orçamental, no Governo do Distrito de Changara, entre período de 2018-2020. O trabalho tem
como objectivo geral analisar o Controlo Interno como instrumento de auxílio da Gestão
Orçamental no Governo Distrital de Changara, o problema central do trabalho prende-se em
procurar saber de que forma o controlo interno auxilia na gestão orçamental, face ao
crescimento, às dificuldades do processo orçamental e à necessidade de responder, em tempo
cada vez mais curto, às exigências dos mercados, as instituições públicas procuraram reunir
informação sobre as mesmas, do meio interno e externo e conhecer as suas vantagens e
desvantagens competitivas. Em relação a metodologia usada, quanto ao tipo de pesquisa é
qualitativo, tipo exploratório e bibliográfica; as técnicas e instrumentos de recolha de dados
foram observação, entrevista indutiva e inquérito por questionário. Os resultados obtidos nesta
investigação mostram que o controlo interno no Governo do Distrito de Changara odedece
quatro etapas, sendo elas a primeira etapa é realização das actividades, segunda etapa é a
colheita de dados, terceira etapa é a discussão e quarta e última etapa é a realização de
relatórios.
Palavras-chave: Controlo interno, Gestão Orçamental, Governo Distrital.

VII
CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

A presente monografia científica, tem como tema de abordagem “Controlo Interno como
Instrumento de Auxílio na Gestão Orçamental no Governo Distrital de Changara, período de
2018-2020.”. Visto que ao elaborar o plano da sua actividade, todo empresário, procura
assegurar-se de que as disponibilidades a realizar, cobrirão no tempo as responsabilidades e
assumir bem, como que o lucro resultante da sua execução o compensará. É neste contexto
que os gestores enfrentam seu dia-a-dia dificuldades que obrigam os gestores a tomarem
decisões.

O controlo interno é representado pelo agenciamento de actividades e pela avaliação


financeira da instituição. A inexistência deste controlo é o principal motivo que leva as
empresas à falência, já que para se manter no mercado é necessário que a instituição esteja em
constante evolução.

A gestão orçamental baseia-se na gestão eficaz e racionalização dos recursos disponíveis com
vista à concretização dos objectivos. Para isso, as organizações fixam objectivos, traçam
políticas, implementam procedimentos e regras e elaboram uma estratégia que deve ser
representada em planos de actividades e traduzida em orçamentos.

Na busca pela boa gestão das empresas, surgem várias ferramentas e processos que a teoria
académica cita para poder conseguir uma maior organização e competitividade destas
entidades. O controlo interno é entendido como sendo uma actividade que procura garantir as
boas práticas de gestão e procedimentos, bem como do cumprimento das políticas
determinadas pela gestão. Ele constitui uma forma de organização que pressupõe a existência
de um plano e sistemas coordenados, destinados a prevenir a ocorrência de erros e
irregularidades ou a minimizar as suas consequências e ainda, maximizar o desempenho da
entidade na qual se insere.

É importante realçar que os mecanismos de controlo visam não só prevenir, mas também
garantir uma aplicação regular dos recursos públicos. Para além disso, considerando que a
Administração Pública deve rigorosamente servir aos fins para os quais o Estado foi criado,
evidencia-se a necessidade de permanente incidência do controlo sobre toda e qualquer
actividade administrativa. Portanto, a auditoria neste sentido, funciona como elemento de

7
credibilidade da informação financeira prestada aos gestores e utilizadores da mesma, pois
com base nela tomam as suas decisões económicas.

Delimitação do tema
A presente monografia de pesquisa, foi desenvolvido na província de Tete, no Distrito de
Changara, período de 2018 á 2020. O estudo centrou-se em apenas abordar controlo interno e
sua relevância na gestão do orçamental.

1.2. Justificativa
O interesse na escolha do tema, justifica-se devido ao facto de ser uma ferramenta
fundamental para a sobrevivência das instituições públicas, quando aplicada pode detectar
qualquer ocorrência de irregularidade, pois através de sua utilização os gestores poderão obter
informações fidedignas, inclusive dados contabilísticos mais precisos e confiáveis que os
auxiliem em suas tomadas de decisões. Justifica-se também pela razão de se constituir em
uma actividade imprescindível a todo esforço humano colectivo pela busca dos objectivos
firmados. Se não existe controlo isso significa que administração pública não tem como
mensurar o cumprimento de metas nem a execução de orçamentos, pela inobservância de um
dos intrínsecos elementos da administração.

E por outro lado, é pelo facto das situações fraudulentas e de erros a nível nacional ocuparem
actualmente um lugar de destaque, às dificuldades do processo orçamental e à necessidade de
responder, em tempo cada vez mais curto, às exigências que as instituições públicas
procuraram reunir informação sobre as mesmas e por reconhecer que essas situações, por
vezes, tem-se combatidos por meio de um Sistema de Controlo Interno.

1.3. Problematização

A estrutura organizacional do governo do Distrito de Changara reserva possibilidades de


prossecução das actividades do controlo interno de tal forma que existem procedimentos para
a execução das actividades contidas nos planos (operacionais tanto como sociais e
económicos) e que são traduzidos financeiramente. A gestão destes planos necessitam de uma
monitoria, supervisão e controlo para possibilitar o alcance dos resultados previstos.

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Os gestores do Governo do Distrito de Changara, devido a deficiência do controlo financeiro
interno apropriado estão sujeitos as informações irrelevantes e incapazes de sustentar e
fundamentar qualquer tomada de decisão. Pois, a ausência do controlo interno na gestão de
qualquer empresa dificulta, de certa forma, a concretização dos objectivos definidos.

Assim, o aumento da complexidade das contas públicas, determina, por parte dos governos, a
implementação de doutrinas de controlo interno que permitam, de uma forma eficiente e
eficaz, não abalar a consecução dos seus objectivos bem como transparecer fiabilidade.

Um dos problemas que se pode notar no governo distrital de Changara, é que implantam
Sistemas de Controlo Interno, objectivando eficiência e eficácia nos processos
organizacionais, entretanto, não conseguem adesão a todos os níveis da entidade, o que
compromete operacionalidade e eficiência da gestão.

Neste contexto, tendo por base estes princípios, que visa fomentar a relevância do controlo
interno nas contas públicas, mais propriamente no Governo Distrital de Changara, torna-se
relevante aprofundar reflexões acerca da seguinte questão: De que forma o controlo interno
auxilia na gestão orçamental no governo distrital de Changara?

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral
Analisar o Controlo Interno como instrumento de auxílio da Gestão Orçamental no governo
distrital de Changara.

1.4.2. Específicos
 Perceber como é feita o Controlo Interno no governo do distrital de Changara;
 Descrever a gestão orçamental no governo distrital de Changara;
 Relacionar a controlo interno e a gestão orçamental no governo distrital de Changara.

1.5. Questões de pesquisa


Q1: Como é feita o Controlo Interno no governo distrital de Changara?
Q2: Como é gerido o orçamento no governo distrital de Changara?
Q3: Qual é relação existente entre controlo interno e a gestão orçamental no governo distrital
de Changara?

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1.6. Estrutura do trabalho
O presente trabalho está constituído em cinco capítulos a citar: o Primeiro capítulo contem a
Introdução geral, no segundo capítulo encontramos a Revisão da literatura, no terceiro
capítulo temos Metodologias de pesquisa, no quarto capítulo análise e interpretação dos
dados, no quinto capítulo contem discussão de dados e por fim no sexto capítulo Conclusões e
Sugestões, assim como estão descritas as referências bibliográficas.

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CAPITULO II – REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Controlo

A palavra controlo tem sua origem do idioma francês contrôle. Significa, conforme Gomes et
al. (2000, p.3) “um conjunto de medidas exercidas sobre determinadas acções e processos de
um sistema, para que não se desviem das normas preestabelecidas”.

Em administração, segundo Chiavenato (1993, p.262), existem dois significados para a


palavra controle, que são:
a) Controlo como função restritiva e coercitiva: serve para coibir ou limitar certos
tipos de desvios indesejáveis ou de comportamento não aceitos. É também chamado
de controlo social, pois inibe o individualismo e a liberdade das pessoas; neste sentido
apresenta um carácter negativo e limitativo;
b) Controlo como sistema automático de regulação: tem como objectivo manter um
grau de fluxo ou funcionamento de um sistema. Dentro deste mecanismo de controlo
se detectam possíveis desvios ou irregularidades e proporcionam automaticamente a
regulação necessária para voltar à normalidade;

Para Peter et al., (2008) constitui Controlos internos o conjunto de actividades, plano,
métodos e procedimentos interligados utilizados com vista a assegurar que os objectivos dos
órgãos e entidades da Administração sejam alcançados, de forma confiável e concreta,
evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objectivos fixados
pela alta administração.

“ O AIPA, Amercan Instituteof Certified Public Accountants (Comité de Procedimentos de


Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados), definiu o controlo
interno como sendo “ o plano da organização e todos os métodos e medida coordenados,
aplicados a uma empresa, a fim de proteger seus bens, conferir a exactidão e a fidelidade de
seus dados contábeis, promover eficiência e estimular a obediência às directrizes
administrativas estabelecidas”.

“A COSO (Committee of Sponsoring Organizations the Treadway), definiu controlo interno


como “um processo levado a cabo pelo Conselho de Administração, Direcção e outros
membros da organização com o objectivo de proporcionar um grau de confiança razoável dos
seguintes objectivos: Eficácia e eficiência dos recursos; Fiabilidade da informação;
Cumprimento das leis e normas estabelecidas”.

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2.1.1. Controlo Interno e SCI

Com a crescente necessidade, nas organizações, para obter uma economia eficiente e de forma
eficaz, é necessária a existência de um SCI (Sistema de Controlo Interno), que consiga ser
rigoroso e exigente de acordo com os riscos do negócio das entidades, e pelos factos referidos,
o SCI adquire uma importância central na gestão, tornando-se uma ferramenta indispensável,
conferindo fiabilidade aos processos organizacionais.

Existem vários conceitos para definir controlo interno, emanadas por diversosautores e
organismos. As referidas definições são diferentes entre si, mas na sua essência, o objetivo do
Controlo Interno é consensual, o que elimina a existência de qualquer conflito entre as várias
definições, permitindo que as diversas definições existentes complementam-se.

O primeiro organismo a definir controlo interno foi o AICPA (American Institueof Certified
Publics Accountants) em 1934, que num estudo por si desenvolvido, citado por Morais e
Martins (2007, pág. 27), define:

“Controlo interno compreende um plano de organização e coordenação de


todos os métodos e medidas adaptadas num negócio a fim de garantir a
salvaguarda de ativos, verificar a adequação e fiabilidade dos dados
contabilísticos, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão às
políticas estabelecidas pela gestão.”

O Controlo Interno é uma forma de organização que pressupõe a existência de um plano e de


sistemas coordenados destinados a prevenir a ocorrência de erros e irregularidades ou
minimizar as suas consequências e maximizar o desempenho da entidade em que se insere.

O IIA acrescenta ainda à definição de controlo interno que este é qualquer ação aplicada pela
gestão para reforçar a possibilidade de que os objetivos e metas estabelecidos sejam atingidos.
Assim, o controlo é o resultado do planeamento, organização e orientação da gestão.
Esta mesma entidade estabelece que os objectivos do controlo interno visam:
 A confiança e integridade da informação;
 A conformidade com as políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos;
 A salvaguarda dos ativos;
 A utilização económica e eficiente dos recursos;
 A realização dos objetivos estabelecidos para as operações ou programas.

A definição do COSO sobre controlo interno, expressada por Morais e Martins (2013),
consiste num processo levado a cabo pelo Conselho de Administração, Direção e outros
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membros da entidade com o objectivo de proporcionar um grau de confiança razoável na
concretização dos seguintes objectivos:

 Eficácia e eficiência dos recursos:objectivo do alcance básico das metas de


desempenho erentabilidade da entidade, com menção a salvaguarda dos activos;
 Fiabilidade da informaçãofinanceira:para este objectivo, as demonstrações
financeirasdevem reflectir transacções reais, consignadas pelos valores reais e
enquadramentoscorrectos; e
 Cumprimento das leis e normas estabelecidas: – observância da aplicabilidade das
normasque a entidade está sujeita (Compliance).

De acordo com este organismo, a definição apresentada de controlo interno integra os


seguintes conceitos fundamentais:

 Processo: o objectivo é transmitir que o controlo interno é um meio para atingir


um fim e não um fim em si mesmo. É constituído por um conjunto de ações que
envolve todas as atividades, processos e tarefas da entidade;
 Levado a cabo por pessoas: o objectivo é transmitir que o controlo interno não é
somente um manual de políticas e documentos, mas também de pessoas em cada
nível da entidade. O SCI é concebido e implementado por pessoas, afetando a
atuação de todos os membros da entidade;
 Confiança razoável: o objectivo é transmitir que por muito bem que esteja
concebido o SCI, somente pode proporcionar um certo grau de segurança à
entidade. Não oferece uma segurança total, uma vez que não consegue eliminar a
totalidade dos riscos, apenas os minimiza;
 Concretização dos objectivos: o objectivo é transmitir que o controlo interno é
concebido para permitir a consecução dos objetivos, gerais e específicos, nas
diferentes categorias e que devem ser consistentes e coerentes.

2.1.2. Tipos de controlo

Segundo Marçal e Marques (2011), é possível distinguir três tipos de controlo:

a) Controlo da Organização

O organograma de uma entidade surge como resultado da definição e atribuição de


responsabilidades e da delegação de competências ou autoridade a indivíduos que, a

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diferentes níveis hierárquicos, são responsáveis pelas tomadas de decisão e/ou execução de
decisões anteriormente tomadas a níveis mais altos da hierarquia. Uma clara definição das
responsabilidades e dos limites da autoridade, juntamente com uma adequada segregação de
funções contribui para o controlo total existente na entidade e constitui um controlo de
importância fundamental.

b) Controlo dos procedimentos

Procedimentos de controlo inseridos no processamento e registo de determinadas transações.


Inclui-se nesta categoria o controlo contabilístico que visa garantir a fiabilidade dos registos
contabilísticos, facilitar a revisão das operações financeiras autorizadas pelos responsáveis e a
salvaguarda dos activos.

c) Controlo dos sistemas de informação

O controlo dos sistemas de informação consubstancia-se nos dispositivos pelos quais a


informação é produzida e fornecida aos responsáveis pela gestão, de forma que possa ser
controlada, revista e usada.

Segundo o AICPA citado por COSTA (2000) o controlo interno na empresa pode ser bem
amplo, assim, pode-se caracterizá-lo em dois grandes grupos: Administrativo e Contabilístico.

Controlo Interno Administrativo– Inclui, embora não se limite, o plano de organização e os


procedimentos e registos que se relacionam com os processos de decisão que conduzem à
autorização das transacções pelo órgão de gestão.

Controlo Interno Contabilístico - Compreende o plano da organização relacionado com a


protecção dos bens, direitos e obrigações da empresa e a fidedignidade dos registos
financeiros.

Para tanto, segundo Attie (2011), o controlo interno inclui, de maneira ampla, controles que
podem ser peculiares tanto à contabilidade como à administração, conforme descreve:

a) Controlos contabilísticos: abrangem o plano de organização e todos os métodos e


procedimentos diretamente relacionados, sobretudo com salvaguarda do patrimônio e a
fidedignidade dos registroscontábeis. Normalmente incluem: sistema de autorização e
aprovação; separação das funções de escrituração e elaboração dos relatórios
contábeisdaquelas ligadas às operações ou custódia dos valores; e controlesfísicos sobre estes
valores.

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b) Controlos administrativos: abrangem o plano de organização e todos os métodos e
procedimentos que remetem à eficiência operacional e à adesão à política traçada pela
administração. Normalmente, se pautam de forma indireta aos registros financeiros. Com
freqüência envolvem análises estatísticas, estudos de tempo e movimentos, relatórios de
desempenho, programas de treinamento e controle de qualidade.

2.1.3. Métodos de Controlo Interno

Segundo Morais e Martins (2013) podem ser identificados cinco métodos de controlo interno:

a) Controlos administrativos: exercício de autoridade, estrutura orgânica, poder de


decisão e descrição de tarefas.
b) Controlos operacionais: planeamento, orçamento, contabilização e sistemas de
informação, documentação, autorização, políticas e procedimentos, e métodos.
c) Controlos para a gestão dos recursos humanos: recrutamento e seleção, orientação,
formação e desenvolvimento, e supervisão.
d) Controlos de revisão e análise: avaliação do desempenho, análise interna das
operações e programas, revisões externas e outros.
e) Controlo das instalações e equipamentos: inspeção das instalações e equipamentos.

2.1.4. Objectos e objectivos do Controlo Interno

a) Objectos do Controlo Interno

De acordo com artigo 64, da lei no 9/2002 de 12 de Fevereiro – SISTAFE, , o Controlo


Interno tem por objecto:

a) Fiscalizar a correcta utilizacao dos recursos públicos e a exactidão e fidelidade dos


dados contabilísticos;
b) Garantir, através da fiscalização, a unifomização da aplicação das regras e métodos
contabilísticos;
c) Verificar o cumrimento das normas legais e procedimentos aplicáveis.

Segundo Fayol (1981, citado em Bordin, 2005), o controlo objectiva “assinalar as faltas e os
erros a fim de que se possa repará-los e evitar sua repetição”. Fayol também afirma que o
controlo é

a) Do ponto de vista administrativo: é preciso assegurar-se da existência do programa,


sua aplicação e actualização, verificar se o organismo social está completo, se o
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comando ocorre segundo os princípios adoptados, se as conferências de coordenação
estão sendo realizadas;
b) Do ponto de vista comercial: verificar se as entradas e saídas de material conferem
quanto à quantidade, às características e ao custo, se os inventários estão exactos, se os
contratos são cumpridos;
c) Do ponto de vista técnico: observar o andamento das operações, seus resultados, suas
desigualdades, a colaboração do pessoal;
d) Do ponto de vista financeiro: o controlo se estende aos livros, ao caixa, aos recursos e
às necessidades, ao emprego de fundos;
e) Do ponto de vista de segurança: assegurar-se do bom funcionamento dos meios
adoptados para proteger os bens e as pessoas;
f) Do ponto de vista contabilístico: verificar a agilidade na emissão dos documentos,
bem como se eles proporcionam visão clara da situação da empresa, se o controle dos
livros, estatísticas e diagramas apresentam-se como bons elementos de verificação e se
não existe nenhum documento ou estatística inútil.

2.1.5. Característica de controlo interno

Para se ter um Controlo Interno adequado é necessário que ele seja bem estruturado pela
administração, com medidas de efectividade e de custos razoáveis, que possam fornecer uma
razoável margem de garantia, reduzindo o nível de erros e irregularidades, propiciando que as
metas e objectivos traçados sejam cumpridos de forma eficiente e eficaz e com redução de
custos, permitindo que os objectivos sejam cumpridos de forma correcta.

As características de um sistema de controlo interno eficiente são:

 Plano de Organização;
 Sistema de Autorização e Procedimentos; e
 Pessoal Qualificado.

Plano de organização: para que a entidade tenha um plano satisfatório, esse plano deve ser
simples e flexível. É muito importante que o plano de organização, proporcione a
independência das funções em cada sector. Embora a independência estrutural requeira uma
separação das funções, o trabalho realizado por todas as áreas deve ser integrado, para que
haja eficiência na operação.

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Sistema de autorização e procedimentos: para se ter um sistema eficiente, deve incluir meios
de controlo dos registos de operações e transacções. Para atingir a eficácia nessas operações é
necessária aprovação de cada etapa para a concretização do programa administrativo.  

Pessoal profissionalmente e tecnicamente qualificado: um controlo eficiente não depende


somente de um planeamento administrativo e eficiência das operações, é necessário também
pessoas competentes e qualificadas para realizar as tarefas de forma eficiente e económica.  

2.1.6. Controlo interno na administração pública

Guerra (2011) apresenta o conceito de controlo da Administração Pública da seguinte forma:

Em síntese, controle da Administração Pública é a possibilidade de verificação, inspecção,


exame, pela própria Administração, por outros Poderes ou por qualquer cidadão, da efectiva
correcção na conduta gerencial de um Poder, órgão ou autoridade, no escopo de garantir
actuação conforme aos modelos desejados anteriormente planejados, gerando uma aferição
sistemática. Trata-se, na verdade, de poder-dever, já que, uma vez determinado em lei, não
poderá ser renunciado ou postergado, sob pena de responsabilização por omissão do agente
infractor.

Na Administração Pública, a função controlo vem a ser exercida em decorrência de


exigências legais, por ser um departamento específico chamado de Controlo Interno onde
nesta realiza-se o acompanhamento, a verificação e a auditoria dos processos de aquisição de
bens e serviços.

Segundo Silva (2013), Controlo Interno consiste em uma área que auxilia o gestor em gerir
todas as fases de estratégia e planeamento da administração pública, contribuindo para a
sociedade com o bom emprego dos recursos públicos. A importância do controlo na
Administração Pública passou a ser destacada, por caminhar ao lado do planeamento, estando
entre os princípios que orientam a actividade pública e tendo por finalidade também
proporcionar melhores serviços públicos, entrega de suas acções ao cidadão, atendendo ao
princípio da eficiência, organizando os processos peculiares à gestão pública, evitando os
erros, fraudes e desperdícios.

O processo de controlo existe para se chegar a um objectivo. Na administração para se


realizar determinado objectivo deve-se ter o máximo de informações possíveis sobre os

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passos tomados para alcançá-lo. Tais informações são obtidas e produzidas pelo processo de
controlo e são usadas para a tomada de decisões. A diferença que se verifica entre a
administração no âmbito particular e a administração pública está no facto das tomadas de
decisões na área pública terem que estar de acordo com as legislações federais, estaduais e
municipais. Na doutrina do direito administrativo é muito difundida a expressão de que, nas
actividades privadas, tudo aquilo que não é proibido é permitido, já na administração pública,
aquilo que não está expressamente permitido na lei é proibido. Este é o princípio
constitucional da legalidade aplicado à Administração Pública, (SILVA, 2013).

Segundo Meirelles (2011), “comparativamente, pode-se dizer que governo é a actividade


política e discricionária; administração é actividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à
norma técnica”. Muitas vezes ocorre confusão no uso destes termos, pois normalmente, eles
andam juntos. Onde há governo, deverá haver administração.

A finalidade do controlo é a de assegurar que a Administração actue em consonância com os


princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade,
moralidade, finalidade pública, publicidade, motivação, impessoalidade; em determinadas
circunstâncias, abrange também o controlochamado de mérito e que diz respeito aos aspectos
discricionários da actuação administrativa (DI PIETRO, 2011).

Segundo Mileski (2003), “controlo não administra. A sua função é fiscalizar, avaliar, detectar
erros e falhas e responsabilizar a Administração, mas jamais tomar o seu lugar. Controlo que
substitui a Administração pratica abuso de poder, com desvio de finalidade na sua função”.

Actualmente com a escassez de recursos e uma cobrança cada vez maior da sociedade,
reflecte nos governantes municipais elevada preocupação com relacção à existência de um
maior controlo nas prefeituras.

Para que possam prestar contas sem receios os administradores públicos municipais devem
estar bem informados sobre o que acontece em sua gestão, e para que isso ocorra é necessário
que disponha de controlo que possa acompanhar a realização dos objectivos da instituição.

2.1.7. A importância e papel do controlo interno na administração pública

Actualmente o foco não se fixa apenas no gasto público, a despesa. A receita necessita ser
bem gerenciada e devem ser criados mecanismos para aumentá-la sem sobrecarregar o
cidadão e as empresas. Em geral, estas alternativas de geração de receitas são normalizadas na
18
Lei de Directrizes Orçamentárias, que além de definir os meios para o acréscimo nos cofres
públicos, também impõe uma constante verificação do comportamento das receitas, a fim de
que, em virtude da sazonalidade das mesmas. É interessante notar que todas as estas
transformações podem ser percebidas até pela modificação de tratamento destinado aos
agentes políticos. De ‘administradores públicos”, passaram a ser chamados de “ gestores
públicos” ou seja “ordenadores de despesa”, ou seja, aquele que autoriza a assunção de
compromissos financeiros. O interesse público é o norteador de todas as acções
governamentais. Não mais se admite o governante auto-suficiente que estabelece de que
forma os recursos serão aplicados, tendo como parâmetro somente a sua vontade. É preciso
ouvir e interpretar os anseios da população quando da elaboração dos orçamentos. Sem
sombra de dúvidas que uma das características do bom administrador é a capacidade de gerir
todos os assuntos que lhe dizem respeito, (Machado Jr e Reis, 1998).

Machado Jr e Reis (1998) afirmam que um Sistema de Controlo Interno deve,


prioritariamente: definir a área a controlar (em termos de orçamento - programa: a actividade
ou projecto); definir o período em que as informações devem ser prestadas, definir quem
informa a quem, ou seja, o nível hierárquico que deve prestar informações e o que deve
recebê-las, analisá-las e providenciar medidas; definir o que deve ser informado, ou seja, o
objectivo da informação.

O Controlo Interno ganha importância na área Estatal em virtude dessa esfera não dispor de
mecanismos naturais de correcção de desvios, processo que ocorre nas actividades privadas,
onde a “competição” e o “lucro” funcionam como potentes instrumentos para reduzir
desperdícios, melhorar o desempenho e alocar recursos de forma mais eficiente. Essa regra
geral assume importância peculiar no nosso país, onde as pessoas estão mais preocupadas
com seus próprios interesses pessoais que os colectivos e a Justiça ainda é lenta e suave para
quem actua à revelia da lei, (Nascimento, 2003).

Controlos organizacionais, inclusive segregação de funções: são os controlos obtidos através


da designação de responsabilidades e delegação de autoridades. Segundo o autor, a estrutura
organizacional adequada é um marco no qual se realizam as actividades de planeamento,
execução e controlo das operações da entidade, cuja eficácia dependerá de considerações,
como: atribuição de responsabilidades e delegação de autoridade definidas claramente;
segregação de funções incompatíveis para evitar que sejam controladas por qualquer
indivíduo ou departamento de organização; fornecimento de recursos, inclusive pessoal

19
competente, em quantidade suficiente para o cumprimento das responsabilidades atribuídas e
existência de sistemas de medição e avaliação de desempenho. (Idem)

Segregação de funções: para o autor, a correcta segregação de funções é o elemento mais


importante de um sistema eficaz de controlo interno. Parte do princípio que ninguém deveria
controlar todas as etapas de uma transacção, sem a intervenção de outra ou outras, efectuando
verificações cruzadas, evitando transacções ineficazes ou fraudulentas. É necessário
estabelecer departamentos separados e independentes para funções como compras,
recebimento, produção, vendas, contabilidade e finanças. Os deveres de cada um devem estar
estabelecidos em organogramas e manuais de procedimentos. (Idem)

Controlo de sistema de informação: refere-se ao controlo obtido mediante a prestação de


informações em níveis adequados à administração. O controlo e o planeamento das operações,
em todas as empresas, dependem do conhecimento que a administração tem das actividades e
operações passadas, presentes e futuras, (Nascimento, 2003).

Devido à impossibilidade de a direcção executiva enterrar-se de todas as decisões tomadas


nos diferentes níveis da organização, o que diferencia uma empresa bem sucedida das demais,
é, muitas vezes, a qualidade da informação de que dispõem os responsáveis pela tomada de
decisões. (Idem)

O autor cita algumas características que um bom sistema deve ter: relatórios com informações
relevantes para os usuários; informações distribuídas conforme as atribuições de
responsabilidades; informações de maior importância em destaque; detalhadamente que
possibilite identificação de operações “fora de linha” ou possíveis problemas; e informação
usada por quem tem competência e tempo necessários para compreender seu significado e
adoptar medidas de correcção, se necessário. Além disso, o autor lembra que o simples
fornecimento de informação, não caracteriza o controlo e sim o uso que a administração faz
desta. (Idem)

Controlos de Procedimentos: refere-se ao controlo obtido com a observação de políticas e


procedimentos organizacionais. Após elaborar o plano de organização, é imprescindível que o
pessoal compreenda claramente suas funções e responsabilidades, sendo conveniente a
documentação de normas de procedimento, (Nascimento, 2003).

Os controlos de procedimentos precisam ser bem definidos e documentados, de fácil


interpretação, aplicação e adequados à estrutura organizacional. Tais controles dividem-se
em: procedimentos do fluxo de documentação: são os incorporados no sistema de
20
processamento de transacções. Exemplos: revisão de cálculos e somas de contratos de
financiamento; e procedimentos de controlo independentes: estabelecidos pela administração,
independentemente das rotinas de processamento das transacções. Exemplos: conciliações de
saldos bancários, auditoria interna, protecção física. (Idem)

Constata-se que o controlo abrange imensa gama de procedimentos e práticas, de acordo com
o conceito, interpretação e importância dada. E é o conjunto destes que possibilitam o alcance
de determinado fim, no caso, controlar (Attie, 2011).

Como ferramenta contabilística, o controlo, gera informações de auxílio à administração


pública quanto à forma que serão destinados os recursos dentro da instituição, de maneira a
garantir a melhor aplicação dos recursos financeiros das instituições públicas e autarquias,
evitando desperdícios, assegurando ao povo que os dispêndios públicos estão sendo aplicados
de maneira adequada e criando normas de como trabalhar na administração pública (Kraemer,
2008).

Dentre os possíveis instrumentos e normativas de controlos a autora cita alguns:

a) Conferir inventários de almoxarifados das secretarias e departamentos que fazem


controlo;
b) Conferir a folha de pagamento, férias e horas extras, além dos cartões ponto de forma
electrónica ou por timbre de voz e seu banco de horas quando houver;
c) Acompanhar a forma de controlo de abastecimento e quilometragem da frota de
automóveis e caminhões, se o respectivo motorista que utiliza o bem possui a
documentação necessária para a função, comparar os gastos entre os veículos,
buscando justificativas para as diferenças apresentadas entre um e outro; e
d) Conferir como os processos de licitações estão sendo realizados, se atendem aos
princípios e formas de licitações correspondentes, bem como se os limites e todo
processo administrativo atende à legislação.

2.1.8. Procedimento de Controlo Interno

De acordo com Mileski (2011), os procedimentos de controlo são políticas e acções


estabelecidas para diminuir os riscos e alcançar osobjectivos do órgão ou entidade.Para serem
efectivos, os procedimentos de controlo devem ser apropriados, funcionar consistentemente
de acordo com um plano de longo prazo, e ter custo adequado, sendo abrangentes, razoáveis e
directamente relacionados aos objectivos de controlo.

21
Os procedimentos de controlo interno devem existir em toda a instituição, em todos os níveis
e em todas as funções. Eles incluem uma gama de procedimentos de controlo de detecção e
prevenção diversos como:

(1) Procedimentos de autorização e aprovação;


(2) Segregação de funções (autorização, execução, registo, controle);
(3) Controlos de acesso a recursos e registos;
(4) Verificações;
(5) Conciliações;
(6) Avaliação de desempenho operacional;
(7) Avaliação das operações, processos e actividades;
(8) Supervisão (alocação, revisão e aprovação, orientação e capacitação).

Os órgãos ou entidades devem alcançar um equilíbrio adequado entre a detecção e a


prevenção, na adopção dos procedimentos de controlo, (Mileski,2011).

As acções correctivas são um complemento necessário para os procedimentos de controlo na


busca do alcance dos objectivos. (Idem)

A Norma de Controlo Interno integra os procedimentos de controlo interno na área de receita,


despesa, operações de tesouraria, cadastro e inventário dos bens. (Idem)

Controlos contabilísticos dizem respeito aos métodos e procedimentos utilizados na


salvaguarda do património e nas informações contabilísticos em relação à veracidade e
contabilidade dessas informações. (Idem)

Controlos Administrativos métodos e procedimentos utilizados na elaboração de planos para


atingir a eficiência operacional e adesão à política traçada pela organização.
Controlos Operacionais: planeamento, orçamento, contabilização e sistemas de informação,
documentação,  autorização, políticas, procedimentos e métodos. Controlos para gestão dos
recursos humanos: recrutamento e selecção, orientação, formação, desenvolvimento e
supervisão. (Idem)

2.1.8. Sistemas de Controlo Interno

O termo sistema de controlo interno remete a ideia de conjunto, união, partes de um todo.

22
Um conjunto composto por partes individuais, que têm uma missão em comum, em que cada
parte é peça fundamental para o todo. São exemplos de sistema: uma orquestra, na qual cada
instrumento tem uma função, mas com objectivo comum; o corpo humano, em que cada
órgão tem a sua importância e funcionamento, sendo parte integrante e necessária à
sobrevivência; o motor de um veículo, no qual cada peça tem a sua função para que este
funcione. Um sistema sempre pressupõe que seja formado por vários outros subsistemas (por
exemplo: sistema respiratório é um subsistema do sistema corpo humano), (Cavalheiro e
Flores, 2007).

Um sistema de Controlo Interno é um processo que é levado a cabo desde os níveis mais altos
de uma organização até aos níveis mais baixos, envolvendo desse modo o Conselho de
Administração, as direcções e outros membros das organizações. (Idem)

Para Costa (2000), o sistema de controlo interno estende-se para além das matérias que se
relacionam directamente com as funções do sistema contabilístico e compreendem o ambiente
de controlo e procedimentos de controlo.

Entende-se por ambiente de controlo, a atitude global, a consciencialização e as acções dos


directores e administradores relativamente ao sistema de controlo interno e à sua importância
para a entidade. (Idem)

Quanto aos procedimentos de controlo significam as políticas e os procedimentos que, para


além do ambiente de controlo, o órgão de gestão estabeleceu a fim de atingir os objectivos
específicos da entidade. (Idem)

Sendo que para a Norma Internacional de Revisão (NIR) 400, um Sistema de Controlo
Interno, significa todas as políticas e procedimentos (Controlo Interno) adoptados pela
gerência de uma entidade para contribuir para a obtenção do objectivo da gerência de
assegurar, tanto quanto praticável a condução ordenada e eficiente do seu negócio, incluindo a
aderência as políticas de gestão, a salvaguarda de activos, a prevenção e detecção de fraudes e
erros, e o rigor da plenitude dos registos contabilísticos, epreparação tempestiva de
informação financeira credível, (Costa, 2000).

De acordo com as citações acima, pode-se sinteticamente, concluir-se que um sistema de


controlo interno possibilita a manutenção de um procedimento célere e actualizado de
informações administrativas e financeiras que torna eficiente e segura a tomada de decisões e

23
proporciona maior tranquilidade ao gestor público em relação aos actos que possam ser
praticados por seus subordinados. (Idem)

2.1.8.1. Componentes do Sistema de Controlo Interno

Segundo o COSO (1992), o sistema de controlo interno é composto de cinco componentes


interrelacionadas, que derivam da forma como a gestão gere o negócio e de como são
integradas no processo de gestão. O modelo do COSO considera que as componentes do
controlo formam um sistema integrado, que reage dinamicamente, face a condições de
mudança. Essas componentes são as seguintes:

 O ambiente de controlo que significa a atitude geral, a consciencialização e as acções


da gestão e do órgão de gestão a respeito do sistema de controlo interno e a sua
importância dentro daentidade e que dá a tónica a uma organização, influenciando a
consciência de controlo do seu pessoal. É o ponto de partida para os outros
componentes do controlo interno, proporcionando disciplina e estrutura;
 A avaliação do risco é a identificação e análise pela entidade dos riscos relevantes para
a realização dos seus objectivos, formando a base para a determinação de como os
riscos devemser geridos;
 As actividades de controlo são as políticas e os procedimentos que ajudam a assegurar
que osobjectivos da gestão são executados, minimizando o risco. As actividades de
controlo incluemcontrolos do tipo prevenção, detecção, orientação, correcção,
compensação, informáticos e de gestão;
 A informação e comunicação é a identificação, recolha e troca de informação de forma
apermitir a todos levarem a cabo as suas responsabilidades e;
 A Supervisão que é o processo que avalia a qualidade do desempenho do controlo
interno aolongo do tempo. A auditoria interna desempenha um papel importante como
órgão ideal desupervisão.

2.1.8.2. Tipos e áreas de controlo na administração pública

Morais e Martins (2013) identificam cinco tipos de controlo:

 Preventivos – servem para impedir que factos indesejáveis ocorram. São considerados
controlos a prior, que entram imediatamente em funcionamento, impedindo que
determinados factos indesejáveis se processem;

24
 Detectivos – servem para detectar ou corrigir factos indesejáveis que já tenham
ocorrido. São considerados controlos a posterior;
 Directivos ou Ordenativos – servem para provocar ou encorajar a ocorrência de um
facto desejável, isto é, para produzir efeitos “positivos”, porque boas orientações
previnem que as más aconteçam;
 Correctivos – servem para rectificar problemas identificados;
 Compensatórios – servem para compensar eventuais fraquezas de controlo noutras
áreas da entidade.”

2.1.9. Limitações do Sistema de Controlo Interno na Administração Pública

Conforme Júnior (1998), na maioria dos procedimentos de controlo pode ocorrer falhas
resultantes de entendimento precário das instruções, erros de juízo, descuidos ou outros
factores humanos. Mediante conivência, os procedimentos que dependem de divisão de
funções podem ser burlados. A execução e registo das operações podem mostrar-se ineficazes
em face de erros e irregularidades cometidos pela administração e em face de estimativas e
juízos inadequados da administração na elaboração das demonstrações financeiras, dos
orçamentos e fluxos de caixa.

Conforme o autor, nas projecções de avaliação do controle interno para períodos futuros,
aumenta-se o risco de os procedimentos tornarem-se defesa do devido a mudanças de
condições e pelo fato de haver-se deteriorado o grau de observância dos procedimentos.
Normalmente, espera-se que um sistema de controlo interno proporcione razoável garantia de
consecução de seus objectivos.

Para isso, considera-se o custo do controle interno que não deve superar os benefícios
aguardados pelo mesmo. Esses benefícios consistem na redução das perdas decorrentes da não
consecução dos objectivos gerais implícitos na definição de controlo contabilístico. (Idem)

Além disso, Attie (2011) lembra que, até um bom sistema de controlo interno não pode
garantir absolutamente que não ocorram fraudes ou irregularidades. Salienta que, bons
controlos são capazes de prevenir fraudes e reduzir os riscos de erros e irregularidades, mas,
por si só, não bastam para evitá-los. Mesmo em casos onde ocorra a segregação de operações,
caso as diversas pessoas confiadas estejam de acordo, podem acontecer actos fraudulentos.

Crepaldi (2010), atrela isso a três aspectos: oportunidade para cometer a fraude e escondê-la;
pressão por problemas financeiros; e racionalização do juízo sobre a falta cometida. Neste

25
caso, o autor sugere que os outros elementos do sistema podem, em certas ocasiões, trabalhar
como controles independentes revelando a manobra. Existem também os erros de actos não
intencionais, que devem estar previstos para a eficiência do sistema de controlo interno.

Attie (2011) cita alguns deles: erros de interpretação, como aplicação errónea dos princípios
contabilísticos geralmente aceitos na contabilização de transacções; omissão em situações em
que não foi aplicado o procedimento previsto nas normas em vigor; e má aplicação de norma
ou procedimento.

Diante das possíveis limitações dos sistemas de controlo interno, evidencia-se a necessidade
da criação de um bom instrumento de avaliação deste sistema, que seja capaz de identificar as
possíveis falhas e corrigi-las antes que os prejuízos tornem-se maiores que os benefícios de
sua implementação e evitando-se perdas futuras. (Idem)

Esta avaliação deve iniciar-se com o conhecimento do funcionamento do sistema. Através da


leitura dos manuais de procedimentos, ou entrevistas com o responsável pela operação torna-
se possível a descrição do sistema, que deve ser arquivada para consultas futuras e
comprovação do trabalho realizado. Após esta fase inicial, recomenda-se a criação de
questionários de avaliação de controlos internos que são desenvolvidos de acordo com as
características de cada empresa (Júnior, 1998).

Conforme Crepaldi (2010) esta avaliação do sistema compreende:

 Definir os erros e irregularidades que poderiam incidir;


 Constatar se o sistema actual de controlo detectaria de imediato esses erros ou
irregularidades;
 Avaliar as fraquezas ou falta de controlo, que permitem a existência de erros ou
irregularidades, a fim de determinar a natureza, data e extensão dos procedimentos de
auditoria;
 Emitir relatório comentário fornecendo propostas para o aperfeiçoamento do sistema
de controlo interno da entidade.

Como é sabido, no caso das instituições públicas, a instauração de sistema de controlo é


obrigatória, fazendo com que algumas considerações aplicadas à iniciativa privada precisem
ser revistas e aplicadas em conformidade com a lei. São os casos em que se abstém de corrigir
determinadas falhas devido ao seu custo de implantação superar a economia gerada com a sua
correcção. (Idem)

26
2.1.10. Estrutura e competências das instituições de controlo em Moçambique

Retomando considerações do segundo capítulo deste trabalho, podemos verificar que o


modelo de controlo interno existente em Moçambique é algo híbrido, compreendendo
características tanto dos modelos de controlo centralizado, como do descentralizado.

Atendendo à natureza complementar, tanto do controlo externo, como do controlo interno,


propomo-nos a apresentar, em primeiro lugar, aquilo que constitui o controlo externo em
Moçambique.

a) Órgão de controlo externo (o Tribunal Administrativo)

De acordo com a Constituição da República, Artigo 173, cabe ao Tribunal Administrativo, na


sua vertente das Contas, a fiscalização da legalidade das despesas públicas e a apreciação de
contas do Estado, remetendo para a lei ordinária a competência, a organização e a composição
desta jurisdição.

Estão sujeitas a julgamento das despesas públicas as seguintes entidades:

a) O Estado e todos os seus serviços;


b) Os serviços e organismos autónomos;
c) Os órgãos locais representativos do Estado;
d) As autarquias locais;
e) As empresas públicas e as sociedades de capitais exclusiva ou maioritariamente
públicos;
f) Os exactores, tesoureiros, recebedores, pagadores e mais responsáveis pela guarda ou
administração de dinheiros públicos;
g) Os responsáveis por contas relativas a material ou equipamento e quaisquer entidades
que giram ou beneficiem de receitas ou financiamentos provenientes de organismos
internacionais ou de entidades referidas nas alíneas anteriores, ou obtidos com a
intervenção destas, consubstanciados nomeadamente em subsídios, empréstimos ou
avales;
h) Os conselhos administrativos ou comissões administrativas;
i) Os administradores, gestores ou responsáveis por dinheiros públicos ou outros activos
do Estado, seja qual for a sua designação, bem como pelos fundos provenientes do
exterior sob forma de empréstimos, subsídios, donativos ou outra;
j) As entidades a quem forem adjudicados, por qualquer forma, fundos do Estado;
27
k) Outras entidades ou organismos determinados pela lei.

Relativamente ao Visto, estão sob controlo as entidades que pratiquem actos de que resultem
despesas suportadas pelo OE ou por fundos externos.

No âmbito da fiscalização das despesas públicas, o Tribunal julga as contas dos organismos,
serviços e entidades sujeitas à jurisdição do Tribunal; elabora o relatório e emite o parecer
sobre a Conta Geral do Estado (CGE).

b) Órgãos de controlo interno

Na história mais recente dos instrumentos e órgãos de controlo financeiro interno destacam-se
os mais significativos, onde particular atenção vai para a criação, pelo Decreto número 13/78,
de 20 de Julho, daInspecção Financeira, junto de cada Ministério e na dependência directa do
respectivo Ministro, cumprindo e fazendo cumprir igualmente, as instruções do Ministério das
Finanças.

Estes departamentos têm como funções:

 Orientar e coordenar a elaboração dos planos financeiros (orçamental, de divisas, de


crédito e de tesouraria) do seu âmbito;
 Orientar e controlar a execução dos referidos planos financeiros;

 Orientar e controlar a administração do património das estruturas e instituições do


Estado.

2.1.11. O Subsistema de Controlo Interno

Ainda em referência ao controlo interno é importante referir que com a criação do Sistema de
Administração Financeira do Estado (SISTAFE), através da Lei n.º 9/2002, de 12 de
Fevereiro, houve a necessidade de estabelecer os comandos operativos para a
suaoperacionalização, o que foi feito com a aprovação do respectivo regulamento pelo
Decreto n.º 17/2002, de 27 de Junho.

O SISTAFE, como bem diz o preâmbulo da Lei que a institui, visa “...estabelecer de uma
forma global mais abrangente e consistente os princípios básicos e normas gerais de um
sistema integrado de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado...”.

28
No seu Artigo 1, n.º 1, alínea e), a Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, estatui que constitui um
dos elementos do SISTAFE o Subsistema do Controlo Interno. Este subsistema “compreende
os órgãos e entidades que intervêm na inspecção e auditoria dos processos de arrecadação,
cobrança e utilização dos recursos públicos e abrange as respectivas normas e
procedimentos”.

O Regulamento do SISTAFE que atrás foi referido tem por objectivo o estabelecimento de
um sistema integrado, que proporcione informação oportuna e fiável, e assegure a
uniformização e harmonização da aplicação dos princípios universalmente aceites e a
instituição de regras e procedimentos para, a par de outros arrolados no Artigo 4, proceder “à
gestão, avaliação e controlo dos recursos financeiros”.

Para garantir o funcionamento do subsistema, o Regulamento criou um Conselho


Coordenador, composto pelo Inspector-Geral de Finanças, o Inspector-Geral da
Administração Pública e por todos os inspectores-gerais sectoriais, ao qual são dadas as
competências constantes do Artigo 195.

O diploma em referência estabelece ainda vários níveis de controlo no seu Artigo 192, onde a
intervenção da Inspecção-Geral de Finanças ocorre no nível de controlo estratégico, que
consiste no acompanhamento e avaliação do controlo operacional e sectorial e ainda, das
metas traçadas no programa do Governo e no Orçamento do Estado.

a) Inspector do Estado

Com vista a assegurar o correcto funcionamento dos órgãos do poder de Estado a todos os
níveis, garantindo-se desse modo a efectiva implementação dos programas definidos a nível
central, sentiu-se a necessidade de criar mecanismos que permitissem o estabelecimento de
uma estreita ligação entre os órgãos centrais e locais.

Num primeiro momento, para cumprir esse desiderato, foi criado um quadro de Inspectores do
Estado, através do Decreto Presidencial n.º 1/79, de 11 de Janeiro, o qual tinha como função
“realizar junto de órgãos locais do Estado missões determinadas pelo Presidente da
República”.

Com a evolução constitucional que Moçambique conheceu a partir de 1990, as modificações


no quadro estrutural do Estado também abrangeram a própria Presidência da República com a
aprovação do Decreto Presidencial n.º 4/96, de 10 de Junho.

29
Este diploma definiu a Presidência da República como um órgão central do aparelho do
Estado de assistência ao Presidente da República no exercício das suas funções
constitucionais e os objectivos que este órgão prossegue. A realização dos objectivos8
definidos no diploma referido no parágrafo anterior exigiu o estabelecimento de um quadro
orgânico que habilite a Presidência da República o desempenho eficaz das suas funções.

Uma dessas funções é a que, por força do estabelecido na alínea a) do n.º 3, do Artigo 2 do
Decreto n.º 5/96, de 10 de Junho, é exercida através do Inspector do Estado.

Ao Inspector do Estado, nos termos do Artigo 13 do mesmo diploma, compete, de entre


outras prerrogativas, assistir o Presidente da República na verificação do respeito pela
Constituição e Legalidade, deslocar-se a diversos locais para verificar e controlar a
implementação de decisões do Presidente da República e outras situações pontuais por
determinação do Chefe do Estado, verificar o cumprimento atempado das orientações do
Presidente da República e do Conselho de Ministros, reunir periodicamente com os
Inspectores-Gerais dos Ministérios para uma análise global dos trabalhos de inspecção no
País, propor ao Presidente da República as providências que julgar convenientes para a
regularidade e eficiência dos serviços de inspecção, e realizar outras tarefas determinadas pelo
Presidente da República.

Deste rol de competências é possível determinar o posicionamento do Inspector do Estado no


quadro das funções de controlo interno em Moçambique, em que este aparece numa situação
de proeminência relativamente aos demais.

b) A Inspecção-Geral de Finanças
Com a aprovação do Estatuto Orgânico da Inspecção-Geral de Finanças, e o correspondente
Regulamento Interno, pelo Decreto n.º 41/13, de 6 de Outubro, e Diploma Ministerial n.º
57/2000, de 21 de Junho, respectivamente, deu-se mais um passo no fortalecimento do
controlo interno em Moçambique, uma vez que a função de zelar pela observância rigorosa da
disciplina financeira do Estado e outros entes públicos já fora conferida ao órgão acima
referenciado pelo próprio Estatuto Orgânico do Ministério das Finanças.

A Inspecção-Geral de Finanças, IGF, é um órgão de controlo financeiro do Estado


moçambicano e de apoio ao Ministro do Plano e Finanças no âmbito da gestão dos fundos
públicos e controlo patrimonial, do tipo centralizado, sendo, portanto, parte integrante do
Ministério do Plano e Finanças e funcionando na directa dependência do respectivo Ministro.

30
Este órgão tem como atribuições fundamentais realizar o controlo da administração financeira
do Estado, sendo incumbido do exercício do controlo nos domínios orçamental, financeiro e
patrimonial, de acordo com os princípios da legalidade, regularidade e da boa gestão
financeira, contribuindo para a economia, a eficácia e a eficiência na obtenção das receitas e
na realização das despesas públicas nacionais, exercendo a sua actividade em todo o território
nacional e nas missões ou delegações do País no exterior.

No âmbito do controlo orçamental, financeiro e patrimonial, a IGF, para além de outras


actividades que lhe são atribuídas por lei, realiza inspecções aos órgãos do Estado, suas
instituições e pessoas colectivas de direito público, ainda que personalizadas, incluindo as
autarquias locais; realiza inspecções ou auditorias a empresas públicas, estatais e mistas onde
o Estado detenha participação no respectivo capital, com excepção das instituições de crédito,
parabancárias e de seguros.

No âmbito do apoio ao Ministro do Plano e Finanças na gestão dos fundos públicos a IGF
propõe medidas visando a melhoria do funcionamento das entidades objecto da sua
intervenção, propõe a adopção de medidas mais adequadas com vista ao aperfeiçoamento do
sistema de controlo financeiro e uniformização de critérios relativos ao tratamento do erário
público e participa, por determinação superior, na elaboração de projectos de diplomas legais
que envolvam matérias das suas atribuições.

Na sua actuação este órgão baseia-se na independência e isenção, observando os princípios e


regras ditadas pelo Comité de Normas de Auditoria da Organização Internacional das
Instituições Supremas de Auditoria (INTOSAI).

2.2. Gestão orçamental

Segundo Jordan et al. (2003) o orçamento pode ser visto como um instrumento de apoio à
gestão que contribui para alcançar objectivos, ou seja, pode ser entendido como um
instrumento de decisão e de acção. Motivo pelo qual e tendo em conta a definição do autor,
objectivos, planos de acção e orçamento são indissociáveis. Esta ligação está fortemente
associada ao planeamento e todos estes elementos constituem ferramentas de implementação
da estratégia das empresas.

Segundo Pereira e Franco (1994), um orçamento pode ser definido como a expressão
quantitativa de um plano de acção. Este instrumento de gestão contribui para coordenar e
implementar a acção numa organização.

31
Neste sentido, o orçamento apresenta-se como um conjunto de quadros que fixam em termos
previsionais e quantificados os valores a atingir pelas actividades da empresa, estimando os
seus gastos e créditos.

Jordan et al., (2005,p.81) defendem que o orçamento é mais do que uma simples previsão,
uma vez que este é um “compromisso por parte dos responsáveis operacionais em atingir os
seus objectivos, os quais deverão estar claramente expressos nos respectivos planos de
acção”. Contudo, este não se deve limitar aos valores do ano anterior com um ajustamento
relativo à inflação a fim de satisfazer somente uma formalidade burocrática.

Objectivos do orçamento tendo em conta a reflexão feita pelos autores, pode-se afirmar que os
objectivos propostos devem satisfazer algumas características fundamentais: serem
hierarquizados, uma vez que existem objectivos com maior relevância do que outros; serem
mensuráveis, ou seja, serem acompanhados por uma unidade de medida (valor monetário,
unidade de produção, horas de trabalho); serem motivantes, pois devem ser exigentes, mas
alcançáveis de modo a apresentarem um desafio para os gestores; serem datados, estipulando
o período durante o qual deverão ser alcançados.

2.2.3. Funções essenciais do Orçamento do Estado

O orçamento do Estado é uma lei que autoriza as receitas e as despesas.

Pela Lei das Finanças, o poder Legislativo autoriza o poder executivo a receber impostos e
taxas a realizar despesas. As regras presidindo à preparação e execução do orçamento, isto é o
seu carácter jurídico, têm por objectivo permitir o controlo do Parlamento pelo executivo. A
autorização dada num quadro jurídico preciso impõe-se aos serviços administrativos
encarregados de as decisões orçamentais, (Santos, 2014).

O orçamento tem uma existência física. Trata-se de um ou mais documentos apresentando o


Estado (situação) das receitas e despesas segundo uma nomenclatura precisa e estruturada.

Como uma previsão dos recursos e das despesas, o orçamento constitui um instrumento de
planeamento. Ele é mesmo por vezes o único realmente que impõe restrições. O orçamento é
de facto um exercício de previsão de meios necessários à realização das acções previstas pelo
Estado para atingir os objectivos, colocando assim a questão dos objectivos, das acções a
desenvolver e dos meios. É pois necessário estabelecer uma relação entre o orçamento e os
instrumentos de planeamento a fim de assegura-se a boa concretização dos objectivos
propostos. (Idem)
32
Mas o orçamento é também um instrumento de gestão fixando os “limites” das despesas
autorizadas para os diferentes serviços. Dá aos responsáveis administrativos o quadro dos
meios de que dispõem para realizarem as respectivas missões. (Idem)

Segundo (Santos, 2012), o orçamento público é o principal instrumento que o gestor público
dispõe para que sejam cumpridas as funções públicas. Saber lidar com o orçamento é
importante pois:

 As demandas da comunidade por bens e serviços somente poderão ser atendidas se


estiverem contempladas no Orçamento Público.
 As leis que regulamentam as atividadeseconômicas, sociais, culturais e políticas da
comunidade dependem de recursos do Orçamento Público para sua aplicação.
 Os gastos realizados pelos órgãos públicos não podem se desviar do que está
autorizado no Orçamento Público, nem conflitar com o interesse público (Santos,
2012).

2.2.4. Orçamento e as Funções de Estado

Sabe-se que os governos costumam participar de muitas formas na economia dos países. A
condução da política monetária, a administração das empresas estatais, a regulamentação dos
mercados privados e, sobretudo, a sua atividade orçamentária funcionam como meios dessa
participação e influenciam o curso da economia  (Barreto, 2009).

Ao tomar parte na condução das actividades económicas, o governo executa as funções


econômicas que o Estado precisa exercer. E para os efeitos, as funções económicas ou, como
ficaram conhecidas, as funções do orçamento sedividem em três tipos: alocativa, distributiva e
estabilizadora (Barreto, 2009).

a) Na função alocativa, o Estado direciona a utilização dos recursos da economia para a


oferta de bens públicos, criando incentivos para aceleração do desenvolvimento de
certos setoreseconômicos em relação a outros.
b) A função distributiva ou redistributiva refere-se ao ajustamento da distribuição da
renda das pessoas e empresas, para alcançar determinadas situações
consideradassocialmente justas. Por meio dessa função o Estado busca equalizar os
desiquilíbrios regionais e sociais, promovendo o desenvolvimento das regiões e
classes menos favorecidas.

33
c) Já a função estabilizadora está relacionada às escolhas orçamentais visando a plena
utilização dos recursos econômicos da sociedade, à estabilidade de preços, ao
equilíbrio da balança de pagamentos e das taxas de câmbio, e à estabilidade do
crescimento económico, com vistas ao desenvolvimento sustentável do País, com a
redução das desigualdades e o pleno emprego.” (Araújo; Arruda; Barreto, 2009).

2.2.5. Importância do Orçamento

O orçamento é um instrumento fundamental de governo, no qual os governantes elegem


prioridades de políticas públicas, decidindo como gastar os recursos extraídos da sociedade,
direcionando-os para os diferentes grupos sociais, conforme seu peso e força política (Abrucio
& Loureiro, 2005).

Para Rosenthal (1998), o orçamento é uma boa maneira de se aferircomo os Legislativos


estaduais se relacionam com o Executivo. É através do orçamento do Estado que os recursos
são alocados nas diferentes funções, programas e interesses. Dessa maneira, é o principal
documento de políticas públicas que o Legislativo e o governador promulgarão. Enquanto o
governador e o Legislativo podem optar entre a apresentação ou não de inúmeras políticas na
agenda estadual, este não é o caso do orçamento que, constitucionalmente deve ser
apresentado anualmente.

O orçamento é um instrumento fundamental de governo, no qual os governantes elegem


prioridades de políticas públicas, decidindo como gastar os recursos extraídos da sociedade,
direcionando-os para os diferentes grupos sociais, conforme seu peso e força política (Abrucio
e Loureiro, 2005). O orçamento, embora seja anual, não pode ser concebido ou executado
isoladamente do período imediatamente anterior e do posterior, pois sofre influências
condicionantes daquele que o precede, assim como constitui uma base informativa para os
futuros exercícios (Conti, 2009).

34
CAPITULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA

Apresenta-se seguidamente, a metodologia adoptada para realização desta pesquisa científica.


Aqui referir-se-á ao tema da pesquisa, técnicas de pesquisa, método usado para a presente
pesquisa, população a que se dirigiu o estudo ou seja, o alvo de estudo e a técnica de recolha
de dados.

3.1. Tipo de pesquisa

3.1.1 Quanto a Abordagem

Quanto a abordagem a pesquisa é Qualitativa, pois busca ou levanta, por parte da pesquisa, de
“opiniões”, as crenças, o significado das coisas nas palavras dos participantes da pesquisa, ela
mostra atitudes e os hábitos de pequenos grupo, seleccionados de acordo com perfis
determinados, (Vieira, 2009 p.7).

Essa pesquisa auxiliou no contacto e interacção directa com os colaboradores da instituição,


sobretudo para aquisição de dados concretos daquilo que é o meu objecto de estudo. Pois
também ajudará a responder sobre quem são os pesquisados, quais os problemas estão
enfrentando e onde precisam concentrar sua atenção para resolver problemas, onde trata-se
também das emoções e perceções das pessoas, ou seja, o que elas sentem.

3.1.2 Quanto aos Objectivos

Quanto aos objectivos, esse trabalho baseo-se na pesquisa descritiva. Onde segundo Teixeira
(2001), esse tipo de pesquisa visa descrever as características conhecidas ou componentes no
facto, fenómeno ou representação (p.118). No entanto, far-se-à, uma descrição do fenómeno
em estudo, isto é, impacto do controlo interno como instrumento de auxílio de gestão
orçamental no Governo Distrital de Changara.

3.1.3. Quanto aos procedimentos

Quanto a aos procedimentos, tratar-se de uma pesquisa bibliográfica. De acordo com Teixeira
(2001), Pesquisa bibliográfica são aquelas em que as fontes de informação são obras
bibliográficas, encontradas em livros, teses, dissertações, monografias, arquivos, internet e
outros. Contudo, nesta pesquisa utilizar-se-à diversos materiais escritos físicos bem como
electrónicos já publicado de modo a complementar o trabalho.

35
3.2. Técnicas de Recolha de Dados

Porém, as técnicas de recolha de dados essa pesquisa basearam-se em:

a) Observação

Para analisar o fenómeno contar-se-à com uma observação directa que “é o método ideal pois
permite uma excelente aprendizagem, uma vez que estabelece um contacto directo entre o
observador e a realidade que se pretende apreender” (Marconi & Lakatos, 2005).

1ª etapa: Este método consistiu na observação dos factos, isto é, conviver com a realidade
referente as formas de controlo interno no auxilio da gestão orçamental.

b) Entrevista

De acordo com Marconi e Lakatos (2005) “referem que a entrevista requer um conhecimento
prévio do campo e uma preparação cuidadosamente elaborada, neste aspecto os
procedimentos formais de contacto com o entrevistador e a ordem e formulação das perguntas
são passos a preparar cuidadosamente para a obtenção de resultados válidos, no que respeita a
um não enviesamento do que pretende ser a investigação científica” (p.96).

Com esta técnica fez-se o levantamento de dados de forma qualitativa, através da elaboração
de um questionário, de perguntas fechadas e abertas, submetidas a alguns funcionários do
Governo Distrital de Changara, em particulares os da área financeira. Com as perguntas do
inquérito foi possível perceber acerca do impacto do controlo interno no auxílio da gestão
orçamental. Portanto, este método consistiu na 2ª etapa.

Usou-se também o inquérito por questionário devido a um conjunto de factores, como pelo
facto de constituir numa fonte recolha de dados menos dispendiosas, por permitir abranger um
maior número de sujeitos e por garantir anonimato e por apresentar os dados de forma
uniforme, o que facilita a comparação entre os sujeitos inqueridos. No entanto, esta técnica foi
aplicado aos restantes funcionários da instituição em estudo.

3.3. Universo e Amostra

De acordo com Teixeira (2001, p.23) “População ou universo: conjunto de unidades com
características comuns” percebe-se que população pode ser considerada como uma colecção

36
de unidades individuais, que podem ser pessoas ou resultados experimentais, com uma ou
mais características comuns que se pretendem estudar.

O Universo do estudo abrangerá todos todos os funcionários da instituição em estudo, isto é,


Governo do Distrino de Changara, numa amostra de 15 funcionários, sendo 1 da área
financeira e 14 das restantes áreas, sendo uma amostra induzida e aleatória, respectivamente.

3.4. Técnicas de Análise de Dados

De acordo com abordagem qualitativa proposta para a presente pesquisa, os dados recolhidos
no campo foram de preferência tratados deforma estatística de acordo com as respostas dadas
pelos colaboradores da instituição, usou-se o pacote Excel na construção de gráficos das
variáveis de estudo e intuição.

37
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
Neste capítulo estão apresentados os resultados adquiridos ao longo do trabalho do campo,
onde esses resultados são confrontados com as informações de alguns autores e com as
hipóteses formuladas.

4.1. Caracterização do Governo do Distrito de Changara

O Distrito de Changara está localizado a Sul do Rio Zambeze, com a Sede Luenha, a 96 Km
da cidade capital da Província, confinando a Norte com os distritos de Cahora Bassa, Chiúta,
Moatize e Cidade de Tete; a Este com a República do Zimbabwe e os distritos de Mágoè e
Cahora Bassa e a Sul com a Província de Manica, através do Rio Luenha.

A superfície do distrito1 é de 6.640 km2 e a sua população está estimada em 184 mil
habitantes à data de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 27,7
hab/km2, prevê-se que o distrito em 2020 venha a atingir os 228 mil habitantes.

A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de 1:0.9, isto é,
por cada 10 crianças ou anciões existem 9 pessoas em idade activa. Com uma população

jovem (50%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de 93% (por cada 100
pessoas do sexo feminino existem 93 do masculino) e uma matriz rural acentuada.

Imagem 1: Referente ao Governo do Distrito de Changara

I. Carta dos serviços Secretaria Distrital de Changara


1. Natureza
 A Secretaria Distrital é um órgão do Aparelho do Estado a nível Distrital encarregue
de prestar assistência Técnico Administrativo ao Governo Distrital, tendo como

38
funções as previstas no Artigo 41 da Lei 8/2008 de 19 de Maio presta serviços de
administração pública sem fins lucrativos.

2. Missão

 Garantir a prestação de serviços públicos de qualidade, atraves de recursos humanos


qualificados e motifivados, processos eficientes e sistemas integrados, com base numa
gestão financeira rigorosa e transparente.

3. Visão

 Centrada no cidadão, promotora do desenvolvimento e vocacionada para prestação de


serviço de qualidade.

4. Valores

 Cultura e bem servir, transparência, competência e aprendizagem contínua,


imparcialidade/equidade idoneidade e integridade, profissionalismo, modernização,
meritocracia, unidade, responsabilidade, flexibilidade e honestidade.

5. Serviços prestados

 Assistência ao funcionamento dos Órgãos Locais do Estado;


 Apoio o Governo Distrital na Planificação e Apoio Instituicional;
 Assegurar a organização, funcionamento dos Conselhos Locais no âmbito do
desenvolvimento Distrital;
 Apoio ao Administrador/a e ao Governo Distrital nas actividades de Fiscalização e
Inspecção do Distrito.

4.2. Orçamento no Governo do Distrito de Changara

Orçamento é um instrumento de planificação através do qual o governo (Central e Municipal)


mobiliza e afecta recursos financeiro para realizar o programa de desenvolvimento. Ou seja,
um documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e as despesas a realizar ao longo
do ano.

Dimensões do orçamento ao nível do distrito compreendem as seguintes:

 Económico: o orçamento constitui uma previsão de gestão orçamental e uma


exposição de plano financeiro do governo distrital.

39
 Política: uma vez aprovado pela Assembleia, o orçamento é uma autorização política
do plano financeiro. Autoriza ao Governo Distrital a realizar certas despesas e cobrar
determinadas receitas.
 Jurídica: o orçamento limita os poderes financeiros dos órgãos administrativos do
distrito. Não podem gastar mais do que aquilo que vem especificado no orçamento
nem cobrar receitas que não estão inscritas neste documento.

a) O modelo orçamental
A lei 11 ̸ 97, artigo 8, ponto 2b, obriga a aplicação de um modelo do orçamento distrital
idêntico para todos os distritos. O modelo assegura de forma a facilitar a sua análise e
agregação.

O modelo orçamental distrital apresenta três partes:

 O orçamento da receita corresponde a previsão de receitas ddo distrito no ano


económico, conforme o classificador.
 Orçamento de despesa que indica os limites para a totalidade das despesas pelo
governo do distrito.
 Orçamento global em que se apresenta a relação entre o saldo do orçamento anterior a
transitar, o orçamento da receita e o orçamento da despesa e o saldo para o ano
orçamental;

4.3. Enquadramento Legal do controlo interno

De acordo com a Lei9/2002, de 12 de Fevereiro – Sistema de Administração Financeirado


Estado (SISTAFE), o ACI é aquele que tema responsabilidade de efectuar as tarefas de
controlo, fiscalização e acompanhamento rotineiro das contas de gestão e de responsabilidade
da UG, emitindo as correspondentes conformidades processual e documental.

2. Compete ao ACI:
 Certificar-se da legalidade dos actos que resultem norecebimento de numerário,
realização de despesa, criação ou extinção de direitos e de obrigações;
 Procederà conferência do numerário, valores e outros bens sob responsabilidadedo
OD;
 Autorizar a emissão de Ordens de Pagamento (OP’s) no e-SISTAFE;
 Registar a conformidade processual (de cabimento, de
 Liquidação e de redistribuição) e documental.
40
a) Fases ou etapas do processo de controlo interno no Govrno do Distrito de Changara

1º Realização das
actividades

2º Colheita de dados

3º Discussão

4º Realização de relatórios

Figura 1: Referente as fases ou etapas do processo de controlo interno no Govrno do Distrito de Changara

Como ilustra a figura acima, pode-se constatar que a primeira etapa é realização das
actividades, segunda etapa é a colheita de dados, terceira etapa é a discussão e quarta e
última etapa é a realização de relatórios.

Na primeira etapa, faz-se a realização das actividades em todas áreas do Govrno do Distrito
de Changara de uma maneira geral.

Após a realizaçãodas actividades, segue-se para segunda etapa que é a colheita de dados, que
basicamente é o processo de recolhimento de dados para o uso de análise de risco,
planeamento para execução da metodologia de apuração de dados. Porém é sempre necessário
todo o cuidado com esses dados, pois é necessário excelência em todo o processo para que as
informações das actividades em análise sejam de extrema qualidade. A colheita de dados feita
é contínua, pois as actividades são registadas à medida que acontecem, durante um
determinadoperíodo de tempo. A técnica utilizada para colheita de dados é análise de
conteúdos, que têm os documentos (Livros de registos).

Também faz-se análise de documentos e registos (revisão dos documentos existentes e criação
dos documentos em falta).

Na terceira etapa do controlo interno do Govrno do Distrito de Changara, que é discussão, é


onde procura-se explicar os motivos que levaram aos resultados colhidos e suas implicação,
assim como a maneira como eles podem influenciar no funcionamento do Govrno do Distrito
de Changara.

41
Envolve o confronto dos dados obtidos a respeito do desempenho real com os objectivos
previamente estabelecidos, tornando possível a identificação de diferenças ou variações que
auxiliarão a gerência da organização na tomada de decisões, com base na análise dos
resultados das informações.

Na quarta e última etapa, após a discussão dos dados, realiza-se relatórios das actividades,
onde descreve-se actividades desenvolvidas em cada área de acção do Govrno do Distrito de
Changara, com mais enfoque o controlo de entrada e saidas das operações e adminnistração e
finanças.

Este tipo de comparação pode ser efetuado periodicamente por solicitações da gerência ou do
organismo superior de Controlo. Na prática, frequentemente é combinada com os relatórios de
supervisão, sendo aconselhável à utilização de recursos gráficos em seus informes.

4.4. Orgãos responsáveis pelo controlo interno no Governo do Distrito de Changara

O Gabinete da Administradora organiza-se, para o seu funcionamento em quatro unidades


técnicas, nomeadamente:

I. Gabinete da Administradora Distrital;

Este serviço é dirigido por um Chefe do Gabinete da Administradora que tem as seguintes
atribuições:

 Orientar e controlar a actividade do pessoal afecto ao Gabinete da Administradora;


 Emitir pareceres sobre assuntos da sua competência e a serem submetidos à decisão do
Presidente;
 Transmitir, acompanhar e controlar a execução das orientações, instruções e decisões
definidas pela Administradora do distrito;
 Preparar e controlar os documentos para despacho da Administradora;
 Assumir a responsabilidade pela recepção, expedição, reprodução, circulação, arquivo
e segurança dos documentos, bem como coordenar o apoio logístico e protocolar do
Presidente;
 Supervisionar a utilização e manutenção de equipamento afecto ao Gabinete da
Administradora e providenciar para que o mesmo se mantenha em devida ordem;
 Prestar assessoria em outras tarefas de natureza técnica que lhe forem determinadas
pela Administradora

42
 Produzir relatórios periódicos sobre o cumprimento dos planos de actividades
sectoriais.

II. Secretariado Executivo.

Compete ao Secretariado Executivo, o exercício das seguintes tarefas:


 Recolher os materiais sectoriais a serem submetidos ao Gabinete da Administradora
do Governo Distrital e/ou às Sessões do Governo Distrital;
 Coordenar a preparação de documentação do Governo Distrital destinada a ser
presente aos órgãos de direito;
 Secretariar e elaborar as actas ou relatórios das Sessões do Governo Distrital e do
Conselho Técnico, sendo este um órgão consultivo da Administradora;
 Secretariar e elaborar actas ou relatórios de outros colectivos e encontros convocados
e presididos pela Administradora Distrital ou onde ele determinar que o Secretariado
Executivo assim proceda;
 Prestar toda a assistência técnica e de secretariado às Sessões da Assembleia distrital;
 Dar tratamento e distribuição das actas e relatórios produzidos, conforme decisão dos
órgãos competentes, tendo em conta a importância da divulgação interna e externa das
realizações e decisões do distrito.

III. Secretária Particular

 Coordenar e encaminhar as audiências externas e internas com o Presidente;


 Registar a entrada e saída de expediente no Gabinete da Administradora Distrital e
facilitar a distribuição do mesmo pelos visados após o despacho;
 Registar as actividades a serem realizadas pela Administradora na sua agenda
particular;
 Verificar e requisitar o material de escritório em falta dentro do Gabinete da
Administradora Distrital;
 Organizar as viagens da Administradora.

IV. Gabinete de Inspecção Assessoria Distrital (Secretaria Distrital)

Porém, o controlo interno no Governo do Distrito de Changara, é feito a partir do Gabinete de


Inspecção e Assessoria chefiado pelo Secretário Permanente, que é o órgão responsável pelo
controlo interno, que zela pelas seguintes funções:

43
 Inspeccionar a observância e aplicação das normas e procedimentos administrativos
em todos os Sectores do Governo Distrital;
 Inspeccionar o cumprimento das normas organizativas do Governo Distrital em todos
os seus níveis e sectores;
 Inspeccionar o cumprimento das normas de gestão de recursos financeiros, materiais,
patrimoniais e de pessoal do Governo Distrital;
 Accionar mecanismos para a cobrança coerciva das multas e coimas.
 Acompanhar o relacionamento dos Serviços do Governo Distrital com o público,
especialmente no atendimento e tratamento das suas petições;
 Emitir recomendações sobre as suas constatações e propor aos níveis competentes as
decisões correctivas;
 Realizar inquéritos, acções inspectoras e outras intervenções específicas, por
determinação superior;
 Realizar auditorias rotineiras em todos os Sectores do Governo Distrital onde se
mostrem necessárias;
 Produzir relatórios periódicos sobre o cumprimento de plano de actividades sectorial;

b) Contabilidade e prestação de contas

A Contabilidade do Governo Distrital é centralizada e focaliza as suas actividades nos


seguintes aspectos:

 Controlo das operações realizadas;


 Verificação de consistência da informação financeira da empresa;
 Produção de informação financeira para a gestão;
 Registo de transacções de despesas.

A Contabilidade da instituição é que está encarregue de receber, todos os documentos de


suporte das transacções efectuadas, sendo que diariamente a tesouraria envia para a
Contabilidade, documentos relacionados com despesas pagas com base numa cotação e
justificativos de deslocações (dentro e fora da cidade).

Entrevista com Senhor Valeta Mwalanane Andrigo chefe do Gabinete de Inspecção e


Assessoria do Governo do Distrito de Changara

1. De que maneira o controlo interno tem auxiliado na gestão orçamental do Governo do


Distrito de Changara

44
O regime financeiro dos órgãos locais do Estado no que concerne à programação, gestão,
execução e controlo interno do Orçamento de Estado, é o constante da lei que estabelece o
Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) (artigo 51).

É de justamente deixar os processos mais transparentes, fazendo com que todos os processos
de contratação, de compras e parte contabilísticos possam estar atendendo a legislação que é
bastante pesada e rigorosa. Assim, o papel do controlo interno é garantir que com iso terá
ferramentas para alcançar esse objectivo, porém o objectivo macro do controle interno é
garantir que os procedimentos estejam sendo realizados conforme a lei prevê e orienta, e com
ele vem à transparência, economicidade e entre outros benefícios e com isso atender aos
principios constitucionais da legalidade, legitimidade, moralidade, economicidade além de
tornar o processo mais transparente.

2. Quais os benefícios encontrados com acompanhamento do CI nas operações e sectores do


Governo do Distrito de Changara?

Um dos benefícios que notou é a economicidade, como por exemplo de preços consultados
que às vezes acontece dos fornecedores passarem um preço maior que a realidade do mercado
e olhando isso com atenção consegue reduzir esse preço que fatalmente geraria compra com
valor acima do praticado no mercado.

Um outro benefício que se notou vem a se o controlo dos combustíveis, embora não seja uma
acção directa do controlo interno, mas que não deixa de dar suporte, para que consiga ter o
controlo efectivo do consumo de combustível no município. Pois esses casos tem uma
vantagem para munícipio que é resultado da acção directa e indirecta do controlo interno.O
controlo interno também dá suporte durante todo período de auditoria.

3. Quais os objectivos básicos do CI como instrumento de auxilio na organização, buscando


a boa gestão orçamental?

O controlo interno também é considerado um órgão de acessoria à Administradora, pois ele é


o órgão que justamente verifica se tudo está correndo dentro da legalidade para que qualquer
acto irregular não traga problemas futuras, umas principais funcões é justamente garantir o
bom uso do recurso público com transparência a todos os actos da administração.

4. Quais as formas de controlo mais utilizadas dentro do Governo do Distrito de Changara?

45
Tendo em conta os resultados, na análise dos processos de compras, exercemos as três formas
de controlo, as quais são: o controlo prévio na análise inicial do processo, objecto, o valor que
já foi levantado.

5. Quando surge algum processo inadequado, qual o procedimento?

Justamente isso vai surgir quando se faz a análise minuciosa em todo processo, como no caso
do processo de compra, o procedimento é identificar a gravidade daquela inadequação e a
partir daí relatar à secretaria de origem o ocorrido, observa se não foi um erro ou uma
distração, de qualquer maneira se faz necessário à correção.

5. Como é feito o controlo dos funcionários do Governo do Distrito de Changara

O controlo de assiduidade dos funcionários da instituiçãoé efectuado através de controlo de


ponto. Existem dois sistemas de controlo de assiduidades, por via cartão pessoal (carachá). O
pagamento dos salários é efetuado via transferência bancária.o Livro de ponto, também
chamado de Folha de Ponto é utilizado em diversas entidades públicas e privadas para
registar os horários de entrada e saida dos empregados (funcionários). Não apenas o horário
de inicio da manhã e o da noite, mas também os intervalos como o almoço ou mesmo sair em
horário diverso e inesperado.

Esse livro é uma forma que uma entidade possa ter um certo controlo sobre os seus
funcionários.

4.5. Caracterização do sistema de controlo interno no Governo do Distrito de Changara


O sistema de controlo interno, no âmbito municipal, visa à avaliação da acção governamental
e da gestão dos actos dos administradores públicos municipais e, para realizar as suas
actividades.

De acordo com o chefe de gabinete de inspecção, o sector do controlo interno distrital


subdivide-se em duas partes: uma operacional e outra de gestão, sendo esta responsável pelo
acompanhamento da execução orçamentária e financeira, com o intuito de verificar a
compatibilidade das actividades dos órgãos e entidades com as políticas públicas instituídas e
com os programas de governo. Já a parte operacional operacional tem como finalidade
verificar a conformidade das actividades dos órgãos e entidades com os objectivos e metas
estabelecidas. Para tal, por meio de auditoria, analisa os actos, processos, contractos,
averiguando-os quanto à competência, ao motivo, ao objecto, à forma e à finalidade, segundo
as regras e os princípios inerentes à Administração Pública.
46
Tabela 1: Resultados positivos inerentes ao controlo interno no Governo do Distrito de
Changara
Resultado Ocorrência de controlo
Redução de falhas apontadas pelo tribunal de contas do A priori, concomitante e a
estado; moralização dos actos da gestão. posteriri.

Controlo na execução orçamentária; acompanhamento das A priori


obidiências do municipio às exigências legais.
Economia 1 milhão de meticais em situações irregulares A priori e a posteriori
por identificar previamente;
Aplicação de forma regular dos recursos públicos.
Melhor controlo dos processos; melhor funcionamento A priori, concomitante e a
administrativo posteriori.

Fonte: Governo do Distrito de Changara (2021)

4.6. Resultado do questionário dirigido aos funcionários do Governo do Distrito de


Changara
Importa lembrar que para a colecta de dados, foram inqueridos 15 funcionários do Governo
do Distrito de Changara, dos quais, 11 Homens e 4 mulheres, com intuito de entender a
percepção deles sobre o impacto que o Controlo interno têm no GDC.

Gráfico 1: Referente ao género

Fonte: Autora (2021)

Em relação ao género dos entrevistados, como mostra o gráfico 1, dos funcionários


entrevistados 78% são do sexo msculino e 22% são feminino.
47
Gráfico 2: Referente ao nível de escolaridade

Fonte: Autora (2021)

Em relação ao nível de escolaridade (Habilitações literárias) dos funcionários entrevistados,


pode-se verificar a partir do gráfico 2, 32% dos funcionários correspondente à 13 % tem o
nível médio, 30% são técnicos profissionais e 38% dos funcionários posuem o nível superior
(licenciatura).

Gráfico 3: Referente à avaliação do processo de controlo interno no Governo do Distrito de


Changara

Fonte: Autora (2021)

48
Com vista a determinar se o sistema de controlo interno é bom ou não, um dos principais
indicadores usado é o feedback e relatórios das actividades e despesas efectuadas na
organização.

Assim, com esta ideia em mente, a partir do questionário, procurou-se entender dos
funcionários do Governo do Distrito se tinham noção do que é processo de controlo, dos
funcionários questionados, como ilusta o gráfico 3, que 14% acham mau, 36% responderam
regular, 40% responderam bom e 10% esponderam óptimo. No entanto, pode-se se dizer que
há divisões de opiniões.

De salientar que o controlo interno é de extremamente importante saber qual é o nível do


conhecimento dos funcinários quanto ao controlo interno.

Quando procurou-se saber dos respondentes o porquê das suas declarações em relação ao
processo de controlo, deu para constatar que os funcionários que acreditam que o processo de
controlo é bom, fundamentam as suas posições por afirmarem que o facto de haver integração
massiva em relação as actividades efectuadas, deixa bem claro a boa convivência existente. E
das declarações dos que afirmam que o processo do controlo é mau ou regular, deu para notar
que o seu descontentamento reside no facto de não concordar as notas divulgadas em relação
as actividades realizadas, resultando assim numa utopia nas metas a alcançar, alegando que
nem sempre o que aprarece nos relatórios divulgados é verdade, ou seja, tem sido falsificado
alguns recibos das despesas, fundamentando que por vezes aparecem coisas, de forma a
fechar as lacunas ocasionadas por desvios de fundo, actos de corrupção.

Para Júnior (1998), o controlo quando bem implementado traz muitas vantagens para a
organização:

a) Precaver fraudes e erros. Em caso de ocorrência dos mesmos permitir a descoberta o


mais rápido possível, definir sua extensão e atribuições de correctas responsabilidades;
b) Servir como ferramenta para localização de erros e desperdícios, promovendo ao
mesmo tempo a uniformidade e a correcção;
c) Registar adequadamente as diversas operações, de modo a garantir a boa utilização
dos recursos da empresa;

E para que isso aconteça, depende muito dos gestores do topo, que devem ter como alvo a
criação de condições, de forma a precaver de práticas que corrompam o sistema
administrativo institucional.

49
Gráfico 4. Referente à área com maior incidência do controlo interno no Governo Distrital de
Changara

Fonte: Autora (2021)

Questionados sobre qual é a área com maior incidência de controlo interno no Governo
Distrital de Changara, como ilustra o gráfico 2, pode-se verificar com base nas respostas
obtidas, que 50% dps funcionários responderam que o controle interno tem maior rígidez na
parte de administração e finanças, 25% responderam na área de Recursos Humanos, 10% em
outras áreas e 5% responderam em todas. O tal controlo interno tem maior rigidez na parte de
administração e finanças e no controlo de na área dos Recursos Humanos, porque é na área
administrativa que se faz a gestão do fundo dispinibilizado para cobrir todas as despesas do
distrito e no controlo de nos Recursos humanos de porque é nesta área que cabe a
responsabilidade de contratar funcionários adequados para áreas afins, pois também em
alguns casos que os funcionários da instituição se envolvem no acto de corrupção, isto é,
cobranças ilícitas para a ocupação das vagas disponibilizadas.

De acordo com Bordin (2005), é muito errado visualizar o sistema de controlo interno, como
uma situação típica da área de administração e finanças, ou seja, em suma o controlo não é
apenas para a área da contabilidade e ou património como erradamente se tem pensado, mas
sim de um todo organizacional.

50
Gráfico 5: Referente a conformidade do processo do Controlo Interno com os preceitos legais
no Governo do Distrito de Changara

Fonte: Adaptado pela autora

Com base nessa declaração, procurou-se saber se o processo do controlo interno obedece os
parâmetros estabelecidos com a lei, 30% dos funcionários questionados responderam
raramente, 70% acreditam que o controlo interno observa os padrões legais que vigoram sobre
a função pública. E, quando consultou-se em que se evidencia este resultado positivo sobre o
controlo, estes afirmaram que o processo de prestação de conta sobre o que se faz e os
respectivos gastos (despesas) é um dos detalhes muito importante e isto traduz a transparência
criando desta feita um clima propício para o sucesso da organização. Os chefes estão abertos
para conversas em momentos informais, a estrutura da instituição já permite que os
trabalhadores principalmente da área financeira e contabilística possam mensalmente publicar
em fóruns organizacionais sobre as tranches efectuadas.

Enquanto isso, os 30% dos funcionários que mostraram sua insatisfação em relação a
conformidade do processo do controlo interno com os parâmetros estabelecidos na lei, os
mesmos sustentaram que o sistema de controlo implementado pelo Governo do Distrito de
Changara não obedece ou seja não existem um sistema de controlo eficaz, visto que o
controlo propriamente dito não existe. Avançaram que na instituição é caracterizada por um
clima de nepotismo, e os desvios financeiros são alarmantes, visto que ficam até sem saldos
para cobrir pequenas actividades administrativa como a compra de papel, toner e outros.

Para Cespaldi (2004), a legalidade das funções administrativas com os preceitos


constitucionais constitui uma das bases na eficácia das metas previamente estabelecidas.

51
Olhando para a realidade especial do trabalho sobre o processo de controlo, nota-se que o
sucesso desta depende da conformidade constitucional, e que o mesmo deve reflectir a
realidade institucional.

Porém a afirmação deste número de funcionários criou certa inquietação quanto ao âmbito da
implementação do sistema de controlo. Ora vejamos, constatou-se aqui a existência de grupo
onde uns defendiam que o mesmo sistema de controlo é positivo, outros dizem ser aceitáveis,
sendo que os últimos analisam que a situação é assustadora, os outros colegas alegam que os
mesmos que afirmam a eficiência do sistema de controlo querem acobertar a ineficiência do
sistema implementado neste centro de saúde.

Assim sendo entrevistou-se o Chefe do Gabinete da Inspecção e Acessoria do Governo do


Distrito de Changara ao que este subsidiou com os seguintes comentários:

Acredito que o sistema de controlo do nosso Governo Distrital responde aquilo que são as
necessidades da instituição, e tentamos torna-la mais eficiente a cada semestre na tentativa de
responder as mudanças do meio. Acredito que o sistema de tidas falhas, mas não é tão graves
sob o ponto de vista de causar danos maiores. Além do mais as tais ditas falhas resultam da
natureza humana, os mesmo que a implementam vezes sem conta deixam se influenciar por
questões de varias naturezas.

Gráfico 6: Referente aos factores limitadores do controlo interno na gestão da instituição

Fonte: Autora (2021)

Quando questionados sobre quais os factores que limitam o controlo interno na gestão da
instituição, 15% responderam a dimensão da entidade, 10% responderam relação custo-
benefício, 40% existência de erros humanos e 35% disseram fraudes e conluios.

52
No que tange ao factor existência de erros humanos e fraudes e conluios, segundo Costa
(2007), falta de competência, compreensão e capacidade dos colaboradores para desenvolver
a actividade controlo interno torná-lo-á falível, independentemente da sua robustez e
sofisticada tecnologia, o conluio de diversas pessoas (internas ou externas à entidade),
nomeadamente aquelas com cargos de maior responsabilidade na gestão, na prática de actos
fraudulentos podem ser difíceis de detectar, principalmente quanto maior for o nível
hierárquico dos intervenientes.

4.7. Discussão dos resultados da pesquisa

Os processos de gestão orçamental, são levados a cabo á nível de toda gestão, e respeitando os
níveis de hierarquia estabelecidos, fazendo com que o sistema de controlo interno seja eficaz
para uma a boa governação, principalmente para aspectos ligados á gestão da “coisa” pública.

a) Gestão tesouraria

O processo de gestão de tesouraria no Governo Distrital de Changara, está relacionado com


procedimentos que são levados a cabo em operações de recebimentos (toda a transacção de
entrada de valores na empresa, em numerário ou documentos, desde que devidamente
certificados, reconhecidos e conferidos como originais) e operações de pagamentos (toda a
transacção que envolve saída de valores da instituição, quer em numerário ou documentos).

b) Recebimentos

As medidas de controlo interno para recebimentos no Governo Distrital de Changara são


verificados com exactidão, mas no passado aconteceu que certas cobranças feitas eram
depositadas em contas não controladas pelo Governo Distrital de Changara, mas a mesma
situação foi colmatada graças ao trabalho dos auditores enviados da sede.

53
CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusão

Após realizar a pesquisa, pode-se concluir que as actividades de controlo interno acontecem
em todos os níveis da organização e etapas de gestão. O sistema de controlo interno é levado a
cabo desde os níveis mais altos até aos níveis mais baixos, envolvendo desta forma a
Administração, as Direcções e outras áreas operacionais.

No entanto, o controlo interno é feito obedecendo os preceitos legais, em quatro etapas, sendo
elas, a primeira etapa é realização das actividades, segunda etapa é a colheita de dados,
terceira etapa é a discussão e quarta e última etapa é a realização de relatórios.

Foi também possível verificar que, para efectivar o controlo interno como auxilio na gestão
orçamental é preciso cumprir e dominar os princípios e regras gerais do orçamento, visto que,
estes têm como o objectivo tornar o orçamento mais claro, simples e verdadeiro. Com este
estudo foi alcançado os objectivos traçados que era compreender o controlo interno como
instrumento de auxílio da gestão orçamental no Governo Distrital de Changara e foi positivo e
tem comprido com modelo orçamental, segundo a lei 11 ̸ 97, artigo 8, 2b. Quanto aos tipos de
controlo interno adoptados pelo Governo Distrital de Changara são dois interno através
Segundo a lei 2/97 o controlo interno sobre a gestão financeira distrital efectua-se através de
inspecções ou de auditorias financeiras de desempenho. Pode-se considerar também no
âmbito do controlo interno a intervenção da Secretariado na aprovação do orçamento e do
relatório de contas no final de cada ano, portanto, qualquer despesa deve ser autorizada pelo
sob pena de esta ser ilegal.

Os dados dessa pesquisa mostram que a relação entre controlo interno e gestão orçamental é
indispensável, porque de acordo com os entrevistados o controlo interno ajuda a manter os
processos mais transparentes, fazendo com que todos os processos de contratação, de compras
e parte contabilísticos possam estar atendendo a legislação que é bastante pesada e rigorosa,
garantir o bom uso do recurso público com transparência a todos os actos da administração.

5.2. Sugestões

Após esta pesquisa recomenda-se o seguinte:

 Que o controlo interno no Governo Distrital de Changara tenha incidência em todas as


áreas;
54
 Melhorar na prestação de contas dos orçamentos distritais para com a populacão;
 Ter noção de receitas e despesas no que diz respeito a populacão;
 Incentivar o pagamento de impostos, taxas e licenças para o aumento da arrecadação
de receitas para fazer face a melhoria de acesso nas zonas recônditas;
 Usar com domínio as Leis das finanças e o quadro legal dos Governos Locais;
 Melhoria na comunicação com os outros sectores da administração;
 Usar com frequência as etapas do processo orçamental.

55
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 Decreto nº 25 ̸ 97, de 29 de Julho- Classificadores Orçamentais.


 Decreto nº23 ̸ 2004, de 20 de Agosto- Regulamento do SISTAFE
 Decreto nº 62 ̸ 2009, de 8 de Setembro-Regulamento do EGFAE
 Lei nº 14 ̸ 2009, de 17 de Março- lei do EGFAE
 Lei nº 7 ̸ 97, de 31 de Maio- Lei da Tutela das Autarquias Locais
 Lei nº 11 ̸ 97, de 31 de Maio- Lei das Finanças e Patrimoni das Autarquias Locais
 Lei nº2 ̸ 97, de 18 de Fevereiro- Lei do Quadro para implantação das Autarquias
Locais
 Lei nº9 ̸ 2002, de 12 de Fevereiro- Lei sobre o Sistema da Administração Financeira
do Estado;
 Lei nº 8 ̸ 2014, de 6 de Outubro - Lei sobre o Sistema da Administração Financeira do
Estado;

58
Anexo I - INQUÉRITO APLICADO AO FUNCIONÁRIO DA ÁREA FINANCEIRA DO
GOVERNO DO DISTRITO DE CHANGARA.

Celm Luís Alguineiro, Finalista do curso “Contabilidade e Auditoria” na UCM, no ano lectivo
de 2021, realiza o presente inquérito no âmbito da elaboração do trabalho de fim do curso
“Monografia”, sob o tema “Controlo Interno como Instrumento de Auxílio na Gestão
Orçamental no Governo Distrital de Changara, período de 2018-2020”. As informações
recolhidas destinam-se somente para fins de análise estatística. Agradece-se desde já a sua
colaboração. O questionário é anónimo, salvaguardando a confidencialidade das respostas.

1. De que maneira o controlo interno tem auxiliado na gestão orçamental do Governo do


Distrito de Changara?__________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Quais os benefícios encontrados com acompanhamento do CI nas operações e sectores do
Governo do Distrito de Changara?_______________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

3. Quais os objectivos básicos do CI como instrumento de auxilio na organização, buscando a


boa gestão orçamental?________________________________________________________

___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

4. Quais as formas de controlo mais utilizadas dentro do Governo do Distrito de Changara?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5. Como é feito o controlo dos funcionários do Governo do Distrito de Changara?___

Muito obrigada
Grato pela sua colaboração

59
Anexo II - INQUÉRITO APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS DE OUTRAS ÁREAS DO
GOVERNO DISTRITAL DE CHANGARA.

GUIÃO DE RECOLHA DE DADOS

Celm Luís Alguineiro, Finalista do curso “Contabilidade e Auditoria” na UCM, no ano lectivo
de 2021, realiza o presente inquérito no âmbito da elaboração do trabalho de fim do curso
“Monografia”, sob o tema “Controlo Interno como Instrumento de Auxílio na Gestão
Orçamental no Governo Distrital de Changara, período de 2018-2020”. As informações
recolhidas destinam-se somente para fins de análise estatística. Agradece-se desde já a sua
colaboração. O questionário é anónimo, salvaguardando a confidencialidade das respostas.

1. Género
a) Masculino_______ b) Feminino______

2. Qual é o seu nível de escolaridade?

a) Ensino Primário___b) Ensino Médio___ c) Técnico Profissional__ d) Ensino Superior____

3. Como é que avalia o processo de Controlo Interno no Governo Distrital de Changara?


a) Mau ______ b) Regular _____ c) Bom _____ d) Óptimo____
Comente:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. Em que área funcional do Governo Distrital de Changara têm maior incidência do
controlo?
a) Administração e finanças_____ b) Recursos Humanos_____
c) Outras áreas da instituição_____ d) Todas____
5. O processo de Controlo Interno no Governo Distrital de Changara obedece os preceitos
legais?
a) Nunca____ b) Raramente_____ c) Quase sempre____ d) Sempre___
a) Não obedece padrões legais______
b) Obedece padrões legais_______
6. Como é a integração no Sistema de Controlo interno no Governo Distrital de Changara?

a) Óptimo_______ b) Bom______ c) Regular______

Comente:___________________________________________________________________

60
7. Qual dos factores limitam do controlo interno na gestão orçamental no Governo Distrital de
Changara
a. Dimensão da entidade______ b. Relação custo-benefício____
c. Existência de erros humanos_____ d. Fraudes e conluios____

Muito obrigada
Grato pela sua colaboração

61

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