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POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO

PM - PE
Soldado
PORTARIA CONJUNTA SAD/SDS Nº 25, DE 09 DE MARÇO DE 2016.

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura e Interpretação de textos........................................................................................................................................01


Aspectos semânticos do vocabulário da língua (noções de polissemia, sinonímia e antonímia). ..................................07
Relações coesivas e semânticas (de causalidade, temporalidade, inalidade, condicionalidade, inalidade, comparação,
oposição, adição, conclusão, explicação, etc.) entre orações, períodos ou parágrafos, indicados pelos vários tipos de
expressões conectivas ou sequenciadores (conjunções, preposições, advérbios, etc.) ...........................................................12
Expressão escrita: divisão silábica, ortograia e acentuação (v. Reforma Ortográica vigente). ..................................26
Traços semânticos de radicais, preixos e suixos. .............................................................................................................37
Pronomes de tratamento......................................................................................................................................................40
Normas da lexão dos verbos regulares e irregulares. ......................................................................................................45
Formação de Palavras: Derivação, Composição, Hibridismo, etc. .................................................................................37
Efeitos de sentido decorrentes do emprego expressivo dos sinais de Pontuação. ...........................................................57
Padrões de concordância verbal e nominal. ......................................................................................................................60
Padrões de regência verbal e nominal. ...............................................................................................................................65
Emprego do sinal indicador de crase..................................................................................................................................72
Questões notacionais da língua: Por que, por quê, porque ou porquê; Mal ou mau; Mais ou mas; Meio ou meia; Onde
ou aonde; Estar ou está...............................................................................................................................................................76
Figuras de linguagem. ..........................................................................................................................................................79

MATEMÁTICA

Função; ..................................................................................................................................................................................01
Progressão Aritmética; Progressão Geométrica; .............................................................................................................07
Juros simples e compostos; .................................................................................................................................................. 11
Análise combinatória; ..........................................................................................................................................................14
Probabilidade........................................................................................................................................................................16

Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA

Formação territorial de Pernambuco.................................................................................................................................01


1.1 Processos de formação. ..................................................................................................................................................01
1.2 Mesorregiões. ..................................................................................................................................................................01
1.3 Microrregiões. .................................................................................................................................................................01
1.4 Regiões de Desenvolvimento – RD. ...............................................................................................................................01
2. Aspectos físicos. ................................................................................................................................................................02
2.1 Clima. ..............................................................................................................................................................................02
2.2 Vegetação.........................................................................................................................................................................02
2.3 Relevo. .............................................................................................................................................................................02
2.4 Hidrograia......................................................................................................................................................................03
3. Aspectos Humanos e indicadores sociais. .......................................................................................................................03
3.1 População. .......................................................................................................................................................................03
3.2 Economia.........................................................................................................................................................................04
3.3 O espaço rural de Pernambuco.....................................................................................................................................05
3.4 Urbanização em Pernambuco. ......................................................................................................................................05
3.5 Movimentos culturais em Pernambuco........................................................................................................................06
4. A questão Ambiental em Pernambuco............................................................................................................................06

HISTÓRIA

Ocupação pré-colonial do atual Estado de Pernambuco ..................................................................................................01


Ocupação Pré-Histórica de Pernambuco; .........................................................................................................................02
Características socioculturais das populações indígenas que habitavam o território do atual estado de Pernambuco,
antes dos primeiros contatos euro-americanos. .......................................................................................................................04
A Capitânia de Pernambuco: a “Guerra dos Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra escrava; ....................06
A Guerra dos Mascates;.......................................................................................................................................................09
As instituições eclesiásticas e a sociedade colonial; ...........................................................................................................09
Insurreição Pernambucana. ................................................................................................................................................10
A Província de Pernambuco no I e II Reinado: Pernambuco no contexto da Independência do Brasil; ....................12
Movimentos Liberais: Confederação do Equador e Revolução Praieira; ......................................................................13
O tráico transatlântico de escravos para terras pernambucanas; .................................................................................14
Cotidiano e formas de resistência escrava em Pernambuco; ...........................................................................................14
Crise da Lavoura canavieira;..............................................................................................................................................15
A participação dos políticos pernambucanos no processo de emancipação/abolição da escravatura..........................16
Pernambuco Republicano: Voto de Cabresto e Política dos governadores; ...................................................................29
Pernambuco sob a interventoria de Agamenon Magalhães; ............................................................................................30
Movimentos sociais e repressão durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) em Pernambuco; ..............................31
Herança afro-descente em Pernambuco; ...........................................................................................................................33
Processo político em Pernambuco (2001-2015). ................................................................................................................35

CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Dos direitos e deveres individuais e coletivos; Dos Direitos Sociais; Da Nacionalidade; Dos Direitos políticos; Dos
Partidos Políticos....................................................................................................................................................................01/50

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A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, diiculdade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eiciente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancaiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara deinição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas especíicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suiciente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento inal no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo deinido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com inalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Condições básicas para interpretar
Prof Especialista Zenaide Auxiliadora
Pachegas Branco Fazem-se necessários:
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
Graduada pela Faculdade de Filosoia,
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto)
Ciências e Letras de Adamantina
e semântico;
Especialista pela Universidade Estadual Paulista – Unesp
Observação – na semântica (signiicado das palavras)
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e conotação,
LEITURA E INTERPRETAÇÃO sinonímia e antonímia, polissemia, iguras de linguagem, entre
DE TEXTOS outros.
- Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.

Interpretar X compreender
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a
preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui Interpretar signiica
alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
questões relacionadas a textos. - Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas - O autor permite concluir que...
entre si, formando um todo signiicativo capaz de produzir - Qual é a intenção do autor ao airmar que...
interação comunicativa (capacidade de codiicar e decodiicar ).
Compreender signiica
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a escrito.
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação - o texto diz que...
do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome - é sugerido pelo autor que...
de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão - de acordo com o texto, é correta ou errada a airmação...
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e - o narrador airma...
analisada separadamente, poderá ter um signiicado diferente
Erros de interpretação
daquele inicial.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências
erros de interpretação. Os mais frequentes são:
diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto,
de recurso denomina-se intertexto. acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento
prévio do tema quer pela imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma
interpretação de um texto é a identiicação de sua ideia principal. A - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas
partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias,
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento o que pode ser insuiciente para o total do entendimento do tema
das questões apresentadas na prova. desenvolvido.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias
às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e,
- Identiicar – é reconhecer os elementos fundamentais de consequentemente, errando a questão.
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais deinem o tempo). Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso,
diferenças entre as situações do texto. o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma mais.
realidade, opinando a respeito.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona
em um só parágrafo. palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras. palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia garantirá a atenção do garçom carioca? Como pode o ignó-
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome bil paulista, nascido e criado na crua batalha entre burgueses
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu e proletários, compreender o discreto charme da aristocracia?
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de um nobre. Um antigo membro da corte que esconde, por trás da
adequação ao antecedente. carapinha entediada, do descaso e da gravata borboleta, sauda-
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação des do imperador. [...] Se deixou de bajular os príncipes e prin-
de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, cesas do século 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou
deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo gim tônicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques
adequado a cada circunstância, a saber: para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas de Or-
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas son Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje fala de futebol
depende das condições da frase. com Roberto Carlos e ouve conselhos de João Gilberto. Conti-
- qual (neutro) idem ao anterior. nua tão nobre quanto sempre foi, seu orgulho permanece intacto.
- quem (pessoa) Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o sem poesia, de camisa polo, meia soquete e sapatênis, achan-
objeto possuído. do que o jacarezinho de sua Lacoste é um crachá universal,
- como (modo) capaz de abrir todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, ne-
- onde (lugar)
nhum emblema preencherá o vazio que carregas no peito - pen-
quando (tempo)
sa o garçom, antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante,
quanto (montante)
a caminho do banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã, de-
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto) pois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cinzas, maldizendo a
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a desigualdade
aparecer o demonstrativo O ). é tão mais organizada: “Ô, companheirô, faz meia hora que eu
cheguei, dava pra ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo.
Dicas para melhorar a interpretação de textos Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom carioca não
está aí para servi-lo, você é que foi ao restaurante para homenageá-lo.
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; (Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha de S.Paulo,
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a 06.02.2013)
leitura; (*) Um tipo de coreograia, de dança.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
menos duas vezes; 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
- Inferir; LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e rai-
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor nhas do 20 (3.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a
compreensão; menção a
- Veriicar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada (A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido
questão; não literal.
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. (B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não li-
teral.
Fonte: (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referên-
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/ cia em sentido não literal.
como-interpretar-textos (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referên-
cia em sentido literal.
QUESTÕES
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal.
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux” (*):
Texto para a questão 2:
sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista acena, asso-
via, agita os braços num agônico polichinelo; encostado à parede,
marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada DA DISCRIÇÃO
atenção. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parcei- Mário Quintana
rô?!”; o garçom boceja, tira um iapo do ombro, olha pro lustre. Não te abras com teu amigo
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o Que ele um outro amigo tem.
paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas já este- E o amigo do teu amigo
reotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais termi- Possui amigos também...
nam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. (http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
[...] Como pode ele entender que o fato de estar pagando não

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE CO- Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de
MUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e
poema, é correto airmar que tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínimos
(A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver
ruim. para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o
(B) amigo que não guarda segredos não merece respeito. mundo cabe numa fresta.
(C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta negra
(D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado. bazar, 2010. p. 47)
(E) entre amigos, não devem existir segredos.
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO reduzido no qual o menino detém sua atenção é
– SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE (A) fresta.
PENITENCIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder (B) marca.
à questão. (C) alma.
(D) solidão.
Casamento (E) penumbra.

Há mulheres que dizem: 5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –


Meu marido, se quiser pescar, pesque, CESPE/2012)
mas que limpe os peixes. O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, o
de vez em quando os cotovelos se esbarram, aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma
ele fala coisas como “este foi difícil” espécie de segunda revelação do mundo.
“prateou no ar dando rabanadas” Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Renascimento:
e faz o gesto com a mão. o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987, p. 73 (com
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez adaptações).
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O
Por im, os peixes na travessa,
riso”.
vamos dormir.
(...) CERTO ( ) ERRADO
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
(Adélia Prado, Poesia Reunida)
CESPE/2010)
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu
A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que
pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma
(A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não
gostam que os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil explicação oicial satisfatória para o corte abrupto e generalizado
limpar os peixes. de energia no inal de 2009.
(B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica
não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os esbarrões de (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal
cotovelos na cozinha. Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km
(C) há mulheres casadas que não gostam de icar sozinhas que separam Itaipu de São Paulo.
com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes. Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de
(D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais investimentos e também erros operacionais conspiraram para
simples do cotidiano vividos com a pessoa amada. produzir a mais séria falha do sistema de geração e distribuição
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para de energia do país desde o traumático racionamento de 2001.
limpar, abrir e salgar o peixe. Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).

4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto


FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, acima apresentado, julgue os próximos itens.
considere o texto abaixo. A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados
do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
A marca da solidão (...) CERTO ( ) ERRADO

Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de 7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa ADMINISTRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra viatura, com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte
na tarde quente. de São Paulo.”

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
Pela leitura do fragmento acima, é correto airmar que, em sua Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria
estrutura sintática, houve supressão da expressão das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver
a) vigilantes. consideravelmente as suas capacidades de liderança.
b) carga. Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns
c) viatura. que aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto,
d) foi. formam uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas
e) desviada. habilidades, mas elas podem ser aprendidas tanto através das
experiências da vida, quanto da formação voltada para essa
8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) inalidade.
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve
— Carta para o 9.326!!! duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a
branco, e um outro pergunta: interação cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe
— Quem te mandou essa carta? proximidade física ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o
— Minha irmã. comportamento inluenciado por um escritor ou por um líder
— Mas por que não está escrito nada? religioso que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...]
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
poder de inluência do líder, implica dizer que parte desse poder
encontra-se no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima
a maioria das teorias contemporâneas sobre liderança.
decorre
A) da identiicação numérica atribuída ao louco. Daí deinirem liderança como a arte de usar o poder que
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no existe nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o
hospício. que se requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível.
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta. [...]
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco. (Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. Gestão de
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administração pública do Estado
de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira e Maria Cristina Pinto Galvão,
9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) Secretaria de Gestão pública, São Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292,
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica: com adaptações)
— Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
— O senhor tem hora? 10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO –
O sujeito olha para o relógio e diz: TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo
— Sim. São duas e meia. com o texto, liderança
— Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente. (A) é a habilidade de cheiar outras pessoas que não pode ser
— O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me paga desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu
o aluguel do consultório... ambiente de trabalho.
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações). (B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis
da história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se
No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao tornaram poderosos através deles.
homem para saber se ele (C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo
A) veriicou o horário de chegada e está sob os cuidados do adquirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que
dr. Pedro. constituem a equipe de trabalho.
B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento (D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos
do aluguel. quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses
C) tem relógio e sabe esperar.
grupos em torno de seus objetivos pessoais.
D) marcou consulta e está calmo.
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do
11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO –
dr. Pedro.
TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO DA deixa claro que
FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Atenção: (A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o
As questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo. grupo em torno da realização de um objetivo comum.
(B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização,
Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo.
e realizações de grandes personagens da história e da vida social (C) pode não haver condições de liderança em algumas
ou, então, a uma dimensão mágica, em que algumas poucas equipes, caso não se estabeleçam atividades especíicas para cada
pessoas teriam habilidades inatas ou o dom de transformar-se em um de seus membros.
grandes líderes, capazes de inluenciar outras e, assim, obter e (D) a liderança é um dom que independe da participação dos
manter o poder. componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho.

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno – VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
da liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo) questões de números 15 a 17.
No contexto, inter-relação signiica
(A) o respeito que os membros de uma equipe devem Férias na Ilha do Nanja
demonstrar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem
em benefício de todo o grupo. Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as malas nos
(B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um seus carros, olhando o céu para verem que tempo faz, pensando
grupo devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, issuras* – sem falar
organização a que prestam serviço. em bandidos, milhões de bandidos entre as issuras, as pedras
(C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe, soltas e as barreiras...
de modo que os mais capacitados colaborem com os de menor Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto
capacidade. trabalho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enim,
(D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma cansados, cansados de serem obrigados a viver numa grande
equipe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos. cidade, isto que já está sendo a negação da própria vida.
E eu vou para a Ilha do Nanja.
13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce
pressupõe proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo) como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo
A airmativa acima quer dizer, com outras palavras, que os pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça à janela a
(A) a presença física de um líder natural é fundamental para namorar um moço na outra janela de outra ilha.
que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos. (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adaptado)
(B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se
atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diversos. *issuras: fendas, rachaduras
(C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
houver distância no tempo e no espaço entre aquele que inluencia 15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
e aquele que é inluenciado. – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a maneira
(D) as inluências recebidas devem ser bem analisadas e como se preparam para suas férias, a autora mostra que seus
postas em prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia. amigos estão
(A) serenos.
14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – (B) descuidados.
FGV PROJETOS/2010) (C) apreensivos.
Painel do leitor (Carta do leitor) (D) indiferentes.
Resgate no Chile (E) relaxados.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de 16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
uma mina de cobre e ouro no Chile. – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se airmar que,
Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso, assim como seus amigos, a autora viaja para
mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica (B) escapar do lugar em que está.
e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram (C) reencontrar familiares queridos.
à equipe chilena de salvamento, num gesto humanitário que (D) praticar esportes radicais.
só enobrece esses países. E, também, dos dois médicos e dois (E) dedicar-se ao trabalho.
“socorristas” que, demonstrando coragem e desprendimento,
desceram na mina para ajudar no salvamento. 17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde, “à
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel do leitor – beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um bosque”
17/10/2010) (último parágrafo), a autora sugere que viajará para um lugar
(A) repulsivo e populoso.
Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões (B) sombrio e desabitado.
demonstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato (C) comercial e movimentado.
por ele narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos (D) bucólico e sossegado.
trechos a seguir, EXCETO: (E) opressivo e agitado.
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de
cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na
mina...”

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – 6-)
CONSULPLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos
questão. 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portanto,
trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva).
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria:
“do apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados
do país”); quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
delimita a informação – como no caso do exercício).

RESPOSTA: “CERTO’.

7-)
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes,
(Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. Porto Alegre: abandonada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se
L&PM, 1976. p. 95.) da igura de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, que
consiste na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente
A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunista da elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identiicado).
mineiro mais conhecido como Caulos. É correto airmar que o No enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de
tema apresentado é que a viatura foi abandonada.
(A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
(B) a rapidez da comunicação na Era da Informática. RESPOSTA: “D”.
(C) a comunicação e sua importância na vida das pessoas.
(D) a massiicação do pensamento na sociedade moderna. 8-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece
Resolução no desfecho da história, ao inal, como nesse: “Ah, porque nós
brigamos e não estamos nos falando”.
1-)
Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do século RESPOSTA: “D”.
20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “famosas”.
Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses eram da corte, 9-)
literalmente. “O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o
senhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele marcou
RESPOSTA: “B”. horário e se é paciente do Dr. Pedro.

2-) RESPOSTA: “E”.


Pela leitura do poema identiica-se, apenas, a informação
contida na alternativa: revelar segredos para o amigo pode ser 10-)
arriscado. Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à
conclusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação;
RESPOSTA: “D”. envolve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para
serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem
3-) a interação cooperativa dos membros envolvidos = equipe
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora
narra um momento simples, mas que é prazeroso ao casal. RESPOSTA: “C”.

RESPOSTA: “D”. 11-)


4-) O texto deixa claro que a importância do líder baseia-se na
Com palavras do próprio texto responderemos: o mundo cabe valorização de todo o grupo em torno da realização de um objetivo
numa fresta. comum.
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “A”.
12-)
5-) Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresentadas, a que
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele está coerente com o sentido dado à palavra “inter-relação” é: “a
abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe e de
pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. respeito às metas que devem ser alcançadas por todos”.

RESPOSTA: “CERTO”. RESPOSTA: “D”.

Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
13-) - Antônimos
Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendizado
da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância no São palavras de signiicação oposta: ordem - anarquia;
tempo e no espaço entre aquele que inluencia e aquele que é soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
inluenciado. Observação: A antonímia pode originar-se de um preixo
de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático
RESPOSTA: “C”. e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo
e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista;
14-) simétrico e assimétrico.
Em todas as alternativas há expressões que representam a
opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se O que são Homônimos e Parônimos:
pode esquecer / gesto humanitário que só enobrece / demonstrando
coragem e desprendimento. - Homônimos
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferentes na
RESPOSTA: “B”. pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo);
15-) colher (verbo) e colher (subst.);
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, issuras jogo (subst.) e jogo (verbo);
– sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as issuras, as denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente, providência (subst.) e providencia (verbo).
deixa-os apreensivos.
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e diferentes
RESPOSTA: “C”. na escrita:
acender (atear) e ascender (subir);
16-)
concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da
cela (compartimento) e sela (arreio);
própria autora!
censo (recenseamento) e senso (juízo);
paço (palácio) e passo (andar).
RESPOSTA: “B”.
c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São palavras
17-)
iguais na escrita e na pronúncia:
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
caminho (subst.) e caminho (verbo);
RESPOSTA: “D”. cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
18-)
Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta - Parônimos
observar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”. São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e
couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede e
RESPOSTA: “A”. cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; autuar e
atuar; degradar e degredar; inligir e infringir; deferir e diferir;
suar e soar.

ASPECTOS SEMÂNTICOS h t t p : / / w w w. c o l a d a w e b . c o m / p o r t u g u e s / s i n o n i m o s , -
DO VOCABULÁRIO DA LÍNGUA antonimos,-homonimos-e-paronimos
(NOÇÕES DE POLISSEMIA, SINONÍMIA
E ANTONÍMIA) Questões sobre Signiicação das Palavras

01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as


lacunas da frase abaixo:
- Sinônimos Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável a) imigraram - emigram - migram
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adversário b) migraram - imigram - emigram
e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; c) emigraram - migram - imigram.
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; d) emigraram - imigram - migram.
transformação e metamorfose; oposição e antítese. e) imigraram - migram – emigram

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013 - 05. Leia as frases abaixo:
Leia o texto para responder às questões de números 02 e 03. 1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Marte.
Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de
humor.
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu celular 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo para alguns
pode ser matéria-prima para outros. O CMID – Centro Marista Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de
de Inclusão Digital –, que funciona junto ao Colégio Marista de vocábulos para as lacunas existentes:
Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ensina os alunos do colégio a a) concerto – há – a – cessões – há;
fazer robôs a partir de lixo eletrônico. b) conserto – a – há – sessões – há;
Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo, c) concerto – a – há – seções – a;
constroem carros com sensores de movimento que respondem d) concerto – a – há – sessões – há;
à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de baterias e) conserto – há – a – sessões – a .
de celular. “Tirando alguns sensores, que precisamos comprar,
é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de robótica do CMID,
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
Leandro Schneider. Esses alunos também aprendem a consertar
2013-adap.). Considere o seguinte trecho para responder à questão.
computadores antigos. “O nosso projeto só funciona por causa
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
do lixo eletrônico. Se tivéssemos que comprar tudo, não seria
viável”, completou. valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
Em uma época em que celebridades do mundo digital fazem limites de disciplina.
campanha a favor do ensino de programação nas escolas, O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, é:
é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da turma A) de desprendimento. B) de responsabilidade.
avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já sabe qual C) de abnegação. D) de amor.
será sua proissão. “Quero ser programador. No início das aulas, E) de egoísmo.
eu achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse.
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preenchida
Adaptado) com a primeira alternativa da série dada nos parênteses:
A) Estou aqui _______ de ajudar os lagelados das enchentes.
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns (aim- a im).
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – pode ser B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
substituída, sem alteração do sentido da mensagem, pela seguinte C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inlingirem
expressão: - infringirem).
A) Pelo menos B) A contar de D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
C) Em substituição a D) Com exceção de (concelhos - conselhos).
E) No que se refere a E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
de - acerca de).
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para
o termo destacado em – …“No início das aulas, eu achava meio 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à direita de
chato, mas depois fui me interessando”, disse. cada palavra há um sinônimo.
A) Estimulante. B) Cansativo. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
C) Irritante. D) Confuso. b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
E) Improdutivo.
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
– 2013). Analise as airmações a seguir.
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem GABARITO
alteração do sentido do texto, por “faz”. 01. A 02. D 03. A 04. A
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita 05. D 06. E 07. E 08. A
da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação.
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui RESOLUÇÃO
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido 1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imigraram
do texto. para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros emigram para
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, está a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; internamente,
correto o que se airma em migram para o Sul, pelo mesmo motivo.
A) I, II e III. B) III, apenas.
C) I e III, apenas. D) I, apenas. 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
E) I e II, apenas. comprar, é tudo reciclagem”...

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das aulas, eu d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signiicados
achava meio chato, mas depois fui me interessando” invertidos
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas depois e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
fui me interessando” signiicados invertidos

4-) O sentido das palavras


I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola,
alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser deinida como
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente
da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. = correta com a ideia associada a este conjunto.
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a Sentido Próprio e Figurado das Palavras
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido
do texto. = correta Pela própria deinição acima destacada podemos perceber que
a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada a sua
5-) forma escrita e os seus sons (denominada signiicante) e a outra
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi; relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que ela traz
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe) vida (denominada signiicado).
em Marte. Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se
3 – As sessões da câmara são verdadeiros programas assim:
de humor. - Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido
4- Há dias que não falo com Alfredo. (= tempo comum que costumamos dar a uma palavra.
passado) - Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “igurado”, que
podemos dar a uma palavra.
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes
contextos:
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
lhes impuseram limites de disciplina.
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável,
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho,
que adota condutas pouco apreciáveis)
é de egoísmo
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres
muito sobre alguma coisa, “expert”)
humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum
beneiciam outros. É sinônimo de ilantropia. No sentido comum
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido
do termo, é muitas vezes percebida, também, como sinônimo
igurado.
de solidariedade. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, Podemos então concluir que um mesmo signiicante (parte
que são as inclinações especíica e exclusivamente individuais concreta) pode ter vários signiicados (conceitos).
(pessoais ou coletivas).
Denotação e Conotação
7-)
A) Estou aqui a im de de ajudar os lagelados das - Denotação: veriica-se quando utilizamos a palavra com o
enchentes. (aim = O adjetivo “aim” é empregado para indicar seu signiicado primitivo e original, com o sentido do dicionário;
que uma coisa tem ainidade com a outra. Há pessoas que têm usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este
temperamentos ains, ou seja, parecidos) exemplo: Cortaram as asas da ave para que não voasse mais.
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar arreio Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido próprio,
no cavalo) comum, usual, literal.
C) Serão punidos os que infringirem o regulamento. MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicionário:
(inlingirem = aplicarem a pena) trata-se de deinição literal, quando o termo é utilizado em seu
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais velhos; sentido dicionarístico.
(concelhos= Porção territorial ou parte administrativa de um
distrito). - Conotação: veriica-se quando utilizamos a palavra com o
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. (acerca seu signiicado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico);
de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). usada de modo criativo, igurado, numa linguagem rica e
expressiva. Veja este exemplo:
8-) Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = seja tarde demais.
signiicados invertidos Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma igurada,
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signiicados fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações;
invertidos disciplina, limitação de conduta e comportamento.

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: (A) contrastada.
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- (B) confrontada.
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-igurado-das- (C) ombreada.
palavras.html (D) rivalizada.
(E) equiparada.
Questões sobre Denotação e Conotação
5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE COMUNITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não
SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – te abras com teu amigo – o verbo em destaque foi empregado em
VUNESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao sentido igurado.
da expressão de mármore. Assinale a alternativa contendo as Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir” continua
expressões com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das sendo empregado em sentido igurado.
palavras ígneo e pétreo. (A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(A) De corda; de plástico. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abridor.
(B) De fogo; de madeira. (C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
(C) De madeira; de pedra. (D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em casa.
(D) De fogo; de pedra. (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
(E) De plástico; de cinza.
6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, considere o texto
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - abaixo.
ADAPTADO) Para responder à questão, considere a seguinte
passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- A marca da solidão
-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
diante da pergunta “débito ou crédito?”. paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra na
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de tarde quente.
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínimos
(C) adotar como referência de qualidade.
bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver para,
(D) julgar de acordo com normas legais.
apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o mundo
(E) classiicar segundo ideias preconcebidas.
cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta negra
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
bazar, 2010. p. 47)
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as palavras
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido igurado é
destacadas nas seguintes passagens do texto:
(A) menino.
Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
(B) chão.
... informações ligadas especialmente à pesquisa acadêmica, (C) testa.
... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por analogia (D) penumbra.
e associação... (E) tenda.
Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia de
hipertexto... 7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA –
... 20 anos depois de seu artigo fundador... VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à
questão.
As palavras destacadas que expressam ideia de tempo são:
(A) algo, especialmente e Quando. RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a
(B) Desde, especialmente e algo. Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a cidade. Em
(C) especialmente, Quando e depois. primeira instância, a campanha é educativa. Equipes da Companhia
(D) Desde, Quando e depois. Municipal de Limpeza Urbana estão percorrendo as ruas para
(E) Desde, algo e depois. lagrar maus cidadãos jogando coisas onde não devem e alertá-los
para o que os espera. Em breve, com guardas municipais, policiais
4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) militares e 600 iscais em ação, as multas começarão a chegar para
A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o movimento quem tratar a via pública como a casa da sogra.
cordelista pode ser comparada à de outros dois grandes nomes... Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os
Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem prejuízo da recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas que,
correção, o elemento grifado pode ser substituído por: nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, pichar

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar orelhões, 6-)
arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar bancos, saquear Novamente, responderemos com frase do texto: seu rosto
lojas e, por uma estranha compulsão, destruir lixeiras, jogar o formando uma tenda.
lixo no asfalto e armar barricadas de fogo com ele. RESPOSTA: “E”.
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum motivo, 7-)
parecem querer levar ao colapso. Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção do autor
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalismo, ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se à queda, ao im,
saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade, resistência à ruína da cidade.
à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos públicos, talvez seja RESPOSTA: “E”.
possível enquadrá-los por sujar a rua.
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. Adaptado)
8-)
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o sentido
parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de de “duração/tempo”
(A) progresso. (A) O menino leva o material adequado para a escola. =
(B) descaso. carrega
(C) vitória. (B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
(D) tédio. (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(E) ruína. (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = direciona
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova
8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – = duração/tempo
BNDES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
“Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva anos”. A RESPOSTA: “E”.
frase em que esse verbo está usado com o mesmo sentido é:
(A) O menino leva o material adequado para a escola. Polissemia
(B) João levou uma surra da mãe.
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. Consideremos as seguintes frases:
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova.
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
Resolução Vamos! Coloque logo a mão na massa!
As crianças estão com as mãos sujas.
1-) Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.
Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou associação
de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos fogo, combustão... Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no
Pedra, petriicado. Encontrou a resposta? que se refere à graia, mas será que possuem o mesmo signiicado?
RESPOSTA: “D”. Existe uma parte da gramática normativa denominada
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes signiicados que
2-) uma mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que
Classiicar conforme regras conhecidas, mas não conirmadas se insere.
se verdadeiras. Tomando como exemplo as frases já mencionadas,
RESPOSTA: “E”. analisaremos os vocábulos de mesma graia, de acordo com seu
sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.
3-) Na primeira, a palavra “mão” signiica habilidade, eiciência
As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são: desde, diante do ato praticado. Nas outras que seguem o signiicado é de:
quando e depois. participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como
RESPOSTA: “D”.
parte do corpo humano e por último simboliza o roubo, visto de
maneira pejorativa.
4-)
Ao participar de um concurso, não temos acesso a dicionários Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos
para que veriiquemos o signiicado das palavras, por isso, caso que o preixo “poli” signiica multiplicidade de algo. Possibilidades
não saibamos o que signiicam, devemos analisá-las dentro do de várias interpretações levando-se em consideração as situações
contexto em que se encontram. No exercício acima, a que se de aplicabilidade.
“encaixa” é “equiparada”. Há uma ininidade de outros exemplos em que podemos
RESPOSTA: “E”. veriicar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:
O rapaz é um tremendo gato.
5-) O gato do vizinho é peralta.
Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empregado em Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
seu sentido denotativo. No item C, conotativo (“abrir a mente” = Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
aberto a mudanças, novas ideias). sobrevivência
RESPOSTA: “C”. O passarinho foi atingido no bico.

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
Polissemia e homonímia Coerência e coesão relacionam-se com o processo de
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para a
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante comum. coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta coesão.
Quando a mesma palavra apresenta vários signiicados, estamos Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente coesão, ou
na presença da polissemia. Por outro lado, quando duas ou mais que um texto tenha coesão sem coerência. Em outras palavras:
palavras com origens e signiicados distintos têm a mesma graia e um texto pode ser gramaticalmente bem construído, com frases
fonologia, temos uma homonímia. bem estruturadas, vocabulário correto, mas apresentar ideias sem
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode nexo, sem uma sequência lógica: há coesão, mas não coerência.
signiicar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é polissemia Por outro lado, um texto pode apresentar ideias coerentes e bem
porque os diferentes signiicados para a palavra manga têm origens encadeadas, sem que no plano da expressão as estruturas frasais
diferentes, e por isso alguns estudiosos mencionam que a palavra sejam gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão.
manga deveria ter mais do que uma entrada no dicionário. A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode signiicar hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem origem nas
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou a estruturas profundas, no conhecimento do mundo de cada pessoa,
caligraia de um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes aliada à competência linguística. Deduz-se que é difícil ensinar
signiicados estão interligados porque remetem para o mesmo coerência textual, intimamente ligada à visão de mundo, à origem
conceito, o da escrita. das ideias no pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão
linguística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto.
Polissemia e ambiguidade O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:

Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de um
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode ser texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada
ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpretação. Essa relação semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as
ambiguidade pode ocorrer devido à colocação especíica de uma ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma
palavra (por exemplo, um advérbio) em uma frase. Vejamos a coisa bate com outra”).
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo do
seguinte frase: Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
texto, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
frequentemente são felizes. Neste caso podem existir duas
vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo faz-se via
interpretações diferentes. As pessoas têm alimentação equilibrada
gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
porque são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
vocabulário, tem-se a coesão lexical.
equilibrada.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela pode
Coerência
induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpretação. Para
fazer a interpretação correta é muito importante saber qual o - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
contexto em que a frase é proferida. - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
conceitual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
RELAÇÕES COESIVAS E SEMÂNTICAS o aspecto global do texto;
(DE CAUSALIDADE, TEMPORALIDADE, - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
FINALIDADE, CONDICIONALIDADE,
FINALIDADE, COMPARAÇÃO, Coesão
OPOSIÇÃO, ADIÇÃO, CONCLUSÃO,
EXPLICAÇÃO, ETC.) ENTRE ORAÇÕES, - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão sequencial;
PERÍODOS OU PARÁGRAFOS,
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
INDICADOS PELOS VÁRIOS TIPOS DE componentes do texto;
EXPRESSÕES CONECTIVAS OU - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
SEQUENCIADORES (CONJUNÇÕES, PRE-
POSIÇÕES, ADVÉRBIOS, ETC.) Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibilidade ou
compreensão do texto. Um texto bem redigido tem parágrafos
bem estruturados e articulados pelo encadeamento das ideias
neles contidas. As estruturas frasais devem ser coerentes e
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um trabalho: gramaticalmente corretas, no que diz respeito à sintaxe. O
introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de saber o que se vocabulário precisa ser adequado e essa adequação só se
deve (e o que não se deve) escrever em cada parte constituinte do consegue pelo conhecimento dos signiicados possíveis de cada
texto, é preciso saber escrever obedecendo às normas de coerência palavra. Talvez os erros mais comuns de redação sejam devidos à
e coesão. Antes de mais nada, é necessário deinir os termos: impropriedade do vocabulário e ao mau emprego dos conectivos
coerência diz respeito à articulação do texto, à compatibilidade (conjunções, que têm por função ligar uma frase ou período a
das ideias, à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se outro). Eis alguns exemplos de impropriedade do vocabulário,
à expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas frasais e colhidos em redações sobre censura e os meios de comunicação
ao emprego do vocabulário. e outras.

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
“Nosso direito é frisado na Constituição.” Pedir o =n(transitivo direto) signiica solicitar, pleitear (Pedi
Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta o jornal do dia).
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu que
“Estabelecer os limites as quais a programação deveria estar izessem silêncio).
exposta.” Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da classe);
Estabelecer os limites aos quais a programação deveria estar signiica também pedir em favor de alguém (A Diretora pediu
sujeita. = correta ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, pedir algo a
alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá-lo); pode signiicar
“A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.” ainda exigir, reclamar (Os professores pedem aumento de salário).
A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias
sensacionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam O mau emprego dos pronomes relativos também pode levar à
tais notícias. = correta falta de coesão gramatical. Frequentemente, emprega-se no qual
ou ao qual em lugar do que, com prejuízo da clareza do texto;
“Retomada das rédeas da programação.” outras vezes, o emprego é desnecessário ou inadequado.
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no que diz “Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para mim
respeito à programação. = correta no qual estava sem remetente”. (Chegou com um envelope que (o
qual) estava sem remetente).
O emprego de vocabulário inadequado prejudica muitas vezes
a compreensão das ideias. É importante, ao redigir, empregar “Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da
palavras cujo signiicado seja conhecido pelo enunciador, e sensibilidade...”
cujo emprego faça parte de seus conhecimentos linguísticos. Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade delas
Muitas vezes, quem redige conhece o signiicado de determinada (palavras cheias de sensibilidade).
palavra, mas não sabe empregá-la adequadamente, isso ocorre
frequentemente com o emprego dos conectivos (preposições e Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação das
conjunções). Não basta saber que as preposições ligam nomes ou frases, aconselha-se levar em conta as seguintes sugestões para
sintagmas nominais no interior das frases e que as conjunções ligam o emprego correto dos articuladores sintáticos (conjunções,
frases dentro do período; é necessário empregar adequadamente preposições, locuções prepositivas e locuções conjuntivas).
tanto umas como outras. É bem verdade que, na maioria das vezes, - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articulação
o emprego inadequado dos conectivos remete aos problemas de sintática faz-se por meio de conjunções adversativas: mas, porém,
regência verbal e nominal. todavia, contudo, no entanto, entretanto. Podem também ser
Exemplos: empregadas as conjunções concessivas e locuções prepositivas
para introduzir a ideia de oposição aliada à concessão: embora,
“Estar inteirada com os fatos” signiica participação, ou muito embora, apesar de, ainda que, conquanto, posto que, a
interação. despeito de, não obstante.
“Estar inteirada dos fatos” signiica ter conhecimento dos - A articulação sintática de causa pode ser feita por meio
fatos, estar informada. de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, como, por
isso que, visto que, uma vez que, já que. Também podem ser
“Ir de encontro” signiica divergir, não concordar. empregadas as preposições e locuções prepositivas: por, por causa
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência de, por
motivo de, por razões de.
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de ideias” - O principal articulador sintático de condição é o “se”: Se o
signiica a liberdade não é ameaça; time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também expressar
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de ideias”, condição pelo emprego dos conectivos: caso, contanto que, desde
isto é, a liberdade ica ameaçada. que, a menos que, a não ser que.
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais comum
Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um de expressar inalidade. “É necessário baixar as taxas de juros
dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas ou três para que a economia se estabilize” ou para a economia estabilizar-
regências diferentes; cada uma, porém, tem um signiicado se. “Teresa vai estudar bastante para fazer boa prova.” Há outros
especíico. Lembre-se, a propósito, de que as dúvidas sobre o articuladores que expressam inalidade: a im de, com o propósito
emprego da crase decorrem do fato de considerar-se crase como de, na inalidade de, com a intenção de, com o objetivo de, com o
sinal de acentuação apenas, quando o problema refere-se à regência ito de, com o intuito de.
nominal e verbal. - A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio dos
Exemplos: articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto, pois, por
isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. Para introduzir
O verbo assistir admite duas regências: mais um argumento a favor de determinada conclusão emprega-
assistir o/a (transitivo direto) signiica dar ou prestar -se ainda. Os articuladores aliás, além do mais, além disso, além
assistência (O médico assiste o doente): de tudo, introduzem um argumento decisivo, cabal, apresentado
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao jogo como um acréscimo, para justiicar de forma incontestável o
da seleção). argumento contrário.

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
- Para introduzir esclarecimentos, retiicações ou Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, apenas
desenvolvimento do que foi dito empregam-se os articuladores: mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns termos
isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A conjunção aditiva (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para obter a clareza
“e” anuncia não a repetição, mas o desenvolvimento do discurso, tivemos que fazer o uso de vírgulas.
pois acrescenta uma informação nova, um dado novo, e se não Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que
acrescentar nada, é pura repetição e deve ser evitada. mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma gradação boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a não
entre os correspondentes de determinada escala. No alto dessa “embolar” o sentido quando produzimos frases complexas. Com
escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no plano mais baixo: ao isto, “entregamos” frases bem organizadas aos nossos leitores.
menos, pelo menos, no mínimo. O básico para a organização sintática das frases é a ordem
direta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam tal ordem
Equivalência e transformação de estruturas da seguinte maneira:
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL+
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase leva- CIRCUNSTÂNCIAS
-nos a reletir sobre a organização das ideias em um texto. Signiica
dizer que, antes da redação, naturalmente devemos dominar o A globalização + está causando+ desemprego + no Brasil
assunto sobre o qual iremos tratar e, posteriormente, planejar o nos dias de hoje.
modo como iremos expô-lo, do contrário haverá diiculdade em
transmitir ideias bem acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas contêm
de textos e a experiência de vida antecedem o ato de escrever. todos estes elementos, portanto cabem algumas observações:
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos - As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é necessário normalmente são representadas por adjuntos adverbiais de tempo,
saber ordenar as ideias em frases bem estruturadas. Logo, não basta lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quando queremos recordar
conhecer bem um determinado assunto, temos que o transmitir de algo ou narrar uma história, existe a tendência a colocar os adjuntos
maneira clara aos leitores. nos começos das frases: “No Brasil e na América…” “Nos dias de
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado para hoje…” “Nas minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os
organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para tanto, verbos e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil
é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”, conforme existe…”
o dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que estuda a
Observações:
disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem
- tais construções não estão erradas, mas rompem com a
como a relação lógica das frases entre si”; ou em outras palavras,
ordem direta;
sintaxe quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de
- é preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas frases
maneira a produzirem um sentido evidente para os receptores das
que não têm sujeito, somente predicado. Por exemplo: Está
nossas mensagens. Observe:
chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São quatro
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está Latina
horas agora;
América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e na - Outras frases são construídas com verbos intransitivos, que
América Latina. não têm complemento: O menino morreu na Alemanha, (sujeito
+verbo+ adjunto adverbial), A globalização nasceu no século XX.
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma frase, as (idem)
palavras estão amontoadas sem a realização de “uma sintaxe”, não - Há ainda frases nominais que não possuem verbos: Cada
há um contexto linguístico nem relação inteligível com a realidade; macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem direta faz-se
no caso 2, a sintaxe ocorreu de maneira perfeita e o sentido está naturalmente. Usam-se apenas os termos existentes nelas.
claro para receptores de língua portuguesa inteirados da situação Levando em consideração a ordem direta, podemos
econômica e cultural do mundo atual. estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula:
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não haverá a
A Ordem dos Termos na Frase necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo disto:
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é América Latina.
organizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia, há Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração por
diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal frase, três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula, mesmo que
tudo depende da necessidade ou da vontade do redator em manter estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra básica nº1 para a
o sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a algum dos colocação da vírgula. Veja:
seus termos. Signiica dizer que, ao escrever, podemos fazer uma A globalização, a tecnologia e a “ciranda inanceira”
série de inversões e intercalações em nossas frases, conforme a causam desemprego… = (três núcleos do sujeito)
nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos A globalização causa desemprego no Brasil, na América
transmitir uma ideia. Por exemplo, podemos expressar a mensagem Latina e na África. = (três adjuntos adverbiais)
da frase 2 da seguinte maneira: A globalização está causando desemprego, insatisfação e
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. = (três
desemprego. complementos verbais)

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar com Obs 1: alguns gramáticos, Sacconi, por exemplo, consideram
vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu complemento, nem que as orações subordinadas adverbiais devem ser isoladas pela
o complemento e as circunstâncias, ou seja, não devemos separar vírgula também quando colocadas após as suas orações principais,
com vírgula os termos da oração. Veja exemplos de tal incorreção: mas só quando
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. a) a oração principal tiver uma extensão grande: por exemplo:
A globalização causa… , enquanto os países…(vide frase acima);
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os b) Se houver uma outra oração após a principal e antes da
termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, assim o oração adverbial: A globalização causa desemprego no Brasil
sentido da ideia principal não se perderá. Esta é a regra básica e as pessoas aqui estão morrendo de fome , enquanto nos países
nº2 para a colocação da vírgula. Dito em outras palavras: quando portadores de alta tecnologia…
intercalamos expressões e frases entre os termos da oração,
devemos isolar os mesmos com vírgulas. Vejamos: Obs 2: quando os adjuntos adverbiais são mínimos, isto é, têm
A globalização, fenômeno econômico deste im de século XX, apenas uma ou duas palavras não há necessidade do uso da vírgula:
causa desemprego no Brasil. Hoje a globalização causa desemprego no Panamá.
Ali a globalização também causou…
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o sujeito A não ser que queiramos dar ênfase: Aqui, a globalização…
e o verbo. Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultural, está Obs3: na língua escrita, normalmente, ao realizarmos a ordem
causando desemprego no Brasil e na América Latina. inversa, emprestamos ênfase aos termos que principiam as frases.
Veja este exemplo de Rui Barbosa destacado por Garcia:
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada. “A mim, na minha longa e aturada e continua prática do
As orações adjetivas explicativas desempenham escrever, me tem sucedido inúmeras vezes, depois de considerar
frequentemente um papel semelhante ao do aposto explicativo, por por muito tempo necessária e insuprível uma locução nova,
isto são também isoladas por vírgula. encontrar vertida em expressões antigas mais clara, expressiva e
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil… elegante a mesma ideia.”

Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu Estas três regras básicas não solucionam todos os problemas
complemento. de organização das frases, mas já dão um razoável suporte para
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, no que possamos começar a ordenar a expressão das nossas ideias.
Brasil… Em suma: o importante é não separar os termos básicos das
orações, mas, se assim o izermos, seja intercalando ou invertendo
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não pertence elementos, então devemos usar a vírgula.
ao assunto: globalização, da frase principal, tal oração é apenas
um comentário à parte entre o complemento verbal e os adjuntos. - Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
Obs: a simples negação em uma frase não exige vírgula: outro exemplo muito comum cobrado em provas é o enunciado
A globalização não causou desemprego no Brasil e na trazer uma frase no singular, por exemplo, e pedir que o aluno
América Latina. passe a frase para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo
é o enunciado dar a frase em um tempo verbal, e pedir para que
3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, tal a passe para outro tempo verbal.
quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da colocação
da vírgula.
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando
desemprego…
No im do século XX, a globalização causou desemprego no
Brasil…
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente se
dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. Trata-
-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramática, são
representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas vezes, elas são
colocadas em orações chamadas adverbiais que têm uma função
semelhante a dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo,
lugar, etc. Exemplos:
Quando o século XX estava terminando, a globalização
começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia
desenvolvem--se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Durante o século XX, a Globalização causou desemprego no
Brasil.

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Paralelismo

O termo paralelismo corresponde a uma relação de equivalência, por semelhança ou contraste, entre dois ou mais elementos. É um
recurso responsável por uma boa progressão textual. Dizemos que há paralelismo em uma estrutura quando há uma correspondência rítmica,
sintática/gramatical ou semântica entre as estruturas.
Vejam a tirinha a seguir da famosa personagem Mafalda:

(Quino)
No segundo quadrinho, na fala da mãe da menina, há uma estrutura sintaticamente equivalente:

“[PARA TRABALHAR,] [PARA NOS AMAR,] [PARA FAZER DESTE MUNDO UM MUNDO MELHOR]”

As três orações em destaque obedecem a uma mesma estrutura sintática: iniciam-se com a preposição “para” e mantêm o verbo no
ininitivo. A essa relação de equivalência estrutural, damos o nome de paralelismo.
Analisemos o próximo exemplo:

Vejam como o slogan da marca de cosméticos “Nívea” também segue uma estrutura em paralelismo – “BELEZA QUE SE VÊ, BELEZA
QUE SE SENTE”. Notem que a repetição é intencional, mantendo uma unidade gramatical.
O paralelismo é um recurso de coesão textual, ou seja, promove a conexão das ideias, através de repetições planejadas, trazendo unidade
a um texto.
Vejamos o exemplo a seguir:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PREVÊ [MUDAR A DATA DO ENEM] E [MELHORIAS NO SISTEMA.]


Há um desequilíbrio gramatical na frase acima. Para respeitarmos o paralelismo, poderíamos reescrevê-la das seguintes maneiras:

a) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PREVÊ [MUDAR A DATA DO ENEM] E [MELHORAR O SISTEMA.]


Ou
b) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PREVÊ [MUDANÇAS NA DATA DO ENEM] E [MELHORIAS NO SISTEMA.]

Vejam que, na primeira reescrita, mantivemos verbos no ininitivo iniciando as orações – “mudar” e “melhorar”. Já na segunda,
mantivemos bases nominais – substantivos – “mudanças” e “melhorias”. Dessa forma, estabelecemos o paralelismo nas frases.
“Mas como achar o tal do paralelismo?”. Uma dica boa é encontrar os conectivos na frase. Eles são importantes marcadores textuais
para ajudá-los a identiicar as estruturas que devem permanecer em relação de equivalência. Exemplo:
Queremos amor E ter paz.

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
O verbo querer possui duas ideias que o complementam: Corrigindo, temos:
“amor” E “ter paz”. O conectivo “e” marca o paralelismo. As Gosto [de livros] e [os] compro.
estruturas por ele ligadas estão iguais gramaticalmente? Não. OI OD
Uma é um substantivo e a outra uma oração. Para equilibrá-las,
podemos reescrever, por exemplo, das seguintes formas: Exemplo 4:
Queremos [amor] e [paz]. Quero [sua ajuda] e [que você venha].
Ou Nesse caso, o paralelismo foi quebrado, uma vez que os
Queremos [ter amor] e [ter paz]. complementos do verbo “querer” têm “pesos sintáticos” diferentes:
Ou “sua ajuda” é um objeto direto “simples” e “que você venha” é um
Queremos ter [amor] e [paz]. objeto direto oracional. Repare que os objetos estão ligados pelo
conectivo “e”, devendo, portanto, haver uma equivalência entre
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: eles.
Corrigindo, temos:
Os períodos a seguir apresentam problemas de paralelismo. Quero [sua ajuda] e [sua vinda].
Reescreva-os, fazendo as devidas correções: ou
a) Trata-se de um ponto de vista importante e que merece Quero [que você me ajude] e [que você venha].
respeito.
b) Pensei estar, um dia, como aquele funcionário e que também PARALELISMO SEMÂNTICO
conseguirei uma promoção.
c) Lamentei não ter feito nada pelo rapaz e que ele saísse tão É aquele em que se observa uma correlação de sentido entre
humilhado. as estruturas. Observe:
d) Vi-o entristecer e que queria ajuda. “Trocava [de namorada] como trocava [de blusa]”.
“Marcela amou-me durante [quinze meses] e [onze contos de
Sugestões de resposta: réis]”
(Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás
Cubas)
a) Trata-se de um ponto de vista importante e respeitável.
b) Pensei estar, um dia, como aquele funcionário e também
Notem que, apesar de haver paralelismo gramatical ou
conseguir uma promoção.
sintático nas frases, não há uma correlação semântica.
c) Lamentei que não tivesse feito nada pelo rapaz e que ele
No primeiro caso trocar “de namorada” não equivale a trocar
saísse tão humilhado.
“de blusa”; no segundo, amar “durante quinze meses” (tempo) não
d) Vi-o entristecer e querer ajuda.
corresponde a amar “durante onze contos de réis”. São relações de
sentido diferentes. Dessa forma, podemos dizer que houve uma
PARALELISMO SINTÁTICO OU GRAMATICAL
“quebra” do paralelismo semântico, pois é feita uma aproximação
entre elementos de “carga signiicativa” diferente. Entretanto, isso
É aquele em que se nota uma correlação sintática numa foi intencional e não deve ser visto como uma falha de construção.
estrutura frasal a partir de termos ou orações semelhantes Na maioria das vezes, esse tipo de construção é proposital
morfossintaticamente. Veja os exemplos a seguir: para trazer a um trecho determinado efeito de sentido a partir da
Exemplo 1: ironia ou do humor, como nos exemplos acima.
O condenado não só [roubou], mas também [é sequestrador].
Corrigindo, temos: PARALELISMO RÍTMICO
Ele não só roubou, mas também sequestrou.
Os termos “não só... mas também” estabelecem entre as O paralelismo rítmico é um recurso estilístico de grande
orações coordenadas uma relação de equivalência sintática. Dessa efeito, do qual alguns autores se servem com o propósito de dar
forma, é preciso que as orações apresentem a mesma estrutura maior expressividade ao pensamento.
gramatical. Vejam os exemplos a seguir, retirados do livro “Comunicação
em prosa moderna”, de Othon Garcia:
Exemplo 2: “Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio,
O cidadão precisa [de educação], [respeito] e [solidariedade]. o cisne é negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio,
Corrigindo, temos: o anjo é feio; se com amor, o pigmeu é gigante”.
O cidadão precisa [de educação], [de respeito] e [de (“Sermão da quinta quarta-feira”, apud M. Gonçalves Viana, Sermões e
solidariedade]. (os três complementos verbais devem vir lugares seletos, p. 214)
preposicionados - encadeamento de funções sintáticas)
“Nenhum doutor as observou com maior escrúpulo, nem as
Exemplo 3: esquadrinhou com maior estudo, nem as entendeu com maior
[Gosto] e [compro] livros. propriedade, nem as proferiu com mais verdade, nem as explicou
Nesse caso, temos um problema na construção. O verbo com maior clareza, nem as recapacitou com mais facilidade, nem
“gostar” é transitivo indireto, enquanto o verbo “comprar” é as propugnou com maior valentia, nem as pregou e semeou com
transitivo direto. A frase mostra-se incompleta sintaticamente, uma maior abundância”.
vez que só há um complemento verbal (“livros”). (M.Bernardes)

Didatismo e Conhecimento 17
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Repare as repetições intencionais, enfáticas, presentes nas Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação,
construções acima, caracterizando um paralelismo rítmico. na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.
Quanto aos tipos de frases, além da classiicação em verbais e
ATIVIDADES nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem
ser classiicadas a partir de seu sentido global:
1-) (UERJ) - frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma
AS SEM-RAZÕES DO AMOR pergunta: Que queres fazer?
Eu te amo porque te amo. - frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem
Não precisas ser amante, ou faz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o sair!
e nem sempre sabes sê-lo. - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo:
Eu te amo porque te amo. Que dia difícil!
Amor é estado de graça - frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já
e com amor não se paga. chegou.

Amor é dado de graça, Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo
é semeado no vento, (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito
na cachoeira, no eclipse. e predicado. O sujeito é o termo da frase que concorda com o
Amor foge a dicionários verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
e a regulamentos vários. tema do que se vai comunicar”. O predicado é a parte da frase que
contém “a informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema,
Eu te amo porque não amo constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
bastante ou demais a mim. Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o
Porque amor não se troca, predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um
não se conjuga nem se ama. predicado nominal:
Porque amor é amor a nada, Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
feliz e forte em si mesmo. opinião.
A existência é frágil.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor, A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples)
por mais que o matem (e matam) quando encerra um pensamento completo e vem limitada por
a cada instante de amor. ponto-inal, ponto de interrogação, ponto de exclamação e por
(ANDRADE, Carlos Drummond de.”Corpo”. Rio de Janeiro: Record, reticências.
2002.) Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco.

Na terceira estrofe do poema, veriica-se um movimento Acima temos três orações correspondentes a três períodos
de progressão textual que reitera as razões para o amor. Essa simples ou a três frases. Mas, nem sempre oração é frase: “convém
progressão está caracterizada pela repetição do seguinte que te apresses” apresenta duas orações, mas uma só frase,
procedimento linguístico: pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento
a) construção frasal em ordem indireta completo.
b) estrutura sintática em paralelismo Outra deinição para oração é a frase ou membro de frase
c) pontuação com efeito retórico que se organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre
d) rima como recurso fonológico um verbo (ou locução verbal), que implica na existência de um
predicado, ao qual pode ou não estar ligado um sujeito.
RESOLUÇÃO Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo.
Dessa forma:
O próprio enunciado da questão dá dicas sobre a resposta. A Rua! = é uma frase, não é uma oração.
expressão “progressão textual” e a palavra “repetição” induzem Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar
a pensarmos exatamente no paralelismo presente no poema. Ao a noite do meu bem.” Temos uma frase e três orações: As duas
longo do texto, enumeram-se, por meio de estruturas equivalentes últimas orações não são frases, pois em si mesmas não satisfazem
sintaticamente, as razões para o amor. Logo, como se vê, o gabarito um propósito comunicativo; são, portanto, membros de frase.
da questão é a alternativa “B”.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
Frase, período e oração: completo. O período pode ser simples ou composto.

Frase é todo enunciado suiciente por si mesmo para Período simples é aquele constituído por apenas uma oração,
estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou que recebe o nome de oração absoluta.
fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções. Chove.
Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito A existência é frágil.
e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em Português há Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove. opinião.

Didatismo e Conhecimento 18
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Período composto é aquele constituído por duas ou mais O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se
orações: pode identiicar claramente a que o predicado da oração refere-
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.” -se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário,
Cantei, dancei e depois dormi. teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de
Termos essenciais da oração: duas maneiras:
- com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito
O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais não tenha sido identiicado anteriormente:
da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis Bateram à porta;
para a formação das orações. No entanto, existem orações formadas Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
exclusivamente pelo predicado. O que deine, pois, a oração, é a
presença do verbo. - com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo. pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não
“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”
apresentam complemento direto:
“Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.
Precisa-se de mentes criativas;
Vivia-se bem naqueles tempos;
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha
e primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. Trata-se de casos delicados;
Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, Sempre se está sujeito a erros.
denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito relaciona-se
com o verbo, estabelecendo a concordância. O pronome se funciona como índice de indeterminação do
A função do sujeito é basicamente desempenhada por sujeito.
substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração.
Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras palavras As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado,
substantivadas (derivação imprópria) também podem exercer a articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensagem está
função de sujeito. centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem
Ele já partiu; sujeito com:
Os dois sumiram; - os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Um sim é suave e sugestivo. Amanheceu repentinamente;
Está chuviscando.
Os sujeitos são classiicados a partir de dois elementos: o de
determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito. - os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos
Um sujeito é determinado quando é facilmente identiicável meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:
pela concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples Está tarde.
ou composto. Ainda é cedo.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível Já são três horas, preciso ir;
identiicar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso Faz frio nesta época do ano;
ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente Há muitos anos aguardamos mudanças signiicativas;
o sujeito de uma oração. Faz anos que esperamos melhores condições de vida;
Estão gritando seu nome lá fora;
Trabalha-se demais neste lugar. O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada
oração contém a informação nova para o ouvinte. Nas orações sem
O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único
sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:
núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode
Chove muito nesta época do ano;
também ser um pronome indeinido.
Nós nos respeitamos mutuamente; Houve problemas na reunião.
A existência é frágil;
Ninguém se move; Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se
O amar faz bem. declara a respeito desse sujeito.
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que
O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
de um núcleo. Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);
Alimentos e roupas andam caríssimos; Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo
Ela e eu nos respeitamos mutuamente; pensamento (predicado).
O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
Para o estudo do predicado, é necessário veriicar se seu
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também
ao sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo do sujeito que está se as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo
implícito e que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou ou também ao sujeito da oração.
pelo contexto. Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres
Abolimos todas as regras. = (nós) de opinião.

Didatismo e Conhecimento 19
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O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se Os complementos verbais integram o sentido dos verbos
refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou transitivos, com eles formando unidades signiicativas. Esses
indiretamente ao verbo. verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente,
A existência (sujeito) é frágil (predicado). sem a presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de
preposição.
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao
oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a verbo.
palavra a ele relacionada. Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo signiicativo Dou-lhes três.
um verbo: Houve muita confusão na partida inal.
Chove muito nesta época do ano;
Senti seu toque suave; O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
O velho prédio foi demolido. - com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes
Os verbos acima são signiicativos, isto é, não servem apenas a pessoas:
Amar a Deus;
para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
Adorar a Xangô;
Estimar aos pais.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
signiicativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou
- com pronomes indeinidos de pessoa e pronomes de
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. tratamento:
O predicativo é um nome que se liga a outro nome da oração por Não excluo a ninguém;
meio de um verbo. Não quero cansar a Vossa Senhoria.
Nos predicados nominais, o verbo não é signiicativo, isto
é, não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, - para evitar ambiguidade:
indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito: Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria
“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.” outra)

Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente
andar, icar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas. Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
A função de predicativo é exercida normalmente por um Os homens pedem-lhes amor sincero;
adjetivo ou substantivo. Gosto de música popular brasileira.

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois O termo que integra o sentido de um nome chama-se
núcleos signiicativos: um verbo e um nome. No predicado complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome
verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao que completa por intermédio de preposição:
complemento verbal. Desenvolvemos profundo respeito à arte;
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signiicativo, A arte é necessária à vida;
indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo Tenho-lhe profundo respeito.
que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado; Termos acessórios da oração e vocativo:
As mulheres julgam os homens inconstantes
Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais,
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas
adverbial, adjunto adnominal, o aposto e o vocativo.
funções: a de verbo signiicativo e a de verbo de ligação. Esse
predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma
nominal:
circunstância do processo verbal, ou intensiica o sentido de um
O dia amanheceu; adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao
O dia estava ensolarado. advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel de adjunto
adverbial.
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
complemento homens como o predicativo inconstantes.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto
Termos integrantes da oração: adverbial são:
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o - airmação: Sim, realmente irei partir.
complemento nominal são chamados termos integrantes da oração. - assunto: Falavam sobre futebol.

Didatismo e Conhecimento 20
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- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, ixaram-
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. se por muito tempo na baía anoitecida.
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou
- dúvida: Talvez nos deixem entrar. interpelar um ouvinte real ou hipotético.
- im: Estudou para o exame. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos,
- frequência: Sempre aparecia por lá. pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse
- instrumento: Fez o corte com a faca. papel na linguagem.
- intensidade: Corria bastante. João, venha comigo!
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. Traga-me doces, minha menina!
- lugar: Vou à cidade.
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo. O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma
- negação: Não há ninguém que mereça. oração em sua composição. Sendo assim:
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes. - Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
privilégios econômicos. (Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor
solar. (Período Composto = três verbos, três orações).
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma oração.
especiica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, Isso implica que o primeiro exemplo é um período simples, pois
pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel tem apenas uma oração, os dois outros exemplos são períodos
de adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos compostos, pois têm mais de uma oração.
adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos. Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo orações de um período composto: uma relação de coordenação ou
de infância. uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um
O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substantivo a que
mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações,
se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do objeto
marcado pela pontuação inal), mas têm, ambas, estruturas
liga-se ao objeto por meio de um verbo.
individuais, como é o exemplo de:
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
O poeta deixou-a.
(Período Composto)
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto
Podemos dizer:
adnominal)
1. Estou comprando um protetor solar.
O poeta português deixou uma obra inacabada.
O poeta deixou-a inacabada. 2. Irei à praia.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto) Separando as duas, vemos que elas são independentes.
É esse tipo de período que veremos agora: o Período Composto
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um por Coordenação.
substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se Quanto à classiicação das orações coordenadas, temos dois
apenas ao substantivo. tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, Coordenadas Assindéticas = São orações coordenadas entre
desenvolver ou resumir a ideia contida num termo que exerça si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas
qualquer função sintática. justapostas.
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
Coordenadas Sindéticas = Ao contrário da anterior, são
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através de uma
Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que conjunção coordenativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de
se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o oração uma classiicação. As orações coordenadas sindéticas são
dia mal-humorado. classiicadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas,
O aposto pode ser classiicado, de acordo com seu valor na conclusivas e explicativas.
oração, em:
a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas, Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais
permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo. conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como,
b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas: assim... como.
amor, arte, ação. Não só cantei como também dancei.
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
isso forma o carnaval. Comprei o protetor solar e fui à praia.

Didatismo e Conhecimento 21
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Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto,
porém, no entanto, ainda, assim, senão. A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia. Suponho que você foi à biblioteca hoje.
Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja... Você sabe se o presidente já chegou?
seja. Oração Subordinada Substantiva
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
diferentes. introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
Quer eu durma quer eu ique acordado, icarei no quarto. advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os
exemplos:
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas O garoto perguntou qual seu nome.
principais conjunções são: logo, portanto, por im, por conseguinte, Oração Subordinada Substantiva
consequentemente, pois (posposto ao verbo)
Passei no concurso, portanto irei comemorar. Não sabemos por que a vizinha se mudou.
Conclui o meu projeto, logo posso descansar. Oração Subordinada Substantiva
Tomou muito sol, consequentemente icou adoentada. Classiicação das Orações Subordinadas Substantivas
A situação é delicada; devemos, pois, agir
De acordo com a função que exerce no período, a oração
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas subordinada substantiva pode ser:
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois
(anteposto ao verbo). a) Subjetiva
Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do
Só iquei triste por você não ter viajado comigo. verbo da oração principal. Observe:
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
É fundamental que você compareça à reunião.
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.”
Oração Principal Oração Subordinada Atenção:
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período
que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente simples:
do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
em qualquer dos tempos initos (tempos do modo do indicativo,
subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a
ou explícitas. função de sujeito
Podemos modiicar o período acima. Veja: Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. principal:
Oração Principal Oração Subordinada - Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo:
É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro -
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” Está evidente - Está comprovado
é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada É bom que você compareça à minha festa.
“existir em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada
apresenta agora verbo no ininitivo. Além disso, a conjunção - Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se -
“que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou
orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais provado
(ininitivo - lexionado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
orações reduzidas ou implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar
conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, - ocorrer - acontecer
introduzidas por preposição. Convém que não se atrase na entrevista.

Didatismo e Conhecimento 22
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Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular.

b) Objetiva Direta
A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce função de objeto direto do verbo da oração principal.
Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objetiva
Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desenvolvidas são iniciadas por:


- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora veriicou se todos alunos estavam presentes.

- Pronomes indeinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O pessoal queria saber
quem era o dono do carro importado.

- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não sei por que ela
fez isso.

c) Objetiva Indireta
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.


Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

d) Completiva Nominal
A oração subordinada substantiva completiva nominal completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por
preposição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal

Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

Lembre-se: as orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta
o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa um verbo, o
segundo, um nome.

e) Predicativa
A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
do verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na prova.

f) Apositiva
A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de aposto de algum termo da oração principal.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto

Didatismo e Conhecimento 23
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(Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração Subordinada Substantiva Apositiva
reduzida de ininitivo

* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm introduzidas
por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe o exemplo:

Esta foi uma redação bem-sucedida.


Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção, a
qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modiica é feita pelo pronome relativo
“que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede.
Obs.: para que dois períodos se unam num período composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual - a
qual - os quais - as quais
Reiro-me ao aluno que é estudioso.
Essa oração é equivalente a:
Reiro-me ao aluno o qual estuda.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas
adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas por
pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa das formas nominais (ininitivo, gerúndio ou
particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e apresenta
verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de ininitivo: não há pronome
relativo e seu verbo está no ininitivo.

Classiicação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras diferentes.
Há aquelas que restringem ou especiicam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não há marcação de
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações que realçam um detalhe ou ampliicam dados sobre o
antecedente, que já se encontra suicientemente deinido, as quais denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.

Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem que passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem
especíico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando naquele
momento.

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Exemplo 2: Circunstâncias Expressas
O homem, que se considera racional, muitas vezes age pelas Orações Subordinadas Adverbiais
animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa a) Causa
A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo um determinado fato, ao motivo do que se declara na oração
em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas principal. “É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”.
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
“homem”. Outras conjunções e locuções causais: como (sempre
Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é introduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois
separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é que, já que, uma vez que, visto que.
representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação As ruas icaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
seja indicada como forma de diferenciar as orações explicativas Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por alternativa a não ser cancelá-lo.
vírgulas; as restritivas, não. Já que você não vai, eu também não vou.

3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS b) Consequência


As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a um fato que é consequência, que é efeito do que se declara na
função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa oração principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções:
forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, im, causa, que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas
condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida tão...que, tanto...que, tamanho...que.
por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE
integrantes). Classiica-se de acordo com a conjunção ou locução (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
conjuntiva que a introduz. É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.)
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Oração Subordinada Adverbial concretizando-os.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de
Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância Ininitivo)
de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que c) Condição
indicam uma circunstância referente, via de regra, a um verbo. A Condição é aquilo que se impõe como necessário para a
classiicação do adjunto adverbial depende da exata compreensão realização ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais
da circunstância que exprime. Observe os exemplos abaixo: condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal.
vida. Principal conjunção subordinativa condicional: SE
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde
minha vida. que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma
vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
adverbial de tempo, que modiica a forma verbal “senti”. No certamente o melhor time será campeão.
segundo período, esse papel é exercido pela oração “Quando vi Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o
a estátua”, que é, portanto, uma oração subordinada adverbial contrato.
temporal. Essa oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma Caso você se case, convide-me para a festa.
conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal
do modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). d) Concessão
Seria possível reduzi-la, obtendo-se: As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem
vida. uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está
diretamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa.
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
formas nominais do verbo (“ver” no ininitivo) e não é introduzida Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções
por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que,
combinada com o artigo “o”). apesar de que.
Obs.: a classiicação das orações subordinadas adverbiais é Só irei se ele for.
feita do mesmo modo que a classiicação dos adjuntos adverbiais. A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se
Baseia-se na circunstância expressa pela oração. realizará caso essa condição seja satisfeita.
Compare agora com:

Didatismo e Conhecimento 25
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Irei mesmo que ele não vá. À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões.
A distinção ica nítida; temos agora uma concessão: irei Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
destacada é, portanto, subordinada adverbial concessiva.
Observe outros exemplos: i) Tempo
Embora izesse calor, levei agasalho. As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal,
população continua à margem do mercado de consumo. podendo exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não posterioridade.
estudasse). (reduzida de ininitivo) Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal
e) Comparação e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
As orações subordinadas adverbiais comparativas estabelecem antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
principal. Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO Mal você saiu, ela chegou.
Ele dorme como um urso. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações festa) (Oração Reduzida de Particípio)
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
Agem como crianças. (agem)
Oração Subordinada Adverbial Comparativa
EXPRESSÃO ESCRITA: DIVISÃO
No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não SILÁBICA, ORTOGRAFIA
ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do E ACENTUAÇÃO (V. REFORMA
verbo falar e do verbo fazer). ORTOGRÁFICA VIGENTE)

f) Conformidade
As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam
ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
A - MOR
adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa:
A palavra amor está dividida em grupos de fonemas
CONFORME
Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos
(todas com o mesmo valor de conforme). pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em
iguais. cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas de
uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa palavra.
g) Finalidade Atenção: as letras “i” e “u” (mais raramente com as letras “e” e
As orações subordinadas adverbiais inais indicam a intenção, “o”) podem representar semivogais.
a inalidade daquilo que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa inal: A FIM DE QUE Classiicação das Palavras quanto ao Número de Sílabas
Outras conjunções inais: que, porque (= para que) e a
locução conjuntiva para que. 1) Monossílabas: possuem apenas uma sílaba: mãe, lor, lá,
meu
Aproximei-me dela a im de que icássemos amigos.
Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada 2) Dissílabas: possuem duas sílabas: ca-fé, i-ra, a-í, trans-por
entrasse. 3) Trissílabas: possuem três sílabas: ci-ne-ma, pró-xi-mo,
pers-pi-caz, O-da-ir
h) Proporção
As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem 4) Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas: a-ve-ni-da,
ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta
oração principal.
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À Divisão Silábica
PROPORÇÃO QUE
Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as seguintes
passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto normas:
maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos... - Não se separam os ditongos e tritongos: foi-ce, a-ve-ri-guou
(mais), quanto menos...(menos).

Didatismo e Conhecimento 26
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- Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu: cha-ve, ba-ra- São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago, boêmia,
lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, ilantropo,
luido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, inaudito,
- Não se separam os encontros consonantais que iniciam intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia (alguns
sílaba: psi-có-lo-go, re-fres-co dicionários admitem também necrópsia), Normandia, pegada,
policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido(a).
- Separam-se as vogais dos hiatos: ca-a-tin-ga, i-el, sa-ú-de São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro,
bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano,
- Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc: car-ro, pas- trânsfuga.
sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla tonicidade:
acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/Oceania,
- Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil, zângão/zangão.
excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é “l” ou “r”:
ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car Monossílabos

Acento Tônico O sol já se pôs.

Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe- Essa frase é formada apenas por monossílabos. É possível
se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as demais. veriicar que os monossílabos sol, já e pôs são pronunciados com
calor - a sílaba lor é a de maior intensidade. maior intensidade que os outros. São tônicos. Possuem acento
faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade. próprio e, por isso, não precisam apoiar-se nas palavras que os
sólido - a sílaba só é a de maior intensidade. antecedem ou que os seguem. Já os monossílabos “o” e “se” são
Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras, átonos, pois são pronunciados fracamente. Por não terem acento
em meio a sílabas de menor intensidade, é um dos elementos que próprio, apoiam-se nas palavras que os antecedem ou que os
dão melodia à frase. seguem.

Classiicação da Sílaba quanto à Intensidade Critérios de Distinção

Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade. Muitas vezes, fazer a distinção entre um monossílabo átono
Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade. e um tônico pode ser complicado. Por isso, observe os critérios a
Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre, seguir.
principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à tônica 1- Modiicação da pronúncia da vogal inal.
da palavra primitiva. Veja o exemplo abaixo: Nos monossílabos átonos a vogal inal modiica-se ou
pode se modiicar na pronúncia. Com os tônicos, não ocorre tal
Palavra primitiva: be - bê possibilidade.
átona tônica Vou de carro para o meu trabalho. (de = monossílabo átono -
é possível a pronúncia di ônibus.)
Palavra derivada: be - be - zi - nho Dê um auxílio às pessoas que necessitam. (dê = monossílabo
átona subtônica tônica átona tônico - é impossível a pronúncia di um auxílio.)

Classiicação das Palavras 2- Signiicado isolado do monossílabo


quanto à Posição da Sílaba Tônica O monossílabo átono não tem sentido quando isolado na frase.
Veja:
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos Meus amigos já compraram os convites, mas eu não.
da língua portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são O monossílabo tônico, mesmo isolado, possui signiicado.
classiicados em: Observe:
Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última: avó, Existem pessoas muito más.
urubu, parabéns Nessa frase, o monossílabo possui sentido: más = ruins.
São monossílabos átonos:
Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima: artigos: o, a, os, as, um, uns
dócil, suavemente, banana pronomes pessoais oblíquos: me, te, se, o, a, os, as, lhe, nos,
vos
Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a preposições: a, com, de, em, por, sem, sob
antepenúltima: máximo, parábola, íntimo pronome relativo: que
conjunções: e, ou, que, se
Saiba que:
São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel, São monossílabos tônicos: todos aqueles que possuem
novel, ruim, sutil, transistor, ureter. autonomia na frase: mim, há, seu, lar, etc.

Didatismo e Conhecimento 27
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Obs.: pode ocorrer que, de acordo com a autonomia fonética, A) rubrica B) interim
um mesmo monossílabo seja átono numa frase, porém tônico em C) gratuito D) pudico
outra.
Que foi? (átono) GABARITO
Você fez isso por quê? (tônico) 01. A 02. C 03. A 04. A
05. A 06. B 07. B 08. B
Questões sobre Sílaba
RESOLUÇÃO
01. Classiique as palavras quanto à localização do acento
tônico, relacionando a primeira coluna com a segunda: 1-) (1) Oxítona (2) Paroxítona (3) Proparoxítona
(1) Oxítona pe ga das = penúltima sílaba tônica = paroxítona 2
(2) Paroxítona pro tó ti po= antepenúltima sílaba é a tônica = propar. 3
(3) Proparoxítona gra tui to = penúltima sílaba tônica = paroxítona 2
Ru im = última sílaba tônica = oxítona 1
( ) Pegadas su til = última sílaba tônica = oxítona 1
( ) Protótipo
( ) Gratuito 2-)
( ) Ruim A) caracteres = Ca rac te res
( ) Sutil B) austero = aus te ro
C) ureter = u re ter
Após relacionar as colunas, a ordem na numeração, de cima D) rubrica = Ru bri Ca
para baixo, é: E) tambores = tam bo res
A) 2, 3, 2, 1, 1. B) 3, 3, 2, 2, 1.
C) 1, 2, 3, 1, 2. D) 1, 3, 3, 2, 2. 3-) Principal - poderosa - álcool
Prin ci pal = oxítona
02. Assinale o vocábulo abaixo cuja tonicidade recai na última Po de ro sa = paroxítona
sílaba. Ál co ol = proparoxítona
A) caracteres. B) austero. C) ureter.
D) rubrica. E) tambores. 4-) Pares que DEVEM
A) palacio e egoista. Palácio - egoísta
03. As palavras abaixo são, respectivamente: B) quente e esquilo. Ésquilo - foi um dramaturgo da Grécia
Principal - poderosa - álcool Antiga. (= pode ser acentuada)
A) Oxítona, paroxítona e proparoxítona. C) funcionario e caqui. Funcionário - cáqui(cor) e caqui(fruta)
B) Oxítona, paroxítona e paroxítona. = podem ser acentuadas
C) Proparoxítona, proparoxítona e proparoxítona. D) formosura e raposa. = nenhuma
D) Paroxítona, oxítona e paroxítona. E) refens e cascavel. Reféns / cascavel ou cascável

04. Qual o único par de palavras que deve ser acentuado? 5-)
A) palacio e egoista. B) quente e esquilo. Pri mei ro gra ú do pa í ses
C) funcionario e caqui. D) formosura e raposa. Ju í zes fa ís ca ter-ra
E) refens e cascavel. Ra i nha sa í da Ca sa

05. Assinale a alternativa em que as palavras estão separadas 6-)


corretamente: Café Ca fé = oxítona (última sílaba)
A) Dis-tra-í-do, ru-im, le-gais Máquinas má qui nas = antepenúltima (proparoxítona)
B) Pri-me-iro, graú-do, paí-ses Revólver re vól ver = penúltima (paroxítona)
C) Juí-zes, faí-sca, ter-ra Espontâneo es pon tâ neo = penúltima (paroxítona)
D) Raí-nha, sai-da, ca-sa
06. Palavras proparoxítonas são classiicadas quando a sílaba 7-) Cam po Guer ra A mi go Fo lha
tônica é a antepenúltima. Das palavras descritas abaixo qual
podemos classiicar utilizando esta regra? 8-) ín te rim = proparoxítona
A) Café. B) Máquinas. C) Revólver. D) Espontâneo.
Ortograia
07. Aponte a separação silábica correta:
A) Ca-m-po. B) Guer-ra. C) Ami-go. D) Fo-lh-a. A ortograia é a parte da língua responsável pela graia correta
das palavras. Essa graia baseia-se no padrão culto da língua.
08. As palavras das alternativas a seguir estão com sua As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no
sílaba tônica sublinhada. Uma delas, porém, está sublinhada que se refere a sua graia e pronúncia, mesmo tendo signiicados
incorretamente. Aponte-a: diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do

Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
grego, signiica ângulo / canto, do latim, signiica música vocal). *os suixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamorfose.
As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm
a mesma graia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular *as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
do verbo gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, quiseste.
palácio ou passo, movimento durante o andar).
Quanto à graia correta em língua portuguesa, devem-se *nomes derivados de verbos com radicais terminados em
observar as seguintes regras: “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa /
difundir - difusão
O fonema s:
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Com S e não com C/Ç Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais *após ditongos: coisa, pausa, pouso
em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão / expandir -
expansão / ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir *em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”:
aspersão / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
- impulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir -
Com Z e não com S:
consensual

Com SS e não com C e Ç *os suixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
macio - maciez / rico - riqueza
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em gred,
ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir *os suixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
- agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder não termine com s): inal - inalizar / concreto - concretizar
- cessão / exceder - excesso / percutir - percussão / regredir -
regressão / oprimir - opressão / comprometer - compromisso / *como consoante de ligação se o radical não terminar com s:
submeter - submissão pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho

*quando o preixo termina com vogal que se junta com a O fonema j:


palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico /
re + surgir - ressurgir Com G e não com J:

*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: *as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso.
icasse, falasse
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
Com C ou Ç e não com S e SS
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas
vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
Observação: Exceção: pajem
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
Juçara, caçula, cachaça, cacique *as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, litígio,
relógio, refúgio.
*os suixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço:
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança,
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
carapuça, dentuço
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter -
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir.
detenção / ater - atenção / reter - retenção

*após ditongos: foice, coice, traição *depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado
com j: ágil, agente.
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte -
marciano / infrator - infração / absorto - absorção Com J e não com G:

O fonema z: *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.

Com S e não com Z: *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
manjerona.
*os suixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.

Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
O fonema ch: 03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os
Com X e não com CH: usuários sobre o festival Sounderground.
Prezado Usuário
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, ________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
muxoxo, xucro. metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu, músicos que tocam em estações do metrô.
lagartixa. Conira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
divirta-se!
*depois de ditongo: frouxo, feixe. Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher
as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. A) A im ...a partir ... as B) A im ...à partir ... às
Observação: Exceção: quando a palavra de origem não C) A im ...a partir ... às D) Aim ...a partir ... às
derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) E) Aim ...à partir ... as

Com CH e não com X: 04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -


FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na seguinte
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi, frase:
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa
a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos
As letras e e i: aeroportos.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade,
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês.
“i”, só o ditongo interno cãibra.
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio.
*os verbos que apresentam ininitivo em -oar, -uar são escritos
(D) Não sei se isso inlue, mas a persistência dessa mágoa
com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com
pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise.
ininitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia,
mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios
- atenção para as palavras que mudam de sentido quando
ilegítimos.
substituímos a graia “e” pela graia “i”: área (superfície), ária
(melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir
à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé), 05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita?
pião (brinquedo). A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa.
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa.
ortograia D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.

Questões sobre Ortograia 06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) –


VUNESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas ela
01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o verbo no
as frases que seguem, a única correta é: tempo futuro.
a) Ele se esqueceu de que? (A) Mas elas cresceram...
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo (B) Mas elas cresciam...
entre os presentes. (C) Mas elas cresçam...
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas. (D) Mas elas crescem...
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos (E) Mas elas crescerão...
funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração. 07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] –
VUNESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o
02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa trecho – O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão ansioso e
cujas palavras se apresentam lexionadas de acordo com a norma- sofredor...– está escrito corretamente no plural.
-padrão. (A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. ansioso e sofredores...
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. (B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. ansioso e sofredores...
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. (C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! ansiosos e sofredores...

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões 4-) Fiz a correção entre parênteses:
ansioso e sofredores... (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos
ansiosos e sofredores... aeroportos.
(B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011) espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque) sua
Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a norma culta: reputação de pessoa cortês.
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, por isso (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
posso me queixar com razão. descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza (frondosa)
B) Sempre houveram várias formas eicazes para árvore do pátio.
ultrapassarmos os infortúnios da vida. (D) Não sei se isso inlue (inlui), mas a persistência dessa
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empecilho) na
vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. superação dessa sua crise.
D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento, (E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção dessa alta
principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente na concessão
simplicidade. de privilégios ilegítimos.
E) As diiculdades por que passamos certamente nos fazem
mais fortes e preparados para os infortúnios da vida. 5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta: mendigo/caderneta/poupança
A) Porque essa cara? B) Não vou porque não quero. C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
C) Mas por quê? D) Você saiu por quê? mendigo/caderneta/poupança
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO =mendigo/depositou/caderneta/poupança
FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igualmente
6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas
correta do termo “autópsia” é autopsia.
crescerão...
( ) Certo ( ) Errado
7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternativa
GABARITO
correta já indica onde estão as inadequações nos demais itens.
01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
06. E 07. C 08. E 09. A 10. C 8-) Fiz as correções entre parênteses:
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infortúnios,
RESOLUÇÃO por isso posso me queixar com razão.
B) Sempre houveram (houve) várias formas eicazes para
1-) ultrapassarmos os infortúnios da vida.
(A) Ele se esqueceu de que? = quê? C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para vermos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida.
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto sofrimento,
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos excessivos principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e
nas críticas. simplicidade.
(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações E) As diiculdades por que (= pelas quais; correto) passamos
dos funcionários. certamente nos fazem mais fortes e preparados para os infortúnios
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. da vida.
2-)
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães 9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. = longe do ponto de interrogação.
cidadãos
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. = 10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia
certidões (fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus start.htm?sid=23)
RESPOSTA: “CERTO”.
3-) Prezado Usuário
A im de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô, Hífen
a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o
Sounderground, festival internacional que prestigia os músicos O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para ligar
que tocam em estações do metrô. os elementos de palavras compostas (couve-lor, ex-presidente) e
Conira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão para unir pronomes átonos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei).
e divirta-se! Serve igualmente para fazer a translineação de palavras, isto
A im = indica inalidade; a partir: sempre separado; antes de é, no im de uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/
horas: há crase sa; compa-/nheiro).

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
Uso do hífen que continua depois da Reforma Ortográica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma 1. Nas formações em que o preixo ou falso preixo termina
unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso,
um novo signiicado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra,
tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco- infrassom, microssistema, minissaia, microrradiograia, etc.
-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
2. Nas constituições em que o preixo ou pseudopreixo
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal
couve-lor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-menina, erva-doce, diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada,
feijão-verde. autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoescola,
infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem:
além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os preixos “dês” e
-iar, etc. “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil,
desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas
exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor- 4. Nas formações com o preixo “co”, mesmo quando o
-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobrigação,
-colônia, queima-roupa, deus-dará. coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói, 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de
percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc.
ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
benquerer, benquerido, etc.
6. Nas formações com os preixos hiper-, inter- e super-
quando associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-
Questões sobre Hífen
resistente, inter-racial, super-racional, etc.
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo
7. Nas formações com os preixos ex-, vice-: ex-diretor, ex-
Acordo, está sendo usado corretamente:
-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
B) Ela é muito mal-educada.
8. Nas formações com os preixos pós-, pré- e pró-: pré-natal,
C) Ele tomou um belo ponta-pé.
pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o,
lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. 02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen:
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que faria
10. Nas formações em que o preixo tem como segundo termo uma superalimentação.
uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higrómetro, B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada.
geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super- C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido.
-homem. D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos.
E) O autodidata fez uma autoanálise.
11. Nas formações em que o preixo ou pseudo preixo termina
na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-ótica, 03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego do
semi-interno, auto-observação, etc. hífen, respeitando-se o novo Acordo.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos: B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semiinal do
reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. campeonato.
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
- Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mudança D) O recém-chegado veio de além-mar.
de linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por hífen, E) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-inlamatório
e, ao inal, coube apenas “anti-”. Na linha debaixo escreverei: 04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro
“-inlamatório” (hífen em ambas as linhas). (avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o hífen
é obrigatório:

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
A) em nenhuma delas. RESOLUÇÃO
B) na segunda palavra.
C) na terceira palavra. 1-)
D) em todas as palavras. A) autocrítica
E) na primeira e na segunda palavra. C) pontapé
D) supermercado
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual E) infravermelhos
alternativa completa corretamente as lacunas?
A) sobreumano/interregional 2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada.
B) sobrehumano-interregional
C) sobre-humano / inter-regional 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
D) sobrehumano/ inter-regional
E) sobre-humano /interegional 4-)
a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de moleque
06. Suponha que você tenha que agregar o preixo sub- às (doce)
palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale aquela a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam
que tem de ser escrita com hífen: elementos de ligação.
A) (sub) chefe b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies
B) (sub) entender animais e botânicas (nomes de plantas, lores, frutos, raízes,
C) (sub) solo sementes), tenham ou não elementos de ligação.
D) (sub) reptício c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos
E) (sub) liminar de ligação.
07.Assinale a alternativa em que todas as palavras estão 5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o campeonato
grafadas corretamente: inter-regional.
A) autocrítica, contramestre, extra-oicial - Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som
- Usa-se o hífen se o preixo terminar com a mesma letra com
C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato
que se inicia a outra palavra
D) supervida, superelegante, supermoda
E) sobre-saia, mini-saia, superssaia
6-) Com os preixos sub e sob, usa-se o hífen também diante
de palavra iniciada por r. : subchefe, subentender, subsolo, sub-
08.Assinale o item em que o uso do hífen está incorreto.
-reptício (sem o hífen até a leitura da palavra será alterada; /
A) infraestrutura / super-homem / autoeducação
subre/, ao invés de /sub re/), subliminar
B) bem-vindo / antessala /contra-regra
C) contramestre / infravermelho / autoescola
D) neoescolástico / ultrassom / pseudo-herói 7-)
E) extraoicial / infra-hepático /semirreta A) autocrítica, contramestre, extraoicial
B) infra-assinado, infravermelho, infrassom
09.Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quanto C) semicírculo, semi-humano, semi-internato
ao emprego do hífen. D) supervida, superelegante, supermoda = corretas
A) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para E) sobressaia, minissaia, supersaia
relacionamento extraconjugal.
B) Era extraoicial a notícia da vinda de um extraterreno. 8-) B) bem-vindo / antessala / contrarregra
C) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultramarinas.
D) O anti-semita tomou um anti-biótico e vacina antirrábica. 9-) D) O antissemita tomou um antibiótico e vacina
E) Era um suboicial de uma superpotência. antirrábica.
10-) C) O contrarregra comeu um contrailé.
10.Assinale a alternativa em que ocorre erro quanto ao
emprego do hífen. Acentuação
A) Foi iniciada a campanha pró-leite.
B) O ex-aluno fez a sua autodefesa. A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras
C) O contrarregra comeu um contra-ilé. estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de
D) Sua vida é um verdadeiro contrassenso. algumas particularidades, às quais devemos estar atentos,
E) O meia-direita deu início ao contra-ataque. procurando estabelecer uma relação de familiaridade e,
consequentemente, colocando-as em prática na linguagem escrita.
GABARITO À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática
01. B 02. B 03. A 04. E 05. C de redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e
06. D 07. D 08. B 09. D 10. C logo nos adequamos à forma padrão.

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
Regras básicas – Acentuação tônica Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
A acentuação tônica implica na intensidade com que são ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas
mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo
como são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas
de átonas. Paroxítonas:
De acordo com a tonicidade, as palavras são classiicadas Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
como: - i, is : táxi – lápis – júri
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última - us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel - l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na
penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê?
Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã,
antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico ÃO. Assim icará mais fácil a memorização!
– ônibus
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei
uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma
sílaba somente: são os chamados monossílabos que, quando Regras especiais:
pronunciados, apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos),
uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a
no exemplo a seguir: nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
“Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor”. * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra
oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
Os monossílabos classiicam-se como tônicos; os demais, herói, céu, dói, escarcéu.
como átonos (que, em, de).
Antes Agora
Os acentos assembléia assembleia
idéia ideia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e geléia geleia
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as jibóia jiboia
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. apóia (verbo apoiar) apoia
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto. paranóico paranoico
Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos)
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
acento circunlexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país –
“o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara – Luís
Atlântico – pêssego – supôs
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com Observação importante:
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente quando vierem depois de ditongo: Ex.:
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras Antes Agora
derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de bocaiúva bocaiuva
Müller) feiúra feiura
Sauípe Sauipe
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
Ex.:
Regras fundamentais: Antes Agora
crêem creem
Palavras oxítonas: lêem leem
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”, vôo voo
“em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – enjôo enjoo
armazém(s)

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos - Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”,
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros
como antes: CRER, DAR, LER e VER. casos, “por” preposição. Ex:
Faço isso por você.
Repare: Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
1-) O menino crê em você
Os meninos creem em você. Questões sobre Acentuação Gráica
2-) Elza lê bem!
Todas leem bem! 01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
3-) Espero que ele dê o recado à sala. – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são
Esperamos que os garotos deem o recado! acentuadas graicamente pelos mesmos motivos que justiicam,
4-) Rubens vê tudo! respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços.
Eles veem tudo! (A) lexíveis, cartório, tênis.
(B) inferência, provável, saída.
* Cuidado! Há o verbo vir: (C) óbvio, após, países.
Ele vem à tarde! (D) islâmico, cenário, propôs.
Eles vêm à tarde! (E) república, empresária, graúda.

Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando 02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri- SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
bu-in-te, sa-ir, ju-iz VUNESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acentuadas
segundo as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem e antropológico.
seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (A) Distúrbio e acórdão.
(B) Máquina e jiló.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem (C) Alvará e Vândalo.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba (D) Consciência e características.
(E) Órgão e órfãs.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não 03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE
serão mais acentuadas. Ex.: – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As
Antes Depois palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de
apazigúe (apaziguar) apazigue acordo com a mesma regra de acentuação gráica.
averigúe (averiguar) averigue ( ) CERTO ( ) ERRADO
argúi (arguir) argui
04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a
plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir) airmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
A) tevê – pôde – vê
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, B) únicas – histórias – saudáveis
deter, abster. C) indivíduo – séria – noticiários
ele contém – eles contêm D) diário – máximo – satélite
ele obtém – eles obtêm
ele retém – eles retêm 05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
ele convém – eles convêm CESPE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do
acento gráico tem justiicativas gramaticais diferentes.
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram (...) CERTO ( ) ERRADO
acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do
acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como: 06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito CESPE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência”
perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para recebem acento gráico com base na mesma regra de acentuação
diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do gráica.
indicativo). Ex: (...) CERTO ( ) ERRADO
Ela pode fazer isso agora.
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... 07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL –
CESGRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da mesmas regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”,
preposição por. respectivamente, são

Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
a) trajetória, inútil, café e baú. 4-)
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. A) tevê – pôde – vê
c) necessário, túnel, inindáveis e só. Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfeito
d) médio, nível, raízes e você. do Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece após o
e) éter, hífen, propôs e saída. Novo Acordo Ortográico) para diferenciar de “pode” – presente
do Indicativo; vê = monossílaba terminada em “e”
08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São B) únicas – histórias – saudáveis
acentuados graicamente de acordo com a mesma regra de Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada em
acentuação gráica os vocábulos ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo.
A) também e coincidência. C) indivíduo – séria – noticiários
B) quilômetros e tivéssemos. Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria =
C) jogá-la e incrível. paroxítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona
D) Escócia e nós. terminada em ditongo.
E) correspondência e três. D) diário – máximo – satélite
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo =
09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – proparoxítona; satélite = proparoxítona.
CESPE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de
acordo com a mesma regra de acentuação gráica. 5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona.
(...) CERTO ( ) ERRADO Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima sílaba é
tônica, “mais forte”).
GABARITO RESPOSTA: “ERRADO”.
01. E 02. D 03. E 04. C 05. E
06. C 07. D 08. B 09. E 6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária
= paroxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona
RESOLUÇÃO terminada em ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido
à mesma regra.
1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona terminada
RESPOSTA: “CERTO”.
em ditongo / suíços = regra do hiato
(A) lexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em ditongo /
7-) Vamos classiicar as palavras do enunciado:
tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”)
1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / provável
2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
= paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
3-) países = regra do hiato
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = oxítona
4-) será = oxítona terminada em “a”
terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona terminada
em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s” a) trajetória, inútil, café e baú.
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil =
terminada em ditongo / graúda = regra do hiato paroxítona terminada em “l’; café = oxítona terminada em “e”
b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre =
temos que classiicar as palavras do enunciado quanto à posição regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”; sofá =
de sua sílaba tônica: oxítona terminada em “a”.
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; c) necessário, túnel, inindáveis e só.
Antropológico = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel =
vamos à análise dos itens apresentados: paroxítona terminada em “l’; inindáveis = paroxítona terminada
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão = em “i + s”; só = monossílaba terminada em “o”.
paroxítona terminada em “ão” d) médio, nível, raízes e você.
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = paroxítona
“o” terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = oxítona terminada
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = em “a”.
proparoxítona e) éter, hífen, propôs e saída.
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona
características = proparoxítona terminada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; saída
(E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e = regra do hiato.
“ã”, respectivamente.
8-)
3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; calúnia A) também e coincidência.
= paroxítona terminada em ditongo; injúria = paroxítona terminada Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência =
em ditongo. paroxítona terminada em ditongo
RESPOSTA: “ERRADO”. B) quilômetros e tivéssemos.

Didatismo e Conhecimento 36
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Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxítona suixos. Preixos e suixos, além de operar mudança de classe
C) jogá-la e incrível. gramatical, são capazes de introduzir modiicações de signiicado
Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona terminada no radical a que são acrescentados.
em “l’
D) Escócia e nós. Desinências
Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = monossílaba Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como
terminada em “o + s” amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas
E) correspondência e três. modiicações ocorrem à medida que o verbo vai sendo lexionado
Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; três = em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou
monossílaba terminada em “e + s” terceira). Também ocorrem se modiicarmos o tempo e o modo do
verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).
9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam
terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em ditongo as lexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no im
aberto “éu”. das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há
RESPOSTA: “ERRADO”. desinências nominais e desinências verbais.

Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos


TRAÇOS SEMÂNTICOS DE RADICAIS, nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as
PREFIXOS E SUFIXOS FORMAÇÃO DE desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.
PALAVRAS: DERIVAÇÃO, COMPOSIÇÃO, Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema
HIBRIDISMO, ETC –s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema,
que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/
meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
Observe as seguintes palavras: plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/
escol-a cruzes.
escol-ar
escol-arização Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais
escol-arizar pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo
sub-escol-arização e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o
número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais):
Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a cant-á-va-mos
forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, cant: radical -
responsáveis por algum detalhe de signiicação. Compare, por á-: vogal temática
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar -va-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
pelo acréscimo do elemento destacável: ar. imperfeito do indicativo)
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas -mos:desinência número-pessoal
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência
de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos cant-á-sse-is
formadores é uma unidade mínima de signiicação, um elemento cant: radical
signiicativo indecomponível, a que damos o nome de morfema. -á-: vogal temática
-sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
Classiicação dos morfemas: imperfeito do subjuntivo)
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa
Radical do plural)
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos
analisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que Vogal temática
faz com que as consideremos palavras de uma mesma família Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
de signiicação – os cognatos. O radical é a parte da palavra surge sempre o morfema –a. Esse morfema, que liga o radical às
responsável por sua signiicação principal. desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-
-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical
Aixos + vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os
Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma nova verbos como os nomes apresentam vogais temáticas.
palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos
morfemas sub e arização à forma escol- criou subescolarização. Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas
Esses morfemas recebem o nome de aixos. inais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste,
Quando são colocados antes do radical, como acontece base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas
com sub, os aixos recebem o nome de preixos. Quando, como terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa,
arização, surgem depois do radical os aixos são chamados de escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de lexão. É a essas

Didatismo e Conhecimento 37
LÍNGUA PORTUGUESA
vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: Outros tipos de derivação
mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas
(sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
temática. haja a presença de aixos. São eles: a derivação regressiva e a
derivação imprópria.
Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três
grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os 1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação de
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está proibida.
e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação. (pescar). Proibida a caça. (caçar)

Vogal ou consoante de ligação 2-) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida
pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva. Não
As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente na classe
por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar gramatical.
a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva
de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre os suixos -ar- da conjunção porque)
e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, substantivo)
tricota.
Outros processos de formação de palavras:
Processos de formação de palavras:
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos de
línguas diferentes.
1-) Composição
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
sociologia (socio: latim; logia: grego)
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição;
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
justaposição e aglutinação.
1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam
- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta-se por
o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos: corre-
meio da eliminação de um segmento de uma palavra no intuito de
corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
se obter uma forma mais reduzida, geralmente aquelas mais longas.
1.2-) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam Vejamos alguns exemplos: metropolitano/metrô, extraordinário/
o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua extra, otorrinolaringologista /otorrino, telefone/fone, pneumático/
integridade sonora: aguardente (água + ardente), planalto (plano pneu
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando imitar
Derivação por acréscimo de aixos sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-zum, cri-cri,
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas) tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.
pela anexação de aixos à palavra primitiva. A derivação pode ser:
preixal, suixal e parassintética. - Siglas: As siglas são formadas pela combinação das letras
iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome. Por
1-) Preixal (ou preixação): a palavra nova é obtida por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística);
acréscimo de preixo. IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
In------ --feliz des----------leal As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
Preixo radical preixo radical ser que haja mais de três letras e a sigla seja pronunciável sílaba
por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras.
2-) Suixal (ou suixação): a palavra nova é obtida por
acréscimo de suixo. fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
Feliz---- mente leal------dade formacao-de-palavras-i.htm
Radical suixo radical suixo
Questões sobre Estrutura das Palavras
3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
simultâneo de preixo e suixo (não posso retirar o preixo nem o 01.(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
suixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”). - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
Por parassíntese formam-se, principalmente, verbos. Assinale a alternativa contendo palavra formada por preixo.
En-- -----trist- ----ecer (A) Máquina.
Preixo radical suixo (B) Brilhantismo.
(C) Hipertexto.
en----- ---tard--- --ecer (D) Textualidade.
preixo radical suixo (E) Arquivamento.

Didatismo e Conhecimento 38
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02. A palavra “aguardente” formou-se por: 10. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO
A) hibridismo B) aglutinação DO RIO DE JANEIRO – PROCESSO DE SELEÇÃO PARA
C) justaposição D) parassíntese CURSO INTERNO – BIORIO CONCURSOS/2013) Na palavra
E) derivação regressiva INSEGURANÇA, o preixo IN- signiica “negação”; a palavra
abaixo em que esse mesmo preixo apresenta outro signiicado é:
03. Que item contém somente palavras formadas por (A) incompetência;
justaposição? (B) incapacidade;
A) desagradável - complemente (C) intranquilidade;
B) vaga-lume - pé-de-cabra (D) inalação;
C) encruzilhada - estremeceu (E) inexatidão.
D) supersticiosa - valiosas
E) desatarraxou - estremeceu
GABARITO
01. C 02. B 03. B 04. C 05. B
04. “Sarampo” é:
A) forma primitiva 06. D 07. D 08. D 09. D 10. D
B) formado por derivação parassintética
C) formado por derivação regressiva RESOLUÇÃO
D) formado por derivação imprópria
E) formado por onomatopeia 1-)
A – Máquina = sem acréscimo de aixos (preixo ou suixo)
05.As palavras são formadas através de derivação B - Brilhantismo. = acréscimo de suixo (ismo)
parassintética em C – Hipertexto = acréscimo de preixo (hiper)
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco. D – Textualidade = acréscimo de suixo (idade)
B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer. E – Arquivamento = acréscimo de suixo (mento)
C)caça, pesca, choro, combate.
D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer. 2-) água + ardente = aguardente ( aglutinação)

06.(Escrevente TJ SP –Vunesp/2011) Leia o trecho. 3-) vaga-lume - pé-de-cabra = não houve alteração em
Estudo da ONG Instituto Pólis mostra que, infelizmente, sem nenhuma delas (nem acréscimo, nem redução, estão apenas
o tratamento e a destinação corretos,… “postas” uma ao lado da outra, justaposição).
Assinale a alternativa que contém uma palavra formada pelo
mesmo processo do termo destacado.
4-) formado por derivação regressiva = a palavra primitiva é
(A) iniel. (B) democracia.
(C) lobisomem. (D) ilegalidade. sarampão!
(E) cidadania.
5-) ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer = nenhuma
07. Assinale a letra em que as palavras são formadas por delas pode ter o preixo ou o suixo retirados, pois elas só têm
derivação regressiva, derivação parassintética e composição por signiicado com ambos, juntos, ligados a elas.
aglutinação, respectivamente. (Tardecer? Noitecer? Tristecer? Entarde?)
a) neurose, infelizmente, pseudônimo;
b) ajuste, aguardente, arco-íris; 6-) infelizmente = derivação preixal e suixal – existe infeliz
c) amostra, alinhar, girassol; e felizmente, portanto não é caso de derivação parassintética. O
d) corte, emudecer, outrora; outro vocábulo que também apresenta tal formação é ilegalidade
e) pesca, deslealdade, vinagre. (ilegal e legalidade).

08. Na frase “Ele tem um quê especial como gestor”, o 7-) corte, emudecer, outrora
processo de formação da palavra destacada chama-se: Cortar / emudecer (não posso retirar nem o preixo nem o
A)composição B)justaposição suixo) / outra hora.
C)aglutinação D)derivação imprópria
8-) Ele tem um quê especial como gestor.
09. Brasília comemorou seu aniversário com uma superfesta.
A cinquentona planejada por Lúcio Costa é hoje uma metrópole Dentre suas várias classiicações (pronome, conjunção), nessa
que oferece alta qualidade de vida. frase o “que” pertence à classe do substantivo, pois vem precedido
(Fonte: O Globo, 21/04/2010, com adaptações) de um artigo. Quando alteramos a classe gramatical de uma
Na notícia do jornal, as palavras “superfesta” e “cinquentona” palavra sem realizar nenhuma mudança na palavra, dá-se o nome
exempliicam, respectivamente, casos de formação de palavras por de derivação imprópria (não é a classe gramatical “própria” dela.
A)hibridismo e neologismo. Outro exemplo: olhar é verbo, mas em “Seu olhar mexe comigo”,
B)justaposição e aglutinação. temos um substantivo).
C)composição e derivação.
D)preixação e suixação. 9-) superfesta” e “cinquentona
E)conversão e regressão. = super + festa (preixação) / cinquenta + ona (suixação)

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
10-) Em todas as alternativa o IN- é preixo de negação, com Pronomes Pessoais
exceção de “inalar”, na qual o IN faz parte do radical do verbo
(aspirar). São aqueles que substituem os substantivos, indicando
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume
os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você”
ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou
PRONOMES DE TRATAMENTO “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que
exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo.

Pronome Reto
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
se refere, ou que acompanha o nome, qualiicando-o de alguma Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
forma. exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos lores.
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
[substituição do nome] Os pronomes retos apresentam lexão de número, gênero
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! lexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o
[referência ao nome] quadro dos pronomes retos é assim conigurado:

Essa moça morava nos meus sonhos! - 1ª pessoa do singular: eu


[qualiicação do nome] - 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela
Grande parte dos pronomes não possuem signiicados ixos, isto - 1ª pessoa do plural: nós
é, essas palavras só adquirem signiicação dentro de um contexto, - 2ª pessoa do plural: vós
o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que está - 3ª pessoa do plural: eles, elas
sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunicação.
Com exceção dos pronomes interrogativos e indeinidos, os Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como
demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele
do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”,
tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua
apresentam uma forma especíica para cada pessoa do discurso. formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo
indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] Pronome Oblíquo

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto)
plural). Assim, espera-se que a referência através do pronome ou complemento nominal.
seja coerente em termos de gênero e número (fenômeno da Ofertaram-nos lores. (objeto indireto)
concordância) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta
ausente no enunciado. Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desile da nossa diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
escola neste ano. o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
[nossa: pronome que qualiica “escola” = concordância oração.
adequada] Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a
[neste: pronome que determina “ano” = concordância acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância Pronome Oblíquo Átono
inadequada]
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele
demonstrativos, indeinidos, relativos e interrogativos. me deu um presente.

Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim conigurado: Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são
- 1ª pessoa do singular (eu): me a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem
- 2ª pessoa do singular (tu): te a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe - As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
- 1ª pessoa do plural (nós): nos pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
- 2ª pessoa do plural (vós): vos contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes pronomes costumam ser usados desta forma:
Não há mais nada entre mim e ti.
Observações: Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta Não há nenhuma acusação contra mim.
na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou Não vá sem mim.
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma
preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de
indireto na oração. surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
cujo verbo está no ininitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto.
como objetos indiretos.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
Não vá sem eu mandar.
diretos.
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo, originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco
mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente
no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
formas nos exemplos que seguem: Ele carregava o documento consigo.
- Trouxeste o pacote?
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com
- Não contaram a novidade a vocês? nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados por
- Não, no-la contaram. palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum
numeral.
No português do Brasil, essas combinações não são usadas; Você terá de viajar com nós todos.
até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em Pronome Relexivo
-z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo: São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
iz + o = i-lo como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
fazeis + o = fazei-lo Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
dizer + a = dizê-la O quadro dos pronomes relexivos é assim conigurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as Eu não me vanglorio disso.
formas no, nos, na, nas. Por exemplo: Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
viram + o: viram-no
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
repõe + os = repõe-nos
Assim tu te prejudicas.
retém + a: retém-na
Conhece a ti mesmo.
tem + as = tem-nas
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
Pronome Oblíquo Tônico Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por Antônio conversou consigo mesmo.
preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse
motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto - 1ª pessoa do plural (nós): nos.
da oração. Possuem acentuação tônica forte. Lavamo-nos no rio.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim conigurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Vós vos beneiciastes com a esta conquista.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Eles se conheceram.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas Elas deram a si um dia de folga.

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
A Segunda Pessoa Indireta Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
cabelos. (errado)
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor cabelos. (correto)
(portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser cabelos. (correto)
observados no quadro seguinte:
Pronomes Possessivos
Pronomes de Tratamento
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor),
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e NÚMERO PESSOA PRONOME
oiciais-generais singular primeira meu(s), minha(s)
Vossa Magniicência V. Mag.ª (s) reitores singular segunda teu(s), tua(s)
de universidades singular terceira seu(s), sua(s)
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas plural primeira nosso(s), nossa(s)
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores plural segunda vosso(s), vossa(s)
Vossa Santidade V. S. Papa plural terceira seu(s), sua(s)
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
cerimonioso Note que: A forma do possessivo depende da pessoa
Vossa Onipotência V. O. Deus gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora momento difícil.
e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Observações:
Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil; 1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da
em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José.
pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem
litúrgica, ultraformal ou literária. 2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse.
Podem ter outros empregos, como:
Observações: a) indicar afetividade: Não faça isso, minha ilha.
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos.
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
compareça a este encontro. c) atribuir valor indeinido ao substantivo: Marisa tem lá seus
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa. defeitos, mas eu gosto muito dela.
Todos os membros da C.P.I. airmaram que Sua Excelência, o
Senhor Presidente da República, agiu com propriedade. 3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
pronome possessivo ica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe
- Os pronomes de tratamento representam uma forma sua mensagem?
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos
um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos 4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações.
para poder ocupar o cargo que ocupa.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (=
2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. Vou seguir seus passos.)
Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos
empregados em relação a eles devem icar na 3ª pessoa. Pronomes Demonstrativos
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
para que seus eleitores lhe iquem reconhecidos. Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto.
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou
dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a discurso.
pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo,
se começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar No espaço:
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro
pessoa. está perto da pessoa que fala.

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso, é
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, então,
fala. verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém teve
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro coragem de falar antes que ela o izesse.
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo.
- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencionada
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao
destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar menina foi a tal que ameaçou o professor?
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
destinatária). - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
Reairmamos a disposição desta universidade em participar pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso,
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
envia a mensagem).
Pronomes Indeinidos
No tempo:
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
ao ano presente. dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a indeterminada.
um passado próximo. Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se plantadas.
referindo a um passado distante.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa,
vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que
invariáveis, observe:
seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
quer revelar. Classiicam-se em:
aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Pronomes Indeinidos Substantivos: assumem o lugar do
ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo,
- Também aparecem como pronomes demonstrativos: alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem,
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem tudo.
ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo. Algo o incomoda?
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) Quem avisa amigo é.
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
te indiquei.) - Pronomes Indeinidos Adjetivos: qualiicam um ser
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
procuraram ontem. Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias proissões.
- próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o
problema. Note que: Ora são pronomes indeinidos substantivos, ora
pronomes indeinidos adjetivos:
- semelhante(s): Não compre semelhante livro. algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
- tal, tais: Tal era a solução para o problema. nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
Note que: tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em Menos palavras e mais ações.
construções redundantes, com inalidade expressiva, para salientar Alguns se contentam pouco.
algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera
em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas Os pronomes indeinidos podem ser divididos em variáveis e
brasileiras, isso é que é sorte! invariáveis. Observe:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto,
- O pronome demonstrativo neutro ou pode representar outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta,
um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, muitos,
aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, todas,
casamento seria um desastre. Todos o pressentiam. muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
cada. Os trabalhos que eu iz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
São locuções pronominais indeinidas:
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual veriicar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem
(= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. ter várias classiicações) são pronomes relativos. Todos eles são
Cada um escolheu o vinho desejado. usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou
depois de determinadas preposições: Regressando de São Paulo,
Indeinidos Sistemáticos visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de
“que”, neste caso, geraria ambiguidade.)
Ao observar atentamente os pronomes indeinidos, percebemos Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. É o caso dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
de: algum/alguém/algo, que têm sentido airmativo, e nenhum/
ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que indicam - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
uma totalidade airmativa, e nenhum/nada, que indicam uma refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser
totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, poeta, que era a sua vocação natural.
e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e
qualquer, que generaliza. - O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas
Essas oposições de sentido são muito importantes na com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes quais.
dependem a solidez e a consistência dos argumentos expostos. Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
Observe nas frases seguintes a força que os pronomes indeinidos (antecedente) (consequente)
destacados imprimem às airmações de que fazem parte:
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado - “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
prático. um pronome indeinido: tanto (ou variações) e tudo:
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são Emprestei tantos quantos foram necessários.
pessoas quaisquer. (antecedente)
Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes Relativos (antecedente)
São aqueles que representam nomes já mencionados
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações
precedido de preposição.
subordinadas adjetivas.
É um professor a quem muito devemos.
O racismo é um sistema que airma a superioridade de um
(preposição)
grupo racial sobre outros.
(airma a superioridade de um grupo racial sobre outros =
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente
oração subordinada adjetiva).
e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” foi assaltada.
é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
demonstrativo o, a, os, as. que.
Não sei o que você está querendo dizer. Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso. exterior.
Quem casa, quer casa.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:
Observe: - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, você agiu semana passada.
cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas. - quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. jogar videogame.

Note que: - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo só frase.
por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o O futebol é um esporte.
qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um O povo gosta muito deste esporte.
substantivo. O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
O trabalho que eu iz refere-se à corrupção. (= o qual)

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer
a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que NORMAS DA FLEXÃO DOS VERBOS
conversava, (que) ria, (que) fumava. REGULARES E IRREGULARES
Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas


ou indiretas. Assim como os pronomes indeinidos, referem- Verbo é a classe de palavras que se lexiona em pessoa,
-se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos:
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). ação (correr); estado (icar); fenômeno (chover); ocorrência
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. (nascer); desejo (querer).
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas O que caracteriza o verbo são as suas lexões, e não os seus
preferes. possíveis signiicados. Observe que palavras como corrida,
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns
passageiros desembarcaram. verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as
possibilidades de lexão que esses verbos possuem.
Sobre os pronomes:
Estrutura das Formas Verbais
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito
na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar
função de complemento. Vamos entender, primeiramente, como o os seguintes elementos:
pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as - Radical: é a parte invariável, que expressa o signiicado
orações: essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. fal-)
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe - Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a
ajudar. conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir).
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. - Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda - Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a
pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural):
Ajudar quem? Você (lhe). falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
pronome oblíquo “lhe” é justiicado antes do verbo intransitivo Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
esteja no ininitivo ou gerúndio. desaparecido do ininitivo, revela-se em algumas formas do verbo:
Eu desejo lhe perguntar algo. põe, pões, põem, etc.
Eu estou perguntando-lhe algo.
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos
segundos que são sempre precedidos de preposição. verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava facilidade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no
fazendo. radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim
eu estava fazendo. na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.

Classiicação dos Verbos

Classiicam-se em:
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais
de sua conjugação e cuja lexão não provoca alterações no radical:
canto cantei cantarei cantava cantasse.

Didatismo e Conhecimento 45
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- Irregulares: são aqueles cuja lexão provoca alterações no Os principais verbos unipessoais são:
radical ou nas desinências: faço iz farei izesse. 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
(preciso, necessário, etc.):
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
completa. Classiicam-se em impessoais, unipessoais e pessoais: bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos
impessoais são: 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
conjunção que.
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
ou fazer (em orações temporais). fumar.)
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) * Pessoais: não apresentam algumas lexões por motivos
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
Era primavera quando a conheci. - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do
Estava frio naquele dia. indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza contextos.
são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal- - verbo computar. Este verbo teria como formas do presente
-humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido igurado. do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade
Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido igurado, deixa considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas
de ser impessoal para ser pessoal. razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos
e pessoas.
** São impessoais, ainda:
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo:
- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma
Já passa das seis.
com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, no particípio, em que, além das formas regulares terminadas
indicando suiciência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias. em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio
irregular). Observe:
3. os verbos estar e icar em orações tais como Está bem, Está
muito bem assim, Não ica bem, Fica mal, sem referência a sujeito
expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classiicar o
sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.

4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser


possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?

* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se


apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.

Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos


pessoais na linguagem igurada: Teu irmão amadureceu bastante.

Entre os unipessoais estão os verbos que signiicam vozes de


animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo

Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanhado
de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: ininitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no ininitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Airmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
SER - Formas Nominais

Ininitivo Impessoal Ininitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Airmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Ininitivo Impessoal Ininitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Airmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja

Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Ininitivo Impessoal Ininitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Airmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa
do sujeito, expressando relexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo
(relexivos essenciais). Veja:

- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a relexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia relexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos
diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz relexiva. Por
exemplo: Maria se penteava.
A relexibilidade é acidental, pois a ação relexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes - Particípio: quando não é empregado na formação dos
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de
os verbos relexivos. Nos verbos relexivos, os pronomes, apesar uma ação terminada, lexionando-se em gênero, número e grau.
de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções Por exemplo:
sintáticas. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos saíram.
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto
direto) - 1ª pessoa do singular Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
Modos Verbais (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para
representar a escola.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo
na expressão de um fato. Em Português, existem três modos: Tempos Verbais
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre
estudo. Tomando-se como referência o momento em que se fala, a
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, 1. Tempos do Indicativo
menino.
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Formas Nominais - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
sendo por isso denominadas formas nominais. Observe: momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Ininitivo Impessoal: exprime a signiicação do verbo de - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
modo vago e indeinido, podendo ter valor e função de substantivo. antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições
Por exemplo: quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as
Viver é lutar. (= vida é luta) lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer
num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará
O ininitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma as lições amanhã.
simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer
É preciso ler este livro. posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse
Era preciso ter lido este livro. dinheiro, viajaria nas férias.

- Ininitivo Pessoal: é o ininitivo relacionado às três 2. Tempos do Subjuntivo


pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta
desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
lexiona-se da seguinte maneira: atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se
ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
colocação. - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer
num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja,
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou levará as encomendas.
advérbio. Por exemplo: Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio) indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adjetivo) levará as encomendas.

Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na


forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:

Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão
Futuro do Pretérito do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela
desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o
tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Airmativo

Para se formar o imperativo airmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” inal. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Airmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só
se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.

- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Ininitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (Agente Polícia Vunesp 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
_____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse (B) sejam … mantivessem (C) sejam … mantém (D) seja … mantivessem (E) seja … mantêm

02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de
2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. (B) atemporal. (C) contínua. (D) hipotética. (E) futura.

03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classiicar segundo ideias preconcebidas.

04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada exprime
possibilidade.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias...
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associação, e não mais por sequências ixas previamente estabelecidas.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito está ligado a uma nova concepção de textualidade...
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar toda a literatura do mundo...

Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O no animal.
crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, II. Existiam muitos ferimentos no boi.
PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do movimentada.
indicativo, teremos a forma: Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo
A) puder. verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
B) poderia. A) Existia – Haviam – Existiam
C) pôde. B) Existiam – Havia – Existiam
D) poderá. C) Existiam – Haviam – Existiam
E) pudesse. D) Existiam – Havia – Existia
E) Existia – Havia – Existia
06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em
que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma- GABARITO
-padrão. 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D
impressão deinitiva.
RESOLUÇÃO
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar
1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais
no feriado.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... pessoas mantivessem a atenção voltada para seus pertences,
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu conservando-os junto ao corpo.
superior.
2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando
07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque
a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido expressa ação contínua (= não concluída)
da frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder,
quem encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma 3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
mensagem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet. um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(A) Caso a criança se havia perdido… pergunta “débito ou crédito?”.
(B) Caso a criança perdeu… Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classiicar
(C) Caso a criança se perca… segundo ideias preconcebidas.
(D) Caso a criança estivera perdida…
(E) Caso a criança se perda… 4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação
e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo
08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.). virtual. = verbo no futuro do pretérito
Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo
futuro. 5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
A) Os consumidores são assediados pelo marketing … Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos,
B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar. vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… econômico (singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele)
D) … de onde vem o produto…? = poderia.
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
6-)
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
silêncio.
alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar
se dá em conformidade com a norma-padrão da língua.
no feriado.
(A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos. (D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter (E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a
acontecido com a criança. seu superior.
(C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
preocupados. 7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve
(D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada. uma grande perda salarial...)
(E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança
se perdeu mesmo assim. 8-)
A) Os consumidores são assediados pelo marketing = presente
10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
– 2013-adap.). Leia as frases a seguir. = pretérito do Subjuntivo

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
D) … de onde vem o produto…? = presente Pretérito Perfeito do Indicativo
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = eu vali
pretérito perfeito tu valeste
9-) ele valeu
(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos. nós valemos
(B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter acontecido vós valestes
com a criança. eles valeram
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a criança Pretérito Imperfeito do Indicativo
se perdeu mesmo assim. eu valia
tu valias
10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ele valia
madeira no animal. nós valíamos
II. Existiam muitos ferimentos no boi. vós valíeis
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida eles valiam
movimentada.
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal; Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
existir = variável. Portanto, temos: eu valera
I – Existiam onze pessoas... tu valeras
II – Havia muitos ferimentos... ele valera
III – Existia muita gente... nós valêramos
vós valêreis
eles valeram
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações em seu
radical ou em suas desinências, afastando-se do modelo a que Futuro do Presente do Indicativo
pertencem. eu valerei
tu valerás
No português, para veriicar se um verbo sofre alterações,
ele valerá
basta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito do indicativo.
nós valeremos
Ex: faço – iz, trago – trouxe, posso - pude.
vós valereis
Não é considerada irregularidade a alteração gráica do radical
eles valerão
de certos verbos para conservação da regularidade fônica. Ex:
embarcar – embarco, ingir – injo.
Futuro do Pretérito do Indicativo
eu valeria
Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do
tu valerias
indicativo: ele valeria
Eu dou nós valeríamos
Tu dás vós valeríeis
Ele dá eles valeriam
Nós damos
Vós dais Mais-que-perfeito Composto do Indicativo
Eles dão eu tinha valido
tu tinhas valido
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se do ele tinha valido
original “dar” durante a conjugação, sendo considerado verbo nós tínhamos valido
irregular. vós tínheis valido
eles tinham valido
Exemplo: Conjugação do verbo valer:
Gerúndio do verbo valer = valendo
Modo Indicativo
Modo Subjuntivo
Presente
eu valho Presente
tu vales que eu valha
ele vale que tu valhas
nós valemos que ele valha
vós valeis que nós valhamos
eles valem que vós valhais
que eles valham

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Fazer
se eu valesse Presente do indicativo: Faço, fazes, faz, fazemos, fazeis,
se tu valesses fazem.
se ele valesse
se nós valêssemos Pretérito perfeito do indicativo: Fiz, izeste, fez, izemos,
se vós valêsseis izestes, izeram.
se eles valessem
Futuro do presente do indicativo: Farei, farás, fará,
Futuro do Subjuntivo faremos, fareis, farão.
quando eu valer
quando tu valeres Ir
quando ele valer Presente do indicativo: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
quando nós valermos
quando vós valerdes Pretérito perfeito do indicativo: Fui, foste, foi, fomos, fostes,
quando eles valerem foram.

Imperativo Futuro do presente do indicativo: Irei, irás, irá, iremos,


ireis, irão.
Imperativo Airmativo
-- Futuro do subjuntivo: For, fores, for, formos, fordes, forem.
vale tu
valha ele Querer
valhamos nós Presente do indicativo: Quero, queres, quer, queremos,
valei vós quereis, querem.
valham eles
Pretérito perfeito do indicativo: Quis, quiseste, quis,
Imperativo Negativo quisemos, quisestes, quiseram.
--
não valhas tu Presente do subjuntivo: Queira, queiras, queira, queiramos,
não valha ele queirais, queiram.
não valhamos nós
não valhais vós Ver
não valham eles Presente do indicativo: Vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem.

Ininitivo Pretérito perfeito do indicativo: Vi, viste, viu, vimos, vistes,


viram.
Ininitivo Pessoal
por valer eu Futuro do presente do indicativo:Verei, verás, verá,
por valeres tu veremos, vereis, verão.
por valer ele
por valermos nós Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
por valerdes vós
por valerem eles Vir
Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm.
Ininitivo Impessoal = valer
Particípio = Valido Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, viemos,
viestes, vieram.
Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos
irregulares: Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, viremos,
vireis, virão.
Dizer
Presente do indicativo: Digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vierdes,
dizem. vierem.

Pretérito perfeito do indicativo: Disse, disseste, disse, Tempos Compostos


dissemos, dissestes, disseram.
São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os
Futuro do presente do indicativo: Direi, dirás, dirá, diremos, verbos ter e haver e como principal qualquer verbo no particípio.
direis, dirão. São eles:

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: Ininitivo Pessoal Composto:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver
Presente do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato no Ininitivo Pessoal simples e o principal no particípio, indicando
que tem ocorrido com frequência ultimamente. Por exemplo: Eu ação passada em relação ao momento da fala. Por exemplo: Para
tenho estudado demais ultimamente. você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro.

Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES
no Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indicando DO EMPREGO EXPRESSIVO
desejo de que algo já tenha ocorrido. Por exemplo: Espero que DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
você tenha estudado o suiciente, para conseguir a aprovação.

Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no
Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, tendo Os sinais de pontuação são marcações gráicas que servem
o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar
simples. Por exemplo: Eu já tinha estudado no Maxi, quando especiicidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
conheci Magali. funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
portuguesa.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver Ponto
no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio,
tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
simples. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não me - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
tivesse mudado de cidade. se encontra.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
Obs.: perceba que todas as frases remetem a ação - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
obrigatoriamente para o passado. A frase Se eu estudasse,
aprenderia é completamente diferente de Se eu tivesse estudado, 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
teria aprendido.
Ponto e Vírgula ( ; )
Futuro do Presente Composto do Indicativo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
no Futuro do Presente simples do Indicativo e o principal no
importância.
particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
do Indicativo. Por exemplo: Amanhã, quando o dia amanhecer, eu
a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
já terei partido.
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Futuro do Pretérito Composto do Indicativo:
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver 2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas.
no Futuro do Pretérito simples do Indicativo e o principal no - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples frio e cobertor.
do Indicativo. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não me
tivesse mudado de cidade. 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
decreto de lei, etc.
Futuro Composto do Subjuntivo: - Ir ao supermercado;
É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no - Pegar as crianças na escola;
Futuro do Subjuntivo simples e o principal no particípio, tendo o - Caminhada na praia;
mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Por exemplo: - Reunião com amigos.
Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel. Dois pontos
Quando você chegar à minha casa, já terei telefonado a
Manuel. 1- Antes de uma citação
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
Perceba que o signiicado é totalmente diferente em ambas as
frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei “você” praticar 2- Antes de um aposto
a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo, primeiro - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio “já”. Assim, observe e calor à noite.
que o mesmo ocorre nas frases a seguir::
Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Manuel. 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
a Manuel. rotina de sempre.

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
4- Em frases de estilo direto b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
Maria perguntou: pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
- Por que você não toma uma decisão? c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio
de 1982.
Ponto de Exclamação
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, enumeração):
súplica, etc. Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

2- Depois de interjeições ou vocativos - Para marcar elipse (omissão) do verbo:


- Ai! Que susto! Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- João! Há quanto tempo!
- Para isolar:
Ponto de Interrogação
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
possui um trânsito caótico.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)

Reticências Fontes:
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
1- Indica que palavras foram suprimidas. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm
- Comprei lápis, canetas, cadernos...
Questões sobre Pontuação
2- Indica interrupção violenta da frase.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” 01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida a norma-padrão da língua portuguesa.
- Este mal... pega doutor? (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
- Deixa, depois, o coração falar... ajudar a revelar quem era a sua dona.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
Vírgula experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
Não se usa vírgula ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
diretamente entre si: a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
- entre sujeito e predicado. ajudar a revelar quem era a sua dona.
Todos os alunos da sala foram advertidos. (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
Sujeito predicado experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
- entre o verbo e seus objetos.
ajudar a revelar quem era a sua dona.
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
V.T.D.I. O.D. O.I.
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
Usa-se a vírgula:
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
- Para marcar intercalação: ajudar a revelar quem era a sua dona.
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância,
vem caindo de preço. 02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 -
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. em campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir
querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão o número de pessoas que não possuem o nome do pai em sua
dos lucros altos. certidão de nascimento. (...)
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em
- Para marcar inversão: sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula porque
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois tem natureza restritiva.
das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. ( ) Certo ( ) Errado

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO –
BNDES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada, VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da
mantendo-se o sentido e a obediência à norma-padrão? pontuação.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara (B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque
para o evento. você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos,
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramento são desconhecidos.
do desportista. (C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, extensão de nossa personalidade.
natação e canoagem. (D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os
níveis de estresse em alguns motoristas.
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
são as principais causas da ira de trânsito.
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação.
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
c) Maria, você trouxe os documentos?
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL -
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação FUMARC/2013) “Paciência, minha ilha, este é apenas um ciclo
estranha. econômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você
aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale agora afasta que abriu o sinal.”
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo No período acima, as vírgulas foram empregadas em
das vírgulas. “Paciência, minha ilha, este é [...]”, para separar
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira (A) aposto.
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou (B) vocativo.
acione o código na internet. (C) adjunto adverbial.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o (D) expressão explicativa.
código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, 09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O período
foi encontrada. corretamente pontuado é:
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro (A) Os ilmes que, mostram a luta pela sobrevivência em
às, areias do Guarujá. condições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
quem a encontrou e informar um ponto de referência podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história iccional.
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem sempre,
06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio.
Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente (D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos
correto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição iminentes que comprometem, a sobrevivência.
em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para (E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a liberdade,
que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os
nada poderia parecer, realmente intransponível.
ajustes nas letras iniciais minúsculas.
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas
GABARITO
de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E
programa desenvolve ainda oicinas e cursos para as crianças
utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos 06. D 07. A 08. B 09.B
ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
cidadania e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam RESOLUÇÃO
também centros de descarte de garrafas PET(D) destinadas
depois para reciclagem(E) o programa possibilitará o retorno 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
das bicicletas pela saúde das crianças e transformação das (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
comunidades em lugares melhores para se viver. (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade,
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117) procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
a) A pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
b) B (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e,
c) C embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade,
d) D procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
e) E pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.

Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, depois para reciclagem(E). O programa possibilitará o retorno
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, das bicicletas pela saúde das crianças e transformação das
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo comunidades em lugares melhores para se viver.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora (D), pois antecipa um termo explicativo.
, (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo 7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha (B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse,
(apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimento). porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos
Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”, comportamentos, (X) são desconhecidos.
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem
generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as
ser uma extensão de nossa personalidade.
pessoa não têm o nome do pai na certidão.
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X)
RESPOSTA: “CERTO”.
aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
3-) (X) são as principais causas da ira de trânsito.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. =
mantê-la (termo deslocado) 8-) Paciência, minha ilha, este é... = é o termo usado para se
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? = dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
mantê-la (vocativo)
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara 9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequadas
para o evento. ou faltantes:
= mantê-la (explicação) (A) Os ilmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramento em condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos
do desportista. espectadores.
= pode retirá-la (advérbio de tempo) (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história iccional.
natação e canoagem. (C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem
= mantê-la (enumeração) sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X)
pelo frio.
4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante: (D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr
a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem! riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência.
b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da transação. (E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a
c) Maria, você trouxe os documentos? liberdade, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível.
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma Recomendo a visualização do link abaixo para entender,
movimentação estranha. de uma maneira criativa, a importância da pontuação!

5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas


http://www.youtube.com/watch?v=JxJrS6augu0
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica PADRÕES DE CONCORDÂNCIA
ao grupo ou acione o código na internet. VERBAL E NOMINAL
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
onde o código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
(X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que a Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
criança foi encontrada. referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
primeiro às , (X) areias do Guarujá. principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
6-) função de subordinado.
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
programa desenvolve ainda oicinas e cursos para as crianças pessoa” em relação ao sujeito. Exempliicando, temos: O aluno
utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira
ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre pessoa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também
cidadania e reciclagem(C). As escolas participantes se tornam expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos
também centros de descarte de garrafas PET(D), destinadas chegaram atrasados.

Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
Casos referentes a sujeito simples 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. casa sou eu que decido tudo.

2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral
multidão, apavorada, saiu aos gritos. ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50%
Observação: dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal eleitorado apoiou a decisão.
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o
plural: Observações:
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem,
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da
diretoria 50% dos funcionários.
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50%
segue: A maioria dos alunos resolveu icar. A maioria dos alunos dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
resolveram icar.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.
candidatos se inscreveram no concurso.
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um os determinam:
candidato se inscreveu no concurso de piadas. - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
Observação:
este permanece no singular, contanto que o predicativo também
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente,
criação de Machado de Assis.
deverá permanecer no plural:
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência
campanha de doação de alimentos.
mundial.
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
- Casos em que o artigo igura no singular ou em que ele nem
de formatura.
aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos potência mundial.
que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que
atuaram na Copa América. Casos referentes a sujeito composto
7) Em casos relativos à concordância com locuções
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
a duas questões básicas: relacionado a dois pressupostos básicos:
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as demais:
verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá lexionar na 2ª ou
nós o receberão. na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos.
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no
singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
nós o receberá. ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois ilhos
compareceram ao evento.
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer
quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos no plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois ilhos.
toda a verdade para ela. Compareceu ao evento o pai e seus dois ilhos.

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo - Concordam com o substantivo a que se referem.
e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo. As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas ou Precisamos de nomes próprios.
ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permanecer Obrigado, disse o rapaz.
no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista,
minha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
minha conquista, minha premiação é fruto de meu esforço. - Após essas expressões o substantivo ica sempre no singular
e o adjetivo no plural.
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais Renato advogou um e outro caso fáceis.
termos da oração para que concordem em gênero e número com o Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se g) É bom, é necessário, é proibido
lexionará à sua maneira. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome de artigo ou outro determinante.
concordam em gênero e número com o substantivo. Canja é bom. / A canja é boa.
- A pequena criança é uma gracinha. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
geral mostrada acima. h) Muito, pouco, caro
a) Um adjetivo após vários substantivos - Como adjetivos: seguem a regra geral.
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou Comi muitas frutas durante a viagem.
concorda com o substantivo mais próximo. Pouco arroz é suiciente para mim.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. Os sapatos estavam caros.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Como advérbios: são invariáveis.
- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural Comi muito durante a viagem.
masculino ou concorda com o substantivo mais próximo. Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
- Ela tem pai e mãe louros. Comprei caro os sapatos.
- Ela tem pai e mãe loura.
i) Mesmo, bastante
- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente - Como advérbios: invariáveis
para o plural. Preciso mesmo da sua ajuda.
- O homem e o menino estavam perdidos. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
- Como pronomes: seguem a regra geral.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
próximo.
Comi delicioso almoço e sobremesa. j) Menos, alerta
Provei deliciosa fruta e suco. - Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso.
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda Estamos alerta para com suas chamadas.
com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os ilhos. k) Tal Qual
Estava ferido o pai e os ilhos. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
consequente.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo As garotas são vaidosas tais qual a tia.
- antecede todos os adjetivos com um artigo. Os pais vieram fantasiados tais quais os ilhos.
Falava luentemente a língua inglesa e a espanhola.
l) Possível
- coloca o substantivo no plural. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor”
Falava luentemente as línguas inglesa e espanhola. ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
d) Pronomes de tratamento Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
- sempre concordam com a 3ª pessoa. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
Vossa Santidade esteve no Brasil. cidade.

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
m) Meio 03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para
- Como advérbio: invariável. responder à questão.
Estou meio (um pouco) insegura. _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada
- Como numeral: segue a regra geral. em melhorar a eiciência sem preços adequados para o carbono,
Comi meia (metade) laranja pela manhã. a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
n) Só ___________diferença, as companhias não podem suportar ter de
- apenas, somente (advérbio): invariável. pagar, de repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono,
Só consegui comprar uma passagem. sem qualquer preparação. Portanto, elas começam a usar preços-
-sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
- sozinho (adjetivo): variável. de quantiicar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a
Estiveram sós durante horas. maioria das políticas de crescimento verde sempre ___________
a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
Fonte:
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as
htm
lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente,
com:
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal (A) Restam… faça… será (B) Resta… faz… será
(C) Restam… faz... serão (D) Restam… façam…
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A serão
concordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase: (E) Resta… fazem… será
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir 04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa
legitimidade a suas decisões. em que o trecho
(B) A coniança dos cidadãos em seus dirigentes devem ser – Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de
embasados na percepção dos valores e princípios que regem a quantiicar adequadamente os insumos básicos.– está corretamente
prática política. reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro (A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até
regime democrático, em que se respeita tanto as liberdades agora uma maneira adequada de se quantiicar os insumos básicos.
individuais quanto as coletivas. (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático até agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser
não pode estar subordinado às ordens indiscriminadas de um único quantiicados.
poder central. (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados para o agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
momento eleitoral, que expõem as diferentes opiniões existentes quantiicado.
na sociedade. (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja
02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de quantiicado.
concordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, que até agora uma maneira adequada de se quantiicarem os insumos
básicos.
satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelectual,
estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, sua
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
matéria-prima.
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa...
delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classiicação
ultrapassar os limites da época em que vivem seus autores, gênios do continente americano (2,0)...
no domínio das palavras, sua matéria-prima. Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos,
permitem criar todo um mundo de icção, em que personagens em:
se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo
verdadeira interação com a realidade. ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm
somente se realiza plenamente caso haja ainidade de ideias entre pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos
deste último e o prazer da leitura. quiseram icar até o nascer do sol na praia.
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas também
leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que existem umas que não merecem nossa atenção.
ultrapassa os limites de tempo e de época. (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
FCC/2012) Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas)
locais de peregrinação.
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso 10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013)
o segmento grifado seja substituído por: Assinale a alternativa em que a concordância das formas verbais
(A) Há folheteiros que destacadas está de acordo com a norma-padrão da língua.
(B) A maior parte dos folheteiros (A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização
(C) O folheteiro e sua família subterrânea.
(D) O grosso dos folheteiros (B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os
(E) Cada um dos folheteiros trabalhadores da área de limpeza.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) se contrair alguma doença.
Todas as formas verbais estão corretamente lexionadas em: (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
poéticas tão originais. começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído funcionários.
à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores
universidades do país. GABARITO
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a 01. A 02. A 03. A 04. E 05. A
situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos 06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C
requizessem o respeito que faziam por merecer.
(D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a RESOLUÇÃO
pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado
do puro e simples desconhecimento.
1-) Fiz os acertos entre parênteses:
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
representatividade.
legitimidade a suas decisões.
(B) A coniança dos cidadãos em seus dirigentes devem (deve)
08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ser embasados (embasada) na percepção dos valores e princípios
FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância
que regem a prática política.
verbal e nominal em:
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
os mais diversos tipos de pessoas, das mais soisticadas às mais regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as
humildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje. liberdades individuais quanto as coletivas.
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony (D) As instituições fundamentais de um regime democrático
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens
seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram. indiscriminadas de um único poder central.
c) Nada indica que o conlito no Oriente Médio entre árabes e (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados
judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as
próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma diferentes opiniões existentes na sociedade.
trégua.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, 2-)
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, que
costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelectual,
e) No inal do século XX já não se via muitos intelectuais e estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, sua
escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos matéria-prima. = correta
livros que publicavam como pelas posições que corajosamente B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
assumiam. delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor
ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores,
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes
segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em: permite criar todo um mundo de icção, em que personagens
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta) verdadeira interação com a realidade.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor
mundial de barris de petróleo) somente se realizam plenamente caso haja ainidade de ideias entre
(D) Um aumento elevado no preço do óleo relete-se no custo ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
da matéria-prima... (Constantes aumentos) deste último e o prazer da leitura.

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que (D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvalorização
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por seu e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode (podem)
conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. ser resultado do puro e simples desconhecimento.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
3-) _Restam___dúvidas problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em representatividade.
si __faça __diferença
a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____ 8-) Fiz as correções entre parênteses:
será_____ a segunda opção. a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre
Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no os mais diversos tipos de pessoas, das mais soisticadas às mais
plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/ humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias de hoje.
serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas. b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
4-) seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreveram.
(A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até c) Nada indica que o conlito no Oriente Médio entre árabes e
agora uma maneira adequada de se quantiicar os insumos básicos. judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos (resolvido)
ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua.
até agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade,
quantiicados.
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa,
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
costumam encontrar muito mais detratores que admiradores.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam e) No inal do século XX já não se via (viam) muitos
quantiicados. intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas era
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas posições
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam que corajosamente assumiam.
quantiicados.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou 9-)
até agora uma maneira adequada de se quantiicarem os insumos (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = “há”
básicos. = correta permaneceria no singular
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta) =
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos “sabe” permaneceria no singular
itens: (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O consumo
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no singular
(singular) (D) Um aumento elevado no preço do óleo relete-se no custo
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) da matéria-prima... Constantes aumentos) = “relete” passaria para
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram “reletem-se”
(plural) (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) =
(plural) “pressiona” permaneceria no singular
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as
formas estão no plural) 10-) Fiz as correções:
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
6-) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
“folheterios”) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
manhã = eram
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
= começaram
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular

7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: PADRÕES DE REGÊNCIA


(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o VERBAL E NOMINAL
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído
à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
universidades do país. ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases
situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado,
requizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer. que sejam corretas e claras.

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
Regência Verbal devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam
como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas
Termo Regente: VERBO lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou
no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos
os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e indiretos.
objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar,
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar,
capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
as diversas signiicações que um verbo pode assumir com a simples condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar,
mudança ou retirada de uma preposição. Observe: humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar,
A mãe agrada o ilho. -> agradar signiica acariciar, contentar. socorrer, suportar, ver, visitar.
A mãe agrada ao ilho. -> agradar signiica “causar agrado ou Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
prazer”, satisfazer.
verbo amar:
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
a alguém”.
Amo aquela moça. / Amo-a.
Saiba que: Amam aquele rapaz. / Amam-no.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
nominal). As preposições são capazes de modiicar completamente Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos: indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais).
Cheguei ao metrô. Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Cheguei no metrô. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei Verbos Transitivos Indiretos
no metrô”, popularmente usada a im de indicar o lugar a que se
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, indiretos. Isso signiica que esses verbos exigem uma preposição
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta. para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
em frases distintas. transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam
pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa
Verbos Intransitivos (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É - Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. todos.
- Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino
introduzidos pela preposição “a”:
ou direção são: a, para.
Fui ao teatro. Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Adjunto Adverbial de Lugar Eles desobedeceram às leis do trânsito.

Ricardo foi para a Espanha. - Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
Adjunto Adverbial de Lugar “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao
que” se responde.
- Comparecer Respondi ao meu patrão.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a. Respondemos às perguntas.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Respondeu-lhe à altura.
jogo.
Verbos Transitivos Diretos Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Veja:
objetos diretos. Isso signiica que não exigem preposição para o O questionário foi respondido corretamente.
estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos Saiba que:
introduzidos pela preposição “com”. - A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
Antipatizo com aquela apresentadora. cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
para uma minoria privilegiada. subentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
oração subordinada adverbial inal reduzida de ininitivo (para ir
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de entregar-lhe os catálogos em casa).
um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto - A construção “dizer para”, também muito usada
direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. popularmente, é igualmente considerada incorreta.
Veja os exemplos:
Preferir
Agradeço aos ouvintes a audiência. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto
Objeto Indireto Objeto Direto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Preiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Paguei o débito ao cobrador. Preiro trem a ônibus.
Objeto Direto Objeto Indireto
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com termos intensiicadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um
particular cuidado. Observe: milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo preixo existente no
Agradeci o presente. / Agradeci-o. próprio verbo (pre).
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Mudança de Transitividade X Mudança de Signiicado
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
apresentam mudança de signiicado. O conhecimento das diferentes
regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante,
Informar
pois além de permitir a correta interpretação de passagens escritas,
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre
ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
os principais, estão:
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços) AGRADAR
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
- Na utilização de pronomes como complementos, veja as acariciar.
construções: Sempre agrada o ilho quando o revê. / Sempre o agrada
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. quando o revê.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia
eles) não perde oportunidade de agradá-lo.

Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
seguintes: avisar, certiicar, notiicar, cientiicar, prevenir. satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela
preposição “a”.
Comparar O cantor não agradou aos presentes.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as O cantor não lhes agradou.
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. ASPIRAR
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
Pedir ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Pedi-lhe favores. (Aspirávamos a elas)
Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes”
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exemplo:
Objetiva Direta Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
ASSISTIR - Como transitivo direto e indireto, signiica comprometer,
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
assistência a, auxiliar. Por exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não
trabalhasse arduamente.
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
estar presente, caber, pertencer. Exemplos: PROCEDER
Assistimos ao documentário. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
Não assisti às últimas sessões. cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa
Essa lei assiste ao inquilino. segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial
de modo.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é As airmações da testemunha procediam, não havia como
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar refutá-las.
introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada Você procede muito mal.
cidade.
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
CHAMAR de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a preposição “a”) é transitivo indireto.
atenção ou a presença de. O avião procede de Maceió.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. Procedeu-se aos exames.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. O delegado procederá ao inquérito.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar QUERER
objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade
ou não. de, cobiçar.
A torcida chamou o jogador mercenário. Querem melhor atendimento.
A torcida chamou ao jogador mercenário. Queremos um país melhor.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar,
amar.
CUSTAR
Quero muito aos meus amigos.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
Ele quer bem à linda menina.
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e
Despede-se o ilho que muito lhe quer.
verduras não deveriam custar muito.
VISAR
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer
transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. pontaria e de pôr visto, rubricar.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva O homem visou o alvo.
Intransitivo Reduzida de Ininitivo O gerente não quis visar o cheque.

Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo,
atitude. é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Objeto Oração Subordinada Substantiva O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Subjetiva Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Indireto Reduzida de Ininitivo público.

Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que ESQUECER – LEMBRAR


atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa. - Lembrar algo – esquecer algo
Observe: - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem
complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
IMPLICAR No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes indiretos:
implicavam um irme propósito. - Ele se esqueceu do caderno.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, - Eu me esqueci da chave.
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento - Eles se esqueceram da prova.
político de um povo. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É
uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses.
Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.
Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A ila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o ilme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é
sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente
o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo signiica, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbios D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações
Longe de Perto de da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o de justiça.
regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente
a; relativa a; relativamente a. 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu
Questões sobre Regência Nominal e Verbal espaço na carreira cientíica ainda que o avanço seja mais notável
em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
01. (Administrador – FCC – 2013-adap.). (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências seu espaço na carreira cientíica; ainda que o avanço seja mais
... notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o outros.
grifado acima está empregado em: (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente
A) ...astros que icam tão distantes ... seu espaço, na carreira cientíica, ainda que o avanço seja mais
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em
C) ...que nos proporcionou um espírito ... outros.
D) ...cuja importância ninguém ignora ... (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... seu espaço na carreira cientíica, ainda que o avanço seja mais
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em
02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.). outros.
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos ilhos
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu
do sueco.
espaço na carreira cientíica, ainda que, o avanço seja mais notável
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros.
que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
responsabilidade pelo problema.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). perdido.
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um
desiguais... índio na porta do prédio.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido
grifado acima está empregado em: de sua família.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (E) A família toda se organizou para realizar a procura à
extremos de sutileza. garotinha.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
troncos mais robustos. 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
não raro, quem... texto, de acordo com as regras de regência.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
serra de Tunuí... assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal
E) ...em que tão bem se revelam suas ainidades com o gentio, e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
mestre e colaborador... A pesquisa faz um alerta ______ inluência negativa que a
mídia pode exercer sobre os jovens.
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). A) dos … na B) nos … entre a
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... C) aos … para a D) sobre os … pela
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da E) pelos … sob a
frase acima se encontra em:
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
verbo latino dirigere... Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das língua, assinale a alternativa em que os trechos destacados estão
sociedades... corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
justiça. mil tomadas.

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. Lidar = transitivo indireto
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
logotipos e negociar. sociedades... =transitivo direto
D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
do edifício. justiça. =ligação
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
a um prédio na marginal. justiça... =transitivo direto e indireto
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale de justiça. =transitivo direto
a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, conforme
as regras de regência da norma-padrão da língua e sem alteração 5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação
de sentido. também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontuação
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos encontra-se em tópico especíico)
dos trabalhadores domésticos. (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
A) da B) na C) pela (B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação)
D) sob a E) sobre a (C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à
pontuação)
GABARITO (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente,
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D seu espaço na carreira cientíica, ainda que, o avanço seja mais
06. A 07. C 08. A 09. C notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
outros.
RESOLUÇÃO
6-)
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras (B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se
ciências ... perdido.
Facilitar – verbo transitivo direto (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio
na porta do prédio.
A) ...astros que icam tão distantes ... = verbo de ligação
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de
sua família.
ligação
(E) A família toda se organizou para realizar a procura pela
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo
garotinha.
direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo
7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já
transitivo indireto
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e
a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos A pesquisa faz um alerta para a inluência negativa que a
ilhos do sueco. mídia pode exercer sobre os jovens.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transitivo 8-)
direto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar
=verbo intransitivo logotipos e negociar.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
=transitivo direto tomadas do edifício.
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em em um prédio na marginal.
partes desiguais...
Constar = verbo intransitivo 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos dos trabalhadores domésticos.
troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam,
não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na
serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas ainidades com o gentio,
mestre e colaborador...=transitivo direto

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
EMPREGO DO SINAL podem ser identiicados pelo método: troque a palavra feminina
INDICADOR DE CRASE por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao,
ocorrerá crase. Por exemplo:
Reiro-me à mesma pessoa. (Reiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao
senhor.)
A palavra crase é de origem grega e signiica “fusão”, Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
“mistura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” Cláudio para sair mais cedo.)
de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da
preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial - diante de numerais cardinais:
dos pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo Chegou a duzentos o número de feridos.
a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para Daqui a uma semana começa o campeonato.
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também, Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e
nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar a crase, - diante de palavras femininas:
portanto, consiste em aprender a veriicar a ocorrência simultânea Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe: Sempre vamos à praia no verão.
Vou a + a igreja. Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Vou à igreja. Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”, Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando - diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas (mesmo que a expressão moda de ique subentendida):
é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos: O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Conheço a aluna. Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Reiro-me à aluna. Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode - na indicação de horas:
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir- Acordei às sete horas da manhã.
-se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase Elas chegaram às dez horas.
é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o Foram dormir à meia-noite.
artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especiicados.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que
Casos em que a crase NÃO ocorre: participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
- diante de substantivos masculinos: à noite às claras às escondidas à força
Andamos a cavalo. à vontade à beça à larga à escuta
Fomos a pé. às avessas à revelia à exceção de à imitação de
Passou a camisa a ferro. à esquerda às turras às vezes à chave
Fazer o exercício a lápis. à direita à procura à deriva à toa
Compramos os móveis a prazo. à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de
- diante de verbos no ininitivo:
A criança começou a falar. Crase diante de Nomes de Lugar
Ela não tem nada a dizer.
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante
deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição
- diante da maioria dos pronomes e das expressões de “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por
dona: um verbo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o
Entreguei a todos os documentos necessários. artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a]
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos. França.)

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.) Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a”
Alegre.) também pode ser detectada através da substituição do termo
regente feminino por um termo regido masculino. Veja:
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; Minha revolta é ligada à do meu país.
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Meu luto é ligado ao do meu país.
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas. As orações são semelhantes às de antes.
Vou à praia. = Volto da praia. Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Suas perguntas são superiores às dele.
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especiicado, Seus argumentos são superiores aos dele.
ocorrerá crase. Veja: Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado. A Palavra Distância

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Se a palavra distância estiver especiicada, determinada,
Aquela (s), Aquilo a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa ica à distância de
100km daqui. (A palavra está determinada)
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo Todos devem icar à distância de 50 metros do palco. (A
regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: palavra está especiicada.)
Reiro-me a + aquele atentado.
Preposição Pronome Se a palavra distância não estiver especiicada, a crase não
pode ocorrer. Por exemplo:
Reiro-me àquele atentado.
Os militares icaram a distância.
Gostava de fotografar a distância.
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
Ensinou a distância.
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
Dizem que aquele médico cura a distância.
portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Reconheci o menino a distância.
Aluguei aquela casa.
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade,
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige pode-se usar a crase. Veja:
preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros Gostava de fotografar à distância.
exemplos: Ensinou à distância.
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Dizem que aquele médico cura à distância.
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Reiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito. - diante de nomes próprios femininos:
Assisti àquele ilme três vezes. Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes
Espero aquele rapaz. próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Fiz aquilo que você disse. Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
Comprei aquela caneta. A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.

Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as escrever as frases abaixo das seguintes formas:
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exigir Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.
da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido
feminino por um termo regido masculino. Por exemplo: - diante de pronome possessivo feminino:
A igreja à qual me reiro ica no centro da cidade. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes
O monumento ao qual me reiro ica no centro da cidade. possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo.
Observe:
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por
Veja outros exemplos: você.
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. por você.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes
responder nenhuma das questões. possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo
A sessão à qual assisti estava vazia. das seguintes formas:

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô. 04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô. estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente.
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o
- depois da preposição até: segmento grifado for substituído por:
Fui até a praia. ou Fui até à praia. A) leitura apressada e sem profundidade.
Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta. B) cada um de nós neste formigueiro.
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai C) exemplo de obras publicadas recentemente.
até às cinco horas da tarde. D) uma comunicação festiva e virtual.
E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
Questões sobre Crase
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discussões – 2013).
sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos ou O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em também desenvolve atividades lúdicas de apoio______
legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____ ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
respeito envolvendo questões de saúde pública como programas -lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
de esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes liberdade, ele estará capacitado______ ter uma proissão e uma
e de reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o vida digna.
nome de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um (Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_
drogado da nossa própria família? importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em: 18.08.2012.
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, 17.09.2012. Adaptado)
Adaptado)
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente,
respectivamente, com: as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua
(A) aos … à … a … a (B) aos … a … à … a portuguesa.
(C) a … a … à … à (D) à … à … à … à A) à … à … à B) a … a … à C) a … à … à
D) à … à ... a E) a … à … a
(E) a … a … a … a
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
SÃO PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
texto a seguir.
VUNESP/2013) Assinale a alternativa que completa as lacunas do
Foi por esse tempo que Rita, desconiada e medrosa, correu
trecho a seguir, empregando o sinal indicativo de crase de acordo
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
com a norma-padrão.
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos
-lhe ______ coniança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
espaço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar
que fez. nossas instituições.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Janeiro:
(A) à … à … à
Globo, 1997, p. 6)
(B) a … à … à
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem (C) à … a … a
dada: (D) à … à … a
A) à – a – a B) a – a – à (E) a … a … à
C) à – a – à D) à – à – a
E) a – à – à 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
– 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - empregado em:
VUNESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
portuguesa, o acento indicativo de crase está corretamente diiculdades para lidar com as frustrações de seus desejos.
empregado em: B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
(A) A população, de um modo geral, está à espera de que, com mecanismos biológicos de controle emocional.
o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
a sua postura. alimentam a violência crescente nas cidades.
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
muito mais severas. atinge os mais vulneráveis.
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida dos
demais motoristas e de pedestres. 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da sinal indicativo de crase está correto em:
nova lei para que ela possa funcionar. A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
biotecnologia.

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem
educação dos ilhos. (antes de verbo)
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
instalações do prédio. (generalizando, palavra no plural)
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe (D) À ninguém (pronome indeinido)
que envolva a segurança das pessoas. (E) Cabe à todos (pronome indeinido)
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
comprometa o bem-estar do cidadão. 4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem
profundidade.
09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome
FCC/2012) O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é indeinido)
um homem de face corada, muito afeito ...... frases inteligentes a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra
e citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga masculina)
e sossegada, ica sentada tricotando tranquilamente, impassível a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indeinido)
...... propensão de seu marido ...... investigar assassinatos. a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra
(Adaptado de P.D.James, op.cit.) masculina)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada: 5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional
(A) à - à - a (INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__
(B) a - à - a ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
(C) à - a - à -lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em
(D) a - à - à liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma proissão e uma
(E) à - a – a vida digna.
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO - retorno a? regência nominal pede preposição;
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das - antes de verbo no ininitivo não há crase.
opções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente
indicado? 6-) Vamos por partes!
A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura. - Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto:
B) Ninguém se referira à essa ideia antes. pede preposição;
C) Esta era à medida certa do quarto. - quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. e indireto;
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço
A nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições.
* Sujeitar A + A corrupção;
GABARITO
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto
01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
indireto. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é
06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
pronome indeinido);
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso,
RESOLUÇÃO oração subordinada com função de objeto indireto. Não há
acento indicativo de crase porque temos um verbo no ininitivo –
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. “prejudicar”).
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não
há crase) 7-)
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à) A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar diiculdades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes
encaminhar um drogado da nossa própria família? (antes de de verbo no ininitivo não há crase)
pronome indeinido/relativo) B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre singular e antecede palavra no plural, não há crase)
a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
_a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ coniança (artigo indeinido)
(objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina)
3-) E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá para atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal:
substituir por “esperando”) de que desfavorável a?)

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
8-) (repare que são todos advérbios, ou seja, modiicam um verbo),
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de entre outros. Mal também é substantivo, podendo signiicar
biotecnologia. (artigo indeinido) doença, moléstia, angústia, desgosto, maldade, tudo aquilo que é
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à prejudicial ou nocivo; pode ser, ainda, uma conjunção temporal,
educação dos ilhos. = correta (regência verbal: dedicar a ) sinônima de assim que.
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as Exemplo:
instalações do prédio. (verbo no ininitivo) Eu preciso descansar porque tenho dormido mal. = advérbio
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe O mal da sociedade moderna é a violência urbana. =
que envolva a segurança das pessoas. (pronome indeinido) substantivo
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que Mal tocou o sino, os alunos saíram correndo. = conjunção
comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indeinido)
Onde e Aonde
9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no
singular e “frases”, no plural) Onde é sinônimo de em que lugar. Indica permanência.
Impassível à propensão (regência nominal: pede preposição) Aonde é sinônimo de para que lugar ou a que lugar. Indica
A investigar (antes de verbo no ininitivo não há acento direção e movimento.
indicativo de crase) Exemplos – onde:
Sequência: a / à / a. Onde você mora? (Em que lugar você mora?)
Onde está a minha caneta? (Em que lugar está a minha
caneta?)
10-)
Você sabe onde está minha bolsa? (Você sabe em que lugar
A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e
está minha bolsa?)
substantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de
Exemplos – aonde:
pronome demonstrativo)
Aonde você vai? (Para que lugar você vai?)
C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e Aonde ele pretende chegar? (A que lugar ele pretende chegar?)
substantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À Você está levando isso aonde? (Você está levando isso para
medida que lia, mais aprendia) que lugar?)
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
modo = apressadamente) A im e aim
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
masculina A im de é uma locução prepositiva que indica uma inalidade
e equivale a “para”, “com o propósito de” e “com a intenção de”:
Exemplo: Ela marcou um horário com o médico, a im de
QUESTÕES NOTACIONAIS DA LÍNGUA: veriicar seus exames.
POR QUE, POR QUÊ, PORQUE OU
PORQUÊ; MAL OU MAU; MAIS OU MAS; A locução “a im de” pode ter ainda sinônimo de “para que”
MEIO OU MEIA; ONDE OU AONDE; quando associada com o pronome relativo “que”:
ESTAR OU ESTÁ Exemplo: Treinou bastante, a im de que conquistasse o
primeiro lugar no pódio.

- Aim, quando substantivo masculino que indica ainidade,


Mal ou Mau parentesco, amigos íntimos, adeptos.
Exemplos:
Mal é advérbio, antônimo de bem. Irei convidar todos os amigos de faculdade e ains.
Mau é um adjetivo, antônimo de bom. Os partidários e ains estão convidados.
Comprarei livros e ains.
Exemplo: Ele é um homem mau, só pratica o mal.
Pela oposição: Ele é um homem bom, só pratica o bem. - Aim, quando adjetivo, pode expor:
a) Um parentesco ou uma ligação por ainidades: Parentes
O adjetivo mau é usado principalmente para indicar algo de má ains.
qualidade ou alguém que faz maldades, sendo sinônimo de ruim b) Proximidade: Os estados de Pernambuco e Paraíba são
e malvado. Apresenta ainda diversos outros signiicados: nocivo, ains.
indelicado, incapaz, incorreto, endiabrado, difícil, indecente, entre c) Uma característica comum, semelhante ou idêntica entre
outros. termos. É a maneira mais usual: O departamento de compras e de
Exemplos: inanças têm funções ains.
Ele é um mau professor.
Afaste esses maus pensamentos de sua mente. Observações Importantes:
Contudo, uma forma mais utilizada é dizer que alguém está a
O advérbio mal é usado principalmente para indicar algo im de fazer alguma coisa, ou seja, “está com vontade de”: Estou a
feito de forma errada e incorreta, sendo sinônimo de erradamente, im de ir ao cinema hoje.
incorretamente, insatisfatoriamente, negativamente, indevidamente Use, portanto, dessa forma: a im de, separado.

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
Outra maneira também bastante comum é dizer que alguém Observação: há atividades relacionadas a esse conteúdo no
está a im de outra pessoa, ou seja, está interessado: João está a tópico Ortograia.
im de Maria.
fonte de pesquisa:
A e Há http://www.normaculta.com.br/

• Usa-se “há” quando o verbo “haver” é impessoal, tem sentido Se não ou senão
de “existir” e é conjugado na terceira pessoa do singular. Exemplo:
Há um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo. A palavra senão pode signiicar uma exceção, uma
Existe um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo. consequência negativa ou um problema; já “se não” é usada com
signiicado de caso não.
• Ainda como impessoal, o verbo “haver” é utilizado em Senão sinônima de exceto, salvo, fora, a não ser e menos. Pode,
expressões que indicam tempo decorrido, assim como o verbo também, signiicar a consequência negativa de uma airmação
“fazer”. Exemplos: anterior, sendo sinônima de caso contrário, de outro modo e do
Há muito tempo não como esse bolo. contrário. Exemplos:
Faz muito tempo que não como esse bolo. O aluno não fez nada senão bagunça. (a não ser)
Venha rápido, senão não chegaremos a tempo! (caso contrário)
Logo, para identiicarmos se utilizaremos o “a” ou “há”,
substituímos por “faz” nas expressões indicativas de tempo. Se a Se não como conjunção condicional tem signiicado de caso
substituição não alterar o sentido real da frase, emprega-se “há”. não, quando não. Exemplos:
Exemplos: Se não conseguir entregar o projeto hoje, não se preocupe.
Há cinco anos não escutava uma música como essa. Se não fosse sua ajuda, não conseguiria terminar meus
Substituindo por faz: Faz cinco anos que não escutava uma afazeres.
música como essa.
Ao encontro de ou de encontro a
• Quando não for possível a conjugação do verbo “haver”
Ao encontro de signiica ir no mesmo sentido de alguma coisa,
nem no sentido de “existir”, nem de “tempo decorrido”, então,
na sua direção, indo a seu favor, acompanhando essa mesma coisa.
emprega-se “a”. Exemplos:
De encontro a signiica ir no sentido contrário a alguma coisa, indo
Daqui a pouco você poderá ir embora.
contra, chocando com essa mesma coisa.
Estamos a dez minutos de onde você está.
Ao encontro de indica concordância, ir no mesmo sentido.
Importante: Não se usa “Há muitos anos atrás”, pois é
Exemplos:
redundante, pleonasmo. Não é necessário colocar “atrás”, uma vez O menino foi ao encontro de sua mãe.
que o verbo “haver” está no sentido de tempo decorrido. Suas ideias vão ao encontro de minhas ideias.
Acerca de e A cerca de De encontro a indica discordância, ir no sentido contrário.
Exemplos:
Existe a expressão “cerca de”, que pode vir precedida O carro foi de encontro ao muro.
da preposição “a” (“a cerca de”). O sentido de ambas é Não farei o que me pedem porque vai de encontro a meus
“aproximadamente” ou “mais ou menos”, como se pode observar princípios.
nas frases “cerca de 70 mil veículos deixaram a capital no feriado
prolongado” ou “estávamos a cerca de 2 quilômetros da cidade”. De mais ou demais
Na expressão “há cerca de”, temos a referida expressão “cerca
de” precedida do verbo haver, o que indica tempo transcorrido e A palavra demais é utilizada principalmente como um
equivale a “faz”. Portanto, deve-se empregá-la quando o sentido advérbio que signiica em exagero, em excesso, muito. De mais é
for algo como “faz aproximadamente”, como se nota nas frases uma locução adverbial que indica uma noção de maior quantidade,
“há cerca de um mês uma reunião decidiu a escolha do candidato” sendo contrária a de menos.
e “deinimos o cronograma de reuniões há cerca de um mês”.
Já a expressão “acerca de” é uma locução prepositiva, ou Demais pode ser um advérbio ou um pronome indeinido.
seja, um conjunto de palavras que funciona como preposição, Enquanto advérbio signiica em excesso, em exagero, em demasia,
relacionando dois termos em uma oração. Essa expressão é além da conta, demasiadamente, excessivamente, muito. Signiica
empregada com o sentido de “a respeito de”, “relativamente a”, também além disso, ademais, além desse fato, de resto. Enquanto
“quanto a”, “sobre’”, como se pode observar nas frases “discutimos pronome (adjetivo ou substantivo) indeinido plural signiica os
acerca de uma boa saída para o caso” e “conversamos acerca da outros, os restantes.
herança”. Exemplo – em exagero: Estou cheia, acho que comi demais!
Portanto, para o correto emprego dessas expressões, é preciso
estar atento ao sentido delas no texto. Exemplo – além disso: Não fui à praia porque estava frio;
demais, estava com tanta preguiça!

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos – os outros: Ouvi as demais opiniões, mas continuo Tampouco ou tão pouco
sem acreditar.
A palavra tampouco é um advérbio e signiica também não. A
De mais é uma locução adverbial que transmite uma noção de expressão tão pouco signiica muito pouco ou pouquíssimo.
maior quantidade ou intensidade, tendo signiicado parecido com
a locução a mais. Chamamos de locução adverbial duas ou mais O advérbio tampouco é sinônimo de: também não, nem, sequer
palavras que juntas atuam como um advérbio, alterando o sentido e muito menos. É formado a partir de composição por aglutinação,
do verbo. A locução de mais é antônima da locução de menos. ou seja, dois vocábulos que se unem numa só palavra: tão + pouco.
Exemplos: Esse advérbio é usado para reforçar ou para repetir uma negação
Não acho que seja nada de mais, não se preocupe com isso. feita anteriormente. Exemplos:
Comprei comida de mais, vai sobrar para amanhã. Não quero me chatear com sua irmã, tampouco com você.
Meu ilho é muito saudável, não bebe tampouco fuma.
Ao invés de ou em vez de
A expressão tão pouco signiica muito pouco. É uma expressão
A locução ao invés de signiica ao contrário de e a locução formada pelo advérbio de intensidade tão e pelo advérbio de
em vez de pode signiicar ao contrário de ou em lugar de. Assim, a intensidade ou pronome indeinido pouco. Sendo um pronome
locução em vez de tem uma utilização mais abrangente, aplicando- indeinido, pode variar em gênero (masculino e feminino) e número
-se a todas as situações. Ao invés de só se aplica a situações (singular e plural): tão pouco, tão poucos, tão pouca, tão poucas.
contrárias. Essa expressão pode ser usada para enfatizar a intensidade de algo
ou para indicar o grau comparativo de igualdade do adjetivo: tão
Ao invés tem signiicado de ao contrário de alguém ou alguma pouco como. Exemplos:
coisa, sendo sinônima de: ao contrário de, de maneira oposta, Às vezes, para ajudar os outros é preciso tão pouco!
contrariamente, em oposição a, entre outras. Exemplos: Você estudou tão pouco.
O elevador foi para cima ao invés de ir para baixo. Tenho tão pouca vontade de ver esse ilme.
O atleta correu devagar ao invés de correr rápido.
Mas e Mais
Em vez de é sinônima de ao invés de, mas podendo signiicar
também em lugar de ou em substituição de alguém ou alguma Mas é usada, principalmente, com sentido de porém, todavia,
coisa. Exemplos: contudo. A palavra mais indica, principalmente, o aumento da
Em vez de ir ao teatro, fui ao cinema. quantidade, sendo antônima de menos.

À toa ou à-toa Mas - como conjunção adversativa tem sentido de uma


oposição ou limitação, podendo ser substituído por porém, todavia,
À toa é a forma correta de escrita da locução. A locução à-toa contudo.
passou a estar errada desde a entrada em vigor do Novo Acordo Estudei, mas não entendi o conteúdo.
Ortográico, em janeiro de 2009. À toa signiica ao acaso, sem
nada para fazer. Mais pode ser um substantivo comum, uma conjunção,
Segundo o Novo Acordo Ortográico, não deverá ser um advérbio de intensidade, uma preposição ou um pronome
utilizado hífen nas locuções substantivas, adjetivas, pronominais, indeinido. Indica sempre uma noção de maior quantidade ou
adverbiais, prepositivas ou conjuncionais. Exemplos: dia a dia, intensidade, de excesso. Pode signiicar ainda os outros, os demais,
im de semana, sala de jantar, cão de guarda, cor de vinho, café os restantes. Exemplos:
com leite, à toa. Ela é a menina mais estudiosa da turma.
Três mais três são seis.
À toa, sem hífen, é uma locução adverbial que signiica ao Não faço mais nada por ela.
acaso, a esmo, inutilmente, sem fundamento, impensadamente,
sem motivo. É uma locução muito utilizada para indicar uma pessoa A par e ao par
que está sem fazer nada, que não tem nada para fazer. Exemplos:
Aquele menino anda à toa, sem saber o que fazer. A par signiica estar informado e ao par signiica de valor
Não se irrite à toa. igual.

Dia a dia ou dia-a-dia A par é uma expressão utilizada com signiicado de estar
informado, estar ciente de uma situação, inteirado. Exemplos:
Dia a dia é a forma correta de escrita da locução. A locução A diretora da escola icou a par dos acontecimentos. (Ciente,
dia-a-dia passou a estar errada desde a entrada em vigor do Novo informada)
Acordo Ortográico, em janeiro de 2009. Devemos utilizar a Peço desculpa, mas não estou a par dessa situação. (Ciente,
locução adverbial ou substantiva dia a dia sempre que quisermos informado)
referir uma ação realizada diariamente ou uma ação que vai
sendo realizada à medida que os dias passam. Signiica também Ao par é uma expressão muito utilizada em assuntos
cotidiano. Exemplos: econômicos, com signiicado de: valor igual, equivalência de
Dia a dia vai melhorando a saúde do paciente. valor entre valores inanceiros e operações cambiais, ou seja, entre
Meu dia a dia às vezes é tão aborrecido! duas moedas. Exemplos:

Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
O real já não está ao par do dólar. Comparação
A moeda americana e a moeda europeia estão ao par.
Consiste em atribuir características de um ser a outro, em
Sessão ou cessão virtude de uma determinada semelhança.
O meu coração está igual a um céu cinzento.
A palavra sessão refere-se a um intervalo de tempo em que O carro dele é rápido como um avião.
alguma coisa acontece, podendo ser uma reunião, um espetáculo,
uma consulta ou qualquer atividade especíica. A palavra cessão Prosopopeia
refere-se ao ato de ceder, de transferir ou transmitir um bem ou um
direito. Signiica ainda uma renúncia ou desistência. É uma igura de linguagem que atribui características
humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de
A palavra sessão é sinônima de reunião, assembleia, PERSONIFICAÇÃO.
apresentação, espetáculo, consulta, entre outros. Exemplos: O céu está mostrando sua face mais bela.
Veremos o ilme da sessão das dez? O cão mostrou grande sisudez.
A modelo está na sessão de fotograia.
Caso não haja acordo entre os congressistas, será marcada Sinestesia
uma nova sessão.
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes
A palavra cessão é sinônima de cedência, entrega, (mistura dos cinco sentidos).
transferência, transmissão, concessão, entre outras. Exemplos: Raquel tem um olhar frio, desesperador.
O paciente permitiu a cessão de seus órgãos internos para Aquela criança tem um olhar tão doce.
transplantes e estudo. Catacrese
Autorizaram a cessão das instalações para a festa da escola.
A cessão de crédito para um terceiro será realizada amanhã.
É o emprego de uma palavra no sentido igurado por falta de
um termo próprio.
Atenção!
O menino quebrou o braço da cadeira.
Existe ainda a palavra seção, que se refere a uma divisão,
A manga da camisa rasgou.
a uma parte de um todo. Signiica ainda uma repartição de um
serviço público ou privado. É sinônima de divisão, subdivisão,
Metonímia
parte, fracção, segmentação, repartição, departamento, setor,
entre outras.
É a substituição de uma palavra por outra, quando existe
Fonte de pesquisa: uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite
http://duvidas.dicio.com.br essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos:
- O autor pela obra.
Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares)

FIGURAS DE LINGUAGEM - o continente pelo conteúdo.


O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os
torcedores)

Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer - a parte pelo todo.


iguras de linguagem está no fato de que tal conhecimento, além Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui
de auxiliar a compreender melhor os textos literários, deixa-nos casa)
mais sensíveis à beleza da linguagem e ao signiicado simbólico
das palavras e dos textos. - o efeito pela causa.
Deinição: Figuras de linguagem são certos recursos não- Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui
-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior o trabalho)
expressividade à sua mensagem.
Perífrase
Metáfora
É a designação de um ser através de alguma de suas
É o emprego de uma palavra com o signiicado de outra características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma A Veneza Brasileira também é palco de grandes espetáculos.
comparação subentendida. (Veneza Brasileira = Recife)
Minha boca é um túmulo. A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade
Essa rua é um verdadeiro deserto. Maravilhosa = Rio de Janeiro)

Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
Antítese Polissíndeto

Consiste no uso de palavras de sentidos opostos. É a repetição da conjunção entre as orações de um período ou
Nada com Deus é tudo. entre os termos da oração.
Tudo sem Deus é nada. Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para dançar.

Eufemismo Assíndeto

Consiste em suavizar palavras ou expressões que são Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas orações.
desagradáveis. Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos para
Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu = dançar.
morrer)
Os homens públicos envergonham o povo. (homens públicos Anacoluto
= políticos)
Consiste numa mudança repentina da construção sintática da
Hipérbole frase.
Ele, nada podia assustá-lo.
É um exagero intencional com a inalidade de tornar mais - Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem
expressiva a ideia. falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando o que
Ela chorou rios de lágrimas. havia dito para reconstruí-la novamente.
Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
Anáfora
Ironia
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão para
Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, airmamos o reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.
contrário do que pensamos. Cada alma é uma escada para Deus,
Que alunos inteligentes, não sabem nem somar. Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Se você gritar mais alto, eu agradeço. Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando
Onomatopeia Pessoa)

Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz natural Silepse


dos seres.
Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram. Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia e
Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda. não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: gênero,
número e pessoa.
Aliteração - De gênero: Vossa excelência está preocupado com as
notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma,
Consiste na repetição de um determinado som consonantal no mas nesse exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se
início ou interior das palavras. refere o pronome de tratamento e não com o sujeito).
O rato roeu a roupa do rei de Roma. - De número: A boiada icou furiosa com o peão e derrubaram
a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a ideia de plural
Elipse da palavra boiada).
- De pessoa: As mulheres decidimos não votar em determinado
Consiste na omissão de um termo que ica subentendido no partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o
contexto, identiicado facilmente. falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito
Após a queda, nenhuma fratura. em 3ª pessoa).

Zeugma Fonte:
http://juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/
Consiste na omissão de um termo já empregado anteriormente. iguraslinguagem001.asp
Ele come carne, eu verduras.
Figuras de Pensamento
Pleonasmo
São conhecidas pelo nome de iguras de pensamento os
Consiste na intensiicação de um termo através da sua recursos estilísticos utilizados para incrementar o signiicado das
repetição, reforçando seu signiicado. palavras no seu aspecto semântico.
Nós cantamos um canto glorioso. São oito as iguras de pensamento:

Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
1) Antítese Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão
por perto.
É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra
opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma ênfase como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com a exposição
isolada dos mesmos. Exemplos: 8) Prosopopeia ou Personiicação
Viverei para sempre ou morrerei tentando.
Do riso se fez o pranto. Consiste na atribuição de ações, qualidades ou características
Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito. humanas a seres não humanos. Exemplos:
Chora, viola.
2) Apóstrofe A morte mostrou sua face mais sinistra.
O morro dos ventos uivantes.
É assim denominado o chamamento do receptor da mensagem,
seja ele de natureza imaginária ou não. É utilizada para dar ênfase
à expressão e realiza-se por meio do vocativo. Exemplos: Figuras de construção ou sintaxe integram as chamadas
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? iguras de linguagem, representando um subgrupo destas. Dessa
Pai Nosso, que estais no céu; forma, tendo em vista o padrão não convencional que prevalece
Ó meu querido Santo António; nas iguras de linguagem (ou seja, a subjetividade, a sensibilidade
por parte do emissor, deixando às claras seus aspectos estilísticos),
3) Paradoxo devemos compreender sua denominação. Em outras palavras, por
que “iguras de construção ou sintaxe”?
É uma proposição aparentemente absurda, resultante da união Podemos airmar que assim se denominam em virtude de
de ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. Os apresentarem algum tipo de modiicação na estrutura da oração,
paradoxos viciosos são denominados Oxímoros (ou oximoron). tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos da enunciação (do
Exemplos: discurso) – sendo o principal conferir ênfase a ela.
“Menino do Rio / Calor que provoca arrepio...” Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos
“Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se perfaz de
se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina uma sequência, demarcada pelos seguintes elementos:
sem doer;” (Camões)
SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO
4) Eufemismo
(Nós) CHEGAMOS ATRASADOS À REUNIÃO.
Consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre
Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado verbal
ou menos agressiva, para atenuar uma verdade tida como penosa,
– chegamos atrasados; e um complemento, representado por um
desagradável ou chocante. Exemplos:
adjunto adverbial de lugar – à reunião.
“E pela paz derradeira que enim vai nos redimir Deus lhe Quando há uma ruptura dessa sequência lógica, materializada
pague”. (Chico Buarque). pela inversão de termos, repetição ou até mesmo omissão destes,
paz derradeira = morte é justamente aí que as iguras em questão se manifestam. Desse
modo, elas se encontram muito presentes na linguagem literária,
5) Gradação na publicitária e na linguagem cotidiana de forma geral. Vejamos
cada uma delas de modo particular:
Na gradação temos uma sequência de palavras que intensiicam
a mesma ideia. Exemplo: Elipse
“Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo.”
(Castro Alves). Tal igura se caracteriza pela omissão de um termo na oração
não expresso anteriormente, contudo, facilmente identiicado pelo
6) Hipérbole contexto. Vejamos um exemplo:

É a expressão intencionalmente exagerada com o intuito de Rondó dos cavalinhos


realçar uma ideia, proporcionando uma imagem emocionante e de [...]
impacto. Exemplos:
“Faz umas dez horas que essa menina penteia esse cabelo”. Os cavalinhos correndo,
Ele morreu de tanto rir. E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
7) Ironia Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela O sol tão claro, Esmeralda,
contradição de termos, pretende-se questionar certo tipo de E em minhalma — anoitecendo!
pensamento. A intenção é depreciativa ou sarcástica. Exemplos: Manuel Bandeira

Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo estar, Inversão (ou Hipérbato)
sendo este facilmente identiicado pelo contexto.
Trata-se da inversão da ordem direta dos termos da oração.
Zeugma Constatemos: Eufórico chegou o menino.
Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se trata de um
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão de um predicado verbo-nominal) encontra-se no início da oração, quando
termo já expresso no discurso. Constatemos: Maria gosta de este deveria estar expresso no inal, ou seja: O menino chegou
Matemática, eu de Português. eufórico.
Observamos que houve a omissão do verbo gostar.
Pleonasmo
Anáfora
Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia antes
Essa igura de linguagem se caracteriza pela repetição expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto semântico, no
intencional de um termo no início de um período, frase ou verso. intuito de reforçar a mensagem. Exemplo: Vivemos uma vida
Observemos um caso representativo: tranquila.
O termo em destaque reforça uma ideia antes ressaltada, uma
A Estrela vez que viver já diz respeito à vida. Temos uma repetição de ordem
semântica.
Vi uma estrela tão alta, A ele nada lhe devo.
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo Percebemos que o pronome oblíquo (lhe) faz referência à
Na minha vida vazia. terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se, portanto, de uma
repetição de ordem sintática demarcada pelo que chamamos de
Era uma estrela tão alta! objeto direto pleonástico.
Era uma estrela tão fria! Observação importante: O pleonasmo utilizado sem a intenção
Era uma estrela sozinha de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que denominamos de
Luzindo no im do dia. vício de linguagem – ocorrência que deve ser evitada. Como, por
[...] exemplo: subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro,
Manuel Bandeira entre outras circunstâncias linguísticas.

Notamos a utilização de termos que se repetem sucessivamente


em cada verso da criação de Manuel Bandeira.

Polissíndeto

Figura cuja principal característica se deine pela repetição


enfática do conectivo, geralmente representado pela conjunção
coordenada “e”. Observemos um verso extraído de uma criação de
Olavo Bilac, intitulada “A um poeta”: “Trabalha e teima, e lima,
e sofre, e sua!”

Assíndeto

Diferentemente do que ocorre no polissíndeto, manifestado


pela repetição da conjunção, no assíndeto ocorre a omissão deste.
Vejamos: Vim, vi, venci (Júlio César)
Depreendemos que se trata de orações assindéticas, justamente
pela omissão do conectivo “e”.

Anacoluto

Trata-se de uma igura que se caracteriza pela interrupção da


sequência lógica do pensamento, ou seja, em termos sintáticos,
airma-se que há uma mudança na construção do período, deixando
algum termo desligado do restante dos elementos. Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
Notamos que o termo em destaque, que era para representar
o sujeito da oração, encontra-se desligado dos demais termos, não
cumprindo, portanto, nenhuma função sintática.

Didatismo e Conhecimento 82
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA
Domínio, contradomínio, imagem
FUNÇÃO
O domínio é constituído por todos os valores que podem
ser atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é
formada por todos os valores correspondentes da variável depen-
dente.
Diagrama de Flechas O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por
D. O domínio serve para deinir em que conjunto estamos traba-
lhando, isto é, os valores possíveis para a variável x.
O conjunto B é denominado contradomínio, CD.
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no
contradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x
pela função f. O conjunto de todos os valores de y que são ima-
gens de valores de x forma o conjunto imagem da função, que
indicaremos por Im.

Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}cria-
mos a função f: A→B.deinida por f(x) = x + 5 que também pode
ser representada por y = x + 5. A representação, utilizando conjun-
Gráico Cartesiano tos, desta função, é:

No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contrado-


Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem mínio é = {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im = {6, 9,
uma relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta 12}
de luz depende do consumo medido no período; o tempo de uma
viagem de automóvel depende da velocidade no trajeto. Classiicação das funções
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o
domínio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos deinir Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio
com mais rigor o que é uma função matemática utilizando a lin- apresentam imagens também distintas no contradomínio.
guagem da teoria dos conjuntos.

Deinição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma


relação de A em B.
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada ele-
mento x do conjunto A está associado um e apenas um elemento
y do conjunto B.

Notação: f:A→B (lê-se função f de A em B)

Didatismo e Conhecimento 1
MATEMÁTICA
Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio Função Crescente: a > 0
forem imagens de pelo menos um elemento do domínio. De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráico que
os valores de y vão crescendo.

Bijetora: Quando apresentar as características de função


injetora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos
distintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do
contradomínio são imagens de pelo menos um elemento do do-
mínio.

Função Decrescente: a < 0


Nesse caso, os valores de y, caem.

Função 1 grau
A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obti-
dos de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim,
a função f(x) = ax + b.

Estudo dos Sinais

Deinimos função como relação entre duas grandezas repre-


sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax
+ b, onde os coeicientes a e b pertencem aos reais e diferem de
zero. Esse modelo de função possui como representação gráica a
igura de uma reta, portanto, as relações entre os valores do do- Raiz da função
mínio e da imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor
do coeiciente a. Se o coeiciente possui sinal positivo, a função é Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em
crescente, e caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente. que a reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y
igual a zero, pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y
= 0. Observe a representação gráica a seguir:

Didatismo e Conhecimento 2
MATEMÁTICA
Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base na
própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando o valor de x (raiz da função).
X=-b/a

Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema com duas equações para acharmos o valor de a e b.

Exemplo:
Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.

F(1)=1a+b
3=a+b

F(3)=3a+b
5=3a+b

Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II

3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2
Portanto,
a=3-b
a=3-2=1

Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
f(x)=a(x-x1)(x-x2)
É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e deve ser o maior termo.

Considerações

Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se a<0

Didatismo e Conhecimento 3
MATEMÁTICA
Discriminante(∆)

∆=b²-4ac

∆>0
A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0

∆=0
Quando , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no ponto
Repare que, quando tivermos o discriminante , as duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
∆<0

A função não tem raízes reais

Raízes

Vértices e Estudo do Sinal


Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavida-

de voltada para baixo e um ponto de máximo V. Em qualquer caso, as coordenadas de V são . Veja os gráicos:

Didatismo e Conhecimento 4
MATEMÁTICA

Propriedades dos expoentes

Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número


racional, então:
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
Função exponencial - (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax
A expressão matemática que deine a função exponencial é
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e Questões
diferente de 1 e o expoente é uma variável.
Função crescente 01. (CRF/RO – Técnico em Informática – FUNCAB/2015)
As coordenadas do vértice da parábola y = 2x² - 3x + 5 são:
Se a>1 temos uma função exponencial crescente, qualquer (A)
que seja o valor real de x. (B)
No gráico da função ao lado podemos observar que à me- (C)
dida que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graicamente
vemos que a curva da função é crescente. (D)

(E)

02. (CRF/RO – Técnico em Informática – FUNCAB/2015)


Para que a parábola de equação y= k.x² +p.x+8 tenha 2 e 4 como
raízes, os valores de k e p são, respectivamente:
(A) 6 e -1.
(B) 6 e 1.
(C) 1 e 6.
(D) -1 e -6.
(E) 1 e -6.

03. (MGS – Técnico de Informática – IBFC/2015) Para


Função decrescente que a imagem da função exponencial f(x) = 2 X+3 seja igual a 512
Se0<a<1 temos uma função exponencial decrescente em o valor de x deve ser igual a:
todo o domínio da função. (A) 6
Neste outro gráico podemos observar que à medida que (B) 7
x aumenta, y diminui. Graicamente observamos que a curva da (C) 8
função é decrescente. (D) 9

Didatismo e Conhecimento 5
MATEMÁTICA
04. (COBRA TECNOLOGIA S/A – Técnico Administra- 07. (METROTEC – Analista de Gestão – CONSUL-
tivo – QUADRIX/2014) Observe o gráico da função do 1° grau PLAN/2014) Seja o gráico de uma função do 1º grau.
a seguir.

Sobre essa função, é possível airmar que:


(A) é uma função constante.
(B) é uma função crescente.
(C) é uma função positiva.
(D) é uma função negativa.
(E) é uma função decrescente.

05. (ELETROBRAS – Suporte – BIO-RIO/2014) Na igu- Qual dos pontos a seguir pertence ao gráico dessa função?
ra a seguir está evidenciada, através de setas, uma relação entre (A) (–2, 0).
os elementos do conjunto A e os elementos do conjunto B. (B) (0, 4).
(C) (2, 10).
(D) (3, 11).

08. (METROTEC – Analista de Gestão – CONSUL-


PLAN/2014) Considere a seguinte equação do 2º grau: ax² + bx +
c = 0. Sabendo que as raízes dessa equação são x’ = 6 e x’’ = –10
e que a + b = 5, então o discriminante dessa equação é igual a
(A) 196.
(B) 225.
(C) 256.
(D) 289.
A respeito desta relação é correto airmar que:
Respostas
(A) não é uma função.
(B) é uma função que não é injetora nem sobrejetora.
01. Resposta: A.
(C) é uma função injetora, mas não sobrejetora.
Lembrando que o vértice tem duas fórmulas
(D) é uma função sobrejetora, mas não injetora.
(E) é uma função bijetora.
02. Resposta: E.
A soma das raízes é 2+4=6
06. (CRF/RO – Técnico em Informática – FUNCAB/2015)
E o produto é 2x4=8
Dada a função deinida por f(x + 2)= 3x + 5.
P=-6k
K=1
O valor de f(3).f(-3) é:
Voltando em P=6k
(A) 18
P=-6x1=-6
(B) 42
(C)-56
(D)-70
(E)-80

Didatismo e Conhecimento 6
MATEMÁTICA
03. Resposta: A. 08. Resposta: C.
2 X+3=512 O discriminante é o ∆.
2 X+3=29 Soma das raízes: -b/a=-4
Uma boa dica é guardar que 210=1024, portanto 512 seria b=-4a
1024/2. Substituindo em a+b=5
Ou se preferir, decompor o número. a+4a=5
Como as bases são iguais, podemos igualar os expoentes 5a=5
X+3=9 a=1
X=6
b=4
04. Resposta: B. produto das raízes: c/a=-60
Bem simples essa questão, a reta está subindo, crescendo, c=-60a
portanto função crescente. c=-60

05. Resposta: A. ∆=b²-4ac


Para todo valor de x, devemos ter um y, portanto não é fun- ∆=4²-4.1.(-60)
ção. ∆=16+240=256

06. Resposta: E.
F(3) PROGRESSÃO ARITMÉTICA;
F(1+2)=3.1+5 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
F(3)=3+5=8
F(-3)
F(-5+2)=3.(-5)+5
F(-3)=-15+5=-10 Sequências

F(3).f(-3)=8.-10=-80 Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos


de um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a
07. Resposta: D. uma posição, temos uma sequência.
Função do 1º grau O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo
F(x)=ax+b por a2, e o n-ésimo por an.

F(-1)=-a+b Termo Geral de uma Sequência


3=-a+b
b=3+a Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei
de formação. Isso signiica que podemos obter um termo qual-
F(1)=a+b quer da sequência a partir de uma expressão, que relaciona o
7=a+b valor do termo com sua posição.
7=a+3+a Para a posição n(n∈N*), podemos escrever an=f(n)
4=2a
a=2 Progressão Aritmética

b=3+a=3+2=5 Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que


Voltando na função: f(x)=2x+5 cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma
Analisando cada alternativa constante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da
(A) F(-2)=-4+5=-1 PA.

(B) F(0)=0+5=5 Exemplo


A sequência (2,7,12) é uma PA inita de razão 5:
(C) F(2)=4+5=9
Classiicação
(D) f(3)=6+5=11
As progressões aritméticas podem ser classiicadas de acordo
com o valor da razão r.
r<0, PA decrescente
r>0, PA crescente
r=0 PA constante

Didatismo e Conhecimento 7
MATEMÁTICA
Propriedades das Progressões Aritméticas Classiicação

-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média As classiicações geométricas são classiicadas assim:
aritmética entre o anterior e o posterior.
-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
soma dos extremos. ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior.
Termo Geral da PA Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
seguinte forma: - Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r =
número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade. 0. A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética quando a1 = 0 ou q = 0.

Considerando a PA inita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34). Termo Geral da PG
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40 Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
Numa PA inita, a soma de dois termos equidistantes dos a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
extremos é igual à soma dos extremos. menos uma unidade.
Portanto, o termo geral é:
Soma dos Termos
Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita
Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite Seja a PG inita de razão q e de soma dos termos Sn:
calcular a soma dos n primeiros termos de uma progressão arit- 1º Caso: q=1
mética. 2º Caso: q≠1
Exemplo Exemplo
Uma progressão aritmética inita possui 39 termos. O último Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
é igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo? a) A soma dos 6 primeiros termos
Solução b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo 29524
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua Solução
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão: a)
Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes dos b)
extremos de uma P.A. inita é igual à soma dos seus extremos.
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Ininita
central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos. 1º Caso:-1<q<1
Em notação matemática temos:
Assim sendo: Quando a PG ininita possui soma inita, dizemos que a série
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14. é convergente.
2º Caso:
Progressão Geométrica A PG ininita não possui soma inita, dizemos que a série é
divergente
Denomina-se progressão geométrica (PG) a sequência em 3º Caso:
que se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o Também não possui soma inita, portanto divergente
anterior por uma constante q, chamada razão da PG.
Exemplo Produto dos termos de uma PG ininita
Dada a sequência: (4, 8, 16)
q=2

Didatismo e Conhecimento 8
MATEMÁTICA
Questões 06. (PETROBRAS – Técnico de Administração e Contro-
le Júnior – CESGRANRIO/2015) Considere a progressão geo-
01. (PRODEB – Assistente- Operação – IDECAN/2015) métrica inita (a 1 , a 2 , a 3 ,...,a 11 , a 12 ), na qual o primeiro termo
A soma dos dois primeiros termos de uma progressão aritmética é vale metade da razão e a 7 = 64 .a 4 .
23 e o seu vigésimo termo é 104. A razão dessa progressão é: O último termo dessa progressão é igual a
(A) 4. (A) 2 12
(B) 5. (B) 2 16
(C) 6. (C) 222
(D) 7. (D) 223
(E) 234
02. (PREF. DE NOVA FRIBURGO – Educador – EXA-
TUS/2015) A quantidade de números pares, múltiplos de 3, exis- 07. (CIS/AMOSC – Técnico Administrativo – CURSI-
tentes entre 100 e 1000 é igual a: VA/2015) Determine a soma dos termos da Progressão Geométri-
(A) 150. ca (1, 2, 4, 8 ...; 1024).
(B) 200. (A) 2048
(C) 250. (B) 2049
(D) 300. (C) 2046
(D) 2047
03. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário –
FGV/2015) Na sequência abaixo, as diferenças entre termos con- 08. (MGS - Serviços Técnicos de Informática –
secutivos repetem-se alternadamente: IBFC/2015) As razões entre a progressão aritmética 3,7,... e a
1, 5, 8, 12, 15, 19, 22, 26, 29, 33, ... progressão geométrica cujo primeiro termo é 5 são iguais. Desse
O 100º elemento dessa sequência é: modo, o quinto termo da progressão geométrica é igual a:
(A) 344; (A) 320
(B) 346; (B) 80
(C) 348; (C) 1280
(D) 351; (D) 2560
(E) 355.
09. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VU-
NESP/2014) Observe a sequência de iguras feitas em uma malha
04. (TJ/RO – Técnico Judiciário – FGV/2015) Em uma quadriculada, sendo cada igura composta por quadradinhos bran-
sequência numérica, cada termo a partir do terceiro é a soma dos cos e pretos.
dois termos anteriores.
O 7º e o 9º termos são, respectivamente, 29 e 76.
O 2º termo dessa sequência é:
(A) 1;
(B) 2;
De acordo com a lei de formação dessa sequência, o número
(C) 3;
de quadradinhos brancos na igura 18 será igual a
(D) 4;
(A) 113.
(E) 5.
(B) 103.
(C) 108.
05. (PROCEMPA - Técnico em Tecnologia da Informação
(D) 93.
e Comunicação – FGV/2014) Uma pequena rua que liga a es-
(E) 98.
trada até a porta de entrada de uma fazenda foi pavimentada com
paralelepípedos. Os operários assentaram, no primeiro dia, 200
10.(FUNARTE - Assistente Administrativo – FGV/2014)
paralelepípedos, no segundo dia, 210 paralelepípedos, no terceiro
Em um país imaginário, o mandato presidencial dura 7 anos. Nes-
dia 220 paralelepípedos e, assim por diante. A cada dia, com a
se país houve eleições para presidente no ano 2000, no ano 2007,
prática, os operários assentavam 10 paralelepípedos a mais do
haverá neste ano de 2014, e assim por diante.
que no dia anterior e o trabalho durou 20 dias.
Após o ano de 2500, haverá eleições para presidente, pela
O número total de paralelepípedos assentados nessa rua,
primeira vez, no ano:
durante esses 20 dias, foi
(A) 2502;
(A) 5900.
(B) 2503;
(B) 6200.
(C) 2504;
(C) 6500.
(D) 2505;
(D) 6800.
(E) 2506.
(E) 7200.

Didatismo e Conhecimento 9
MATEMÁTICA
Respostas a4=18-11=7
a5=a4+a3
01. Resposta: B.. 11=7+a3
O enunciado nos diz que: a3=4
a1+a2=23 a4=a3+a2
e sabemos que a2=a1+r 7=4+a2
Substituindo: a2=3
a1+a1+r=23
2a1+r=23 05. Resposta: A.
a20=a1+(n-1)r a20=?
104=a1+19r a1=200
R=10
Vamos fazer um sistema com duas equações: a20=a1+19r
Somando as duas equações a20=200+19x10
-37r=-185 a20=200+190=390
r=5

02. Resposta: A. 06. Resposta: D.


Primeiro vamos analisar os múltiplos de 3 a4=a1.qn-1
M(3)={0,3,6, 9, 12, 15,18, 21,24,27, 29,30,33....} q³=64
Observe que os destacados são números pares, e na verdade, q=4
a razão entre eles é 6. Portanto, a1=2
O primeiro múltiplo de 3 depois de 100 é o 102 e o último a12=a1.q11
antes de 1000 que é par e múltiplo de 3, é o 996. a12=2.411
a1=102 Vamos relembrar potência
an=996 4=2², portanto
an=a1+(n-1)r 411=(2²)11
996=102+(n-1)6 Multiplicamos o 2 e o 11
996=102+6n-6 411=222
6n=900 a12=2.222
N=150 a12=223

03. Resposta: C. 07. Resposta: D.


Quando o termo foi ímpar (a1, a3, a5, a7...), an=a1.qn-1
1,8,15,... 1024=1.2n-1
somaremos 7, portanto r=7 210=2n-1
Quando o termo for par (a2, a4, a6...) somaremos 7 também n-1=10
Como pede o 100º termo, temos que saber teremos que fazer n=11
pela sequência par, cuidado aqui, pois n não será 100, como fala-
mos apenas de números pares será 50 Sabemos que 210=1024
an=a1+(n-1)r 211=1024x2=2048
an=5+(50-1)7 S11=2048-1=2047
an=5+49x7=5+343=348
08. Resposta: C.
04. Resposta: C. A razão da PA é 7-3=4
a7=a6+a5=29 Portanto, da PG também.
a9=a8+a7=76 Se a1=5
a9=a8+29=76 a5=?
a8=76-29=47 an=a1.qn-1
a8=a7+a6 a5=5x44
47=29+a6 a5=5x256=1280
a6=47-29=18
a7=a6+a5 09. Resposta: D.
29=18+a5 a1=8
a5=29-18=11 a2=13
a6=a5+a4 r=13-8=5
18=11+a4 a18=a1+17r

Didatismo e Conhecimento 10
MATEMÁTICA
a18=8+17x5 Montante
a18=8+85=93
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Ca-
10. Resposta: C. pital Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
an=a1+(n-1)r Essa fórmula também será amplamente utilizada para resol-
an=2000+(n-1)7 ver questões.
an=2000+7n-7 M=C+J
an=7n+1993 M = montante
7n+1993>2500 C = capital inicial
7n>2500-1993 J = juros
7n>507 M=C+C.i.n
n>72,4 M=C(1+i.n)
n≥73
Vamos testar o a73
a73=2000+72x7 Juros Simples
a73=2000+504=2504 Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo
empréstimo de um capital inanceiro, a uma taxa combinada, por
um prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital
inicial.
JUROS SIMPLES E COMPOSTOS Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situa-
ções envolvendo juros simples é a seguinte:
Matemática Financeira J = C i n, onde:
J = juros
A Matemática Financeira possui diversas aplicações no C = capital inicial
atual sistema econômico. Algumas situações estão presentes no i = taxa de juros
cotidiano das pessoas, como inanciamentos de casa e carros, n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
realizações de empréstimos, compras a crediário ou com cartão ano...)
de crédito, aplicações inanceiras, investimentos em bolsas de Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica-
valores, entre outras situações. Todas as movimentações inancei- ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois
ras são baseadas na estipulação prévia de taxas de juros. Ao rea- devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos...
lizarmos um empréstimo a forma de pagamento é feita através de O que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
prestações mensais acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação qualquer outra combinação de períodos.
do empréstimo é superior ao valor inicial do empréstimo. A essa Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras
diferença damos o nome de juros. “JUROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser
Capital trabalhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valo-
res, ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quar-
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação to, ou seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital
inanceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Inicial (C) e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E
Valor Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value isso vale para qualquer combinação.
(indicado pela tecla PV nas calculadoras inanceiras).
Exemplo
Taxa de juros e Tempo
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista.
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinhei- Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
ro emprestado, para um determinado período. Ela vem normal- oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de
mente expressa da forma percentual, em seguida da especiicação R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa
do período de tempo a que se refere: de juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de:
8 % a.a. - (a.a. signiica ao ano). (A) 5,0%
10 % a.t. - (a.t. signiica ao trimestre). (B) 5,9%
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, (C) 7,5%
que é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: (D) 10,0%
0,15 a.m. - (a.m. signiica ao mês). (E) 12,5%
0,10 a.q. - (a.q. signiica ao quadrimestre) Resposta Letra “e”.

Didatismo e Conhecimento 11
MATEMÁTICA
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri- 02. (CASAN – Assistente Administrativo – INSTITUTO
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da compra,
e a parcela a ser paga de R$45. certa loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem preço a
Aplicando a fórmula M = C + J: prazo igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
45 = 40 + J (A) R$ 1200,00.
J=5 (B) R$ 1750,00.
Aplicando a outra fórmula J = C i n: (C) R$ 1000,00.
5 = 40 X i X 1 (D) R$ 1600,00.
i = 0,125 = 12,5% (E) R$ 1250,00.

Juros Compostos 03. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO


AOCP/2016) A fatura de um certo cartão de crédito cobra ju-
o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do ros de 12% ao mês por atraso no pagamento. Se uma fatura de
saldo no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de R$750,00 foi paga com um mês de atraso, o valor pago foi de
cada intervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a (A) R$ 970,00.
render juros também. (B) R$ 777,00.
(C) R$ 762,00.
Quando usamos juros simples e juros compostos? (D) R$ 800,00.
(E) R$ 840,00.
A maioria das operações envolvendo dinheiro utiliza juros
compostos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, 04. (UNESP – Assistente de Suporte Acadêmicos II – Bio-
compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplica- logia – VUNESP/2015) Um capital de R$ 720,00 foi aplicado
ções inanceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações a juro simples com taxa de 1,25% ao mês. O número de meses
em fundos de renda ixa, etc. Raramente encontramos uso para que esse capital deverá icar aplicado para se obter um juro de R$
o regime de juros simples: é o caso das operações de curtíssimo 72,00 é
prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas. (A) 10.
O cálculo do montante é dado por: (B) 9.
(C) 8.
Exemplo (D) 7.
Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de (E) 6.
R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
C=25000 05. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
i=25%aa=0,25 NESP/2015) Aluísio e Berilo aplicaram, respectivamente, R$
i=72 meses=6 anos 4.000,00 e R$ 5.000,00 a uma mesma taxa mensal de juros sim-
M=C+J ples durante quatro meses. Se o valor dos juros recebidos por
J=95367,50-25000=70367,50 Berilo foi R$ 50,00 maior que o valor dos juros recebidos por
Aluísio, então a taxa anual de juros simples dessas aplicações foi
Questões de
(A) 10,8%.
01. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário – (B) 12%.
FGV/2016) Para pagamento de boleto com atraso em período (C) 12,6%.
inferior a um mês, certa instituição inanceira cobra, sobre o valor (D) 14,4%.
do boleto, multa de 2% mais 0,4% de juros de mora por dia de (E) 15%
atraso no regime de juros simples. Um boleto com valor de R$
500,00 foi pago com 18 dias de atraso. 06. (PREF. DE CARLOS BARBOSA/RS – Agente Admi-
O valor total do pagamento foi: nistrativo – OBJETIVA/2015) Pedro quitou determinado boleto
(A) R$ 542,00; dois dias após o seu vencimento e pagou R$ 5,74 de juros. Sa-
(B) R$ 546,00; bendo-se que lhe foram cobrados juros compostos de 5% ao dia,
(C) R$ 548,00; se Pedro tivesse pago o boleto antes do vencimento, teria pago o
(D) R$ 552,00; valor de:
(E) R$ 554,00. (A) R$ 18,00
(B) R$ 25,00
(C) R$ 56,00
(D) R$ 84,00

Didatismo e Conhecimento 12
MATEMÁTICA
07. (PETROBRAS - Técnico de Administração e Contro- 02. Resposta: A.
le Júnior – CESGRANRIO/2015) As operadoras de cartões de M=C(1+in)
crédito, em geral, cobram 12% ao mês por atrasos no pagamento. 1500=C(1+0,25x1)
No caso de atrasos superiores a 1 mês, o sistema utilizado é o de 1500=C(1,25)
juros compostos e, no caso de atrasos inferiores a 1 mês, utili- C=1500/1,25
za-se o sistema de juros simples. O vencimento da fatura de um C=1200
cliente é no dia 5, mas ele só receberá o pagamento de seu salário
no dia 15 do mesmo mês, quando, então, fará o pagamento da 03. Resposta: E.
fatura com atraso de 10 dias. Se a fatura desse cliente é de R$ M=C(1+in)
900,00, quanto ele pagará, em reais, de juros? M=750(1+0,12)
(A) 108 M=750x1,12=840
(B) 72
(C) 36 04. Resposta: C.
(D) 18 J=Cin
(E) 12 72=720x0,0125xn
n=72/720x0,0125=1/10x0,0125=฀10฀^(-1) x80=8
08. (PREF. DE FLORES DA CUINHA – Atendente de
Farmácia – UNA/2015) Por quanto tempo deve icar aplicado 05. Resposta: E.
um capital para que o juro seja igual a três vezes o capital, se a JA=4000.4.i=16000i
taxa de juros simples for 5% ao mês? JB=5000.4i=20000i
(A) 2 anos JB=JA+50
(B) 7 anos 16000i+50=20000i
(C) 5 anos 4000i=50
(D) 10 meses I=0,0125=1,25%am.12=15%ao ano

09. (UFF - Auxiliar em Administração – COSEAC/2015) 06. Resposta: C.


Uma empresa fez um empréstimo de R$ 100.000,00 com duração M=C+J
de dois anos à taxa de juros compostos de 4,2% ao ano. O valor M=C+5,74
pago no im do período foi de: M=C(1+i)n
(A) R$ 108.400,00. C+5,74=C(1+0,05)²
(B) R$ 108.254,30. C+5,74=C.1,1025
(C) R$ 106.562,25. 0,1025C=5,74
(D) R$ 108.576,40. C=56
(E) R$ 106.240,45.
07. Resposta: C.
10. (UFF - Auxiliar em Administração – COSEAC/2015) Como dará diferença de 10 dias ela pagará com juros sim-
Certo valor foi aplicado em juros simples durante 2 anos, com ples.
taxa de juros de 5% ao mês. No inal do período, o valor resgata-
do foi R$ 880,00. O valor inicial desta aplicação era: 12% ao mês=12/30=0,4% ao dia
(A) R$ 400,00. J=Cin
(B) R$ 200,00. J=900x0,004x10=36
(C) R$ 600,00.
(D) R$ 480,00. 08. Resposta: C.
(E) R$ 260,00. J=Cin
J=3C
Respostas Substituindo na fórmula
01. Resposta: C. 3C=Cx0,05n
M=C(1+in) n=3/0,05=60 meses
C=500+500x0,02=500+10=510
M=510(1+0,004x18) 1 ano =12 meses
M=510(1+0,072)=546,72 60/12=5 anos

Didatismo e Conhecimento 13
MATEMÁTICA
09. Resposta: D. Exemplo
M=C(1+i)n
M=100000(1+0,042)² Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
M=100000x1,042² algarismos distintos podemos formar?
M=108.576,40

10. Resposta: A.

n=24 meses=2 anos


M=C(1+in)
880=C(1+0,05x24)
880=Cx2,2
C≈400

ANÁLISE COMBINATÓRIA

Análise Combinatória

A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos Observe que os números obtidos diferem entre si:
problemas de contagem. Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes:56 e 67
Princípio Fundamental da Contagem Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
3 elementos tomados 2 a 2.
Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de Indica-se
um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão Permutação Simples
E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de
se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2. Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
Exemplo agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra MITO?
Solução
A palavra mito tem 4 letras, portanto:

O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças). Permutação com elementos repetidos


3(blusas)=6 maneiras
De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
Fatorial quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produ- Exemplo


to de uma multiplicação cujos fatores são números naturais con- Quantos anagramas tem a palavra NATA?
secutivos. Para facilitar adotamos o fatorial. Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 4! Permutações.
Como temos uma letra repetida, esse número será menor.
Arranjo Simples

Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p,


toda sequência de p elementos distintos de E.

Didatismo e Conhecimento 14
MATEMÁTICA
Combinação Simples 04. (PREF. DE RIO NOVO DO SUL/ES – Agente Fis-
cal – IDECAN/2015) Quatro bebês prematuros serão colocados
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, po- cada um deles em uma das seis incubadoras disponíveis em uma
demos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto determinada maternidade. De quantas maneiras poderá ser feita a
com i elementos é chamado combinação simples. distribuição dos bebês nas incubadoras?
(A) 270.
Exemplo (B) 360.
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que (C) 420.
podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos. (D) 540.
Solução
05.(PREF. DO RIO DE JANEIRO –Agente de Adminis-
tração - PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Seja N a quanti-
dade máxima de números inteiros de quatro algarismos distintos,
Questões maiores do que 4000, que podem ser escritos utilizando-se apenas
os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
01. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário – O valor de N é:
FGV/2015) João coordena as 5 pessoas da equipe de manutenção (A) 120
de uma empresa e deve designar, para cada dia, as pessoas para as (B) 240
seguintes funções: (C) 360
(D) 480
• uma pessoa da equipe para abrir o prédio da empresa e
iscalizar o trabalho geral; 06. (EPT – MARICÁ – Fiscal de Transportes –
• duas pessoas da equipe para o trabalho no turno da manhã, IESA/2015) No DETRAN de uma cidade da região dos lagos,
deixando as outras duas para o turno da tarde. um motorista em dúvida fez a seguinte pergunta ao funcionário.
Quantos veículos podem ser emplacados num sistema com um
O número de maneiras diferentes pelas quais João poderá total de 23 letras, sendo que cada placa é formada por 3 letras e 4
organizar essa escala de trabalho é: algarismos, considerando de 0 a 9. O funcionário respondeu cor-
(A) 10; retamente ao airmar ______________ veículos.
(B) 15; Indique a alternativa correta.
(C) 20; (A) 1.840.000
(D) 30; (B) 42.320.000
(E) 60. (C) 121.670.000
(D) 158.700.000
02. (TJ/RO – Técnico Judiciário – FGV/2015) João tem
5 processos que devem ser analisados e Arnaldo e Bruno estão 07. (CIS-AMOSC – Auxiliar Administrativo – CURSI-
disponíveis para esse trabalho. Como Arnaldo é mais experiente, VA/2015) Quantos anagramas podem ser formados com a palavra
João decidiu dar 3 processos para Arnaldo e 2 para Bruno. MARA?
O número de maneiras diferentes pelas quais João pode dis- (A) 4
tribuir esses 5 processos entre Arnaldo e Bruno é: (B) 8
(A) 6; (C) 12
(B) 8; (D) 24
(C) 10;
(D) 12; 08. (CGM – Auxiliar de Controladoria – PREF. DO RIO
(E) 15. DE JANEIRO/2015) Sete livros diferentes serão distribuídos
para duas pessoas, de modo que cada uma delas receba pelo me-
03. (SEDUC/PE – Agente de Apoio ao Desenvolvimento nos um livro. O número máximo de maneiras distintas de se fazer
Escolar Especial – FGV/2015) Um professor deseja dividir um essa distribuição corresponde a:
grupo de cinco alunos em dois grupos: um com dois alunos e o (A) 47
outro com três alunos. Dos cinco alunos, dois deles são especiais. (B) 49
De quantas maneiras diferentes o professor pode fazer a di- (C) 126
visão dos cinco alunos em dois grupos, de modo que cada grupo (D) 128
tenha um aluno especial?
(A) 3.
(B) 4.
(C) 5.
(D) 6.
(E) 10.

Didatismo e Conhecimento 15
MATEMÁTICA
09. (PREF. DE SÃO JOÃO DA BARRA – Técnico em En- 06. Resposta: C.
fermagem – BIO-RIO/2015) Numa sala estão reunidos quatro A questão não diz respeito as repetições, portanto, tanto as
técnicos de enfermagem e três técnicos de farmácia. Um grupo letras como os algarismos podem ser repetidos.
de trabalho será constituído com dois técnicos de enfermagem e
dois de farmácia. O número de grupos de trabalho diferentes que __ __ __ __ __ __ __
podem ser formados é igual a: 23.23.23 x 10.10.10.10=121670000
(A) 12
(B) 16 07. Resposta: C.
(C) 18
(D) 24 08. Resposta: C.
(E) 30
1 livro pra 1 e 6 pra outra
10. (IFRJ – Auxiliar em Administração – BIO-RIO/2015) 7x2=14, pois pode ser contrário os livros: 6 e 1
Um anagrama de uma palavra é qualquer reordenação de suas 21x2=42
letras. Por exemplo, LAVO é um anagrama de OVAL. A palavra 35x2=70
CASCA tem a seguinte quantidade de anagramas: Total de possibilidades: 14+42+70=126
(A) 24
(B) 30 09. Resposta: C.
(C) 64 2 técnicos de enfermagem
(D) 72 2 técnicos de farmácia
(E) 120 Como precisamos de técnicos de enfermagem E técnico de
farmácia=6x3=18
Respostas
10. Resposta: B.
01. Resposta: D.
Para a primeira pessoa, temos 5 possibilidades, ou se quiser
pensar em termos de combinação C5,1 PROBABILIDADE
Agora, para escolher as outras duas, icaram 4 pessoas.
E as outras duas serão as que “sobraram”.
Possibilidades: 5x6=30

02. Resposta: C. Experimento Aleatório


Como Arnaldo icará com 3 processos:
E assim, os dois que sobraram icarão com Bruno, sem esco- Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisí-
lha. vel, por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lança-
mento de um dado.
03. Resposta: D.
Para os alunos especiais, temos duas possibilidades. Espaço Amostral
Para os alunos não especiais ( são 3)
Portanto, são 3x2=6 maneiras diferentes Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resulta-
dos possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E.
04. Resposta: B. No lançamento de um dado, observando a face voltada para
São 6 incubadoras diferentes, nesse caso, a ordem faz dife- cima, tem-se:
rença. E={1,2,3,4,5,6}
No lançamento de uma moeda, observando a face voltada
05. Resposta: C. para cima:
4 __ __ __ E={Ca,Co}
6. 5. 4=120
Depois ixamos o 5 e o 6, e também teremos 120 possibili- Evento
dades
120x3=360 É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:Ocorrer
um número par, tem-se {2,4,6}.

Didatismo e Conhecimento 16
MATEMÁTICA
Exemplo Probabilidade Condicional
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas
para cima em três lançamentos de uma moeda. É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
a) Quantos elementos tem o espaço amostral? evento B, deinido por:
b) Descreva o espaço amostral. E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
Solução A={2}
a)O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
há duas possibilidades. Eventos Simultâneos
2x2x2=8
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço
C,R,R),(R,R,R)} amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E Questões
com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A)
amostras. 01. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, escondia
Eventos complementares seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um carro velho fora
de uso, que mantinha no fundo de sua casa. Certo dia, o empresá-
Seja E um espaço amostral inito e não vazio, e seja A um rio se gabava de sua inteligência ao contar o fato para um de seus
evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o amigos, enquanto um ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O
evento formado por todos os elementos de E que não pertencem ladrão tinha tempo suiciente para escolher aleatoriamente apenas
a A. um dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a proba-
bilidade de ele ter roubado o pneu certo?
(A) 0,20.
(B) 0,23.
(C) 0,25.
(D) 0,27.
(E) 0,30.

02. (PREF. DE PAULÍNIA/SP – Guarda Municipal –


FGV/2015) Um ciclo completo de um determinado semáforo é
de um minuto e meio. A cada ciclo o semáforo ica vermelho 30
segundos, em seguida ica laranja 10 segundos e, por im, ica
Note que verde 50 segundos.
Escolhido um instante de tempo ao acaso, a probabilidade de
Exemplo que neste instante de tempo o semáforo NÃO esteja fechado, isto
Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas. é, NÃO esteja vermelho, é:
Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola verme- (A) 1/9;
lha é Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que (B) 2/9;
não seja vermelha. (C) 1/3;
Solução são complementares. (D) 4/9;
(E) 2/3.
Adição de probabilidades

Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, inito e


não vazio. Tem-se:

Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se
obter um número par ou menor que 5, na face superior?
Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
Sejam os eventos
A={2,4,6} n(A)=3
B={1,2,3,4} n(B)=4

Didatismo e Conhecimento 17
MATEMÁTICA
03. (TCE/RN – Assessor de Informática – CESPE/2015) Para iscalizar determinada entidade, um órgão de controle escolherá 12
de seus servidores: 5 da secretaria de controle interno, 3 da secretaria de prevenção da corrupção, 3 da corregedoria e 1 da ouvidoria. Os
12 servidores serão distribuídos, por sorteio, nas equipes A, B e C; e cada equipe será composta por 4 servidores. A equipe A será a pri-
meira a ser formada, depois a equipe B e, por último, a C.
A respeito dessa situação, julgue o item subsequente.
A probabilidade de um servidor que não for sorteado para integrar a equipe A ser sorteado para integrar a equipe B é igual a 0,5.
( ) Certo ( ) Errado

04. (CIS-AMOSC/SC – Auxiliar Administrativo – CURSIVA/2015) Numa caixa são colocadas 12 bolas pretas, 8 bolas verdes e 10
bolas amarelas Retirando-se ,ao acaso uma bola dessa caixa, determine a probabilidade de ela ser preta?
(A) 40%
(B) 45%
(C) 30%
(D) 35%

05. (COLÉGIO PEDRO II – Técnico em Assuntos Educacionais – ACESSO PUBLICO/2015) Carlos realizou duas reuniões
pedagógicas com os professores, uma para professores do ensino fundamental (EF) e a outra para professores do ensino médio (EM).
Apenas 20 dos 50 professores do EF previstos compareceram à reunião. Apenas 10 dos 30 professores do EM previstos compareceram à
reunião. Alberto e Bruna são, respectivamente, professores de EF e EM previstos para participarem da reunião. Qual a probabilidade de os
dois terem faltado a reunião?
(A) 0,4
(B) 0,2
(C) 0,3
(D) 0,5
(E) 0,6

06. (CIS-AMOSC/SC – Auxiliar Administrativo – CURSIVA/2015) Lançando- se uma moeda três vezes, qual é a probabilidade de
que apareça cara nos três lançamentos ?
(A) 1/3
(B) 1/6
(C) 1/8
(D) 1/9

07. (PRODEB – Assistente – IDECAN/2015) Numa caixa encontram‐se cinco bolas numeradas conforme indicado a seguir.

Retirando‐se duas dessas bolas da caixa, a probabilidade de que ambas sejam ímpares é de:
(A) 25%.
(B) 27%.
(C) 30%.
(D) 35%.

Didatismo e Conhecimento 18
MATEMÁTICA
08. (DPE/RO – Técnico da Defensoria Pública – 04. Resposta: A.
FGV/2015) No departamento de contabilidade de certa empresa Total de bolas:30
trabalham 1 homem e 4 mulheres. O diretor do departamento Bolas pretas:12
pretende escolher por sorteio duas dessas pessoas para trabalhar
com um novo cliente. 05. Resposta: A.
Como compareceram 20 de 50 do EF, faltaram 30
A probabilidade de que as duas pessoas sorteadas sejam mu- E faltaram 20 do EM
lheres é de:
(A) 50%; 06. Resposta: C.
(B) 60%;
(C) 70%; Pode ser cara ou coroa, portanto terá 1/2 possibilidade para
(D) 75%; cada.
(E) 80%. E como são 3 lançamentos tem que ser cara E cara E cara

09. (UEG – Assistente de Gestão Administrativa – FUNI- 07. Resposta: C.


VERSA/2015) Na prova de Conhecimentos Gerais, composta de Das 5 bolas, 3 são ímpares: 21, 35, 63
20 questões com 5 alternativas cada uma, um candidato marcou o
gabarito aleatoriamente para as 5 primeiras questões. 08. Resposta: B.
São 4 mulheres entre 5 pessoas.
Nesse caso, a probabilidade de o referido candidato errar
todas essas 5 questões é igual a 09. Resposta: A.
(A) 1.024 /3.125 . Para cada questão, como tem apenas 1 alternativa correta,
(B) 256 /3.125 . para ele errar tem que chutar entre 4 de 5.
(C) 64 /3.125
(D) 16 /3.125 10. Resposta: C.
(E) 4 /3.125 . Como exatamente um dos sorteados precisa aprovar a atua-
ção do prefeito, só poderemos ter duas ocasiões
10. (DPE/MT – Assistente Administrativo – FGV/2015) 1º aprova e desaprova
Uma pesquisa mostra que 80% da população votante de uma P=0,8x0,2=0,16
determinada cidade aprova a atuação do prefeito. Em duas oca-
siões diferentes, sorteia-se aleatoriamente uma pessoa votante da 2º desaprova e aprova
referida cidade. P=0,2x0,8=0,16

A probabilidade de que exatamente um dos sorteados aprove Como pode ser uma ocasião OU outra:
a atuação do prefeito é 0,16+,016=0,32
(A) 80%.
(B) 64%.
(C) 32%.
(D) 16%.
(E) 8%.
Respostas

01. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o di-
nheiro está em 1.
1/4=0,25

02. Resposta: E.
São 60 segundos (10+50) de 90 segundos ( 1 minuto e meio)
que ele não ica vermelho.

03. Resposta: certo


Como já foram 4 servidores, sobraram 8
E são formados sempre por 4

Didatismo e Conhecimento 19
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA

FORMAÇÃO TERRITORIAL 1.2 MESORREGIÕES.


DE PERNAMBUCO.

As mesorregiões compreendem as grandes regiões do esta-


Uma das regiões mais antigas da América Portuguesa, Per- do, que congregam diversos municípios de uma área geográica.
nambuco foi a mais rica capitania do Brasil Colônia, graças à in- Criado pelo IBGE, esse sistema de divisão tem aplicações impor-
dústria exportadora de açúcar. O estado teve ativa participação em tantes na elaboração de políticas públicas e no subsídio ao sistema
diversos episódios da história brasileira. O estado de Pernambuco de decisões quanto à localização de atividades socioeconômicas.
está localizado na porção centro-leste da Região Nordeste, faz di- Oicialmente, as cinco mesorregiões do estado são: Agreste Per-
visa com os estados da Paraíba, Alagoas, Ceará, Piauí, Bahia, e é nambucano, Metropolitana do Recife, São Francisco Pernambu-
banhado pelo oceano Atlântico. O território pernambucano possui cano, Sertão Pernambucano e Zona da Mata Pernambucana. Essas
187 quilômetros de praia de areia ina e água esverdeada, com des- mesorregiões estão, por sua vez, subdivididas em microrregiões.
taque para Tamandaré e Porto de Galinhas.
Também fazem parte do seu território os arquipélagos de Fer-
nando de Noronha, considerado patrimônio natural da humanidade
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e 1.3 MICRORREGIÕES.
a Cultura (UNESCO), e São Pedro e São Paulo.
Sua capital é a cidade do Recife e a sede administrativa é o
Palácio do Campo das Princesas. O atual governador é Paulo Câ- Pernambuco possui dezenove microrregiões: Alto Capiba-
mara (PSB). ribe, Araripina, Brejo Pernambucano, Garanhuns, Fernando de
Noronha, Itamaracá, Itaparica, Mata Meridional, Mata Setentrio-
nal, Médio Capibaribe, Petrolina, Recife, Salgueiro, Sertão do Mo-
xotó, Suape, Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca, Vale do Pajeú e Vi-
tória de Santo Antão.
Por último, existem os municípios, que são circunscrições ter-
ritoriais que possuem relativa autonomia e concentram um poder
político local, cujo sistema funciona com dois poderes, sendo o
executivo a Prefeitura, o legislativo a Câmara de Vereadores. Ao
total, Pernambuco é dividido 185 municípios, tornando a décima
primeira unidade da federação com o maior número de municí-
pios. Alguns destes municípios formam uma conurbação. Oicial-
mente existem em Pernambuco uma região metropolitana, a do
Recife, e uma região integrada de desenvolvimento econômico,
o Polo Petrolina e Juazeiro.

1.4 REGIÕES DE DESENVOLVIMENTO –RD


Localização de Pernambuco no mapa do Brasil

Em 2013, Pernambuco registrou PIB nominal de 140,728 bi-


lhões de reais, o décimo maior do país, com participação de 2,6%
no PIB brasileiro. No mesmo ano, registrou PIB nominal per ca-
pita de 15.282,28 reais, superior à média do Norte-Nordeste bra-
sileiro.
Bandeira Brasão Recife é o principal polo industrial de Pernambuco e a região
metropolitana mais rica do Norte-Nordeste.
Petrolina, no sertão pernambucano, é a maior cidade da RIDE
Petrolina e Juazeiro, maior aglomerado urbano do interior da re-
gião Nordeste, que se consolidou como maior exportador de frutas
1.1 PROCESSOS DE FORMAÇÃO. e segundo maior pólo vitivinicultor do Brasil graças ao uso de mo-
dernas técnicas de cultivo e irrigação.
Plantação irrigada de uvas em área de caatinga no município
Pernambuco está separado em subdivisões geográicas deno- de Lagoa Grande. Pernambuco é o segundo maior produtor de uva
minadas mesorregiões e microrregiões, e em subdivisões adminis- do Brasil.
trativas denominadas municípios.

Didatismo e Conhecimento 1
GEOGRAFIA
arenosas dos Tabuleiros do Município de Goiana (hoje pratica-
2. ASPECTOS FÍSICOS. mente substituído pela cana-de-açúcar) e na Chapada do Araripe.
As espécies mais encontradas nos cerrados são o cajueiro, o ca-
2.1 CLIMA.
jueiro brabo, o murici-do-tabuleiro, o pequizeiro, a mangabeira,
entre outras.
É característica do litoral norte suas formações geográicas
O estado de Pernambuco é caracterizado por dois tipos de cli- mais variadas - ilhas luviais como Itamaracá, diversos rios e suas
ma: o tropical úmido(predominante no litoral) e o semiárido(pre- desembocaduras, bancos de areia, entre outros. A fauna é varia-
dominante no interior). Ressalte-se, porém, que há variações des- da, destacando-se as aves migratórias que periodicamente chegam
tes dois tipos climáticos em algumas regiões: no centro-leste de à ilha Coroa do Avião e Fernando de Noronha. Ambas as ilhas têm
Pernambuco é comum o clima tropical de altitude, especialmen- estações de pesquisa ambiental.
te no Planalto da Borborema e em outras regiões serranas com
ocorrência de microclimas, áreas onde as temperaturas são mais
amenas, podendo atingir mínimas de 10 °C; e no centro-oeste do 2.3 RELEVO.
estado há regiões que apresentam climas como o seco de estepe,
áreas onde as temperaturas são mais elevadas, com máximas que
podem ultrapassar os 40 °C.
O clima tropical úmido é encontrado na Região Metropoli- O relevo é moderado: 76% do território estão abaixo dos 600
tana do Recife e em parte da Zona da Mata. Este clima tem como m. É formado basicamente por três unidades geoambientais: Bai-
características as altas temperaturas com médias mensais sempre xada litorânea, Planalto da Borborema e Depressão Sertaneja. O li-
superiores a 18 °C e média anual de 25 °C , baixas amplitudes toral é uma grande planície sedimentar, quase que em sua totali-
térmicas, alta umidade relativa do ar e precipitações médias anuais dade ao nível do mar, tendo alguns pontos abaixo do nível do mar.
entre 1.500 mm e 2.500 mm. Entre os meses de Abril e Julho, um Nessas planícies estão as principais cidades do estado, comoRe-
fenômeno chamado Onda de Leste leva pesados aguaceiros para cife e Jaboatão dos Guararapes. A altitude aumenta à medida que
o litoral. se afasta do litoral. O Planalto da Borborema, principal formação
O clima semiárido (semidesértico) está presente no Sertão e geológica na faixa de transição da Zona da Mata para oAgreste, é
em parte do Agreste do estado. Apresenta baixos índices pluvio- conhecido popularmente como Serra das Russas, e tem altitude
métricos(água de chuva), com longos períodos secos e chuvas es- média de 400 m, podendo ultrapassar os 1.000 m nos pontos mais
cassas e concentradas em poucos meses do ano, e altas temperatu- elevados.
ras, com média anual de 25 °C. A pluviosidade média mantém-se No Sertão os níveis de altitude decrescem em direção ao Rio
sempre abaixo de 600 mm anuais, e as chuvas ocorrem no verão, São Francisco, formando, em relação ao Planalto da Borborema,
porém com uma acentuada irregularidade, com anos em que a es- uma área de depressão relativa. No município sertanejo de Triun-
tação chuvosa não se produz ou se faz escassa e tardia. fo localiza-se o Pico do Papagaio, com 1.260 m, ponto culminante
do Estado de Pernambuco.

Baixada Litorânea
2.2 VEGETAÇÃO.
Distinguem-se, de leste para oeste: praias protegidas pelos
recifes; uma faixa detabuleiros areníticos, com 40 a 60 m de al-
tura; e a faixa de terrenos cristalinos talhados em colinas, que se
A cobertura vegetal do estado é composta por vegetação li- alteiam suavemente para oeste até alcançarem 200 m no sopé da
torânea, loresta tropical, caatinga e cerrado. A vegetação litorâ- escarpa da Borborema. Tanto a faixa de tabuleiros como a de coli-
nea predomina nas terras baixas e planícies do litoral, constituída nas são cortadas transversalmente porvales largos onde se abrigam
por variados tipos de vegetação. Por ocorrer em áreas alagadiças amplas várzeas (planícies aluviais). Fortes contrastes observam-
e salobras, apresenta manguezais, gramíneas e plantas rasteiras.[ se entre os solos pobres dos tabuleiros e os solos mais ricos das
A loresta tropical, originalmente conhecida como Mata colinas e várzeas. Nos dois últimos repousa a aptidão do litoral
Atlântica, é encontrada apenas na faixa leste do estado, cujas espé- pernambucano para o cultivo da cana-de-açúcar, base de sua eco-
cies se misturam com a caatinga nas denominadas áreas de tensão nomia agrícola.
ecológica (contatos entre tipos de vegetação), na faixa de transição
entre a zona da mata e o agreste. Na Floresta Atlântica, as matas Planalto da Borborema e depressão sertaneja
registram a presença de árvores altas, sempre verdes, como a pe- Seu rebordo oriental, escarpado, domina a baixada litorânea
roba e a sucupira .A caatinga, vegetação típica do Sertão, o Agres- com um desnível de 300 m, o que lhe confere ao topo uma altitude
te apresenta uma vegetação de transição e suas características se de 500 m. Para o interior, o planalto ainda se alteia mais e alcança
misturam com a da Mata Atlântica, na parte mais oriental e com média de 800 m em seu centro, donde passa a baixar até atingir 600
a da Caatinga, na parte mais ocidental. A caatinga pode ser do m junto ao rebordo ocidental. Diferem consideravelmente as topo-
tipo arbóreo, com espécies como a (baraúna), ou arbustivo repre- graias da porção oriental e da porção ocidental. A leste, erguem-se
sentado, entre outras espécies pelo (xique-xique) e o (mandacaru). sobre a superfície do planalto cristas de leste para oeste, separadas
O cerrado caracterizam-se por uma vegetação formada por por vales, que coniguram parcos relevos de 300 m. Aproxima-
árvores tortuosas, esparsas, intercaladas por um manto inferior de damente no centro-sul do planalto eleva-se o maciço dômico de
gramíneas. Em Pernambuco, os cerrados surgiram sobre as áreas Garanhuns, que supera a altitude de 1.000 m.

Didatismo e Conhecimento 2
GEOGRAFIA
No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao Rio
São Francisco, formando, em relação ao Planalto da Borborema, 3. ASPECTOS HUMANOS E
uma área de depressão relativa. As formações geomorfológicas INDICADORES SOCIAIS.
predominantes são os inselbergues, serras e chapadas, estas últi- 3.1 POPULAÇÃO.
mas aparecendo em áreas sedimentares. A Chapada do Araripe tem
altitude média de 800 m.

Ilhas oceânicas Segundo o censo demográico de 2010 realizado


O arquipélago de Fernando de Noronha é constituído por ro- pelo IBGE (última contagem oicial), a população de Pernam-
chas vulcânicas, e seu relevo envolve desde áreas planas de baixa buco era de 8 796 448 habitantes, sendo o sétimo estado mais
altitude até morros com encostas íngremes e picos isolados como populoso do Brasil, representando 4,7% da população brasilei-
o Morro do Pico (323 metros sobre o nível do mar). Já o arqui- ra. Destes, 4 230 681 habitantes eram homens e 4 565 767 habi-
pélago de São Pedro e São Paulo, cujas rochas expostas são peri- tantes eram mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, 7 052 210
dotitos serpentinizados de um megamullion tectonizado — única habitantes viviam na zona urbana e 1 744 238 na zona rural. O
exposição mundial do manto abissal acima do nível do mar —, se maior aglomerado urbano do estado é a Região Metropolitana do
eleva apenas até 23 metros de altitude. Recife, que além da capital possui mais 13 municípios, e, com
3 688 428 habitantes recenseados, era em 2010 a sexta mais po-
pulosa região metropolitana/RIDE do Brasil, e a mais populosa
2.4 HIDROGRAFIA. do Norte-Nordeste A densidade demográica de Pernambuco era
de 89,47 hab./km² em 2010, a sexta maior do Brasil. Esse indi-
cador, entretanto, apresentava contrastes pronunciados de acordo
com a região analisada, variando de 1 342,86 hab./km² na Região
As grandes bacias hidrográicas de Pernambuco possuem Metropolitana do Recife, até o valor mínimo de 23,2 hab./km²
duas vertentes: Faz parte da bacia do Atlântico Nordeste Oriental e na Região do São Francisco Pernambucano.
da Bacia do rio São Francisco. Os rios que escoam para o rio São Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o
Francisco formam os chamados rios interiores, cujo todos os rios Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Hu-
nascem em municípios limítrofes na divisa de estados da Região mano (IDH-M) do estado, considerado médio, era de 0,673 em
nordeste, os rios que escoam para o Oceano Atlântico, constituem 2010. O município com o maior IDH era Fernando de Noro-
os chamados rios litorâneos, fazem parte da bacia hidrográica do nha (na verdade um distrito estadual), com um valor de 0,788;
Atlântico Nordeste Oriental, cujo quase todos nascem no planalto enquanto Manari, situado no extremo Sertão do Moxotó, tinha o
da borborema.
menor valor, 0,487. Recife, a capital, possuía um IDH de 0,772.
Os três maiores reservatórios de água de Pernambuco são: Re-
O nível de desenvolvimento social pernambucano é superior
servatório Eng. Francisco Sabóia em Ibimirim no sertão, na bacia
ao dos países menos avançados, mas ainda está abaixo da média
hidrográica do rio Moxotó, o Reservatório de Jucazinho, locali-
brasileira. Não obstante, Pernambuco detém o melhor serviço de
zado na mesorregião Agreste, próximo ao município de Surubim,
coleta de esgoto do Norte, Nordeste e Sul brasileiro e o quinto
na bacia do rio capibaribe, e a represa de Itaparica, inserida sobre
maior número de médicos por grupo de mil habitantes do Bra-
o rio São Francisco, mediante o represamento das águas do Rio
sil, além de apresentar a menor taxa de mortalidade infantil, a
São Francisco, com vistas ao aproveitamento hidroelétrico do rio
melhor prevalência de segurança alimentar e a maior renda per
através da Usina Hidrelétrica de Itaparica, sendo uma das maio-
res usinas hidrelétricas do Brasil, além desses, existe um conjunto capita do Nordeste do país.
de reservatórios distribuídos por todo o estado.
Na Região Metropolitana do Recife há poucos lagos e reser- Etnias
vatórios, destaque para os reservatórios de Tapacurá e Pirapama.
Na periferia do município do Recife encontram-se dois belos car- Cor/Raça Porcentagem
tões postais do município, a Lagoa do Araçáde Apipucos e a da Brancos 36,6
Prata, sendo o último pertencente ao Parque Dois Irmãos. Negros 5,4
Os manguezais são abundantes em todo o litoral, porém fo- Pardos 57,6
ram praticamente extintos na RMR devido à urbanização (com a Amarelos e Indígenas 0,3
exceção do maior mangue urbano do Brasil, cercado por bairros
da zona sul do município do Recife, como Boa Viagem). Porém, Segundo dados publicados pelo IBGE, relativos ao ano
nos anos 90, houve um programa de re-implantação do mangue de 2009, a população de Pernambuco está composta por: Par-
nas margens do Rio Capibaribe, desenvolvido pela prefeitura do dos (57,6%); Brancos(36,6%); Pretos (5,4%); e Amarelos e In-
Recife, trazendo de volta a vegetação ao rio por todo o município. dígenas (0,3%). De acordo com um estudo genético de 2013, a
]Rio São Francisco
, Capibaribe, Ipojuca, Una, Pajeú e Jaboatão são os rios composição genética da população de Pernambuco é 56,8% eu-
principais. O São Francisco é de importância vital para o interior ropeia, 27,9% africana e 15,3% ameríndia.
do estado, principalmente para distribuição de umidade através de
irrigação.

Didatismo e Conhecimento 3
GEOGRAFIA
Nativos e africanos Holandeses: Os holandeses, apesar de terem quase majori-
tariamente partido do Estado, deixaram algumas famílias na capi-
Indígenas: A presença de indígenas em Pernambuco data de tal. Na época da invasão holandesa — embora a miscigenação não
mais 10 mil anos. Pinturas rupestres são encontradas em várias tenha sido oicialmente estimulada — há relatos de muitas uniões
áreas do sertão e agreste do estado, sendo as mais conhecidas as interraciais. A ausência de mulheres holandesas estimulou a união
do Vale do Catimbau no município de Buíque, agreste pernambu- e mesmo o casamento de oiciais e colonos holandeses com ilhas
cano. Segundo dados da FUNAI, Pernambuco possui cerca de 40 de abastados senhores de engenho luso-brasileiros e, mais informal-
mil índios nos dias atuais. mente, destes com índias, negras, caboclas e mulatas locais.

Negros: O estado contou com a presença do negro desde o sé- Ingleses: No começo do século XIX, quando o príncipe regen-
culo XVI. Naquele período, os portugueses introduziram a cultura te D. João abriu os portos do país, os ingleses começaram a chegar
da cana-de-açúcar na região, utilizando-se da mão de obra escrava ao Brasil - em especial, para Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Sal-
de origem indígena e africana. Os engenhos multiplicaram-se ra- vador. Naquela época, a cidade do Recife possuía aproximadamente
pidamente e a produção de açúcar tornou-se a principal atividade 200.000 habitantes, e a colônia inglesa já se apresentava de forma
econômica da colônia. O número de cativos de origem africana bastante expressiva.
também cresceu bastante em Pernambuco. Em 1584, 15 mil es-
cravos labutavam em pelo menos 50 engenhos. Este número subiu Árabes e judeus
para 20 mil escravos em 1600. Já na metade do século XVII a
população escrava somava entre 33 e 50 mil pessoas. Árabes: No Recife, uma das marcas dos imigrantes é o Clube
Pernambuco foi uma das regiões que mais receberam escra- Líbano Brasileiro, erguido pela colônia libanesa no bairro do Pina.
vos africanos no Brasil. Durante o tráico negreiro, 824.312 afri- O primeiro contato árabe com o Estado, entretanto, se fez com mis-
canos, 17% de todos os escravos trazidos ao Brasil, entraram por sionários católicos sírios que chegaram a Pernambuco nas carava-
Pernambuco. Dos africanos no estado, 79% eram provenientes do nas portuguesas. O estado de Pernambuco também abriga a segunda
Centro-Oeste africano. Atualmente, situam-se nessa região os paí- maior comunidade palestina do Brasil, concentrada na cidade do
ses de Angola, República do Congo e República Democrática do Recife, que começou a receber os primeiros imigrantes em 1903.
Congo. Hoje a comunidade tem cerca de 5 mil pessoas.

Europeus Judeus: O judaísmo em Pernambuco está presente desde o sé-


culo XVI, quando os judeus convertidos ao cristianismo eram con-
Portugueses: Além do legado genético, arquitetônico, musi- siderados cristãos-novos, sendo muitos deles senhores de engenho.
cal e dialectual, Portugal se faz presente, em Pernambuco, com o Porém, existia a suspeita de prática escondida da religião judaica.
Clube Português do Recife, o Real Hospital Português de Benei- Obtiveram liberdade de professar a religião nos tempos de Maurício
cência, o Gabinete Português de Leitura e o Consulado de Portugal. de Nassau, que logo foi combatida quando os portugueses voltaram
O surgimento do tradicional hóquei sobre patins em Pernambuco, ao domínio da economia açucareira. No Recife há hoje uma comu-
na década de 1950, por exemplo, é consequência da imigração nidade de 1,6 mil judeus.
portuguesa. Os portugueses também participaram da povoação das
regiões do São Francisco e do Sertão Pernambucano, adquirindo
terras para a criação extensiva de gado. 3.2 ECONOMIA.
Espanhóis: Nos primórdios da colonização, junto aos portu-
gueses, os espanhóis se izeram presentes. Entre as últimas dé-
cadas do século XIX e o início do século XX, Recife também À época do Brasil Colônia, Pernambuco era a mais rica das
recebeu imigrantes oriundos da Espanha. No inal de 2012, 685 capitanias, e responsável por mais da metade das exportações brasi-
espanhóis tinham registro no Consulado Honorário da Espanha no leiras de açúcar. Sua riqueza foi alvo do interesse de outras nações e,
Recife como radicados na capital pernambucana. no século XVII, os holandeses se estabelecem no estado. A cana-de-
-açúcar continua sendo o principal produto agrícola da Zona da Mata
Italianos: A imigração italiana para Pernambuco entre o inal pernambucana, embora o estado não mais seja o maior produtor do
do século XIX e início do século XX foi pequena e concentrada país. Apesar do declínio do açúcar, Pernambuco se manteve entre as
ao longo do litoral ou na capital, com italianos provenientes prin- cinco maiores economias estaduais do país até meados da década de
cipalmente das províncias de Cosenza, Salerno e Potenza. Atual- 1940: em 1907, o estado tinha a quarta maior produção industrial do
mente há um número signiicativo de descendentes de italianos no Brasil, após Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e à frente
estado: cerca de 200 mil. de estados como Minas Gerais e Paraná; e em 1939, Pernambuco era
ainda a quinta maior economia entre os estados brasileiros, após São
Alemães: Os primeiros registros de alemães datam do século Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
XVII, com a chegada da corte holandesa no Estado, que trouxe Após ter icado estagnado durante a chamada “década perdida”
alguns alemães. As duas guerras mundiais também impulsionaram (1985 a 1995), o estado assiste a uma importante mudança em seu
a colônia alemã no Recife, que chegou a contar com mais de 1,2 peril econômico, com investimentos nos setores naval, automobi-
mil imigrantes. Esta presença alemã pode ser observada no Deuts- lístico, petroquímico,biotecnológico, farmacêutico e de informática,
cher Klub Pernambuco, fundado em 1920, e que antes era restrito que estão dando novo impulso à sua economia, que vem crescendo
apenas à colônia alemã e seus descendentes. acima da média nacional.

Didatismo e Conhecimento 4
GEOGRAFIA
Setor primário O Polo Médico do Recife, considerado o segundo maior do
Entre os principais produtos agrícolas cultivados em Pernam- país, atrai pacientes do Brasil e do exterior. Os estrangeiros que
buco encontram-se a cana-de-açúcar, o algodão, a banana, o fei- vão ao Recife em busca de atendimento na área médica, em sua
jão, a cebola, a mandioca, omilho, o tomate, a graviola, o caju, maioria africanos e norte-americanos, visam qualidade nos servi-
a goiaba, o melão, a melancia, a acerola, amanga e a uva. Na pe- ços e preço baixo no atendimento.
cuária destacam-se as criações de bovinos, suínos, caprinos e ga-
lináceos. Merece destaque a expansão que vem tendo a partir dos
anos 1970 da agricultura irrigada no Sertão do São Francisco, com
projetos de irrigação horti frutícolas implantados com o apoio 3.3 O ESPAÇO RURAL DE PERNAMBUCO.
da CODEVASF e produção voltada para o mercado externo.

Setor secundário Zona rural é o espaço compreendido no campo. É uma região


A produção industrial pernambucana está entre as maiores não urbanizada, destinada a atividades da agricultura e pecuária,
do Norte-Nordeste. Se destacam as indústrias naval, automobi- extrativismo, turismo rural, silvicultura ou conservação ambiental.
lística, química, metalúrgica, devidros planos, eletroeletrônica, É no espaço rural onde se produz grande parte dos alimentos con-
de minerais não-metálicos, têxtil e alimentícia. sumidos no espaço urbano.
Em 7 de novembro de 1978, uma lei estadual criou o Comple- As áreas rurais do Território são reconhecidas economicamen-
xo Industrial e Portuário de Suape na região do porto homônimo, te pela presença da pecuária leiteira. No entanto, as pequenas pro-
entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Re- priedades rurais, de cunho familiar, que exploram principalmente
gião Metropolitana do Recife. Atualmente, Suape é o principal as culturas do feijão e da mandioca, apresentam grande relevância
complexo industrial do estado. socioeconômica para a região, revelando nesse conjunto as prin-
Recentemente Pernambuco foi escolhido para a implanta- cipais atividades de exploração das áreas rurais. Historicamente,
ção dos seguintes empreendimentos: montadoras Jeep (automó- esse arranjo formou-se ao longo dos anos, pois o Agreste consti-
veis - município de Goiana) e Shineray (motocicletas - município
tuiu-se como o local de produção de alimentos para o abastecimen-
de Ipojuca), Reinaria Abreu e Lima, Estaleiro Atlântico Sul, Polo
to interno da região Nordeste, em face da cultura expansionista e
Farmacoquímico e de Biotecnologia, Hemobrás, Novartis, Bun-
exportadora da cana-de-açúcar.
ge, CSN, Gerdau, Mossi & Ghisoli, Pepsico, Amanco, central
logística da General Motors além do terminal da Ferrovia Trans-
nordestina, entre outros investimentos. Somente o Complexo In-
dustrial e Portuário de Suape tem o poder de duplicar a renda de 3.4 URBANIZAÇÃO EM PERNAMBUCO.
Pernambuco até 2020 e triplicar o PIB até 2030.
A matriz da multinacional pernambucana Baterias Moura,
que fornece baterias para a metade dos carros fabricados no Brasil,
está localizada na cidade de Belo Jardim, no agreste do estado. O O processo de Urbanização no Nordeste caracterizou-se,
conglomerado pernambucano Queiroz Galvão reúne mais de 50 principalmente, por ter se manifestado de forma e período distintos
empresas nos segmentos de Construção, Desenvolvimento Imo- das demais regiões brasileiras, iniciando-se no período colonial e
biliário, Alimentos, Participações e Concessões, Óleo e Gás, Side- conhecendo um relativo declínio justamente quando o restante do
rurgia e Engenharia Ambiental, com presença em todos os estados país intensiicou o processo de metropolização.
brasileiros assim como em países da América Latina e da África, A instalação de equipamentos urbanos (infra-estrutura),
exportando seus produtos para Estados Unidos,Canadá e Europa. como energia elétrica, água e esgotos, pavimentação, estra-
Também se destacam entre as empresas industriais oriundas de das, equipamentos transmissores de informação, transpor-
Pernambuco os grupos João Santos, Cornélio Brennand, Ricardo tes coletivos, escolas, hospitais, comércio e outros serviços.
Brennand, Delta, Petra Energia, Raymundo da Fonte, EBBA S.A., O sentido mais imediato sugere o aparecimento de novas cidades.
Indústrias ASA, dentre outros. A expansão do modo de vida urbano, e de algumas formas es-
paciais urbanas (valores sócio-culturais e equipamentos urba-
Setor terciário nos) além dos limites territoriais urbanos, penetrando nas zo-
Recife é um tradicional polo de serviços. Os segmentos de nas rurais mais distantes, onde os valores e as formas espaciais
maior destaque são comércio, serviços médicos, serviços de infor- eram outras. Esse modo e ritmo de vida são ditados por uma
mática e de engenharia, consultoria empresarial, ensino e pesquisa sociedade industrial, com relações de trabalho tipicamente in-
e atividades ligadas ao turismo.[143] dustrial, tais como: assalariamento; especialização e divisão
A capital pernambucana abriga o Porto Digital, reconhecido do trabalho. A modernização do processo produtivo no campo,
como o maiorparque tecnológico do Brasil, com mais de 200 em- que passa a absorver cada vez menos mão-de-obra. A integra-
presas, entre elasmultinacionais como Motorola, Borland, Ora- ção nacional pós-50, que com o surgimento das rodovias, facili-
cle, Sun, Nokia, Ogilvy, IBM eMicrosoft. Emprega cerca de seis tou a migração do campo para as grandes cidades, assim como a
mil pessoas, e tem 3,9% de participação noPIB do estado.[119] [144] difusão dos valores urbanos através dos meios de comunicação
A capital pernambucana abriga o Porto Digital, reconhecido como o rádio e televisão, que seduziam a população rural a mi-
como o maior parque tecnológico do Brasil, com mais de 200 em- grar para a cidade. Os excluídos do campo criam perspectiva em
presas, entre elas multinacionais como Motorola, Borland, Ora- relação ao espaço urbano e acabam se inserindo no espaço urbano
cle, Sun, Nokia, Ogilvy, IBM eMicrosoft. Emprega cerca de seis no Circuito Inferior da Economia (mercado informal).
mil pessoas, e tem 3,9% de participação no PIB do estado.

Didatismo e Conhecimento 5
GEOGRAFIA

3.5 MOVIMENTOS CULTURAIS 4. A QUESTÃO AMBIENTAL


EM PERNAMBUCO. EM PERNAMBUCO.

A cultura de Pernambuco é uma das culturas mais ativas, O desenvolvimento sustentável é assunto da ordem do dia em
ricas e diversiicadas do Brasil. qualquer lugar do mundo. “Em Pernambuco, temos os efeitos das
Pernambuco tem uma cultura bastante particular e típica, ape- estiagens de um lado, das enchentes do outro, e também do avanço
sar de extremamente variada. E tem uma população que respira e do mar. É fundamental o investimento em tudo que diz respeito ao
valoriza a sua cultura, passando de geração em geração. Não por cuidado com a questão ambiental.
acaso, o estado é conhecido no país como um dos que têm a cena A secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade, apresentou
cultural mais viva, construída a partir da contribuição de índios, as principais ações do Governo do Estado na área ambiental. “É
portugueses, holandeses, judeus, africanos, entre outros. É celeiro preciso fazer muita coisa ao mesmo tempo. Precisamos construir
de poetas, artistas plásticos e músicos reconhecidos em todo mun- uma sociedade ‘tri-resiliente’: com resiliência social, ambiental e
do, sem falar nos seus movimentos, no carnaval, no São João, em econômica. Não é preciso parar de crescer para ser sustentável,
nossa cultura. Isso é Pernambuco. basta crescer no rumo certo”, chamando atenção para os bilhões
O carnaval, por exemplo, é a maior festa. Não só dos per- investidos no setor. “Estamos mostrando que é viável buscar essa
nambucanos, mas de todos que visitam o estado na época dessa sustentabilidade.
democrática festa – seja na capital, nas praias, no interior. Tem Ganhou destaque também o projeto nascido no primeiro Per-
o maracatu, o caboclinho, o coco de roda, a ciranda e o maior de nambuco no Clima, em 2012, de transformar Fernando de Noro-
todos os representantes - o frevo! O ritmo, aliás, é único e teve nha no primeiro território de carbono zero do País. Para isso, é
origem no próprio estado. Na festa, além das ladeiras de Olinda, necessário fazer a migração da fonte de energia da Ilha para eólica
do fervor do Recife Antigo, tem também o Galo da Madrugada, o e solar. Em Dezembro/2013, foi inaugurada a primeira unidade de
maior bloco de rua do mundo (segundo o Guinness Book). produção solar em Fernando de Noronha, e até meados de 2014 a
No interior, seja no Sertão ou no Agreste, há outros movimen- segunda unidade”.
tos culturais. Os caretas de Triunfo (cidade sertaneja a 600km do
Recife); os Papangus de Bezerros (agreste, 90km da capital) que BIBLIOGRAFIA
no carnaval promovem uma grande festa nas ruas do município.
Pernambuco também é a terra do São João. O período junino no mundoeducacao.bol.uol.com.br/geograia/Pernambuco
estado é um dos mais tradicionais do país. A cidade de Caruaru, no PENA, Rodolfo F. Alves. “Urbanização no Nordeste”
agreste, é o ponto central onde acontecem 30 dias de festa - todo o www.ecoa.org.br
mês de junho. É a terra do forró, do xaxado, do mestre Vitalino, da
famosa “Feira de Caruaru”, do Alto do Moura, entre outros. Mas Território e Sociedade no Mundo Globalizado - Geograia
não só é nesta cidade, onde acontecem os festejos. Da capital ao Geral e do Brasil Autor: Mendonça, Cláudio; Lucci, Elian Alabi;
interior são muitas as homenagens ao Santo. Branco, Anselmo Lazaro Editora: Saraiva
Na Zona da Mata, tanto a Norte quanto a Sul, o destaque ica Estudos de Geograia - O Espaço Geográico do Brasil Au-
para os maracatus. De baque solto ou de baque virado. De inluên- tor: Mendes, Ivan Lazzari; Onnig, James Editora: FTD
cia africana, eles têm muita força nesta região devido à grande www.funai.gov.br
presença de engenhos de cana de açúcar. No período colonial, os https://pt.wikipedia.org/wiki/Geograia_do_Brasil
escravos vindos da África para trabalhar a produção do açúcar
trouxeram os costumes para cá. Antigamente, muitas dessas movi-
mentações aconteciam às escondidas ou na senzala. Com o passar
dos anos e a liberdade dos negros, a cultura foi incorporada como
um todo. E hoje é um dos nossos destaques. E entre as cidades,
Nazaré da Mata desponta como uma das que mais concentra ma-
racatus.
Tudo isso é apenas uma demonstração da rica cultura de Per-
nambuco. Uma cultura que orgulha os pernambucanos, que é pas-
sada de geração em geração, levada para todos os cantos do mun-
do, mas que só pode ser sentida em sua alma em nosso Estado. Por
isso, para conhecer um pouco mais do que o povo pernambucano
tem a oferecer não basta estudar e ler... Tem que experimentar. Isso
é Pernambuco.

Didatismo e Conhecimento 6
HISTÓRIA
HISTÓRIA
Os passos iniciais da colonização do Brasil foram dados a par-
OCUPAÇÃO PRÉ-COLONIAL DO ATUAL tir da criação de núcleos de colonização. Em dezembro de 1530,
partiu de Lisboa uma grande expedição composta por 50 embar-
ESTADO DE PERNAMBUCO
cações transportando homens, ferramentas, sementes e víveres.
Comandada por Martim Afonso de Souza, teve como objetivo es-
tabelecer os primeiros núcleos de povoamento permanente no país.
O período que vai de 1500, data da chegada da esquadra de
Pedro Álvares Cabral, até 1530; é denominado pelos historiado- São Vicente e Santo André
res de período pré-colonial. Nestes primeiros trinta anos, o Brasil A expedição chegou ao litoral brasileiro em janeiro de 1531.
foi objeto de pouco interesse para Portugal, que estava mais inte- O primeiro núcleo de colonização, a vila de São Vicente, locali-
ressado no lucrativo comércio de especiarias com as Índias, além zada no litoral, foi fundada em 1532. Em seguida criou-se a vila
de não dispor de homens suicientes para povoar todas as regiões de Santo André da Borda do Campo, no planalto de Piratininga,
descobertas. região interiorana onde hoje se situa a Grande São Paulo. Nesses
Outro motivo para explicar o esquecimento ao qual se rele- núcleos concediam-se aos colonos lotes de terra, denominados ses-
gou o Brasil foi a falta de conhecimento do novo território, princi- marias, para que iniciassem as plantações para produzir os meios
palmente no que se refere à existência riquezas que poderiam ser de subsistência e se ixarem na região.
exploradas. Ainda assim, enviaram-se as expedições exploratórias Também foram nomeados os primeiros administradores e
de Gaspar de Lemos, em 1501; e a de Gonçalo Coelho, em 1503; criados os primeiros órgãos iscais e judiciários. A vila de São Vi-
navegadores que izeram o levantamento do litoral brasileiro, rea- cente prosperou, estimulando a criação de novos povoamentos em
lizando observações e descrições sobre suas características geo- seu entorno; como Santos, em 1536; que posteriormente veio a ser
gráicas. elevado à categoria de “vila” (1545).
A economia pré-colonial baseou-se na extração e comércio do Apesar disso tudo, os primeiros esforços empreendidos pelos
pau-brasil, madeira avermelhada encontrada no litoral brasileiro, portugueses para colonizar o Brasil revelaram-se muito limitados.
que já era bastante conhecida na Europa. Dela extraíam-se coran- Os núcleos de colonização eram insuicientes para garantir a per-
tes que eram utilizados para tingir tecidos. manência dos colonos que aqui chegavam e expandir os povoados.
A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, passou Para dar prosseguimento ao povoamento da colônia de forma or-
a ser um monopólio real, cabendo ao rei conceder a permissão a denada e eiciente, havia a necessidade de vultosos recursos eco-
alguém para explorar comercialmente a madeira. Mas, se o rei ou- nômicos, de que a Coroa portuguesa não dispunha.
torgava esse direito, cabia ao arrendatário executar o negócio com
seus próprios meios, arcando com todos os riscos do empreendi- Capitanias hereditárias
mento. Para prosseguir com o processo de colonização, Portugal re-
O benefício que a Coroa obtinha com a concessão da explora- correu ao sistema de Capitanias hereditárias. Esse sistema já havia
ção comercial do pau-brasil era uma parcela dos lucros consegui- sido empregado com êxito em suas possessões nos Açores, Ma-
dos pelo arrendatário. O primeiro negociante a receber autorização deira e Cabo Verde. Ele se baseava na doação de um extenso lote
régia para explorá-lo foi Fernando de Noronha, em 1502. de terra a uma pessoa ilustre e inluente do reino, geralmente um
O ciclo de exploração do pau-brasil foi breve, já era que ba-
nobre rico, que passava a ser o donatário e icava encarregado de
seado numa extração predatória. Isto é, não havia a preocupação
empreender a colonização da terra recebida, investindo nela seus
de repor as árvores derrubadas por meio do replantio, o que resul-
próprios recursos.
tou no rápido esgotamento desse tipo madeira. Outros aspectos im-
Os donatários recebiam as terras não como proprietários, mas
portantes a serem salientados é que a exploração de pau-brasil teve
como administradores. Ainda assim, possuíam muitos direitos so-
impacto praticamente nulo na ocupação do território brasileiro.
bre elas, de modo que se tornassem um empreendimento favorável
Limitando-se à área costeira, o extrativismo não chegou a ge-
rar núcleos de povoamento permanentes. Além disso, foi a primei- e atrativo aos interesses dos donatários. Podiam escravizar índios
ra atividade econômica em que os negociantes portugueses empre- e vendê-los, fundar povoações, conceder sesmarias, estabelecer e
garam a mão de obra indígena no corte e carregamento da madeira extrair uma parte dos impostos e tributos sobre produtos e merca-
para os navios. dorias produzidas para o consumo interno ou aquelas destinadas à
exportação. Tinham também poder para julgar e condenar escravos
Martim Afonso de Souza e homens livres que estivessem nos limites de sua capitania.
Após 1530, o comércio entre Portugal e as Índias entrou em As Capitanias hereditárias foram criadas entre 1534 e 1536,
decadência. Neste mesmo período, o litoral brasileiro passou a so- a partir da divisão do litoral brasileiro em extensas faixas de terra
frer sistemáticas ameaças por parte de navegadores estrangeiros e que iam da costa para o Oeste, até o meridiano traçado por Torde-
mercenários que contrabandeavam o pau-brasil. Portugal, então, silhas. Ao todo foram constituídas 14 Capitanias que foram doadas
precisou tomar medidas para guarnecer a costa brasileira e repelir a 12 donatários.
os invasores. Eram faixas gigantes de terra, com centenas de quilômetros,
Expedições comandadas por Cristóvão Jacques, em 1516 e do tamanho de atuais Estados, que precisavam ser ocupadas para
1519 e ainda em 1526 e 1528; tiveram por objetivo repelir os in- dar início às primeiras atividades econômicas do Brasil. O sistema
vasores, mas pouco puderam fazer em razão da enorme extensão das capitanias hereditárias foi a primeira tentativa de administrar
do litoral brasileiro. Esses foram os principais fatores que geraram a então colônia de Portugal. Você conhece esta parte da história?
preocupação com a situação das terras brasileiras, levando a Coroa Teste-se.
portuguesa a iniciar o processo de colonização.

Didatismo e Conhecimento 1
HISTÓRIA
Governo-geral deste. Além do evidente interesse arqueológico e etnológico das
Entretanto, ao contrário do que ocorreu nos Açores, Madeira pinturas e gravuras rupestres como deinidoras de grupos étnicos,
e Cabo Verde, as Capitanias hereditárias no Brasil não alcançaram na ótica da história da Arte representa o começo da arte primitiva
os resultados esperados. Foram muitas as razões do fracasso. Entre brasileira. A validade ou não do termo “arte”, aplicado aos regis-
elas, podem ser considerados a falta de terras férteis, os conlitos tros rupestres pré-históricos, é tema sempre discutido, embora toda
com os povos indígenas, que ofereceram enorme resistência diante manifestação plástica forme parte do mundo das ideias estéticas e
das invasões de suas terras e das tentativas de escravização, e a má consequentemente da história da Arte. O pintor que retratou nas
administração. Sem falar no problema da necessidade de recursos rochas os fatos mais relevantes da sua existência tinha, indubita-
em maior escala, devido a enorme distância que separava a Metró- velmente, um conceito estético do seu mundo e da sua circuns-
pole, ou seja, Portugal, das terras brasileiras. tância. A intenção prática da sua pintura podia ser diversiicada,
As Capitanias que prosperaram foram justamente aquelas em variando desde a magia ao desejo de historiar a vida do seu grupo,
que os donatários possuíam grande fortuna ou acesso ao crédito porém, de qualquer forma, o pintor certamente desejava que o de-
bancário europeu, como Martim Afonso, com a capitania de São senho fosse “belo” segundo seus próprios padrões estéticos. Ao
Vicente; e Duarte Coelho, com a capitania de Pernambuco. realizar sua obra, estava criando Arte. Se as pinturas de Altamira,
Tendo fracassado o sistema de Capitanias, Portugal recorreu na Espanha, ou as da Dordonha, na França, são consideradas, in-
à centralização do poder, estabelecendo na colônia um governo- discutivelmente, patrimônio universal da arte pré-histórica sabe,
-geral. O governo-geral, porém, não se destinava a substituir as entretanto que, pintadas nas profundidades das cavernas escuras,
Capitanias hereditárias. Seu principal objetivo foi o de estabelecer não foram feitas para agradar ninguém do mundo dos vivos, não
uma autoridade central no território colonial, a im de coordenar há motivos aceitáveis para se duvidar ou negar a categoria artística
a administração das capitanias que estavam funcionando de for- das nossas expressivas e graciosas pinturas rupestres do Rio Gran-
ma autônoma, quase sempre contrariando os interesses da Coroa de do Norte ou do Piauí.
portuguesa. O tipo de suporte e a estrutura são elementos essenciais e de-
terminantes para se compreender o sítio rupestre e a sua utilização.
Tomé de Sousa Os abrigos localizados no alto das serras, ao longo dos rios, como é
Assim, em 17 de dezembro de 1548, o rei assinou o Regi- o caso da região do Seridó, nos sugere serem lugares cerimoniais,
mento que estipulava as orientações gerais necessárias para o es- longe das aldeias, que deveriam estar situadas mais perto da água.
tabelecimento do governo-geral em território brasileiro. Ele criava Já os sítios da Serra dos Cariris Velhos, entre a Paraíba e Pernam-
os cargos de Governador, Ouvidor-Mor, Provedor-Mor e Capitão- buco, situados em lugares de várzea, piemonte ou “brejos”, mes-
-Mor. O primeiro Governador-Geral do Brasil foi Tomé de Souza, mo sendo também lugares de culto, nos dão a impressão de uma
que se estabeleceu na Bahia e exerceu seu mandato entre 1549 a utilização habitacional, mesmo que temporária, ou talvez lugar de
1553. Seus sucessores foram Duarte da Costa, no período de 1553 culto perto da aldeia do grupo.
a 1558; e Mem de Sá, entre 1558 a 1572. Foi precisamente nos sertões nordestinos do Brasil. onde
Os governos-gerais asseguraram a ocupação e povoamento da a natureza é particularmente hostil à ocupação humana, onde se
terras brasileiras estimulando a criação das primeiras cidades, o desenvolveu uma arte rupestre pré-histórica das mais ricas e ex-
estabelecimento de instituições religiosas, a criação dos primeiros pressivas do mundo, demonstrando a capacidade de adaptação de
colégios e o incremento das atividades econômicas, principalmen- numerosos grupos humanos que povoaram a região desde épocas
te aquelas atividades voltadas para a agricultura e pecuária. que remontam ao pleistoceno inal. No estado atual do conheci-
O estabelecimento do governo-geral em território brasileiro mento, podemos airmar que três correntes, com seus horizontes
permitiu criar as condições mínimas necessárias para levar adiante culturais, deixaram notáveis registros pintados e gravados nos
o empreendimento colonial que, nos séculos seguintes, iria gerar abrigos e paredões rochosos do Nordeste brasileiro. A esses ho-
importantes transformações políticas, sociais e econômicas na co- rizontes chamamos tradição Nordeste, tradição Agreste e tradição
lônia. São Francisco de pinturas rupestres, somam-se as tradições de
gravuras sob-rocha, conhecidas como Itaquatiaras. Foram também
deinidas outras tradições chamadas “Geométrica”, “Astronômi-
ca”, “Simbolista”, etc. que podem ser incluídas nas anteriores.
OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA As pesquisas arqueológicas nos sítios da Chapada do Arari-
DE PERNAMBUCO; pe buscam compreender os processos de ocupação, de adaptação
e de subsistência dos antigos grupos ceramistas. Recentemente,
foram incorporadas a estas pesquisas, técnicas de recuperação de
O Brasil pré-histórico apresenta-se com tradições rupestres de resíduos químicos e biológicos procedentes da mandioca (Manihot
ampla dispersão através de suas grandes distâncias e ampla tem- esculenta), com a inalidade de inferir sobre o cultivo e manejo
poralidade. O registro arqueológico e, concretamente, o rupestre de vegetais, em contextos doméstico e funerário, ao largo da Pré-
assim o indicam. As tradições rupestres do Brasil não evoluíram -História. Os vestígios vegetais recuperados das cerâmicas ou dos
por caminhos independentes; os seus autores ou grupos étnicos sedimentos arqueológicos reletem dados culturais sobre antigos
aos quais pertencem, mantiveram contatos entre si, produzindo-se grupos humanos na região, incluindo seus modos de vida e morte,
a natural evolução no tempo e no espaço que nos obriga a estabe- dieta, cultivo e manejo de plantas, uso e função das vasilhas cerâ-
lecer as subdivisões pertinentes. micas, além de fornecer dados paleoecológicos e paleoambientais.
Podemos airmar que o registro rupestre é a primeira manifes- Os primeiros resultados paleológicos da cerâmica pré-his-
tação estética da pré-história brasileira, especialmente rica no Nor- tórica do Sítio Aldeia do Baião sugerem um ambiente paisagem

Didatismo e Conhecimento 2
HISTÓRIA
composto por vegetação arbórea (tipo Anacardiácea) e herbácea pontos etc.). As vasilhas apresentam bordas diretas ou bordas re-
(Amaranthaceae-Chenopodiaceae e Poaceae), sob inluência lú- forçadas, bases arredondadas ou cônicas, formas ovoides e esfé-
vio-lacustre e ou solos bem drenados (Botryococcus). A presença ricas.
de grãos de pólen de plantas cultivadas como o milho (cf. Zea Existiam pratos, tigelas e panelas com diâmetro da boca va-
mays?) e microfungos copróilos (tipo Sporormiella, Gelasinos- riando de 6 a 80 cm, além de vasilhas com boca oval, quadrangular
pora e tipo Sordariaceae) sustentam a hipótese de assentamentos ou retangular, com apliques de asa ou alça. Esses grupos produ-
humanos de longa duração no local. O microfungo Gelasinospora ziam também fusos de tear, cachimbos e modelavam pequenos ob-
também relete o uso do fogo para as práticas agrícolas e caça. jetos zoomorfos, usados algumas vezes como apliques.
Para prosseguir com o processo de colonização, Portugal re- A tecnologia lítica era também rica e diversiicada com a ob-
correu ao sistema de Capitanias hereditárias. Esse sistema já havia tenção de artefatos como raspadores, facas, mãos de pilão, bate-
sido empregado com êxito em suas possessões nos Açores, Ma- dores e moedores, machados, discos, tembetás e pingentes usados
deira e Cabo Verde. Ele se baseava na doação de um extenso lote como adorno. As matérias-primas mais usadas foram o quartzo,
de terra a uma pessoa ilustre e inluente do reino, geralmente um quartzito, xisto, calcedônia, sílex e granito.
nobre rico, que passava a ser o donatário e icava encarregado de A origem da agricultura no Nordeste brasileiro remonta
empreender a colonização da terra recebida, investindo nela seus 3000 anos, a partir de um número reduzido de populações de
próprios recursos. caçadores-coletores que possivelmente praticaram a agricultura
de subsistência ao redor de suas moradias, o termo agricultura de
Ocupações Ceramistas Pré-históricas no Nordeste Brasi- subsistência está relacionado à cultura de grãos de cereais e legu-
leiro. mes e tubérculos, plantados com a utilização de ferramentas de
O conhecimento sobre os grupos ceramistas pré-históricos no produção (ex. pau-de-cavar ou enxada), desmatamento e queima
Nordeste foi signiicativamente alterado depois término do Progra- de madeira (ou coivara).
ma Nacional de Pesquisas Arqueológicas, o PRONAPA. O quadro Este método conduzia ao esgotamento do solo em curto prazo
estabelecido no período de 1965 a 1970 deiniu uma separação e a busca por outros recursos alimentares, como a caça e a coleta
bem distinta entre grupos do interior com as “Tradições Regio- de frutos.
nais” Aratu e Una, e no litoral os grupos da Tradição Tupiguarani. Entorno de 3300 anos AC, a cerâmica produzida apresenta
Posteriormente, na década de 1980 foram identiicadas no sertão características formas simples, sendo alisada ou raspada. Cerca
pernambucano as fases Croatá e Triunfo, localizadas em áreas de de 2000 anos AC registra-se, no sudeste do estado do Piauí, um
brejos de altitude e, na Chapada do Araripe, a fase Araripe, todas aumento populacional com novos grupos ceramistas.
iliadas a Tradição Tupigurani. Segundo Albuquerque (1984) os Esses grupos produziam uma cerâmica com técnicas decora-
grupos das fases Croata e Triunfo possuíam aldeias amplas, de ten- tivas variadas com a presença do corrugado, ungulado, escovado,
dências circulares, cerâmica decorada com pintura vermelha sobre inciso e pintado. Existe uma diversidade de formas e tamanhos de
engobo branco, decoração plástica e formas que seriam compatí-
vasilhas e grandes urnas funerárias.
veis com o consumo da mandioca.
Em áreas interiores do Nordeste se documenta ainda a ocu-
Já os grupos da fase Araripe que representaria, até o momento,
pação de grupos iliados a Tradição Tupi-guarani desde ca. 1100
a maior ocupação de grupos Tupiguarani, possuíam aldeias com
anos AC até o contato europeu.
formas aproximadamente circulares e ocas de tamanho variado e
O historiador Albuquerque e Lucena, relacionaram essas ocu-
estariam bem adaptados à região semi-árida.
pações às mudanças climáticas ocorridas durante o período Holo-
Os resultados de projetos na área de estudo demonstram que
ceno, devido à expansão e retração de áreas lorestadas, como os
as populações humanas produziam cerâmicas com características
brejos de altitude.
tecnológicas iliadas aos grupos da Tradição Tupiguarani, originá-
rios de ambientes de lorestas, despertando, já na década de 1980 , Estas áreas são consideradas importantes refúgios de popu-
questionamentos sobre o modelo de Floresta Tropical. lações humanas pré-históricas, dadas suas condições climáticas e
Alguns historiadores trabalham com a hipótese de que a ecológicas para a sobrevivência e sustentabilidade agrícola desses
presença de populações pré-históricas de horticultores, naquela grupos.
região, estaria vinculada a um processo de adaptação cultural às Ainda, conforme Albuquerque e Lucena, essas populações
condições de semi-aridez ou a condições climáticas mais úmidas, humanas estariam relacionadas principalmente com o cultivo de
compatíveis com a expansão dos domínios lorestados. O cultivo mandioca, que foi o principal vegetal consumido durante a Pré-
da mandioca teria sido um dos principais fatores de adaptabilidade -história na América Tropical, incluindo suas variedades mais im-
dos ceramistas Tupiguarani ao sertão nordestino. portantes: a mandioca-amarga (Manihot esculenta), a mandioca-
De modo geral, os grupos que ocuparam a Chapada do Ara- -brava (Manihot utilissima) e a mandioca-doce (M. aipi).
ripe, antes e/ou depois da colonização europeia, produziam uma A tecnologia envolvida no preparo, consumo e armazena-
cerâmica com bolos de argila, areia e cacos triturados. Sendo mo- mento desse tipo de alimento e seus subprodutos inclui uma gama
delada, acordelada ou com as duas técnicas associadas. de artefatos cerâmicos (vasilhames e assadores) e líticos (macha-
Apresenta decoração plástica escovada, ungulado, marcado dos, lascas e raladores), assim como os manufaturados de plantas
com cestaria e ponteado. Em alguns objetos ocorre a associação da (cestarias de palha de palmeiras, algodão e algumas gramíneas)
pintura e da decoração plástica. (PEARSALL, 1992).
A pintura era realizada com grande variedade de cores: bran- Os dados arqueobotânicos registrados para a região Nordeste
co, vermelho, marrom, preto e cinza, com vários motivos de deco- ainda são incipientes. No entanto, seus registros demonstram a
ração (desenhos geométricos, faixas e linhas paralelas e cruzadas, inluência antrópica nos processos de construção da paisagem.

Didatismo e Conhecimento 3
HISTÓRIA
O registro simultâneo em torno de 4500 anos AC, no Sítio Al- Sítios arqueológicos: Escavações e Artefatos Cerâmicos
cobaça (Pernambuco) (4733 ± 29 e 4243 ± 26 anos AP) pelos ves- Recuperados.
tígios de milho, frutos de palmeiras (babaçu, ouricuri, coquinho), A área arqueológica de Araripina –PE é composta por um
umbu, frutos de babaçu de cajá e seriguela e no Sítio funerário conjunto de 24 sítios arqueológicos e constitui um importante lo-
Toca do Gongo onde foram recuperados artefatos líticos e cerâmi- cal de desenvolvimento das culturas humanas. As primeiras pros-
cos, restos de fogões, sementes de avelã, feijão, abóboras e ibras pecções arqueológicas nos sítios da região foram efetuadas na dé-
de caroá, associados a esqueletos de nove enterramentos reforçam cada de 1980, tendo sua continuidade na década seguinte, a partir
essas hipóteses. Neste sítio também foram registradas espigas de de 2005 seguindo até os dias atuais.
milho. Os sítios registrados até o presente na região são divididos em:
Os indícios de ocupação pré-histórica por grupos ceramistas a) sítios rupestres em abrigos sob rocha; b) sítios lito-cerâmi-
no sítio Evaristo I (Ceará) está representada pela presença de ar- cos a céu aberto; e c) sítios de oicinas líticas.
tefatos cerâmicos e líticos em contextos funerários e domésticos. Dos vinte e quatro sítios arqueológicos lito-cerâmicos identi-
Os grãos de pólen de plantas cultivadas (mandioca, batata- icados, até o momento, no município de Araripina-PE, nove sítios
-doce, abóboras e algodão) e frutíferas (caju e palmeiras), além de estão inseridos na área de vale luvial e quinze nos domínios da
fungos patógenos de plantas cultivadas reletem o modo de vida e chapada.
subsistência desses grupos. Esses sítios, de modo geral, apresentam uma cerâmica de
Os macro- e microvestígios botânicos preservados em sítios grande riqueza de formas e tamanhos; com objetos de boca arre-
arqueológicos também reforçam a presença da cultura material das dondada, elíptica e quadrangular; com contornos globulares, mul-
populações humanas pré-históricas. As plantas utilizadas por estes tilexionados e multiangulares.
grupos são muitas vezes elementos derivados da modiicação hu- Sugerindo a existência de uma ampla tralha doméstica desti-
mana (i.e., cultivo, domesticação). nada preparar, servir e armazenar alimentos sólidos e líquidos. Por
Assim, tendo em consideração o cultivo e preparação de ali- sua vez, a presença de manchas húmicas e áreas de concentração
mentos, propõe uma divisão na tradição cerâmica Tupi-guarani, de material em diversos sítios, contribuem para as análises da or-
com a subtradição Tupinambá ou Pintada na região Leste e Nor- ganização espacial intra e inter-sítio; sendo ainda um importante
deste e subtradição Guarani ou Corrugada na região Sul. manancial de macro- e microvestígios vegetais, tendo em conside-
A primeira possuiria vasilhas como pratos e tigelas de base ração a inluência antrópica e a alta concentração de matéria orgâ-
plana, com perímetro de boca oval ou quadrangulóide, sendo ideais nica como parte do processo de formação destes solos.
para o beneiciamento da mandioca; a segunda, ou seja, subtradi- Estas investigações contribuirão, tanto para a deinição das
ção Guarani, vasilhas como jarras e tigelas carenadas com base condições ambientais e climáticas pretéritas, quanto para a com-
redonda ou cônica, próprias para o preparo de grãos como o mi- preensão da dieta alimentar, incluindo o processo de produção e
lho. Etnograicamente os “Tupi-Guarani cultivam principalmente consumo de alimentos, e manejo agrícola entre os grupos ceramis-
mandioca, milho, batata doce, cará, feijões, abóboras, amendoim tas no sertão nordestino.
e pimenta, além do fumo, algodão, cabaça, cuias, corantes (urucu, Sem dúvidas, há uma forte correlação entre a fabricação da
jenipapo) e, no caso dos Guarani, o mate. cerâmica e a prática da agricultura (agricultores-ceramistas), o uso
Os Tupi baseavam sua alimentação principalmente nas varie- da cerâmica não é dependente do domínio da agricultura.
dades tóxicas da mandioca (mandioca amarga, brava ou venenosa) Essas premissas darão suporte aos estudos palinológicos, uma
consumido-as como farinha, beiju e bebidas fermentadas alcoóli- vez que, ao determinar o paleoambiente podemos inferir sobre o
cas os relatos etnohistóricos acrescidos de dados arqueobotâmicos modo de vida, o tempo de permanência e a captação de recursos
são a base para as aproximações a respeito das interações humanas vegetais pelas comunidades pré-históricas e suas relações paleoe-
e as plantas. tnobotânicas,
As informações sobre o início da ocupação dos grupos cera-
mistas da tradição Tupi guarani na região do semiárido pernambu-
cano ainda são poucas, sendo aventada a hipótese que esteve pro-
vavelmente condicionado ao clima que inluenciou a formação de
CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS
uma nova onda migratória, sobretudo no Estado de Pernambuco. DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS
Os grupos ceramistas desta tradição sempre estiveram relacio- QUE HABITAVAM O TERRITÓRIO
nados ao cultivo da mandioca (Manihot esculenta) que represen- DO ATUAL ESTADO DE PERNAMBUCO,
tou grande inluência socioeconômica e de organização do espaço. ANTES DOS PRIMEIROS CONTATOS
Segundo os dados etnográicos, o plantio da mandioca necessitava EURO-AMERICANOS.
de solos amplos e férteis.
As informações etnohistóricas e arqueológicas indicam uma
grande densidade populacional nesta região, no entanto, ainda se Quando os primeiros europeus chegaram ao território brasi-
conhece pouco sobre suas formas de subsistência, com escassas leiro, no início do século XVI, vários grupos indígenas ocupavam
evidências arqueobotânicas nos sítios. A tecnologia empregada na a região Nordeste. No litoral, predominavam as tribos do tronco
produção de alimentos, registrada no Sítio Aldeia do Baião inclui linguístico tupi, como os Tupinambás, Tabajaras e os Caetés, os
tanto a utilização de material lítico quanto artefatos cerâmicos. mais temíveis. No interior, habitavam grupos dos troncos linguís-
ticos Jê, genericamente denominados Tapuias.

Didatismo e Conhecimento 4
HISTÓRIA
Como em outras regiões brasileiras, a ocupação do território Após terem passado por uma série de mudanças ambientais e
em Pernambuco começou pelo litoral, nas terras apropriadas para culturais, esses índios conseguiram sobreviver e, apesar de terem
a agroindústria do açúcar, onde os indígenas eram utilizados pe- estabelecido contato com os não índios, alguns ainda conservam,
los portugueses como mão-de-obra escrava nos engenhos e nas ainda que precariamente, traços da sua tradição.
lavouras, especialmente por parte daqueles que não dispunham de Todos se auto identiicam como indígenas e pouco se dife-
capital suiciente para comprar escravos africanos. renciam uns dos outros racial ou culturalmente. Devido à forte
Após um período de paz aparente, os índios reagiram a esse miscigenação com brancos e negros, a sua aparência física perdeu
regime de trabalho através de hostilidades, assaltos e devastações a identidade.
de engenhos e propriedades, realizados principalmente pelos Cae- São índios aculturados, mas que mantêm sua sociedade à par-
tés, que ocupavam a costa de Pernambuco. te. As tradicionais iguras do cacique e do pajé, ainda sobrevi-
A guerra e a perseguição dos portugueses tornaram-se siste- vem em todos os grupos, assim como o tore é dançado em todas
máticas, fazendo com que os índios sobreviventes tivessem que as comunidades, não apenas como divertimento, mas também na
emigrar para longe da costa. Porém, a criação de gado levou os transmissão de traços culturais. Com exceção dos Fulni-ô, ne-
colonizadores a ocupar terras no interior do Estado, continuando nhum dos grupos conservou o idioma tribal.
assim a haver conlitos. O índio teve uma grande inluência na formação étnica, na
As relações entre os criadores de gado e os índios, no entanto, cultura, nos costumes e na língua portuguesa falada no Brasil.
eram bem menos hostis do que com os senhores de engenho, mas Em Pernambuco, palavras como Gravatá, Caruaru, Garanhuns e
a sobrevivência das tribos, que não se refugiavam em locais remo- bairros do Recife com Parnamirim e Capunga, estão associados a
tos, só era possível quando atendia aos interesses dos criadores e antigos locais de moradia indígena.
não era assegurada aos indígenas a posse de suas terras. Atualmente, os principais problemas enfrentados pelos gru-
Durante os dois primeiros séculos do Brasil Colônia, as mis- pos indígenas pernambucanos são os conlitos entre facções rivais
sões religiosas jesuíticas eram a única forma de proteção com que da tribo Xucuru; a inluência do tráico de drogas entre os Truká
os índios contavam. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, os e a invasão de terras pertencentes aos Fulni-ô. Pernambuco é o
aldeamentos permaneceram sob a orientação de outras ordens reli- quarto Estado do Brasil em número de indígenas.
giosas, sendo entregues, posteriormente, a órgãos especiais, porém Conheça a história das tribos que habitavam o território per-
as explorações e injustiças contra o povo indígena continuaram nambucano. Origens e costumes. As lutas pela posse da terra. Os
acontecendo. remanescentes que tentam escapar da morte em emboscadas.
Através de algumas fontes, dizem que nos séculos XVIII e Atualmente, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai),
XIX uma quantidade indeterminada de índios foi aldeada no ter- vive em Pernambuco um total de 25.726 remanescentes dos povos
ritório pernambucano, mas aparentemente não há registros de sua indígenas que primitivamente habitavam no Estado.
procedência. Eles estão assim distribuídos: Pankararu, 4.062 pessoas;
Existiam os aldeamentos dos Garanhuns, próximo à cidade Kambiwá, 1.400; Atikum, 4.506; Xucuru, 8.502; Fulni-Ô, 3.048;
do mesmo nome; dos Carapatós, Carnijós ou Fulni-ô, em Águas Truká, 2.535; Tuxá, 47; Kapinawá, 1.035; Pipipãs, 591 pessoas.
Belas; dos Xucurus, em Cimbres; dos Argus, espalhados da serra Sobrevivendo em situação precária e, muitas vezes, sendo
do Araripe até o rio São Francisco; dos Caraíbas, em Boa Vista; do mortos em emboscadas como vem ocorrendo desde 1986 com os
Limoeiro na atual cidade do mesmo nome; as aldeias de Arataqui, Xucurus, no município de Pesqueira, esses remanescentes indíge-
Barreiros ou Umã, nas ainda guardam um pouco da cultura dos índios pernambuca-
Escada, da tribo Arapoá-Assu, nas margens dos rios Jaboa- nos, massacrados ao longo dos séculos.
tão e Gurjaú; a aldeia do Brejo dos Padres, dos índios Pankaru Conheça seus modos de viver:
ou Pankararu; aldeamentos em Taquaritinga, Brejo da Madre de A tribo Fulni-Ô:Também conhecidos como Carnijó ou Cari-
Deus, Caruaru e Gravatá. jó, vivem do artesanato e agricultura de subsistência no município
No século XIX, a região do atual município de Floresta e de Águas Belas. Conservam o idioma Yathê e alguns rituais como
diversas ilhas do rio São Francisco se destacava pelo grande nú- o Ouricuri.
mero de aldeias, onde habitavam os índios Pipiães, Avis, Xocós, Kambiwá: O grupo ocupa uma área de 27 mil hectares de
Carateus, Vouvês, Tuxás, Aracapás, Caripós, Brancararus e Ta- terra entre os municípios de Ibimirim, Inajá e Floresta, desenvol-
maqueús. vendo agricultura de subsistência.
O desaparecimento da maioria das tribos deve-se às diversas Pankararu: Seus remanescentes estão distribuídos em 14 mil
formas de alienação de terras indígenas no Nordeste ou da resolu- hectares de terra entre os municípios de Tacaratu, Jatobá e Pe-
ção do Governo de extinguir os aldeamentos existentes. trolândia, conservando algumas de suas festas tradicionais como
Dos grupos que povoaram Pernambuco, salvo alguns sobre- a Festa do Menino do Rancho e o Flechamento do Umbu.
viventes, pouco se sabe. O fato dos índios não possuírem uma lin- Atikum: Esses índios ocupam uma área de 16 mil hectares
guagem escrita, diicultou muito a transmissão das informações. no município de Carnaubeira da Penha, vivem da agricultura de
Existem legalmente em Pernambuco, sete grupos indígenas: subsistência.
os Fulni-ô, em Águas Belas; os Pankararu, nos municípios de Pe- Xucuru: Vive na região da Serra do Ororubá, município de
trolândia e Tacaratu; os Xucuru, em Pesqueira; os Kambiwá, em Pesqueira, conservam algumas festas religiosas como a de Nossa
Ibimirim, Inajá e Floresta; os Kapinawá, em Buíque os Atikum, Senhora da Montanha e praticam a agricultura de subsistência.
em Carnaubeira da Penha e os Truká, em Cabrobó. Esses três últi- Truká: Grupo de remanescentes indígenas que vivem da agri-
mos grupos foram identiicados mais recentemente. cultura no município de Cabrobó.

Didatismo e Conhecimento 5
HISTÓRIA
Kapinawá: Vivem na localidade de Mina Grande, no municí- dito padrão pelo rio abaixo para a barra e mar, icará assim mesmo
pio de Buíque Tuxá: Grupo de 41 índios assentados em um acam- com ele Duarte Coelho a metade do dito rio de Santa Cruz para
pamento da Chesf, no município de Inajá, depois que suas terras a banda do Sul e assim entrará na dita terra e demarcação dela
foram inundadas pelo lago da hidrelétrica de Itaparica. todo o dito Rio de São Francisco e a metade do Rio de Santa Cruz
Pipipã: Esses índios viviam nas caatingas entre os vales dos pela demarcação sobredita, pelos quais rios ele dará serventia aos
rios Moxotó e Pajeú e foram praticamente dizimados em meados vizinhos deles.
do século XVIII. Atualmente, existe um pequeno grupo de rema- De uma parte e da outra, e havendo na fronteira da dita de-
nescentes no município de Floresta, na região do Rio São Fran- marcação algumas ilhas, hei por bem que sejam do dito Duarte
cisco. Coelho, e anexar a esta sua capitania sendo as tais ilhas até dez
Xucurus: os índios marcados para morrer léguas ao mar na frontaria da dita demarcação pela linha Leste, a
qual linha se estenderá do meio da barra Rio de Santa Cruz, cor-
tando de largo ao longo da costa, e entrarão na mesma largura pelo
sertão e terra irme adentro, tanto quanto poderem entrar e for de
A CAPITÂNIA DE PERNAMBUCO: minha conquista, a terra pela sobredita demarcação assim lhe faço
A GUERRA DOS BÁRBAROS: doação e mercê de juro e herdade para todo o sempre como e que
A LAVOURA AÇUCAREIRA Duarte Coelho, e todos os seus herdeiros e sucessores, que a dita
E MÃO DE OBRA ESCRAVA; terra herdarem e sucederem se possam chamar capitães e gover-
nadores delas.
A metade da barra Sul do canal de Itamaracá (rio de Santa
Cruz) até 50 passos além do local onde existira a primitiva feitoria
de Cristóvão Jacques, demarcava o limite Norte; ao Sul, o limite
A Capitania de Pernambuco foi uma das divisões do território da capitania era o rio São Francisco, em toda a sua largura e exten-
da colônia portuguesa do Brasil, doada pelo rei de Portugal, Dom são, incluindo todas suas ilhas da foz até sua nascente.
João III a Duarte Coelho Pereira (1534). Constituiu-se na Provín- O território da capitania inletia para o Sudoeste, acompa-
cia, na época da Independência e, após a Proclamação da Republi- nhando o curso do rio, alcançando suas nascentes no atual Estado
ca Brasileira, no Estado de Pernambuco. de Minas Gerais. Ao Norte, o soberano estabeleceu o traçado de
O Rei de Portugal, Dom João III, instituiu o sistema de capita- uma linha para o Oeste, terra adentro, até os limites da conquista,
nias hereditárias como forma de ocupação e colonização do Brasil, deinidos no Tratado de Tordesilhas, isto é, as terras situadas até
dividindo o territorio em quinze (15) lotes – capitanias hereditárias 370 léguas a Oeste das Ilhas do Cabo Verde.
– as quais doou a súditos que haviam prestado relevantes serviços As fronteiras da capitania abrangiam todo o Estado de Ala-
ao reino. goas (antiga Comarca das Alagoas) e o Oeste do Estado da Bahia
O sistema fora utilizado pelo governo português na Ilha da (antiga Comarca do São Francisco) terminavam ao Sul, fazendo
Madeira, em Cabo Verde, nos Açores e em São Tome, doando fronteira com o atual Estado de Minas Gerais. Graças à posse deste
terras em caráter vitalício e hereditário a cidadãos da nobreza – importante rio, em toda sua extensão e largura, Pernambuco cres-
donatários -, governadores das capitanias. O territorio de cada cia na orien-tação Sudoeste, ultrapassando em largura em muito as
capitania, no Brasil, ia do litoral até o limite estipulado no Tratado 60 léguas estabelecidas na carta de doação.
de Tordesilhas. Duarte Coelho Pereira recebeu a doação e partiu para o Bra-
Os donatários tinham a tarefa de governar, colonizar, resguar- sil, trazendo a esposa Brites de Albuquerque, e muitos parentes e
dar e desenvolver a região com recursos próprios. A Coroa por- amigos: o cunhado Jerônimo de Albuquerque, casado com Filipa
tuguesa ocupava o território do Brasil e fazia dele fonte de lucro. de Melo (que havia icado em Portugal), teve cerca de vinte e cinco
A Capitania de Pernambuco foi outorgada a Duarte Coelho ilhos com a esposa e outras mulheres, dele procedendo as fami-
Pereira, por Carta de Doação lavrada a 10 de março de 1534, rece- lias Albuquerque Maranhão, Albuquerque Melo e Cavalcanti de
bendo o título de Capitão e Governador das terras de Pernambuco. Albuquerque; os primos Felipe Bandeira de Melo (com a mulher
A Capitania, a que o donatário chamou de Nova Lusitânia, Maria Maciel de Andrada) e Pedro Bandeira de Melo, originando
homenagem à origem da pátria, se estendia entre o rio Igaraçu e a familia Bandeira de Melo.
o rio São Francisco, compreendendo: Sessenta léguas de terra da Já João Gomes de Melo, que aqui casou com Ana de Holanda,
costa do Brasil, as quais começarão no rio São Francisco, que é originando a familia Melo, o Cabo de Santo Agostinho; Arnau de
do Cabo de Santo Agostinho para o Sul, e acabarão no rio que Holanda, natural de Utrech, Holanda, ilho do barão Henrique de
cerca em redondo toda a Ilha de Itamaracá, ao qual ora novamente Holanda e sua mulher Margarida da Florença, irmã do Papa Adria-
ponho nome de Rio Santa Cruz, e mando que assim se nomeie e no VI, que aqui casou com Brites Mendes de Vasconcelos, ilha do
chame daqui por diante e isto com tal declaração que icará com camareiro-mor do infante D. Luis, ilho do rei D. João III, e de cujo
o dito Duarte Coelho a terra do Sul (...) e icará com o dito Duarte matrimônio nasceram ilhos que deram origem às familias Holan-
Coelho a terra da banda Sul, e o dito rio onde Cristovão Jacques da e depois se entrelaçaram com Cavalcanti e Albuquerque e gera-
fez a primeira casa de minha feitoria. ram a maior familia brasileira; Antonio Bezerra Felpa de Barbuda,
E a cinquenta passos da dita casas da feitoria pelo rio aden- de nobre estirpe, que deixou grande descendencia, inclusive a fa-
tram ao longo da praia se porá um padrão de minhas armas, e do milia Bezerra Cavalcanti; os irmãos Sibaldo Lins e Cristovão Lins,
dito padrão se lançará uma linha ao Oeste pela terra irme adentro igaldos lorentidos, parentes do grão duque da Toscana, tendo o
e a terra da dita linha para o Sul será do dito Duarte Coelho, e do primeiro casado com Brites de Albuquerque, ilha de Jeronimo de
dito padrão se lançará uma linha cortando a Oeste pela terra irme Albuquerque e o segundo com Adriana de Holanda, ilha de Aranu
adentro, e da dita linha para o Sul será do dito Duarte Coelho, e do de Holanda, deixando ambos larga descendencia.

Didatismo e Conhecimento 6
HISTÓRIA
Duarte Coelho desembarcou no porto da Ilha de Itamaracá, A povoação foi elevada a vila, recebendo este nome em 12 de
chamado de Pernambuco Velho, em 9 de março de 1535, e tomou março de 1537, fazendo o donatario a doação da terras para a Vila
posse da Capitania. Acompanhava-o essa verdadeira corte, cons- (o famoso Foral de Olinda, que não deve ser confundido com a Car-
tituida na maioria de nobreza do norte de Portugal, os quais, dife- ta de Doação, que ele recebeu do rei D. João III em 1534).
rentes da maioria dos demais colonizadores, para receber terras, As vilas eram colonizadas pelos europeus, índios e negros, os
cultivar a terra, e nela se estabelecendo, faze-la prosperar. dois últimos povos foram feitos como escravos
A história diz que desembarcou às margens do rio de Santa O papel de Duarte Coelho era o de colonizar, explorar as terras
Cruz, onde havia um núcleo de povoamento, que passou a se cha- e arrecadar impostos. Na região foram construídos vários engenhos,
mar Sitio dos Marcos, porque ali se demarcam as terras da Capita- já que a terra era fértil e a cana-de-açúcar foi muito bem adaptada
nia de Pernambuco com as terras da Capitania de Itamaracá, onde ao solo. A Capitania começou a prosperar e isso atraiu os olhares
existiria a feitoria regia para traico de pau-brasil e uma fortaleza dos holandeses, que encabeçados pelo Conde Maurício de Nassau,
de madeira, na qual se abrigaram Duarte Coelho e sua comitiva. invadiram toda a região, além da Paraíba e do Rio Grande do Nor-
O donatário incumbiu a Afonso Gonçalves, seu companhei- te, durante os anos de 1630 a 1654. Fixaram-se então em Recife,
ro na jornada da India, que erigisse a Vila de Igaraçu. Segundo primeiro devido a sua geograia plana e segundo, por terem ateado
a tradição oral a Cidade foi fundada em 27 de setembro de 1535, fogo em Olinda.
após a vitória dos portugueses, sob o comando do capitão Afonso O domínio holandês foi positivo para a região, porque eles pla-
Gonçalves, sobre os índios Caetés e por ordem deste se erigiu no nejaram e construíram ruas e pontes, através de grandes nomes de
local da batalha uma capela votiva consagrada aos Santos Cosme proissionais da Europa da época, dando ao Recife o ar de uma ci-
e Damião. Gonçalves fez vir muitos parentes com suas mulheres e dade, longe do papel que tivera outrora como um porto para escoar
ilhos, que passaram a lavrar a terra entre os moradores anteriores, a produção local.
plantando mantimentos e cana-deaçucar, para o que o capitão do- Em 1645 deu-se início ao longo processo de expulsão dos ho-
natário começou a construir um engenho. landeses das Capitanias, a chamada Insurreição Pernambucana, que
A povoação foi elevada à categoria de vila em data não durou aproximadamente dez anos, até que no primeiro mês de 1954
precisa, mas provavelmente em 1564, quando foi estabelecida completamente esgotados, os holandeses se renderam deixando as
estrutura administrativa da Vila, dotando-a de autonomia política, regiões em pleno desenvolvimento, como a cidade de Recife que
administrativa e econômica. A freguesia dos Santos Cosme e contava com os comerciantes e mascates e ainda com todo vapor
Damião foi criada em 1594, como informa o professor José da produção de cana-de-açúcar em Olinda, habitada pelos senhores
Antônio Gonsalves de Melo, em nota do artigo “O Foral de Olinda de engenho.
de 1537”. A paz não voltou a reinar por muito tempo. Os senhores de en-
Não sendo a povoação de Igaraçu local adequado onde as de- genho que ocupavam Olinda acreditavam que tinham dinheiro para
fesas pudessem resistir a ataques indigenas e de corsários e outros a vida inteira, até que a crise do açúcar no mercado externo colocou
inimigos, seguiu Duarte Coelho em direção ao Sul, procurando tudo a perder. Eles então acharam no direito de pedir dinheiro para
um sitio adequado à ediicação de uma povoação que se tornasse o os comerciantes de Recife, já que julgavam que Olinda era a prin-
centro da sua administração. cipal cidade.
Encontrou nas sete colinas situadas defrontedo mar, onde Os comerciantes que de bobos não tinham nada, foram pedir
existira a aldeia indigena de Marim dos Caetés o local dos seus para os portugueses a liberdade de Recife e o reconhecimento do
sonhos. A vista era de uma beleza deslumbrante, vista até os dias lugar como uma vila, o que logo foi acatado. Os senhores do enge-
de hoje, e encantou o donatário. nho não gostaram e resolveram intervir dando inicio a Guerra dos
Todavia nesse local vivia a mais guerreira tribo da região – a Mascates, em 1710. O conlito durou cerca de 1 ano, e pela primeira
Marim dos Caetés - e houve lutas entre eles e os portugueses as vez a palavra “República” foi mencionada no país, pois os líderes do
quais cessaram com a ajuda de Vasco Fernandes Lucena, que vivia movimento queriam que Pernambuco se tornasse uma República.
entre eles e após a união do cunhado Jerônimo de Albuquerque A Guerra terminou devido às intervenções das autoridades co-
com a ilha do cacique tabajara Arcoverde, que foi batizada cristã loniais. No mesmo ano, Recife passou a ocupar igualmente a mesma
com o nome de Maria do Espirito Santo Arcoverde. posição de Olinda. Dessa forma, icou claro que o comércio tinha
A união de Maria do Espirito Santo Arcoverde com Jeônimo mais poder capital do que a produção colonial. Pernambuco ainda
de Albuquerque gerou grande prole que deu origem a familia Ar- foi palco de diversos conlitos, como a Revolução Pernambucana, a
coverde Albuquerque e tornou os tabajaras aliados dos portugue- Confederação do Equador e a Revolução Praieira.
ses, com auxilio dos quais Duarte Coelho escravizou as tribos do Após a Proclamação da República no Brasil, o estado investiu
Rio São Francisco (Sergipe). em desenvolvimento industrial e de infraestrutura, tendo na atuali-
Cessando as lutas com os naturais da terras, ediicou Duarte dade como principal fonte econômica: o turismo, devido às belas
Coelho a povoação de Olinda, naquele local de rara beleza, alto e praias do seu território.
com ampla visão do oceano, ideal para a defesa. Circula até hoje
na boca dos guias mirim de Olinda e do seu povo a lenda que A Guerra dos Bárbaros:
o donatário teria exclamado: “Ó linda situação para fundar uma Foi o nome dado à violência do homem branco oriundo de Por-
vila!». tugal para com os índios, a população originalmente brasileira. Para
Todavia há outra, talvez mais razoável: Duarte Coelho teria os indígenas, o fato de terem sido “descobertos” já constitui um dra-
dado esse nome às sete colinas de frente para o mar em homena- ma de proporções enormes. Os brancos com sua avidez e cobiça, ne-
gem a heroina do romance de cavalaria, de Amadis de Gaula, cuja gavam respeito a tudo. O que era considerado valoroso, em especial
heroína tinha esse nome. as terras, certamente consistia em alvo dos seus interesses.

Didatismo e Conhecimento 7
HISTÓRIA
Partindo desta ótica é que se deu início ao que se intitula de As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação
luta pela terra e certamente é aqui que devemos aguçar a procura política, deviam apenas cuidar do lar e dos ilhos. A casa-grande
pelos motivos da má distribuição das terras. era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam,
Ora, não era algo bom para os índios aceitar estes roubos e além da família, alguns agregados.
também as muitas violações dos seus direitos considerados mais O conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssi-
elementares. Isto gerou a necessidade de os “selvagens” se defen- mas condições de higiene das senzalas (habitações dos escravos).
derem. Portanto, é nesta perspectiva que damos início à discussão A uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um
do período mais intenso da sua resistência na nossa região, trata-se grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhu-
do que chamamos de “A Guerra dos Bárbaros”. ma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos ilhos.
“Os brancos associavam o nome bárbaro aos índios, consi- A casa-grande era a residência da família do senhor de enge-
derados por eles como adversários, devido à resistência indígena, nho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O confor-
pois ‘bárbaros’ seriam aqueles que se recusavam a aceitar o poder to da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições
e a cultura dos homens brancos”. de higiene das senzalas (habitações dos escravos).
Esse conlito foi um movimento de resistência dos índios bra- Administração colonial Após a tentativa fracassada de esta-
sileiros à dominação portuguesa que surgiu entre 1650 e 1720 e belecer as capitanias hereditárias, a coroa portuguesa estabeleceu
que, se deu após a expulsão dos holandeses quando os portugueses no Brasil um Governo-Geral como forma de centralizar a adminis-
deram início à sua conquista pelo interior do Brasil, ou seja, ao tração, tendo mais controle da colônia. As capitanias hereditárias
projeto colonizador que consistia em “consolidar a colonização da fracassadas foram transformadas em capitanias gerais.
faixa litorânea e, sobretudo, iniciar a marcha de conquista de áreas O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que recebeu
interioranas”. a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção
A Capitania do Rio Grande acabou servindo como palco das agrícola no Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro
maiores batalhas durante o conlito iniciado no ano de 1683, mas e prata. Também começavam a existir câmaras municipais, órgãos
que teve maior relevância no ano de 1687. Diversos grupos de ín- políticos compostos pelos “homens-bons”.
dios se envolveram no conlito contra os missionários, soldados e Estes eram os ricos proprietários que deiniam os rumos po-
outros agentes da coroa que estavam empenhados em abrir espaço líticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida
para a criação de gado. pública nesta fase. As instituições municipais eram compostas por
Após a expulsão dos holandeses, um quadro de desolação to- um alcaide que tinha funções administrativas e judiciais, juízes or-
mou conta da Capitania Rio Grande: “icou devastada, a população dinários, vereadores, almotacés e os homens bons. As juntas do
quase desapareceu”. Gados e plantios foram destruídos. povo decidiam sobre diversos assuntos da Capitania.
“Os lamengos tinham incendiado as casas principais, quei-
mados livros de registros”. Com isto, o governo tomou medidas A economia açucareira.
para uma reorganização da Capitania reconstruindo edifícios, a A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O se-
defesa da cidade e também deu início a uma política de povoa- nhor de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de pro-
mento como dito anteriormente. Os colonos que faziam do interior dução de açúcar. Utilizava a mão-de-obra africana escrava e tinha
sua morada, com a escassez de recursos para adquirirem escravos como objetivo principal a venda do açúcar para o mercado euro-
africanos, iam à captura dos nativos. peu. Além do açúcar destacou-se também a produção de tabaco e
Se tratando do processo de colonização do sertão o Rio Gran- algodão. As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja,
de, este sobreveio de maneira intensa apenas no inal do ano de eram grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando
1670 e o início de 1680. mão-de-obra escrava e visando o comércio exterior.
Este processo não se deu de forma pacíica, pois coincide com O Brasil se tornou o maior produtor de açúcar nos séculos XVI
o início da Guerra dos Bárbaros ou Guerra do Açu. e XVII. As principais regiões açucareiras eram a Bahia, Pernam-
Foi neste período que os grupos indígenas se organizaram no buco, parte do Rio de Janeiro e São Vicente (São Paulo). O Pacto
sentido de resistir e defender as suas terras. Esse evento certamente Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil (Colônia)
seria marcado por uma série de conlitos desencadeados entre os só podia fazer comércio com a Metrópole, não devendo concorrer
indígenas e colonos habitantes do interior da capitania, que resul- com produtos produzidos lá. Logo, o Brasil não podia produzir
tou no movimento expansionista português que, por sua, provocou nada que a Metrópole produzisse. Desta forma foi estabelecido um
o devassamento desta região concluindo assim, com a ratiicação monopólio comercial.
de várias tribos indígenas. O monopólio foi de certa forma imposta pelo governo da In-
A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande glaterra a Portugal, com o objetivo de garantir mercado aos co-
diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos merciantes ingleses. Portugal nunca chegou a ter uma indústria
e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia signiicativa e desta forma dependia das manufaturas inglesas.
uma camada média formada por pessoas livres (feitores, capatazes, Portugal se beneiciava do monopólio, mas o país era dependente
padres, militares, comerciantes e artesãos) e funcionários públicos. da Inglaterra. A colônia vendia metais, produtos tropicais e subtro-
E na base da sociedade estavam os escravos, de origem afri- picais a preços baixos, estabelecidos pela metrópole, e comprava
cana, tratados como simples mercadorias e responsáveis por quase dela produtos manufaturados e escravos a preços bem mais altos,
todo trabalho desenvolvido na colônia garantindo assim o lucro de Portugal em qualquer das transações.
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exer-
cia um grande poder social.

Didatismo e Conhecimento 8
HISTÓRIA
Além disso, quem seria o trabalhador livre que, chegando ao
A GUERRA DOS MASCATES território brasileiro e deparando-se com a imensidão de terra ocio-
sa, estaria disposto a trabalhar em troca de um salário na proprie-
dade de outros?
E ainda, o tráico de africanos era um negócio altamente ren-
tável para os mercadores lusos, que detinham o monopólio desse
Foi um conlito gerado no estado de Pernambuco entre os co- setor do comércio internacional.
merciantes de Recife e os latifundiários de Olinda, em 1711, para O tráico escravista: negros num navio “tumbeiro”
determinar quem detinha o poder central do estado. “Os escravos são as mãos e os pés dos senhores de engenho”,
A deinitiva expulsão dos holandeses em 1654 havia deixado airmava, em 1711, o jesuíta Antonil, observando a importância
Pernambuco em uma grave situação econômica, pois todo o inves- econômica dos escravos na sociedade patriarcal brasileira.
timento na extração do açúcar foi abalado com a baixa do produto Eram eles que desempenhavam todas as atividades produti-
no cenário internacional. Os olindenses, que controlavam o produ- vas no universo do engenho: trabalhavam nos canaviais, plantando
to, perderam seus lucros com o domínio holandês do açúcar das e colhendo cana; cuidavam da transformação da cana em açúcar
Antilhas, fazendo com que aumentasse a concorrência e quebrasse na fábrica dos engenhos; dedicavam-se a todas as atividades do-
o monopólio pernambucano. mésticas da casa-grande, como cozinheiras, costureiras, mucamas,
Recife, que até então era uma cidade que vivia às sombras de cocheiros, amas de leite, moleques de recado entre outras; man-
Olinda, estava se tornando um importante polo urbano graças ao tinha, na maioria das vezes, uma roça de onde extraíam parte de
seu extenso porto e ao estímulo à prática comercial. Durante a es- sua subsistência; e tratavam dos animais e de todos os afazeres
tadia dos holandeses, a atual capital pernambucana era o principal necessários à sobrevivência do engenho.
centro administrativo, contribuindo para seu gradual crescimento Também nas cidades, os escravos eram responsáveis por todas
econômico e independência do setor açucareiro de Olinda. as atividades que demandassem qualquer espécie de esforço físico.
Com a crise do açúcar, os senhores de engenho olindenses A primeira leva de escravos africanos desembarcou no Brasil
pediram empréstimos aos comerciantes de Recife para tentar ala- em 1550, no porto de Salvador. Ao longo do período colonial e até
vancar novamente a venda do produto. Vendo a economia de sua a extinção da escravidão no Brasil, milhões de negros, capturados
cidade ir por água abaixo, a Câmara Municipal de Olinda, que via na África e transportados em tumbeiros, vieram para as terras bra-
Recife como “povoado”, decidiu elevar o preço dos impostos de sileiras, para trabalhar nas mais diversas atividades econômicas.
seus contribuintes mercadores. Os principais grupos de africanos desembarcados no Brasil
Em 1709, os comerciantes portugueses conhecidos como foram os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé (hoje, Benin)
e Costa do Ouro, contando com grupos islamizados, denominados
“mascates” tiram Recife da condição de “povoado” para se torná-
malês, e os bantos, de Angola, Congo e Moçambique.
-lo uma “vila”, dando-lhe direito a ter sua própria Câmara Muni-
cipal e tornar-se independente da elite agrária de Olinda. Os olin-
denses icaram abalados com a situação, pois temiam ser cobrados
pelos empréstimos que pediram.
AS INSTITUIÇÕES ECLESIÁSTICAS E A
Sendo assim, em 1710 os olindenses invadem Recife e con-
SOCIEDADE COLONIAL
seguem dominar temporariamente a câmara da cidade. Entretanto,
uma investida militar articulada pelos portugueses reagiu contra
os senhores de engenho, contando com o apoio de políticos de
capitanias próximas. Em 1553 começam os famosos movimentos jesuíticos, com
No ano seguinte, ainda com a guerra entre recifenses e olin- José de Anchieta e Nóbrega e as conhecidas experiências de aldea-
denses, a Coroa portuguesa exigiu que a situação fosse normaliza- mentos. Havia uma aliança entre os padres jesuítas com o poder
da entre eles e nomeou Félix José de Mendonça, que havia apoiado colonizador, porém isto não nos pode fazer perder de vista o valor
os mascates, para governar o local. Para que não houvesse susten- missionário da experiência jesuítica.
tação do conlito, Félix estabeleceu que Recife e Olinda que de- Os jesuítas que acompanharam Tomé de Sousa na sua expedi-
vessem revezar semestralmente a administração de Pernambuco. ção ao Brasil em 1549 se transformarão nos baluartes de defesa da
liberdade dos índios, muitas vezes violada pelos colonos em vista
Mão de obra escrava da necessidade de braços nas lavouras.
A base da sociedade colonial brasileira era formada pelos ne- Esses jesuítas foram indiscutivelmente os pioneiros da educa-
gros escravos. ção no Brasil. Até 1759, data em que Pombal os expulsou, tiveram
O trabalho compulsório, em processo de extinção na Europa, eles absoluta liderança no setor da educação. Embora o que mais
foi adotado no Novo Mundo dadas as condições da formação e se ressalte seja a obra catequética e evangelizadora, o ponto mais
consolidação do capitalismo comercial: no século XVI, o objetivo alto de sua atividade está no campo educacional. Já no século XVI
maior das potências europeias era o acúmulo de riqueza e, para os principais centros urbanos do Brasil, como Salvador, Rio de
atingi-lo, foi utilizado em diversas colônias da América, o trabalho Janeiro, São Paulo, contavam com colégios jesuítas.
escravo, no caso português, a opção teve como incentivo a escas- Ao lado da formação dos futuros jesuítas, que continuou sen-
sez de mão de obra livre pela falta de excedente populacional na do sempre uma das inalidades dos colégios, o alto nível intelec-
metrópole que pudesse suprir as necessidades coloniais. tual desses estabelecimentos de ensino preparou os homens que
assumiram a liderança do Brasil colônia.

Didatismo e Conhecimento 9
HISTÓRIA
Os franciscanos tiveram a sua fase de estabelecimento em ordens religiosas, como os jesuítas, os beneditinos, etc., podendo-
conventos a partir de 1585, com a criação da custódia de Santo -se notar durante esse período duas correntes de pensamento a
Antônio em Olinda. A partir de 1617, a atenção se volta para o respeito de se cultivar vocações nativas para o sacerdócio.
Maranhão, surgindo um novo impulso a partir de 1657, quando O primeiro grupo sustenta a impossibilidade da formação de
a Custódia de Olinda é elevada a província, recebendo da coroa um clero autóctone, alegando o baixo nível cultural, a proclivida-
novo missões entre Bahia e Paraíba que conserva até meados do de para o relaxamento moral e o desprestígio que adviria para o
séc. XIX (1863). clero mediante a aceitação de elementos indígenas, africanos ou
Com relação à história dos indígenas no primeiro período mestiços.
colonial, é marcante a sua eliminação nas regiões ocupadas pelo Já o segundo grupo defende a ideia de um clero nativo, ale-
branco. Através de alguns conlitos que surgiram desde o início gando que esses elementos teriam melhor compreensão do caráter
da evangelização, podemos detectar provas do verdadeiro espírito do povo e de seus costumes, mais facilidade na transmissão evan-
missionário que animava muitos missionários, como o ocorrido na gélica e maior disponibilidade para o trabalho apostólico, além
Paraíba, entre franciscanos e jesuítas, não sendo uma mera discór- de que ajudaria a romper os vínculos de uma dependência perma-
dia entre clero secular e regular, e sim uma questão de tomada de nente da metrópole. Podemos destacar a atuação dos jesuítas por
posição frente ao poder colonial. apresentarem uma séria preocupação com a formação dos futuros
Com relação às dioceses, a sua criação durante o período co- sacerdotes, visando dar continuidade ao trabalho de evangeliza-
lonial dependia do poder real, sendo muito escassas nessa época. ção e catequese dos indígenas.
Não corresponderam às exigências do da Igreja do Brasil. O epis- A ação missionária no litoral brasileiro estava irremediavel-
copado também tem pouca inluência durante o período colonial, mente ligada aos percursos coloniais e por isso entrou em declínio
limitando a sua atuação, geralmente, a aspectos de jurisdição ecle- com o estabelecimento da cultura baseada na cana-de-açúcar e em
siástica, e com frequência executando função supletiva de cargos um sentido mais amplo, esta oposição signiica a total incompa-
públicos. tibilidade entre missão concebida em termos cristãos de frater-
A participação no governo político signiicava alta considera- nidade e implantação de estrutura agrária baseada em termos de
ção pela dignidade episcopal, mas implicava num envolvimento escravidão.
profundo nos prelados na política colonialista, passando a serem E assim a atividade missionária, a partir do inal do séc. XVII
defensores e porta-vozes, em certo sentido. Mesmo assim, houve entra em decadência, dando lugar ao atendimento aos “morado-
bispos que protestaram ou simplesmente não se conformaram com res”, ou seja, aos portugueses aqui residentes, com o surgimento
as imposições da metrópole, sendo muitos chamados até Portugal de igrejas, etc..
para prestar contas de suas atuações ou afastadas da sede episcopal A vida religiosa, a partir da metade do século XVIII também
e exiladas. entra numa fase de crise progressiva. Entre as principais causas
Nem mesmo isso permitiu que a estrutura do regime fosse está a oposição do Marquês de Pombal aos religiosos em geral e
questionada dos bispos ao poder civil se torna mais patente. A Igre- aos jesuítas em particular. Além disso, todo o século XVIII respi-
ja do Brasil teve um caráter predominantemente leigo, por força da rava novas ideias do enciclopedismo e do iluminismo, com ten-
instituição do padroado. dências anticatólicas e antijesuíticas. O resultado foi à expulsão
Os leigos participavam ativamente nas construções das igrejas, dos jesuítas em 1759.
nos atos do culto e na promoção de devoções. Um dado histórico
importante ocorrido na época foi o caso da Confederação dos Ta-
moios, sendo os fatos ocorridos o seguinte: na conquista da região
da Guanabara, atual Rio de Janeiro, os portugueses encontraram INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA.
entre 1554 e 1567 forte oposição por parte de uma confederação
entre indígenas tupinambás, goitacazes e aimorés, que se deram o
nome de “tamoios”, que em língua tupi quer dizer: nativos, gente
do lugar, velhos da terra. Era uma guerra entre brasileiros nativos, Ocorreu no contexto da ocupação holandesa na região Nor-
defensores de seu lugar e que tinham consciência do lugar brasilei- deste do Brasil, em meados do século XVII. Ela representou uma
ro, e portugueses novatos, invasores do lugar brasileiro, intrusos. ação de confronto com os holandeses por parte dos portugueses,
Dentre os demais efeitos surtidos do episódio e da luta que se comandados principalmente por João Fernandes Vieira, um prós-
travou, este movimento em prol da dignidade humana e da frater- pero senhor de engenho de Pernambuco. Nessa luta contra os ho-
nidade perdida pelo sistema colonial formou a religião popular no landeses, os portugueses contaram com o importante auxílio de
Brasil. alguns africanos libertos e também de índios potiguares.
O povo, que acostumou ser vendido, traído, humilhado e san- A oposição dos portugueses aos holandeses ocorreu em de-
grado, não perdeu a sua dignidade, mas transformou os símbolos corrência da intensiicação da cobrança de impostos e também
da religião dos dominadores em símbolos de sua fé em Deus, de da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de enge-
sua paciência apesar de tudo, de sua dignidade, em situações de nho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses e com
extrema miséria e degradação, de forma que o catolicismo popular, a Companhia das Índias Ocidentais, empresa que administrava as
consoante expõe J. B. Lassègue se tornou a expressão mais valio- possessões holandesas fora da Europa.
sa do evangelho na realidade brasileira. Outro fato que acirrou a rivalidade entre portugueses e ho-
Quanto à formação de vocações nativas, é importante destacar landeses foi a questão religiosa. Boa parte dos holandeses que
que até a expulsão dos jesuítas no ano de 1759, a formação do estava na região de Recife e Olinda era formada por judeus ou
clero religioso e do clero diocesano esteve nas mãos de grandes protestantes.

Didatismo e Conhecimento 10
HISTÓRIA
Nesse contexto religioso que trazia as consequências da Re- desde 1580 no processo conhecido como União Ibérica. As inva-
forma e da Contrarreforma para solo americano, o catolicismo pro- sões holandesas, que ocorreram em colônias portuguesas na África
fessado pelos portugueses era mais um elemento de estímulo para também, como Angola, foram motivadas pelas divergências com
expulsar os holandeses do local. a Espanha que iam desde problemas relacionados com o comércio
Os conlitos iniciaram-se em maio de 1645, após o regresso marítimo até questões religiosas.
de Maurício de Nassau à Holanda. As tropas comandadas por João A situação dos engenhos de açúcar de Pernambuco, que eram
Fernandes Vieira receberam o apoio de Antônio Felipe Camarão, controlados pela Companhia das Índias Ocidentais (empresa ho-
índio potiguar conhecido como Poti que auxiliou no combate aos landesa), a partir da década de 1640, começou a apresentar sinais
holandeses junto a centenas de índios sob seu comando. Outro au- de declínio. Os produtores locais passaram a icar insatisfeitos com
xílio recebido veio do africano liberto Henrique Dias. A Batalha a administração holandesa, que lhes cobrava os dividendos dos
do Monte Tabocas foi o principal enfrentamento ocorrido nesse lucros a qualquer custo. Alguns senhores de engenho, pressiona-
início da Insurreição. Os portugueses conseguiram inligir uma dos pelos holandeses, refugiaram-se na Bahia; outros procuravam
retumbante derrota aos holandeses, garantindo uma elevação da eximir-se da dívida de outras formas.
moral para a continuidade dos conlitos. Além disso, os insurrectos Essa situação chegou a um ponto de saturação no ano de 1645,
receberam apoio de tropas vindas principalmente da Bahia. quando houve a primeira campanha de insurreição, sobretudo por-
O Palácio de Friburgo (1642), local de residência e de des- que foi nesse ano que o governador Maurício de Nassau partiu de
pachos de Maurício de Nassau, foi demolido no século XVIII Pernambuco para a sua terra natal. Os primeiros a comandarem a
devido aos danos causados durante a Insurreição Pernambucana. insurreição de 1645 foram os senhores de engenho do interior de
Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que icou conheci- Pernambuco. Depois, logo passaram a ser apoiados pelos senhores
de engenho que retornaram da Bahia com o objetivo de reaver as
da como Nova Holanda, indo do Recife a Itamaracá, os invasores
suas terras. Em poucos meses, as tropas conseguiram chegar até
começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que os levou a
Recife.
atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma
Posteriormente, os holandeses foram expulsos também de
e Tejucupapo.
Alagoas e Sergipe. Os principais comandantes das tropas insur-
Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha de Tejucu- gentes foram João Fernandes Vieira, Antônio Felipe Camarão e
papo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas Henrique Dias, além de vários comandantes que enfrentaram em
e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os menor número e com poucos recursos as tropas holandesas.
deinitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira As batalhas decisivas desenrolaram-se no lugar chamado
importante participação militar da mulher na defesa do território Montes Guararapes e icaram conhecidas como Batalhas de Gua-
brasileiro. rarapes, ocorridas entre o im de 1648 e o início de 1649.
Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holan- A Insurreição Pernambucana foi à revolta dos colonos portu-
deses por im foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos gueses e nativistas contra a invasão holandesa no Nordeste brasi-
Guararapes. A data da primeira das Batalhas dos Guararapes é con- leiro, ocorrida no período de 1645 a 1654. Reportemos ao contexto
siderada o dia da origem do Exército brasileiro histórico da época e vejamos os fatores que culminaram nesta re-
Outro componente envolvido na Insurreição Pernambucana volta e, posteriormente, na derrota e expulsão dos holandeses das
estava ligado às disputas que havia entre vários países europeus terras brasileiras, tanto quanto, as consequências dessa rebelião.
à época. Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), os espa- Com o início da expansão marítimo-comercial, no século XV,
nhóis estavam em confronto com os holandeses pelos territórios tem-se o processo de descobrimento e colonização das Américas,
dos Países Baixos. Era ainda o período da União Ibérica, em que o em que, Portugal foi o país pioneiro nessas atividades, justamen-
Reino Português estava subjugado ao Reino Espanhol. te, por sua localização geográica privilegiada, possuir uma cen-
Nesse sentido, a posição holandesa em relação a Portugal era tralização política, e estudos náuticos avançados. Outros países
dúbia. Em solo europeu, os holandeses apoiavam os portugueses europeus também participaram dessa expansão, como no caso de
contra o domínio espanhol, mas, ao mesmo tempo, ocupavam ter- Espanha, França, Inglaterra e Holanda.
ritórios portugueses na África Ocidental e no Brasil, sendo que Neste período, a Espanha ainda se via envolvida na Guerra
além da região pernambucana, os holandeses tentaram ainda con- de Reconquista contra os mouros, e também não havia comple-
quistar algumas localidades no Maranhão e em Sergipe. tado sua uniicação política, provocando seu atraso na expansão
No início de 1648, Holanda e Espanha selaram a paz, e os es- marítima. Somente após esses eventos que o país espanhol pode
panhóis aceitaram entregar aos holandeses as terras tomadas pelos de fato investir nas navegações rumo à descoberta de novas terras,
resultando mais tarde, em rivalidade com Portugal por posse des-
insurrectos portugueses em Pernambuco. Frente a tal situação, o
ses novos territórios. E assim, foi decretado, em junho de 1494,
conlito continuou. Em Abril de 1648, ocorreu a primeira Bata-
o Tratado de Tordesilhas, acordo que determinava a divisão das
lha dos Guararapes, em que os holandeses sofreram dura derrota,
terras descobertas entre os países ibéricos.
abrindo caminho para o ressurgimento do domínio português a
Sendo essa divisão de terras somente entre Portugal e Espa-
partir de 1654. nha, países como a França, Inglaterra e Holanda se sentiram pre-
A denominada Insurreição Pernambucana ocorreu no contex- judicados com este acordo, e passaram atacar as colônias portu-
to da ocupação holandesa de parte da região Nordeste do Brasil, guesas e espanholas. França e Inglaterra iniciaram a exploração
incluindo a região de Pernambuco. Os holandeses estabeleceram- marítima tardia devido aos conlitos que viviam: Guerra dos Cem
-se nessa região a partir de 1630, no período que em que o Brasil Anos (1337-1453), e a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), na
estava sob o jugo do trono espanhol, que estava unido a Portugal Inglaterra.

Didatismo e Conhecimento 11
HISTÓRIA
A Holanda também teve sua participação na expansão marí- deste brasileiro, Pernambuco estava atravessando uma grave crise
tima postergada, pois esta era de domínio espanhol, tendo sua in- econômica em razão do declínio das exportações do açúcar e do
dependência proclamada em 1576, com a formação das Províncias algodão. Além disso, a grande seca de 1816 devastou a agricultura,
Unidas dos Países Baixos. provocou fome e espalhou a miséria pela região. A insatisfação po-
A União Ibérica (1580-1640), período em que Portugal vivia pular, que já era grande, generalizou-se diante dos pesados tributos
sob o domínio espanhol, também foi outro fator que prejudicou a e impostos, cobrados pelo governo de dom João.
França, Inglaterra e Holanda, pois os espanhóis fecharam os portos Foi também em Pernambuco, que os princípios de “liberdade,
ibéricos a esses países. A partir de então, a Holanda começou a igualdade e fraternidade”, que compunham os ideais da Revolu-
invadir as colônias portuguesas e espanholas, conseguindo con- ção Francesa de 1789, encontraram “solo fértil” para circular e se
quistar o território da atual Suriname, além também de obter terras propagar. Coube as sociedades secretas e ao maçons, a organiza-
no continente africano e na Índia. ção de permanentes e acirrados debates sobre as novas doutrinas
Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Oci- revolucionárias, com o propósito de avaliar a adequação dessas
dentais (WIC), e a primeira tentativa de invasão em solo brasileiro ideias à situação de crescente insatisfação da população colonial
foi em (1624-25), na Bahia; porém acabaram derrotados em 1625. da região do Nordeste brasileiro. Destacaram-se neste trabalho, os
Outro ataque holandês deu-se em uma região menos protegida, padres João Ribeiro e Miguelinho, e os líderes maçons Domingos
em território pernambucano, o que provocou uma forte reação por
José Martins e Antônio Cruz.
parte dos colonizadores portugueses e o povo nativista contra a
invasão dos holandeses, no ano de 1645.
Governo provisório
Por im, a derrota holandesa aconteceu em 1654, e com isso,
despertavam-se os primeiros sentimentos nativistas. No entanto, O movimento de revolta ainda estava em sua fase preparató-
em decorrência da expulsão dos holandeses das terras brasileiras, ria, quando o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro
estes colonizaram as Antilhas e aumentaram a produção de açúcar tomou conhecimento da conspiração, ordenando, em seguida, a
com suas técnicas avançadas, gerando uma decadência na produ- prisão imediata dos envolvidos. Porém, os pernambucanos rebel-
ção açucareira no nordeste do Brasil. des conseguiram resistir ao cerco das tropas militares oiciais. Esse
Outra consequência dessa expulsão holandesa foi o acordo ir- fato é considerado como o estopim da rebelião, que rapidamente
mado entre Portugal e Holanda, o chamado Tratado de Paz de Haia ganhou força. Diante disso, o governador fugiu do palácio, mas foi
(1661), no qual os holandeses receberiam dos portugueses uma preso pelos rebeldes.
indenização de 4 milhões de cruzados, além das Ilhas Molucas e Os rebeldes tomaram o palácio e em pouco tempo dominaram
do Ceilão. Recife. Os líderes da rebelião chegaram a constituir um governo
provisório, composto por representantes de várias classes sociais.
A partir de então, para consolidar o movimento revolucionário,
os rebeldes adotaram uma série de medidas de caráter político e
A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO I E II econômico com objetivo de obter o apoio da população e das elites
REINADO: PERNAMBUCO NO CONTEXTO locais. De imediato, o governo provisório ordenou a libertação dos
DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL; presos políticos, aumentou o soldo dos soldados, aboliu os títulos
de nobreza e extinguiu alguns impostos.

Falta de apoio e repressão


A Revolução pernambucana de 1817 foi o último movimen- O governo provisório também organizou grupos de emissá-
to de revolta anterior à Independência do Brasil. Mas, diferente- rios, que icaram encarregados de se dirigirem para as províncias
mente de todos os outros movimentos sediciosos que eclodiram do Norte e Nordeste para desencadear um movimento revolucio-
no período colonial, a Revolução pernambucana conseguiu ultra- nário mais amplo. Na Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, po-
passar a fase conspiratória e atingir a etapa do processo revolucio- rém, as tentativas malograram diante da repressão desencadeada
nário de tomada do poder. As causas da Revolução pernambucana
por forças militares oiciais, e também pela falta de apoio popular.
estão intimamente relacionadas ao estabelecimento e permanência
Em Pernambuco, dom João ordenou uma violentíssima repressão
do governo português no Brasil (1808-1821).
militar contra os revolucionários.
Quando a Corte portuguesa abandonou Portugal e estabele-
ceu-se no Brasil, fugindo da invasão napoleônica, adotou uma sé- As tropas oiciais atacaram por terra e mar, cercando o porto
rie de medidas econômicas e comerciais que geraram crescente de Recife com uma grande esquadra. O governo provisório durou
insatisfação da população colonial. A implantação dos novos ór- 75 dias, os revolucionários pernambucanos foram derrotados. Os
gãos administrativos governamentais e a transmigração da Corte que não morreram em combate foram rapidamente presos. Todos
e da família real portuguesa exigiram vultosas somas de recursos os líderes revolucionários presos acabaram sendo sumariamente
inanceiros. Para obtê-las, a Coroa lusitana rompeu com o pacto condenados à morte, entre eles: Teotônio Jorge, padre Pedro de
colonial, concedendo inúmeros privilégios à burguesia comercial Souza Tenório, Antônio Henriques e José de Barros Lima.
inglesa, e criou novos impostos e tributos que oneraram as cama-
das populares e os proprietários rurais brasileiros. República e revolução
As lideranças do movimento revolucionário tinham como pro-
Ideais liberais em Pernambuco jeto político o estabelecimento de uma República e a elaboração
Em nenhuma outra região, a impopularidade da Corte portu- de uma Constituição, norteadas pelos princípios e ideais franceses
guesa foi tão intensa quanto em Pernambuco. Outrora um dos mais de igualdade e liberdade para todos. Mas, o ideário republicano
importantes e prósperos centros da produção açucareira do Nor- dos rebeldes encontrou alguns limites de classe diante da questão

Didatismo e Conhecimento 12
HISTÓRIA
do trabalho cativo. Para não perder o apoio dos proprietários de líderes, Frei Caneca, foi condenado ao fuzilamento. Padre Moro-
engenho locais, as lideranças do movimento revolucionário não ró, outra importante liderança, foi executado a tiros. Outros foram
chegaram a propor uma ruptura radical com a escravidão negra. condenados à prisão como foi o caso do jornalista Cipriano Barata.
Não obstante, a Revolução pernambucana, apesar do seu fracasso, Muitos revoltosos fugiram para o sertão e tentaram manter o mo-
entrou para a história como o maior movimento revolucionário do vimento vivo, porém o movimento perdeu força no mesmo ano
período colonial. que começou.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia- REVOLUÇÃO PRAIEIRA


-brasil/revolucao-pernambucana-republica-em-pernambuco- No começo do Segundo Reinado, a ascensão dos liberais que
-durou-75-dias.htm apoiaram a chegada de Dom Pedro II ao poder foi logo intercepta-
da após os escândalos políticos da época. As “eleições do cacete”
tomaram os noticiários da época com a denúncia das fraudes e
agressões físicas que garantiriam a vitória da ala liberal. Em res-
MOVIMENTOS LIBERAIS: posta, alguns levantes liberais em Minas e São Paulo foram prepa-
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR E rados em repúdio às ações políticas centralizadoras do imperador.
REVOLUÇÃO PRAIEIRA; Nesses dois estados os levantes não tiveram bastante expres-
são, sendo logo contidos pelas forças militares nacionais. Entre-
tanto, o estado de Pernambuco foi palco de uma ação liberal de
maior impacto que tomou feições de caráter revolucionário. Ao
longo da década de 1840, setores mais radicais do partido liberal
Confederação do Equador recifense manifestaram seus ideias através do jornal Diário Novo,
localizado na Rua da Praia. Em pouco tempo, esses agitadores po-
O que foi líticos icaram conhecidos como “praieiros”.
A Confederação do Equador foi um movimento político e re- Entre as principais medidas defendidas por esses liberais es-
volucionário ocorrido na região Nordeste do Brasil em 1824. O tavam a liberdade de imprensa, a extinção do poder moderador, o
movimento teve caráter emancipacionista e republicano. Ganhou
im do monopólio comercial dos portugueses, mudanças socioe-
este nome, pois o centro do movimento icava próximo a Linha do
conômicas e a instituição do voto universal. Mesmo não tendo ca-
Equador. A revolta teve seu início na província de Pernambuco,
ráter essencialmente socialista, esse grupo político era claramente
porém, espalhou-se rapidamente por outras províncias da região
inluenciado por socialistas utópicos do século XIX, como Pierre–
(Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba).
Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.
Em Pernambuco, centro da revolta, o movimento teve partici-
Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a nomea-
pação das camadas urbanas, elites regionais e intelectuais. A gran-
de participação popular foi um dos principais diferenciais deste ção de um presidente de província conservador mineiro para con-
movimento. ter a ação dos liberais pernambucanos. Revoltados com essa ação
autoritária do poder imperial, os praieiros pegaram em armas e
Causas principais tomaram conta da cidade de Olinda. A essa altura, um conlito civil
- Forte descontentamento com centralização política imposta contando com o apoio de grandes proprietários, proissionais libe-
por D. Pedro I, presente na Constituição de 1824; rais, artesãos e populares tomou conta do estado.
- Descontentamento com a inluência portuguesa na vida polí- Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade de Re-
tica do Brasil, mesmo após a independência; cife e entraram em novo confronto com as forças imperiais. Nesse
- A elite de Pernambuco havia escolhido um governador para período, o insurgente Pedro Ivo surgiu como um dos maiores líde-
a província: Manuel Carvalho Pais de Andrade. Porém, em 1824, res dos populares. Entretanto, a falta de apoio de outras províncias
D.Pedro I indicou um governador de sua coniança para a provín- acabou desarticulando o movimento pernambucano. No ano de
cia: Francisco Paes Barreto. Este conlito político foi o estopim da 1851, o governo imperial deu im aos levantes que contabilizaram
revolta. cerca de oitocentas baixas.
* Texto adaptado por Rainer Sousa
Objetivos da revolta
- Convocação de uma nova Assembleia Constituinte para ela- Fonte: http://www.historiadobrasil.net/resumos/confedera-
boração de uma nova Constituição de caráter liberal; cao_do_equador.htm
- Diminuir a inluência do governo federal nos assuntos polí- http://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucao-praieira.
ticos regionais; htm
- Acabar com o tráico de escravos para o Brasil;
- Organizar forças de resistências populares contra a repressão
do governo central imperial;
- Formação de um governo independente na região.

Reação do governo e im do movimento


- Sob o comando do almirante britânico Thomas Cochrane,
as forças militares do império atuaram com rapidez e força para
colocar im ao movimento emancipacionista. Um dos principais

Didatismo e Conhecimento 13
HISTÓRIA

O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO COTIDIANO E FORMAS DE


DE ESCRAVOS PARA TERRAS RESISTÊNCIA ESCRAVA EM
PERNAMBUCANAS; PERNAMBUCO;

O tráico negreiro no Brasil perdurou do século XVI ao


XIX. Nosso país recebeu a maior parte de africanos escravizados Entre os séculos XVI e XIX, milhares de africanos foram fei-
no período (quase 40% do total) e foi a nação da América a mais tos prisioneiros em suas terras natais e levados para servir como
tardar a abolição do cativeiro (1888). Era uma atividade lucrativa mão de obra escrava em diversas regiões do mundo, principalmen-
e praticada pelos portugueses antes do descobrimento do Brasil. te nas Américas. Tratados como uma mercadoria, negociados de
As embarcações utilizadas para o transporte desses escravos feira em feira, aprisionados em barracões e em porões de navios
da África para o Brasil eram as mesmas anteriormente usadas para negreiros, esses indivíduos sofriam com a fome, com a sede e com
o transporte de mercadorias da Índia. Assim, podemos levantar as inúmeras doenças que contraíam, devido à subnutrição e às pés-
dúvidas sobre o estado de conservação e a segurança dos navios simas condições de higiene nas quais eram obrigados a viver.
negreiros. Ao chegarem aos seus destinos, em terras muito distantes,
No início desse “comércio” eram utilizadas para o tráico ne- eram novamente trancaiados em outros barracões. E ali espera-
greiro desde as charruas até as caravelas, com arqueações que va- vam seus compradores, ou seja, os seus novos senhores.
riavam entre 100 e 1000 toneladas. Mas com o passar do tempo os
navios negreiros começaram a ser escolhidos com mais especiici- Os escravos africanos no Brasil
dade, indo de naus com apenas uma cobertura (os escravos eram A sociedade escravista brasileira necessitava de mão de obra
transportados sem distinção nos porões) a naus com três coberturas para a lavoura e a mineração. Para suprir esse mercado, a maioria
(separando-se homens, mulheres, crianças e mulheres grávidas). dos escravos africanos negociados aqui eram homens e tinham en-
Àquela época, esses navios eram apelidados de “tumbeiros”, pois tre 15 e 30 anos de idade.
devido às condições precárias muitos escravos morriam. Os negros Um problema que os escravos recém-chegados encontravam
que não sobreviviam à viagem tinham seus corpos jogados ao mar. era saber se comunicar, principalmente para entender as ordens
Os negros que aqui chegavam pertenciam, grosso modo, a que recebiam. Os escravos que ainda não sabiam falar o português
dois grupos étnicos: os bantos, vindos do Congo, da Angola e de eram chamados de boçais. Os que já tinham algum conhecimento
Moçambique (distribuídos em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio da língua eram chamados de ladinos. Existiam também oscrioulos,
de Janeiro) e os sudaneses, da Nigéria, Daomé e Costa do Marim que eram os escravos nascidos no Brasil e, portanto já estavam
(cuja mão-de-obra era utilizada no Nordeste, principalmente na integrados à cultura local.
Bahia). (leia mais: Origem dos escravos africanos). Assim que chegavam aqui, os escravos perdiam o direito de
A saudade da terra natal (banzo) e o descontentamento com usar o seu nome africano e de praticar as suas antigas tradições.
as condições de vidas impostas eram a principal razão das fugas, Eram batizados segundo a fé católica e recebiam nomes portugue-
revoltas e até mesmo dos suicídio dos escravos. A “rebeldia” era ses, como João, Joaquim, Maria. Por isso suas origens acabaram
punida pelos feitores com torturas que variavam entre chicotadas, sendo apagadas dos registros históricos.
privação de alimento e bebida e o “tronco”. Durante essas puni- Ainda hoje, os pesquisadores têm diiculdade para identiicar
ções, os negros tinham seus ferimentos salgados para provocar que grupos - das milhares de etnias africanas - chegaram ao Bra-
mais dor. sil, já que recebiam o nome do porto africano por onde tinham
O motivo para o início do tráico negreiro no Brasil foi a pro- sido embarcados. Os principais portos eram da Costa da Mina, de
dução de cana-de-açúcar. Os escravos eram utilizados como mão- Luanda, de Benguela e de Cabinda. E assim os escravos passavam
-de-obra no Nordeste. Comercializados, escravos jovens e saudá- a ser chamados de Mina, Congo, Angola, Benguela, Cabinda. Por
veis eram vendidos pelo dobro do preço de escravos mais velhos exemplo: Maria Mina, José Cabinda.
ou de saúde frágil. Vistos como um bem material, eles podiam ser Hoje sabemos, por exemplo, que pelo porto de Luanda - de
trocados, leiloados ou vendidos em caso de necessidade. onde saiu a maior quantidade de escravos para o Brasil - embar-
O Tráico Negreiro foi extinto pela Lei Eusébio de Queirós, caram as etnias dembos, ambundos, imbangalas, lundas e diversas
em 1850. A escravidão no Brasil, no entanto, somente teve im em outras. Os africanos eram tratados como se fossem um único povo,
1888, com a Lei Áurea. cuja cultura era considerada “inferior”. Por isso eram obrigados
a trabalhar em situações degradantes, vivendo de forma precária,
Fonte: http://www.historiabrasileira.com/escravidao-no- sendo punidos com violência caso não cumprissem as ordens que
-brasil/traico-de-escravos-para-o-brasil/ lhes eram dadas. Existiram exceções a essa regra?
Sim. Alguns africanos conseguiram viver em melhores condi-
ções, outros até mesmo chegaram a ter escravos seus. Mas foram
poucos. A regra era: submissão, exploração, desrespeito, humilha-
ção. De qualquer forma, os africanos e os seus descendentes foram
se tornando brasileiros: aprenderam a língua e passaram a seguir
(ao menos aparentemente) os padrões culturais que lhes era impos-

Didatismo e Conhecimento 14
HISTÓRIA
to. Mesmo por que precisavam sobreviver à nova condição em que
se encontravam: eram escravos numa terra distante, e não tinham CRISE DA LAVOURA CANAVIEIRA;
nenhuma possibilidade de retornar à África.

A resistência dos escravos


Muitos escravos não aceitavam a vida que lhes era imposta
e resistiam de diversas formas: suicidavam-se, não cumpriam as Ao irmar as atividades coloniais no Brasil a partir de 1530,
ordens que recebiam, assassinavam seus senhores, fugiam, rebe- os portugueses logo tomaram ações em prol do desenvolvimento
lavam-se. Alguns africanos sofriam uma depressão profunda, cha- da indústria açucareira. Tal opção se dava primordialmente pelo
mada de banzo, o que podia levar a morte por inanição. clima e o solo tropical, ideais para o plantio extensivo de cana-
Os senhores de escravos tinham horror a qualquer tipo de -de-açúcar. Além disso, devemos assinalar que os portugueses já
resistência, pois além de temerem por suas vidas, temiam perder acumulavam larga experiência nesse tipo de empreendimento agrí-
todo o dinheiro investido na compra do seu escravo. Muitos escra- cola, pois o mesmo já era experimentado nas ilhas atlânticas de
vos fugitivos se organizaram em quilombos. Na África, okilom- Madeira e Cabo Verde.
bo era um acampamento militar dos jagas (guerreiros imbangala), Somada às condições naturais favoráveis e ao conhecimento
e aqui no Brasil se tornou uma comunidade que se organizava para técnico, também devemos frisar que a produção de açúcar foi esco-
resistir à sociedade escravista. lhida pela alta demanda que o produto tinha no mercado europeu.
O mais famoso quilombo foi o dos Palmares, fundado na Ser- Dessa forma, observamos que a indústria açucareira representava
ra da Barriga, na então capitania de Pernambuco (hoje Alagoas), perfeitamente a lógica do colonialismo, onde a metrópole se dispu-
no século 17, mas existiram centenas de quilombos por todo terri- nha das terras dominadas para buscar lucro e explorar as mesmas,
tório brasileiro. Na província de São Paulo, por exemplo, um dos em função das necessidades do mercado externo.
maiores quilombos foi o do Jabaquara, foi fundado no século 19 Não tendo condições de arcar com os altos investimentos exi-
na serra de Cubatão. gidos pela fabricação de açúcar, os portugueses realizaram uma
Alguns escravos fugiam por um tempo, mas retornavam ao sólida parceria com os comerciantes holandeses. Em suma, os
seu senhor em troca de melhores condições de vida. Havia também mercadores da região lamenca recolhiam o açúcar que chegava
escravos que fugiam e tentavam a sorte em outra região, dizendo à cidade de Lisboa e realizava a distribuição do produto em vá-
ser um liberto. Outra forma de resistência era o assassinato do se- rias regiões da Europa, como França, Inglaterra e no Báltico. Em
nhor ou de funcionários, como o feitor, por exemplo. Nesse senti- outros casos, os holandeses participavam da produção açucareira
do é interessante observar a deinição que a Enciclopédia Larousse oferecendo empréstimos para a construção de engenhos no Brasil.
traz para a guiné: Planta herbácea, perene, com característico Na medida em que ofereceu um signiicativo retorno inan-
odor que lembra o alho. As raízes tem propriedades antiespasmó- ceiro, a Coroa Portuguesa estabelecia isenções de tributos e outros
dicas, abortivas, sudoríicas, diuréticas, anti-reumáticas, mas em privilégios que buscavam facilitar a produção dos senhores de en-
doses elevadas podem provocar a morte. Os escravos conheciam genho. Em pouco tempo, podemos ver que o produto conquistou
o efeito tóxico dessa planta e chamavam-na de “amansa-senhor”. o mercado europeu e ocupou novos espaços no ambiente colonial
Durante os quatro séculos em que a escravidão existiu no Bra- brasileiro. Na década de 1570, estima-se que já havia cerca de 60
sil, muitas rebeliões ocorreram, mas pouco se conhece sobre elas, engenhos construídos ao longo do território. Já em 1627, novos
já que nessa época as autoridades máximas eram os próprios se- dados indicavam praticamente o quádruplo dessas instalações.
nhores de escravos, e poucos deles registraram esses episódios. A Alcançando a segunda metade do século XVII, vemos que
rebelião de escravos que mais teve repercussões foi a Revolta dos o triunfo alcançado pelo açúcar já não era mais o mesmo. Nessa
Malês, em 1835 na Bahia. época, os holandeses foram expulsos da região Nordeste – princi-
Os africanos resistiram e se impuseram de diversas formas, pal polo de fabricação do açúcar brasileiro – para empreender o
legando-nos, por exemplo, palavras do nosso vocabulário, pratos cultivo de cana-de-açúcar nas Antilhas. Nesse contexto, Portugal
de nossa culinária, festas populares, crenças religiosas, instrumen- não conseguiu fazer frente ao preço e à qualidade mais competitiva
tos musicais. A transmissão de seus valores culturais talvez seja do açúcar antilhano. De tal modo, a produção açucareira entrara
a mais importante forma de resistência dos africanos, que não se em crise.
renderam aos padrões que lhes foram impostos. Os africanos e Essa não seria a primeira e nem a última vez que a produção
seus descendentes participaram da construção do Brasil e do povo de açúcar brasileira viria a entrar em crise. A falta de condições
brasileiro, e não podemos pensar a nossa cultura sem entender (e para investimento e as várias oscilações experimentadas no mer-
reverenciar) a nossa herança africana. cado externo acabavam por delagrar esses tempos de crise da eco-
nomia açucareira. Apesar disso, não podemos nos esquecer que tal
Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/escra- atividade econômica sempre igurou entre as mais importantes de
vismo-no-brasil-a-resistencia-de-africanos-e-descendentes.htm nossa economia colonial. E, por isso, nunca chegou a entrar em
uma crise deinitiva que viesse a encerrar o negócio.

Principais causas da crise do açúcar


- A União Ibérica (1580 a 1640), que estabeleceu o domínio
da Espanha sobre Portugal e suas colônias. Este fato fez com que
os espanhóis tirassem os holandeses da lucrativa atividade açuca-

Didatismo e Conhecimento 15
HISTÓRIA
reira brasileira, expulsando-os do Nordeste brasileiro. Após este dos para o território, que chegou a ter 200 quilômetros de largura,
fato os holandeses passaram a produzir açúcar em suas colônias em um terreno que hoje corresponde ao estado de Alagoas, parte
nas Antilhas. de Sergipe e de Pernambuco. O movimento, iniciado por volta de
- Os holandeses conheciam o processo de fabricação de açú- 1590, só foi derrotado cerca de 100 anos depois, em 1694. Um ano
car e tinham o controle sobre a distribuição e comercialização depois, Zumbi, traído por um homem de sua coniança, foi assassi-
deste produto. Logo, conseguiram conquistar os grandes mercados nado. A data de sua morte, 20 de novembro, é muito comemorada
consumidores rapidamente, deixando o açúcar produzido no Brasil pelo movimento negro e foi oicializada como o Dia Nacional de
em segundo plano no mercado internacional. A concorrência ho- Denúncia contra o racismo. Mas o começo da liberdade ainda de-
landesa foi, portanto, uma das principais causas da crise do açúcar moraria para acontecer
brasileiro no período colonial, pois eles conseguiram produzir açú- Os primeiros passos, antes da Lei Áurea, foram a Lei do Ven-
car mais barato e de melhor qualidade do que o brasileiro. tre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1884). A primeira esta-
Vale ressaltar que, apesar da crise, a produção e exportação belecia que os ilhos de escravos icavam sob os cuidados do se-
de açúcar permaneceram como principais atividades econômicas nhor de suas mães até 8 anos. Depois, o senhor poderia libertá-los
até o apogeu do Ciclo do Ouro (segunda metade do século XVIII). e receber indenização ou usar seus trabalhos até os 21 anos, depois
eles estariam livres. A segunda dizia que os escravos estariam li-
Busca de novos recursos na colônia brasileira vres quando completassem 60 anos. Mas antes da liberdade total,
A crise do açúcar reduziu drasticamente os lucros dos senho- deveriam trabalhar 5 anos de graça como indenização aos senhores
res de engenho do Nordeste e também diminuiu a arrecadação de pelos gastos com a compra deles.
impostos, provocando uma crise inanceira em Portugal. A coroa Só então é que veio a Lei Áurea. Mas mesmo depois da lei,
portuguesa rapidamente agiu em busca de uma nova forma de ex- os ex-escravos batalharam bastante para sobreviver, porque não
ploração colonial. tinham emprego, nem terras, nem nada. Muitos deles arranjaram
Neste sentido, a coroa portuguesa estimulou a produção de empregos que pagavam pouco porque era tudo que os brancos lhes
outros gêneros agrícolas no Brasil como, por exemplo, tabaco e ofereciam. Os movimentos de consciência negra surgem como
algodão. Incentivou também a busca pelas drogas do sertão na forma de protestar contra esta desigualdade social e contra o pre-
região da Amazônia. Estas nada mais eram do que especiarias conceito racial. Hoje, 13 de maio é o Dia Nacional de Denúncia
(canela, ervas aromáticas e medicinais, cacau, castanha-do-pará, contra o Racismo.
baunilha, cravo e guaraná) muito apreciadas na Europa. O rei de É compromisso de todo mundo lutar por um mundo mais
Portugal viu, nesta atividade, uma nova fonte de renda e desenvol- justo, e está incluída aí a justiça racial. Todos os seres humanos
vimento de sua principal colônia. As entradas e bandeira tiveram merecem respeito carinho ou atenção, independentemente da cor
papel fundamental na busca por estas especiarias. da sua pele. Isto signiica que você deve tratar bem todos os seus
colegas e seus conhecidos, não importa se ele é branco, negro ou
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/historiab/apogeu- oriental. Leis Abolicionistas 1815 - Tratado anglo-português, na
-acucar.htm qual Portugal concorda em restringir o tráico ao sul do Equador;
http://www.historiadobrasil.net/brasil_colonial/crise_acucar. 1826 - Brasil compromete em acabar com o tráico dentro de 3
htm anos 1831 - Tentativa de proibição do tráico no Brasil, sob pressão
da Inglaterra. 1838 - abolição da escravidão nas colônias inglesas
1843 - os ingleses são proibidos de comprar e vender escravos em
qualquer parte do mundo 1845 - A Inglaterra aprova o Bill Abe-
A PARTICIPAÇÃO DOS POLÍTICOS erden, que da a Inglaterra o poder de apreender os navios negrei-
PERNAMBUCANOS NO PROCESSO ros com destino ao Brasil 1850 - É aprovada sob pressão inglesa
DE EMANCIPAÇÃO/ABOLIÇÃO a lei Eusébio de Queirós, que proíbe o tráico negreiro no Brasil
DA ESCRAVATURA. 1865 - A escravidão é abolida nos Estados Unidos (13a. emenda
Constitucional) 1869 - Manifesto Liberal propõe a emancipação
gradual dos escravos no Brasil 1871 - Lei do Ventre Livre ou Lei
Rio Branco 1885 - Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotejipe
1888 - Lei Áurea. A escravidão era uma instituição “onipresente:
Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio havia escravos em todos os municípios do Império e era no traba-
de 1988. A lei marcou a extinção da escravidão no Brasil, o que lho deles que se assentavam todas as atividades produtivas (...) a
levou à libertação de 750 mil escravos, a maioria deles trazidos da posse deles era vital para a manutenção do status social. A relutân-
África pelos portugueses. A assinatura da lei foi consequência de cia em abolir não decorria somente do seu valor econômico, mas
um longo processo de disputas. Logo antes da elaboração do de- encontrava-se profundamente enraizada na cultura e nos valores
putado conservador João Alfredo, muitas manifestações pedindo das classes dominantes como um todo”. A escravidão continuava a
a libertação dos escravos já ocupavam as ruas, principalmente em ser a principal forma de trabalho no Brasil durante o século XIX,
São Paulo e Rio de Janeiro. tanto nas áreas agro-exportadoras como naquelas dedicadas à cul-
Na verdade, os escravos já estavam mobilizados em torno des- tura de subsistência.
ta causa havia muitos anos. Um dos primeiros ícones da luta pela Esse apego à escravidão devia-se ao fato de que os escravos
libertação dos escravos, considerado o mais importante até hoje, eram os únicos que trabalhavam quer nas cidades quer no cam-
foi o movimento do Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi po. O im da escravidão no Brasil foi um processo lento e gradual
dos Palmares. Escravos fugidos ou raptados de senzalas eram leva- ocupando praticamente todo o Século XIX. Após a independência

Didatismo e Conhecimento 16
HISTÓRIA
em 1822, a Inglaterra pressionou o governo brasileiro que compro- A Campanha Abolicionista contribuiu para desacreditar o sis-
mete-se a acabar com o tráico em 3 anos. Em 1850 o país cedeu a tema escravista. As leis emancipadoras aprovadas pelo Parlamento
pressão inglesa e proibiu o tráico. A Inglaterra admitia o escravis- tiveram um resultado psicológico importante pois condenaram a
mo em suas colônias produtoras de gêneros de consumo. Não po- escravidão a desaparecer gradualmente. Isso forçou os proprietá-
dia contudo, aceitar o monopólio dessas regiões sobre o mercado rios de escravos a pensarem em soluções alternativas para o pro-
metropolitano de açúcar, na medida em que assegurava mercado blema de mão-de-obra. Mas foi apenas quando os escravos decidi-
estável e preços elevados a essas colônias, além de obrigar os in- ram abandonar as fazendas em número cada vez maior desorgani-
dustriais a pagar maiores salários aos trabalhadores. zando o trabalho, que os fazendeiros se viram obrigados a aceitar
Os gêneros agrícolas de outras regiões não podiam ser comer- como inevitável, a Abolição. Igualmente importante foi a adesão
cializados livremente no reino britânico e, com isso, os industriais dos militares à causa abolicionista.” Após a escravidão continua a
não conseguiam vender seus produtos a essas regiões que só po- historiadora Emília Viotti “muitos abandonaram as fazendas onde
diam pagar em gêneros agrícolas. inalmente, deve-se considerar viviam, empregando-se em outras. Outros abandonaram o campo
que a Inglaterra não se beneiciava das constantes baixas da co- pela cidade, onde a maioria continuou a viver em condições mise-
tação do açúcar em diversas regiões do mundo, pois, conforme ráveis.” O im da escravidão em 13 de Maio de 1888 é analisado
leis aprovadas por seus plantadores desde 1739, não podia adquirir dessa maneira por Alfredo Bosi “ O Treze de Maio não é uma data
açúcar proveniente de outras partes do mundo. Dessa maneira, a
apenas entre outras, número neutro, notação cronológica. É o mo-
extinção do tráico de escravos, apoiada pelos industriais ingleses,
mento crucial de um processo que avança em duas direções. Para
não representava qualquer atitude ilantrópica, mas um meio de
fora: o homem negro é expulso de um Brasil moderno, cosmético,
enfraquecer as regiões colônias e anular as leis que davam a essas
áreas o monopólio do comércio de gêneros agrícolas. Somente em europeizado. Para dentro: o mesmo homem negro tangido para os
1833, após uma série de reformas eleitorais, é que os industriais porões do capitalismo nacional, sórdido, brutesco.
conseguiram abolir o escravismo em todo Império inglês. (...) Em O senhor liberta-se do escravo e traz ao seu domínio o assa-
1843, foram revogadas as leis que reservavam os mercados ingle- lariado, migrante ou não. Não se decretava oicialmente o exílio
ses para os agricultores ingleses. do ex-cativo, mas passaria a vivê-lo como estigma na cor da sua
O livre-câmbio que, no caso britânico, atendia aos industriais, pele” “Entre as consequências dos séculos de escravidão no Brasil
triunfava. Adaptado de: Controvérsias na História do Brasil, MEC, desenvolveu-se um quadro de exclusão dos negros. No Brasil um
Secretária de Ensino de 1o. e 2o. Graus. O im do tráico condena- branco recebe mensalmente, em média o dobro do negro. “Para
va a escravidão ao im, pois, devido as difíceis condições de vida alguns - sociólogos, historiadores - um país agrário, com poder
e de trabalho, os castigos e a alta taxa de mortalidade impediam concentrado na aristocracia branca, ajuda a explicar em parte o
sua reprodução interna dos escravos. Os acontecimentos interna- porquê do racismo. Imigrantes, mestiços ou negros chegavam ao
cionais de 1860, com a libertação dos escravos no Império portu- país para trabalhar em funções de baixa remuneração” Na luta con-
guês, francês e dinamarquês e principalmente o im da escravidão tra a escravidão, algumas pessoas se destacam por sua dedicação
nos EUA, deixavam a Monarquia em situação desconfortável. à causa. Fonte: www.escolavesper.com.br O café e a decadência
Em 1866, a sociedade abolicionista de Paris pediu ao Imperador da escravidão Em 1850 é extinto o tráico de escravos. O açúcar,
D.Pedro II que acabasse com a escravidão. Para o monarca a me- mercadoria de exportação que dera prosperidade à área de trabalho
dida era problemática já que a sustentação do regime dependia dos escravo no Nordeste, entrara em decadência no mercado mundial.
senhores de escravos. A abolição era defendida pelos que viam O mesmo fenômeno de decadência também se manifesta em Mi-
nessa instituição as razões do atraso do país. nas Gerais e Goiás, pois a avidez da metrópole exaurira em menos
Abolicionistas como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, José do de dois séculos quase toda a riqueza do subsolo daquela área. A
Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama e Antônio Bento defen- fuga permanente do escravo que exigia a manutenção de um apare-
diam o im do cativeiro e a reforma agrária para o país. Joaquim lho repressivo e de captura permanente também onerava o custo da
Nabuco, na campanha abolicionista airmava entre outras coisas produção. Inicia-se, assim, a crise do sistema escravista. Por outro
que a escravidão no Brasil era “a causa de todos os vícios políticos lado, na segunda metade do século XIX uma nova cultura aparece
e fraquezas sociais; um obstáculo invencível ao seu progresso; a
no Sudeste com um dinamismo que surpreende e, ao mesmo tem-
ruína das suas inanças, a esterilização do seu território; a inutili-
po, exige uma quantidade cada vez maior de mão-de-obra: o café.
zação para o trabalho de milhões de braços livres; a manutenção
Não havendo mais a possibilidade de importação de africanos, os
do povo em estado de absoluta e servil dependência para com os
poucos proprietários de homens que repartem entre si o solo pro- fazendeiros do café do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas no início
dutivo”. A historiadora Emilia Viotti da Costa diz que as transfor- do surto usam o recurso de importar o negro escravo de outras
mações sociais e econômicas pelas quais passou o país no decor- províncias que já se encontravam decadentes, como Pernambuco,
rer do século XIX muito contribuíram para o abolicionismo. “De Bahia e Ceará.
maneira geral, airma a historiadora, foram os elementos urbanos Essa necessidade de importação interprovincial desarticu-
e as categorias não comprometidas diretamente com o sistema que la novamente a população negra, que é deslocada para as novas
participaram ativamente do movimento abolicionista quando esse áreas prósperas, muitas vezes vendo fragmentada a sua família,
tomou força, o que coincidiu aliás com o processo de urbanização pois os seus membros podiam ser vendidos para senhores diferen-
incipiente, mas característico dos últimos anos do Império. (...) tes. Esse novo deslocamento da população negra escrava estava,
Nas cidades, a propaganda ganhava forças. Desilavam nas ruas da por isto, subordinado aos senhores. Escreve neste sentido Emília
Capital e outros centros da Província, grupos de pessoas levando Viotti da Costa: Colheita de café. Rugendas, BMSP Foi o café o
cartazes que representavam castigos inligidos aos escravos, fa- grande responsável pelo aumento do número de escravos e pela
zendo coletas em prol da campanha e chegando mesmo a incitar os modiicação das estatísticas. São Paulo passará com o Rio e Minas
escravos à violência e à rebelião a deter, em 1887, 50% da população escrava do país. Os lavrado-

Didatismo e Conhecimento 17
HISTÓRIA
res que avançavam pelo interior do vale luminense e se ixavam apagada e suas consequências não podem ser ignoradas. A História
nas terras paulistas e mineiras não encontravam outra solução para nos permite conhecer o passado, compreender o presente e pode
o problema da mão-de-obra. Na economia cafeeira o escravo, já ajudar a planejar o futuro.
não era mais aquela mercadoria barata e facilmente substituível do Durante mais de três séculos a escravidão foi a forma de tra-
Brasil-Colônia, mas, pelo contrário, devia ser protegido, pois a sua balho predominante na sociedade brasileira. Além disso, o Brasil
inutilização iria onerar o custo da produção. O imigrante, cuja pre- foi a última nação da América a abolir a escravidão. Num país
sença se fará sentir, não tinha aptidão pra o tipo de trabalho como de 500 anos, um fato que perdurou por 300 anos assume grande
ele era praticado nas fazendas cafeeiras. Ademais, era muito caro importância na formação da sociedade brasileira. A escravidão no
que o escravo e, enquanto não se conseguia estruturar uma campa- Brasil teve início logo nos primeiros anos de colonização, quando
nha imigrantista, o preço do negro escravo aumentava no mercado. alguns grupos indígenas foram escravizados pelos colonizadores
Nessa fase o escravo passa a ser protegido. O capital investido no que implantavam os primeiros núcleos de povoamento. Devido a
negro devia ser protegido e surgem as primeiras leis protetoras. fatores como a crescente resistência dos índios à escravidão, os
A Lei do Sexagenários, a do ventre-Livre, a extinção da pena protestos da Igreja Católica, as doenças que dizimavam a popula-
de açoite, a proibição de se venderem para senhores diferentes ção indígena e o crescimento do tráico negreiro, pouco a pouco a
membros da mesma família escrava e outras são mecanismos que mão-de-obra escrava indígena foi substituída pela negra.
protegem mais a propriedade do senhor do que a pessoa do negro Os escravos negros eram capturados nas terras onde viviam
escravo. A Lei do Sexagenários, por exemplo, serviu para descar- na África e trazidos à força para a América, em grandes navios,
tar a população escrava não produtiva, que apenas existia como em condições miseráveis e desumanas. Muitos morriam durante a
sucata e dava despesas aos seus senhores. A Lei do ventre-Livre viagem através do oceano Atlântico, vítimas de doenças, de maus
condicionava praticamente o ingênuo a viver até os vinte anos tratos e da fome. O escravo tornou-se a mão-de-obra fundamental
numa escravidão disfarçada trabalhando para o senhor. A crise do nas plantações de cana-de-açúcar, de tabaco e de algodão, nos en-
sistema escravista entrava em sua última fase. genhos, e mais tarde, nas vilas e cidades, nas minas e nas fazendas
Do ponto de vista estritamente econômico, capitais de nações de gado.
europeias mais desenvolvidas no sistema capitalista investiam Além de mão-de-obra, o escravo representava riqueza: era
nos ramos fundamentais, como transportes, iluminação, portos e uma mercadoria, que, em caso de necessidade, podia ser vendida,
bancos, criando uma contradição que irá aguçando-se progressi- alugada, doada e leiloada. O escravo era visto na sociedade colo-
vamente entre o trabalho livre e o escravo. Tudo isto irá culminar nial também como símbolo do poder e do prestígio dos senhores,
com a Guerra do Paraguai, na qual os negros serão envolvidos cuja importância social era avalizada pelo número de escravos que
na sua grande maioria compulsoriamente, nela morrendo cerca de possuíam.
90 000. Aqueles que fugiam ao cativeiro, apresentando-se como A escravidão pode ser deinida como o sistema de trabalho
voluntários, acreditando na promessa imperial de libertá-los após no qual o indivíduo (o escravo) é propriedade de outro, podendo
o conlito, foram muitos deles reescravizados. Essa grande sucção ser vendido, doado, emprestado, alugado, hipotecado, coniscado.
de mão-de-obra negra, provocada pela Guerra do Paraguai, abriu Legalmente, o escravo não tem direitos: não pode possuir ou doar
espaços ainda maiores para que o imigrante fosse aproveitado bens e nem iniciar processos judiciais, mas pode ser castigado e
como trabalhador. Essa tática de enviar negros à guerra serviu, de punido. No Brasil, o regime de escravidão vigorou desde os pri-
um lado, para branquear a população brasileira e, de outro, para meiros anos logo após o descobrimento até o dia 13 de maio de
justiicar a política imigrantista que era patrocinada por parcelas 1888, quando a princesa regente Isabel assinou a Lei 3.353, mais
signiicativas do capitalismo nativo e pelo governo de D. Pedro II. conhecido como Lei Áurea, libertando os escravos. A escravidão é
Nessa fase poderemos ver duas tendências demográicas da popu- um capítulo da História do Brasil. Embora ela tenha sido abolida
lação negra, escrava e livre: decréscimo numérico em conseqüên- há 115 anos, não pode ser apagada e suas consequências não po-
cia da guerra e do envelhecimento e falecimento de grande parte dem ser ignoradas.
dos seus membros; concentração dessa população nas províncias A História nos permite conhecer o passado, compreender o
de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo. presente e pode ajudar a planejar o futuro. Nós vamos contar um
Nas demais províncias vemos uma economia estagnada, com pouco dessa história para você. Vamos falar dos negros africanos
uma população negra incorporando-se aos tipos regionais de ex- trazidos para serem escravos no Brasil, quantos eram, como vi-
ploração camponesa, pois os senhores não tinham excedentes mo- viam, como era a sociedade da época. Mas, antes disso, conira
netários para investir na dinamização dessa economia decadente. o texto da Lei Áurea, que fez com que o dia 13 de maio entrasse
O negro é, assim, naquelas áreas, incorporado a uma economia de para a História. “Declara extinta a escravidão no Brasil. A prin-
miséria. Fonte: www.terrabrasileira.net A escravidão pode ser de- cesa imperial regente em nome de Sua Majestade o imperador, o
inida como o sistema de trabalho no qual o indivíduo (o escravo) senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a
é propriedade de outro, podendo ser vendido, doado, emprestado, Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: Art. 1°:
alugado, hipotecado, coniscado. Legalmente, o escravo não tem É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
direitos: não pode possuir ou doar bens e nem iniciar processos Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário. Manda portanto
judiciais, mas pode ser castigado e punido. No Brasil, o regime a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da re-
de escravidão vigorou desde os primeiros anos logo após o desco- ferida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão
brimento até o dia 13 de maio de 1888, quando a princesa regente inteiramente como nela se contém.
Isabel assinou a Lei 3.353, mais conhecida como Lei Áurea, li- O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comér-
bertando os escravos. A escravidão é um capítulo da História do cio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, bacha-
Brasil. Embora ela tenha sido abolida há 115 anos, não pode ser rel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua majestade o

Didatismo e Conhecimento 18
HISTÓRIA
imperador, o faça imprimir, publicar e correr. Dado no Palácio do prestígio dos senhores, cuja importância social era avalizada pelo
Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do número de escravos que possuíam. A escravidão negra foi implan-
Império. Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda exe- tada durante o século XVII e se intensiicou entre os anos de 1700
cutar o decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar e 1822, sobretudo pelo grande crescimento do tráico negreiro. O
declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. comércio de escravos entre a África e o Brasil tornou-se um negó-
Para Vossa Alteza Imperial ver”. Primeiro foram os índios Durante cio muito lucrativo. O apogeu do aluxo de escravos negros pode
mais de três séculos a escravidão foi a forma de trabalho predo- ser situado entre 1701 e 1810, quando 1.891.400 africanos foram
minante na sociedade brasileira. Além disso, o Brasil foi a última desembarcados nos portos coloniais. Nem mesmo com a indepen-
nação da América a abolir a escravidão. Num país de 500 anos, dência política do Brasil, em 1822, e com a adoção das ideias libe-
um fato que perdurou por 300 anos assume grande importância na rais pelas classes dominantes o tráico de escravos e a escravidão
formação da sociedade brasileira. foram abalados. Neste momento, os senhores só pensavam em se
A escravidão no Brasil teve início logo nos primeiros anos libertar do domínio português que os impedia de expandir livre-
de colonização, quando alguns grupos indígenas foram escravi- mente seus negócios. Ainda era interessante para eles preservar as
zados pelos colonizadores que implantavam os primeiros núcleos estruturas sociais, políticas e econômicas vigentes. Ainda foram
de povoamento. Até o ano de 1600, aproximadamente, na maioria necessárias algumas décadas para que fossem tomadas medidas
das regiões da Colônia, as populações indígenas foram o alvo pre- para reverter a situação dos escravos.
ferido dos colonizadores. Os índios escravizados eram obrigados Aliás, este será o assunto do próximo item. Por ora, vale lem-
a trabalhar nas plantações, nos engenhos, nos moinhos, na criação brar que não eram todos os escravos que se submetiam passiva-
de gado e nos serviços domésticos. O desrespeito ia mais além, na mente à condição que lhe foi imposta. As fugas, as resistências e
medida em que os indígenas tinham que adotar o catolicismo dos as revoltas sempre estiveram presentes durante o longo período da
seus senhores e abandonar suas crenças e ritos. Foi no começo do escravidão. Existiram centenas de “quilombos” dos mais variados
século XVII que a escravidão indígena entrou em decadência, isto tipos, tamanhos e durações.
porque: Cresceu a resistência indígena à escravidão Os “quilombos” eram criados por escravos negros fugidos que
A Igreja Católica intensiicou os protestos contra escravidão procuraram reconstruir neles as tradicionais formas de associação
dos índios A escassez da mão-de-obra indígena era crescente, de- política, social, cultural e de parentesco existentes na África.
vido às doenças e guerras que dizimavam boa parte da população O “quilombo” mais famoso pela sua duração e resistência, foi
de índios O tráico negreiro intercontinental começou a se desen- o de Palmares, estabelecido no interior do atual estado de Alago-
volver A escravidão dos indígenas foi substituída pela dos negros as, na Serra da Barriga, sítio arqueológico tombado recentemente.
africanos, uma vez que os comerciantes e senhores veriicaram Este “quilombo” se organizou em diferentes aldeias interligadas,
que o tráico negreiro era um negócio muito rentável, que traria sendo constituído por vários milhares de habitantes e possuindo
vantagens a todos. Menos aos escravos, é claro. É nesse momento forte organização político-militar.
que começa mais um capítulo da escravidão do Brasil. Depois dos A decadência da escravidão Já no início do século XIX era
índios, os negros possível veriicar grandes transformações que pouco a pouco mo-
Não existem registros precisos dos primeiros escravos negros diicavam a situação da colônia e o mundo a sua volta. Na Europa,
que chegaram ao Brasil. A tese mais aceita é a de que em 1538, Jor- a Revolução Industrial introduziu a máquina na produção e mu-
ge Lopes Bixorda, arrendatário de pau-brasil, teria traicado para dou as relações de trabalho. Formaram-se as grandes fábricas e os
a Bahia os primeiros escravos africanos. Eles eram capturados nas pequenos artesãos passaram a ser trabalhadores assalariados. Na
terras onde viviam na África e trazidos à força para a América, colônia, a vida urbana ganhou espaço com a criação de estaleiros e
em grandes navios, em condições miseráveis e desumanas. Muitos de manufaturas de tecidos. A imigração em massa de portugueses
morriam durante a viagem através do oceano Atlântico, vítimas de para o Brasil foi outro fator novo no cenário do Brasil colonial.
doenças, de maus tratos e da fome. Os escravos que sobreviviam Mesmo com todos esses avanços foi somente na metade do sé-
à travessia, ao chegar ao Brasil, eram logo separados do seu grupo culo que começaram a ser tomadas medidas efetivas para o im do
linguístico e cultural africano e misturados com outros de tribos regime de escravidão. Vamos conhecer os fatores que contribuíram
diversas para que não pudessem se comunicar. Seu papel de agora para a abolição: 1850 - promulgação da Lei Eusébio de Queirós,
em diante seria servir de mão-de-obra para seus senhores, fazendo que acabou deinitivamente com o tráico negreiro intercontinen-
tudo o que lhes ordenassem, sob pena de castigos violentos. Além tal. Com isso, caiu a oferta de escravos, já que eles não podiam
de terem sido trazidos de sua terra natal, de não terem nenhum mais ser trazidos da África para o Brasil. 1865 - Cresciam as pres-
direito, os escravos tinham que conviver com a violência e a humi- sões internacionais sobre o Brasil, que era a única nação americana
lhação em seu dia-a-dia. a manter a escravidão. 1871 - Promulgação da Lei Rio Branco,
A minoria branca, a classe dominante socialmente, justiicava mais conhecido como Lei do Ventre Livre, que estabeleceu a liber-
essa condição através de idéias religiosas e racistas que airmavam dade para os ilhos de escravas nascidos depois desta data.
a sua superioridade e os seus privilégios. As diferenças étnicas Os senhores passaram a enfrentar o problema do progressivo
funcionavam como barreiras sociais. O escravo tornou-se a mão- envelhecimento da população escrava, que não poderia mais ser
-de-obra fundamental nas plantações de cana-de-açúcar, de tabaco renovada. 1872 - O Recenseamento Geral do Império, primeiro
e de algodão, nos engenhos, e mais tarde, nas vilas e cidades, nas censo demográico do Brasil, mostrou que os escravos, que um dia
minas e nas fazendas de gado. Além de mão-de-obra, o escravo foram maioria, agora constituíam apenas 15% do total da popula-
representava riqueza: era uma mercadoria, que, em caso de neces- ção brasileira. O Brasil contou uma população de 9.930.478 pesso-
sidade, podia ser vendida, alugada, doada e leiloada. O escravo era as, sendo 1.510.806 escravos e 8.419.672 homens livres. 1880 - O
visto na sociedade colonial também como símbolo do poder e do declínio da escravidão se acentuou nos anos 80, quando aumentou

Didatismo e Conhecimento 19
HISTÓRIA
o número de alforrias (documentos que concediam a liberdade aos Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Incansável, exerceu
negros), ao lado das fugas em massa e das revoltas dos escravos, as mais variadas atividades proissionais. Foi advogado, jurista,
desorganizando a produção nas fazendas. 1885 - Assinatura da Lei jornalista, ensaísta, orador, diplomata, deputado, senador, ministro
Saraiva-Cotegipe ou, popularmente, a Lei dos Sexagenários, pela e candidato a Presidente da República duas vezes. Sua participa-
Princesa Isabel, tornando livres os escravos com mais de 60 anos. ção na luta contra a escravidão foi uma das manifestações de seu
1885-1888 - o movimento abolicionista ganhou grande impulso amor ao princípio da liberdade – todo tipo de liberdade.
nas áreas cafeeiras, nas quais se concentravam quase dois terços da Assim como Joaquim Nabuco, estudou Direito em Recife e
população escrava do Império. 13 de maio de 1888 - assinatura da em São Paulo, mas foi no Rio de Janeiro que Rui Barbosa abraçou
Lei Áurea, pela Princesa Isabel. Enim, livre Mas e aí? a causa da abolição. Contudo, a defesa da liberdade também levou-
A Lei Áurea, que decretou o im da escravidão no Brasil, em -o a ser exilado, em 1893, quando discordara do golpe que levou
13 de maio de 1888, foi um documento que representou a liberta- Floriano Peixoto ao poder e, por isto, pedira a libertação de presos
ção formal do escravo, mas não garantiu a sua incorporação como políticos daquele governo ditatorial. Destaca-se em sua biograia
cidadão pleno à sociedade brasileira. O ex-escravo, abandonado à sua passagem como presidente da Academia Brasileira de Letras,
sua própria sorte, engrossou as camadas de marginalizados, que substituindo Machado de Assis, e o grande prestígio de ser eleito
constituíam a maioria da população. Não possuíam qualiicação Juiz da Corte Internacional de Haia. Morreu em 1923. José do Pa-
proissional, o preconceito continuava e não houve um projeto de trocínio Natural de Campos, no Rio de Janeiro, José do Patrocínio
reintegração do negro à sociedade que acompanhasse a abolição da nasceu em 8 de outubro de 1854.
escravatura. Expulsos das fazendas e após vagarem pelas estradas Era ilho de pai branco, padre, e mãe negra, escrava.
foram acabando na periferia das cidades, criando nossas primeiras Frequentou a Faculdade de Medicina e se formou aos 20 anos
favelas e vivendo de pequenos e esporádicos trabalhos, normal- de idade, mas sua principal atuação foi como jornalista. Começou
mente braçais. na Gazeta de Notícias, em 1875, e quatro anos depois juntou-se a
A escravidão deixou marcas na sociedade brasileira: a con- Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Teodoro Sampaio, entre outros,
centração de índios, negros e mestiços nas camadas mais pobres na campanha pela abolição do regime escravocrata. Em 1881,
da população; a persistência da situação de marginalização em que tornou-se proprietário de um jornal, a Gazeta da Tarde, e fundou
vive a maioria dos indivíduos dessas etnias; a sobrevivência do a Confederação Abolicionista, para a qual elaborou um manifes-
racismo e de outras formas de discriminação racial e social; as to junto com André Rebouças e Aristides Lobo. Assim como Rui
diiculdades de integração e de inclusão dessas etnias à sociedade Barbosa, foi contra o governo de Floriano Peixoto, o que o obrigou
nacional e os baixos níveis de renda, de escolaridade e de saúde a ser desterrado e tirou de circulação seu jornal, o Cidade do Rio,
ainda predominantes entre a maioria da população. A escravidão, fundado em 1887. Com isto, afastou-se da vida política e terminou
portanto, fornece uma chave fundamental para a compreensão dos por falecer no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1905. André Re-
problemas sociais, econômicos, demográicos e culturais ainda bouças André Rebouças, nascido em 1838, era ilho de escravos.
existentes na atualidade. Grandes abolicionistas Na luta contra Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e se formou em En-
a escravidão, algumas pessoas se destacam por sua dedicação à genharia na Europa. Foi professor da Escola Politécnica, e durante
causa. Vamos conhecer alguns destes homens que icaram conhe- toda sua vida preocupou-se com a realidade brasileira.
cidos como abolicionistas? Joaquim Nabuco Nascido no Recife, O problema dos escravos, naturalmente, não lhe passou des-
Pernambuco, em 19 de agosto de 1849, Joaquim Nabuco desde percebido. Escreveu, junto com José do Patrocínio e Aristides
cedo conviveu com a dura realidade dos escravos. Na infância, o Lobo, o manifesto da Confederação Abolicionista de 1883; foi
menino de família aristocrata se alfabetizara junto com os ilhos co-fundador da Sociedade Brasileira Anti-Escravidão e contribuiu
dos escravos numa escolinha construída pela madrinha. Estudou inanceiramente para a causa abolicionista. Apoiou a reforma agrá-
Direito em São Paulo e Recife, escreveu poemas, era um patriota. ria no Brasil e foi também inventor. Exilou-se voluntariamente na
Foi colega de Castro Alves e de Rui Barbosa. Ilha da Madeira, na África, em solidariedade a D.Pedro II e sua
O tema da escravidão estava presente em sua obra literária família, e lá morreu em absoluta pobreza. Luís Gama Tal como
desde seu primeiro trabalho, nunca publicado, chamado “A escra- José do Patrocínio, Luís Gama foi ilho de uma miscigenação de
vidão”. Porém, teve sucesso quando, em 1883, publicou “O Abo- cores. Seu pai era branco, de rica família da Bahia, e sua mãe era
licionismo”, durante período em que esteve em Londres. Quando uma africana rebelde. Contudo, um episódio trágico faria com que
retornou ao Brasil, seguiu carreira política. Foi um grande parla- se afastasse da mãe, exilada por motivos políticos, e fosse vendido
mentar, um excelente orador. Fez uso de seu reconhecido talento como escravo pelo próprio pai, vendo-se à beira da falência. As-
público para lutar pela causa abolicionista, junto com José do Pa- sim, viveu na própria pele o cotidiano de um escravo. Foi para o
trocínio, Joaquim Serra e André Rebouças. É interessante observar Rio e depois São Paulo. Aprendeu a ler com ajuda de um estudan-
que Nabuco era a favor da monarquia e ainda assim serviu ielmen- te, no lugar onde trabalhava como servente, mas logo fugiu – pois
te à República como diplomata em Londres e Washington, após o sabia que sua situação era ilegal, já que era ilho de mãe livre.
im do Império. Joaquim Nabuco airmava que a escravidão no Daí trabalhou na milícia, em jornais, escrevendo poesia e
Brasil era “a causa de todos os vícios políticos e fraquezas sociais; como advogado, até conhecer Rui Barbosa, Castro Alves e Joa-
um obstáculo invencível ao seu progresso; a ruína das suas inan- quim Nabuco, com quem se uniria para lutar pelo im da escra-
ças, a esterilização do seu território; a inutilização para o trabalho vidão. Fez do exercício da advocacia uma oportunidade para de-
de milhões de braços livres; a manutenção do povo em estado de fender e libertar escravos ilegais. Antônio Bento Antônio Bento
absoluta e servil dependência para com os poucos proprietários era um abolicionista de família rica de São Paulo. Foi advogado,
de homens que repartem entre si o solo produtivo”. Morreu em Promotor Público e depois Juiz de Direito. Seus métodos não-orto-
Washington, no ano de 1910. Rui Barbosa Rui Barbosa nasceu em doxos, intransigentes e revolucionários para libertação dos negros

Didatismo e Conhecimento 20
HISTÓRIA
o tornaram famoso. Promovia, juntamente com os membros da Golpeada pela Lei do Ventre Livre, a campanha abolicionista
Ordem dos Caifazes (considerada subversiva na época), proteção só recomeçaria em 1884. Um ano mais tarde, porém, o Parlamen-
a escravos que fugiam e incentivava a evasão dos negros das gran- to jogou outra cartada em sua luta para retardar a abolição: em
des fazendas. Os historiadores narram que, para Antônio Bento, a 28 de setembro foi aprovada a Lei Saraiva Cotejipe, ou Lei dos
escravidão era uma mancha na história do Brasil. Cristão fervoro- Sexagenários. Proposta pelo gabinete liberal do conselheiro José
so, há um registro de um episódio em que um negro, que havia sido Antônio Saraiva e aprovada no Senado, comandado pelo presiden-
torturado, teria sido levado por Antônio Bento a uma procissão. te do Conselho de Ministros, o barão de Cotejipe, a lei concedia
O efeito causado, além de mostrar as agruras da escravidão, liberdade aos cativos maiores de 60 anos e estabelecia normas para
foi de uma inevitável comparação do martírio do negro ao martí- a libertação gradual de todos os escravos, mediante indenização.
rio de Cristo. Fonte: Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística Na verdade, a Lei dos Sexagenários voltaria a beneiciar os senho-
Num país que inventou a prerrogativa jurídica segundo a qual as res de escravos, permitindo que se livrassem de velhos “imprestá-
leis “pegam” ou “não pegam”, não é de estranhar que as impo- veis”. No início de 1888, a impopularidade do chefe de polícia do
sições contra o tráico de escravos e contra a própria escravidão Rio de Janeiro, Coelho Bastos, fez cair o ministério de Cotejipe,
tenham demorado tanto para “pegar”. As pendengas judiciais, aos que abertamente afrontava a princesa Isabel. Os conservadores
tortuosos caminhos legais da Câmara e do Senado, aos entraves e permaneceram no poder, com João Alfredo como presidente do
recuos provocados por inindáveis discussões partidárias; aos con- ministério. Em abril de 1888, Alfredo chegou a pensar em propor a
litos entre os liberais e conservadores que antecediam a aprovação abolição imediata da escravatura, porém obrigando os libertos a i-
de qualquer nova lei contra a escravidão, deve-se acrescentar o car por “dois anos junto a seus senhores, ira trabalhando mediante
fato de que, depois de inalmente aprovadas, tais leis se tornavam, módica retribuição”. No mês seguinte, não foi mais possível retar-
no ato e na prática, letra morta. Esse processo sórdido explica por dar o processo abolicionista - agora liderado pela própria princesa
que a luta legal contra a escravidão se prolongou por 80 anos no Isabel. Depois que a regente assinou a lei, Cotejipe estava entre os
Brasil. Foi somente após a humilhação internacional resultante do que foram cumprimentá-la.
“Bill Aberdeen” que o Brasil, enim, se dispôs a proibir o tráico. Ao beijar-lhe a mão, o barão teria dito: “Vossa Majestade re-
A abolição se tornou, então, uma questão interna, realmente dimiu uma raça, mas acaba de perder o trono”. A frase se revelaria
“nacional”. Sem a pressão exterior, seu processo se prolongaria profética. Brasil: sociedade e cultura após a “abolição” A lei sucin-
por quase quatro décadas. A maioria dos conservadores era, a prio- ta e direta que a princesa Isabel assinou em 13 de maio de 1888
ri, contra a libertação dos escravos. Se ela tivesse de ser feita, os não concedia indenização alguma aos senhores de escravos. De
proprietários precisariam ser indenizados pelo Estado e o processo qualquer forma, ao longo dos 17 anos que se estenderam da Lei do
deveria ser “lento, gradual e seguro”. Em maio de 1855, o conse- Ventre Livre à abolição efetiva, os escravocratas tinham encontra-
lheiro José Antônio Saraiva propôs que a escravidão fosse extinta do muitas fórmulas para ressarcir-se de supostas perdas, entre elas
o tráico interprovincial de escravos, as fraudes ao fundo de eman-
em 14 anos e que o Estado pagasse 800 mil-réis por escravo entre
cipação e à Lei do Ventre Livre. Mas se os escravocratas não atin-
20 e 30 anos, 600 mil-réis pelos de 30 a 40, 400 mil-réis pelos de
giram um de seus objetivos, o fracasso dos abolicionistas foi maior
40 a 50 e um conto (ou 1 milhão) de réis por escravo com menos
e mais amargo. Ainal, horas como Nabuco, Patrocínio, Rebouças,
de 20 anos. Entre os liberais, as posições variavam muito. Havia os
Gama, Antônio Bento e Rui Barbosa - apesar de suas divergências
que pensavam como os conservadores; havia os republicanos radi-
ideológicas - acreditavam que a abolição era a medida mais urgen-
cais; havia os fazendeiros de São Paulo interessados em solucionar
te de um programa que só se cumpriria com a reforma agrária, a
logo a questão substituindo os escravos por imigrantes europeus
“democracia rural” (a expressão é de Rebouças) e a entrada dos
-desde que recebessem incentivos inanceiros para o projeto.
trabalhadores num sistema de oportunidade plena e concorrência.
De qualquer forma, em 28 de setembro de 1871, numa joga- Para eles, como expôs Alfredo Bosi, “o desaio social e ético
da política sagaz, o gabinete conservador, cheiado pelo visconde que a sociedade brasileira teria de enfrentar era o de redimir um
do Rio Branco (acima, à esquerda), conseguiu aprovar a chamada passado de abjeção, fazer justiça aos negros, dar-lhes liberdade a
Lei do Ventre Livre, segundo a qual seria livre qualquer ilho de curto prazo e integrá-los numa democracia moderna”. Mas nada
escrava nascido no Brasil. Além de arrancar a bandeira abolicio- disso se concretizou. Os negros libertos - quase 800 mil-- foram
nista das mãos dos liberais, ainda bloquearia por anos a ação dos jogados na mais temível miséria. O Brasil imperial -- e, logo a se-
abolicionistas mais radicais, garantindo, assim, que a libertação guir, o jovem Brasil republicano - negou-lhes a posse de qualquer
dos escravos fosse um processo “lento, gradual e seguro”. Na prá- pedaço de terra para viver ou cultivar, de escolas, de assistência
tica, a lei seria burlada desde o início, com a alteração da data de social, de hospitais. Deu-lhes, só e sobejamente, discriminação
nascimento de inúmeros escravos. O Fundo de Emancipação, cria- e repressão. Grande parte dos libertos, depois de perambular por
do pela mesma lei e oriundo da Receita Federal - para pagar pela estradas e baldios, dirigiu-se às grandes cidades: Rio de Janeiro,
alforria de certos escravos - também foi logo dilapidado, usado em Salvador e São Paulo. Lá, ergueram os chamados bairros africa-
grandes negociatas. nos, origem das favelas modernas. Trocaram a senzala (acima, à
Muitos proprietários arrancavam os ilhos recém-nascidos de direita) pelos casebres (à esquerda).
suas mães e os mandavam para instituições de caridade, onde as Apesar da impossibilidade de plantar, acharam ali um meio
crianças eram vendidas por enfermeiras que faziam parte do es- social menos hostil, mesmo que ainda miserável.
quema armado para burlar a Lei Rio Branco. Em alguns manuais O governo brasileiro não pagou indenização alguma aos se-
escolares, o conservador visconde do Rio Branco ainda surge com nhores de escravos (“Indenização monstruosa, já que uma gran-
a mesma imagem que adquiriu aos olhos dos abolicionistas ultra de parte deles eram africanos ilegalmente escravizados, pois ha-
moderados: a imagem de “Abraham Lincoln brasileiro”. viam aportado ao Brasil depois da Lei Feijó, de 7 de novembro de

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HISTÓRIA
1831”, como disse, em discurso na Câmara, Joaquim Nabuco). O A mesma orientação seguiu Xisto VI, com as bulas Clara de-
preço para que tal indenização absurda não fosse paga foi, porem, votionis, de 21 de agosto de 1471 e Aeterni Regis clementia per
enorme. Teria sido justamente para evitar qualquer petição que pu- quam reges regnat, de 21 de julho de 1481. Inocêncio VIII valeu-se
desse vir a ser feita pelos escravocratas que Rui Barbosa (ao lado), das bulas Orthodoxae idei, de 18 de fevereiro de 1486 e Dudum
ministro das Finanças do primeiro governo republicano, assinou o cupiens de 17 de agosto de 1491. Esse casamento estranho da co-
despacho de 14 de dezembro de 1890, determinando que todos os roa portuguesa com a Mitra permitiu que os Portugueses agissem
livros e documentos referentes à escravidão existentes no Ministé- livremente, é assim em pouco tempo depois dessas concessões,
rio das Finanças fossem recolhidos e queimados na sala das caldei- com a descoberta da grande colônia da América do Sul, no prin-
ras da Alfândega do Rio de Janeiro. Seis dias mais tarde, em 20 de cípio Terra Santa Cruz, para depois passar a ser colonizada com o
dezembro, a decisão foi aprovada com a seguinte moção: “O Con- nome de Brasil.
gresso Nacional felicita o Governo Provisório por ter ordenado a Onde os escravos eram necessários para a sobrevivência das
eliminação nos arquivos nacionais dos vestígios da escravatura no primeiras engenhocas, os plantios de cana-de-açúcar, do algodão,
Brasil”. Em 20 de janeiro de 91, Rui Barbosa deixou de ser mi- do café e do fumo, acabaram sendo decisivos para que a metrópole
nistro das Finanças, mas a destruição dos documentos prosseguiu. enviasse para o Brasil os primeiros escravos africanos, vindos de
De acordo com o historiador Américo Lacombe, “uma placa de diversas partes da África e trouxeram consigo, seus hábitos, costu-
bronze, existente nas oicinas do Loyde brasileiro, contém, de fato, mes, música, dança, culinária, língua, mitos ritos e a religião, que
esta inscrição assaz lacônica: “13 de maio de 1891. Aqui foram iniltrou no povo, formando, ao lado da religião católica, as duas
incendiados os últimos documentos daescravidão no Brasil”. Foi, maiores, religiões do Brasil.
portanto, com essa espécie de auto-de-fé abolicionista que o Brasil Em meio a toda essa confusão da Santa Sé, deve-se fazer jus-
comemorou os três anos da mais tardia emancipação de escravos tiça a alguns papas, que protestaram contra semelhante estado de
no hemisfério ocidental. Embora pragmática -- e muito mais ve- coisas, como Pio II com a bula de 7 de Outubro de 1462, Paulo III
rossímil do que a versão oicialesca de que os documentos foram em 1537Urbano VIII com a bula de 22 de abril de 1639, Benedi-
queimados para “apagar qualquer lembrança do triste período es- to XIV pela bula de 3 de dezembro de 1839, condena e proíbe a
cravocrata”-, a medida foi torpe. E ajudou a fazer com que, pas- escravidão de negros. O processo que levou à abolição da escra-
sados mais de cem anos da libertação dos escravos, o Brasil ainda vatura no Brasil foi lento, e nas primeiras décadas do século XIX,
não tenha acertado as contas com seu negro passado. Fonte: www. a Inglaterra iniciou uma campanha internacional para acabar com
culturabrasil.pro.br Antes mesmo do descobrimento do Brasil os os escravos nos países colonizados, pois os produtos industriais in-
portugueses já traicavam escravos da África, apesar de não existir gleses precisavam de mercados em todo o mundo, e a expansão do
uma documentação precisa dessas diversas importações, a não ser capitalismo e do trabalho assalariado exigia o im do escravismo e
vagas notícias de paradas de navios negreiros, ou nesse ou naquele o consequente aumento dos mercados.
porto do continente negro, e a informação mais precisa vem de E através de tratados assinados em 1810 com a Inglaterra,
Azurara, onde o autor da Crônica do Descobrimento da Guiné faz Portugal comprometeu-se a abolir o tráico de negros da África
um relato de como Antão Gonçalves, em 1441 capturou e levou para o Brasil, mas isso não chegou a ser feito, e no ano de 1830
para o Infante Dom Henrique os primeiros escravos africanos, bem a im de obter o reconhecimento da independência brasileira pela
como a transação com Afonso Goterres, para aprisionar os negros Inglaterra o governo de Dom Pedro I assumiu novo compromisso
do Rio do Ouro. Isso foi o começo para que o espírito aventureiro nesse sentido, e para isto em 1831 o governo da Regência Trina
de conquista dos reis portugueses no continente africano fosse em decretou uma lei declarando livres os negros desembarcados no
busca de um comércio, não obstante desumano e humilhante, po- Brasil a partir daquela data, entretanto a lei nunca foi cumprida
rém fácil e rendoso. pois com o governo ocupado em reprimir várias rebeliões regio-
Mas com o passar do tempo, longe de se pensar na extinção nais, não dispunha de forças militares, sobretudo navais, para com-
dessa atividade, ela tomou um impulso vigoroso em virtude do bater o tráico.
forte aval da Igreja, com a justiicativa de que os portugueses fa- Com isto a Inglaterra passou a apresar os navios negreiros que
riam os povos ditos bárbaros adeptos de Cristo, e atraves do papa vinham para o Brasil, ou simplesmente os afundava ou prendia a
Eugênio IV, pelas bulas Dudum cum, de 31 de Julho de 1436, Rex tripulação submetendo-a a julgamento, porém isso só serviu para
Regnum, de 8 de setembro de 1436 e a Preclaris tuis de 25 de intensiicar o tráico. Pois com o aumento dos riscos, o preço dos
maio de 1437, renovou a concessão ao rei Dom Duarte de todas escravos subiu e a atividade icou mais lucrativa, e no ano de 1845,
as terras que conquistasse na África, e em 3 de janeiro de 1443 a os ingleses promulgaram uma lei contra o tráico negreiro, conhe-
Dom Afonso V, desde que o território não pertencesse a príncipe cida como Bill Aberdeen, e aumentaram a iscalização, no entanto
cristão. E no pontiicado de Nicolau V, foi concedida através da devido a prosperidade da lavoura do café no vale do rio Paraíba
bula Romanus Pontifex Regni Celestis Claviger, de 8 de janeiro de do Sul acabou contribuiu para aumentar o tráico de escravos para
1454 a Dom Afonso V, ao Infante Dom Henrique e todos os reis de o Brasil. Por volta de 1850, os grandes proprietários de lavouras
Portugal assim como seus sucessores, todas as conquistas feitas na decadentes de açúcar e algodão no nordeste passaram a se interes-
África, com as ilhas nos mares a ela adjacentes, e toda sua costa sar pela extinção do tráico, dessa forma, poderiam vender para
meridional, e incorporando a tudo isso, as regalias dessas terras e os fazendeiros de café do sudeste os excedentes de escravos de
desses povos. e conirmado pelo papa que ascendia ao pontiicado, que dispunham, e foi essa situação que permitiu a aprovação na
e através do papa Calixto III na célebre bula Inter cetera que nobis Câmara no dia 4 de setembro de 1850, da lei Eusébio de Queirós,
divina disponente clementia incumbunt peragenda, de 13 de março que proibia o tráico negreiro para o Brasil e como primeira conse-
de 1456, além de conirmar todas as dádivas anteriores, acrescen- quência foi à intensiicação da venda de escravos do nordeste para
tou a Índia e tudo mais que depois se adquirisse. Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Boa parte do tráico,

Didatismo e Conhecimento 22
HISTÓRIA
porém, prosseguiu clandestinamente e foi preciso uma nova lei - com isto o movimento conseguiu algumas vitórias parciais, que
a lei Nabuco de Araújo, de 1854 - para conter o contrabando de estimulou a formação de dezenas de agremiações semelhantes
escravos da África, que só diminuiu por volta de 1860 quando as pelo país.
ideias abolicionistas começaram a ser discutidas abertamente pois Da mesma forma, o jornal O Abolicionista, de Joaquim Nabu-
a escravidão era incompatível com o desenvolvimento do capita- co, e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini, servem de modelo a
lismo e com a integração do Brasil ao mercado internacional. outras publicações antiescravistas. Advogados, artistas, intelectu-
O Instituto dos Advogados manifestou-se contra a escravidão, ais, jornalistas e políticos engajam-se no movimento e arrecadam
airmando que esta era ilegítima pelo direito natural quando desta- fundos para pagar cartas de alforria e que acabou contagiando o
caram-se nesta fase Tavares Bastos, que defendia na imprensa e no país pela causa abolicionista e por conta disto a partir de 1884
parlamento a idéia da abolição progressiva; Francisco Gê Acaiaba ocorreram algumas abolições espontâneas em várias províncias do
de Montezuma, depois visconde de Jequitinhonha, autor de um Brasil, como a do Ceará quando os jangadeiros se recusaram cole-
projeto emancipacionista; e Perdigão Malheiro, presidente do Ins- tivamente a continuar trazendo escravos do nordeste para o sudeste
tituto dos Advogados, que publicou, em 1866, um livro de grande e a do Amazonas.
inluência na época: A escravidão no Brasil: ensaio histórico-jurí- O governo reagiu dando mais um tímido passo no processo de
dico-social. Em 1866, Dom Pedro II assinou numerosas cartas de emancipação e para isto em 28 de setembro de 1885, foi aprovada
alforria para que os libertos pudessem alistar-se na Guerra do Para- a lei Saraiva-Cotejipe ou dos Sexagenários cuja discussão dessa lei
guai, e no mês de julho de 1866, recebeu uma mensagem da Junta tinha provocado a queda do gabinete cheiado por Manuel Pinto de
Francesa de Emancipação assinada por personagens destacadas, Sousa Dantas, que havia proposto o projeto inicial ao parlamento
pedindo-lhe que pusesse im à escravidão e para isto mandou o após discussões e reformulações durante os governos do liberal
ministro dos Estrangeiros responder que a abolição da escravatura, José Antônio Saraiva e do conservador José Antônio Wanderley,
“conseqüência necessária da abolição do tráico, era uma questão barão de Cotejipe, a lei foi aprovada e declarava livres os escra-
de forma e oportunidade”. vos de mais de 65 anos, mediante indenização paga pelo governo
E por inluência do imperador, Pimenta Bueno depois mar- porém a lei dos Sexagenários não paralisou a campanha abolicio-
quês de São Vicente, elaborou em 1866 cinco projetos diferentes nista. Rui Barbosa, no parlamento, fazia discursos tão brilhantes
para a emancipação dos escravos, mas a Guerra do Paraguai e a re- quanto os de Joaquim Nabuco em favor da abolição.
sistência dos grandes proprietários de terras e escravos arrastaram Os versos abolicionistas de Castro Alves comoviam vastos
a discussão por alguns anos, porém os projetos de Pimenta Bueno setores da população. Muitos senhores libertavam seus escravos,
iriam resultar em 1871 na lei do Ventre Livre também chamada multiplicavam-se os clubes abolicionistas, estudantes e intelec-
lei visconde do Rio Branco e lei dos Nascituros (aqueles que vão tuais promoviam fugas de escravos incitado pelos discursos de
nascer), representa a primeira etapa da estratégia do governo para Joaquim Nabuco, o exército recusava-se a perseguir os escravos
resolver a questão da escravatura: realizar gradualmente a emanci- fugidos com isto as fugas aumentavam. Em 1887, a Igreja Católica
pação dos escravos, indenizando os proprietários. manifestou-se, pela primeira vez no Brasil, a favor da abolição.
O projeto da lei foi elaborado, com base nos projetos de Pi- O Partido Liberal era favorável à abolição desde 1884. O
menta Bueno, pelos conselheiros José Nabuco de Araújo, Francis- Partido Conservador só aderiu à idéia em 1888, por inluência de
co de Sales Torres Homem (visconde de Inhomirim) e Bernardo João Alfredo Correia de Oliveira e Antônio da Silva Prado que, em
de Sousa Franco. Apesar de não contrariar fundamentalmente os 1887, numa reunião de fazendeiros paulistas, defendeu a alforria
interesses dos fazendeiros, a lei do Ventre Livre custou a José Ma- geral num prazo de três anos. Só os “barões” do café do vale do Pa-
ria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco, chefe do ministério raíba do Sul, já em franca decadência, estavam contra a abolição.
da época, nada menos de quarenta e um discursos durante o ano de Em março de 1888, a Princesa Isabel encontrava-se de novo
1871 na Câmara e no Senado e que acabou sendo aprovada em 28 na regência do trono substituiu o ministério do barão de Cotejipe
de setembro 1871 e promulgada pela princesa Isabel, herdeira do pelo do conselheiro João Alfredo, que era conservador mas favo-
trono, que ocupava a regência durante uma viagem do imperador rável ao im da escravidão e na sessão de abertura das câmaras, em
ao estrangeiro. 7 de maio, a princesa sugeriu a abolição imediata da escravatura,
A partir de 1878, o movimento abolicionista começou a se e no ato o ministério apresentou um projeto de lei composto de
articular em torno da denúncia das insuiciências da lei do Ventre um artigo único propondo a extinção imediata e incondicional do
Livre. O progresso da lavoura do café no oeste de São Paulo em trabalho escravo, sem indenização ou qualquer compensação aos
bases capitalistas - os trabalhadores agrícolas eram parceiros ou proprietários, com a proposta sendo aprovada com apenas nove
assalariados, não mais escravos - dava fortes argumentos econômi- votos contrários na Câmara dos Deputados, oito dos quais de re-
cos contra a escravidão. com isto alguns intelectuais descendentes presentantes da província do Rio de Janeiro, entre eles o barão
de escravos como José do Patrocínio, Luís Gama e André Rebou- de Cotejipe e Paulino José Soares de Sousa. Sancionada em 13
ças lideraram na imprensa a luta pela abolição. E no ano de 1879 de maio pela princesa Isabel, a lei 3.353 icou conhecida como
quando Joaquim Nabuco foi eleito deputado ele reabriu a questão Lei Áurea que extingue a escravidão no Brasil, decisão esta que
da abolição na Câmara e através de seu livro desagradou aos fazendeiros, que exigiram volumosas quantias de
O abolicionismo, publicado em 1883, ele reuniu as principais indenizações pela perda de seus “bens”. E como não conseguiram
idéias e argumentos contra a escravidão. E no ano de 1880, po- acabaram aderindo ao movimento republicano e o Império perde
líticos importantes, como Joaquim Nabuco e José do Patrocinio, sua última coluna de sustentação política.
criam, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira Contra a Escravi- A Abolição da escravatura é uma data comemorada no dia 13
dão, a mesma promoveu diversas conferências, publicou diversos de maio e foi muito importante para a história do Brasil, pois foi
artigos em jornais e desenvolveu outras formas de propaganda, o momento em que os negros que eram escravos dos senhores de

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HISTÓRIA
engenho e fazendeiros e eram tratados de maneira desumana, se O escravo que se insurgisse contra o trabalho servil e a repres-
tornaram pessoas livres. Origem da Abolição da escravatura Assim são era violentamente punido, sem direito a defesa. Eram proibi-
que os portugueses começaram a colonizar o Brasil, não existia dos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas
mão-de-obra para a realização dos trabalhamos manuais, e então festas e rituais africanos. Tinham que seguir as religiões católicas,
eles resolveram usar o trabalho dos índios nas fazendas. Porém impostas pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa
depois de um tempo a Igreja Católica saiu em defesa dos índios na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições,
e essa fase não durou muito tempo. Ainda com a necessidade, os não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam
portugueses começaram a fazer o mesmo que muitos países da Eu- seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representa-
ropa estavam fazendo, indo para a África pegá-los para depois le- ções artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
var para o Brasil para serem escravizados. Fonte: www.calendarr. As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão,
com embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra,
História da Escravidão Na época em que os portugueses co- principalmente, para trabalhos domésticos.
meçaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram
a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram comuns naqueles tempos de colônia.. No Século do Ouro (XVIII)
usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquiri-
não pôde ser levada adiante, pois os religiosos se colocaram em rem a carta de alforria. Juntando alguns “trocados” durante toda a
defesa dos índios condenando sua escravidão. vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades
Assim, os portugueses passaram a fazer o mesmo que os e o preconceito das sociedades acabavam fechando as portas para
demais europeus daquela época. Eles foram à busca de negros estas pessoas. O negro também reagiu à escravidão, buscando uma
na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua colônia. vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos
Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil. Ao falarmos em de escravos fugiam, formando nas lorestas os famosos quilombos.
escravidão, é difícil não pensar no português, espanhol e inglês Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integran-
que superlotavam os porões de seus navios de negros africanos , tes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária
colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a região aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam pra-
da América. Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos ticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos.
capitães-de-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por
Brasil, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, Zumbi. Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura
da dedicação e ideias defendidas pelos aboli cionistas, e de muitos A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil pas-
outros fatos ligados a este assunto. Apesar de todas estas citações, sou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu
a escravidão é bem mais antiga do que o tráico do povo africano. mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês
Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os po- aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráico de escra-
vos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistado- vos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem na-
res. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos vios de países que faziam esta prática. Em 1850, o Brasil cedeu às
como escravos desde os começos da História. Muitas civilizações pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiroz que acabou
usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de ta- com o tráico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a
refas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Roma foi uma delas, Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos ilhos de escravos nas-
estas detinham um grande número de escravos; contudo, muitos cidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei
de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de
sua liberdade. 60 anos de idade. Somente no inal do século XIX é que a escra-
Escravidão no Brasil No Brasil, a escravidão teve início com vidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se
a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os por- deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita
tugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África pela Princesa Isabel. Fonte: gil.adm.br
para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar Na época em que os portugueses começaram a colonização do
do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos ma-
os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais nuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas
saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou ve- lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante,
lhos. O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos pois os religiosos se colocaram em defesa dos índios condenando
navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos sua escravidão. Assim, os portugueses passaram a fazer o mes-
morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lan- mo que os demais europeus daquela época. Eles foram à busca
çados ao mar. Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua
partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma colônia. Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil. Processo
possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas tra- de abolição da escravatura no Brasil Os negros, trazidos do conti-
pos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam nente Africano, eram transportados dentro dos porões dos navios
as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca hi- negreiros. Devido as péssimas condições deste meio de transporte,
giene) acorrentadas para evitar fugas. Eram constantemente casti- muitos deles morriam durante a viagem.
gados isicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum Após o desembarque eles eram comprados por fazendeiros e
no Brasil Colônia. senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e desumana.

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HISTÓRIA
Nos porões dos navios, os negros eram amontoados, compri- Na Europa, é difícil saber a quem cabe a prioridade do tráico-
midos uns contra os outros Apesar desta prática ser considerada -se a portugueses ou espanhóis. Já em meados do século XV ele
“normal” do ponto de vista da maioria, havia aqueles que eram constituía o meio regular de colonização de ambos os países e, a
contra este tipo de abuso. Estes eram os abolicionistas (grupo for- partir daí, durante os duzentos anos seguintes, foram abastecidas
mado por literatos, religiosos, políticos e pessoas do povo); contu- também, além das colônias espanholas e portuguesas, as posses-
do, esta prática permaneceu por quase 300 anos. O principal fator sões inglesas, francesas e holandesas, Em Portugal, Antão Gon-
que manteve a escravidão por um longo período foi o econômico. çalves, ao regressar em 1442 de uma expedição à África, ordenada
A economia do país contava somente com o trabalho escravo por D. Henrique, levou alguns mouros como cativos que o Infante
para realizar as tarefas da roça e outras tão pesados quanto estas. mandou libertar. No ano seguinte, Antão Gonçalves trocou seus
As providências para a libertação dos escravos deveriam ser prisioneiros por dez negros da Guiné, que Frei Francisco de São
tomadas lentamente. A partir de 1870, a região Sul do Brasil pas- Luís airma terem sido os primeiros escravos chegados a Portugal,
sou a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros; provenientes da costa ocidental africana. Em 1445, Nunq Tristão
no Norte, as usinas substituíram os primitivos engenhos, fato que transportou mais de 40 escravos africanos, entusiasmado pelas
permitiu a utilização de um número menor de escravos. Já nas prin- possibilidades econômicas do negócio. Foi em Portugal que mais
cipais cidades, era grande o desejo do surgimento de indústrias. se desenvolveu o tráico negreiro - já que este país mantinha o
domínio exclusivo da África colonial.
Visando não causar prejuízo aos proprietários, o governo,
Durante muitos anos, porém, o tráico negreiro foi também
pressionado pela Inglaterra, foi alcançando seus objetivos aos pou-
próspero na Espanha, representando a principal fonte de renda do
cos. O primeiro passo foi dado em 1850, com a extinção do tráico
país. Por intermédio dos asientos a coroa espanhola concedia a de-
negreiro. Vinte anos mais tarde, foi declarada a Lei do Ventre-Li-
terminados súditos o direito exclusivo de fornecer negros escravos
vre (de 28 de setembro de 1871). às suas possessões de ultramar. O negócio era tão vantajoso que
Esta lei tornava livre os ilhos de escravos que nascessem a muitos soberanos estrangeiros faziam tudo para obter os asientos,
partir de sua promulgação. Em 1885, foi aprovada a lei Saraiva- ou seja, tratados ou contratados de monopólio comercial. E por
-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneiciava os negros de mais dois séculos - de 1517 a 1743 - holandeses, espanhóis, franceses,
de 65 anos. Foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que portugueses e ingleses gozaram sucessivamente deste monopólio.
liberdade total inalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. A Inglaterra, que mais tarde seria ferrenha defensora da proi-
Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão bição do tráico, conseguiu 30 anos de monopólio para seus súdi-
no Brasil. A vida dos negros brasileiros após a abolição Após a tos pelo tratado de paz de Utrecht assinado em 1713. A Espanha
abolição, a vida dos negros brasileiros continuou muito difícil. tirava grandes lucros destas transações, recebendo vultosos em-
O estado brasileiro não se preocupou em oferecer condições préstimos ou adiantamentos dos empresários com os quais nego-
para que os ex-escravos pudessem ser integrados no mercado de ciava, e a este (Hientos era dada ainda uma vinculação religiosa,
trabalho formal e assalariado. Muitos setores da elite brasileira sendo celebrados, inclusive, em nome da Santíssima Trindade por
continuaram com o preconceito. Prova disso, foi a preferência pela Sua Majestade Católica de Espanha. Dez contratos dessa espécie
mão-de-obra europeia, que aumentou muito no Brasil após a aboli- foram realizados em menos de dois séculos, compreendendo o
ção. Portanto, a maioria dos negros encontrou grandes diiculdades transporte de quinhentos mil escravos num total de 50 milhões de
para conseguir empregos e manter uma vida com o mínimo de libras. No Brasil, o elemento negro começou a ser Introduzido com
condições necessárias (moradia e educação principalmente). os primeiros engenhos de açúcar de São Vicente.
Em praça pública, para servirem de exemplo aos demais, os Para alguns historiadores, os escravos africanos aqui chega-
negros sofriam .seus castigos. A escravidão negra no Brasil, inicia- ram com Martim Afonso de Sousa, em sua expedição de 1532.
da, segundo alguns autores, em 1532, estendeu-se até 1888. Foram Durante quase 50 anos este tráico foi regular, e em 1583 realizou-
mais de três séculos e meio de escravatura, condição em que o -se o primeiro contrato para a introdução da mão-de-obra africana
negro desempenhou importante papel na colonização e, depois, no no Brasil, assinado entre Salvador Correia de Sá, governador da
desenvolvimento econômico do Império. Os africanos entravam Cidade do Rio de Janeiro, e São João Gutiérres Valéria. Um século
no Brasil principalmente através dos portos do Rio de Janeiro, de mais tarde já havia nas lavouras brasileiras 50 mil escravos negros,
a maioria em Pernambuco.
Salvador, do Recife e de São Luís do Maranhão, de onde se espa-
Em 1755, o Marquês de Pombal criou a Companhia Geral do
lhavam por todo o território brasileiro. Muitas vezes, revoltados
Comércio do Grão-Pará e Maranhão e, em 1759 a de Pernambuco
com sua condição, fugiam de seus senhores, chegando a organi-
e Paraiba, as quais introduzindo grande número de negros africa-
zar-se em quilombos, cujo principal, o de Palmares, em Alagoas,
nos, fomentaram o progresso material do Nordeste brasileiro. Ten-
conseguiu tornar-se um verdadeiro estado negro dentro da colônia cionando contar com o elemento natural para a colonização dos
portuguesa. Foi como que o negro entrou no Brasil, mas não foi continentes que ocupa vam, os portugueses tentaram- nos primei-
esta colônia portuguesa o primeiro país na América a receber o ros tempos de sua permanência no Brasil - subjugar os silvícolas
africano em tal condição. Em 1501, a ilha de São Domingos atual brasileiros. Assim, em 1533, Martim Afonso de Sousa permitiu a
República Dominicana, por um ato do rei da Espanha, recebeu a Pero de Góis o transporte para a Europa de 17 indígenas escravi-
primeira leva de negros, vindos com Nicolau Ovando, e a partir de zados, e no foral dado a cada donatário contava o direito de vender
1517 o comércio negreiro para as colônias espanholas começou a anualmente até 39 indígenas cativos. O índio brasileiro, entretanto,
ser feito regular e legalmente. Foi concedido asiento a Go menot, além de não se adaptar ao regime de escravidão, não servia para
governador de Besa, para a introdução de 4.000 negros, contrato o trabalho na lavoura. Estes fatos, aliados à vinda dos jesuítas,
que ele vendeu a negociantes genoveses. empenhados na defesa do índio, izeram com que aumentasse o

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HISTÓRIA
tráico negreiro, tendo os próprios religiosos usado a mão-de-obra Os sudaneses – que receberam inluência do islamismo e eram
africana até 1870. A introdução do escravo negro no Brasil repre- os mais adiantados - foram os responsáveis pelos movimentos de
sentava uma determinante socioeconômica importantíssima para a rebelião dos escravos e pela formação dos quilombos - os agrupa-
emancipação colonial, e foi por muitos reconhecida. mentos de escravos fugidos criados no Brasil. Os negros africanos,
Entre estes, Nóbrega, em carta ao rei de Portugal datada de introduzidos no Brasil para trabalhar na lavoura e na criação, não
1559; o conceituado Bispo D. José Joaquim da Cunha de Aze- se adaptaram a esta última função, sendo substituídos pelos indíge-
redo Coutinho, em sua obra Justiça do Comércio de Resgate de nas - mais adaptáveis ao tipo de vida do pastoreio.
Escravos da Costa d’ África; e o famoso Padre Antonil, que em E embora fossem utilizados também nos serviços domésticos
sua Cultura e Opulência do Brasil, por Suas Drogas e Minas, es- e na mineração - onde tiveram papel importante - eles foram os
creveu: “Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, princi pais, e em alguns casos os únicos, trabalhadores das lavou-
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumen- ras de açúcar, café e algodão. A compra do negro era, a princípio,
tar fazenda, nem ter engenho corrente.” Os negros eram vendidos realizada de forma muito simples. Empregava-se o sistema de tro-
pelos seus sobas - chefes de tribos africanas - aos portugueses, e ca, usando-se todo os tipos de miçangas, vidrilhos, guizos, panos,
trazidos para o Brasil vindos da costa e da contracosta da África. armas e utensílios de ferro necessário à lavoura africana, que eram
Até meados do século XVll eram eles adquiridos, em sua maio- entrgues aos sobas por uma certa quantidade de escravos.
ria, pelos senhores de engenho de Pernambuco e Bahia. No início Mais tarde, o ferro e a aguardente passaram a ser importan-
tíssimos neste comércio. À medida, entretanto, que o tráico se
do séc. XVIII seus maiores compradores passaram a ser o Rio de
intensiicou, as exigências dos vendedores foram aumentando e
Janeiro e Salvador. Ainda no início do século XVllI os escravos
os compradores quase que tiveram de lançar mão de mercadorias
negros foram introduzidos nas regiões cafeeiras, a princípio do
européias. Os negros eram transportados em navios negreiros, fu-
Pará e do Maranhão, mais tarde do Rio de Janeiro e São Paulo. Os nileiros ou tumbeiras, e as descrições destas viagens - sobretudo as
negros escravos que vieram para o Brasil saíram de vários pontos que foram transmitidas através dos apaixonados versos dos poetas
do continente africano: da costa ocidental, entre o Cabo Verde e o abolicionistas - são de estarrecer. Não são eles, entretanto, a única
da Boa Esperança; da costa oriental, de Moçambique; e mesmo de fonte a revelar esse quadro horrendo. Outros autores que se desta-
algumas regiões do interior. Por isto, possuíam os mais diversos caram no estudo do assunto atestam que nessas viagens morriam
estágios de civilização. até 40% dos embarcados, além de ocorrerem naufrágios por ex-
O grupo mais importante introduzido no Brasil foi o sudanês, cesso de carga; o tratamento era desumano e os escravos viam-se
que, dos mercados de Salvador, se espalhou por todo o Recôncavo. obrigados a passar fome e sede, quer pela ambição desenfreada
Desses negros, os mais notáveis foram os iorubas ou nagôs e os dos traicantes, quer por erro de cálculo na tonelagem disponível
geges, seguindo-se os minas. Em semelhan_ te estágio de cultura para a travessia.
encontravam-se também dois grupos de origem berbere-etiÓpica e A estimativa do número de africanos introduzidos em nosso
de int1uência muçulmana, os fulas e os mandês. Mais atrasados do país durante o período superior a três séculos, em que foi reali-
que o grupo..sudanês estavam os dos grupos da cultura chamada zado o tráico, é muito difícil. Tradicionalmente, aceita-se a cifra,
cultura banto, os angolas, os congos ou cabindas, os benguelas e meramente hipotética, de 3.300.000 negros aventada por Rober-
os moçambiques. Os bantos foram introduzidos em Pernambuco, to Simonsen. A base adotada por este último foi a produtividade
de onde seguiram até Alagoas; no Rio de Janeiro, de onde se es- do escravo. Já Mircea Buescu, em sua tentativa para qualiicar a
palharam por Minas e São Paulo; e no Maranhão, atingindo daí o história econômica do Brasil, apresenta um outro método de ava-
Grão-Pará. Ainda no Rio de Janeiro e em Santa Catarina foram liação deste número. Este autor recorre a duas fontes de pesquisa:
introduzidos os camundás, camundongos e os quiçamãs. primeiro, as informações, embora precárias, referentes à popula-
Os bantos encontravam-se na fase do fetichismo - adorando ção global e à população escrava em várias épocas; segundo, a
árvores e símbolos toscos, no sistema da propriedade coletiva - constatação de que a população escrava teve uma taxa negativa de
com uma rudimentar organização de família - e do governo pa- crescimento vegetativo, taxa que é o elemento-chave de seus cál-
triarcal. A incapacidade de adaptação do indígena para a maioria culos. Baseado nestes estudos, apresentou um total de 6.723.850,
das tarefas colonizadoras e depois as leis de proibição do cativeiro entrados no Brasil do séc. XVI ao XIX.
Durante o Primeiro Reinado, os negociantes de escravos com
do índio izeram com que o tráico negreiro para o Brasil aumen-
armazéns no Valongo e no Aljube eram os comerciantes mais prós-
tasse a partir de ins do século XVI e se mantivesse numa crescente
peros do Rio de Janeiro. Mais tarde, quando a Inglaterra passou
progressão até meados do séc. XIX. Dos portos onde os negreiros
a perseguir os navios e a coniscar seus carregamentos, o preço
desembarcavam, os negros eram, depois de vendidos, transpor- dos escravos foi inlacionado. Um dos cálculos que encontra mais
tados para as fazendas do interior. De Recife, eles chegavam até defensores é o do historiador Afonso de E. Taunay, que forneceu
Alagoas; do Rio, eram levados para Minas e São Paulo; de São um total de 3.600.000 escravos africanos desembarcados no Bra-
Luís do Maranhão, atingiam o Grão.Pará; e de Salvador, todo o sil, discriminando-os pelos diversos séculos: 100.000, no XVI;
Recôncavo. Além do senhor do céu, Olorum, a religião dos io- 600.000, no XVII; 1.300.000. no XVIII; e 1.600.000 no século
rubas introduziu no Brasil outras divindades ou orixás, entre os XIX. O que se pode airmar, com menor margem de erro, é que já
quais Obatalá, ou Orixalá, ou Oxalá, que tinha por esposa Odudua; em meados do século XVII a população escrava no Brasil supera-
Xangô, deus dos raios e trovões; Ogum, deus da guerra; Iemanjá, va a população livre: em 1660, o Brasil contava 74.000 brancos
deusa das águas; Oxóssi, deus dos caçadores e viajantes; Ifá, que para 110.000 escravos. uma situação que prevaleceu até meados
tem por fetiche o fruto do dendezeiro, revelador do oculto; Da dá, do século XIX. Pois os cálculos efetuados em 1816 acusavam que,
protetor das crianças; Ibeji, Orixá dos gêmeos; e Exu ou Elegbará, dos 3.358.500 habitantes do Brasil, 1.428.500 eram livres, inclusi-
espírito do mal. ve pretos e pardos forros, e 1.930.000 escravos.

Didatismo e Conhecimento 26
HISTÓRIA
Aqui chegando, os negros eram armazenados em um barracão. Cabia-Ihes ainda evitar que o gado pisasse nos canaviais e
à espera de que fossem vendidos. Os preços variavam de acordo que as pragas atacassem as plantações, cortar a cana a golpes de
com muitos fatores: o sexo, a idade, a origem e o destino. Quando foice, levá-Ia em feixes para as moendas. que em muitos casos
encaminhados às minas de ouro valiam muito mais que os des- eram movidas por eles próprios. Além disso, eram responsáveis
tinados aos campos de plantação ou ao serviço doméstico. Eram pela abertura dos caminhos que ligavam os engenhos aos portos
vendidos separadamente sem respeitar laços de família - pais para e pelo transporte das caixas de açúcar destina das à exportação.
um senhor, ilhos para outros, maridos e mulheres para donos dife- E tanto a casa grande - moradia do senhor e sua família como
rentes. O negro era um elemento caro e seu preço foi inlacionado, a capela, as instalações da moenda, a construção dos depósitos e
principalmente depois que a Inglaterra se arvorou em defensora da até a da própria senzala - moradia dos escravos -, tudo era feito
raça maltratada, passando a perseguir os navios negreiros. Os ris- pelo trabalho cativo. Finalmente, alguns eram ainda utilizados no
cos tornaram-se, então, maiores, com prejuízo algumas vezes total.
trabalho doméstico e mesmo na amamentação e criação do ilho do
Quando o navio negreiro era pilhado em alto-mar e o carrega-
mento perdido quer pelo aprisionamento da embarcação, quer pelo senhor, como era o caso das chamadas mães-pretas. A senzala era
extermínio total da carga. constituída por uma série de barracões, pequenos e abafados, com
Nos primeiros tempos, de uma forma generalizada, o valor uma só porta e sem janelas. tendo apenas pequenos respiradouros.
médio de um escravo oscilava entre 20 e 30 libras esterlinas, ha- Frequentemente as senzalas eram construídas semi-enterradas no
vendo momentos excepcionais em que este preço atingia a 100 solo, com o chão de terra batida, que servia de lugar de sono e re-
libras. O livro de contas do Engenho Sergipe do Conde fornece va- pouso. A alimentação, a mais racionada possível. compunha-se de
liosas informações sobre o preço do escravo nos primeiros anos do feijão. farinha de mandioca e um naco de carne-seca.
século XVII. De acordo com as compras ali anotadas, um escravo Nas fazendas de açúcar o dia era longo. Os negros levantavam-
custava, em 1622. 29 mil-réis; em 1630, 30 mil-réis; 42 mil-réis, -se ao amanhecer e, após receber uma ração de alimento, seguiam
em 1635; e 55 mil-réis em 1652. Existem inúmeros dados relativos para o trabalho, onde permaneciam até o pôrdo-sol, com pequenos
aos preços de escravos no século XIX, mas, como variam muito, é intervalos para refeições. Os erros e a preguiça eram castigados das
difícil determinar-se uma média real. formas mais diversas e brutais, indo da palmatória às chicotadas.
Entretanto, estabeleceu Mircea Buescu um quadro estatístico
que deixavam as costas e nádegas em carne viva, colocando-se nas
em que se anota que o preço de um escravo era de 375 mil-réis,
feridas montes de sal para que a dor se prolongasse por dias e o
enquanto uma escrava custava, no mesmo ano e nas mesmas con-
dições de saúde e idade, 359 milréis. Vinte anos depois, isto é, em castigo jamais fosse esquecido. Além desses castigos havia outros.
1855, um escravo custava 1.075 milréis, enquanto uma escrava ainda mais rigorosos, em que se utilizavam aparelhos de tortura.
atingia a importância de 857 mil-réis; em 1875 chegava-se “ao Era costume marcar-se o escravo à semelhança do que fazia com o
preço de 1.256 milréis para o homem e 1.106 para a mulher. Entre gado. Já ao sair da África. ele recebia a marca de uma cruz no peito
1835 e 1875 o preço médio dos escravos cresceu 235%. Os negros para indicar sua condição de novo cristão. Alguns, chegados ao
escravos foram os principais - e às vezes únicos trabalhadores nas Brasil, recebiam ainda a marca do senhor, enquanto no corpo dos
lavouras de açúcar, café e algodão, e na pavimentação de ruas, no negros fujões costumava-se imprimir um F, indicação de sua fuga
Rio de Janeiro. e captura. O senhor tinha total direito sobre seus cativos, mas al-
Mesmo dentro da precariedade da exatidão dos dados, anotada guns escravos não conseguiam sujeitar-se a tal situação e fugiam,
pelo próprio autor, esses preços não são desprovidos de coerência. e, como desconhecessem a região para onde haviam sido levados.
A inlação apresentou-se em grau bastante baixo num período de em pouco tempo encontravam diiculdades em esconder-se. sendo
dez anos - com exceção do período de 1845 a 1855, época deini-
logo aprisionados pelos capitàes-do-mato. Outro inimigo dos ne-
tiva para a abolição do tráico, que provocou um aumento violento
gros eram os feitores, capatazes que, de forma geral eram mdes e
do preço de um escravo.
Na roça um escravo de 60 a 65 anos valia metade de um entre cruéis na execução dos castigos.
40 e 50 anos e a quarta parte de um de 25 a 30 anos; as crianças Antonil airmava que os escravos dos engenhos costumavam
tinham a partir de 9 ou 10 anos, preços iguais aos dos adultos; me- receber apenas três rês: pão. pano e pau, ou seja, alimentação, ves-
nores de 9 anos, o preço de um escravo subia de 20 a 50 mil-réis tuário e castigo. Nos primeiros dias do século XVII cerca de 30
por ano de idade. ou 40 escravos, fugidos dos engenhos de Pernambuco, chegaram
Antes de 1850 a elevação dos preços foi efeito da procura, à serra da Barriga. bem no interior do atual Estado de Alagoas.
enquanto que a partir deste ano a causa principal da baixa do preço Região de solo fértil e vegetação abundante, com extensos palmei-
foi a oferta, tendo em vista as leis abolicionistas que paulatinamen- rais. seus novos habitantes, por isso, chamavam-na Palmares. As
te iam substituindo o escravo pelo trabalhador livre. Embora os fazendas eram constantemente vigiadas pelo feitor, o que diicul-
negros se adaptassem mais do que os indígenas ao trabalho agríco- tava mas já não impedia que os negros, escapassem e penetrassem
la, a que já estavam acostumados, o tempo de vida de um escravo nas matas; os capitães-do-mato organizavam então expedições de
negro, depois de chegado ao Brasil, variava entre sete e dez anos. caça aos negros fujões.
Aos escravos cabiam todos os serviços das plantações, desde a
Estes, aprisionados, eram levados de volta à fazenda para,
derrubada das matas, a queima dos troncos e a limpeza do terreno,
até o plantio, a colheita e o preparo do produto para a venda. além das costumeiras vergastadas, serem marcados como fujões e
A abertura de caminhos e a construção da casa-grandeeda sen- ainda receberem ao pescoço uma canga. Durante um ano, de 1602
zala eram também tarefas dos escravos. Os escravos faziam todos a 1603, duas entradas, ambas cheiadas por Bartolo meu Bezerra,
os serviços: serviam o senhor de engenho, derrubavam as matas. empenharam-se na perseguição dos negros foragidos, mas sem su-
queimavam os troncos, limpavam o terreno, vigiavam o cresci- cesso. Aos poucos, centenas e centenas de negros fugidos foram
mento das mudas e molhavam os partidos. formando núcleos que proliferaram por todo o Nordeste.

Didatismo e Conhecimento 27
HISTÓRIA
A população de Palmares, a princípio, era composta apenas tantes para o quilombo. Após a Insurreição Pernambucana, embora
por escravos do sexo masculino, que se alimentavam das frutas os holandeses tivessem sido expulsos, o governo de Pernambuco
encontradas na região - jaca, laranja, melancia, banana, ananás, não contava ainda com recursos suicientes para dar combate aos
manga, goiaba, coco, além de algumas raízes - e de alguma car- quilombos, e os próprios fazendeiros de Alagoas (atual Cidade de
ne, conseguida através das caças que caíam em suas armadilhas e Marechal Deodoro) e Porto Calvo assinaram um tratado de União
alçapões. Com o correr do tempo, uma pequena aldeia começou a Perpétua tentando organizar uma tropa para atacar Palmares.
nascer. Ergueram-se cercas para a criação de animais, lavraram- Logo depois, obtiveram a adesão de mais uma vila - Sirinha-
-se os campos adjacentes, iniciando-se a cultura de milho, feijão ém -, sem nada conseguir de positivo. Em 1669 o governador de
e mandioca, que passaram a constituir a base de sua alimentação, Pernambuco, Bernardo de Miranda Henriques, determinou, com o
enriquecidas de ovos e de carne de porco. objetivo de pôr im à fama do quilombo, que todo negro recaptura-
Com o crescimento da aldeia, que começou a receber mulhe- do fosse vendido para outras capitanias no Sul do país. A primeira
res conseguidas nos assaltos contra as vilas próximas, a notícia de vitória contra os quilombos foi conseguida pelo Tenente Antônio
que havia uma região em que os negros viviam livremente percor- Jacomé Bezerra, que - cheiando uma expedição enviada em 1617
reu as fazendas. pelo governador de Pernambuco, Fernão Sousa Coutinho - con-
E Palmares transformou-se em sonho dos escravos, a meta seguiu prender 200 palmarinos. No ano seguinte, à frente de 600
a ser a1cançada, uma verdadeira obsessão. Consequentemente a homens bem armados e abastecidos para seis meses, o já então
vigilância nos engenhos foi reforçada, os castigos dos negros cap- Coronel Jacomé Bezerra voltou a atacar, conseguindo destruir vá-
turados tornaram-se mais severos, mas a expectativa de uma vida rios mocambos e incendiar lavouras. Apesar de vencidos, os ne-
livre recompensava todos esses possíveis sacrifícios. gros não se amedrontaram, e, num contra-ataque, dizimaram parte
A invasão holandesa em Pernambuco foi um fator primordial da tropa de Bezerra, que foi obrigado a voltar. Outras expedições
da expansão e do fortalecimento dos quilombos. Preocupados na foram organizadas, entre as preparadas e cheia das por Fernão
defesa da província, os senhores de engenho descuidaram-se da Carrilho, que obteve consideráveis vitórias, embora, não tivesse
vigilância das fazendas e os escravos passaram a fugir às centenas. conseguido exterminar os quilombolas. Apesar de já estarem me-
fazendo com que Pai mares se tornasse não mais um núcleo de ne- nos poderosos, os negros continuaram a fazer frente aos ataques
gros fugitivos, mas um verdadeiro estado negro dentro da colônia inimigos. Em 1687, o novo governador, João da Cunha Souto
portuguesa. O segundo Marquês de Lavradio, vice-rei do Brasil Maior, por sugestão do Conselho Ultramarino, resolveu a exemplo
de 1769 a 1779, transferiu para o Valongo, atual Rua Camerino,o do que ocorrera na luta contra os indígenas na Bahia - recorrer ao
mercado de negros que até então se localizava na Rua Direita, hoje bandeirante Domingos Jorge Velho para dar im à confederação
Primeiro de Março, no Rio de Janeiro. dos negros. Foi com ele irmado então um contrato regular, rati-
Do ponto de vista político-social, Palmares parecia um lugar icado pelo Governador Marquês de Montebelo em 1691 e mais
desorga nizado e confuso. Ali, em um total de quase 20.000 ne- tarde por D. Pedro 11 (de Portugal). O governo entraria com toda a
gros, reuniam-se grupos oriundos das diversas regiões da África munição, armas e 600 alqueires de farinha em cada dois meses que
- com diferentes costumes e dialetos - a grupos nascidos no Brasil durasse a campanha, e em troca Jorge Velho receberia um quinto’
e já marcados pela cultura dos brancos. Ao lado desses negros, do valor dos negros apreendidos, terras e o perdão para possíveis
embora em número bem restrito, moravam ainda índios ex-escra- crimes cometidos por seus homens.
vos, mestiços e até alguns brancos. Os quilombolas de Pai mares A tarefa era tão difícil que só no governo de Caetano de MeIo
estavam organizados em dezenas de mocambos, isto é, aldeias dis- e Castro, em 1693, Domingos Jorge Ve ho marchou contra os Pal-
tanciadas umas das outras, com .vida quase independente e com mares. A primeira investida não surtiu o resultado esperado: os
chefes próprios. A princípio, estes chefes haviam pertencido à no- homens de Jorge Velho esperavam uma caçada e encontraram luta,
breza na África; aos poucos, porém, e por força das circunstâncias, guerra dura. Tendo atacado o mocambo do Macaco, sofreram a re-
os mais fortes, os mais capazes, foram-se impondo e assumindo a sistência de Zâmbi, que impôs aos atacantes grandes perdas. Mor-
liderança. reram neste combate cerca 800 homens de ambas as partes. Jorge
Embora cada mocambo tivesse sua própria organização dois Velho retirou-se para Porto Calvo, sugerindo ao governador que se
fatores os uniam: o código de justiça, embora bem primitivo, que formasse um grande exército.
punia com a morte o crime, o roubo e a fuga; e o sistema de de- Cheiados pelo Capitão-Mor Bernardo Vieira de MeIo e pelo
fesa com base em postos de observação espalhados em lugares Sargento-Mor Sebastião Dias, 6.000 homens, entre forças regu-
estratégicos da região. Em seus tempos áureos, Palmares chegou lares e voluntários, reuniram-se aos paulistas de Domingos Jorge
a estender-se por mais de 60 léguas, em vasta zona de lorestas, Velho, marchando contra Palmares. Para dar combate à Cerca do
numa faixa de terra paralela ao litoral que ia do cabo de Santo Macaco, onde se concentravam os negros de Zâmbi, Jorge Velho
Agostinho às margens do rio São Francisco. Era uma região de mandou construir um grande cercado de 600 metros de compri-
lorestas e banhada por inúmeros rios, porém de difícil acesso, o mento, e, defendidos os dois lados por paliçadas, desenrolou-se a
que facilitou a sua defesa até o im do século XVII. batalha.
Em Palmares - que, dois séculos depois, seria gloriicada por A luta foi difícil, todos os tipos de armas foram utilizados, e
Castro Alves nos versos de Saudações a Palmares - os negros eram até água fervente foi usada pelas mulheres palmarinas na defesa
considerados homens livres, desde que satisizessem certas exigên- do mocambo atacado. Os ataques de 23 a 29 de janeiro de 1694 ao
cias. Se o escravo viesse foragido, era imediatamente considerado reduto negro mostraram a necessidade de ser usada a artilharia re-
homem livre, podendo escolher o mocambo em que desejava vi- quisitada então do Recife. Aos poucos, os negros foram cercados,
ver; se chegasse, porém, raptado pelos homens do quilombo, con- icando sem contato com o exterior, tendo às costas um enorme
tinuaria escravo da comunidade até que se conseguisse mais habi- precipício. Jorge Velho pensava vencê-los pela fome e sede.

Didatismo e Conhecimento 28
HISTÓRIA
Finalmente, a 6 de fevereiro de 1694, os tiros de canhões qualquer, trazido de casa mesmo. Para os coronéis, bastava entre-
abriram brechas na cerca do mocambo e os soldados invadiram a gar a cada um de seus empregados um papel já preenchido, e como
praça, obrigando os negros a tentar escapar por uma única saí da a grande maioria destes “eleitores” era analfabeta, estes apenas as-
junto ao precipício. Mesmo ferido, Zâmbi conseguiu fugir e só foi sinavam seus nomes (lembrando que analfabetos não podiam vo-
aprisionado quase dois anos depois, quando um negro, preso no tar). Isso não era de modo algum problema para os coronéis, já que
caminho de Recife, em troca da vida, ofereceu-se para indicar o eles mesmos escreviam nos papéis o que bem desejassem. Como
lugar onde o líder se encontrava em companhia de 20 homens. No os criados não sabiam ler, muitas vezes eles votavam sem sequer
dia 20 de novembro de 1695, André Furtado de Mendonça cortou saber o que estava escrito no papel que depositavam na urna. Aliás,
a cabeça do valente guerreiro negro, levando-a para Recife. Em era prática do coronel fornecer o transporte a estes pretensos elei-
Palmares os negros eram homens livres. tores, que recebiam as “instruções” ao irem votar.
A população do quilombo garantia sua subsistência, no prin- As regiões do vasto interior do Brasil estavam cheias desta
cípio, com as frutas da região e com a caça abatida ou presa em igura, um grande fazendeiro que exercia poder total sob uma co-
suas armadilhas. Pelos serviços prestados ao governo, Domingos munidade de camponeses humildes, pela via moral ou pela força
Jorge Velho recebeu 1.526 quilômetros quadrados de terra. Para mesmo. Assim, este utilizava de seu poder econômico para garan-
impedir a restauração do quilombo, foram distribuídas sesmarias tir a eleição dos candidatos que apoiava. Quando o convencimento
aos que combateram os quilombolas, fundando-se ainda diversas pela via econômica não surtia efeito, o coronel recorria à violência
povoações. Embora tenha sido o mais importante, o quilombo dos para que os eleitores de seu “curral eleitoral” obedecessem às suas
Palmares não era o único. ordens. Com um sistema de voto era aberto, icava fácil para os
No século XVIII formaram-se quilombos no Maranhão, na capangas do “candidato” pressionar e iscalizavar os eleitores para
região das Minas Gerais - às margens do rio das Mortes e na zona que votassem nos candidatos “indicados”. Outras formas conheci-
de Araxá. das de fraude eleitoral eram a compra de votos, votos fantasmas e
Expedições oicialmente organizadas destruíram-nos todos. as troca de favores.
Nos últimos tempos da escravidão surgiu um outro quilombo, de Com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao
relativa importância na região paulista o quilombo de Jabaquara. poder, a situação mudaria lentamente. Em 1932 entra em vigor o
Um dos aspectos mais interessantes e quase ignorados da história primeiro Código Eleitoral do Brasil, que garante o voto secreto,
da escravidão no Brasil é o das organizações secretas e religiosas medida fundamental para o início de uma maior correção nas elei-
da escravaria, com poderosa atuação em certos movimentos insur- ções. Por outro lado, o fator social iria inluenciar também, pois, a
recionais do im do século XIX. população rural iria gradualmente mudar do campo para as cida-
Essa participação deveu-se principalmente aos negros suda- des, enfraquecendo assim, naturalmente, o poder do coronel. Com
neses, entre eles os famosos malês ou negros auçás muçulmanos. a instalação do sistema de voto por meio da urna eletrônica, em
Entre as rebeliões que eclodiram na Bahia, cabe citar a chamada 1996, as chances de fraude foram consideravelmente diminuídas.
Revolta dos Malês que, em 1835, irrompeu na Cidade do Salvador,
quando era presidente da Bahia Francisco de Sousa Martins. POLÍTICA DOS GOVERNADORES
A política dos governadores foi um sistema político não oi-
Fonte: http://odia-a-historia.blogspot.com.br/2015/04/aboli- cial, idealizado e colocado em prática pelo presidente Campos
cao-da-escravatura-no-brasil.html Sales (1898 – 1902), que consistia na troca de favores políticos
entre o presidente da República e os governadores dos estados. De
acordo com esta política, o presidente da República não interferia
nas questões estaduais e, em troca, os governadores davam apoio
PERNAMBUCO REPUBLICANO: político ao executivo federal.
VOTO DE CABRESTO E POLÍTICA DOS
GOVERNADORES; Como funcionava na prática a política dos governadores
Neste acordo político, os governadores de estados não faziam
oposição ao governo federal e ainda instruíam os congressistas
de sua base a votarem favoravelmente aos projetos do executivo.
Nas eleições, os governadores usavam todos os recursos (legais e
VOTO DE CABRESTO ilegais) para eleger deputados e senadores que iriam dar apoio e
Ficou popularmente conhecido como voto de cabresto o sis- sustentação política ao presidente da República. Ligados a grandes
tema tradicional de controle de poder político por meio do abuso proprietários rurais (coronéis), os governadores usavam o “voto
de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública de cabresto”, fraudes eleitorais e compra de votos para conseguir
para favorecimento pessoal ou de simpatizantes políticos. eleger seus representantes nas eleições.
Nas regiões mais pobres do Brasil a prática foi (e, de certo Ao presidente da República cabia o papel de não interferir na
modo ainda é) bastante recorrente, uma das principais característi- vida política dos estados. O governo federal fazia vistas grossas à
cas do que se costuma deinir como corononelismo. Desde os tem- corrupção, ilegalidades de todo tipo e má administração que mui-
pos do Império, onde se realizaram as primeiras eleições do Brasil tas vezes faziam parte de muitos governos estaduais.
como país independente, a prática da fraude eleitoral é uma praga
de difícil combate. No período áureo do coronelismo, no início do A “degola”
século XX, o eleitor só precisava levar um pedaço de papel com o Um dos principais mecanismos de manutenção da política
nome do seu candidato e depositar na urna. Tratava-se de um papel dos governadores foi a Comissão Veriicadora dos Poderes. Esta

Didatismo e Conhecimento 29
HISTÓRIA
comissão era cheiada por um político de coniança do presidente Em 1918, foi eleito deputado estadual com apoio da agre-
da República e seus integrantes eram congressistas que apoiavam miação governista estadual (Partido Republicano Democrata) e,
o governo federal. Cabia a esta comissão veriicar a legitimidade em 1924, tornou-se deputado federal, reeleito quatro anos depois.
da eleição dos deputados e senadores. Quando estes eram de opo- Contudo, em 1930, rompendo com os governos estadual e federal,
sição, quase sempre eram impedidos de assumir o mandato (não aderiu à Aliança Liberal formada em torno da candidatura de Getú-
eram diplomados), pois a comissão considerava ilegais suas elei- lio Vargas. Após a revolução, apoiou o interventor Carlos de Lima
ções. Quando isso ocorria, diziam que o político havia sofrido a Cavalcanti e ajudou a articular no estado o Partido Social Demo-
“degola”. Desta forma, o governo federal inviabilizava o mandato crata (de sustentação ao Governo Provisório), pelo qual elegeu-se
de políticos de oposição. deputado constituinte em 1932.

Aliado iel de Vargas


Fim da política dos governadores
A atuação de Agamenon Magalhães na Constituinte de 1933
Este mecanismo injusto e antidemocrático existiu no Brasil foi pautada na defesa do regime parlamentarista, na qual não teve
durante quase todo período da República Velha. Foi somente com apoio nem do governo nem dos demais parlamentares. Apesar dis-
a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, que a po- so, em 1934, foi convidado pelo presidente Getúlio Vargas para a
lítica dos governadores, assim como outros mecanismos políticos pasta do Trabalho, Indústria e Comércio.
usados pelas oligarquias, deixou de existir. Nesse período, deu apoio à criação da Justiça do Trabalho,
ampliou a rede de apoio aos trabalhadores urbanos, e utilizou a
Governos que usaram o sistema da política dos arregimentação sindical para combater a iniltração comunista no
governadores: movimento operário, principalmente após a Intentona Comunista
1898 a 1902 - Campos Sales (criador do sistema) de 1935. Para isso, defendeu a intensiicação do controle sobre os
1902 a 1906 - Rodrigues Alves sindicatos e o aceno com novas leis sociais para os trabalhadores.
1906 a 1909 - Afonso Penna Em 1937, após a demissão de Vicente Rao, passou a acumular tam-
1909 a 1910 - Nilo Peçanha bém as funções da pasta da Justiça.
Aliado iel de Vargas, Agamenon Magalhães entrou em cho-
1910 a 1914 - Marechal Hermes da Fonseca
que com o interventor Lima Cavalcanti, que tendia a apoiar a can-
1914 a 1918 - Wenceslau Brás didatura oposicionista de Armando de Sales Oliveira para a su-
1918 a 1919 - Delim Moreira cessão presidencial de 1938. Por este motivo, em novembro de
1919 a 1922 - Epitácio Pessoa 1937, após a decretação do Estado Novo, Agamenon Magalhães
1922 a 1926 - Arthur Bernardes foi nomeado interventor federal em Pernambuco, substituindo seu
1926 a 1930 - Washington Luís antigo aliado e opositor. A interventoria de Agamenon Magalhães
coincidiu ainda com os anos da presença militar norte-americana
Fonte: http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/voto-de- no Recife, em virtude das alianças em torno da Segunda Guerra.
-cabresto/ Este período foi marcado por transformações não apenas no cená-
http://www.historiadobrasil.net/brasil_republicano/politi- rio político, mas também no plano cultural.
ca_governadores.htm
O “Agamenonismo”
Ao voltar ao estado natal, Agamenon Magalhães anunciou
que trazia consigo a “emoção do Estado Novo”. Misto de populis-
PERNAMBUCO SOB A INTERVENTORIA mo social com centralização política, o estilo de governo de Aga-
DE AGAMENON MAGALHÃES; menon (por ele chamado de “ruralização”) foi marcado pela busca
da unidade social e política, apoiada na personalidade pública do
interventor.
O governo estadual procurou envolver-se em todos os setores
da vida cotidiana, seguindo um ideário tradicionista, autoritário e
fortemente católico, que procurou apoiar-se tanto na censura oi-
Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães (Serra Talhada, 5 cial do DIP, quanto na utilização do jornal oicioso, o Diário da
de novembro de 1893 — Recife, 24 de agosto de 1952) foi um Manhã.
promotor de direito, geógrafo, professor (de Geograia) e político
brasileiro; deputado estadual (1918), federal (1924, 1928, 1932, Segundo Michel Zaidan:
1945), governador de estado (1937, 1950) e ministro (Trabalho e A obra administrativa de Magalhães pode ser dividida, pri-
Justiça). meiro, pela busca desenfreada do “consenso máximo” na so-
ciedade pernambucana, a partir de uma falsa imagem de paz e
harmonia social no Estado. Objetivo perseguido através de uma
Formação acadêmica e política
feroz repressão aos adversários, críticos, comunistas, prostitutas,
Tetraneto de Agostinho Nunes de Magalhães, e Filho do juiz afro-brasileiros, vadios e homossexuais.
e deputado estadual Sérgio Nunes Magalhães, tornou-se bacharel O governo Agamenon também combateu o cangaço e realizou
pela Faculdade de Direito de Recife (1916), em Recife, sendo em obras contra a seca. Seu programa de erradicação dos mocambos
seguida nomeado para a promotoria da comarca de São Lourenço (habitações insalubres) teve forte impacto entre as populações po-
da Mata. No ano seguinte, casou-se com Antonieta Bezerra Caval- bres, apesar das críticas de Gilberto Freyre e Manuel Bandeira,
canti e retornou a Recife, onde ixou residência. seus adversários na intelectualidade.

Didatismo e Conhecimento 30
HISTÓRIA
A “Lei Malaia” próprio PSD não conseguiu romper com sua formação conserva-
Em janeiro de 1945, Agamenon Magalhães foi novamente dora. Com Etelvino Lins (sucessor de Agamenon), o partido obte-
chamado por Getúlio Vargas para a pasta da Justiça. Mas desta ve uma nova vitória nas eleições de 1954 (elegendo o general Os-
vez, Getúlio não preparava o fechamento das instituições (como valdo Cordeiro de Farias), mas foi inalmente derrotado em 1958.
em 1937), e sim a sua democratização. Agamenon Magalhães foi tio do deputado federal Sérgio
Como titular da pasta, Agamenon aprovou o novo Código Magalhães Junior, líder da Frente Parlamentar Nacionalista, e do
Eleitoral (Lei Agamenon) e convocou as primeiras eleições livres governador Roberto Magalhães Melo, é sogro do ex-ministro da
do Brasil, com a autorização para o funcionamento dos partidos agricultura pecuária e abastecimento Armando Monteiro Filho,
políticos e o pleito direto para a presidência da República. No en- do empresário Jarbas Monteiro e do ministro do TCU José Múcio
tanto, a tentativa de aprovar uma lei antitruste (chamada de “lei Monteiro é ainda avô do Senador e Ministro do Desenvolvimento
malaia” por seu opositor Assis Chateaubriand, fazendo assim men- Indústria e comércio exterior Armando Monteiro Neto.
ção ao seu apelido pernambucano, “China gordo”) aumentou as Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Agamenon_
pressões de setores empresariais e militares contra o governo Var- Magalh%C3%A3es
gas. Em outubro de 1945, Getúlio Vargas acabou sendo deposto,
e com ele Agamenon deixou o ministério. O sucessor de Vargas,
José Linhares, anunciou o veto à “lei malaia” como uma de suas
primeiras medidas. MOVIMENTOS SOCIAIS E REPRESSÃO
DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR
Líder do PSD (1964-1985) EM PERNAMBUCO;
Apesar da deposição de Vargas, Agamenon conseguiu ser elei-
to para a Câmara dos deputados e permanecer como uma das prin-
cipais lideranças nacionais do Partido Social Democrático (PSD),
ao qual se iliara. Na Constituinte de 1946, alinhou-se entre os de- Introdução
fensores da intervenção estatal na economia.
Mesmo residindo no Rio de Janeiro, Agamenon Magalhães No dia 1 de abril de 1964 o Brasil começava a vivenciar uma
manteve-se como líder inconteste do PSD pernambucano, apesar história que iria até 1985 chamado período de ditadura, ditatorial
de sua crescente oposição ao governo do presidente Eurico Gaspar ou ainda anos de “chumbo” desse modo, inauguraria assim uma
Dutra, que era do mesmo partido. A cisão deu-se quando Agame- história de lutas de confrontos diretos e indiretos. Estas lutas se
non lançou a candidatura de Barbosa Lima Sobrinho ao governo davam no intuito de sobrepor o poder que o Estado exercia so-
de Pernambuco. Dutra, por sua vez, apoiou o candidato da UDN, bre a população através de um governo opressor, evidenciando os
um usineiro apoiado por setores agrários e conservadores. A dis- constantes combates urbanos que se davam na forma explicita de
puta eleitoral, vencida pelo PSD por pequena margem de votos em repressão. O confronto entre as forças militares e sociedade civil
janeiro de 1947, foi violenta e contestada vários anos na justiça. se acirravam cada vez mais.
A máquina eleitoral de apoio ao PSD era garantida por uma As formas usadas pelos governos militares, diante da popu-
extensa rede de apoiadores locais, utilizando-se do sistema do lação foram os atos institucionais o (AI’S). Durante todo período
coronelismo. Essa rede possibilitou ao partido obter sucessivas de ditadura foram elaborados cerca de 16 AI’S. As representações
vitórias em Pernambuco até 1958 (exceto na capital), derrotando desses AIS signiicavam a cassação de direitos políticos entre ou-
todos os seus adversários. Em 1950, Agamenon lançou sua própria tros e fez com que a sociedade se isolasse da participação que ela
candidatura ao governo de Pernambuco, para suceder a Barbosa tinha antes de 1964 e só iria voltar a ter esses direitos após 1985.
Lima Sobrinho. Os governos militares: Marechal Castelo Branco 1964- 1967,
Desta vez, porém, Agamenon Magalhães não seguiu a orien- suas principais atribuições entre outras foram. Anulação das refor-
tação de Getúlio Vargas (que naquele ano foi lançado candidato mas anteriores revogou o decreto da nacionalização das reinarias
a presidente pelo PTB). Reconciliando-se com Dutra, apoiou o de petróleo e desapropriação de terras.
candidato oicial do PSD, Cristiano Machado, enquanto Vargas se General Arthur da Costa e Silva 1967 - 1969sua principal ca-
aliou a João Cleofas, candidato da UDN (e que depois seria seu racterística foi à censura prévia a imprensa, neste período a disputa
ministro da Agricultura). entre sociedade e governo foi se evidenciando e icando mais ex-
O eleitorado do interior (onde se concentrava a máquina do plicita agora mesmo na opressão o povo começa a ganhar forças,
PSD) foi essencial para a nova vitória de Agamenon, eleito gover- centenas de pessoas vão as ruas protestar contra o regime, um fato
nador por 196 mil votos, contra 186 mil de seu adversário. muito difícil foi o estopim dessa luta a morte de um estudante pela
policia em 1968.
O legado General Garrastazu Médici – 1969 – 1974 ai sim, a luta entre
No entanto, a eleição popular de Agamenon Magalhães não sociedade e governo já se declara um fato incontestável quando
signiicou o pleno retorno do “agamenonismo” ao governo de Per- Médici assume a presidência o Brasil passa por um de seus mo-
nambuco: seu governo teve im com sua morte súbita, em 24 de mentos mais instáveis, pois começava no país uma de crimes, as-
agosto de 1952. saltos a bancos eram as chamadas guerrilhas urbanas. A população
O nacionalismo econômico e a visão social de Agamenon Ma- parecia ter achado a receita de superação da força que o governo
galhães marcaram a transição de uma visão agrária e oligárquica lhe empunharia, pois sequestrando pessoas ligadas aos militares
para a aliança com setores urbanos e operários (que marcou o con- poderiam trocas por civis. Em 1974 chega ao poder o General Er-
luio PSD/PTB em nível nacional). No entanto, em Pernambuco, o nesto Geisel – 1

Didatismo e Conhecimento 31
HISTÓRIA
974 - 1979 assumindo um país onde a ditadura agora não tinha Segundo Maklouf (1998), “O movimento ditatorial não enco-
mais tanta força como antes, a característica principal desse go- briu todo desejo de um povo, pois havia pessoas com forca, uma
verno foi o fato de que houve eleições para deputados, senadores dessas forcas que podem ser destacadas foi o movimento femi-
e vereadores. Por im Figueiredo – de 1979/1985. Com ele o país nino”. Assim, em sua obra: Mulheres que foram à luta armada, o
começa a se restabelecer é decretada a anistia e anulação das con- autor destaca o importante papel desse seguimento na ditadura.
denações. Assim a sociedade começava uma nova história depois Já para Souza (2004a, “Os movimentos sociais podem ser
de 21 anos de luta pela vida social e política. Dentro ainda de uma compreendidos em dois momentos distintos associados às relações
conjuntura que precisava ser refeita e repensada, para estabelecer que estabelecem com o Estado no período recente de nossa histó-
uma nova ordem de recuperação e reestruturação da nação ria”. O primeiro momento é relativo ao período ditatorial em que
. Finalmente, tem-se a igura do então presidente José Sarney as relações entre governantes e governados se davam de maneira
que trouxe consigo o período de redemocratização não mais go- opressiva e distante de qualquer ordenamento além daquele for-
vernante militar, e sim civil e com uma novaperspectiva de fazer o malizado pelo aparato jurídico e militar de repressão às demandas
Brasil caminhar sem as “amordaças” da ditadura. populares. Ainda nessa visão:
As intervenções militares foram recorrentes na história da re- Foi o momento heroico, centrado na espontaneidade dos mo-
pública brasileira. Antes de 1964, porém, nenhuma dessas interfe- vimentos pelo fato de serem uma quebra dentro do sistema políti-
rências resultou num governo presidido por militares. Em março co, de surgirem alguma coisa nova que, de certa maneira, iria subs-
de 1964, contudo, os militares assumiram o poder por meio de um tituir os instrumentos de participação até então disponíveis como
golpe e governaram o país nos 21 anos seguintes, instalando um partidos, associações e outros. As associações que emergiram no
regime ditatorial. inal dos anos 70 e, principalmente, na década de 80, por exemplo,
A ditadura restringiu o exercício da cidadania e reprimiu com na cidade de São Paulo, em grande parte foram impulsionados pela
violência todos os movimentos de oposição. No que se refere à atuação da Igreja Católica empolgada pela opção pelos pobres na-
economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvi- quilo que icou conhecido como teologia da libertação
mentista que produziu resultados bastante contraditórios, tendo em (SOUZA, 2004b).
vista que o país ingressou numa fase de industrialização e cres- A conquista da cidadania através dos movimentos sociais se-
cimento econômico acelerados, sem beneiciar, porém, a maioria ria um exercício da plenitude de direitos, de tal modo que a rea-
da população, em particular a classe trabalhadora. (CANCIAN, lização pessoal e comunitária dos indivíduos seja considerada um
2008). valor acima do Estado.
Apesar das tentativas dos governos militares em oprimir a
Dentro dessa perspectiva, pode-se destacar:
oposição diversos movimentos foram organizados para a atuação
Os movimentos sociais são, por sua própria natureza social,
da população em relação ao Estado. A maioria deles se apoiavam
organismos da sociedade civil. Entendemos aqui por sociedade
no debate e nas manifestações públicas, o que não impediu a for-
civil
mação de grupos terroristas de esquerdas.
l a esfera das relações - entre pessoas, grupos, movimentos e
Na história do Brasil, percebe-se nitidamente que as grandes
classes sociais- que se desenvolvem de modo autônomo frente às
mudanças políticas, na maioria das vezes não são diretamente
relações de poder próprias das instituições estatais.
frutos de mobilizações populares e nem são realizadas através de
A sociedade civil é a base da qual emanam os conlitos, as rei-
eleições.
Quando os donos do poder sentem algum descontentamento vindicações e as denúncias que o sistema político deve responder.
ou reação das classes populares, adiantam-se e promovem as mu- Portanto, nela estão incluídas as várias formas de mobiliza-
danças a seu modo: Elaboram leis, criam órgãos ou ministérios. ção, associação e organização das forças sociais que tendem à con-
Tudo isso com o intuito de excluir as classes subalternas do pro- quista do poder político. A sociedade civil é o espaço das relações
cesso decisório. Dessa maneira, procura-se passar a idéia de que do poder de fato, enquanto o Estado é o espaço das relações do
o problema ou a situação já esta sendo dado o encaminhamento poder de direito. Nos últimos trinta anos, a sociedade civil latino-
cabível, não necessitando, portanto de pressão, ajuda ou interfe- -americana fortaleceu-se pela multiplicidade de movimentos so-
rência das outras classes sociais (MEDEIROS, p.63). A força da ciais criados.
Igreja se fez presente durante todo regime e consequentemente Sob as ditaduras militares, a diiculdade de atuação através de
foi fundamental na queda do mesmo e Pernambuco teve um papel movimentos legais - muitos deles suprimidos ou cerceados pela
primordial visto que nesse período era um Estado de signiicante repressão - estimulou o surgimento de movimentos legitimados
expressão, a Igreja por sua vez era um dos maiores seguimentos da pela própria força e signiicado das demandas populares assumidas
sociedade civil. por eles. Exemplo disso foram às oposições sindicais, as pastorais
populares, as associações de moradores, os grupos de defesa dos
OS DIVERSOS MOVIMENTOS direitos humanos, mulheres, negros e índios, sem-terra e sem-teto
etc. Na defesa de seus direitos e interesses, as classes populares
De modo geral, podem-se destacar alguns movimentos impor- respaldaram também movimentos de peris mais especíicos, como
tantes no combate ao regime militar, e que por sua vez tiveram saúde, carestia, apoio jurídico, reforma agrária, ecologia, etc. Toda
grande parcela de contribuição, assim o movimento estudantil teve essa teia emergiu como parcela representativa da sociedade civil,
um êxito muito signiicativo. O movimento dos intelectuais, sobre- por ser mais organizada e consciente, embora inserida numa con-
tudo o movimento artístico. juntura adversa, tanto do ponto de vista político
Ressalta-se a importância também dos movimentos sindicais (hegemonia das classes dominantes), quanto do ponto de vista
entre outros. econômico

Didatismo e Conhecimento 32
HISTÓRIA
(relações capitalistas de produção). Tal contradição deu ao ca-
ráter reivindicativo de muitos desses movimentos um objetivo es-
tratégico comum: a guerra de posições, pela conquista de espaços
políticos inclusive dentro da máquina estatal, visando fortalecer o
poder da
classe trabalhadora e de todas as vítimas da exclusão social,
tendo em vista a construção de uma futura sociedade mais justa.
(BETTO, 1981, p.3).

Fonte: http://www.encontro2010.historiaoral.org.br/resour-
ces/anais/2/1267925985_ARQUIVO_Artigocompletoaserenvia-
doaoXEncontroNacionaldeHistoriaOral.pdf

Foto antiga de um ritual de candomblé bantu


HERANÇA AFRO-DESCENTE Nas religiões afro-brasileiras, vários termos são usados para
EM PERNAMBUCO; designar iniciação.
Cada uma das religiões tem seus termos próprios, iniciação,
feitura, feitura de santo, raspar santo, são mais usados nos terreiros
de candomblé, Candomblé de Caboclo, Cabula, Omoloko, Tambor
São consideradas religiões afro-brasileiras, todas as religiões de Mina, Xangô do Nordeste, Xambá, no Batuque usa-se o termo
que foram trazidas para o Brasil pelos negros africanos, na condi- fazer a cabeça ou feitura. No Culto de Ifá e no Culto aos Egun-
ção de escravos. Ou religiões que absorveram ou adotaram costu- gun usam o termo iniciação porém os preceitos são diferentes das
mes e rituais africanos. outras religiões.
Xangô do Nordeste – Pernambuco No candomblé o período de iniciação é de no mínimo sete
anos, se inserem os rituais de passagem, que indicam os vários
Batuque procedimentos dentro de um período de reclusão que geralmente
A estruturação do Batuque no estado do Rio Grande do Sul é de 21 dias (podendo chegar a 30 dias dependendo da região), o
deu-se no início do século XIX, entre os anos de 1833 e 1859 aprendizado de rezas, cantigas, línguas sagradas, uso das folhas
(Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros foram (folhas sagradas), catulagem, raspagem, pintura, imposição do
fundados na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notícias, em adoxú e apresentação pública, é individual e faz parte dos preceitos
jornais desta região, matérias sobre cultos de origem africana data- de cada pessoa que entra para a religião dos orixás.
das de abril de 1878, (Jornal do Comércio, Pelotas).[1] No Candomblé Jeje a iniciação ao culto dos voduns é com-
plexa e longa, de no mínimo sete anos, o período de reclusão pode
Candomblé
chegar a durar um ano, que pode envolver longas caminhadas a
Antes da abolição da escravatura em 1888, os negros escravi- santuários e mercados, dentro do convento ou terreiro hunkpame,
zados fugidos das fazendas, reuniam-se em lugares afastados nas onde os neóitos são submetidos a uma dura rotina de danças, pre-
lorestas em agrupamentos ou comunidades chamadas quilombos, ces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obe-
depois da libertação, os africanos libertos reuniam-se em comuni- diência.
dades nas cidades que passaram a chamar de candomblé. Candom- A princípio, nessas cerimônias, tem que haver o desprendi-
blé é o nome genérico que se dá para todas as casas de candomblé mento total, na iniciação deve-se morrer para renascer com outro
independente da nação. A palavra candomblé a princípio era usado nome para uma nova vida, no candomblé Ketu o Orunkó do Orixá
para designar qualquer festa dos africanos, teria sua origem nas (só dito em público no dia do nome), no Candomblé bantu além
línguas bantu da palavra Candombe que no Uruguai é um ritmo do nome do Nkisi (jamais revelado), tem a dijína pelo qual será
musical afro-uruguaio que deve existir também em outros países chamado o iniciado pelo resto da vida.
que receberam escravos africanos. Quando uma pessoa iniciada morre é feito o desligamento do
Egum, Nvumbe na cerimônia fúnebre e no Axexê, conhecido pelos
Iniciação nomes de sirrum e zerim, que varia dependendo do grau iniciático
do morto.
Na Umbanda e Quimbanda não incluem os ritos de passagem,
nem feitura de santo propriamente dita, uma vez que não incorpo-
ram Orixás incorporam os Falangeiros de Orixás, usa-se o termo
fazer a cabeça onde pode existir a catulagem e pintura, porém a
cabeça não é raspada completamente, e não tem imposição do ado-
xú. A reclusão nesses casos é de três a sete dias, é feita a instrução
esotérica, aprendizado das rezas e pontos riscados e cantados, e é
feita a apresentação pública.
O Babaçuê é de origem indigena, porém já adota algumas in-
luências da Umbanda.

Didatismo e Conhecimento 33
HISTÓRIA
O “Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Bra- Existem as árvores sagradas que são as mesmas das religiões
sileira” (Cenarab), a Baixada Fluminense tem 3,8 mil terreiros tradicionais africanas onde Orixás são cultuados pela comunidade
contra apenas 1,2 mil na área de Salvador e do Recôncavo Baiano, como é o caso de Iroko, Apaoká, Akoko, e também os orixás in-
informação dada por Jairo Pereira, do Cenarab em 1997. dividuais de cada pessoa que é uma parte do Orixá em si e são a
ligação da pessoa, iniciada com o Orixá divinizado.
Crenças Ou seja uma pessoa que é de Xangô, seu orixá individual é
De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Dou- uma parte daquele Xangô divinizado com todas as características,
trina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de ou como chamam arquétipo.
“Umbanda branca”, e que não tem nenhuma ligação com o Can- Existe muita discussão sobre o assunto: uns dizem que o Orixá
domblé, o Xambá, o Xangô do Recife ou o Batuque. Embora po- pessoal é uma manifestação de dentro para fora, do Eu de cada
pularmente se acredite que estas últimas sejam um tipo de “espiri- um ligado ao orixá divinizado, outros dizem ser uma incorporação
tismo”, na realidade trata-se de religiões iniciáticas animistas, que mas é rejeitada por muitos membros do candomblé, justiicam que
não partilham nenhum dos ensinamentos relacionados com a Dou- nem o culto aos Egungun é de incorporação e sim de materializa-
trina Espírita. Entretanto, outros segmentos da Umbanda podem ção. Espíritos (Eguns) são despachados (afastados) antes de toda
ter algumas semelhanças com a Doutrina Espírita, mas também cerimônia ou iniciação do candomblé.
com o Candomblé por causa da igura dos Orixás.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%B5es_afro-
No tocante especíicamente ao Candomblé, crê-se na sobre-
-brasileiras
vivência da alma após a morte física (os Eguns), e na existência
Cambinda Estrela, Sol Nascente, Elefante, Encanto da Ale-
de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados
coletivamente), não materializam; caso não divinizados (os Egun- gria, Estrela Brilhante do Recife, Encanto do Dendê, Cambinda
gun), materializam em vestes próprias para estarem em contacto Africano, Gato Preto, Linda Flor. No carnaval, vários grupos de
com os seus descendentes (os vivos), cantando, falando, dando maracatu incendeiam as ruas do Recife. O “cortejo real” é acom-
conselhos e auxiliando espiritualmente a sua comunidade. Obser- panhado por um conjunto de percussão com grandes tambores
va-se que o conceito de “materialização” no Candomblé, é dife- (afaya), caixas, taróis, gonguês (agogôs com uma campânula) e

• Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e


rente do de “incorporação” na Umbanda ou na Doutrina Espírita. mineiros (espécie de ganzá ou chocalho).
Mas, apesar de toda a sua fama, experimente perguntar à po-
obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão consulta pulação: o que é maracatu? Poucos poderão responder.
ao público assistente, mas podem eventualmente falar com Nem mesmo folcloristas e antropólogos chegam a um consen-
membros da família ou da casa para deixar algum recado para o so. Há quem deina o maracatu como a parte festiva dos xangôs (os
ilho. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá, candomblés recifenses). Também é visto como folguedo ou sim-

• Dependendo da nação ou linha de candomblé, os


(oráculo) e merindilogun. ples agrupamento afro-descendente voltado para a diversão. Entre-
tanto, é muito mais do que isso. Por meio de complexos arranjos
candomblés tradicionais não fazem a princípio contato com político-culturais, o maracatu envolve ao mesmo tempo diversão,
espíritos através da incorporação para consultas, é possível mas lazer, constituição de identidades e airmação religiosa.

• Já o candomblé de caboclo tem uma ligação muito


não é aceito. Hoje existem grupos que desenvolvem trabalhos sociais em
suas comunidades, ocupando espaços onde antes não estavam pre-
forte com caboclos e exus que incorporam para dar consultas, os sentes. São normalmente chamados de “nação”, sobretudo por reu-

• E existem os candomblés cujos pais de santo eram da


caboclos são diferentes da Umbanda. nirem homens e mulheres que moram perto uns dos outros e fre-
quentam os mesmos terreiros. É gente de uma mesma comunidade,
Umbanda e passaram para o candomblé que cultuam paralelamente o que lhes confere costumes e modos de fazer compartilhados.
os Orixás e os guias de Umbanda. Os maracatus foram vistos por muito tempo como práticas
No Candomblé, todo e qualquer espírito deve ser afastado exercidas por escravos africanos. Pereira da Costa (1851-1921),
principalmente na hora da iniciação, para não correr o risco de um famoso folclorista pernambucano, já em 1908 prognosticava sua
deles incorporar na pessoa e se passar por orixá, o Iyawo recolhido
extinção, devido à escassez de africanos no país e também pelo
é monitorado dia e noite, recorrendo-se ao Ifá ou jogo de búzios
fato de seus descendentes preferirem imitar os costumes da so-
para detectar a sua presença. A cerimónia só ocorre quando este
ciedade branca em detrimento dos seus. Foi este folclorista quem
conirma a ausência de Eguns no ambiente de recolhimento.
Afastam todo e qualquer espírito (egun), ou almas penadas, fez a mais completa e antiga descrição de um maracatu, até hoje
forças negativas, inluências negativas trazidas por pessoas de fora usada como prova por alguns estudiosos para airmar que os gru-
da comunidade. Acredita-se que pessoas trazem consigo boas e pos não mudaram substantivamente ao longo dos anos. Katarina
más inluências, bons e maus acompanhantes (espíritos), através Real, antropóloga norte-americana, seguiu os passos de Pereira da
do jogo de Ifá poderá se determinar se essas inluências são de Costa e também previu, nos anos 1960, o im próximo e inevitável
nascimento Odu, de destino ou adquiridas de alguma forma. dessa manifestação cultural. Outros estudiosos ora veem os mara-
Os espíritos são cultuados, nas casas de Candomblé, em uma catus como mera sobrevivência de um passado remoto, ora como
casa em separado, sendo homenageados diariamente uma vez que, folguedos ou brinquedos, que serviam apenas para a animação e o
como Exu, são considerados protetores da comunidade. lazer entre seus integrantes.
Existem Orixás que já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Não há como reduzir os maracatus a um só sentido. Tampouco
Ogun, Oxossi, viveram e morreram, os que izeram parte da cria- devem ser vistos como meros objetos com funções programadas,
ção do mundo esses só vieram para criar o mundo e retiraram-se como pensaram e ainda pensam alguns estudiosos. Os conceitos de
para o Orun, o caso de Obatalá, e outros chamados Orixá funfun folguedo, brinquedo ou sobrevivência cultural não os explicam por
(branco). completo. Até hoje, em meio às diiculdades enfrentadas por suas

Didatismo e Conhecimento 34
HISTÓRIA
comunidades, eles saem às ruas durante o carnaval. Portanto, não Para aqueles que continuam acreditando que os maracatuzei-
se trata só de brincadeira. E nem só de herança africana. Os ma- ros apenas mantêm uma tradição supostamente inalterada, basta
racatus, na verdade, são bem brasileiros, compostos de saberes e lembrar que as fotos mais antigas das damas de corte dos maraca-
modos de fazer os mais variados possíveis. Um exemplo é a afaya, tus, notadamente as de Dona Santa (rainha do Maracatu Elefante
cuja ainação é feita por amarração de cordas (igualzinho aos tam- entre as décadas de 1930 e 1960), mostram fantasias bem diferen-
bores que eram utilizados pelos exércitos europeus), bonecas de tes das atuais. No passado, não eram utilizadas, por exemplo, as
cera ou de pano (assemelhadas aos ídolos ou bonecos existentes na saias de armação (com arame ou goma no tecido para mantê-las
região da África centro-ocidental) e grandiosos guarda-sóis (muito armadas), que só surgem no momento em que as escolas de samba,
usados pelos antigos soberanos do Daomé – os dadás – e de Oyó nascidas no Rio de Janeiro, ganham força no carnaval do Recife.
– os alains). Não seria insensato pensar que os maracatuzeiros se apropriaram
Os mais conhecidos grupos de maracatu foram criados por deste recurso performático das porta-bandeiras. Nunca prevaleceu
afro-descendentes aqui ixados, que se utilizaram de heranças e a homogeneidade entre os grupos, e mesmo hoje, em meio aos
costumes os mais variados. São eles que mantêm a tradição de for- concursos de carnaval, é possível observar nações com diferentes
ma bastante dinâmica, num complexo processo de fazer e refazer. sotaques rítmicos e cores.
A Zona Norte do Recife é a região que registra a maior concentra- Os maracatus enfrentaram momentos delicados ao longo da
ção de “maracatus-nação”. Durante o carnaval, podemos encontrar
sua história, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970, quando atua-
também, pelas ruas da cidade, outra forma de maracatu, chamada
vam não mais do que cinco grupos, em contraste com os quase
de “rural”, “baque solto” ou “de orquestra”. Este tipo é mais co-
trinta hoje existentes. O ressurgimento começa a ocorrer nos anos
nhecido na atualidade pelo sucesso que faz o “caboclo de lança”,
considerado seu maior símbolo. A distinção entre os dois tipos de 1980, quando os maracatus Elefante, Sol Nascente e Estrela Bri-
maracatu foi pensada e estabelecida pelo maestro Guerra Peixe lhante retornaram ao carnaval, após alguns anos sem desilar. Ou-
(1914-1993), que esteve no Recife entre os anos de 1949 e 1952, tros foram fundados, como o Gato Preto, hoje um dos mais belos
estudando os xangôs, maracatus e a cultura popular em geral. maracatus do Recife. Após muitos anos de diiculdades, o momen-
Até a publicação de seu livro, Maracatus do Recife (1955), to atual é dos mais favoráveis para os maracatuzeiros. Nos anos
não havia consenso entre os estudiosos sobre as diferenças entre 1990, o Movimento Mangue Beat, liderado por Chico Science e
essas formas de expressão. Guerra Peixe airmou que os maracatus sua banda Nação Zumbi, alcançou fama nacional misturando o
se distinguiam principalmente pelos conjuntos musicais utilizados. maracatu com elementos eletrônicos. Há notícias de grupos per-
Enquanto o nação é acompanhado por uma orquestra percussiva, cussivos de maracatu atuando na Alemanha, na Rússia, no Canadá,
em que sobressaíam as afayas, o maracatu rural é constituído de na França, nos Estados Unidos e na Inglaterra, sem falar em outros
uma orquestra, denominada terno, composta de “poica” (espécie estados brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Mi-
de cuíca), tambor, gonguê de duas campânulas, caixa e instrumen- nas Gerais.
tos de sopro, que podem ser o pistom e o trombone de vara. De fato, Pode-se comprovar o sucesso atual dos maracatus pela exis-
as diferenças musicais entre essas duas modalidades de maracatu tência de várias comunidades no Orkut dedicadas ao tema – “Ma-
são bastante evidentes. Na atualidade, alguns maracatus-nação têm racatu”, “Cambinda Estrela”, “Porto Rico” e “Estrela Brilhante” –,
fortes ligações com as religiões afro-descendentes, principalmente bem como um razoável número de sites que têm como principal
o xangô, e até bem pouco tempo houve quem airmasse serem eles objeto o debate dessa manifestação cultural. Essa nova realidade
simples extensões carnavalescas destas. Mas a relação dos maraca- em que vivem os maracatus-nação contrasta com um passado, não
tus-nação com o sagrado não se resume aos orixás, pois há grupos tão distante, em que muitos sequer conseguiam recursos para pro-
em que a umbanda e a jurema (religião espalhada pelo Nordeste de mover seus desiles. Hoje, vários grupos já gravaram CDs, têm
forma isolada ou associada à umbanda) também estão presentes. clipes promocionais e geram uma discussão muito rica sobre a re-
Quase todos os estudiosos que escreveram sobre os maracatus lação da cultura popular com a indústria cultural.
pensaram ser possível encontrar suas origens. A ideia de origem Ao aliar a pujança da cultura afro-descendente com uma in-
pressupõe que tenham surgido de um ponto único, em uma pers- inita capacidade de sobrevivência e reinvenção, os maracatus-na-
pectiva de história linear, com começo que pudesse ser conhecido.
ção contribuem para a diversidade e a beleza do carnaval, seja no
Este ponto original seriam as festas de coroação dos reis e das
Recife ou em outras cidades onde se fazem presentes.
rainhas do Congo, em que um negro e uma negra de nação angola,
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/
e pertencentes à irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pre-
tos, eram eleitos para comandar seus confrades de modo geral. As eterno-batuque
festas que acompanhavam esta coroação eram constituídas de ba-
tuques, desiles do rei e da rainha eleitos. No entanto, os maracatus
são resultado de constantes adaptações e recriações de práticas an- PROCESSO POLÍTICO EM
tigas, não sendo possível determinar onde nem como começaram. PERNAMBUCO (2001-2015).
Sabe-se que na segunda metade do século XIX existiram gru-
pos variados conhecidos como maracatus, porém pouco mais se
conhece a respeito. Usariam os mesmos instrumentos de hoje?
Suas fantasias e o ritmo que os embalava eram semelhantes ao que
vemos e ouvimos atualmente? As notícias de jornal daquela épo- O estado de Pernambuco é governado por três poderes: o
ca só indicam que os maracatus eram fortemente rejeitados pelas executivo, representado pelo Governador do Estado; o legislativo,
classes sociais mais altas e perseguidos pela polícia, ao contrário representado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco; e o
dos dias de hoje, em que são festejados e proclamados como sím- judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de
bolos máximos da identidade pernambucana. Pernambuco. Também é permitida a participação popular nas

Didatismo e Conhecimento 35
HISTÓRIA
decisões do governo através de referendos e plebiscitos.[105] A pios. Alguns destes municípios formam uma conurbação. Oicial-
atual constituição do estado de Pernambuco foi promulgada em mente existem em Pernambuco uma região metropolitana, a do
5 de outubro de 1989, acrescida das alterações resultantes de Recife, e uma região integrada de desenvolvimento econômico, o
posteriores emendas constitucionais.[106] Polo Petrolina e Juazeiro.
O Poder Executivo pernambucano está centralizado no Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pernambuco
Governador do Estado, que é eleito em sufrágio universal e voto
direto e secreto, pela população, para mandato de quatro anos de QUESTÕES
duração, podendo ser reeleito para mais um mandato por igual
período. Sua sede é o Palácio do Campo das Princesas, construído 01. Entre as causas políticas imediatas da eclosão das lutas
em 1841 pelo engenheiro Morais Âncora a mando do então pela independência das colônias espanholas da América, pode-se
governador Francisco do Rego Barros. Várias pessoas já passaram apontar:
a) a derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo;
pelo Governo de Pernambuco, sendo o mais recente deles Paulo
b) a formação da Santa Aliança;
Henrique Saraiva Câmara, economista recifense formado pela c) a imposição de José Bonaparte no trono espanhol;
Universidade Federal de Pernambuco, eleito no primeiro turno d) as decisões do Congresso de Viena;
das eleições de 2014.[107] Além do governador, há ainda no estado e) a invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal e a coroação
a função de vice-governador, atualmente exercida por Raul Jean de D. João VI no Brasil.
Louis Henry Júnior.[107]
O Poder Legislativo pernambucano é unicameral, constituído 02. O período regencial foi um dos mais agitados na histó-
pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, localizado no ria política do país e também um dos mais importantes. Naqueles
bairro de Boa Vista, na cidade do Recife. Ela é constituída por anos, esteve em jogo a unidade territorial do Brasil, e o centro
49 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso do debate político foi dominado pelos temas da centralização ou
Nacional, a representação pernambucana é de três senadores e 25 descentralização do poder, do grau de autonomia das províncias
deputados federais.[106] da organização das Forças Armadas. (FAUSTO, Boris. História do
O Poder Judiciário é exercido pelos juízes e possui a Brasil, 2ª ed. São Paulo: EDUSP, 1995. p. 161)
capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras
Sobre as várias revoltas nas províncias durante o período de
constitucionais e leis criadas pelo poder legislativo. Atualmente a Regência, podemos airmar corretamente que:
presidência do Tribunal de Justiça de Pernambuco é exercida pelo a) eram levantes republicanos em sua maioria, que conse-
desembargador Frederico Neves.[108] Representações deste poder guiam sempre empolgar a população pobre e os escravos;
estão espalhadas por todo o estado por meio de comarcas.[109] b) a principal delas foi a Revolução Farroupilha, acontecida
nas províncias do Nordeste, que pretendia o retorno do imperador
Divisão político-administrativa D. Pedro I;
Ver também: Lista de mesorregiões de Pernambuco, Lista de c) podem ser vistas como respostas à política centralizadora
microrregiões de Pernambuco, Lista de municípios de Pernambuco do Império, que restringia a autonomia inanceira e administrativa
e Lista de municípios de Pernambuco por população das províncias;
Pernambuco está separado em subdivisões geográicas deno- d) em sua maioria, eram revoltas lideradas pelos grandes pro-
minadas mesorregiões e microrregiões, e em subdivisões adminis- prietários de terras e exigiam uma posição mais forte e centraliza-
trativas denominadas municípios. dora do governo imperial;
As mesorregiões compreendem as grandes regiões do esta- e) apenas a Sabinada teve caráter republicano e separatista.
do, que congregam diversos municípios de uma área geográica.
Criado pelo IBGE, esse sistema de divisão tem aplicações impor- 03. O processo de independência do Brasil caracterizou-se
tantes na elaboração de políticas públicas e no subsídio ao siste- por:
ma de decisões quanto à localização de atividades socioeconômi- a) ser conduzido pela classe dominante que manteve o gover-
cas. Oicialmente, as cinco mesorregiões do estado são: Agreste no monárquico como garantia de seus privilégios;
Pernambucano, Metropolitana do Recife, São Francisco Pernam- b) ter uma ideologia democrática e reformista, alterando o
bucano, Sertão Pernambucano e Zona da Mata Pernambucana. quadro social imediatamente após a independência;
Essas mesorregiões estão, por sua vez, subdivididas em micror- c) evitas a dependência dos mercados internacionais, criando
regiões.
uma economia autônoma;
Pernambuco possui dezenove microrregiões: Alto Capibaribe,
d) grande participação popular, fundamental na prolongada
Araripina, Brejo Pernambucano, Garanhuns, Fernando de Noro-
nha, Itamaracá, Itaparica, Mata Meridional, Mata Setentrional, guerra contra as tropas metropolitanas;
Médio Capibaribe, Petrolina, Recife, Salgueiro, Sertão do Moxo- e) promover um governo liberal e descentralizado através da
tó, Suape, Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca, Vale do Pajeú e Vitó- Constituição de 1824.
ria de Santo Antão.[110]
Por último, existem os municípios, que são circunscrições ter- 04. Do ponto de vista político, podemos considerar o Primeiro
ritoriais que possuem relativa autonomia e concentram um poder Reinado como:
político local, cujo sistema funciona com dois poderes, sendo o a) um período de consolidação do Estado Nacional em que o
executivo a Prefeitura, o legislativo a Câmara de Vereadores. Ao imperador, apoiado pela elite agrária, implantou modernas institui-
total, Pernambuco é dividido 185 municípios, tornando a décima ções políticas no Brasil;
primeira unidade da federação com o maior número de municí-

Didatismo e Conhecimento 36
HISTÓRIA
b) um período de transição em que os grupos sociais progres- II. Geralmente, os trabalhadores são atraídos de regiões dis-
sistas, ligados à elite agrária, conservaram-se no poder; tantes do local de trabalho, com a promessa de bons salários, mas
c) um período de perfeito equilíbrio entre as forças sociais as situações de trabalho envolvem condições insalubres e exte-
progressistas, ligados à elite agrária, conservaram-se no poder; nuantes.
d) um período de transição em que o imperador, apoiado nas III. A persistência do trabalho escravo ou semiescravo no Bra-
forças portuguesas, se manteve no poder; sil, não obstante a legislação que o proíbe, explicasse pela intensa
e) um período de transição em que as forças progressistas, competitividade do mercado globalizado.
apoiadas por Pedro I, esmagaram todos os resquícios da reação Está correto o que se airma em:
portuguesa. A) I, somente.
B) II, somente.
05. A respeito da independência do Brasil, pode-se airmar
C) I e II, somente.
que:
D) II e III, somente.
a) consubstanciou os ideais propostos na Confederação do
E) I, II e III.
Equador;
b) instituiu a monarquia como forma de governo, a partir de
um amplo movimento popular; 09. Sobre as características da sociedade escravista colonial
c) propôs, a partir das ideias liberais das elites políticas, a ex- da América portuguesa estão corretas as airmações abaixo, À EX-
tinção do tráico de escravos, contrariando os interesses da Ingla- CEÇÃO de uma. Indique-a.
terra; a) O início do processo de colonização na América portuguesa
d) provocou, a partir da Constituição de 1824, profundas foi marcado pela utilização dos índios – denominados “negros da
transformações nas estruturas econômicas e sociais do País; terra” – como mão-de-obra.
e) implicou na adoção da forma monárquica de governo e pre- b) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utiliza-
servou os interesses básicos dos proprietários de terras e de escra- ção da mão-de-obra escrava africana seja em áreas ligadas à agro
vos. exportação, como o nordeste açucareiro a partir do inal do século
XVI, seja na região mineradora a partir do século XVIII.
06. Na Guerra do Paraguai (1865 - 1870), o Brasil teve como c) A partir do século XVI, com a introdução da mão-de-obra
aliados: escrava africana, a escravidão indígena acabou por completo em
a) Bolívia e Peru; todas as regiões da América portuguesa.
b) Uruguai e Argentina;
d) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores
c) Chile e Uruguai;
permitiram que alguns de seus escravos pudessem realizar uma
d) Bolívia e Argentina;
e) n.d.a. lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores, o
que os historiadores denominam de “brecha camponesa”.
07. “Será o suplício da Constituição, uma falta de consciência e) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e
e de escrúpulos, um verdadeiro roubo, a naturalização do comunis- escravas trabalharam vendendo mercadorias como doces, legumes
mo, a bancarrota do Estado, o suicídio da Nação”. e frutas, sendo conhecidos como “escravos de ganho”.
No texto acima, o deputado brasileiro Gaspar de Silveira Mar-
tins está criticando: 10. Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma forma de
a) a proposta de Getúlio Vargas de reduzir a remessa de lucros; escravidão que consiste na privação da liberdade de uma pessoa
b) o projeto da Lei dos Sexagenários, do gabinete imperial da (ou grupo), que ica obrigada a trabalhar para pagar uma dívida
Dantas; que o empregador alega ter sido contraída no momento da contra-
c) o projeto de legalizar o casamento dos homossexuais, de tação. Essa forma de escravidão já existia no Brasil, quando era
Marta Suplicy; preponderante a escravidão de negros africanos que os transfor-
d) a proposta de dobrar o salário mínimo, de Roberto de Cam- mava legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis aboli-
pos; cionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na atualidade,
e) o projeto de Luís Carlos Prestes de uma “República Sindi- pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o conceito de redução
calista”. de pessoas à condição de escravos foi ampliado de modo a incluir
também os casos de situação degradante e de jornadas de trabalho
08. O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho em excessivas. (Adaptado de Neide Estergi. A luta contra o trabalho
escravo, 2007).
condições de escravidão, pois ainda existem muitos trabalhadores
Com base no texto, considere as airmações abaixo:
nessa situação. Com relação a tal modalidade de exploração do ser I. O escravo africano era propriedade de seus senhores no pe-
humano, analise as airmações abaixo. ríodo anterior à Abolição.
I. As relações entre os trabalhadores e seus empregadores II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas,
marcam-se pela informalidade e pelas crescentes dívidas feitas pe- com a Lei Áurea.
los trabalhadores nos armazéns dos empregadores, aumentando a III. A escravidão de negros africanos não é a única modalidade
dependência inanceira para com eles. de trabalho escravo na história do Brasil.

Didatismo e Conhecimento 37
HISTÓRIA
IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de 15. No Governo de Juscelino Kubitschek, a base do seu pro-
dívida contraída no momento do contrato de trabalho, não é uma grama administrativo era constituída do trinômio:
modalidade de escravidão. a) saúde, habitação e educação;
V. As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho b) estradas, energia e transporte;
são consideradas formas de escravidão pela legislação brasileira c) indústria, exportação e importação;
atual. d) agricultura, pecuária e reforma agrária;
São corretas apenas as airmações: e) comércio, sistema viário e poupança.
a) I, II e IV;
b) I, III e V;
16. O projeto nacional desenvolvimentista implicou a subs-
c) I, IV e V;
tituição das importações e foi implementado, principalmente, no
d) II, III e IV;
governo do presidente:
e) III, IV e V;
a) Juscelino Kubitschek;
11. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápida dos b) Jânio Quadros;
efeitos da Crise de 1929 por que: c) General Emílio Médici;
a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de incenti- d) Marechal Costa e Silva;
vo econômico, com empréstimos obtidos no Exterior; e) General Eurico Dutra;
b) o País, não tendo uma economia capitalista desenvolvida,
icou menos sujeito aos efeitos da crise; 17. Quais os partidos políticos que dominaram a vida parla-
c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi possível mentar brasileira durante o período democrático de 1946 e 1964?
equilibrar as inanças públicas; a) PTB, UDN e PCB;
d) acordos internacionais, ixando um preço mínimo para o b) PL, UDN e PSD;
café, facilitaram a retomada da economia; c) PDS, MDB e PCB;
e) um efeito combinado positivo resultou da diversiicação d) PSB, UDN e PTB;
das exportações e do crescimento industrial. e) PSD, UDN e PTB;

12. A política cultural do Estado Novo com relação aos inte- 18. O Parlamentarismo funcionou nas seguintes épocas no
lectuais caracterizou-se: Brasil:
a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais a) No governo de D. Pedro II e no governo de João Goulart.
considerados adversários de regimes ditatoriais; b) No primeiro Império - Governo de D. Pedro II.
b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo cortejava c) No governo de Getúlio Vargas após 1937.
os intelectuais para obter apoio ao seu projeto nacional; d) Logo após a Proclamação da República.
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e) Nos primeiros três anos da Ditadura Militar iniciada em
e o governo se baseava nas forças militares; 1964.
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o go-
verno se apoiava nos trabalhadores sindicalizados; 19. Considerando-se os fatores que contribuíram para a longe-
e) por uma política seletiva através da qual só os adversários vidade do regime militar no Brasil, é CORRETO airmar que foi
frontais do regime foram reprimidos. de grande relevância:
a) a combinação entre a ordem constitucional, amparada pela
13. A Era Vargas (1930 - 1945) apresentou: Constituição de 1967, e a arbitrariedade, expressa em sucessivos
a) O abandono deinitivo da política de proteção ao café. Atos Institucionais.
b) A crescente centralização político-administrativa. b) a manutenção de um sistema político representativo, com
c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda sua du- eleições indiretas em todos os níveis, exceto para a Presidência da
ração. República.
d) Um leve “surto industrial”, resultante da conjuntura da c) o desenvolvimento econômico-social do País, acompanha-
do de um constante crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Grande Guerra (1914 - 1918). d) o rodízio de lideranças políticas entre as Forças Armadas,
e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as suas três por meio de eleições indiretas no âmbito do Comando Supremo
fases. da Revolução.

14. O governo Juscelino Kubitschek foi responsável: 20. (GV) A Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453), entre france-
a) pela eliminação das disparidades regionais; ses e ingleses, teve como consequências principais:
b) pela queda da inlação e da dívida externa; a) a consolidação do poder monárquico na França e a expulsão
quase completa dos ingleses do território francês;
c) por uma política nacionalista e de rejeição ao capital es- b) a consolidação do poder monárquico na Inglaterra e a ex-
trangeiro; pulsão quase completa dos franceses do território inglês;
d) pela entrada maciça de capitais estrangeiros e a internacio- c) a incorporação de parte do território francês pela Inglaterra
nalização de nossa economia; e o consequente enfraquecimento do poder real na França;
e) por práticas antidemocráticas como a violeta repressão às d) a incorporação de parte do território inglês pela França e o
rebeliões de Jacareacanga e Aragarças; consequente enfraquecimento do poder real na Inglaterra;
e) a aliança entre franceses e lamengos e o im da hegemonia
inglesa sobre o comércio europeu.

Didatismo e Conhecimento 38
HISTÓRIA
21. (CESGRANRIO) Houve uma série de mudanças que as- d) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio ambiente
sinalaram a transição da economia estática e contrária ao lucro da e reconhecimento da cidadania dos índios.
Idade Média para o dinâmico regime capitalista do século XV e e) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor produtivo
seguintes. A respeito desse processo, podemos airmar que: urbano e eleições em dois turnos para presidente, governador e
a) a conquista do monopólio comercial do Mediterrâneo pelos prefeitos.
turcos desenvolveu o comércio com as cidades mercantis da Liga
Hanseática;
b) a introdução de moedas de circulação geral, como o ducado 25. O Brasil, desde sua emancipação política até os dias de
veneziano e o lorim toscano, desorganizou a economia monetária hoje, concebeu diferentes ordens jurídicas constitucionais. Muitos
da época; pesquisadores consideram as Constituições brasileiras de 1934 e
c) a procura de materiais bélicos desestimulava os novos mo- 1988 as mais progressistas por estabelecerem, respectivamente,
narcas e desenvolver o comércio, pois estavam preocupados com dentre outros, os seguintes avanços sociais:
sua própria segurança; a) voto feminino e crime de racismo inaiançável
d) a acumulação de capitais excedentes, oriundos das especu- b) corporativismo sindical e voto dos analfabetos
lações comerciais, marítimas ou de mineração, trouxe novos hori- c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e direito de greve
zontes de opulências e poder; irrestrito
e) o sistema de manufatura desenvolvido pelas corporações de d) voto obrigatório para maiores de 18 anos e Estatuto da
ofícios consolidou-se, afastando-se delas o fantasma da extinção.
Criança e do Adolescente
22. A expansão marítima e comercial empreendida pelos por-
tugueses nos séculos XV e XVI está ligada: GABARITO
a) aos interesses mercantis voltados para as “especiarias” do 01) c ;02) c; 03) a; 04) d ;05) e ; 06) b ;07) b ;08) c ;09) c
Oriente, responsáveis inclusive, pela não exploração do ouro e do 10) b ;11) e ;12) e ;13) b ;14) d ;15) e ;16) b ;17) e ;18) a ;
marim africanos encontrados ainda no século XV; 19) a ;20) a ;21) d ;22) e ;23) d ;24) d ;25) a.
b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o “mar Ocea-
no” (Atlântico) em busca de ilhas fabulosas e grandes tesouros;
c) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da
Escola de Sagres, que previam poder alcançar o Oriente navegan-
do para o Ocidente;
d) a diversas casualidades que, aliadas aos conhecimentos
geográicos muçulmanos, permitiram avançar sempre para o Sul
e assim, atingir as Índias;
e) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mercantil, ex-
plorando o litoral africano, mas sempre em busca da “passagem”
que levaria às Índias.
23. O estudo comparativo das Constituições Brasileiras de
1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891 (Carta promulgada,
Republicana) NÃO permite airmar:
a) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o documen-
to republicano estabeleceu somente 3 (três).
b) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emenda, o Ato
Adicional, um progresso rumo à federação, a Carta republicana foi
emendada em 1926, com fortalecimento do Poder Central.
c) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como forma de
Estado.
d) A Carta Republicana teve inspiração européia, ao passo que
a lei maior imperial buscou seguir o modelo norte- americana.
e) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de Estado,
mesmo porque as Províncias eram destituídas de preparo político.

24. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu alterações


signiicativas no plano jurídico-político nacional. Dentre elas po-
de-se citar:
a) instituição do habeas data, que torna passível de iança cri-
mes como racismo, tráico de drogas e terrorismo.
b) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e voto fa-
cultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
c) proibição da greve aos setores considerados essenciais: saú-
de, transportes, polícia e funcionalismo público.

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS DE DIREITOS
E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
1) Direitos e deveres individuais e coletivos.
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi-
E COLETIVOS; DOS DIREITOS SOCIAIS; duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai
DA NACIONALIDADE; DOS DIREITOS que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran-
POLÍTICOS; DOS PARTIDOS POLÍTICOS. ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados
no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas
são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios consti-
tucionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: man-
dado de segurança coletivo).
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga-
rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies 1.1) Direitos e garantias
de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º, Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos direitos
CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), di- e estabelece garantias em prol da preservação destes, bem como
reitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos remédios constitucionais a serem utilizados caso estes direitos e
(artigos 14 a 17, CF). garantias não sejam preservados. Neste sentido, dividem-se em
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos direitos e garantias as previsões do artigo 5º: os direitos são as
direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º, disposições declaratórias e as garantias são as disposições asse-
CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encai- curatórias.
xam na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direi-
sociais se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos, to e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
sociais e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão.
Contudo, a enumeração de direitos humanos na Constituição vai Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual,
além dos direitos que expressamente constam no título II do texto artística, cientíica e de comunicação, independentemente de cen-
sura ou licença.
constitucional.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a veda-
principais:
ção de censura ou exigência de licença. Em outros casos, o legisla-
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece-
dor traz o direito num dispositivo e a garantia em outro: a liberdade
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas
de locomoção, direito, é colocada no artigo 5º, XV, ao passo que o
perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen-
dever de relaxamento da prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia,
sões de direitos.
se encontra no artigo 5º, LXV1.
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to- Em caso de ineicácia da garantia, implicando em violação de
dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios
pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e
direitos humanos. garantias propriamente ditas apenas de direitos.
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego- 1.2) Brasileiros e estrangeiros
ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida
uma limitação do princípio da autonomia privada. pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é
renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os direi-
destes direitos para a dignidade da pessoa humana. tos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar da soberania do país.
de ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar
das autoridades públicas, sob pena de nulidades. com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil
único conjunto de direitos porque não podem ser analisados de (ainda que não resida no país).
maneira isolada, separada. Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas.
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição
perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre de cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos
exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso políticos.
(prescrição).
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti- 1.3) Relação direitos-deveres
lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilí- veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deveres
citos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus li- entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo, o que
mites nos demais direitos igualmente consagrados como humanos. 1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên-
cia.

Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos funda- Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do
mentais de que não há direito que seja absoluto, correspondendo- que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla.
-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos fun- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter-
damentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei-
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser
de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o ‘ou- garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto
tro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um direito relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do
fundamental corresponde um dever por parte de um outro titu- arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria
lar, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos se falando na igualdade perante a lei.
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não
fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste
bastava igualar todos os homens em direitos e deveres para torná-
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia -los iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de exer-
um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental cer estes direitos e deveres. Logo, não é suiciente garantir um di-
conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço reito à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamente
de direitos conferidos às outras pessoas. a igualdade material. No sentido de igualdade material que apa-
rece o direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-se
1.4) Direitos e garantias em espécie do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput: executar a lei, uma postura de promoção de políticas governamen-
tais voltadas a grupos vulneráveis.
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a todas as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade ma-
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos terial, correspondendo à necessidade de discriminações positivas
com relação a grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à
seguintes [...].
igualdade formal.
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos princi- Ações airmativas
pais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra Neste sentido, desponta a temática das ações airmativas,que
o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos in- são políticas públicas ou programas privados criados temporaria-
dividuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liberda- mente e desenvolvidos com a inalidade de reduzir as desigual-
de, igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos dades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuiciência
delimitam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma econômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de van-
destas esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- tagem compensatória de tais condições.
pecíicas que ganham também destaque no texto constitucional, Quem é contra as ações airmativas argumenta que, em uma
quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais- sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí-
-penais. ico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de
benefícios. Ademais, airma-se que elas desprivilegiam o critério
republicano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar
- Direito à igualdade
determinado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não
Abrangência
por pertencer a determinada categoria); fomentariam o racismo e
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti- o ódio; bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
tuinte airmou por duas vezes o princípio da igualdade: discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações airmativas defende
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objetivo
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, compensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); repre-
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos sentam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com
seguintes [...]. o presente. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: material); bem como promovem a diversidade.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadei-
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e ra igualdade, por exemplo, com as ações airmativas, a proteção
obrigações, nos termos desta Constituição. especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta-
dores de deiciência, entre outras medidas que atribuam a pessoas
com diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e res-
Este inciso é especiicamente voltado à necessidade de igual- peitando suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e juris-
dade de gênero, airmando que não deve haver nenhuma distinção prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações
sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher airmativas são válidas.
possuem os mesmos direitos e obrigações.
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. In:
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teo- BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos
ria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.

Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
- Direito à vida § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
Abrangência tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do de um a quatro anos.
direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a
relexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí reclusão é de oito a dezesseis anos.
existir uma diiculdade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela I - se o crime é cometido por agente público;
perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador
pessoa, é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- de deiciência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
nos4. III - se o crime é cometido mediante sequestro.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/ § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte, emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito prazo da pena aplicada.
de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade § 6º O crime de tortura é inaiançável e insuscetível de graça
física, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tor- ou anistia.
tura, bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
com dignidade. do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos in-
cisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos - Direito à liberdade
mais discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
direito à vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem.
de anencéfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, euta-
násia, etc. Liberdade e legalidade
Prevê o artigo 5º, II, CF:
Vedação à tortura
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a veda-
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
ção da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no
fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
inciso III do artigo 5º:
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso,
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a
prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de
tratamento desumano ou degradante.
fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim,
salvo situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir
A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex-
como considerar conveniente.
pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tópi-
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com
co anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº
9.455, de 7 de abril de 1997 deine os crimes de tortura e dá outras o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é líci-
providências, destacando-se o artigo 1º: to. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como
proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou
Art. 1º Constitui crime de tortura: seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Liberdade de pensamento e de expressão
a) com o im de obter informação, declaração ou conissão da O artigo 5º, IV, CF prevê:
vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sen-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; do vedado o anonimato.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento Consolida-se a airmação simultânea da liberdade de pensa-
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida mento e da liberdade de expressão.
de caráter preventivo. Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Ainal,
Pena - reclusão, de dois a oito anos. “o ser humano, através dos processos internos de relexão, formula
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a li-
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante vre manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao
de medida legal. chamado direito de opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Co-
o direito de ter uma opinião, depois o de expressá-la.
mentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à 5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen- ma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu
samento e de expressão o direito à escusa por convicção ilosóica e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de em-
ou política: baraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença.
A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo- atos próprios das manifestações exteriores em casa ou em público,
tivo de crença religiosa ou de convicção ilosóica ou política, sal- bem como a de recebimento de contribuições para tanto. Por im,
vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta a liberdade de organização religiosa refere-se à possibilidade de
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, ixada em lei. estabelecimento e organização de igrejas e suas relações com o
Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu- Estado.
rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asseguran-
diferente, é preciso respeitar tal posicionamento. do o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limita-
do. Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
atribuir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, per- tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
mitindo eventuais responsabilizações por manifestações que con- internação coletiva.
trariem a lei.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais
civis e militares, mas também a hospitais.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec- Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o
tual, artística, cientíica e de comunicação, independentemente direito à escusa por convicção religiosa:
de censura ou licença.
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo-
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão, tivo de crença religiosa ou de convicção ilosóica ou política, sal-
referente de forma especíica a atividades intelectuais, artísticas, vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, ixada em lei.
cientíicas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas,
a exigência de licença para a manifestação do pensamento, bem
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo,
como veda-se a censura prévia.
a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul-
cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença re-
gação e o acesso a informações como modo de controle do poder.
ligiosa ou convicção ilosóica/política, caso em que será obrigado
A censura somente é cabível quando necessária ao interesse públi-
a cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade
co numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação
que não contrarie tais preceitos.
de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização Liberdade de informação
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que O direito de acesso à informação também se liga a uma di-
teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida- mensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício XIV, CF:
da liberdade de expressão.
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informa-
Liberdade de crença/religiosa ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer-
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: cício proissional.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a independente de fronteiras, sem interferência.
suas liturgias. A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo
que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de for-
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem ma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exterioriza-
entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião ção da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu
que seja proibida, garantindo-se que a proissão desta fé possa se próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há
realizar em locais próprios. necessidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos, para a sociedade.
porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de to-
crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa. dos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na li- de fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de
berdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade comunicação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF).
de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de No entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue com
mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião algu- quem obteve a informação divulgada, sem o que a segurança desta
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. poderia icar prejudicada e a informação inevitavelmente não che-
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. garia ao público.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Especiicadamente quanto à liberdade de informação no âmbi- Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional
to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões. em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber-
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescin- dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signi-
dível à segurança da sociedade e do Estado. ica que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois
caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 regula Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade.
o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF, Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos au-
também conhecida como Lei do Acesso à Informação. torizados pela própria Constituição Federal. A despeito da norma-
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: tiva especíica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de
se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida.
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen- Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
temente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, sal-
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de- de obrigação alimentícia e a do depositário iniel.
fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob- Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário iniel, qualquer que
servar que o direito de petição deve resultar em uma manifestação seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra
do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão pro- da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação
posta, em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos alimentícia.
direitos e obrigações que regulam a vida social e, desta maneira,
quando “diiculta a apreciação de um pedido que um cidadão quer Liberdade de trabalho
apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, XIII,
“demora para responder aos pedidos formulados” (administrativa CF:
e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou con-
dições para a formulação de petição”, traz a chamada insegurança Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho,
jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e ofício ou proissão, atendidas as qualiicações proissionais que a
lei estabelecer.
as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem-
O livre exercício proissional é garantido, respeitados os limi-
plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro-
tes legais. Por exemplo, não pode exercer a proissão de advogado
gráicas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregulari-
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
dades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara
da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina
a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a
aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC
letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina.
direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição.
Por im, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF: Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se paciicamente,
social o exigirem. sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso
quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal à autoridade competente.
de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interes-
se social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na
pela publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal
da liberdade de informação. reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva.
Imagine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exem-
Liberdade de locomoção plo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º, algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o
XV, CF: prévio aviso do poder público para que ele organize o policiamen-
to e a assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas

Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de ar- Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-
mas, totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: -se ou a permanecer associado.
embora a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo
Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse uti- - Direitos à privacidade e à personalidade
lizada).
Abrangência
Liberdade de associação Prevê o artigo 5º, X, CF:
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII,
CF: Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni-
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para zação pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
ins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo dispo-
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pe- sitivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
renidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao
forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na for- abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci-
mação de um grupo organizado que se mantém por um período de dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami-
tempo considerável, dotado de estrutura e organização próprias. gos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é condição
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de
ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de personalidade em si.
realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade,
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber- sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível
dade de associação. ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restri-
to e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do
lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a pro-
interferência estatal em seu funcionamento. teção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela
intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).
Neste sentido, associações são organizações resultantes da “O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalida- podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra
de jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperati- subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob-
vas são uma forma especíica de associação, pois visam a obtenção jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à
de vantagens comuns em suas atividades econômicas. imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: em sentido objetivo, com relação à reprodução gráica da pessoa,
por meio de fotograias, ilmagens, desenhos, ou em sentido subje-
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso- tivo, signiicando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa
riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão e reconhecidas como suas pelo grupo social”8.
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as- Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilida-
sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o de do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações.
trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e permitir
que a associação continue em funcionamento. Contudo, a decisão Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
judicial pode suspender atividades até que o trânsito em julgado guém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, sal-
ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial. vo em caso de lagrante delito ou desastre, ou para prestar socor-
Em destaque, a legitimidade representativa da associação ro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
quanto aos seus iliados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expres- entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL-
samente autorizadas, têm legitimidade para representar seus ilia- QUER HORÁRIO no caso de lagrante delito (o morador foi la-
dos judicial ou extrajudicialmente. grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre
(incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná- teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMEN-
ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) TE DURANTE O DIA por determinação judicial.
pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
A liberdade de associação envolve não somente o direito de 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não as- 8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitu-
sociar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF: cional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre- A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
vê o artigo 5º, XII, CF: dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indivi-
dual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material
das comunicações telegráicas, de dados e das comunicações tele- ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado inanceiramente
fônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e e indenizado.
na forma que a lei estabelecer para ins de investigação criminal “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa
ou instrução processual penal. a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal,
O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afeti-
regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. vos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome,
a capacidade, o estado de família)”10.
Personalidade jurídica e gratuidade de registro Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei Civil:
desdobra-se uma esfera bastante especíica dos direitos de perso-
nalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con- Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad-
siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di-
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessá- vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação,
rio o registro. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
exercício de direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
aos que não tiverem condição de com ele arcar. couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade,
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF: ou se se destinarem a ins comerciais.

Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamen- - Direito à segurança
te pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
certidão de óbito. direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se-
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e
O reconhecimento do marco inicial e do marco inal da perso- mental, até a própria segurança jurídica.
nalidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependen- No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o
do de condições inanceiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto
pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida.
seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de di-
indigência dos menos favorecidos. reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos
Direito à indenização e direito de resposta destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito indi-
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à vidual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumi-
personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instru- dade física ou moral)”.
mentos, o direito à indenização e o direito de resposta, conforme Especiicamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o
as necessidades do caso concreto. disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquiri-
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor-
do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
cional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem.
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da
lei.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível
constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es- Deine o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito
petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício Brasileiro:
indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame
e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsa- Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
bilidade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e julgada.
controle da matéria que divulga”9. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se lei vigente ao tempo em que se efetuou.
defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo
Mesmo quando for garantido o direito de resposta não é possível do exercício tenha termo pré-ixo, ou condição pré-estabelecida
reverter plenamente os danos causados pela manifestação inalterável, a arbítrio de outrem.
ilícita de pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Buenos
à indenização. Aires: Astrea, 1982.
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo...
Paulo: Malheiros, 2011. Op. Cit., p. 437.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a proprie-
de que já não caiba recurso. dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
- Direito à propriedade I - aproveitamento racional e adequado;
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada preservação do meio ambiente;
em alguns incisos que o seguem. III - observância das disposições que regulam as relações de
trabalho;
Função social da propriedade material IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: dos trabalhadores.

Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade. Desapropriação


No caso de desrespeito à função social da propriedade cabe até
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o princi- mesmo desapropriação do bem, de modo que pode-se depreender
pal fator limitador deste direito: do texto constitucional duas possibilidades de desapropriação: por
desrespeito à função social e por necessidade ou utilidade pública.
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapropria-
social. ção por desatendimento à função social:

A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser consi- Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público municipal,
derada como um direito individual nem como instituição do direito mediante lei especíica para área incluída no plano diretor, exigir,
privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edi-
mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando- icado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
-se seu conceito e signiicado, especialmente porque os princípios aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
da ordem econômica são preordenados à vista da realização de I - parcelamento ou ediicação compulsórios;
seu im: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dí-
ademais, tem que atender a sua função social, ica vinculada à con-
vida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Fe-
secução daquele princípio”.
deral, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que
juros legais14.
a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A
propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse
Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado
social, para ins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza-
ser humano. ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
A Constituição Federal delimita o que se entende por função valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do se-
social: gundo ano de sua emissão, e cuja utilização será deinida em lei15.
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias serão
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano, indenizadas em dinheiro.
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes ge-
rais ixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi- No que tange à desapropriação por necessidade ou utilidade
mento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
seus habitantes.
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câmara desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in-
Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habi- teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
tantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
expansão urbana.
14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel ur-
bano por desatendimento à função social é necessário tomar duas providên-
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua fun- cias, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou ediicação compulsórios; depois,
ção social quando atende às exigências fundamentais de ordena- o estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
ção da cidade expressas no plano diretor13. progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineicazes, parte-se para a
desapropriação por desatendimento à função social.
15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por ne-
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. cessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamento
13 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se em
para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto o dinhei-
dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade). ro.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: Outra questão reside na chamada tredestinação, pela qual há
a destinação de um bem expropriado (desapropriação) a inalidade
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos diversa da que se planejou inicialmente. A tredestinação pode ser
serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. lícita ou ilícita. Será ilícita quando resultante de desvio do propó-
sito original; e será lícita quando a Administração Pública dê ao
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: bem inalidade diversa, porém preservando a razão do interesse
público.
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de
interesse social, para ins de reforma agrária, autoriza a União a Política agrária e reforma agrária
propor a ação de desapropriação. Enquanto desdobramento do direito à propriedade imóvel e da
função social desta propriedade, tem-se ainda o artigo 5º, XXVI,
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer CF:
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro-
cesso judicial de desapropriação. Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim de-
inida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública deve se de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. O Decreto-lei dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de inanciar o seu
nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o procedimento e concei- desenvolvimento.
tuando utilidade pública, em seu artigo 5º:
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos de propriedade será assegurado que permaneça com ela e a torne mais
utilidade pública: produtiva.
a) a segurança nacional; A preservação da pequena propriedade em detrimento dos
b) a defesa do Estado; grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-guias da
c) o socorro público em caso de calamidade; regulamentação da política agrária brasileira, que tem como prin-
d) a salubridade pública; cipal escopo a realização da reforma agrária.
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu Parte da questão inanceira atinente à reforma agrária se en-
abastecimento regular de meios de subsistência; contra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mine-
rais, das águas e da energia hidráulica; Artigo 184, §4º, CF. O orçamento ixará anualmente o volume
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, ca- total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de re-
sas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; cursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logra- Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, esta-
douros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcela- duais e municipais as operações de transferência de imóveis desa-
mento do solo, com ou sem ediicação, para sua melhor utilização propriados para ins de reforma agrária.
econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de
distritos industriais; Como a inalidade da reforma agrária é transformar terras im-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; produtivas e grandes propriedades em atinentes à função social,
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela reforma
artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, agrária:
bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os
aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para ins de
paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; reforma agrária:
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, do- I - a pequena e média propriedade rural, assim deinida em
cumentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; lei, desde que seu proprietário não possua outra;
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemo- II - a propriedade produtiva.
rativos e cemitérios; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à pro-
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso priedade produtiva e ixará normas para o cumprimento dos re-
para aeronaves; quisitos relativos a sua função social.
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza
cientíica, artística ou literária; Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187:
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e executada
Um grande problema que faz com que processos que tenham a na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produ-
desapropriação por objeto se estendam é a indevida valorização do ção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos
imóvel pelo Poder Público, que geralmente pretende pagar valor setores de comercialização, de armazenamento e de transportes,
muito abaixo do devido, necessitando o Judiciário intervir em prol levando em conta, especialmente:
da correta avaliação. I - os instrumentos creditícios e iscais;

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a ga- Ex.: se tem ins agrícolas/pecuários e estiver dentro do perímetro
rantia de comercialização; urbana, o imóvel é rural. Para ins de usucapião a maioria diz que
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; prevalece a teoria da localização.
IV - a assistência técnica e extensão rural; b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse maior isolar
V - o seguro agrícola; área de 250m² e ingressar com a ação? A jurisprudência é pacíica
VI - o cooperativismo; que a posse desde o início deve icar restrita a 250m². Predomina
VII - a eletriicação rural e irrigação; também que o terreno deve ter 250m², não a área construída (a área
VIII - a habitação para o trabalhador rural. de um sobrado, por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição Federal
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e lorestais. de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de 05 de outubro de
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro do limite da usucapião
reforma agrária. urbana? Predominou que só corria o prazo a partir da criação do
instituto, não só porque antes não existia e o prazo não podia cor-
As terras devolutas e públicas serão destinadas conforme a rer, como também não se poderia prejudicar o proprietário.
política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (artigo 188, d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, é pre-
caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a concessão, a qualquer ciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao longo de
título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen- todo o prazo (não só no início ou no inal). Logo, não cabe acessio
tos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta temporis por cessão da posse.
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional”, e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Brasil.
salvo no caso de alienações ou concessões de terras públicas para O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se alguém não quiser
ins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). a usucapião, prova o contrário. Este requisito é veriicado no mo-
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, mu- mento em que completa 5 anos.
lheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão negociar seus Em relação à previsão da usucapião especial rural, destaca-se
títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF). o artigo 191, CF:
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ou o
arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos,
sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cin-
do Congresso Nacional” (artigo 190, CF).
quenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Usucapião
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos
Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade
por usucapião.
que decorre da posse prolongada por um longo tempo, preenchi-
dos outros requisitos legais. Em outras palavras, usucapião é uma
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública,
situação em que alguém tem a posse de um bem por um tempo
pacíica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi-
longo, sem ser incomodado, a ponto de se tornar proprietário. sitos especíicos:
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade mediante a) Imóvel rural
posse prolongada no tempo – usucapião – em casos especíicos, b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que estabe-
denominados usucapião especial urbana e usucapião especial rural. lece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da Terra). É pos-
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião espe- sível usucapir áreas menores que o módulo rural? Tem prevalecido
cial urbana: o entendimento de que pode, mas é assunto muito controverso.
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de outubro
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área é de até 25
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininter- hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes da CF/88. Se
ruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprie- d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar na
tário de outro imóvel urbano ou rural. área rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos e) Nenhum outro imóvel.
ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a área
civil. produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labore”. Depen-
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor derá do caso concreto.
mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Uso temporário
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública, propriedade que não possui o caráter deinitivo da desapropriação,
pacíica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi- mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
sitos especíicos:
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localização, Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
área urbana é a que está dentro do perímetro urbano. Pela teoria da autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
destinação, mais importante que a localização é a sua utilização. assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri- Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo
go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmis-
capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que sível aos herdeiros pelo tempo que a lei ixar;
o do indivíduo proprietário.
Direito sucessório Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro- a) a proteção às participações individuais em obras cole-
priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
e XXXI, CF: atividades desportivas;
b) o direito de iscalização do aproveitamento econômico
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associati-
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros si- vas;
tuados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos ilhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos
favorável a lei pessoal do de cujus. industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista
a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, con- do País.
forme a vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição
estabelece uma disciplina especíica para bens de estrangeiros si- Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que
tuados no Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao côn- deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patri-
juge e ilhos brasileiros nos termos da lei mais benéica (do Brasil monial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610,
ou do país estrangeiro). de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto
é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”.
Direito do consumidor O artigo 7° do referido diploma considera como obras inte-
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: lectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de
obras de natureza literária, artística ou cientíica; as conferências,
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a
sermões e obras semelhantes; as obras cinematográicas e televisi-
defesa do consumidor.
vas; as composições musicais; fotograias; ilustrações; programas
de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras.
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par-
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie-
tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e
náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei-
serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequada,
vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se aproveite
desta, assegurar a integridade desta ou modiicá-la e retirá-la de
de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnerabili-
dade técnica do consumidor. circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re- Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos
cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do
promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setem- primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último
bro de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da
1988, que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposi- obra se esta for de natureza audiovisual ou fotográica. Estes, por
ções Constitucionais Transitórias: sua vez, abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre a repro-
dução, edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e de dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de estas modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou
defesa do consumidor. gratuito.
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um (direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser
grande passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a per-
que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuiciente técni- missão a terceiros de utilização de criações artísticas é direito do
co daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço, autor. [...] A proteção constitucional abrange o plágio e a con-
enquanto consumidor. trafação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela difusão de
obra criada ou produzida por terceiros, como se fosse própria, a
Propriedade intelectual segunda conigura a reprodução de obra alheia sem a necessária
Além da propriedade material, o constituinte protege tam- permissão do autor”16.
bém a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria
XXVIII e XXIX, CF: geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa
do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
- Direitos de acesso à justiça Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que
A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco-
dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização
efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica
com a evolução do Direito moderno conforme implementadas as integral e gratuita aos que comprovarem insuiciência de recur-
bases da onda anterior, quer dizer, icou evidente aos autores a sos.
emergência de uma nova onda quando superada a airmação das
premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po-
(visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual,
em todas as ondas). incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu uma onda ao artigo 5º da Constituição:
de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se da
prestação sem interesse de remuneração por parte dos advogados Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi-
e, ao inal, levando à criação de um aparato estrutural para a pres- nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
tação da assistência pelo Estado. meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18, veio
a onda de superação do problema na representação dos interesses Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso à
difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo justiça se este não fosse célere e eicaz. Não signiica que se deve
restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur- acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu-
gimento de novas instituições, como o Ministério Público. rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que
Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira onda dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali-
consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de aces- zação da justiça no caso concreto.
so à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanismos,
pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque encoraja
- Direitos constitucionais-penais
a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo al-
terações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
ou paraproissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
modiicações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten-
facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in-
ciado senão pela autoridade competente”, consolida o princípio
formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer
de representação judicial”. previamente daquele que a julgará no processo em que seja par-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos te, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria
podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciá- especíica do caso antes mesmo do fato ocorrer.
rio e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam
buscá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se
forem insuicientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à no artigo 5º, XXXVII, CF:
justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira
justa e célere. Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a ceção.
Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Po- para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le-
der Judiciário lesão ou ameaça a direito. gítimo pela Constituição do país.

O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de Tribunal do júri


Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin- A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo
cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela 5º, XXXVIII, CF:
estatal aos conlitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que
uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a
requisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independente- organização que lhe der a lei, assegurados:
mente de haver ou não previsão especíica a respeito na legislação. a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradu-
c) a soberania dos veredictos;
ção Ellen Grace Northleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 1998,
p. 31-32.
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con-
18 Ibid., p. 49-52 tra a vida.
19 Ibid., p. 67-73

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí-
os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas
por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte
de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fato- entendeu por bem prever tratamento especíico a certas práticas
res de inluência emocional. criminosas.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa
assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos. Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime ina-
Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas, iançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que da lei.
irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a sobe- A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 deine os crimes resul-
rania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados, não tantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe ian-
a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que seja ça (pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se
procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recorrida, aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/
haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do du- punir uma pessoa pelo decurso do tempo).
plo grau de jurisdição. Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
Por im, a competência para julgamento é dos crimes dolosos
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção do Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inaiançáveis
resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimento, e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráico
instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência ilícito de entorpecentes e drogas ains, o terrorismo e os deinidos
não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
(artigos 29, X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Anterioridade e irretroatividade da lei Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ter-
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: mos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue
totalmente a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o a punibilidade, podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge
deina, nem pena sem prévia cominação legal. crimes políticos, a graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode
ser concedida pelo Poder Legislativo, a graça e o indulto são de
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
competência exclusiva do Presidente da República; a anistia pode
praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legali-
ser concedida antes da sentença inal ou depois da condenação ir-
dade (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei
recorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado
que o deina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio
da sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem a
da anterioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o
punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na anistia;
deina.
graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é co-
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o
letivo e espontâneo.
artigo 5º, XL, CF:
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be- artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tor-
neiciar o réu. tura, tráico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº
8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anteriori- aceitam iança.
dade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha deinido um fato Por im, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de
detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra; Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inaiançável e imprescri-
por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do tível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
rol de crimes ou que conira tratamento mais benéico (diminuindo constitucional e o Estado Democrático.
a pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irretroati- Personalidade da pena
vidade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV,
mais benéica. CF:

Menções especíicas a crimes Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do con-
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: denado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucesso-
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten- res e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
tatória dos direitos e liberdades fundamentais. transferido.

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
O princípio da personalidade encerra o comando de o crime Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a úni- condição peculiar da presa que possui ilho no período de ama-
ca pessoa passível de sofrer a sanção. Seria lagrante a injustiça mentação, mas também se preserva a dignidade da criança, não
se fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo a
caso contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, al- formação de vínculo pela amamentação.
cançaria inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e
faleceu, este patrimônio responderá pelas repercussões inanceiras Vedação de determinadas penas
do ilícito. O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas,
consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
Individualização da pena
A individualização da pena tem por inalidade concretizar o Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente. do art. 84, XIX;
A primeira menção à individualização da pena se encontra no b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
artigo 5º, XLVI, CF:
d) de banimento;
e) cruéis.
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
pena e adotará, entre outras, as seguintes: Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade,
a) privação ou restrição da liberdade; pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que
b) perda de bens; atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a consti-
c) multa; tuição físico-psíquica dos condenados”20 .
d) prestação social alternativa; Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti-
e) suspensão ou interdição de direitos. tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos
de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de
individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasileiro,
evitando-se a padronização a sanção penal. A individualização da este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº
pena signiica adaptar a pena ao condenado, consideradas as carac- 1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzila-
terísticas do agente e do delito. mento nos casos tipiicados em seu Livro II, que aborda os crimes
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com militares em tempo de guerra.
maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consis- Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir-
tente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de
determinado tempo. banimento e cruéis.
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa- No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra-
trimônio do indivíduo delituoso. balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O traba-
de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de li- lho é obrigatório, dentro das condições do apenado, não poden-
berdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. do ser cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do
Por seu turno, a individualização da pena deve também se fa- condenado; como o trabalho não existe independente da educação,
zer presente na fase de sua execução, conforme se depreende do cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
artigo 5º, XLVIII, CF: trabalho deve se aproximar da realidade do mundo externo, será
remunerado; além disso, condições de dignidade e segurança do
trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de proteção,
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabeleci-
deverão ser respeitados.
mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado. Respeito à integridade do preso
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito
visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infe- Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à in-
lizmente, o Estado não possui aparato suiciente para cumprir tal tegridade física e moral.
diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das pri-
sões. Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cum- Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre-
primento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, pri- so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
sões costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres. Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão
Também se denota o respeito à individualização da pena nesta mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em
faceta pelo artigo 5º, L, CF: primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos de-
sumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições da pena.
para que possam permanecer com seus ilhos durante o período 20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed.
de amamentação. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Ação penal privada subsidiária da pública
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identiicado não será sub-
metido a identiicação criminal, salvo nas hipóteses previstas em Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de
lei. ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.

Se uma pessoa possui identiicação civil, não há porque fazer A chamada ação penal privada subsidiária da pública encon-
identiicação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que tra respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder
seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sen- público na atividade de persecução criminal não será ignorada,
do assim, violaria a integridade moral. fornecendo-se instrumento para que o interessado a proponha.

Devido processo legal, contraditório e ampla defesa Prisão e liberdade


Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º
em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não
seus bens sem o devido processo legal. é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos
fundamentais implicam na tipiicação penal, autorizando a restri-
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser ção da liberdade daquele que assim agiu.
respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente. No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente
a legislação vigente, sob pena de nulidade processual. Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em lagrante
Surgem como corolário do devido processo legal o contra- delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju-
ditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os diciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF: crime propriamente militar, deinidos em lei.
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou ad- Logo, a prisão somente se dará em caso de lagrante delito
ministrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contra- (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tem-
ditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. porário, provisório ou deinitivo (as duas primeiras independente
do trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se pela irreversibilidade da condenação).
deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz
assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante,
e à família ou pessoa indicada pelo preso:
o devido processo legal tem sua faceta material que consiste na
tomada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoa-
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
bilidade e da proporcionalidade.
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Vedação de provas ilícitas
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
obtidas por meios ilícitos. com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII,
CF:
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157
do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos,
legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
constitucional ou legal, no momento da sua obtenção. São veda- assistência da família e de advogado.
das porque não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento
para fazê-lo cumprir: seria paradoxal. Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:

Presunção de inocência Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identiicação dos
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.

Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o Por isso mesmo, o auto de prisão em lagrante e a ata do de-
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
vidas nas práticas destes atos procedimentais.
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que
uma pessoa não é culpada até que, em deinitivo, o Judiciário assim a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que
decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais. assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela- O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na
xada pela autoridade judiciária. Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direi-
tos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do direitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudên-
artigo 5º, LXVI, CF: cia majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos
humanos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela incorporar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno bra-
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem sileiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas
iança. à proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas
no Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”22.
Mesmo que a pessoa seja presa em lagrante, devido ao prin- Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com
cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque
mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri- somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da
são preventiva ou temporária. equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma-
téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan-
Indenização por erro judiciário to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en-
não signiica que tais direitos eram menos importantes devido ao
contra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos.
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por
erro judiciário, assim como o que icar preso além do tempo ixa- 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de
do na sentença. modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul- aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
gamento de um processo criminal, resultando em condenação de tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos
alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também respectivos membros:
indenizará uma pessoa que icar presa além do tempo que foi con-
denada a cumprir. Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
1.5) Direitos fundamentais implícitos Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal: dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti-
tucionais.
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro,
que a República Federativa do Brasil seja parte. versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ex- Contudo, há posicionamentos conlituosos quanto à possi-
pressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exempliicativo, não tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no
taxativo. ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re-
ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil
1.6) Tratados internacionais incorporados ao ordenamen- do depositário iniel, prevista como legal na Constituição e ilegal
to interno no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po-
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal
dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
Federal irmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que pa-
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi-
co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que ralisaria a eicácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou Constituição no ponto controverso).
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República),
submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará 1.7) Tribunal Penal Internacional
referendo por meio do decreto legislativo), ratiicação do tratado Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
(conirmação da obrigação perante a comunidade internacional)
e a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo21. Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados interna- nal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
cionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi pro-
ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional mulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de
de direitos humanos. 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17
21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Prisão 22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Pú-
Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. blico e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em
Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gra- próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (ar-
vidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI). tigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdi- é aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de locomo-
ção é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o ção. As duas iguras podem se concentrar numa mesma pessoa.
processo e julgamento de violações contra indivíduos; e, distinta- f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou pri-
mente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruan- vado.
da, criados para analisarem crimes cometidos durante esses con- g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen-
litos, sua jurisdição não está restrita a uma situação especíica”23. do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de
Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas sobre a Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual;
criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma, Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impe-
em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede tra no Tribunal de Justiça.
em Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP:
crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de
guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a de-
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando
inição da convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade
não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais
são citados: assassinato, escravidão, prisão violando as normas in-
tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação
ternacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prosti-
tuição forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessa-
internacional, destruição de bens não justiicada pela guerra, de- do o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém
portação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”. admitido a prestar iança, nos casos em que a lei a autoriza; VI
- quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta
1.8) Remédios constitucionais a punibilidade.
Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias
que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có-
constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos- digo de Processo Penal.
trar suiciente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar
o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie - Mandado de segurança individual
de ação para uma forma de violação. Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:

- Habeas corpus. Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança


para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui- -corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade
ção em seu artigo 5º, LXVIII: ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou a) Origem: Veio com a inalidade de preencher a lacuna de-
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso corrente da sistemática do habeas corpus e das liminares posses-
de poder. sórias.
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade
CF. ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215,
lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
foi o primeiro documento a mencionar este remédio e o Habeas
São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da
Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces-
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo-
comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios so ou retiicação de informações relativas à pessoa do impetrante,
constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi uti- constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover-
lizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de namentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos
lesão ao direito de ir e vir. especíicos.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predomi- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
nantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a independente da natureza do ato impugnado (administrativo, juris-
restrição arbitrária da liberdade. dicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de
ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repres- violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consu-
sivo, para quando ameaça já tiver se materializado. mado o abuso/ilegalidade.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demons-
23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Direi-
to Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. trado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade
24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. procedimento.

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá
não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira, ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos desperso- jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de
nalizados e universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei. 72 (setenta e duas) horas.
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser auto-
ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui- - Mandado de injunção.
ções do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09,
preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela que tenha Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua
prática”. Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora. sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
i) Regulamentação especíica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerroga-
de 2009. tivas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja
- Mandado de segurança coletivo proposto o mandado de injunção são a existência de norma cons-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com titucional de eicácia limitada que prescreva direitos, liberdades
mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX: constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
rania e à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, im-
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode
em questão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador
ser impetrado por: a) partido político com representação no Con-
brasileiro de não regulamentar as normas de eicácia limitada para
gresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
que elas não sejam aplicáveis.
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a re-
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou as- gulamentação de normas constitucionais de eicácia limitada.
sociados. c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estran-
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito
a) Origem: Constituição Federal de 1988. fundamental não materializável por omissão legislativa do Poder
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo público, bem como o Ministério Público na defesa de seus inte-
relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos resses institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas
ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente jurídicas de direito público.
a partidos políticos e determinadas associações. d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a ela-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, boração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente
independente da natureza do ato, de caráter coletivo. da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas,
os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superio-
instituto não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme res, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF);
posicionamento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma
individualização, ica improvável a veriicação da ilegalidade ou regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
do abuso do poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos da
nº 12.016/09). competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Fe-
constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido deral (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando
político com representação no Congresso Nacional, bem como de as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de in-
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em junção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais,
frente aos entes a ele vinculados.
defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus
e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº 12.016/09,
interesses ou de seus membros.
não havendo lei especíica.
f) Disciplina especíica na Lei nº 12.016/09:
- Habeas data.
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo,
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do gru- O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
po ou categoria substituídos pelo impetrante.
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispendência Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
beneiciarão o impetrante a título individual se não requerer a impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entida-
desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) des governamentais ou de caráter público; b) para a retiicação
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança de dados, quando não se preira fazê-lo por processo sigiloso, ju-
coletiva. dicial ou administrativo.

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º, 2) Direitos sociais
LXXVII, CF). A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas progra-
1974. máticas e que necessitam de uma postura interventiva estatal em
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais cons- prol da implementação.
tantes de registros ou bancos de dados de entidades governamen- Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção
tais ou de caráter público, para o conhecimento ou retiicação (cor- genérica no artigo 6º, CF:
reção).
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta-
a informações pessoais. ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangei- a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
ra, ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratando- assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
-se de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da pes-
soa que a propõe. Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social de
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Ad- Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª dimen-
ministração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como são, notadamente conhecidos como direitos econômicos, sociais
instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas presta- e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações
dores de serviços de interesse público que possuam dados relativos positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à
à pessoa do impetrante. postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que visem
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constitui- consolidar o princípio da igualdade não apenas formalmente, mas
ção, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior materialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Fe- Por seu turno, embora no capítulo especíico do Título II que
derais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa regulamen-
VIII). tação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Título VIII da
g) Regulamentação especíica: Lei nº 9.507, de 12 de no- Constituição Federal, que aborda a ordem social, se concentra em
vembro de 1997. trazer normativas mais detalhadas a respeitos de direitos indicados
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997. como sociais.
- Ação popular
2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
Independentemente da categoria de direitos que esteja sendo
abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sentido meramen-
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
te formal, mas necessariamente material. Signiica que discrimi-
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
nações indevidas são proibidas, mas existem certas distinções que
nio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralida-
não só devem ser aceitas, como também se mostram essenciais.
de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igualdade
cultural, icando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
material assume grande relevância. Ainal, esta categoria de direi-
judiciais e do ônus da sucumbência.
tos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol da efetivação.
a) Origem: Constituição Federal de 1934. Nem todos podem arcar com suas despesas de saúde, educação,
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia, cultura, alimentação e moradia, assim como nem todos se encon-
permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou tram na posição de explorador da mão-de-obra, sendo a grande
seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transindivi- maioria da população de explorados. Estas pessoas estão numa
duais. clara posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa progressivamente atinjam uma posição de igualdade real, já que
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o não é por conta desta posição desfavorável que se pode airmar
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e que são menos dignos, menos titulares de direitos fundamentais.
ao patrimônio histórico e cultural Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser alcan-
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele na- çada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade material.
cional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. Sendo assim, o Estado buscará o crescente aperfeiçoamento da
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, di- oferta de serviços públicos com qualidade para que todos os na-
reta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide cionais tenham garantidos seus direitos fundamentais de segunda
com a coisa pública. dimensão da maneira mais plena possível.
f) Competência: Será ixada de acordo com a origem do ato Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas um
ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65). papel direto na promoção dos direitos econômicos, sociais e cul-
g) Regulamentação especíica: Lei nº 4.717, de 29 de junho turais, mas também um indireto, quando por meio de sua gestão
de 1965. permite que os indivíduos adquiram condições para sustentarem
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. suas necessidades pertencentes a esta categoria de direitos.

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
2.2) Reserva do possível e mínimo existencial evidente, seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, notada- Sistema Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abran-
mente porque estão previstos em normas programáticas e porque a gência da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
implementação deles gera um ônus para o Estado. Diferentemente Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se uma
dos direitos individuais, que dependem de uma postura de absten- decisão judicial melhorar a efetivação de um direito social, ela se
ção estatal, os direitos sociais precisam que o Estado assuma um torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a Constituição
papel ativo em prol da efetivação destes. para retirar este avanço? Por um lado, a proibição do retrocesso
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma Cons- merece ser tomada em conceito amplo, abrangendo inclusive deci-
tituição, a despeito de um instante bem-intencionado de palavras sões judiciais; por outro lado, a decisão judicial não tem por fulcro
promovido pelo constituinte, pode levar à negativa, paradoxal – e, alterar a norma, o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o
portanto, inadmissível – consequência de uma Carta Magna cujas direito de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
inalidades não condigam com seus próprios prescritos, fato que na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há entendi-
deslegitima o Poder Público como determinador de que particula- mento dominante.
res respeitem os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios,
os administradores, conseguem cumprir o que consta de seu Esta- 2.4) Direito individual do trabalho
tuto Máximo25. O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais dos
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a cláu- trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais tipica-
sula da reserva do possível como argumento para a não imple- mente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos funda-
mentação de determinado direito social – seja pela absoluta ausên- mentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob pena de
cia de recursos (reserva do possível fática), seja pela ausência de se incidir em prática de assédio moral).
previsão orçamentária nos termos do artigo 167, CF (reserva do
possível jurídica). Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra despe-
O Ministro Celso de Mello airmou em julgamento que os di- dida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complemen-
reitos sociais “não pode converter-se em promessa constitucional tar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos.
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas ex-
pectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de manei- Signiica que a demissão, se não for motivada por justa causa,
assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória,
ra ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um
entre outros, a serem arcados pelo empregador.
gesto irresponsável de inidelidade governamental ao que determi-
na a própria Lei Fundamental do Estado”26.
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desemprego
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possível,
involuntário.
embora viável, não pode servir de muleta para que o Estado não
arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, quando in-
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do em-
vocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Judiciário que
pregador, o trabalhador que ique involuntariamente desempregado
não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos sociais com o – entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha origem
simples argumento de que não há orçamento especíico para isso num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem direito ao
– ele deveria ter reservado parcela suiciente de suas inanças para seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social, que tem o
atender esta demanda. caráter de assistência inanceira temporária.
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que
tem por fulcro limitar a discricionariedade político-administrativa Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem seguidas,
sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário em prol de Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o tra-
sua efetivação. balhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas
vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o em-
2.3) Princípio da proibição do retrocesso pregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vinculada
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma con- é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador,
quista garantida na Constituição Federal sofra um retrocesso, de equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
modo que um direito social garantido não pode deixar de o ser. atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve ser oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em
tomada com reservas, até mesmo porque segundo entendimento momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da
predominante as normas do artigo 7º, CF não são cláusula pétrea, aposentadoria e em situações de diiculdades, que podem ocorrer
sendo assim passíveis de alteração. Se for alterada normativa sobre com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças
direito trabalhista assegurado no referido dispositivo, não sendo o graves.
prejuízo evidente, entende-se válida (por exemplo, houve altera-
ção do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores agrí- Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, ixado em lei, nacionalmen-
colas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso te uniicado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas
e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
existencial: a pretensão de eicácia da norma constitucional em face da realida-
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com rea-
de. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. justes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo ve-
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. dada sua vinculação para qualquer im.

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Trata-se de uma visível norma programática da Constituição Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, consti-
que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as tuindo crime sua retenção dolosa.
necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesqui-
sa que tomou por parâmetro o preceito constitucional, detectou-se Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no
que “o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação de re-
de R$ 2.892,47 em abril para que ele suprisse suas necessidades tenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer
básicas e da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de
07, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So- eicácia limitada, pois depende de lei ordinária, ainda mais porque
cioeconômicos (Dieese)”27. qualquer norma penal incriminadora é regida pela legalidade estri-
ta (artigo 5º, XXXIX, CF).
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho. Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja na gestão da empresa, conforme deinido em lei.
ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civil,
enfermeiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial, que A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conheci-
é sua garantia de recebimento dentro de seu grau proissional. O da também por Programa de Participação nos Resultados (PPR),
Valor do Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a data está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde
base da categoria, por isso ele é deinido em conformidade com um a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador. um bônus, que é ofertado pelo empregador e negociado com uma
comissão de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o em-
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto pregador a fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do depen-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução dente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa
durante uma crise, situações que devem ser negociadas em con- Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo
venção ou acordo coletivo. número de ilhos ou equiparados de qualquer condição até a ida-
de de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao de carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou
mínimo, para os que percebem remuneração variável. igual ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Inter-
ministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo será de R$ 35,00, por ilho de até 14 anos incompletos ou inválido,
daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em co- para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber
missões por venda e metas); de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por ilho
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na re- de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$
muneração integral ou no valor da aposentadoria. 24,66.

Também conhecido como gratiicação natalina, foi instituída Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior
no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador re- a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
ceba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por compensação de horários e a redução da jornada, mediante acor-
mês trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário ex- do ou convenção coletiva de trabalho.
tra ao trabalhador e ao aposentado no inal de cada ano. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno superior
à do diurno. A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração
normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido durante diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia,
a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de 7 mi- poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser
nutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% sobre acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a
o valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades ur- duas, no máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante
banas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou senten-
horas do dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado noturno ça normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperio-
o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às sa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A
5:00 horas do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação da
horas do dia seguinte. Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo,
convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50% (cin-
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-deve- quenta por cento) superior à da hora normal.
ria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas
ciação coletiva. estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que
elas são maioria também na população não economicamente ativa.
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre homens e
os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvan- mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os empre-
do a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atua- gadores entendem que eles necessitam de um salário maior para
ção da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para manter a família. Tais disparidades colocam em evidência que o
uma interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma es-
fato de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- pecial.
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem isiológica para
o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de
diiculta o convívio em sociedade e com a própria família. serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.

Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja res-


Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferen-
cindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo indetermi-
cialmente aos domingos.
nado, deverá, antecipadamente, notiicar à outra parte, através do
aviso prévio. O aviso prévio tem por inalidade evitar a surpresa
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador
horas consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colo-
domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou do- cação no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
méstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, desde trabalhado ou indenizado.
que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos tra-
balhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso semanal Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao traba-
remunerado coincidente com um domingo a cada período, depen- lho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
dendo da atividade (artigo 67, CLT).
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do tra-
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com, balho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do meio ambien-
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. te do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência de
agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um terço dos trabalhadores.
ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais e bene-
fícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses de Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ativi-
trabalho – denominado período aquisitivo – o empregado terá di- dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
reito a trinta dias corridos de férias, se não tiver faltado injustiica-
damente mais de cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto,
das férias serão diminuídos de acordo com o número de faltas). trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é perigo-
so ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância acima
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do em- do comum. Ainda não há na legislação especíica previsão sobre o
prego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres as que se
O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário- desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído contínuo
ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao frio,
-maternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos
radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, umi-
recolhimentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalha-
dade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalubridade
dora pode sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo
assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre
que o período de licença é de 120 dias. A Constituição também
o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão
garante que, do momento em que se conirma a gravidez até cinco mais benéica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente
meses após o parto, a mulher não pode ser demitida. a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos ixados 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez
em lei. por cento), para insalubridade de grau mínimo.
O adicional de periculosidade é um valor devido ao emprega-
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es- do exposto a atividades perigosas. São consideradas atividades ou
tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro- operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de
cessos pós-operatórios. trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição per-
manente do trabalhador a inlamáveis, explosivos ou energia elé-
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mu- trica; e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativida-
lher, mediante incentivos especíicos, nos termos da lei. 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental
brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
des proissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do
adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a deinição de
de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratiicações, prêmios doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe-
ou participações nos lucros da empresa. cíica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, em
unânime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais. seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporá-
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador ria, da capacidade para o trabalho.
brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos com natureza de tributo que as empresas pagam para custear be-
estipulados nas regras da Previdência Social e tenha atingido as nefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocu-
idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência social é pacional, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota normal é
considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF. de um, dois ou três por cento sobre a remuneração do empregado,
mas as empresas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos ilhos e depen- químicos, físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferen-
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches ciados. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atual-
e pré-escolas. mente o Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se
a empresa investir na segurança do trabalho.
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsabili-
de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que zada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador. Na
as mães deixem o ilho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham. atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do benefí-
Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada cio previdenciário, assim compreendido como prestação garantida
a dar auxílio-creche a mulher para que ela pague uma creche para pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
o bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio será determinado com a indenização devida pelo empregador em caso de culpa (res-
conforme negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou ponsabilidade subjetiva), é pacíica, estando amplamente difundi-
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias regis- da na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
tradas não tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo
(ela pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
A duração do auxílio-creche e o valor envolvido variarão confor- para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
me negociação coletiva na empresa. após a extinção do contrato de trabalho.

Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acor- Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdicio-
dos coletivos de trabalho. nal para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um período
de tempo que o empregado tem para requerer seu direito na Justiça
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a
encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Cons- partir do término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas re-
tituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades represen- lativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante
tativas da categoria dos trabalhadores entram em negociação com a vigência do contrato de trabalho.
as empresas na defesa dos interesses da classe, assegurando o res-
peito aos direitos sociais; Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na idade, cor ou estado civil.
forma da lei.
Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem, na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença
que pode ser feita, notadamente, qualiicando o proissional para remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária ou
exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e não é
máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador, aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa-
deve ser ele qualiicado para que possa operá-la). ração salarial judicialmente.

Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho, Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no
a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. de deiciência.

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
A pessoa portadora de deiciência, dentro de suas limitações, II - é vedada a criação de mais de uma organização sindi-
possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode cal, em qualquer grau, representativa de categoria proissional
ser preterida meramente por conta de sua deiciência. ou econômica, na mesma base territorial, que será deinida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser in-
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho ferior à área de um Município;
manual, técnico e intelectual ou entre os proissionais respectivos. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cole-
tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmen- ou administrativas;
te relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a IV - a assembleia geral ixará a contribuição que, em se tra-
desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou tando de categoria proissional, será descontada em folha, para
outra categoria. custeio do sistema confederativo da representação sindical res-
pectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, peri- V - ninguém será obrigado a iliar-se ou a manter-se iliado
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a sindicato;
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negocia-
partir de quatorze anos. ções coletivas de trabalho;
VII - o aposentado iliado tem direito a votar e ser votado nas
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-se organizações sindicais;
uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em con- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
dições desfavoráveis. partir do registro da candidatura a cargo de direção ou represen-
tação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- inal do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas, atendidas as condições que a lei estabelecer.
mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra,
possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º,
empregatício permanente. CF:
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC
das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria interesses que devam por meio dele defender.
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, § 1º A lei deinirá os serviços ou atividades essenciais e dis-
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, porá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabeleci- nidade.
das em lei e observada a simpliicação do cumprimento das obri- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
gações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação da lei.
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III,
IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o
social. exercício do direito de greve, deine as atividades essenciais, re-
gula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade,
2.5) Direito coletivo do trabalho e dá outras providências. Enquanto não for disciplinado o direito
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos de greve dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica,
trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coletiva- segundo o STF.
mente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: associa- O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
ção proissional ou sindical, greve, substituição processual, parti-
cipação e representação classista29. Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhado-
A liberdade de associação proissional ou sindical tem escopo res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
no artigo 8º, CF: seus interesses proissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.
Art. 8º, CF. É livre a associação proissional ou sindical, ob-
servado o seguinte: Por im, aborda-se o direito de representação classista no ar-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fun- tigo 11, CF:
dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente,
vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na or- Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
ganização sindical; dos, é assegurada a eleição de um representante destes com a
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. inalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. os empregadores.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
3) Nacionalidade 3.2) Naturalidade e naturalização
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os
a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e na-
pode adquirir direitos políticos. turalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionali-
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um dade – naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a é um efetivo vínculo com o Estado.
integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por
obrigações. ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12,
a mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo
residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no aquele que não é nacional brasileiro.
país e os apátridas.
a) Brasileiros natos
3.1) Nacionalidade como direito humano fundamental Art. 12, CF. São brasileiros:
I - natos:
Os direitos humanos internacionais são completamente con-
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo,
país;
a nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra-
ser privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
respeitados os critérios legais previstos no texto constitucional no Federativa do Brasil;
que tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o consti- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
tuinte brasileiro não admite a igura do apátrida. brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalida- ra competente ou venham a residir na República Federativa do
de não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori-
de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro, dade, pela nacionalidade brasileira.
mudando de nacionalidade, por um processo conhecido como na-
turalização. Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribui-
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu ção da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius
artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) soli, direito de solo, o nacional nascido em território do país inde-
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem pendentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito
do direito de mudar de nacionalidade”. de sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda- descendência de um nacional do país (critério comum em países
-se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionali- que tiveram êxodo de imigrantes).
dade desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, ex- O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no terri-
plicitando que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território tório brasileiro – critério do ius soli, ainda que ilho de pais estran-
onde nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por geiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a serviço de
previsões legais diversas. seu país ou de organismo internacional (o que geraria um conlito
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa huma- de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato ainda
na. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não que não se tenha nascido no território brasileiro.
pode icar ao mero capricho de um governo, de um governante, No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato tam-
de um poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem bém pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a
serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça
regras prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios
em outro país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do
fundamentais de todo sistema jurídico que se pretenda democráti-
Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o nascido do ex-
co. A questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que
terior venha ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido
é muito séria”30. registrado em repartição competente, caso em que poderá, aos 18
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacional anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade
a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar brasileira ou não.
abrigo em outro país quando naquele do qual for nacional esti-
ver sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter b) Brasileiros naturalizados
motivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos
atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
a própria inalidade desta proteção. Em suma, o que se pretende II - naturalizados:
com o direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê- sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
-los – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
e não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações. b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-
XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona-
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88. lidade brasileira.

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
A naturalização deve ser voluntária e expressa. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112: III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão V - da carreira diplomática;
da naturalização: VI - de oicial das Forças Armadas;
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; VII - de Ministro de Estado da Defesa.
II - ser registrado como permanente no Brasil;
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer-
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a
naturalização; esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as con- Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo;
dições do naturalizando; ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausente,
V - exercício de proissão ou posse de bens suicientes à manu- em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por im, o
tenção própria e da família; Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência
VI - bom procedimento; dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado);
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) representação do país ou de segurança nacional.
ano; e Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro
VIII - boa saúde. naturalizado como membro do Conselho da República (artigos 89
e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalís-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em re- tica, de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há
gra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, con- 10 anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro
forme o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão naturalizado que tenha praticado crime comum antes da natura-
constitucional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário lização ou, depois dela, crime de tráico de drogas (artigo 5º, LI,
de país com língua portuguesa o prazo de residência contínua é CF).
reduzido para 1 ano. Daí se airmar que o constituinte estabeleceu
3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
a naturalização ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
extraordinária no artigo 12, II, “a”.
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma-
aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a
nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao es-
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
trangeiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária
previstos nesta Constituição.
não há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos
todos os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mesmo
da Justiça. O mesmo não vale para a naturalização extraordinária, tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade,
quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a
Judiciário para fazê-lo valer31. República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto
nº 3.927/2001).
c) Tratamento diferenciado As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura- sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re-
lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No
12, § 2º, CF: caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos
desta natureza icam suspensos no outro país, ou seja, não exerce
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en- simultaneamente direitos políticos nos dois países.
tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição. 3.4) Perda da nacionalidade
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a do brasileiro que:
não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses de I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
distinção. em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enu- II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
meradas no parágrafo seguinte. a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira;
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os car- b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
gos: brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên- permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci-
cia. vis.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18 Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da a) Princípio da Especialidade: Signiica que o estrangeiro só
nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe-
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub-
Procurador da República. metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se de extradição.
a aceitação da igura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser
pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser
tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra-
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá dição).
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado após a
ocorrência do crime não impede a extradição.
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira.
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o
crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º,
3.5) Deportação, expulsão e entrega
XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a
A deportação representa a devolução compulsória de um es-
comutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil.
trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó- Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº
rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus arti- 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
gos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo
ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto. Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
estrangeiro que tenha praticado atos tipiicados no artigo 65 e seu Brasil a reciprocidade.
parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei- I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa naciona-
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a lidade veriicar-se após o fato que motivar o pedido;
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à con- Brasil ou no Estado requerente;
veniência e aos interesses nacionais. III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran- crime imputado ao extraditando;
geiro que: IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual
a) praticar fraude a im de obter a sua entrada ou permanên- ou inferior a 1 (um) ano;
cia no Brasil; V - o extraditando estiver a responder a processo ou já hou-
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, ver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, que se fundar o pedido;
não sendo aconselhável a deportação; VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou lei brasileira ou a do Estado requerente;
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para VII - o fato constituir crime político; e
estrangeiro. VIII - o extraditando houver de responder, no Estado reque-
rente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacio-
o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum,
nal a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É
ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir
o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro
o fato principal.
para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal,
reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º). a apreciação do caráter da infração.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
3.6) Extradição crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quais-
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da quer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo,
entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con- sabotagem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política
mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma, ou social.
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim
permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes po- Art. 78. São condições para concessão da extradição:
líticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois I - ter sido o crime cometido no território do Estado reque-
da naturalização, em caso de envolvimento com o tráico ilícito de rente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse
entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). Estado; e

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
II - existir sentença inal de privação de liberdade, ou estar § 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao
a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou au- Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de
toridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a docu-
artigo 82. mentação comprobatória da existência de ordem de prisão profe-
rida por Estado estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.878,
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da de 2013)
mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque- § 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa)
le em cujo território a infração foi cometida. dias contado da data em que tiver sido cientiicado da prisão do
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, su- extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada
cessivamente: pela Lei nº 12.878, de 2013)
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido § 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no
o crime mais grave, segundo a lei brasileira; § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admi-
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do ex- tindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a
traditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e extradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do Lei nº 12.878, de 2013)
extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
Governo brasileiro. nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito
à preferência de que trata este artigo. Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pe-
dido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento inal
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certi- vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
dão da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz
ou autoridade competente. Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
§ 1o O pedido deverá ser instruído com indicações precisas para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-
sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato cri- -lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interro-
minoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos gatório o prazo de dez dias para a defesa.
legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição. § 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada,
§ 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos. extradição.
§ 3o Os documentos indicados neste artigo serão acompanhados § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tribunal,
de versão feita oicialmente para o idioma português. a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá conver-
ter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo im-
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos prorrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será será julgado independentemente da diligência.
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data
Federal. da notiicação que o Ministério das Relações Exteriores izer à
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que Missão Diplomática do Estado requerente.
trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão funda-
mentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de re- Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado
novação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomá-
óbice apontado. tica do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da co-
municação, deverá retirar o extraditando do território nacional.
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
de urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em
conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extradi- liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o
tando por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Mi- motivo da extradição o recomendar.
nistério da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, re- Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido
presentará ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela baseado no mesmo fato.
Lei nº 12.878, de 2013)
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou
e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois
comunicação por escrito. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalva-
2013) do, entretanto, o disposto no artigo 67.

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Parágrafo único. A entrega do extraditando icará igualmente Os nacionais que são titulares de direitos políticos são denomina-
adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por dos cidadãos. Signiica airmar que nem todo nacional brasileiro
causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oicial. é um cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular do
direito de sufrágio universal.
Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que
responda a processo ou esteja condenado por contravenção. 4.1) Sufrágio universal
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania po-
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque- pular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
rente assuma o compromisso: Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais,
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a ca-
anteriores ao pedido; pacidade passiva – ser eleito como representante no modelo da
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi impos- democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito de
ta por força da extradição; todos cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena cor- se exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
poral ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas não
a lei brasileira permitir a sua aplicação; apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem toda pes-
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento soa que tem capacidade ativa tem também capacidade passiva,
do Brasil, a outro Estado que o reclame; e embora toda pessoa que tenha capacidade passiva tenha necessa-
V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar riamente a ativa.
a pena.
4.2) Democracia direta e indireta
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis bra- Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
sileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
e instrumentos do crime encontrados em seu poder. e, nos termos da lei, mediante:
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste I - plebiscito;
artigo poderão ser entregues independentemente da entrega do II - referendo;
extraditando. III - iniciativa popular.

Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, por-
requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou que possibilita a participação popular direta no poder por inter-
por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente médio de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa
por via diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. popular. Como são hipóteses restritas, pode-se airmar que a demo-
cracia indireta é predominantemente adotada no Brasil, por meio
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permiti- do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual valor
do, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de para todos. Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
respectiva guarda, mediante apresentação de documentos com- Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo é o
probatórios de concessão da medida. momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro se con-
sulta a população e depois se toma a decisão política; no referendo,
3.7) Idioma e símbolos primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a popula-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oicial da Repú- ção. Embora os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito
blica Federativa do Brasil. é convocado, ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV,
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ban- CF), ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha
deira, o hino, as armas e o selo nacionais. é que os dois são “formas de consulta ao povo para que delibere
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional,
ter símbolos próprios. legislativa ou administrativa”32.
Na iniciativa popular confere-se à população o poder de apre-
Idioma é a língua falada pela população, que confere caráter sentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assina-
diferenciado em relação à população do resto do mundo. Sendo tura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no
assim, é manifestação social e cultural de uma nação. mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
e permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente.
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão é Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela
feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o tema. apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído
4) Direitos políticos pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos direitos cento dos eleitores de cada um deles.
políticos, já que somente um nacional pode adquirir direitos polí- 32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15.
ticos. No entanto, nem todo nacional é titular de direitos políticos. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
4.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto para se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral em
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoi- uma das unidades federadas do país. Aceita-se a transferência do
to anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das eleições.
analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis A iliação partidária implica no lançamento da candidatura por
e menores de dezoito anos. um partido político, não se aceitando a iliação avulsa.
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito etário,
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: com faixa etária mínima para o desempenho de cada uma das fun-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; ções, a qual deve ser auferida na data da posse.
II - facultativos para:
a) os analfabetos; 4.5) Inelegibilidade
b) os maiores de setenta anos; Atender às condições de elegibilidade é necessário para poder
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não se enquadrar
em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais brasilei- A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta,
ros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingidos determi-
nados cargos.
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal-
estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
fabetos.
os conscritos.
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade,
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando servi- que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível é
ço militar obrigatório, pois são necessárias tropas disponíveis para preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade de votar,
os dias da eleição. mas não podem ser votados) e é preciso possuir a capacidade elei-
toral ativa – poder votar (inalistáveis são aqueles que não podem
4.4) Elegibilidade tirar o título de eleitor, portanto, não podem votar, notadamente: os
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de elegi- estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
bilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchidos para que
uma pessoa seja eleita, no exercício de sua capacidade passiva do Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governadores
sufrágio universal. de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser ree-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na forma leitos para um único período subsequente.
da lei:
I - a nacionalidade brasileira; Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibilidade
II - o pleno exercício dos direitos políticos; relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer das esferas
III - o alistamento eleitoral; for substituído por seu vice no curso do mandato, este vice somen-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; te poderá ser eleito para um período subsequente.
V - a iliação partidária; Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu último
VI - a idade mínima de: ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é substituído
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e for eleito, não
República e Senador; poderá ao inal deste mandato se reeleger. Isto é, se o mandato o
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado candidato renuncia no início de 2010 o seu mandato de 2007-2010,
e do Distrito Federal; assumindo o vice em 2010, poderá este se candidatar para o man-
dato 2011-2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Esta-
mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu com o
dual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu
d) dezoito anos para Vereador.
em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do Estado de Minas
Gerais e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas não pode se
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal- candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no Senado
fabetos. Federal.
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à naciona- Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Pre-
lidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para ser eleito é sidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
preciso ser cidadão. Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista como até seis meses antes do pleito.
eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas pode não o ser
caso analisados aspectos como o vínculo de afeto com o local (ex.: São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os che-
Presidente Dilma vota em Porto Alegre – RS, embora resida em fes do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos até seis
Brasília – DF). Sendo assim, para se candidatar a cargo no muni- meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. Ex.: Se a eleição
cípio, deve ter domicílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo aconteceu em 05/10/2014, necessário que tivesse renunciado até
no estado, deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; 04/04/2014.

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada
do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou ains, até o procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em jul-
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Go- gado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração
vernador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual
ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à ree- realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei
leição. Complementar nº 135, de 2010)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julga-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cônju- do ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação
ge e os parentes consanguíneos ou ains, até o segundo grau ou por até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os tenha substituído da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº
ao inal do mandato, a não ser que seja já titular de mandato eletivo 135, de 2010)
e candidato à reeleição. 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração
pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as nº 135, de 2010)
seguintes condições: 2. contra o patrimônio privado, o sistema inanceiro, o merca-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se do de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído
da atividade; pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato Lei Complementar nº 135, de 2010)
da diplomação, para a inatividade. 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de li-
berdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os mi- 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condena-
litares que não podem se alistar ou os que podem, mas não preen- ção à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
chem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, se não se afas- pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar da atividade caso trabalhe há menos de 10 anos, se não for agre- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (In-
gado pela autoridade superior (suspenso do exercício das funções cluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
por sua autoridade sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há 7. de tráico de entorpecentes e drogas ains, racismo, tortura,
mais de 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). terrorismo e hediondos;
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a im de 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010)
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou ban-
de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a norma-
do; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
lidade e legitimidade das eleições contra a inluência do poder
f) os que forem declarados indignos do oicialato, ou com ele
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada pela
na administração direta ou indireta.
Lei Complementar nº 135, de 2010)
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos do ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode estabelecer conigure ato doloso de improbidade administrativa, e por deci-
outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas como de inelegi- são irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
bilidades relativas. Neste sentido, a Lei Complementar nº 64, de suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que
18 de maio de 1990, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da
cessação, e determina outras providências. Esta lei foi alterada por data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71
aquela que icou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Com- da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
plementar nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;
artigo 1º, que segue. (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
h) os detentores de cargo na administração pública direta,
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: indireta ou fundacional, que beneiciarem a si ou a terceiros, pelo
I - para qualquer cargo: abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em
a) os inalistáveis e os analfabetos; decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial co-
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Le- legiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplo-
gislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que mados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos se-
hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do dis- guintes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
posto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dis- i) os que, em estabelecimentos de crédito, inanciamento ou
positivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de
Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze)
para as eleições que se realizarem durante o período remanescen- meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de dire-
te do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subse- ção, administração ou representação, enquanto não forem exone-
quentes ao término da legislatura; rados de qualquer responsabilidade;

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
j) os que forem condenados, em decisão transitada em jul- 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e mi-
gado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por litar, da Presidência da República;
corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da Pre-
captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por con- sidência da República;
duta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da Re-
(oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela Lei Complementar pública;
nº 135, de 2010) 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Aeronáutica;
Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câma- 8. os Magistrados;
ras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o ofere- 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias,
cimento de representação ou petição capaz de autorizar a aber- empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações pú-
tura de processo por infringência a dispositivo da Constituição blicas e as mantidas pelo poder público;
Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Ter-
Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que ritórios;
se realizarem durante o período remanescente do mandato para 11. os Interventores Federais;
o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término 12. os Secretários de Estado;
da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 13. os Prefeitos Municipais;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos polí- 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados
ticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão e do Distrito Federal;
judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Se-
desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do cretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as
prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pessoas que ocupem cargos equivalentes;
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qual-
m) os que forem excluídos do exercício da proissão, por de-
quer dos poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo
cisão sancionatória do órgão proissional competente, em decor-
Presidente da República, sujeito à aprovação prévia do Senado
rência de infração ético-proissional, pelo prazo de 8 (oito) anos,
Federal;
salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judi-
c) (Vetado);
ciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem compe-
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julga-
tência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lançamento,
do ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem
arrecadação ou iscalização de impostos, taxas e contribuições de
desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união está- caráter obrigatório, inclusive paraiscais, ou para aplicar multas
vel para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de relacionadas com essas atividades;
8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) cargo ou função de direção, administração ou representação nas
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrên- empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 de
cia de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas ativida-
anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou des, possam tais empresas inluir na economia nacional;
anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de empre-
nº 135, de 2010) sas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas respon- no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea anterior,
sáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão tran- não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do
sitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça pleito, a prova de que izeram cessar o abuso apurado, do poder
Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando- econômico, ou de que transferiram, por força regular, o controle
-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Com- de referidas empresas ou grupo de empresas;
plementar nº 135, de 2010) g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou
forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, representação em entidades representativas de classe, mantidas,
que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo poder Pú-
exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de proces- blico ou com recursos arrecadados e repassados pela Previdência
so administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluí- Social;
do pela Lei Complementar nº 135, de 2010) h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções,
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente
a) até 6 (seis) meses depois de afastados deinitivamente de de sociedades com objetivos exclusivos de operações inanceiras
seus cargos e funções: e façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive
1. os Ministros de Estado: através de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que go-

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
zem, sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os
público, salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a cláu- inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputa-
sulas uniformes; dos, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibi-
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam lização;
exercido cargo ou função de direção, administração ou represen- b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Pre-
tação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha contrato feito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a
de execução de obras, de prestação de serviços ou de fornecimen- desincompatibilização .
to de bens com órgão do Poder Público ou sob seu controle, salvo § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes; República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis)
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; meses antes do pleito.
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito
ou entidades da Administração direta ou indireta da União, dos poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses
inclusive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afas- anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.
tarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
percepção dos seus vencimentos integrais; cônjuge e os parentes, consanguíneos ou ains, até o segundo grau
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis- ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
trito Federal; Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presi- os haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
dente da República especiicados na alínea a do inciso II deste salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repar- § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste
tição pública, associação ou empresas que operem no território artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles deinidos em lei
do Estado ou do Distrito Federal, observados os mesmos prazos; como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal
b) até 6 (seis) meses depois de afastados deinitivamente de privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
seus cargos ou funções: § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não
Estado ou do Distrito Federal; gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar.
Aérea; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistên-
cia aos Municípios; 4.6) Impugnação de mandato
4. os secretários da administração municipal ou membros de Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impugnação
órgãos congêneres; de mandato.
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impug-
inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Re- nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados
pública, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincom- econômico, corrupção ou fraude.
patibilização;
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato trami-
exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, tará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
sem prejuízo dos vencimentos integrais; se temerária ou de manifesta má-fé.
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício
no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito; 4.7) Perda e suspensão de direitos políticos
V - para o Senado Federal: Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presi- perda ou suspensão só se dará nos casos de:
dente da República especiicados na alínea a do inciso II deste I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repar- julgado;
tição pública, associação ou empresa que opere no território do II - incapacidade civil absoluta;
Estado, observados os mesmos prazos; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para durarem seus efeitos;
os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mesmas condi- IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta-
ções estabelecidas, observados os mesmos prazos; ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade
de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o que
condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, deixe de ser
VII - para a Câmara Municipal: titular de direitos políticos.

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da torais; prestação de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para
interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os resguardar a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar
quais obviamente se enquadra o sufrágio universal. de acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organização
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da condena- paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo 17, §4º, CF).
ção criminal, que é a suspensão de direitos políticos. O respeito a estes ditames permite o exercício do partidarismo
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar de forma autônoma em termos estruturais e organizacionais, con-
ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou forme o §1º do artigo 17, CF:
religiosa.
O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade adminis- nomia para deinir sua estrutura interna, organização e funcio-
trativa, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos namento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
políticos. coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos, as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou muni-
quais sejam cancelamento de naturalização por sentença transitada cipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
em julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição de estran- idelidade partidária.
geiro) e perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição
de outra (brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser regis-
considerado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). trados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF).
Nos demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de di- Quanto ao inanciamento das campanhas e o acesso à mídia,
reitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Adminis- prevê o §3º do artigo 17 da CF:
tração Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão.
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada dos Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a recursos
direitos políticos por ato unilateral do poder público, sem obser- do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
vância dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla defesa forma da lei.
e contraditório), é um procedimento que só existe nos governos
ditatoriais e que é absolutamente vedado pelo texto constitucional. EXERCÍCIOS

4.8) Anterioridade anual da lei eleitoral 1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de
Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em Constituição, assinale a alternativa CORRETA.
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que (A) É o estatuto que regula as relações entre Estados
ocorra até um ano da data de sua vigência. soberanos.
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos 1 de um povo.
ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a ela, mas (C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém
somente ao próximo pleito. normas referentes à estruturação, à formação dos poderes públicos,
direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
5) Partidos políticos (D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos e
deveres de um povo nas suas relações.
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo político
e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já que regula- 2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas de clas-
mentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, siicação das Constituições, uma delas é quanto à origem.
capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. Em relação às características de uma Constituição quanto à
O caput do artigo 17 da Constituição prevê: sua origem, assinale a alternativa CORRETA.
(A) Dogmáticas ou históricas.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de (B) Materiais ou formais.
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime (C) Analíticas ou sintéticas.
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da (D) Promulgadas ou outorgadas.
pessoa humana [...].
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia da
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabelecen- Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA.
do a Constituição um limite de números de partidos políticos que (A) A supremacia está no fato de o controle da constitucio-
possam ser constituídos, permitindo também que sejam extintos, nalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal.
fundidos e incorporados. (B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão das
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os precei- leis aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído.
tos a serem observados na liberdade partidária: caráter nacional, (C) A supremacia está no fato de a interpretação da consti-
ou seja, terem por objetivo o desempenho de atividade política no tuição não depender da observância dos princípios que a norteiam.
âmbito interno do país; proibição de recebimento de recursos i- (D) A supremacia está no fato de que os princípios e funda-
nanceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação mentos da constituição se resumam na declaração de soberania.
a estes, logo, o Poder Público não pode inanciar campanhas elei-

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre os (A) o pluralismo político está inserido entre seus objetivos.
chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Constituição, (B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se contrapõe
existe um que realiza a distinção entre Constituição e lei constitu- ao valor social do trabalho.
cional. Assinale a alternativa que o contempla. (C) a dignidade é também do nascituro, o que desautoriza,
(A) Sentido político portanto, a prática da interrupção da gravidez quando decorrente de
(B) Sentido sociológico. estupro.
(C) Sentido jurídico. (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem,
(D) Sentido culturalista. raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação, é um
(E) Sentido simbólico. de seus objetivos.
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependentes e har-
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A República mônicos entre si, são poderes da união.
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo- 8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014)
crático de Direito (art. 1º da CF). Sobre os Princípios Fundamentais da República Federativa do Bra-
Com base no enunciado acima é correto airmar, exceto: sil, à luz do texto constitucional de 1988, é INCORRETO airmar
(A) são objetivos fundamentais da república federativa do que:
Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- (A) a República Federativa do Brasil tem como fundamentos:
gualdades sociais e regionais. a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político não são sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
fundamentos da república federativa do brasil. (B) a República Federativa do Brasil tem como objetivos fun-
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma damentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir
coisa senão em virtude de lei. o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de
anonimato. todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quais-
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é um dos quer outras formas de discriminação.
objetivos fundamentais da república federativa do Brasil. (C) todo o poder emana do povo, que o exerce unicamente por
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Constituição meio de representantes eleitos.
brasileira inicia com o Título I dedicado aos “princípios fundamen- (D) entre outros, são princípios adotados pela República Fe-
tais”, que são as regras informadoras de todo um sistema de normas, derativa do Brasil nas suas relações internacionais, os seguintes: a
as diretrizes básicas do ordenamento constitucional brasileiro. São independência nacional, a prevalência dos direitos humanos e o re-
regras que contêm os mais importantes valores que informam a ela- púdio ao terrorismo e ao racismo.
boração da Constituição da República Federativa do Brasil. (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção e a de-
Diante dessa airmação, analise as questões a seguir e assinale fesa da paz são princípios regedores das relações internacionais da
a alternativa correta. República Federativa do Brasil.
I - Nas relações internacionais, a República brasileira rege-se,
entre outros, pelos seguintes princípios: autodeterminação dos po- 9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 5º da
vos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, concessão de asilo Constituição Federal trata dos direitos e deveres individuais e co-
político. letivos, espécie do gênero direitos e garantias fundamentais (Tí-
II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou seja, tulo II). Assim, apesar de referir-se, de modo expresso, apenas a
possuem efeito vinculante, mas constituem regras jurídicas efetivas. direitos e deveres, também consagrou as garantias fundamentais.
III - Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, São Pau-
norma qualquer, pois implica ofensa a todo o sistema de comandos. lo: Saraiva, 2009,13ª. ed., p. 671).
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica no Bra- Com base na airmação acima, analise as questões a seguir e
sil: a soberania nacional, a função social da propriedade, a livre con- assinale a alternativa correta.
corrência, a defesa do consumidor; a propriedade privada. I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma cons-
V - A diferença de salários, de critério de admissão por moti- titucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos
vo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos trabalhadores quais se assegura o exercício dos aludidos direitos.
urbanos e rurais fere o princípio da igualdade do caput do art. 5º da II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágrafos do
Constituição Federal. art. 5º da Constituição Federal é meramente exempliicativo.
(A) Apenas I, II, III estão corretas. III - Os direitos e garantias expressos na Constituição Federal
(B) Apenas II e IV estão corretas. não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
(C) Apenas III e V estão corretas. adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
(E) Todas as airmações estão corretas. imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação.
7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propósito dos V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, reco- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
nhece-se que: forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(A) Apenas I, II e III estão corretas. Com base na airmação acima, analise as questões a seguir e
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. assinale a alternativa correta.
(C) Apenas III e V estão corretas. I - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela au-
(D) Apenas IV e V estão corretas. toridade competente.
(E) Todas as questões estão corretas. II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces-
suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exi-
10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os remé- girem.
dios constitucionais são as formas estabelecidas pela Constituição III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
Federal para concretizar e proteger os direitos fundamentais a im ilícitos.
de que sejam assegurados os valores essenciais e indisponíveis do IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
ser humano. lei admitir a liberdade provisória, com ou sem iança.
Assim, é correto airmar, exceto: V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do de-
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advogado, não positário iniel.
tendo de obedecer a qualquer formalidade processual, e o próprio (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
cidadão prejudicado pode ser o autor. (B) Apenas I, III e V estão corretas.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém sofrer (C) Apenas III e IV estão corretas.
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber- (D) Apenas IV e V estão corretas.
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. (E) Todas as questões estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus recebe
o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual se impetra, 13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e a autoridade que pra- Sobre a Lei Penal, é CORRETO airmar que
tica a ilegalidade, autoridade coatora. (A) não retroage, salvo para beneiciar o réu.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições disciplina- (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não for co-
res militares. nhecido.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se achar (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando for concreta (D) retroage, se ainda não houver processo penal instaurado.
a lesão.
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda em
Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Constituição Fe-
relação aos outros remédios constitucionais analise as questões a
deral, é CORRETO airmar que
seguir e assinale a alternativa correta.
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
I - O habeas data assegura o conhecimento de informações
(B) a prática do racismo constitui crime inaiançável e im-
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco
prescritível.
de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circunstância.
II - Será concedido habeas data para a retiicação de dados,
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de Deus,
quando não se preira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad-
ministrativo. possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de entidade
governamental, o sujeito passivo na ação de habeas data será a 15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
pessoa jurídica componente da administração direta e indireta do NÃO igura entre as garantias expressas no artigo 5º da Constitui-
Estado. ção Federal:
IV - O mandado de injunção serve para requerer à autoridade (A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
competente que faça uma lei para tornar viável o exercício dos (B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio.
direitos e liberdades constitucionais. (C) o respeito à integridade física dos presos, garantido pela
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a demora lei de execução penal.
legislativa que impede um direito de ser efetivado pela falta de (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao diurno,
complementação de uma lei. posto que contido na legislação ordinária trabalhista.
(A) Todas as airmações estão corretas.
(B) Apenas I, II e III estão corretas. 16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A
(C) Apenas II, III e IV estão corretas. casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, sem
(D) Apenas II, III e V estão corretas. permissão do morador, EXCETO
(E) Apenas IV e V estão corretas. (A) em caso de desastre.
(B) em caso de lagrante delito.
12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devido (C) para prestar socorro.
processo legal estabelecido como direito do cidadão na Constitui- (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
ção Federal conigura dupla proteção ao indivíduo, pois atua no
âmbito material de proteção ao direito de liberdade e no âmbito 17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador -
formal, ao assegurar-lhe paridade de condições com o Estado para FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, o artigo
defender-se. 5º da Constituição da República estabelece que é:

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomentado o (A) não encontra previsão expressa como direito fundamen-
anonimato; tal na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser acolhido em
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, virtude do texto constitucional prever que a lei não excluirá da
que substitui o direito à indenização por dano material, moral ou apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito
à imagem; (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos assegurado,
(C) assegurado a todos o acesso à informação e resguardado mediante o pagamento de taxa, o direito de petição aos Poderes
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício proissional; Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- poder
ica e de comunicação, ressalvados os casos de censura ou licença; (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a ob-
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos informações tenção de certidões em repartições públicas será atendida apenas
de seu interesse particular, sendo vedada a alegação de sigilo por se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou para esclareci-
imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado. mento de situações de interesse pessoal.
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm direito a
18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - FGV/2014) receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particu-
A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e con- lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
venções internacionais sobre direitos humanos: da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigi-
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a sua lo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na ordem (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respondido
interna, pelo Chefe do Poder Executivo; em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito judicial e
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda constitucio- administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
nal, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio- os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de dois
terços dos respectivos membros; 21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitucional, reserva do possível
desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, se dê em (A) signiica a inoponibilidade do arbítrio estatal à efetivação
dois turnos de votação, com o voto favorável de três quintos dos dos direitos sociais, econômicos e culturais.
respectivos membros; (B) gira em torno da legitimidade constitucional do controle
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, desde e da intervenção do poder judiciário em tema de implementação
que o Congresso Nacional venha a aprová-los com observância do de políticas públicas, quando caracterizada hipótese de omissão
processo legislativo ordinário; governamental.
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito inter- (C) considera que as políticas públicas são reservadas discri-
nacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à ordem jurí- cionariamente à análise e intervenção do poder judiciário, que as
dica interna. limitará ou ampliará, de acordo com o caso concreto.
(D) é sinônima, em signiicado e extensão, à teoria do
19. (OAB - Exame de Ordem Uniicado - FGV/2014) Pedro mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direitos
promoveu ação em face da União Federal e seu pedido foi julgado fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direito à
procedente, com efeitos patrimoniais vencidos e vincendos, não saúde e à educação básica.
havendo mais recurso a ser interposto. Posteriormente, o Congres- (E) defende a integridade e a intangibilidade dos direitos
so Nacional aprovou lei, que foi sancionada, extinguindo o direito fundamentais, independentemente das possibilidades inanceiras e
reconhecido a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Admi- orçamentárias do estado.
nistração Pública federal notiicou Pedro para devolver os valores
recebidos, comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos 22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014) A
futuros, em decorrência da norma em foco. Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril de 2013,
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta tem por inalidade estabelecer a igualdade de direitos entre os tra-
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa sobre balhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais.
direitos indisponíveis de Pedro Nos termos de suas disposições, a Emenda
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julgada (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, dentre
formada em favor de Pedro. outros, dos direitos à remuneração do serviço extraordinário supe-
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de Pe- rior, no mínimo, em cinquenta por cento a do normal e à proteção
dro diante de nova legislação. do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especíi-
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico perfeito cos.
em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes. (A) instituiu vedação ao legislador para conferir tratamento
diferenciado aos trabalhadores domésticos, em relação aos traba-
20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Jurídi- lhadores urbanos e rurais.
co - VUNESP/2014) João apresenta requerimento junto à Prefei- (B) não determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
tura do Município de São Paulo, pleiteando que lhe seja informado dentre outros, dos direitos à proteção em face da automação e à
o número de licitações, na modalidade pregão, realizadas pela São proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
Paulo Urbanismo desde 2010. O pleito de João especíicos.

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, dentre 27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No caso
outros, dos direitos à proteção em face da automação e ao piso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos:
(D) não determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) mantidos.
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço extraordinário (B) cassados.
superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do normal e ao piso (C) perdidos.
salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. (D) suspensos.

23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com 28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que concer-
referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à organi- ne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito previstas
zação político-administrativa, à administração pública e ao Poder na CRFB/88, assinale a opção correta.
Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias antes
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e determina da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de prefeito.
que cabe à lei deinir os serviços ou atividades essenciais e dispor (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-se,
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
Certo ( ) (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá candida-
Errado ( ) tar-se ao cargo de prefeito.
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas que
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a alter-
não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares, poderá
nativa correta.
candidatar-se ao cargo de prefeito.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e seguintes
é exaustivo.
29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa
(B) É vedada a redução proporcional do salário do trabalhador
sob qualquer hipótese. correta a respeito dos partidos políticos.
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias anuais (A) É vedado a eles o recebimento de recursos inanceiros
remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do que o salário por parte de empresas transnacionais.
normal. (B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda no
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam representação
rio, não está constitucionalmente prevista, mas é determinada pela no Congresso Nacional.
CLT. (C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter nacio-
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do emprego nal.
e do salário, não está constitucionalmente previsto, mas é determi- (D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar ao
nado pela CLT. Congresso Nacional a sua prestação de contas para aprovação.
(E) Em razão de sua importante função institucional, os par-
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - tidos políticos possuem natureza jurídica de direito público.
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro no
ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo um crime 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano de 2013, sendo PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização po-
instaurada a competente ação penal, culminando com a condena- lítico-administrativa da República Federativa do Brasil.
ção de Pietro, pela Justiça Pública, ao cumprimento da pena de 05 O poder constituinte dos estados, dada a sua condição de ente
anos e 04 meses de reclusão, em regime inicial fechado, por sen- federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
tença transitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos Certo ( )
pela Constituição federal, Pietro Errado ( )
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quantidade
de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometido an- PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização po-
tes da sua naturalização.
lítico-administrativa da República Federativa do Brasil.
(C) poderá ser extraditado.
A despeito de serem entes federativos, os territórios federais
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime he-
carecem de autonomia.
diondo ou de tráico ilícito de entorpecentes e drogas aim.
Certo ( )
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença condenatória
transitou em julgado após a naturalização. Errado ( )

26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É 32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
privativo de brasileiro nato o cargo de 23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alternativa
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. INCORRETA:
(B) Senador. (A) A administração pública direta e indireta de qualquer dos
(C) Juiz de Direito. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
(D) Delegado de Polícia. pios obedecerá aos princípios de legalidade, moralidade, publici-
(E) Deputado Federal. dade, eiciência e impessoalidade.

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
associação sindical. ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
(C) A administração fazendária e seus servidores iscais te- fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei. mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos públi- pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-
cos se estende a emprego e funções, não abrangendo, pois, socie- mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-
dades de economia mista. tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
(E) As funções de coniança, exercidas exclusivamente por dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, apenas, às serviço público.
atribuições de direção, cheia e assessoramento. Está(ão) correta(s) a(s) airmativa(s):
(A) I, II e III.
33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A adminis- (B) I, apenas.
(C) I e II, apenas.
tração pública pode ser deinida objetivamente como a atividade
(D) I e III, apenas.
concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução
(E) II e III, apenas.
dos interesses coletivos e subjetivamente como o conjunto de ór-
gãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da
36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale a
função administrativa do Estado”. (MORAES, Alexandre de, Di- alternativa que está de acordo com o disposto na Constituição Fe-
reito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) deral.
Com base no que determina a Constituição Federal a respeito (A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fun-
da administração pública é correto airmar, exceto: damental e na educação infantil, enquanto os Estados e o Distrito
(A) A investidura em cargo ou emprego público depende Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fundamental e médio.
de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, de (B) As pessoas físicas que praticarem condutas e atividades
acordo com a natureza e complexidade do cargo, ressalvadas as consideradas lesivas ao meio ambiente icarão sujeitas às respecti-
nomeações para cargo em comissão. vas sanções penais e administrativas, e as pessoas jurídicas serão
(B) A Administração pública direta e indireta obedecerá aos obrigadas, exclusivamente, a reparar os danos causados ao meio
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade ambiente.
e eiciência. (C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios desti-
(C) O prazo de validade do concurso público será de até dois nam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo
anos, prorrogável uma vez, por igual período. das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação remune- (D) É vedado às universidades e às instituições de pesquisa
rada de cargos públicos. cientíica e tecnológica admitir professores, técnicos e cientistas
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos estrangeiros.
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem pre-
juízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca da
organização do Estado, em consonância com a Constituição Fede-
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com relação ral, assinale a alternativa correta.
à competência privativa da União para legislar, é INCORRETO (A) É competência comum da União, dos estados, do Distrito
airmar que compete privativamente à União legislar sobre Federal e dos municípios proporcionar os meios de acesso à
(A) registros públicos. cultura, à educação e à ciência.
(B) comércio exterior e interestadual. (B) É competência exclusiva da União proteger os
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
(C) organização do sistema nacional de emprego e condições
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
para o exercício de proissões.
arqueológicos.
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrá-
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a evasão, a
rio, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens
(E) lorestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de valor histórico, artístico ou cultural.
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente (D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a pro-
e controle da poluição. teção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisa-
gístico.
35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Considerando (E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar sobre
as regras constitucionais sobre a administração pública, analise as educação, cultura, ensino e desporto.
airmativas.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder 38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - FCC/2014)
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Exe- O exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis da
cutivo. Administração direta

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja edi- (C) a impossibilidade de deixar o país.
tada a lei deinidora dos termos e limites em que possa ser exer- (D) a suspensão dos direitos civis.
cido, a im de preservar a continuidade da prestação dos serviços (E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social.
públicos.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por servidores 42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é cidadão
públicos em estágio probatório. do município W, onde está localizado o distrito de B. Após consul-
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da tas informais, José veriica o desejo da população distrital de obter
constituição federal com aplicabilidade imediata, não necessitando a emancipação do distrito em relação ao município de origem.
de regulamentação, nem de integração normativa, para que o De acordo com as normas constitucionais federais, dentre ou-
direito nela previsto possa ser exercido. tros requisitos para legitimar a criação de um novo Município, são
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a indispensáveis:
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em geral, (A) lei estadual e referendo.
que se aplica, naquilo que couber, aos servidores públicos enquanto (B) lei municipal e plebiscito.
não for promulgada lei especíica para o exercício desse direito. (C) lei municipal e referendo.
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção coletiva (D) lei estadual e plebiscito.
em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos servidores
públicos. 43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) Assinale
39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - FCC/2014) a airmativa INCORRETA:
Certo Município editou lei municipal que disciplinou o horário de (A) O federalismo por agregação surge quando Estados so-
funcionamento de farmácias e drogarias. O sindicato dos empre- beranos cedem uma parcela de sua soberania para formar um ente
gados do comércio da região pretende impugnar judicialmente a único.
referida norma, sob o argumento de que o Município não teria (B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição dos
competência para legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de Estados federados à União.
lei federal e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo fortaleci-
mento do poder central decorrente da predominância de atribui-
Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a preten-
ções conferidas à União.
são do sindicato
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de três
(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez que
esferas de competências: União, Estados e Municípios.
cabe aos Municípios ixar o horário de funcionamento desses es-
tabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua competência para
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Conside-
legislar sobre assuntos de interesse local.
rando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Judiciário,
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez que,
assinale a alternativa correta.
apesar da matéria se inserir na competência residual dos Estados, (A) As decisões administrativas dos tribunais serão motiva-
cabe aos Municípios suprir a ausência de lei estadual para atender das e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto
as suas peculiaridades locais. da maioria absoluta de seus membros, em sessão secreta.
(C) encontra fundamento constitucional, uma vez que a au- (B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão delegação
sência de norma federal disciplinando a matéria não poderia ser para a prática de atos de administração e atos de mero expediente,
suprida por lei estadual, nem por lei municipal. limitados às decisões de caráter interlocutório.
(D) encontra fundamento constitucional, uma vez que, ine- (C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados será
xistindo lei federal a respeito, apenas os Estados poderiam legislar composto de advogados de notório saber jurídico e de reputação
sobre a matéria para atender as suas peculiaridades. ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade proissional,
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que a ma- indicados em lista tríplice pelos órgãos de representação das res-
téria insere-se na competência residual dos Estados para legislar pectivas classes.
sobre as competências que não lhes sejam vedadas pela Consti- (D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tri-
tuição. bunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco anos do afasta-
mento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Compete (E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, haven-
privativamente à União legislar sobre do interesse público, poderá ser removido, por decisão da maioria
(A) produção e consumo. absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justi-
(B) assistência jurídica e defensoria pública. ça, assegurada ampla defesa.
(C) trânsito e transporte.
(D) direito tributário, inanceiro, penitenciário, econômico e 45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
urbanístico. 23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA:
(E) educação, cultura, ensino e desporto. (A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar,
originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Os atos internacional e a União, Estados, Distrito Federal ou Município.
de improbidade administrativa importarão, nos termos da Consti- (B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recur-
tuição Federal, dentre outros, so extraordinário, o habeas corpus, habeas data, mandado de segu-
(A) a prisão provisória, sem direito à iança. rança e mandado de injunção decididos, em instância única, pelos
(B) a indisponibilidade dos bens. Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.

Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em grau absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa. Constituem
de recurso especial, os conlitos de competência entre quaisquer vedações do Ministério Público: participar de sociedade comer-
tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I, “o”, bem como cial, na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer-
entre tribunal e juízes a ele não vinculados, e entre juízes vincula- cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
dos a tribunais diversos. sem exceções.
(D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen-
julgar, originariamente, os conlitos de atribuições entre autorida- te ou por meio de órgão vinculado, representa a União, judicial e
des administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar
Judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades
Federal, ou entre as destes e da União. de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo e a
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recur- representação da União na execução da dívida ativa de natureza
so ordinário, os conlitos de competência entre o Superior Tribunal tributária.
de Justiça e quaisquer tribunais. III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, orga-
nizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso pú-
46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT blico de provas e títulos, com a participação facultativa da Ordem
23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É CORRETO dos Advogados do Brasil, exercerão a representação judicial e a
airmar: consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
(A) A aferição do merecimento, para ins de promoção, ocor- Está(ão) INCORRETA(S) a(s) airmativa(s):
rerá conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produ- (A) I, II e III.
tividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e (B) II, apenas.
aproveitamento em cursos oiciais ou reconhecidos de aperfeiçoa- (C) I e II, apenas.
mento. (D) I e III, apenas.
(B) Não será promovido o juiz que, injustiicadamente, reti- (E) II e III, apenas.
ver os autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devol-
vê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaquina im-
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente poderá petra mandado de segurança no Tribunal de Justiça do local em
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços que reside por ter direito líquido e certo que foi violado por abuso
dos membros presentes à sessão, conforme procedimento próprio, de autoridade da autoridade coatora envolvida na situação. Con-
e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até ixar-se a sidere que, nessa hipótese, a autoridade coatora era o Governador
indicação. do Estado, que possuía foro por prerrogativa de função e que, por
(D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo auto- essa razão, a competência para julgamento do writ era mesmo do
rização do Tribunal. Tribunal de Justiça local. Considere, ainda, que a impetração ocor-
(E) A distribuição de processos será imediata em todos os reu tempestivamente, e que todos os requisitos de admissibilidade
graus de jurisdição. foram observados. Entretanto, mesmo com a observância de todos
os requisitos formais, meritoriamente, foi denegatória a decisão do
mandado de segurança impetrado por Joaquina.”
47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
Tendo em vista todos os aspectos apresentados no caso ante-
23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale a alter-
rior, assinale a opção que indica, acertadamente, o recurso a ser
nativa INCORRETA:
interposto por Joaquina.
(A) é vedada a edição de medida provisória sobre matéria já
(A) Recurso especial para o STJ.
disciplinada em projeto de lei aprovado pelo congresso nacional e
(B) Recurso ordinário para o STJ.
pendente de sanção ou veto presidencial.
(C) Embargos infringentes para o STJ.
(B) as decisões administrativas dos tribunais serão motiva- (D) Agravo de instrumento para o STJ.
das e em sessão pública. (E) Recurso extraordinário para o STF.
(C) as decisões administrativas de natureza disciplinar serão
tomadas pelo voto de dois terços dos membros do tribunal. 50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De acordo
(D) o número de juízes na unidade jurisdicional será propor- com o texto constitucional, lei complementar, de iniciativa do Su-
cional à efetiva demanda judicial com à Respectiva população. premo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura,
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são garan- observados, entre outros, os seguintes princípios:
tias da magistratura, mas não são absolutas, posto que comportem (A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e aposenta-
exceções, ditadas em lei. doria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão
por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conse-
48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Considerando lho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
as regras constitucionais sobre as funções essenciais da justiça, (B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
analise. dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será
I. Constituem garantias do Ministério Público: vitaliciedade, composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de re-
sentença judicial transitada em julgado, e inamovibilidade, salvo putação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade prois-
por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão co- sional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
legiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria das respectivas classes.

Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário se- (B) Tem competência para julgar magistrados por crime de
rão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nu- autoridade
lidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às (C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos adminis-
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos trativos praticados por membros do Poder Judiciário.
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no (D) Não possui competência para rever processos disciplina-
sigilo não prejudique o interesse da Administração Pública. res de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano.
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco jul- (E) O CNJ pode suspender e iscalizar decisão concessiva de
gadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de mandado de segurança.
onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da compe- 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT 3R/2014)
tência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por anti- Sobre as funções institucionais do Ministério Público é incorreto
guidade, e a outra metade por merecimento. airmar:
(A) Defender judicialmente os direitos e interesses das popu-
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) M. T. foi lações indígenas, inclusive através de Promotor de Justiça ad hoc.
(B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na for-
condenado, em primeira instância, pela prática de crime político.
ma da lei.
Contra a referida sentença condenatória é cabível:
(C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Justiça.
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal.
outros interesses difusos e coletivos.
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. (D) Expedir notiicações nos procedimentos administrativos
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de Justiça. de sua competência, requisitando informações e documentos para
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva.
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) O proces- (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na for-
so e julgamento da execução de carta rogatória, após o exequatur, ma da lei complementar.
e de sentença estrangeira, após a homologação, é de competência:
(A) dos Tribunais Regionais Federais. 56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) No
(B) dos juízes federais. que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem
(C) do Supremo Tribunal Federal. como às funções essenciais à justiça, julgue os seguintes itens.
(D) do Superior Tribunal de Justiça. A CF garante autonomia funcional e administrativa à defenso-
ria pública estadual e ao Ministério Público.
53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - Certo ( )
FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adicionou Errado ( )
o art. 103-B na Constituição da República, criando o Conselho
Nacional de Justiça, órgão composto por membros do Judiciário, 57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Registro -
do Ministério Público, advogados e cidadãos, com o intuito mor de CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à justiça,
supervisionar a atuação administrativa e inanceira do Poder Judi- assinale a opção correta de acordo com a CF.
ciário e o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além de (A) De acordo com a CF, a representação judicial dos Esta-
outras atribuições constantes no Estatuto da Magistratura e outras dos, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclusivamente aos
que a própria Constituição lhe atribui. Com base no disposto na procuradores organizados em carreira, dependendo o ingresso nes-
Constituição da República, constitui uma atribuição do Conselho sa carreira de aprovação em concurso público de provas e títulos.
Nacional de Justiça: (B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito Federal
(A) determinar a aposentadoria de juiz federal com subsídios e da União possuem autonomia funcional e administrativa, sendo-
-lhes assegurada a iniciativa de suas propostas orçamentárias na
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, assegurada a am-
forma estabelecida na CF.
pla defesa.
(C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a União
(B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente a tribu-
na execução de sua dívida ativa de natureza tributária.
nal de justiça que não o tenha feito no prazo devido.
(D) A CF estabelece um rol exempliicativo de funções insti-
(C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua compe- tucionais do MP, como, por exemplo, a função de promover, priva-
tência, que só terão eicácia depois de sancionados pelo presidente tivamente, as ações civil e penal públicas, na forma da lei.
da república. (E) À imunidade proissional do advogado não se podem
(D) rever unicamente, mediante provocação, os processos aplicar restrições de qualquer natureza.
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos
de um ano. 58. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No tocante às
(E) declarar, observando a reserva de plenário, a inconstitu- normas constitucionais referentes ao processo legislativo, assinale
cionalidade das leis que envolvam conlitos de massa. a alternativa correta.
(A) São de iniciativa privativa do Presidente da República,
54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Conselho entre outras, as leis que disponham sobre organização do Ministé-
Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta. rio Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas
(A) Possui como função a iscalização do Poder Judiciário e, gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria
eminentemente, função jurisdicional. Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre outras, 62. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014) Ao
sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito civil, direito penal, analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro no âmbito
direito processual penal, direito processual civil e organização do do processo legislativo, Manoel Gonçalves Ferreira Filho apresen-
Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de ta a seguinte lição: “as Câmaras no processo legislativo brasileiro
seus membros. não estão em pé de igualdade” (cf. Curso de Direito Constitucio-
(C) Se a medida provisória não for apreciada em até cento nal. São Paulo: Saraiva, 39. ed., 2013). Alude, assim, o autor ao
e vinte dias contados de sua publicação, entrará em regime de ur- caráter assimétrico, imperfeito ou desigual que informa a atuação
gência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso das Casas do Congresso Nacional nos processos de
Nacional, icando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas (A) apreciação dos vetos presidenciais e de elaboração das
as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami-
leis ordinárias e complementares.
tando.
(D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela (B) conversão de medida provisória em lei e de elaboração
outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção das leis ordinárias e complementares.
ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou, se o projeto for (C) revisão constitucional e de elaboração das leis ordinárias
emendado ou rejeitado, voltará à Casa iniciadora. e complementares.
(D) conversão de medida provisória em lei e de elaboração
59. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - das emendas constitucionais.
FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição federal (E) elaboração das emendas constitucionais e de aprovação
NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Contas da União de tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
(A) julgar as contas as contas dos administradores e demais com estatura equivalente às emendas constitucionais.
responsáveis por recursos públicos.
(B) julgar as contas do presidente da república. 63. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segundo a
(C) sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado, Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executivo”, compete
comunicando à câmara dos deputados e ao senado federal.
ao Presidente da República, exceto:
(D) apreciar, em regra, para ins de registro, a legalidade dos
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração (A) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
direta. seus representantes diplomáticos.
(E) iscalizar as contas nacionais das empresas supranacio- (B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
nais de cujo capital social a união participe, de forma direta ou cessário, dos órgãos instituídos em lei.
indireta, nos termos do tratado consultivo. (C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-
rada inconstitucional por decisão deinitiva do Supremo Tribunal
60. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - Federal
FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício, Juiz do (D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e funciona-
Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indicado pelo Tri- mento da administração federal, quando não implicar aumento de
bunal Superior do Trabalho para compor este Tribunal Superior e despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, aposentado neste ano de 2014”.
Antes de ser nomeado pelo Presidente da República o nome do 64. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) Se-
Magistrado Tício deverá ser aprovado pela maioria
gundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executivo”,
(A) absoluta do Senado Federal.
(B) absoluta do Congresso Nacional. o Presidente e o Vice-Presidente da República poderão, sem licen-
(C) simples do Senado Federal. ça do Congresso Nacional, ausentar-se do país, sob pena de perda
(D) simples do Congresso Nacional. do cargo, por até:
(E) absoluta do Supremo Tribunal Federal. (A) 15 dias.
(B) 30 dias.
61. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) (C) 45 dias.
Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema (D) 60 dias.
Carcerário constataram a presença de mulheres detidas em cadeia
pública masculina em uma unidade federativa brasileira. As deten- 65. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Conside-
tas reclamavam da infraestrutura precária e conirmaram denún- rando o que estabelecem as normas constitucionais sobre o Poder
cias de que uma menina de 16 anos icou detida na mesma unidade Executivo, assinale a alternativa CORRETA.
prisional estatal por 12 dias. Diante de tais circunstâncias político- (A) A perda do cargo é a consequência inafastável para o Pre-
-administrativas, havendo a intervenção federal para assegurar a
feito que assumir outro cargo ou função na Administração Pública,
garantia dos direitos da pessoa humana, ela deverá ser decretada
pelo Presidente da República: seja direta ou indireta.
(A) espontaneamente, sem necessidade de controle político (B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da
do Congresso Nacional. República, veriicada nos últimos dois anos do mandato, ensejará
(B) após requisição do Superior Tribunal de Justiça. a realização de eleição, pelo Congresso Nacional, para ambos os
(C) após prévia autorização do Congresso Nacional. cargos vagos, a ser realizada trinta dias depois da última vaga.
(D) após provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de re- (C) Do Conselho da República participam, também, seis
presentação do Procurador-Geral da República. cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos de idade,
(E) após anuência do Judiciário, a se fazer por decisão de nomeados pelo Presidente da República, todos com mandato de
seu Órgão Especial, com chancela inal do Legislativo do Estado. quatro anos, admitida uma única recondução.

Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo de 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito de
Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República, são os Constituição não está na Constituição em si, mas nas decisões po-
seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; estar no exercício líticas tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o conceito
dos direitos políticos; e ser brasileiro nato. de Constituição será estruturado por fatores como o regime de go-
(E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da Repú- verno e a forma de Estado vigentes no momento de elaboração
blica é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a direção do Presi- da lei maior. A Constituição é o produto de uma decisão política
dente do Supremo Tribunal Federal, com a necessária autorização e variará conforme o modelo político à época de sua elaboração.
prévia do Senado Federal.

66. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine a hi- 5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem caracte-
pótese na qual o avião presidencial sofre um acidente, vindo a vi- rísticas, atributos do Estado Democrático de Direito que é a Repú-
timar o Presidente da República e seu Vice, após a conclusão do blica Federativa brasileira, notadamente: erradicação da pobreza e
terceiro ano de mandato. diminuição de desigualdades (artigo 3º, III, CF); soberania, cida-
A partir da hipótese apresentada, assinale a airmativa correta. dania e pluralismo político (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da
(A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e com- legalidade (artigo 5º, II, CF); liberdade de expressão (artigo 5º,
pleta o mandato. IV, CF); construção de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º,
(B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo e I, CF). Sendo assim, incorreta a airmação de que soberania, ci-
convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias depois de abertas dadania e pluralismo político não são fundamentos da República
as vagas. Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no artigo
(C) O Presidente do Congresso Nacional assume o cargo e
1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de um Estado De-
completa o mandato.
(D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo mocrático de Direito.
e convoca eleições que serão realizadas trinta dias após a abertura
das vagas, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos princípios
que regem as relações internacionais brasileiras, enumerados no
67. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) O Presidente artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” afasta a normatividade
da República possui uma série de competências privativas, que lhe dos princípios, o que é incorreto, pois os princípios têm forma nor-
são atribuídas diretamente pela Constituição. Admite-se que algu- mativa e, inclusive, podem ser aplicados de forma autônoma se não
mas delas possam ser delegadas ao Ministro de Estado da pasta houver lei especíica a respeito ou se esta se mostrar inadequada,
relacionada ao tema. Dentre as competências delegáveis, inclui-se. por isso mesmo, correta a airmação do item “III”; os princípios
(A) editar medidas provisórias com força de lei, nos termos
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem econô-
do artigo 62 da Constituição.
mica, enumerados no artigo 170, CF, restando correta; o item “V”
(B) nomear, observado o disposto no artigo 73, os Ministros
do Tribunal de Contas da União. traz um exemplo de violação ao princípio da igualdade material,
(C) prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma assegurado no artigo 5º, CF e reletido em todo texto constitucio-
da lei. nal, estando assim correto. Logo, apenas o item “II” está incorreto.
(D) iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre-
vistos na Constituição. 7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios funda-
mentais (fundamentos) da República Federativa do Brasil: “I - a
RESPOSTAS soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV -
os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo
1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que um do- político”. O princípio de “A” se encontra no inciso V; o de “B” no
cumento escrito que ica no ápice do ordenamento jurídico nacio-
inciso IV; o de “C” no inciso III, pois viola a dignidade humana
nal estabelecendo normas de limitação e organização do Estado,
mas tem um signiicado intrínseco sociológico, político, cultural e da mãe forçá-la a dar luz à um ilho que resulte de estupro; o de
econômico. Independente do conceito, percebe-se que o foco é a “E” decorre dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe
organização do Estado e a limitação de seu poder. que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si,
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a alterna-
2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição pode ser tiva “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo da República
outorgada, quando imposta unilateralmente pelo agente revolucio- Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, IV, não tem a ver com
nário, ou promulgada, quando é votada, sendo também conhecida os princípios fundamentais, mas sim com os objetivos.
como democrática ou popular.
3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais atos 8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a modalida-
normativos que compõem o denominado bloco de constitucionali- de semidireta, porque possibilita a participação popular direta no
dade, notadamente, emendas constitucionais e tratados internacio-
poder por intermédio de processos como o plebiscito, o referendo
nais de direitos humanos aprovados com quórum especial após a
Emenda Constitucional nº 45/2004, estão no topo do ordenamento e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se air-
jurídico. Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guardar mar que a democracia indireta é predominantemente adotada no
uma estrita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto
Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujeitam a com igual valor para todos. Contudo, não é a única maneira de se
controle de constitucionalidade. exercer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal dife- do a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”, motivo
rença entre direitos e garantias é que os primeiros servem para pelo qual o item “II” está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF
determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas são os instru- que “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
mentos para assegurar estes (ex: direito de liberdade de locomoção admitir a liberdade provisória, com ou sem iança”, conirmando
– garantia do habeas corpus). “II” está correta, ainal, o próprio o item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são
artigo 5º prevê em seu §2º que “os direitos e garantias expressos inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a jurispru-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em dência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de alimentos,
que a República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que sendo que o texto constitucional autoriza tanto esta quanto a do
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV traz depositário iniel (artigo 5º, LXVII, CF).
cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são invioláveis a intimi-
dade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado 13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - a
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de lei penal não retroagirá, salvo para beneiciar o réu”. Assim, se
sua violação”; o que faz também o item V com relação ao artigo vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou que
5º, VI, CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e conira tratamento mais benéico (diminuindo a pena ou alterando
o regime de cumprimento, notadamente), ela será aplicada.
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII,
liturgias”. Sendo assim, todas airmativas estão corretas.
CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inaiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”, res-
10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia prevista no tando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei penal retroage para
artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus sempre que beneiciar o réu; “C” é incorreta porque é aceita a pena de morte
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação para os crimes militares praticados em tempo de guerra; “D” é
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de po- incorreta porque igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar.
der”. A respeito dele, a lei busca torná-lo o mais acessível possí-
vel, por ser diretamente relacionado a um direito fundamental da 15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alternativa
pessoa humana. O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a “D” seja um direito fundamental, não é um direito individual, logo,
propositura não depende de advogado; o que propõe a ação é de- não está previsto no artigo 5º, e sim no artigo 7º, CF, em seu inciso
nominado impetrante e quem será por ela beneiciado é chamado IX (“remuneração do trabalho noturno superior à do diurno”).
paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), contra quem é
proposta a ação é a denominada autoridade coatora; e é possível 16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dispõe:
utilizar habeas corpus repressivamente e preventivamente. Por sua “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pe-
vez, a Constituição Federal prevê no artigo 142, §2º que “não ca- netrar sem consentimento do morador, salvo em caso de lagrante
berá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”. delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”. Sendo assim, não cabe o ingresso por de-
11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para os terminação judicial a qualquer hora, mas somente durante o dia.
seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder-se-á man-
dado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora 17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso XIV: “é
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à ci- fonte, quando necessário ao exercício proissional”.
dadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: “Os tra-
constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover- tados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
namentais ou de caráter público; b) para a retiicação de dados,
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, se-
quando não se preira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
rão equivalentes às emendas constitucionais”. Logo, é necessário
administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo 5º,
o preenchimento de determinados requisitos para a incorporação.
LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente da previsão dos
direitos fundamentais como limitadores da atuação do Estado, 19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, tem-se
logo, as informações requeridas serão contra uma entidade gover- o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei não prejudi-
namental da administração direta ou indireta. Por sua vez, o item cará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. A
“IV” relete o artigo 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o coisa julgada se formou a favor de Pedro e não pode ser quebrada
item “V”, posto que a demora do legislador em regulamentar uma por lei posterior que altere a situação fático-jurídica, sob pena de
norma constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do se atentar contra a segurança jurídica.
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos
fundamentais garantidos pela Constituição Federal. 20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional pre-
vista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber dos
12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin- órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de in-
guém será processado nem sentenciado senão pela autoridade teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo 5º, LX, CF, pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im-
“a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quan- prescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível busca im- 27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem ser
pedir que se argumente por uma obrigação ininita do Estado de cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A condenação
atender direitos econômicos, sociais e culturais. No entanto, não criminal transitada em julgado justiica a suspensão dos direitos
pode ser invocada como muleta para impedir que estes direitos políticos, o que é disposto no artigo 15, III, CF: “é vedada a cas-
adquiram efetividade. Se a invocação da reserva do possível não sação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
demonstrar cabalmente que o Estado não tem condições de arcar casos de: [...] III - condenação criminal transitada em julgado, en-
com as despesas, o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão. quanto durarem seus efeitos”.

22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013, que 28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São condi-
icou conhecida no curso de seu processo de votação como PEC ções de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade mínima
das domésticas, deu redação ao parágrafo único do artigo 7º, o de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
qual estende alguns dos direitos enumerados nos incisos do caput ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz”, de modo que
para a categoria dos trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, João preenche o requisito etário para a candidatura. “A” está er-
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
rada porque a renúncia é exigida para cargo diverso (artigo 14,
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
§6º, CF); “C” está errada porque o analfabeto não pode se eleger
estabelecidas em lei e observada a simpliicação do cumprimento
(artigo 14, §4º, CF); “D” está errada porque o afastamento neste
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da
relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos caso é exigido (artigo 14, §8º, I, CF).
I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C” estão 29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal regu-
previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Constituição, lamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacional como pre-
não estendidos aos empregados domésticos pela emenda. ceito que deva necessariamente se observado: “É livre a criação,
fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados
23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direito a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,
de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os se-
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os guintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebi-
interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei deinirá os mento de recursos inanceiros de entidade ou governo estrangei-
serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento ros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça
das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos co- Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
metidos sujeitam os responsáveis às penas da lei”. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para deinir
sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de direitos os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais,
sociais do artigo 7º é apenas exempliicativo, não excluindo outros sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âm-
que decorram das normas trabalhistas, dos direitos humanos inter- bito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus esta-
nacionais e das convenções e acordos coletivos; “B” está incorre- tutos estabelecer normas de disciplina e idelidade partidária. § 2º
ta porque a redução proporcional pode ser aceita se intermediada Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na
por negociação coletiva, evitando cenário de demissão em massa; forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior
“D” está incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo
constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E” tam- partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.
bém incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim, “C” está § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização
correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de férias anuais paramilitar”.
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal” (artigo 7º, XVII, CF).
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrínseco
ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquanto Estado
25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “nenhum
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de cri- Nacional, é soberano. Suas unidades federativas, por seu turno,
me comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado não possuem o atributo da soberania, tanto que não podem dele se
envolvimento em tráico ilícito de entorpecentes e drogas ains, desvincularem (atitudes neste sentido podem gerar intervenção fe-
na forma da lei”. Embora a condenação tenha ocorrido após a na- deral por atentarem contra o regime federativo). Logo, os Estados-
turalização, o crime comum foi praticado antes dela, permitindo a -membros possuem autonomia relativa, limitada ao previsto pela
extradição de Pietro. Constituição, e não possuem soberania.

26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § 3º, CF, 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
“São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação com
Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos a União e não a autonomia enquanto entes federativos. Somente
Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Minis- são entes federativos a União, os Estados, O distrito Federal e os
tro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; Municípios.
VI - de oicial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da
Defesa”. O motivo da vedação é que em determinadas circunstân- 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição Fede-
cias o Ministro do Supremo Tribunal Federal pode assumir substi- ral colaciona os cinco princípios descritos na alternativa “A” como
tutivamente a Presidência da República. de necessária observância na Administração Pública em todas suas

Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
esferas e em todos os seus Poderes. Já a alternativa “B” repete pre- 36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do artigo
visão expressa do artigo 37, VI, CF; assim como a alternativa “C” 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
traz a previsão do artigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto ex-
o previsto no artigo 37, V, CF. clusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”,
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do artigo restando correta. “A” está errada porque o artigo 211, §3º, CF pre-
37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a empregos e vê que “os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente
funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, so- no ensino fundamental e médio”, não exclusivamente nestes. “B”
ciedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades con- está errada porque pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções
troladas, direta ou indiretamente, pelo poder público”. Com efeito, penais e administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta
as sociedades de economia mista não estão excluídas da proibição porque nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo 207,
de acumulação remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa §1º, CF).
é incorreta.
37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência des-
33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exigência crita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum da
do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos princípios União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] V -
da Administração Pública previstos no caput do artigo 37; em “C” proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência”.
percebe-se o prazo de validade de um concurso público e sua pos- Todas as demais estão incorretas: “B” competência concorrente
sibilidade de prorrogação nos moldes exatos do artigo 37, III, CF; entre todos os entes federados (artigo 24, III, CF); “C” competên-
e “E” repete o teor do artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de cia concorrente entre todos os entes federados (artigo 24, IV, CF);
acumulações ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, “D” competência concorrente entre União, estados e DF (artigo
CF: “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex- 24, VII, CF); “E” competência concorrente entre União, estados e
ceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em DF (artigo 24, IX, CF).
qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de pro-
fessor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientí- 38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor públi-
ico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de proissionais de co, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição Federal de
saúde, com proissões regulamentadas”. 1988, portanto, trata-se de um direito constitucional. Nesse sen-
tido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o recurso
34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é co- no Mandado de Segurança nº 2.677, que, em suas razões, aduziu
mum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24. Compete à que “o servidor público, independente da lei complementar, tem o
União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente direito público, subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”.
sobre: [...] VI - lorestas, caça, pesca, fauna, conservação da na- Esse direito abrange o servidor público em estágio probatório, não
tureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio podendo ser penalizado pelo exercício de um direito constitucio-
ambiente e controle da poluição”. O artigo 22, CF descreve nos nalmente garantido.
incisos XXV, VIII, XVI e I competências privativas da União que
constam, nesta ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”. 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF, “Compe-
te aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local”.
35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, XII, A questão é que o Município tem autonomia para legislar sobre
CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Po- temas de seu particularizado interesse e não de forma privativa.
der Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder A mera alegação de que se faz necessária a existência de lei deli-
Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, XI, CF: “XI - a mitando o interesse local do Município apresenta-se apenas como
remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e em- outra possibilidade de atuação. Nada impede a elaboração de le-
pregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, gislação deinindo o que seria de interesse do Município, mas em
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autonomia para
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato decidir o que seria de seu interesse.
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa da
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não União está descrita no artigo 22 da Constituição e a previsão da
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção e consumo, a
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municí- competência é legislativa concorrente entre União, estados e Dis-
pios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, trito Federal (artigo 24, V, CF), assim como a de legislar sobre
o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, assistência jurídica e Defensoria Pública (artigo 24, XIII, CF), a de
o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- legislar sobre direito tributário, inanceiro, penitenciário, econômi-
der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de co e urbanístico (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação,
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cultura, ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este li- 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF, “os atos
mite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
Defensores Públicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens
37, CF: “é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do sem prejuízo da ação penal cabível”. Dentre as alternativas, so-
serviço público”. Logo, as três airmativas estão corretas. mente “B” descreve previsão do dispositivo retro.

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42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º A 46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem suas regu-
criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municí- lamentações gerais descritas no artigo 93 da CF, sendo que todas
pios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por as alternativas, exceto a “C” estão em compatibilidade com este
Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, me- dispositivo. Neste sentido, o artigo 93, II, “d”, CF prevê que “na
diante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus mem-
publicados na forma da lei”. bros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa,
repetindo-se a votação até ixar-se a indicação”. Sendo assim, não
43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracterizado por consideram-se apenas os membros presentes, mas todos os mem-
uma rígida separação de competências entre o ente central (união) bros do Tribunal.
e os entes regionais (estados-membros). Sendo assim, não há uma
relação mais intensa de submissão e sim de autonomia. 47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as de-
cisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão, mes- pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria abso-
mo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão pública; “B” luta de seus membros”, logo, o quórum é de maioria absoluta e não
está incorreta porque o único legitimado para decidir é o juiz e não de 2/3, e as decisões são motivadas e tomadas em sessão pública,
afastando-se a alternativa “C” e conirmando-se a alternativa “B”.
seu servidor, ainda que por delegação; “C” está incorreta porque a
A alternativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a
lista é sêxtupla; “D” está incorreta porque o prazo em que se proíbe
“D” com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo
o exercício é de três anos. Somente resta a alternativa “D”, apli-
95, II e III, CF.
cando-se o artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias:
[...] II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na 48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro correto,
forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse público pode somente se percebendo o erro ao inal, quando airma que não há
gerar a quebra da garantia da inamovibilidade. exceções para o exercício de outra função pública porque a própria
45. Resposta: “D”. As competências de processamento e jul- Constituição prevê uma exceção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma
gamento estão previstas nos artigos 102, CF – em relação ao Su- atividade de magistério. II está incorreta porque a Advocacia Geral
premo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto ao Superior Tribunal da União não representa o Executivo federal na execução de dívida
de Justiça. As regras de competências previstas nas alternativas ativa de natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da
“A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas, pelos seguintes motivos: dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o Su- à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto
premo Tribunal Federal processa e julga originariamente “o litígio em lei”. III está incorreta porque a participação da Ordem dos Ad-
entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o vogados do Brasil no concurso de provas e títulos é obrigatória em
Estado, o Distrito Federal ou o Território”, excluindo os Municí- todas as fases (artigo 132, CF). Neste sentido, as três airmativas
pios. estão incorretas.
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, prevê
que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, em recurso or- 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105, I, “b”,
dinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II - julgar, em
data’ e o mandado de injunção decididos em única instância pelos recurso ordinário: [...] b) os mandados de segurança decididos em
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão”, logo, o recurso é única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribu-
ordinário, não extraordinário. nais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando dene-
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF prevê gatória a decisão”.
que o Superior Tribunal de Justiça processará e julgará origina-
riamente “os conlitos de competência entre quaisquer tribunais, 50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional está pre-
ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre tribunal vista na Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 94, CF.
Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tri-
e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
bunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será com-
diversos”, de modo que o julgamento é originário, não em sede de
posto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos
recurso especial.
de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputa-
Sobre a alternativa “E”, “os conlitos de competência entre o ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade proissio-
Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais nal, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal” são julgados respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
pelo Supremo Tribunal Federal, conforme artigo 102, I, “o”, CF, tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
mas não em sede de recurso ordinário, e sim originariamente. que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o artigo 105, para nomeação”.
I, “g”, CF, competindo originariamente ao Superior Tribunal de
Justiça processar e julgar “os conlitos de atribuições entre autori- 51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em re-
dades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades curso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre, conforme
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tribunal Federal,
Federal, ou entre as deste e da União”. precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: [...] II - jul-
gar, em recurso ordinário: [...] b) o crime político”.

Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF, “aos 55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as funções
juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os crimes de institucionais do Ministério Público, nos seguintes termos: “Art.
ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promo-
carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após ver, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II
a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços
respectiva opção, e à naturalização”. Nota para a pergunta capcio- de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
sa do examinador, ainal, a competência para conceder o exequatur promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promo-
é do Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF). ver o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros in-
53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Nacional teresses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitu-
de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF: “§ 4º Compe- cionalidade ou representação para ins de intervenção da União e
te ao Conselho o controle da atuação administrativa e inanceira dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender
do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem con- VI - expedir notiicações nos procedimentos administrativos
feridas pelo Estatuto da Magistratura: I - zelar pela autonomia do de sua competência, requisitando informações e documentos
Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competên- - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da
cia, ou recomendar providências; II - zelar pela observância do art. lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisi-
37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos tar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações proces-
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou ixar prazo para suais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimen- que compatíveis com sua inalidade, sendo-lhe vedada a represen-
to da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da tação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas”. Com
União; III - receber e conhecer das reclamações contra membros efeito, embora o Ministério Público possa promover a defesa dos
ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços
direitos e dos interessas das populações indígenas, não o faz por
auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais
promotor ad hoc, igura não mais aceita, nos termos do artigo 129,
e de registro que atuem por delegação do poder público ou oi-
§2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério Público só podem
cializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional
ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na
dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso
comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da ins-
e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria
tituição”.
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço
e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defe-
sa; IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime con- 56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e administra-
tra a administração pública ou de abuso de autoridade; V - rever, tiva do Ministério Público é garantida no artigo 127, §2º, CF e a
de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de autonomia funcional e administrativa da Defensoria Pública esta-
juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano; VI dual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
- elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e 57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia fun-
sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes ór- cional e administrativa pertencem às Defensorias Públicas como
gãos do Poder Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às Defensorias Públicas
as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrati-
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve inte- va e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limi-
grar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser tes estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação
remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão ao disposto no art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às
legislativa”. Conforme grifos no inciso III do referido dispositivo, Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo
um juiz federal, como funcionário do Poder Judiciário, pode ter nosso). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras ini-
sua aposentadoria determinada pelo Conselho Nacional de Justiça ciais de fato o ingresso se dá por concurso de provas e títulos, mas
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, o Advogado-Geral da União é de livre nomeação do Presidente
tendo preservado seu direito à ampla defesa. da República (artigo 131, §1º, CF); “C” está incorreta porque tal
incumbência é da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (artigo
54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II: “Com- 131, §1º, CF); “D” está incorreta porque a competência de promo-
pete ao Conselho o controle da atuação administrativa e inancei- ver ação civil pública não é privativa do Ministério Público e nem
ra do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais mesmo a de promover a ação penal, já que o constituinte assegura
dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem a ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque lo-
conferidas pelo Estatuto da Magistratura: [...] II - zelar pela obser- gicamente a imunidade proissional do advogado sofre restrições.
vância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros 58. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonância
ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê- com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa do Pre-
-los ou ixar prazo para que se adotem as providências necessárias sidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre: [...]
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tri- d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
bunal de Contas da União” (grifo nosso). União, bem como normas gerais para a organização do Ministério

Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e 61. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação da
dos Territórios”. A alternativa “B” está errada porque amplia o rol intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Supremo Tri-
de vedações do artigo 62, §1º, CF; “C” está errada porque amplia o bunal Federal, de representação do Procurador-Geral da Repúbli-
prazo de 45 dias do artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está erra- ca, na hipótese do artigo 34, VII, e no caso de recusa à execução de
da porque no caso de rejeição pela Casa revisora há arquivamento lei federal”. Por seu turno, prevê o referido artigo 34, VII, CF: “VII
(artigo 65, caput, CF). - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrá-
59. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Contas da tico; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d)
União estão descritas no artigo 71 da Constituição Federal, sendo a prestação de contas da administração pública, direta e indireta”.
competência descrita na letra “A” prevista logo no inciso II: “Art. No caso relatado no enunciado, há evidente desrespeito ao princí-
71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exer- pio da dignidade da pessoa humana.
cido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual com-
pete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente 62. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis e
da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Congresso Na-
em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas cional possuem a mesma força, seja quando deliberam de forma
dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens conjunta, seja quando deliberam de forma autônoma. Na delibera-
e valores públicos da administração direta e indireta, incluí- ção conjunta, como no caso do veto (art. 66, §4º, CF) e da revisão
das as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder constitucional (art. 3º, ADCT), a força dos membros é equivalente.
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, Da mesma forma, em matéria de emenda constitucional e equiva-
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário lentes, a deliberação tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de
público; III - apreciar, para ins de registro, a legalidade dos atos leis ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de leis
de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta complementares, quase sempre a deliberação principal se fará na
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Câmara dos Deputados, o que a coloca numa posição de destaque
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em no sistema jurídico-constitucional.
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, refor-
mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alte- 63. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva “C”
rem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por ini- é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete privativamente
ciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução, no todo ou em
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natu- parte, de lei declarada inconstitucional por decisão deinitiva do
reza contábil, inanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, Supremo Tribunal Federal”.
nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - iscalizar 64. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente e o
as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Con-
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos
gresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze
do tratado constitutivo; VI - iscalizar a aplicação de quaisquer re-
dias, sob pena de perda do cargo”.
cursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal
65. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo 81, §1º,
ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Con-
CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Re-
gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das
pública, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última
respectivas Comissões, sobre a iscalização contábil, inanceira,
vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de au-
ditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias
caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as san- depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo 66. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice-Presiden-
para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao te, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, é sucessivamente,
exato cumprimento da lei, se veriicada ilegalidade; X - sustar, se “o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal
não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a deci- e o do Supremo Tribunal Federal”. Como vagaram os dois cargos,
são à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar Presidência e Vice-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias
ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados”. depois de aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocor-
rendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial,
60. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF: a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da
“Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - aprovar última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” (artigo
previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha 81, §1º, CF).
de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição”;
sendo que a respeito prevê o artigo 111-A, CF: “o Tribunal Supe- 67. Resposta: “C”. Tratam-se das competências privativas
rior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos administrativas, que são delegáveis, enumeradas no artigo 84, CF
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta (“Compete privativamente ao Presidente da República”), sendo
e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após apro- que a hipótese da alternativa “C” está prevista no inciso XXV do
vação pela maioria absoluta do Senado Federal” (grifo nosso). dispositivo.

Didatismo e Conhecimento 50

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