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A Mensagem de Naum

Parte 2: Anúncio do juízo para Nínive

Os leões eram prevalentes em muitos aspectos da cultura


assíria. A caça aos leões era um dos passatempos favoritos
dos líderes, até mesmo considerada um esporte real. Por lei,
somente o rei tinha permissão para matar leões.

A caça aos leões foi um símbolo importante da realeza. Os


leões simbolizavam a violência na natureza, e matá-los era
considerado um indicador de poder sobre a natureza. Matar
um leão também era considerado simbólico porque se
pensava que era uma demonstração da capacidade do rei de
proteger e lutar por seu povo.

Um par de leões gigantescos se postava na entrada de um


templo assírio dedicado a Ishtar, a deusa da fertilidade e da
guerra. Os leões eram esculpidos em pedra de alabastro, e
cada um pesava 15 toneladas. As bocas dos leões estavam
abertas, como se eles estivessem rugindo, e suas
expressões retratavam ferocidade e poder. Um leão estava
coberto com uma dedicação em escrita cuneiforme, que
consistia em uma oração a Ishtar seguida por um registro das
conquistas do rei Assurbanipal. O templo foi escavado em
1849.

Conhecendo a importância dos leões para o Império Assírio,


a pergunta de Naum 2.11 – “Onde está agora a toca dos
leões?” – poderia ser entendida como uma provocação. A
profecia de Naum consiste em sortes sendo viradas ao
contrário; os destemidos ficaram cheios de medo (v. 10) e o
caçador se tornou a caça (v. 13). Culturalmente, tal
linguagem era apropriada para enfatizar o significado da
derrota de Nínive. Em termos da mensagem final da
Escritura, o leão supremo é o “Leão da tribo de Judá”, o
Senhor Jesus Cristo (Ap 5.5).

A queda de Nínive mostrou que as palavras de Deus eram


verdadeiras. A Nínive dos tempos de Jonas estava em
contraste absoluto com a Assíria da profecia de Naum. A
primeira fora humilde diante da misericórdia de Deus,
enquanto a segunda persistiu em uma postura desafiadora
contra o Senhor. Os devastadores seriam devastados (Na
2.2), pois Deus estava contra eles (v. 13).

Opor-se a Deus é desastroso. Tiago 4.4 pergunta: “... vocês


não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com
Deus?”. Por que alguém dependeria mais do conhecimento
humano do que da sabedoria de Deus? Como alguém
poderia pensar que o poder humano é maior do que a
soberania do Senhor? A única resposta seria insensatez e
orgulho – pecados que não apenas caracterizavam Nínive,
mas também foram evidentes por algum tempo na vida de
Jonas.

A queda de Nínive (2.1-7)


O oráculo de Naum é de libertação e esperança. Sua
mensagem é de paz contra a opressão externa, além de
proclamar um novo tipo de tranquilidade refrescante com
Deus, o doador de toda vida. Deus ama seu povo, e é por
isso que ele enviou o “destruidor” (um agressor) contra a
opressora Nínive.

Nínive caiu porque Deus é “zeloso” (1.2) por seu povo e


cuida dele. O que torna a vingança divina necessária é o
atributo moral do zelo. Naum falou aos ninivitas de forma
sarcástica; eles deviam guardar a fortaleza e vigiar a estrada,
e reunir “todas as suas forças” (2.1). No entanto, nenhuma
dessas ações teria sucesso, porque Deus derrubaria o
Império Assírio. Impérios e nações que se baseiam na
perversidade e tirania cairão; assim, o povo de Deus será
libertado.

A mensagem de Naum foi declarada em Jerusalém ao invés


de em Nínive, pois os destinatários pretendidos eram aqueles
oprimidos pelo domínio assírio. O povo de Deus seria
encorajado pelas notícias da libertação vindoura. Por mais de
cem anos, a Assíria tinha oprimido diversas nações. Agora, o
Senhor anunciava um invasor que viria contra eles.

Sob o seu rei Ciaxares, os medos ganharam controle sobre a


antiga capital da Assíria, Assur. Nabopolassar trouxe seu
exército babilônio e juntou-se aos medos assim que Assur
caiu. Em 612 a.C., a união das forças dos medos e dos
babilônios derrotou Nínive. Em última análise, “o destruidor”
era Deus, que enviara esses atacantes. O “destruidor” é uma
figura comum para um rei vitorioso (cf. Sl 68.1; Is 24.1; Jr
52.8). A declaração de juízo divino foi afirmada com certeza
no capítulo 1, e aquelas ameaças foram cumpridas por uma
coalizão militar dos babilônios e dos medos.

Deus fez uma promessa reconfortante para o seu povo.


Nínive desfrutava de uma glória magnífica naquele momento,
mas sofreria devastação; enquanto o povo de Deus, que
tinha experimentado destruição, conheceria o “esplendor”
(2.2). Talvez você tenha sido devastado por circunstâncias
opressivas ou como resultado de escolhas ruins (ou até
mesmo pecaminosas) e esteja orando de todo o coração por
alguma espécie de solução. A Palavra de Deus oferece
encorajamento por meio do cuidado do Senhor por aqueles
que são seus, especialmente quando o arrependimento é
apropriado.

O restante da profecia de Naum traz representações da


queda de Nínive. A antiga cidade tinha aproximadamente
sete quilômetros quadrados, com uma população estimada
em trezentas mil pessoas. Ainda assim, os invasores
chegaram às portas da orgulhosa cidade com “carros” nos
quais “cintila o aço” (v. 3, ARA). Esses “carros” corriam
“loucamente” pelas “ruas” e “quarteirões” de Nínive. Eles
brilhavam em vermelho e aço, como “tochas de fogo” e
“relâmpagos” que se “arremessam” (v. 4).

O rei assírio chamaria as “suas tropas de elite”, mas elas


iriam tropeçar na pressa em defender a cidade. Embora se
apressassem para proteger a “muralha da cidade”, seus
esforços seriam em vão (v. 5). O versículo 6 descreve o
inimigo infiltrando-se na cidade e como eles chegaram até o
palácio real. O rio Tigre corria próximo às muralhas de
Nínive, e dois de seus afluentes, Khosr e Tebiltu, passavam
pelo meio da cidade. As “comportas dos canais” controlavam
o fluxo de água na cidade, e o controle delas poderia resultar
nos reservatórios sendo abertos para inundar a cidade.

A Assíria levou inúmeras cidades ao exílio, mas agora Deus


decretou o julgamento de Nínive. A cidade teria seus
tesouros saqueados e sua população, “deportada”. Até
mesmo as “jovens” bateriam “no peito” em aflição (v. 7). A
linguagem gráfica descreve a derrota e o saque de Nínive.

Além de anunciar a destruição do Império Assírio, Naum


pretendia confortar o povo de Deus, que suportara a maldade
daquela nação. O propósito do juízo divino era demonstrar
como a justiça de Deus retribuiria grande perversidade. A
ação de Deus é a reação dentro de sua própria natureza
santa contra o pecado. A justiça divina é o tema
predominante da profecia de Naum. Nínive semeou e,
portanto, iria colher (cf. Gl 6.7).

A derrota de Nínive (2.8-13)


O versículo 10 descreve o efeito do juízo de Deus sobre a
cidade e o povo. A condição da cidade é descrita de forma
gráfica: “devastação”, “destruição” e “desolação”. A cidade
orgulhosa, cuja riqueza estava “repleta de objetos de valor”, é
considerada como uma desolação despojada e sem vida. O
cumprimento literal da profecia de Naum é uma questão
histórica.

A condição do povo também é retratada explicitamente: “Os


corações se derretem, os joelhos vacilam...” (2.10). “Terrível
coisa é cair nas mãos do Deus vivo!” (Hb 10.31). Deus é
“muito paciente” (Na 1.3), mas, quando nações ou pessoas
persistem na maldade apesar da paciência do Senhor, então
“com uma enchente devastadora [lhes] dará fim” (1.8).
Aquele que confia no Senhor recebe conforto e coragem;
contudo, os orgulhosos são condenados.
As riquezas de Nínive eram provenientes do saque das
nações que haviam conquistado. Agora os soldados
invasores medos e babilônios saqueariam Nínive de sua
“prata”, “ouro” e riqueza acumulada (2.9). Nínive é
comparada a um leão feroz que abateu suas vítimas e
encheu “suas covas de presas” (v. 11-12). Os assírios
mataram inúmeros inimigos, não apenas para satisfazer suas
necessidades, mas também pelo mero prazer da conquista.
A pergunta “Onde está agora a toca dos leões?” (v. 11) alude
ao fato de que Nínive seria destruída.

Naum verbalizou um destino terrível para Nínive, uma vez


que o “Senhor dos Exércitos” declarou: “Estou contra você”
(v. 13). Embora oponentes humanos possam ser derrotados,
isso não se aplica quando Deus está contra uma nação, pois
então não há escapatória. Naum anunciou a certeza do juízo
de Nínive porque o Senhor santo e onipotente estava contra
eles. Naum não fez uma exposição sobre a santidade de
Deus em si, mas provou os efeitos terríveis e inevitáveis que
ocorreriam quando a santidade de Deus o levasse a agir em
vingança. Deus é amor, mas sua natureza santa significa que
ele precisa julgar o pecado. O amor de Deus nunca pode
permitir o que sua justiça condena!
“Naum não fez uma exposição sobre a santidade de Deus em si, mas provou
os efeitos terríveis e inevitáveis que ocorreriam quando a santidade de Deus o
levasse a agir em vingança.”
Deus é misericordioso e disposto a perdoar, assim como ele
revogou seu juízo contra Nínive por meio da pregação de
Jonas. O único meio de escapar do julgamento divino é
arrependimento e confiança em Jesus Cristo como Senhor e
Salvador. Para aqueles que são perseguidos, alegrem-se em
saber que Deus cuida de seu povo, e saibam que ele
providenciará libertação algum dia e julgará aqueles que os
atormentam. A Assíria tinha aniquilado completamente o
reino do norte de Israel. Mais de cinquenta mil cativos foram
levados de suas casas para outras terras. Os assírios não
derrotaram o reino do sul de Judá, mas o povo de Deus
ainda assim sofreu por cem anos sob o seu domínio. Deus
agora prometeu que seu opressor seria destruído. Judá podia
regozijar-se, pois seria liberto da opressão da Assíria.
“A mensagem de Naum é que Deus tanto vê quanto julga o pecado. Todos irão
algum dia prestar contas a Deus por cada atitude, pensamento e palavra. A
sabedoria, portanto, é viver em reverência a Deus.”
A mensagem de Naum é que Deus tanto vê quanto julga o
pecado. Todos irão algum dia prestar contas a Deus por cada
atitude, pensamento e palavra (cf. Mt 12.35-37). A sabedoria,
portanto, é viver em reverência a Deus (Pv 9.10). A Escritura
anuncia o dia do julgamento para toda a humanidade;
portanto, os cristãos deveriam ser ativos em compartilhar o
conhecimento de Deus com aqueles que não sabem o que
significa ter reverência pelo Senhor. Deus é amor, mas, se os
pecadores não deixarem o seu pecado, receberão a ira
divina (Jo 3.36). Que o Senhor seja louvado por aquele feliz
dia no futuro, quando Cristo retornará para purificar a terra de
toda opressão e todo pecado.

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