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Por sua celestial
influência na distribuição
das graças divinas, Maria
nos aparece como a
Rainha dos Corações
Nossa Senhora
do Brasil
T. Ring
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ECO FIDELÍSSIMO DA IGREJA
Imaculado Coração de Maria, imen- extremo de Jesus, que a derradeira Pensemos, porém, cada um em
samente maior que todo esse pano- hora se aproximava. nossa própria mãe, diante dessa per-
rama, não pelo tamanho físico, mas Nosso Senhor então disse aquelas gunta: “A senhora quer entregar o
pelo valor, etc.”. E podem vir à sua palavras de despedida a Ela e a São seu filho, fulano de tal, pa-
mente outras cogitações muito boas João: “Filho, eis aí tua Mãe; Mãe, eis ra ser vilipendiado, perse-
sobre a extensão e a qualidade dos aí teu filho...” guido, desprezado e odia-
predicados de Nossa Senhora. do pelo povo, flagelado,
Para compreendermos como o Co-redentora do coroado de espinhos, e
mar é uma vil gota d’água em com- gênero humano em seguida arrastar uma
paração com a grandeza da alma de cruz até o Cal-
Maria, basta considerarmos a Mãe É oportuno recordar aqui o en- vário e aí ser
de Deus durante a Paixão. Seu sofri- sinamento da Tradição católica, se-
mento ao encontrar Nosso Senhor gundo o qual o Padre Eterno, ao dis-
Jesus Cristo carregando a Cruz é in- por que Cristo deveria morrer como
dizível! Ela viu o divino Filho injus- vítima de expiação pelos nossos pe-
tamente posto naquela situação, tra- cados, desejou para isso o consenti-
tado de modo brutal por uma alga- mento da Santíssima Virgem. Cla-
ravia de gente péssima, aproximou- ro está, absolutamente falando, não
se d’Ele e O abraçou. Esse gesto havia necessidade dessa anuência da
não significava apenas um consolo, parte de Nossa Senhora para que
mas também uma exaltação, como Deus Pai levasse a efeito seus de-
se Lhe dissesse: “Meu Filho, Eu vos sígnios sobre a Redenção dos ho-
louvo por estardes padecendo assim mens.
pela humanidade, para a glória de
Deus!”
Por quê? Porque é glorioso pa-
ra Deus ter o reino das almas, e Je-
sus o estava conquistando ao redimir
todas as almas criadas, vertendo por
elas seu sangue preciosíssimo.
Nossa Senhora consentiu nes-
se holocausto de Jesus, louvou-O e
subiram juntos ao Calvário. A meu
ver, a cena mais empolgante ali pas-
sada foi o último olhar de Nosso Se-
nhor, indiscutivelmente dirigido à
sua Mãe. E Ela O fitava nesse mo-
mento, pois tenho para mim que,
durante todo o tempo jun-
to à Cruz, Maria Santíssi-
ma não afastou seus olhos
dos de seu Filho. Nes-
sa suprema troca de
olhares, Maria per-
cebeu, notando
o sofrimento
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morto de modo atroz?”. Supérfluo essa razão Ela sofreu espiritualmen- outrossim, digna de possuir o domí-
dizer que ela não quereria! Nenhu- te uma dor tão acerba que, de mo- nio de todos os corações.
ma mãe deseja semelhante sorte pa- do figurativo, compara-se à ferida
ra seu filho. causada por um gládio que traspas- “Sede Rainha de minha
Entretanto, a Santíssima sou seu Coração. A iconografia ca- alma, para eu ser
Virgem, ciente de que deve- tólica perpetuou a lembrança deste
ria oferecer Jesus em holo- padecimento da Virgem Santíssima, inteiramente vosso”
causto para a salvação dos através da imagem de Nossa Senho- Compreendamos bem quão au-
homens, não hesita um só ra das Dores, venerada em inúmeras gusto é esse império sobre a vontade
instante, e se inclina igrejas do mundo. dos homens. Imaginemos o indiví-
à superior von- Esse sacrifício participativo de duo mais inculto, mais tosco de sen-
tade divina. Por Maria na Paixão de Jesus, o consen- timentos e de disposições mais vis
timento d’Ela em que o Salvador fos- que possa haver. Nossa Senhora ser
se imolado de forma tão cruel e dila- a Rainha do coração dele representa
cerante pela remissão de nossos pe- uma grandeza incomparavelmente
cados, os méritos desse sofrimento maior do que imperar sobre os ma-
indizível da Virgem unidos aos méri- res, as constelações, os planetas e o
tos infinitos do martírio de Jesus, tu- universo inteiro criado! Tal é o valor
do isso granjeou-Lhe o título de Co- de uma alma, ainda que a do último
redentora do gênero humano. Jun- dos homens. Que dizer, então, do ser
to com Nosso Senhor, Ela abriu pa- Ela soberana de todas as almas?!
ra nós as portas do Céu e nos alcan- Reitero o que já tive oportunida-
çou a vida da graça. Tornou-se, de de afirmar: essa realeza de Ma-
ria é voltada de modo exclusivo para
nos fazer o bem, para nos atrair pa-
Coroação de
Nossa Senhora,
ra a prática da virtude, para nos con-
Catedral de duzir à santidade a que somos cha-
Reims (França) mados. É um poder que nos revela a
sua onipotência suplicante em nosso
favor, enchendo-nos de consolação e
confiança no seu infatigável auxílio.
Assim, imbuídos dessa verdade ad-
mirável, dirijamos a Nossa Senhora es-
te filial pedido: “Minha Mãe, Vós sois
Rainha de todas as almas, mesmo
das mais duras e empedernidas,
desejosas contudo de se abrirem
à vossa misericórdia. Peço-Vos,
pois, sede Rainha de minha al-
ma, quebrai nela os rochedos
de maldade, as resistências abje-
tas que de Vós me separam. Dis-
solvei, por um ato de vosso impé-
rio, as paixões desordena-
das, as volições péssimas,
os restos dos meus peca-
dos passados que tenham
permanecido no meu ínti-
mo. Limpai-me, ó minha
Mãe e Rainha, para que
eu seja inteiramente vosso.
Amém.”
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