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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO ÓRGÃO

COLEGIADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO.

GRERJ nº (...)

CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO RIVER PLATE, devidamente


representado por seu síndico, devidamente qualificado nos autos processo em epígrafe,
em ação que move em desfavor do GABIGOL VICE-CAMPEÃO LTDA, pessoa
jurídica de direito privado, também devidamente qualificada nos autos, vem por meio de
seu patrono infra-assinado, inconformado com a respeitável Decisão proferida nas folhas
XYZ, em sede de Agravo de Instrumento, vem, respeitosamente, interpor o recurso de:

AGRAVO INTERNO

Com fulcro no art. 1.021 da Lei 13.105/2015, em face da decisão que


rejeitou monocraticamente o recurso. Ressalta-se que o preparo recursal foi devidamente
recolhido devendo o presente agravo interno ser recebido e provido por ser medida de
Justiça.

Termos em que,

Pede deferimento.

Data

Advogado

(OAB/RJ: )
EGRÉGIO TRIBUNAL

COLENDA 12ª CÂMARA CÍVEL

RAZÕES DE AGRAVO

1 – SÍNTESE DA DEMANDA

Tendo em vista que em sede de Agravo de Instrumento decisão


monocrática manteve a decisão de piso do Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Niterói
que indeferiu a inclusão de prestações vincendas, folhas XYZ, sob o seguinte argumento,
ipsis litteris: “(...) o exequente, nesse caso, deverá servir-se da regra do art. 785/CPC
sendo certo, outrossim, que em nome do princípio cambial da literalidade não é possível
que o título futuramente possa vir a ostentar valor diferente”. O que motivou a
insurgência da agravante por destoar da jurisprudência consolidada por esta nobre casa
como ficará demonstrado.

2 - DO DIREITO

2.1 – Da tempestividade

A r. decisão que negou seguimento ao Agravo de Instrumento interposto


pela Agravante foi disponibilizada em (…) e publicada em (…), sendo, pois, o termo
final para interposição do presente Agravo dia (….). Tempestivo, portanto, o presente
recurso

2.2 – Da Decisão Monocrática

Em que pese o nobre desembargador ter julgado monocraticamente


improcedente o Agravo de Instrumento insta salientar que de início, acerca das prestações
sucessivas, reza o artigo 323 do CPC:

“Art. 323 – Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em


prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido,
independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na
condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo,
deixar de pagá-las ou de consigná-las”

Embora o artigo 323 do CPC/2015 se refira à tutela de conhecimento, é possível


aplicá-lo ao processo de execução, a fim de permitir a inclusão das parcelas a vencer no débito
exequendo, até o cumprimento integral da obrigação no curso do processo.

Vejamos o disposto no parágrafo único do artigo 771 do referido código:

“Art. 771 – Este Livro regula o procedimento da execução fundada em


título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que
couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos
realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos
efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.
Parágrafo único – Aplicam-se subsidiariamente à execução as
disposições do Livro I da Parte Especial”

Deste modo, o dispositivo permite em seu parágrafo único, a aplicação


subsidiária das disposições concernentes ao processo de conhecimento à execução, dentre as
quais se insere a regra do aludido artigo 323, acima transcrito.

Neste sentido, decidiu a E. Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça:

EMENTA RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE COTAS


CONDOMINIAIS. INCLUSÃO DAS PARCELAS VINCENDAS NO
DÉBITO EXEQUENDO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO LEGAL
CONTIDA NOS ARTS. 323 E 771, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL DE 2015. DÉBITOS ORIGINADOS DA MESMA
RELAÇÃO OBRIGACIONAL. AUSÊNCIA DE DESCARACTERIZAÇÃO
DOS REQUISITOS DO TÍTULO EXECUTIVO (LIQUIDEZ, CERTEZA
E EXIGIBILIDADE) NA HIPÓTESE. HOMENAGEM AOS
PRINCÍPIOS DA EFETIVIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL.
RECURSO PROVIDO. 1. O cerne da controvérsia consiste em saber se,
à luz das disposições do Código de Processo Civil de 2015, é possível a
inclusão, em ação de execução de título extrajudicial, das parcelas
vincendas no débito exequendo, até o cumprimento integral da
obrigação no curso do processo. 2. O art. 323 do CPC/2015 estabelece
que: “Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em
prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido,
independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas
na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do
processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las”. 2.1. Embora o
referido dispositivo legal se refira à tutela de conhecimento, revela-se
perfeitamente possível aplicá-lo ao processo de execução, a fim de
permitir a inclusão das parcelas vincendas no débito exequendo, até o
cumprimento integral da obrigação no curso do processo. 2.2. Com
efeito, o art. 771 do CPC/2015, que regula o procedimento da
execução fundada em título extrajudicial, permite, em seu parágrafo
único, a aplicação subsidiária das disposições concernentes ao
processo de conhecimento à execução, dentre as quais se insere a regra
do aludido art. 323.
(...).
4. Considerando que as parcelas cobradas na ação de execução –
vencidas e vincendas – são originárias do mesmo título, ou seja, da
mesma relação obrigacional, não há que se falar em inviabilização da
impugnação dos respectivos valores pelo devedor, tampouco em
cerceamento de defesa ou violação ao princípio do contraditório,
porquanto o título extrajudicial executado permanece líquido, certo e
exigível, embora o débito exequendo possa sofrer alteração no decorrer
do processo, caso o executado permaneça inadimplente em relação às
sucessivas cotas condominiais”.(Grifou-se)1

1 RECURSO ESPECIAL Nº 1.759.364 – RS (2018/0201250-3) RELATOR MINISTRO MARCO


AURÉLIO BELLIZZE. Julgado em 05 de fevereiro de 2019.
Esse entendimento é primoroso porquanto está em consonância com os
princípios da efetividade e da economia processual, evitando o ajuizamento de novas
execuções com base em uma mesma relação jurídica obrigacional, o que sobrecarregaria
ainda mais o Judiciário.

Insta destacar que esse entendimento, ademais, está em consonância com


os princípios da efetividade e da economia processual, evitando o ajuizamento de novas
execuções com base em uma mesma relação jurídica obrigacional, o que sobrecarregaria
ainda mais o Poder Judiciário, ressaltando-se, na linha do que dispõe o art. 780 do
CPC/2015, que “o exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em
títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja
competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento”, tal como ocorrido na espécie.

A propósito, o princípio da economia processual pode ser resumido no binômio


menos atividade judicial e mais resultados. Acerca do assunto, leciona o Professor Daniel
Amorim Assumpção Neves esclarece que:

“Do ponto de vista sistêmico o objetivo do princípio da economia


processual é obter menos atividade judicial e mais resultados. E para
tanto deve se pensar em mecanismos para evitar a multiplicidade dos
processos e, quando isso concretamente não ocorrer, diminuir a prática
de atos processuais, evitando-se sua inútil repetição”2

É um dos aspectos do princípio da eficiência consagrado no artigo 5º, inciso


LXXVIII, e 37 da Carta Magna.

Neste compasso, reza o artigo 4º do CPC/2015: “Art. 4º. As partes têm o direito
de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”

Ao mencionar a “atividade satisfativa” a regra do artigo 4º estende-se à fase de


cumprimento de sentença e, também o processo de execução, em prol do titular do direito
tutelado.

O comando do dispositivo visa a extirpar dos tramites processuais as dilações


indevidas consubstanciadas nos atrasos ou delongas que se produzem no processo por
inobservância dos prazos estabelecidos, por injustificados prolongamentos das “etapas
mortas” que separam a realização de um ato processual de outro, sem subordinação a um
lapso temporal previamente fixado. Nesse sentido, vejamos decisão do TJGO:

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. COBRANÇA DE


TAXAS CONDOMINIAIS. PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS.
ART. 323, CPC. 1. O pagamento de taxas condominiais é obrigação
consistente em prestações periódicas, o que impõe sejam
consideradas as parcelas vencidas e vincendas durante a tramitação
do feito executivo, a teor do art. 323, CPC, e precedentes do Superior

2 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. Salvador:
JusPodiVm, 2016. Pág. 114.
Tribunal de Justiça. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E
PROVIDO.3

Nesse sentido, a 21ª Câmara Cível deste TJRJ, em caso análogo ao dos Autos
já decidiu, reafirmando a jurisprudência deste TJRJ 4, a cerca da temática, dispondo
necessária cobrança das cotas vencidas e vincendas no curso da demanda a fim de evitar o
ajuizamento de diversas demandas em desprestigio a economia processual e à celeridade.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE COTAS


CONDOMINIAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DA PARTE AUTORA, QUE PRETENDE A
INCLUSÃO, NA CONDENAÇÃO, DAS COTAS VINCENDAS ATÉ
INTEGRAL QUITAÇÃO DO DÉBITO. CABIMENTO. HIPÓTESE
EM EXAME QUE VERSA SOBRE AÇÃO DE COBRANÇA DE
COTAS CONDOMINIAIS, OBRIGAÇÃO DE TRATO
SUCESSIVO, DE MODO QUE NÃO HÁ QUALQUER
EMPECILHO À CONDENAÇÃO DO RÉU AO PAGAMENTO
DAS COTAS QUE SE VENCEREM NO CURSO DA DEMANDA.
ENTENDIMENTO DIVERSO QUE IMPLICARIA
AJUIZAMENTO DE INÚMERAS E SUCESSIVAS AÇÕES PELO
CREDOR, VERDADEIRO DESPRESTÍGIO AOS PRINCÍPIOS
DA ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAIS. ADEMAIS,
INTELIGÊNCIA DO ART. 323 CPC (ANTIGO ART. 290 CPC/73).
PRECEDENTES DESTA CORTE. REFORMA PARCIAL DO
JULGADO PARA INCLUIR NA CONDENAÇÃO AS PARCELAS
VINCENDAS ATÉ EFETIVO CUMPRIMENTO DA
OBRIGAÇÃO. RECURSO PROVIDO.5

Diante do exposto resta demonstrado que a decisão monocrática deve ser


reformada para permitir a inclusão das prestações vincendas no bojo da ação de cobrança.

2.3 – Esgotamento de Instancias Ordinárias

Em que pese o §4º do art. 1.021 do CPC asseverar a imposição de multa de


um a cinco por cento em caso de improcedência por votação unânime, cumpre salientar
que em caso de interposição do recurso em tela, o Agravante estaria impossibilidade de
exercer o seu direito de recorrer da decisão em instância superior

3 TJ-GO - AI: 02835633020198090000, Relator: JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, Data de Julgamento:


19/09/2019, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 19/09/2019
4 Diversas Câmaras Cíveis deste TJRJ já decidiram favoravelmente ao caso em apreço, vejamos:
• TJRJ 0004816-27.2013.8.19.0208 – APELAÇÃO - Des (a). WILSON DO NASCIMENTO REIS
- Julgamento: 16/05/2019 -VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL;
• TJRJ 0265494-29.2014.8.19.0001 – APELAÇÃO - Des (a). MILTON FERNANDES DE
SOUZA - Julgamento: 21/05/2019 -DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL;
• TJRJ 0028080-65.2016.8.19.0209 – APELAÇÃO - Des (a). FERNANDO FOCH DE LEMOS
ARIGONY DA SILVA -Julgamento: 15/05/2019 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL; e
• TJRJ 0302172-14.2012.8.19.0001 – APELAÇÃO -Des (a). NILZA BITAR - Julgamento:
15/05/2019 - VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL.

5 TJ-RJ - APL: 02028504520178190001, Relator: Des(a). MÔNICA FELDMAN DE MATTOS, Data de


Julgamento: 04/06/2019, VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
Como bem sabemos, em caso do não esgotamento de instâncias ordinárias
é impossível interpor recurso à instância superior, nos termos da Súmula 281 do STF, in
verbis:

SÚMULA 281 - É INADMISSÍVEL O RECURSO EXTRAORDINÁRIO,


QUANDO COUBER NA JUSTIÇA DE ORIGEM, RECURSO ORDINÁRIO
DA DECISÃO IMPUGNADA

Por analogia, os tribunais têm fundamentados suas decisões na necessidade


de esgotamento das instâncias inferiores, vejamos o posicionamento do STF, in verbis:

Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus. Ausência de


impugnação específica. Recurso ordinário manejado contra decisão
monocrática proferida em sede de habeas corpus impetrado no Superior
Tribunal de Justiça. Não cabimento. Precedentes. Não conhecimento do agravo.
1. É firme a jurisprudência da Corte no sentido de que a parte deve impugnar,
na petição de agravo regimental, todos os fundamentos da decisão agravada,
sob pena de não conhecimento do recurso. 2. É firme a orientação da Corte no
sentido de que não se conhece de recurso ordinário em habeas corpus contra
decisão monocrática proferida no Superior Tribunal de Justiça (RHC nº
108.877/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 19/10/11). 3. O
não exaurimento da instância antecedente por ausência de interposição de
agravo regimental e, portanto, de análise da decisão monocrática pelo
colegiado impede o conhecimento do recurso como habeas corpus
substitutivo, na esteira de precedentes. 4. As circunstâncias expostas nos
autos também não encerram situação de constrangimento ilegal ao paciente que
justifique a concessão de ordem ex officio. 5. Agravo regimental do qual não
conhece.6

Nesse sentido o STJ expressamente, em diversas oportunidades 7, dirimiu a


questão destes autos ao consignar a impossibilidade do prosseguimento recursal, quando
não exaurida todas as instâncias, in verbis:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1860315 - GO (2021/0082011-0)


DECISÃO Trata-se de Agravo em Recurso Especial, interposto por LEILA
SILVA CESAR, contra decisão do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE GOIÁS, que inadmitiu o Recurso Especial.

(…)

2. Nesse contexto,"não é possível o conhecimento do recurso especial na


hipótese em que o recurso interposto na origem foi julgado por decisão
6 STF - RHC: 191390 SP 0190851-41.2020.3.00.0000, Relator: DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento:
08/06/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 27/08/2021

7 Precedentes: AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.571.531/SC, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado
em 18/5/2020, DJe 20/5/2020, AgInt no AREsp n. 921.127/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 3/10/2019, DJe 11/10/2019 e AgInt no AREsp n. 1.324.359/PA, Rel. Ministro Francisco Falcão,
Segunda Turma, julgado em 4/12/2018, DJe 11/12/2018. III - Agravo interno improvido" (STJ, AgInt no AREsp
1.344.777/MA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, DJe de 18/11/2020); AgRg no REsp
1.320.460/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 25/10/2012;STJ, AgInt no AREsp 921.127/SP,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019; STJ, AgInt nos EDcl no AREsp
1.699.311/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/04/2021
monocrática do relator, sem a manifestação do órgão colegiado do
Tribunal, por ausência de exaurimento de instância, incidindo, no caso, o
enunciado n.º 281 da Súmula do STF, aplicado por analogia ao recurso
especial"(AgRg no AREsp 343.162/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJe
16/9/2013). 3. In casu, foi interposto Recurso Especial de acórdão que rejeitou
Embargos de Declaração opostos contra decisão monocrática proferida em
recurso de Agravo de Instrumento. 4. Entretanto, ainda que os Embargos de
Declaração opostos tenham sido julgados por decisão colegiada, permanece o
óbice da Súmula 281 do STF, porquanto a decisão, atacada por meio do apelo
extremo, que é aquela proferida na Apelação, foi julgada por decisão
monocrática do Relator. De fato, embora admitida a natureza recursal dos
Embargos de Declaração, esses apenas complementam, aclaram ou integram a
decisão, em relação à qual foram opostos. 5."Apenas o agravo interno se
presta ao exaurimento de instância quando há intuito de propor recurso
especial após a decisão monocrática, sendo imprestáveis para esse fim os
embargos declaratórios, ainda que decididos pelo colegiado" (AgRg no
REsp 1.320.460/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
25/10/2012).

(…)

É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido da não


cognoscibilidade do recurso especial interposto contra a decisão monocrática
proferida em apelação, mesmo que tenham sido opostos embargos de
declaração julgados pelo colegiado. II - Os embargos de declaração têm o
condão de aperfeiçoar a decisão monocrática quando presentes as máculas
do art. 1.022 do CPC/2015, saneando a decisão, sem no entanto ter o
desiderato de enfrentar os fundamentos ali apresentados. Assim, após o
referido saneamento, impõe-se a interposição de agravo interno visando
exaurir a instância e viabilizar a interposição de recurso para as Cortes
Superiores.

Dessa forma, não há como conhecer do Recurso Especial, em razão da falta de


esgotamento das vias ordinárias, incidindo ao caso, por analogia, a Súmula 281
do STF.8

Deste modo, revela-se que a imposição da multa prevista no § 4º do art.


1021, o que não se acredita, fere o direito do autor da prestação jurisdicional ao
penalizá-lo apenas por buscar e, tão somente, por exercer seu direito de recorribilidade à
instância superior como corolário da ampla defesa. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL.ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. INDEFERIMENTO
DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA. AGRAVO INTERNO NA ORIGEM COM
REITERAÇÃO DAS RAZÕES RECURSAIS. DESATENDIMENTO DO
ÔNUS DA DIALETICIDADE. APLICAÇÃO DE MULTAS PROCESSUAIS.
RECOLHIMENTO PRÉVIO INEXISTENTE. PRESSUPOSTO RECURSAL
NÃO OBSERVADO. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. A multa aludida no art. 1.021, §4.º, do CPC/2015, não se aplica em
qualquer hipótese de inadmissibilidade ou de improcedência, mas apenas
em situações que, como a presente, se revelam qualificadas como de
manifesta inviabilidade de conhecimento do agravo interno ou de
impossibilidade de acolhimento das razões recursais porque
inexoravelmente infundadas. A não comprovação, no momento da
8 STJ - AREsp: 1860315 GO 2021/0082011-0, Relator: Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, Data de
Publicação: DJ 19/08/2021
interposição do recurso especial, do prévio recolhimento da multa do § 4º do
art. 1.021 do CPC, imposta pelo Tribunal de origem, implica o seu não
conhecimento, por se tratar de pressuposto de admissibilidade do apelo nobre.
Precedentes. 3. Considerando o caráter inibitório do exercício irresponsável de
recorrer inerente às multas processuais, a Lei 1.060/50 não isentou nem mesmo
os beneficiários da assistência judiciária gratuita de seu pagamento, devendo
este ocorrer ao final do processo nos termos do § 5º do artigo 121 do
CPC/20154. Agravo interno não provido". (g.n.).9

3 - CONCLUSÃO

Tendo em vista o exposto, requer o provimento do Recurso por ser questão


de justiça, de modo que em caso de não haver a reconsideração da decisão monocrática
do nobre relator, seja o pleito enviado a colenda Câmara para julgamento colegiado, para
que possa essa Câmara conhecer do recurso e prover o mérito a fim de reformar a
decisão de folhas XYZ, reconhecendo a legalidade das cobranças de parcelas
condominiais vincendas no bojo da ação principal.

4 - PEDIDOS

Diante do exposto, por razões de justiça, requer o provimento do recurso


para:

1. Se digne o desembargador relator a reconsiderar a R. Decisão agravada;

2. Subsidiariamente, não havendo reconsideração, seja o presente Agravo


Interno colocado à apreciação da colenda Câmara e seja dado integral
provimento a ele para reconhecer a possibilidade de inclusão das parcelas
vincendas na ação de cobrança; e

3. Em caso de improvimento do recurso unanimidade, o que não se acredita,


requer-se a não aplicação da multa do §4º do art. 1021 do CPC, por não
configurar seus requisitos e em virtude de o Exequente estar apenas
buscando o seu direito à jurisdicional e à ampla defesa em eventual
instância superior.

O provimento do recurso, nada mais é que


sadia homenagem à JUSTIÇA!

Data

Advogado
(OAB/RJ)

9 AgInt no AREsp 1173359/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA


TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 12/03/2018

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