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A mensagem de Cristo é a mensagem do Evangelho. Deus é Luz. O Evangelho nos mostra diante da Luz de Deus como somos sujos e
Temos aqui uma afirmação curta, mas que resume todo o Evangelho precisamos de Jesus Cristo. Como Ele disse: “Eu Sou a luz do mundo”. Esse
anunciado por Jesus. Deus é Luz. Ao dizer isso afirma-se os atributos de Deus é o Evangelho mais puro e simples: Deus é Luz e os homens longe Dele
e as consequências destes atributos. andam em trevas e precisam de Cristo a Luz do mundo para se reconciliarem
com Deus.
Deus é Luz. Os atributos de Deus estão em voga, ou seja, afirma-se
que Deus é puro e Nele não há impureza nenhuma. Deus possui atributos João expõe a mensagem do Evangelho, a mensagem autorizada que
perfeitos. Todos os atributos de Deus são perfeitos, mas salienta-se Cristo pregou e na sequencia apresenta as implicações dessa mensagem
fortemente a Sua santidade. Para o contexto a santidade é o mais forte, pois fazendo uma distinção entre os que a seguem e os que não seguem.
João irá em seguida combater o ensino dos falsos mestres que admitiam
Ponto 2 Contrastes dos que seguem a mensagem e os que não
impurezas morais.
seguem a mensagem
A ideia é contrastar o que Deus é com o que o homem é. Deus é Luz.
João apresenta a mensagem de Cristo como um padrão e agora
Deus é santo e sua santidade é perfeita. Não há desvios morais em Deus,
através de paralelismos hebraicos colocará a prova o ensino dos gnósticos
Nele não há manchas de caráter, não há dolo em suas ações. Tudo o que Ele
através de afirmações condicionais.
faz é bom. Além, claro das grandezas de Deus. Ele é criador e sustentador do
Universo. É onipotente, onisciente, onipresente, decretador, salvador, reto, Ele começa. “Se dissermos...” O ponto principal é tomado. Alguém que
justo, bom, amor, enfim nos faltaria tempo e palavras para descrever os afirma ter comunhão com Deus deve andar na Luz. Vejamos que João coloca
atributos santos e perfeitos de Deus. essa afirmação no plural e se coloca junto com os leitores e aqueles que
afirmam certas coisas.
Mas há outra implicação do que João disse, ou melhor dizendo da
mensagem de Cristo. Ao dizer que Deus é Luz ele mostra uma das João combate aqui o ensino gnóstico. Os gnósticos sendo dualistas
funcionalidades da Luz, ou seja, alumiar. A luz serve para tornar manifestos os acreditavam que podiam ter comunhão com Deus, mas vivendo
atos de cada um. Diante da suprema Luz todos estão maculados. desregradamente. Para eles o espírito não poderia ser contaminado por uma
prática dissoluta da vida. Ele diziam que serviam a Deus, mas suas atitudes
Deus revela as obras de cada um. A ideia é a seguinte: Ao nos
comprara com nossos próximos poderíamos nos julgar até limpos, mas eles
não demonstravam tal fato, ou não corroboravam com sua afirmação de servir Aquele que anda na luz teve suas obras manifestas perante Deus,
a Deus. portanto percebe que é pecador. Mas mais do que isso, ele possui comunhão
com seus irmãos. Somente é possível haver comunhão através da mensagem
O apóstolo vai no âmago do problema. Não se pode dizer que há
da Cruz.
comunhão com Deus e andar nas trevas. Paulo nos salienta isso: “que
comunhão poderia haver entre as trevas e a luz?”. De fato nenhuma. Ao Essa mensagem salvadora possibilita a comunhão entre os irmãos.
dizermos que temos comunhão com Deus devemos andar na Luz, ou seja, Essa comunhão, claro está intimamente ligada a comunhão que o Espírito nos
andar em retidão. Não levar uma vida pecaminosa. possibilita. Mas há outra implicação. Ao olhar para o irmão como pecador, mas
antes olhar para si mesmo como pecador, há a possibilidade de comunhão.
Se um indivíduo disser que possui comunhão com Deus ele deve
Remove-se a falaciosa sensação de pureza que pode nos afastar dos demais.
andar na luz, pois se fizer ao contrário a verdade não está nele. Aqui temos a
verdade em dois aspectos. A verdade de palavra e a verdade da mensagem Na igreja de Corinto, Paulo combate essa ideia. Havia um grupinho que
que foi exposta acima por João. A verdade do Evangelho preconiza que se dizia os espirituais e, portanto eram melhores do que os outros que eram
andemos na luz, ou seja, na vontade perfeita de Deus e dês seus considerados carnais.
mandamentos. A prática do Evangelho está diretamente ligada à verdade do
Os que andam na luz reconhecem que são pecadores, mas para eles
Evangelho.
há um remédio maravilhoso. O sangue de Jesus purifica de todo pecado. João
A ideia aqui é a mesma apresentada por João no Evangelho ao narrar apresenta o sangue de Cristo como purificador e aproveita para rebater o
a ressurreição de Lázaro. Jesus diz: “... não são doze as horas do dia? Quem gnosticismo docético. Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e é no
anda de dia não tropeça.” Será que Ele estava ensinado aqueles homens sangue Dele que temos a purificação dos pecados.
andar no deserto? Claro que não! Ele estava ensinado os discípulos andarem
A ideia é ritualística do Antigo Testamento. O sangue que era
de conformidade com a vontade de Deus.
aspergido sobre o altar e os instrumentos sacros que os purificava
João continua com suas afirmações, porém essa firmação contrasta cerimonialmente. Mas sabemos que o sangue de animais não purificam
com a anterior e está subordinada à mensagem proclamada por Cristo. pecados, mas apontam para o verdadeiro sangue purificador, ou seja, o
sangue de Jesus. Esse sangue bendito vertido na cruz purifica de todo
João mostra o oposto dos que andam em trevas sem a mensagem de
pecado. Todos os tipos de pecados cometidos pelos que andam na luz e de
Jesus. Os que andam na luz, andam em conformidade com a mensagem de
forma extensiva por todo pecado praticado ao longo da vida.
Jesus. Deus é luz! Andar na luz significa tomar essa mensagem para si e
perceber que deve-se praticar a vontade Daquele que é Luz. O apóstolo segue com suas afirmações. Ele trata de outro ensino
docético. A afirmação que não se possui pecados.
Alguns ramos gnósticos afirmavam que o homem era bom e, portanto Aqueles que recorrem a Deus podem ter segurança. A segunda parte
não possuía pecados de qualquer forma. Essa afirmação nega da sentença baseia-se na fidelidade e justiça de Deus. Ele é fiel. Esta
veementemente a mensagem de Jesus. A mensagem é: “Deus é luz e não há afirmação está centrada nos aspectos legais da Aliança, pacto que o Senhor
Nele treva nenhuma”. Ao dizer isso a mensagem é que somente Deus não tem com o homem e que é mediado por Jesus Cristo. Deus é fiel ao pacto,
possui treva nenhuma. Os gnósticos ao dizer que não possuíam pecados portanto não vai agir de maneira que esse seja violado.
negavam a pecaminosidade humana.
A segunda afirmação está baseada no atributo de Deus: a justiça
Eles negavam a implicação da mensagem que pela pureza de Deus inerente ao seu Ser. Deus é justo, portanto perdoa os pecadores. Mas o que
vemos quão pecadores os homens são e, assim precisam de justiça vinda de tem a ver a justiça com o perdão? Deus puniu positivamente a Cristo na cruz
Deus. Ao dizer que não possuímos pecado vamos nos enganar. Vamos negar do calvário, portanto sendo Ele justo não pode negar o perdão ao ser humano
uma das verdades fundamentais do Evangelho. pecador que busca perdão de Deus.
O pecado de nossos primeiros pais atingiu todo ser humano exceto Deus não pode mais punir o pecador arrependido de seus pecados.
JESUS, portanto todos nascem pecadores. João refuta também a ideia de Lógico, estou tratando das punições positivas de Deus, ou seja, a condenação
perfeccionismo. O que diz que não possui pecados a verdade não está nele. e as penas decorrentes dela. Deus é justo!
Como já vimos a verdade de palavra e a verdade da Palavra.
Porque Deus é fiel e justo os leitores poderiam confiar no perdão dos
Logo que reconhecemos a pecaminosidade nos deparamos como uma pecados. Este perdão é acessível aos que andam na luz. Deus perdoa todos
situação difícil. Temos pecado e agora? João mais uma vez apresenta a os pecados daqueles que andam na luz. Mas Ele também purifica de toda a
solução. injustiça. Deus perdoa, mas também purifica. Ele torna o pecador
cerimonialmente puro, santo para andar na luz e para lhe prestar obediência.
O que reconhece sua pecaminosidade reconhece que precisa de
Ambas as ações estão no presente, pois o recebimento é imediato.
perdão e que este não está nele. Mas o que fazer? Se confessarmos nossos
pecados Ele é fiel e justo. O primeiro é a confissão. O pecador deve confessar João segue com suas afirmações, agora, combatendo mais
perante Deus sua pecaminosidade. Ele deve perceber que a solução está em diretamente a ideia do perfeccionismo gnóstico.
Deus e não nele mesmo.
Esse ensino possui grande aceitação nas igrejas. Ele combate a ideia
Confessar os pecados aqui é como concordar com algo, mas o que? de que pessoas convertidas podem viver suas vidas de modo que não
Concordar contextualmente com a mensagem pregada. Deus é Luz! pequem mais e, assim chegam a perfeição habitando nessa terra. Isso é
Confessar os pecados é se aproximar de Deus e de sua luz reveladora e chamado de perfeccionismo.
afirmar categoricamente que somente Ele pode perdoar nossa transgressão.
Se anteriormente negava-se a condição de pecador, aqui nega-se a pretexto de malícia”. Fomos libertos para resistir ao pecado e não para se
prática do pecado. O verbo aqui indica uma ação no passado, mas que o entregar a ele. Devemos resistir ao pecado.
efeito permanece no presente. Aquele que diz que não comete pecado ele
No entanto, se o acidente ocorrer possuímos a solução. Temos um
está se fazendo como Deus que não possui treva nenhuma. Os gnósticos
advogado que comparece diante de Deus por nós. A figura usada é de um
acreditavam que poderiam viver a vida sem cometer nenhum pecado e,
julgamento. É como se estivéssemos diante do tribunal de Deus para
portanto serem perfeitos em vida.
condenação, mas há alguém que está ao nosso lado para defesa; e este
Como esse ensino está presente nas igrejas! Há aqueles que dizem alguém é Jesus Cristo.
que passam dias e mais dias sem pecar, mas posso afirmar categoricamente
Ele faz intercessão junto ao Pai. Ele, o Justo está ao lado de Deus
que pecamos todos os dias. Aquele que diz que não prática o pecado faz de
intercedendo por nós. Além de advogado de defesa, Ele é nosso pagamento
Deus um mentiroso, pois sua Palavra nos mostra claramente que somos
da dívida. É a propiciação pelos nossos pecados. Mais uma vez João usa uma
pecadores praticantes do pecado.
figura legal do Antigo Testamento.
O que nega a prática pecaminosa de sua vida não tem a verdade de
Esta figura mostra que Jesus é o sacrifício aceitável diante de Deus
Deus nele. Não possui a mensagem de Deus em sua vida.
que nos proporciona a cobertura pelos nossos pecados. Esse sacrifício nos
Ponto 3 Capítulo 2 versos 1 e 2. O propósito de João torna redimidos e propícios para cultuar a Deus. O sacrifício é nossa defesa
perante Deus, que nos concede perdão por causa de tal oferta.
João mostra agora que ele fez toda essa elucubração em cima da
mensagem para que seus leitores possam reconhecer sua pecaminosidade, Este sacrifício possui valor infinito. Ele poderia cobrir o pecado de
mas levar uma vida de santificação. Estas considerações foram escritas para todas as pessoas, mas como bem sabemos que a redenção é limitada, ou
que os leitores não levassem uma vida de pecado. seja, não é estendida a todos os homens, mas aos eleitos. O que João
informa é que o sacrifício é ilimitado.
Não podemos dizer que somos obrigados a pecar. Os crentes vivem
num estado que há a possibilidade de resistir ao pecado. João considera o Conclusão
pecado como um acidente e não como uma prática, ou seja, algo que é feito
A mensagem de Jesus é que Deus é luz. Jesus como Deus também é
com constância na vida do crente, rotineiro, normal.
a luz do mundo. Aqueles que dizem ter comunhão com o Senhor devem
Evidentemente não podemos deixar de pecar no todo, pois somos admitir serem pecadores e que pecam. Mas tais pessoas podem ter
pecadores, ainda possuímos a natureza corrompida em nós. Mas isso não é comunhão com Deus e com os irmãos por meio da mensagem crida e por
um salvo conduto para pecar. Como se diz: “não tomemos a liberdade por causa do perdão oferecido por Deus em Jesus Cristo.
Também concluímos que a vida dos que andam na luz deve ser uma
vida de santidade e não de prática de pecado. Essa santidade inclui a
confissão de pecados e a resistência em relação aos mesmos.
Aplicação