A coisa julgada secundum eventum litis é a que se verifica a depender do

resultado do processo. Nesse sentido, nem toda sentença de mérito faz coisa

julgada material, depende do resultado concreto da sentença julgada em definitivo. É

diferente do sistema tradicional da coisa julgada, que faz coisa julgada material com

a simples resolução do mérito.

Podemos analisar o assunto sob dois prismas: quanto ao direito naturalmente

coletivo e direito acidentalmente coletivo. No primeiro caso, a coisa julgada é

naturalmente secundum eventum litis, caso seja uma decisão coletiva favorável,

portanto, é erga omnes, abarcando a todos que, de alguma maneira, sejam

beneficiados com a decisão judicial. Portanto, é possível que o indivíduo se utilize

dessa sentença coletiva como um título executivo judicial, podendo proceder a

liquidação e a execução, sendo dispensado o processo de conhecimento. É o

chamado pela doutrina de coisa julgada secundum eventum litis in utilibus, pois é

necessário que a decisão seja útil ao indivíduo.

É importante mencionar, sobre o tema, o disposto no art. 103, II e §1º do

CDC.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará

coisa julgada

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar

todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo

único do artigo 81.

§ 1º - Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não

prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade,

do grupo, categoria ou classe

No caso dos direitos individuais homogêneos (acidentalmente coletivos), as

pessoas que não tiverem intervindo no processo coletivo como litisconsortes,

poderão propor ação de indenização individualmente, assim como prevê art. 103,
§2º, CDC. Significa dizer, que num mesmo caso concreto, sendo julgado

improcedente o pedido em uma ação coletiva, não ficam outros eventuais

prejudicados vinculados ao resultado, havendo a possibilidade de ingresso com as

suas ações individuais.