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Diagnóstico Laboratorial das micoses

Prof. Armando Marsden, PhD

Diagnóstico Laboratorial das micoses


Prof. Armando Marsden, PhD

RECIFE – 2019
Diagnóstico Laboratorial das micoses
Prof. Armando Marsden, PhD

QUE SÃO MICOSES:

São doenças causadas por fungos patogênicos ou potencialmente patogênicos que vivem no solo, vegetais,
homem, animais, água e em materiais em decomposição. Os principais fatores de desenvolvimento dos fungos
são a umidade e o calor, pois eles se desenvolvem em qualquer ambiente favorável contendo variadas fontes
de carbono, hidrogênio, oxigênio e outros elementos orgânicos e inorgânicos.

COMO SE DIVIDEM:

As micoses são classificadas em Superficiais, Subcutâneas, Sistêmicas ou Profundas e Oportunistas.

COMO NOS INFECTAMOS:

Existem várias formas de contaminação sendo a principal, o contato direto ou indireto com pessoas, animais
ou ambientes contaminados. Outra é através da inoculação dos esporos (furadas acidentais, feridas abertas ou
arranhões), em seguida, a inalação dos esporos veiculados pelo ar atmosférico (poeira, aerossóis provenientes
de ar condicionado central ou localizado) e, por último, a ingestão dos esporos fúngicos contidos em alimentos
contaminados.

COMO OCORRE A INFECÇÃO:

Para que a infecção ocorra é necessário que o indivíduo esteja predisposto, isto é, vulnerável. A baixa
imunidade adquirida ou induzida, doenças pré-existentes, diabetes, leucemias, neoplasias diversas, idade, falta
de higiene, promiscuidade, subnutrição, falta saneamento básico entre outras exercem papel fundamental na
instalação e progressão da doença. A maioria dos fungos possue baixa virulência, assim a infecção depende da
quantidade do inóculo, da resistência do hospedeiro e da adaptação do fungo ao parasitismo.

PRINCIPAIS TIPOS DE MICOSES SUPERFICIAIS

Micose exclusiva da pele, a Pitiríase versicolor conhecida como “Pano Branco”, provoca manchas circulares
brancas, marrons, avermelhadas ou pretas, geralmente na face, ombros, tórax, costas e raramente nos
membros inferiores. As micoses exclusivas dos pelos, chamadas de Piedra Branca (nódulos brancos) e Piedra
Preta (nódulos pretos) cujos fungos atacam não só os pelos do couro cabeludo, mas também axilares e
pubianos.
As micoses do couro cabeludo “Creca”, os fungos atacam os pelos causando alopecia, isto é, queda dos
pelos devido à invasão dos pelos (parasitismo endo, ectotrix ou ectoendotrix). Além do couro cabeludo podem
atacar cílios, sobrancelhas, barba e bigode. As micoses do corpo ou “Impingem”, acomete o tórax, braços,
pernas. Micose inguino-crural conhecida no interior como “Chanha”, o fungo ataca as regiões pubiana, virilha,
raiz das coxas causando vermelhidão, coceira e desconforto.

É muito comum em homens, atletas de uma maneira geral, motoristas e militares. Micoses das unhas das
mãos ou dos pés, é mais comum em mulheres devido à freqüencia com que realizam afazeres domésticos
(lavando, cozinhando etc.) ou vão à manicure. Os fungos penetram através de pequenas lesões feitas a partir
cortes acidentais, excesso de detergentes, sabões e muita água. Produzem lesões esbranquiçadas na parte
distal, lateral ou proximal das unhas. As micoses interdigitais ou “frieiras” atingem os espaços interdigitais
provocando coceira, fissuras e muitas vezes, irritação e dor. Pode ou não estar associadas às bactérias.
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MICOSES SUBCUTÂNEAS

São causadas por fungos


que atacam as camadas mais profundas da pele (derme e hipoderme), podendo atingir gânglios linfáticos e
músculos causando tumores (Eumicetomas), lesões gomosas (Esporotricose), lesões verrucosas
(Cromomicose), lesões queloidiformes (Lobomicose) sendo essas as principais infecções micóticas. Outros
fungos também podem causar infecções subcutâneas como os pertencentes aos Zigomicetes, hialos e
feohifomicetos (Zigomicoses, Hialo e Feohifomicoses).

MICOSES PROFUNDAS OU SISTÊMICAS

São infecções causadas por fungos adquiridos através da inalação, inoculação ou ingestão dos esporos.
Estes penetram através das vias aéreas e vão alojar-se em órgãos como pulmão, cérebro, fígado, rins, baço,
coração, intestinos. A Paracoccidioidomicose e a Histoplasmose são as principais infecções profundas
diagnosticadas no Brasil. Alguns casos de Coccidioidomicoses estão surgindo na Bahia, Piauí e Pernambuco.

MICOSES OPORTUNISTAS

São infecções causadas por fungos normalmente saprofíticos, que em determinadas ocasiões, tornam-se
patogênicos. Fatores como baixa imunidade induzida ou adquirida (diabetes, leucemias, Aids, transplantados,
neoplasias diversas), doenças agudas ou crônicas e tratamentos com drogas (corticóides, imunossupressores,
antibióticos e antineoplásicas) favorecem a instalação dessas micoses. A Candidíase é uma das infecções mais
comum no mundo, seguida da Cryptococcose, Aspergilose, Peniciliose, Fusariose entre outros.

DICAS DE COMO EVITAR AS MICOSES

 Manter sempre secas as partes íntimas como virilha, nádegas, região inframamária, axilas, interdigitais
das mãos e dos pés após os banhos. Usar roupas de algodão como cuecas, calcinha, sutiãs, meias,
toalhas, etc.
 Evitar usar roupas apertadas ou de outras pessoas, escovas, pentes, alicates, tesoura, pinça ou
qualquer objeto não esterilizado.
 Evitar lugares úmidos ou insalubres como, banheiros mal conservados, armários, guarda roupas ou
depósitos sem uma boa conservação ou higienização.
 Se alimentar adequadamente, lavar as mãos antes de depois das refeições, mantendo-se sempre limpo
e saudável.

DICAS PARA FAZER O EXAME

Procure sempre um médico especialista.

 Suspender medicação oral ou local com pomadas, polvilhos, cremes, soluções etc., durante 07 dias
úteis.
 Em caso de unhas, retirar o esmalte ou base um dia antes do exame.
 No caso de exames dos pés, lavar e usar meias e sapato fechado.
 Evite a automedicação ou usar medicação indicada por amigos, parentes, propagandas de jornais,
Rádios e TVs.

TRATAMENTO

Existem vários tipos de medicamentos específicos para combater as micoses (antimicóticos tópicos ou via oral).
Nunca tome remédios por conta própria. O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento seguro e eficaz.
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Caraterísticas Clínicas e Laboratoriais das Micoses

Figura 01: Tinha nigra palmaris Figura 02: Lesões de Pitiriase versicolor Figura 03: Candidíase (intertriginosa)

Figura 04: Coleta de material (Téc.de Porto) Figura 05: Coleta de material Figura 06: Coleta de material (raspagem)

Figura 07: Manipulação das amostras Figura 08: ED - Micélio artrosporados Figura 09:ED. parasitismo endotrix.
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Caraterísticas Clínicas e Laboratoriais das Micoses

Figura 10: Tinea cruris extensa Figura 11: Tinea corporis (Impingem). Figura 12: Tinha capitis.

Figura 13: Tinha cruris extensa Figura 14: Tinha pedis Figura 15: Tinha faciei

Figura 16: Dermatofitoses Figura 17: Dermatofitose generalizada Figura 18: Após 03 meses de tratamento
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Caraterísticas Clínicas e Laboratoriais das Micoses

Figura 19: Ex.direto (Técnica. De Porto). Figura 20: Ex.direto (KOH a 20%) Figura 21: T. Tonsurans (SAB. a 28°C)

Figura 22: Onicomicoses ( Hálux) Figura 23: Onicomicoses ( Hálux) Figura 24: Tinha interdigitalis (pedis)

Figura 25: Candidíase (inguinal) Figura 26: Candidíase (pênis) Figura 27: Candidíase intertriginosa
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Figura 28: Esporotricose humana Figura 29: Esporotricose cutaneo-linfática. Figura 30: Sporothrix schenckii

Figura 31: Cromomicose Figura 32: Corpos fumagóides Figura 33: Cultura em BDA

EUMICETOMA (grãos brancos)

Figura 34: Phialophora sp. Figura 35: Eumicetoma Figura 36: Actinomicetoma podal
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Figura 37: Grãos negros (biópsia) Figura 38: Grãos negros (E.D. KOH a 20%) Figura 39: Grãos brancos (ED-40x)

Figura 40: Madurella mycetomatis Figura 41: Cultura de H.capsulatum Figura 42: Microcultura H.capsulatum

Figura 43: Coccidioidomicose pulmonar Figura 44: Esférulas no ED (KOH a 20%) Figura 45: Cultura de C.immits (SAB)
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Caraterísticas Clínicas e Laboratoriais das Micoses

Figura 46: Paracoccidioidomicose (mucosa oral) Figura 47: ED- Células multibrotantes Figura 48: Cultura Pb. em SAB a 280 C.

Figura 49 Ceratite micótica (F.equisetii) Figura 50: Hifas septadas ED (x40) Figura 51: Fusarium equiseti (x40)

Figura 52: Aspergillus niger (x40) Figura 53: Penicillium sp. (x40) Figura 54: Fusarium solani. (x40)
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM MICOLOGIA

Figura 55: Tricomicose nodular axilar Figura 56: Demodecidose (lesão na orelha) Figura 57: Demodex brevis

Figura 58 Demodecidose nas costas Figura 59: Demodecidose na face Figura 60: Demodex folliculorum

Figura 61: Ovos de Sarcoptes scabiei Figura 62: Sarcoptes scabiei (x40) Figura 63: Pediculus humanus+ endotrix
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