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SUMÁRIO

1. Micoses da pele........................................................... 3
2. Ectoparasitoses.........................................................28
3. Dermatoviroses.........................................................36
Referências Bibliográficas .........................................46
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 3

1. MICOSES DA PELE Ptiriase


Ceratofitose versicolor
Introdução SUPERFICIAIS E Piedras
CUTÂNEAS Dermatofitose Tineas
As micoses de pele são infecções
causadas por fungos, seres estes per- Candidose Candidíase
tencentes ao reino fungi. Se caracte-
Esporotricose
rizam por serem eucariontes, ou seja,
possuem núcleo organizado, com Cromomicose
SUBCUTÂNEAS
uma membrana nuclear que o separa Lobomicose
do citosol, e por sua membrana celu-
Micetoma
lar que possui quitina. Os fungos pos-
suem duas formas de apresentação: Paracoccidiodomicose

• Leveduriformes PROFUNDAS Histoplasmose

Fungos unicelulares, que se repro- Criptococose


duzem por brotamento e causam
as micoses profundas.
SE LIGA! Neste material, você vai
• Filamentosos aprender sobre as micoses superficiais,
cutâneas e subcutâneas. Você poderá
Hifas multicelulares, que se repro- aprender sobre as micoses profundas
duzem por meio de esporos e cau- no nosso curso de Infectologia!
sam as micoses superficiais. Este
tipo de fungo está espalhado pelo
ambiente, como: cogumelo, shi- Micoses superficiais e cutâneas
take, shimeji, bolor. Pitiríase versicolor
Também conhecida como “pano
Os diferentes tipos de fungo acome- branco”, a pitiríase versicolor é causa-
tem a pele em diferentes profundi- da pelo Malassezia furfur, um fungo
dades, causando doenças específi- que produz ácido azelaico. Este, por
cas. Dessa forma, as micoses podem sua vez, é responsável por inibir a
ser classificadas entre: superficiais formação de melanina na pele, o que
e cutâneas, subcutâneas e profun- gera as lesões características da pi-
das. Observe a classificação de cada tiríase versicolor: máculas de diversas
micose: colorações, principalmente branca,
mas podendo ter tons diferentes de
rosa (figura 1).
Clinicamente, observa-se que es-
tas máculas brancas ou rosadas são
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 4

confluentes, prevalecem em regiões • O exame micológico direto com hi-


sebáceas (dorso, região esternal) e dróxido de potássio (KOH) a 5%,
possuem descamação furfurácea ao em que é realizada a raspagem da
teste de Zileri ( descamação mais lesão, o material é colocado na lâ-
evidente ao realizar o estiramento da mina, pinga-se a solução de KOH
pele lesional). e, no mesmo momento, já se ob-
O diagnóstico é clínico, mas para con- serva a lâmina.
firmação pode ser utilizado também:
• A lâmpada de Wood, com a
qual a lesão adquire coloração
amarelo-prateada;

SAIBA MAIS!
A lâmpada de Wood, apesar de pouco usada atualmente, possui baixo custo e fornece gran-
de auxílio ao diagnóstico de diversas lesões dermatológicas, entre elas: infecções fúngicas,
bacterianas, distúrbios de pigmentação e porfiria. Fundamenta-se na visualização da fluo-
rescência emitida pela pele quando iluminada por uma luz com baixo comprimento de onda
(entre 340 e 400 nanômetros). Dessa forma, cada tipo de lesão emitirá fluorescência espe-
cífica, o que se traduz em diferentes colorações para diferentes dermatoses. A fluorescência
amarelo-prateada emitida pela lesão da pitiríase versicolor se deve ao fato de a Malassezia
furfur produzir metabólitos fluorescentes como o pityrialactone.

SAIBA MAIS!
No exame micológico direto de lesões cau-
sadas pela Malassezia, observa-se a pre-
sença de blastoconídios em cachos e hifas
septadas curtas e curvas.
Presença de hifas curtas e curvas e
blastoconídios em cacho (400x)
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 5

Entretanto, geralmente, não é comum a 1%), ambos de mesma posologia.


o uso desses métodos diagnósticos. Mas quando a lesão é mais difusa ou
O tratamento consiste em antifúngi- o paciente é imunocomprometido, é
cos tópicos, como o ciclopirox olami- mais recomendado o uso de antifún-
na (spray ou creme a 1%), 2 aplica- gicos sistêmicos, como o itraconazol
ções por dia, por 14 a 28 dias. Como (100 mg/comprimido), 2 comprimidos
alternativas, há ainda o fenticonazol via oral, por 5 a 7 dias.
(spray a 2%) e a terbinafina (spray

Figura 1. Máculas brancas (à esquerda) e rosadas (à direita) características de pitiríase versicolor.


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 6

MAPA MENTAL - PITIRÍASE VERSICOLOR

Máculas hipocrômicas, brancas Malassezia furfur


ou rosadas, com descamação
furfurácea ao teste de Zileri

Etiologia

Manifestação clínica PITIRÍASE


Diagnóstico
VERSICOLOR

Clínico

Tratamento Micológico direto


com KOH a 5%

Antifúngicos tópicos Antifúngicos sistêmicos Lâmpada de Wood

Quando as lesões A lesão adquire brilho


são muito difusas rosa dourado
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 7

Piedras negra e branca pelo Tichosporum beigeli. Clinica-


mente, se expressam como uma pe-
A piedra negra, muito comum na
dra negra ou branca, respectivamen-
Amazônia, é provocada pela Piedraia
te, aderida ao fio do cabelo (figura 2).
hortai, já a piedra branca é causada

Figura 2. Piedra negra (à esquerda) e piedra branca (à direita).

Entretanto, enquanto a piedra negra lêndea fica lateralmente ao fio e é fa-


acomete apenas região de couro ca- cilmente removível.
beludo e barba, a piedra branca atinge O tratamento consiste no corte de ca-
couro cabeludo, barba, região genital belo, associado ao uso de antifúngico
e axilas. Ademais, um dos diagnósti- tópico, como o cetoconazol (sham-
cos diferenciais da piedra branca são poo a 2%). Este deve ser aplicado
os casos de pediculose, mais especi- sobre as hastes, promovendo espu-
ficamente os ovos da fêmea fecunda- ma abundante e o enxague só deve
da do Pediculus capitis, as lêndeas, ser realizado 10 minutos depois. Este
diferenciando-se pelo fato de a pri- procedimento deve ser repetido 3 ve-
meira ficar aderida e envolver toda zes por semana, por 2 a 4 semanas.
a circunferência do fio, enquanto a
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 8

MAPA MENTAL - PIEDRAS NEGRA E BRANCA

Pedra negra e branca, Piedraia hortai Tichosporum beigeli


respectivamente, aderida (piedra negra) (piedra branca)
ao fio do cabelo

Etiologia

Visualização
PIEDRAS das piedras
Manifestação clínica aderidas ao cabelo
NEGRA E Diagnóstico
BRANCA

Barba e couro cabeludo Clínico

Tratamento Diagnóstico diferencial


da piedra branca

Antifúngicos tópicos Corte de cabelo


Lêndeas

Barba, couro cabeludo,


axilas e região genital
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Dermatofitoses • Tinea microspórica (figura 3) -


quando o agente é o Microsporum,
As dermatofitoses, também conheci-
que causa área de alopecia única e
das como tineas, acometem a cama-
grande;
da externa da pele, cabelos e unhas.
A transmissão pode ser por contato • Outra forma de microspórica, a
direto ou indireto e o diagnóstico cos- Kerium (figura 4), gera uma placa
tuma ser feito pela associação entre: infiltrada, com algumas pústulas e
características clínicas, lâmpada de bastante dolorosa;
Wood (que confere a cor esverdeada
• Tricofítica (figura 5) – causada pelo
à lesão) e micológico direto com KOH
Trichophyton e caracterizada por
a 10%.
pequenas, mas múltiplas áreas de
Com o KOH é possível diferenciar os alopecia;
três agentes causadores da tinea, a
partir do formato do conidióforo (es- • Favosa (figura 6) – apresenta cros-
trutura que libera esporos): tas com formato de cratera, com
uma depressão central. Nesse
• Microsporum sp. caso, se o tratamento for tardio a
• Trichophyton sp. alopecia pode ser definitiva.

• Epidermophyton sp.

As tineas recebem denominações


diferentes a depender da região do
corpo afetada. Entenda cada tipo a
seguir:

Tinea capitis
Essa é a tinea que acomete o couro
Figura 3. Tinea microspórica
cabeludo, levando a áreas de alope-
cia focal. Diferentemente do líquen
plano, após a infecção fúngica a área
é repilada.
Atingindo principalmente crianças, a
tinea capitis pode se apresentar de
diferentes formas:
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 10

Figura 4. Tinea microspórica “Kerium” Figura 5. Tinea tricofítica

Figura 6. Tinea favosa

O tratamento consiste em antifúngi- tricofítica: 10 a 20 mg/Kg/dia (máximo


cos sistêmicos, como a griseofulvi- de 500 mg/dia), via oral, por 4 a 8 se-
na (para tínea microspórica: 20 a 25 manas) ou a terbinafina (125 a 250
mg/kg/dia (máximo de 500 mg/dia), mg/dia, via oral, por 2 a 6 semanas).
via oral por 12 semanas; para tínea
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 11

MAPA MENTAL - TINEA CAPITIS

Acomete o couro cabeludo,


Microsporum sp. Trichophyton sp.
levando a áreas de alopecia focal

Etiologia

Tinea microspórica
Manifestação clínica TINEA
Diagnóstico
CAPITIS

Clínico

Tinea Kerium Tratamento


Visualização das
áreas de alopecia

Antifúngicos
sistêmicos, como a
griseofulvina ou a
terbinafina
Tinea tricofítica

Tinea favosa
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 12

Tinea corporis Tinea cruris


Conhecida popularmente como “im- É também muito pruriginosa e apre-
pingem”, essa tinea atinge o corpo e senta lesões semelhantes à tinea
apresenta-se clinicamente como uma corporis, porém se desenvolvem na
lesão de formato anular, eritematosa, região inguinocrural (figura 8). Um
descamativa, com vesículas e bas- diagnóstico diferencial importante a
tante pruriginosa (figura 7). ser feito nesse caso é com a candi-
díase. Na candidíase, as lesões são
mais eritematosas e costumam ter le-
sões satélites nas bordas e acometer
a bolsa escrotal.
Tanto para a corporis, quanto para
a cruris, o tratamento deve ser reali-
zado com antifúngico tópico, como a
terbinafina (creme a 1%, realizando
2 aplicações por dia, por 28 dias) ou,
se as lesões forem mais dissemina-
das), antifúngico sistêmico como a
terbinafina (comprimido, 250 mg/dia,
via oral, por 28 dias).

Figura 7. Tinea corporis

Figura 8. Tinea cruris


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 13

MAPA MENTAL - TINEAS CORPORIS E CRURIS

Lesão de formato anular, Microsporum sp. Trichophyton sp. Epidermophyton sp.


eritematosa, descamativa, com
vesículas e bastante pruriginosa

Etiologia

Visualização
das lesões
TINEAS características +
Manifestação clínica CORPORIS E Diagnóstico prurido
CRURIS

Clínico
Tinea corporis (corpo)
Tratamento Diagnóstico diferencial
da tinea cruris

Antifúngicos sistêmicos
Antifúngicos tópicos (se lesões forem Candidíase: lesões
disseminadas) satélites e que
atingem o escroto

Tinea cruris (região


inguinocrural)
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 14

Tinea pedis bactérias, o que pode culminar em


A tinea pode atingir a planta do pé ou erisipelas
região interdigital, levando à mace- O tratamento deve ser feito com anti-
ração e a fissuras, o que é conheci- fúngicos imidazólicos tópicos, como o
do popularmente como “pé de atleta isoconazol creme a 1%, com 2 apli-
ou frieira” (figura 9). Estas fissuras cações por dia, por 2 a 4 semanas.
servem de porta de entrada para

Figura 9. Maceração e fissuras interdigitais causadas pela tinea pedis


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 15

MAPA MENTAL - TINEA PEDIS

Atinge a planta do pé ou a Epidermophyton sp.


Microsporum sp. Trichophyton sp.
região interdigital, levando à
maceração e a fissuras

Etiologia

Manifestação clínica TINEA PEDIS Diagnóstico

Clínico

Tratamento
Visualização
das lesões
características +
Antifúngicos prurido
imidazólicos tópicos
por 4 semanas
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 16

Tinea ungueum (esmaltes) e sistêmicos por cerca de


Denominada também de onicomi- 4 meses. Assim, pode ser prescrito
cose, a tinea ungueum é responsável o ciclopirox olamina (esmalte a 8%)
por deixar as unhas grossas, opacas com aplicação nas unhas entre 1 e 3
e amareladas (figura 10), por atingir vezes por semana, associado à terbi-
a sua lâmina ungueal. O tratamento nafina (comprimido), 250mg/dia, via
adequado deve ser realizado com a oral.
associação entre antifúngicos tópicos

Figura 10. Tinea ungueum (onicomicose)


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 17

MAPA MENTAL - TINEA UNGUEUM

Atinge a lâmina ungueal, Epidermophyton sp.


Microsporum sp. Trichophyton sp.
deixando as unhas grossas,
opacas e amareladas

Etiologia

Manifestação clínica TINEA


Diagnóstico
UNGUEUM

Clínico

Tratamento
Visualização das
lesões

Associação entre
antifúngicos tópicos
(esmaltes) e sistêmicos
por cerca de 4 meses
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 18

Candidíase • Forma oral - placa esbranquiçada,


A candidíase, em 80% dos casos, é facilmente removível com espátula
causada pelo Candida albicans, que (figura 11);
é um fungo comensal causador infec- • Forma intertriginosa – lesão erite-
ção oportunista, ou seja, ocorre quan- matosa cercada por lesões satélites
do há fatores predisponentes: quebra nas bordas (figura 12), acometendo
de barreira ou imunossupressão (HIV, região axilar, inframamária ou ingui-
diabetes, extremos de idade). nal. É esta forma que faz o diagnós-
Pode apresentar-se clinicamente de tico diferencial com a tinea cruris;
diferentes formas: • Forma genital – caracterizada pelo
prurido intenso e corrimento es-
branquiçado com grumos.

Figura 11. Candidíase oral Figura 12. Candidíase intertriginosa.

O diagnóstico consiste na avaliação Como opção de antifúngico tópico há


da clínica e no exame micológico di- o isoconazol (creme a 1%), com 2
reto com KOH. O tratamento da can- aplicações diárias, por 14 a 28 dias, e
didíase intertriginosa pode ser feito como antifúngico sistêmico pode ser
com antifúngico tópico ou sistêmico, prescrito o fluconazol (comprimido),
a depender da extensão das lesões. 100 mg/dia, via oral, por 7 a 14 dias.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 19

CANDIDÍASE

Forma oral: placa Candida albicans


esbranquiçada; (80%)
Forma intertriginosa: lesão
eritematosa cercada por lesões
satélites nas bordas, acometendo
regiões de dobras Etiologia

Clínico

Manifestação clínica CANDIDÍASE Diagnóstico

Micológico direto
com KOH a 5%
Tratamento Fatores predisponentes

Antifúngicos tópicos Quebra de barreiras

Antifúngicos sistêmicos Imunossupressão

Quando as lesões
são muito difusas
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 20

Micoses subcutâneas Forma cutaneolinfática (80%)


Esporotricose Com a arranhadura ou mordedura, o
fungo cai na corrente linfática e segue
Causada pelo Sporotrix scheckii, a seu trajeto, causando a linfangite em
transmissão da esporotricose costu- rosário. Clinicamente, essa linfangi-
ma ser provocada por arranhadura ou te se expressa com gomas (nódulos
mordedura de gato e pode se apre- com ulceração central e que podem
sentar sob as seguintes formas: ter fistulização de algum material)
distribuídas ao longo do trajeto linfá-
tico (figura 13).

Figura 13. Gomas seguindo trajeto linfático (linfangite em rosário)

Forma extracutânea (20%) O diagnóstico se dá por meio do exa-


Contato ocorre por aspiração ou in- me micológico direto (onde são vi-
gestão do fungo, cai na corrente san- sualizados esporos em formato de
guínea e se dissemina para órgãos charuto ou redondos), da cultura e
como os ossos, músculos ou pul- da biopsia (onde visualiza-se corpos
mões. Sendo assim, os sintomas va- asteroides – anticorpos ao redor dos
riam de acordo com a região afetada. fungos). O tratamento adequado é
Se afetar os ossos e as articulações, feito através de antifúngico sistêmico,
os sintomas são similares ao de uma como o itraconazol, 100 a 200 mg/
artrite infecciosa. Já quando atinge os dia, via oral, por 3 a 6 meses.
pulmões, os sintomas se aproximam
daqueles típicos da tuberculose.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 21

MAPA MENTAL - ESPOROTRICOSE

Forma cutaneolinfática: Arranhadura ou


Sporotrix scheckii
linfangite em rosário mordedura de gato
(gomas distribuídas ao longo
do trajeto linfático)

Etiologia

Visualização de
esporos em formato
de charuto ou
ESPORO- redondos
Manifestação clínica Diagnóstico
TRICOSE

Micológico direto
com KOH a 5 %
Forma extracutânea:
disseminação para os ossos Tratamento
Cultura

Antifúngicos sistêmicos
Biópsia

Visualização de
corpos asteroides –
anticorpos ao redor
dos fungos
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 22

Cromoblastomicose diagnóstico se faz através do exame


O Brasil é recordista mundial em nú- micológico direto (no qual se obser-
mero de casos de cromoblastomicose vam os corpos moriformes – células
ou cromomicose. O trauma direto cul- em formato de amora), associado à
mina na inoculação do Fonsecae pe- cultura e à biopsia.
droso, agente etiológico que produz O tratamento consiste na administra-
pigmento acastanhado. ção de antifúngicos sistêmicos, como
Este pigmento é responsável pelas o itraconazol, 200 a 400 mg/dia, via
placas verrucosas com black dots oral, por 6 a 12 meses, e cirurgia (se
(pontos pretos onde estão os fun- necessária, para retirada das lesões
gos) que são a principal manifesta- verrucosas).
ção clínica da doença (figura 14). O

Figura 14 . Placas verrucosas com black dots. Fonte: Portal Doctor Fungus
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 23

CROMOBLASTOMICOSE

Inoculação
Placas verrucosas com Fonsecae pedroso
traumática direta
black dots (pontos pretos
onde se alojam os fungos)

Etiologia

CROMOBLAS-
Manifestação clínica Diagnóstico
TOMICOSE

Cultura

Tratamento
Biópsia

Cirurgia (se Micológico direto


Antifúngicos necessária, para com KOH a 5 %
sistêmicos retirada das lesões
verrucosas).

Visualização de corpos
moriformes – células
em formato de amora
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 24

Lobomicose lobos auriculares e as extremidades.


O Brasil, principalmente a Amazônia, O diagnóstico é feito através do exa-
é recordista em número de casos. O me micológico direto (visualiza-se
agente responsável por esta infecção fungos com dupla parede, de tama-
é o Loboa loboi, que também apre- nho semelhante e que formam ca-
senta inoculação traumática direta. deias) e da biópsia. O tratamento
consiste na retirada cirúrgica dos nó-
Clinicamente se expressa como múl- dulos queloidianos.
tiplos nódulos queloidianos (figura
15), acometendo principalmente os

Figura 15. Nódulos queloidianos característicos de lobomicose


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 25

MAPA MENTAL - LOBOMICOSE

Múltiplos nódulos queloidianos, Inoculação traumática


Loboa loboi
acometendo principalmente direta
os lobos auriculares e as
extremidades

Etiologia

Manifestação clínica LOBOMICOSE Diagnóstico

Biópsia

Tratamento Micológico direto


com KOH a 5 %

Cirurgia para
retirada dos nódulos
Visualização de fungos
queloidianos
com dupla parede, de
tamanho semelhante e
que formam cadeias
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 26

Micetoma • Aumento do volume;


O micetoma é bastante prevalente • Fístulas;
em regiões tropicais e subtropicais e
sua inoculação também é traumática • Eliminação de grãos (colônias que
direta. É comum em etilistas crônicos, serão eliminadas). Se estes grãos
desnutridos e que lesionam bastante forem:
os pés. ◊ Brancos ou amarelados – tra-
A lesões podem afetar até os ossos, ta-se provavelmente de uma
mas são pouco dolorosas. Por isso, infecção bacteriana;
em geral, os pacientes levam tempo ◊ Vermelhos ou pretos – trata-
para procurar assistência médica. -se provavelmente de uma in-
Clinicamente é possível observar uma fecção fúngica.
tríade (figura 16):

Figura 16. Lesão característica do micetoma: aumento de volume e fístulas, por onde são eliminados grãos.

O tratamento depende da etiologia dividido em 12/12 horas, por 6 a 12


do micetoma. Se for bacteriana, de- meses). Se for fúngica, antifúngico
ve-se prescrever antibiótico sistêmi- sistêmico (itraconazol, 200 mg, via
co (sulfametoxazol + trimetoprima, oral, de 12 em 12 horas, por 6 meses).
510 mg/Kg de trimetoprima, via oral,
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 27

MAPA MENTAL - MICETOMA

Aumento do volume e presença Inoculação traumática


Bacteriana ou fúngica
de fístulas, por onde saem direta
grãos

Etiologia

Manifestação clínica MICETOMA Diagnóstico

Grãos brancos Grãos vermelhos


ou amarelos ou pretos
Clínico

Bacteriana Fúngica Tratamento


Visualização das
lesões características
e da coloração dos
Bacteriana: Fúngica: grãos
antibiótico sistêmico antifúngico sistêmico
por 6-12 meses por 6 meses
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 28

2. ECTOPARASITOSES O Pediculus corporis é uma espécie


análoga que causa a doença no cor-
Doenças causadas por artrópodes
po, mas hoje é rara, sendo mais restri-
(animais de patas articuladas), como:
ta às populações de rua. Transmite o
moscas, piolhos, sarnas, carrapatos,
tifo epidêmico, por meio de uma bac-
pulgas, ácaros, entre outros. Tratare-
téria que ele carreia.
mos aqui das seguintes ectoparasito-
ses: pediculose, escabiose, tunguíase Clinicamente, a criança apresenta
e miíase. prurido intenso no couro cabeludo e,
em casos mais graves, pode ter ane-
mia ferropriva, já que o piolho é he-
Pediculose matófago. O diagnóstico se dá por
A pediculose acomete 5 a 10% da po- meio da visualização das lêndeas
pulação, principalmente as crianças. e dos piolhos (figura 17), que ficam
A transmissão ocorre através da fê- preferencialmente na região occipital.
mea fecundada do Pediculus capitis O tratamento é baseado no uso de
(piolho), por contato interpessoal ou shampoo de permetrina ou teoteme-
por fômites (pente, boné, presilhas). trina a 1%, aplicando no couro cabe-
Ela coloca 10 ovos por dia (lêndeas) ludo e enxaguando após 10 minutos.
que eclodem 7 dias depois. Este procedimento deve ser repetido
entre 3 e 5 vezes por semana. Outra
opção é a ivermectina (via oral, 200
SE LIGA! Lembre-se que o diagnóstico
diferencial da lêndea é a piedra branca. microgramas/Kg, dose única) com re-
petição da dose em 7 dias, uma vez
que o medicamento combate apenas
as formas adultas.

Figura 17. Piolhos e lêndeas.


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 29

MAPA MENTAL - PEDICULOSE

Pediculus capitis

Etiologia

Prurido intenso no
couro cabeludo e, em casos
Manifestação clínica PEDICULOSE Diagnóstico
mais graves, pode haver
anemia ferropriva

Clínico

Tratamento
Visualização das
lêndeas e dos piolhos
Shampoo de
permetrina ou Ivermectina via oral
teotemetrina

Repetir dose 7
dias depois
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 30

Escabiose Existe uma forma especial de apre-


sentação, a escabiose crostosa
Acomete principalmente adultos de
(também conhecida como sarna no-
baixa renda, que vivem em aglomera-
rueguesa), que acomete pacientes
ções. Geralmente os familiares tam-
imunossuprimidos (diabéticos, HIV),
bém são acometidos. A transmissão
causando eritema e descamação (fi-
ocorre por meio da fêmea fecundada
gura 19).
do Sarcoptes scabiei, que penetra a
camada córnea da pele, na qual vai O diagnóstico é essencialmente clí-
escavando e liberando os seus ovos. nico, mas pode ser feito o microscó-
pico direto com KOH (visualização
O contágio, em geral, ocorre somen-
do agente). O tratamento inclui tratar
te por contato interpessoal, porque
todas as pessoas da casa com iver-
o Sarcoptes scabiei sobrevive pou-
mectina e passar as roupas com fer-
cas horas fora da pele. Clinicamente,
ro quente todos os dias durante esta
o paciente apresenta prurido, mais
etapa. A administração pode ser tópi-
intenso a noite e nos locais quentes
ca com permetrina (creme ou loção a
(entre os dedos, genitália, axilas, glú-
5%, aplicar no corpo inteiro por 3 noi-
teos e punhos).
tes seguidas e repetir com 7 dias) ou
A lesão característica é o túnel es- oral com ivermectina (200 mcg/Kg,
cabiótico (figura 18), eritematoso e dose única, repetir em 7 dias) e an-
contendo, na sua extremidade, uma ti-histamínico (hidroxizina, 1 compri-
pápula ou uma pústula (eminência mido de 25 mg, via oral, de 8/8 horas).
acarina), onde se aloja o parasita.

Figura 18. Túnel escabiótico característico da escabiose Figura 19. Sarna norueguesa (escabiose crostosa)
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 31

MAPA MENTAL - ESCABIOSE

Lesão com túnel escabiótico, Sarcoptes scabiei


eritematoso e contendo, na
sua extremidade, uma pápula
ou uma pústula (eminência
acarina), onde se aloja o
parasita Etiologia

Clínico

Manifestação clínica
ESCABIOSE Diagnóstico

Microscópico
direto com KOH
Tratamento

Loção tópica de
Ivermectina via oral Anti-histamínico
permetrina

Escabiose crostosa
(sarna norueguesa): acomete Repetir dose
pacientes imunossuprimidos 7 dias depois
(diabéticos, HIV), causando
eritema e descamação
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 32

Tunguíase 100), formando o que se chama de


neosoma (figura 20).
A tunguíase, conhecida popularmen-
te como “bicho de pé”, é causada pela Clinicamente, o neosoma é visualiza-
Tunga penetrans, que entra na pele, do como uma pápula amarelada com
deixa sua parte posterior para fora, ponto escuro central (figura 21) e
enquanto sua parte anterior, no inte- bastante pruriginosa, principalmente
rior da pele, acumula ovos (em média na região plantar dos pés.

Figura 20. Formação do neosoma Figura 21. Pápula amarelada com ponto central escuro,
característica da tunguíase

O tratamento é baseado na enucle- deve-se prescrever tiabendazol 50


ação com agulha e extração manual. mg/Kg/dia, via oral, 1 a 2 vezes por
Se for em quantidade muito grande, dia, por 3 a 5 dias.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 33

MAPA MENTAL - TUNGUÍASE

Pápula amarelada com ponto


Tunga penetrans
escuro central e bastante
pruriginosa, principalmente na
região plantar dos pés.

Etiologia

Manifestação clínica TUNGUÍASE Diagnóstico

Clínico

Tratamento

Enucleação com
Tiabendazol sistêmico
agulha e extração
por 3 a 5 dias
manual

Se quantidade for
muito grande
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 34

Miíase • Forma primária (berne)


Doença causada pelas larvas da Nesta forma, as larvas penetram
mosca varejeira. Esta ou outro inseto a pele sã, principalmente de cou-
voador (contaminado por ela) trans- ro cabeludo, face ou membros su-
ferem os ovos para a pele humana, periores, provocando uma pápula
que eclodem e dão origem às larvas, pruriginosa e dolorosa com orifício
capazes de digerir o tecido humano. central que libera secreção sero-
A miíase pode se apresentar de duas sanguinolenta (figura 22), e vez ou
formas: outra a larva ascende.

SAIBA MAIS!
O tratamento forma primária da miíase baseia-se na asfixia provocada da larva (coloca-se um
esparadrapo sobre a pápula e a larva fica presa ao tentar sair) ou atraindo-a com bacon (pelo
cheiro) e retirando-a com uma pinça.

• Obrigatória
Larvas se alimentam também do
tecido são, então elas se localizam
além das bordas da ferida.

Figura 22. Pápula com orifício central, através do qual é


liberada secreção serosanguinolenta (miíase primária)

• Forma secundária (bicheira)


Figura 23. Miíase secundária (bicheira)
Larvas são depositadas em feridas
abertas ou em cavidades (figura
23). Pode ser: O tratamento consiste em matar as
lavas (em geral, com éter), retirar as
• Facultativa: mais comum
mesmas e fazer o debridamento da
Larvas se alimentam apenas de te- ferida, cobrindo-a com curativo ade-
cido necrótico; quado posteriormente.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 35

MAPA MENTAL - MIÍASE

Forma primária: pápula Larvas da mosca


pruriginosa e dolorosa com varejeira
orifício central que libera
secreção serosanguinolenta, e
vez ou outra a larva ascende
Etiologia

Manifestação clínica MIÍASE Diagnóstico

Clínico

Tratamento

Forma secundária:
Forma primária: matar as larvas (éter),
asfixia provocada e retirar as mesmas e
retirada da larva fazer o debridamento
da ferida
Forma secundária: larvas são
depositadas em feridas abertas
ou em cavidades
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 36

3. DERMATOVIROSES como uma gengivoestomatite, prin-


cipalmente em crianças, que podem
Herpes simples
ter pródromos sistêmicos: prostração,
O herpes simples é causado pelos vírus febre, linfadenopatia.
HSV-1 e HSV-2, sendo a transmissão A gengivoestomatite (figura 25) se ca-
por contato interpessoal. Clinicamente racteriza por lesões exuberantes, que
se manifesta como vesículas agrupa- podem ser até crostosas em lábios,
das sobre base eritematosa (figura 24) gengivas, mucosa jugal, palato e farin-
e bastante dolorosas, que podem aco- ge, perdurando por cerca de 2 semanas.
meter qualquer parte do corpo.
De forma geral, a primoinfecção apre-
senta sintomas mais exuberantes,
o vírus se torna latente nos gânglios
nervosos e quando há uma reativa-
ção, as lesões retornam, dessa vez
mais brandas.

Figura 25. Gengivoestomatite característica da pri-


moinfecção por herpes simples

Já na reativação, se manifesta como


herpes orolabial (figura 26), que é
mais em adultos. O pródromos são
locais: queimação, aumento de sen-
sibilidade, formigamento na região e
as lesões consistem em vesículas que
duram cerca de 5 dias.

Figura 24. Vesículas agrupadas em base eritematosa,


características de herpes simples

HSV- 1:
Acomete principalmente região de
face e tronco, mas não exclusiva-
mente. A primoinfecção se manifesta Figura 26. Herpes orolabial
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 37

HSV-2:
Acomete a região genital (mas não
exclusivamente esta área), causan-
do a herpes genital (figura 27), que é
transmitida por contato sexual. O seu
período de incubação é de 3 a 14 dias.
Além das vesículas em base eritema-
tosa, outros sintomas, como disúria e
corrimento, podem estar associados.

Figura 28. Herpes neonatal.

O diagnóstico do herpes simples (tan-


to orolabial, quanto genital) é essen-
cialmente clínico, mas pode ser feito o
exame citológico de Tzanck, no qual
visualiza-se células multinucleadas.
Para ter eficácia, o tratamento deve
Figura 27. Herpes genital. ser realizado na fase prodrômica, uma
vez que seu objetivo é reduzir a dura-
ção dos sintomas e o tempo de elimi-
Recém-nascidos também podem ser nação viral (período de transmissão).
afetados (figura 28) com lesões em cou-
Ademais, o tratamento tópico não tem
ro cabeludo e região glútea, principal-
evidência de eficácia. Sendo adequa-
mente. A transmissão se dá através da
do o uso sistêmico (oral) de aciclovir,
passagem pelo canal de parto, quando
400 mg, de 8 em 8 horas por 5 dias.
a mãe tem lesão ativa de herpes genital.

SAIBA MAIS!
A citologia de Tzanck tem entrado em desuso, porém tem grande importância no diagnóstico
de algumas dermatoses, abrangendo desde virais, parasitárias, autoimunes até tumorais.
Consiste na microscopia, com coloração histoquímica de Giemsa, do raspado da lesão. No
caso do herpes simples, visualiza-se células epiteliais gigantes multinucleadas com inclu-
sões intranucleares.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 38

MAPA MENTAL - HERPES SIMPLES

Vesículas agrupadas HSV- 1 HSV- 2


sobre base eritematosa e
bastante dolorosas

Etiologia

HERPES
Manifestação clínica Diagnóstico
SIMPLES

Neonatal Clínico

Tratamento Exame citológico


Genital de Tzanck

Aciclovir, 400 mg, de 8


Orolabial em 8 horas por 5 dias Visualização de células
multinucleadas
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 39

Herpes zoster por aparecimento de vesículas, que


respeitam trajeto de dermátomo uni-
O herpes zoster é causado pelo Vírus
lateral (figura 29). Estas lesões duram
Varicela Zoster (VVZ), que acomete
de 2 a 4 semanas. A principal compli-
principalmente idosos e imunossupri-
cação do herpes zoster é a neuralgia
midos. A primoinfecção é caracteriza-
pós-herpética.
da pela manifestação clínica da vari-
cela (catapora). Em alguns indivíduos, O diagnóstico é clínico, mas também
o vírus entra em latência e vai para os pode ser feito o citológico de Tzan-
gânglios nervosos, onde persiste du- ck. O tratamento deve ser realizado
rante toda a vida da pessoa. nas primeiras 72 horas. Depois desse
período não há evidências de eficácia.
Quando, por algum motivo, há um
O objetivo é reduzir sintomas e a neu-
estado de imunossupressão, ocorre
ralgia pós-herpética. Para isso, pres-
reativação do vírus, que volta para
creve-se aciclovir 800 mg, 5x ao dia
a pele e causa o herpes zoster. En-
por 10 dias, associado a corticoide.
quanto o vírus está se replicando no
Em caso de neuralgia pós-herpética,
gânglio, pode causar lesão neural,
é indicado o uso de carbamazepina
causando dor.
ou antidepressivos tricíclicos.
Clinicamente, há um pródromo de dor
em queimação e febre, que é seguido

Figura 29. Vesículas distribuídas na direção de dermátomo unilateral, características de varicela zoster.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 40

MAPA MENTAL - HERPES ZOSTER

Pródromo de dor em Varicela Zoster Vírus


queimação e febre, que é (VZV)
seguido por aparecimento de
vesículas, que respeitam trajeto
de dermátomo unilateral
Etiologia

Clínico

Manifestação clínica HERPES


Diagnóstico
ZOSTER

Exame citológico
de Tzanck
Tratamento

Carbamazepina
Aciclovir, 800 mg, de ou antidepressivos
5 vezes oor dia por 10 tricíclicos
dias + corticoide (para neuralgia
pós herpética)
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 41

Molusco contagioso A transmissão ocorre por contato in-


terpessoal e se manifesta através de
O molusco contagioso é causado pelo
pápulas umbilicadas eritematosas, de
Parapoxvírus e acomete principal-
base não-eritematosa (figura 30). O
mente crianças e adolescentes, pre-
diagnóstico é clínico e o tratamento
dominando em face, tronco e mem-
consiste na curetagem da lesão.
bros superiores.

Figura 30. Pápulas umbilicadas características do molusco contagioso


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 42

MAPA MENTAL - MOLUSCO CONTAGIOSO

Pápulas umbilicadas,
Parapoxvírus
eritematosas, em base
não eritematosa

Etiologia

MOLUSCO
Manifestação clínica Diagnóstico
CONTAGIOSO

Clínico

Tratamento

Curetagem das lesões


DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 43

HPV (papiloma vírus humano)


Verruga: HPV 1, 2, 3, 4 e 10
Estima-se que cerca de 10% dos
adolescentes tenham verrugas. A
transmissão das mesmas ocorrer por
autoinoculação, contato interpessoal
ou contato indireto em locais públicos.
Clinicamente, observa-se uma pápu-
la hiperqueratósica que pode se apre- Figura 33. Verruga filiforme
sentar de formas diferentes. Obser-
ve-as nas figuras 31, 32, 33 e 34:

Figura 34. Verruga plana

Figura 31. Verruga vulgar


O diagnóstico é clínico e o dermatos-
cópio auxilia bastante na identifica-
ção. O tratamento é tópico destrutivo
com: ácido salicílico, crioterapia, ele-
trocoagulação, laser de CO2 ou ácido
tricloroacético (ATA).
Especificamente na verruga plantar,
antes da aplicação de ácido nítrico fu-
megante, procede-se a raspagem da
lesão.
Figura 32. Verruga plantar
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 44

Condiloma acuminado (verruga transmissão. Clinicamente, manifes-


genital): HPV 6 e 11 ta-se com lesões verrucosas do tipo
couve-flor em região genital, perineal
Esta é a doença sexualmente trans-
e perianal (figura 35).
missível (DST) mais comum. Isso por-
que o preservativo não previne a sua

Figura 35. Condiloma acuminado. Fonte: Portal Atlas Cirúrgico

O diagnóstico pode ser dado com a condiloma com podofilina, ATA, crio-
avaliação clínica associada à aplica- terapia, eletrocoagulação. Quando
ção de ácido acético a 5%, que tor- a lesão não é tão exuberante, o pa-
na a lesão esbranquiçada. O trata- ciente pode trata-la em domicílio com
mento consiste na destruição local do Imiquimod.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 45

MAPA MENTAL - HPV

Verruga: pápula HPV – Papiloma


hiperqueratósica; vírus humano
Condiloma acuminado: lesões
verrucosas do tipo couve-flor
em região genital, perineal e
perianal Etiologia

Manifestação clínica HPV Diagnóstico

Clínico

Tratamento
Para condiloma
acuminado: ácido
acético a 5%
Verruga: tópico
com ácido salicílico, Condiloma
crioterapia, acuminado: podofilina,
eletrocoagulação, ATA, crioterapia, Lesão esbranquiçada
laser de CO2 ou ácido eletrocoagulação
tricloroacético (ATA)
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 46

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Bolognia, MD. Dermatologia. Elsevier, 4ª edição, 2018.
Walter Belda Junior, Nilton di Chiacchio, Paulo Ricardo Criado. Tratado de Dermatologia.
Atheneu, 3° edição. 2018.
Azulay, RD, Azulay DR. Dermatologia, Guanabara Koogan, 5° edição, atualizada e revisada
em 2011.
Sampaio, SAP, Rivitti, EA. Dermatologia. Artes Médicas, 3° edição. 2007.
Silmara, C. Dermatologia Pediatrica. Editora dos Editores. 2018.
Veasey, JV; Miguel, BAF; Bedrikow, RB. Lâmpada de Wood na dermatologia: aplicações na
prática diária. Diagnóstico por Imagem. Instituição Clínica de Dermatologia do Hospital da
Santa Casa de São Paulo – São Paulo, SP, 2017.
Oliveira, JC. Diagnóstico Micológico por Imagens – Guia para o Laboratório de Micologia Mé-
dica, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2014.
Goodman, A. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill,
2006.
Dale, MM. Farmacologia Condensada. 2. ed. Elsevier, 2010.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 47

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