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PORTUGUÊS

FRENTE: PORTUGUÊS II
EAD – ITA/IME
PROFESSOR(A): SOUSA NUNES

AULA 05

ASSUNTO: LITERATURA

Resumo Teórico

Romantismo I

Características
Características

ROMANTISMO
Início: publicação de Predomínio da emoção, do sentimento (subjetivismo); evasão ou escapismo (fuga à realidade). Nacionalismo,
Suspiros Poéticos, religiosidade, ilogismo, idealização da mulher, amor platônico. Liberdade de criação e despreocupação com a
de Gonçalves de forma; predomínio da metáfora.
Magalhães.

Primeira geração romântica: 1840/50 – indianista ou nacionalista. A temática era o índio, a pátria.
Destacou-se:
– Gonçalves Dias – Obras: Canção do Exílio e I-Juca-Pirama.

Segunda geração romântica: 1850/60 – byroniana, mal do século, individualista ou ultrarromântica. A temática
era a morte.
Destacou-se:
– Álvares de Azevedo – poeta da dúvida, tinha obsessão pela morte. Recebeu influência de Byron e Shakespeare.
Oscila entre a realidade e a fantasia. – Obra: Livro de contos Noite na taverna.
CONTEXTO HISTÓRICO

• A Imprensa no Terceira geração romântica: 1860/70 – condoreira, social ou hugoana. A temática é a abolição e a República.
Brasil Destacaram-se:
• A crise do
Segundo Poesia:
Reinado – Castro Alves – poeta representante da burguesia liberal. – Obras: Espumas Flutuantes, O Navio Negreiro, Vozes
• A abolição da d’África.
escravidão
Prosa:
– José de Alencar (representante maior) – defensor do “falar brasileiro” / dá forma ao herói / amalgamando a sua vida
à natureza.
– Joaquim Manuel de Macedo – Obra: A Moreninha.
– Bernardo Guimarães – Obra: A escrava Isaura.
– Manuel Antônio de Almeida – Obra: Memórias de um sargento de milícias.

Modalidades do Romantismo: Romance de folhetim – Teixeira e Sousa, O filho do pescador.


Romance urbano – Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha.
Romance regionalista: Bernardo Guimarães, O ermitão de Muquém.
Romance indianista e histórico – José de Alencar, O Guarani.

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MÓDULO DE ESTUDO

Contexto histórico

São Paulo, Brasil


A Europa do século XIX assistiu a transformações radicais,
resultado da Revolução Industrial (que fez surgir uma nova classe, o
proletariado) e da Revolução Francesa, que, com seu ideal de Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, subverteu as relações sociais. A burguesia,
econômica e politicamente forte, impulsionou a livre concorrência e
foi responsável por uma sociedade materialista.
Independente desde 1822, o Brasil, no entanto, conservou
a mesma estrutura da sociedade colonial: patriarcal, assentada na
mão de obra e nos latifúndios. Da independência até a abdicação de
D. Pedro I, em 1831, o país viveu um período difícil. Cedo começaram
AMÉRICO, Pedro. Independência ou Morte [O Grito do Ipiranga] (1888). os problemas resultantes da personalidade autoritária de D. Pedro:
Óleo sobre tela, 415 × 760 cm. dissolução da Assembleia Constituinte por ordem do imperador;
O Romantismo, cuja palavra de ordem era liberdade, coincidiu outorga da primeira Constituição em 1824; Confederação do
com nossa independência política. Equador*; Guerra Cisplatina (e a criação da República Independente
do Uruguai). Nesse período, o Brasil pediu um empréstimo de dois
QUADRO COMPARATIVO
milhões de libras esterlinas à Inglaterra para pagar a indenização por
Arcadismo Romantismo nossa independência a Portugal. Todo esse quadro levou à abdicação
de D. Pedro I em favor de seu filho de apenas cinco anos, em 1831.
• razão • emoção * Liberais de Pernambuco não aceitam a Constituição outorgada,
que centraliza o poder nas mãos de D. Pedro I, e proclamam a
• convenções • liberdade de criação Confederação do Equador, que imitava o modelo federalista norte-
-americano. O movimento é sufocado e seus líderes, entre os quais
• universalismo • nacionalismo (indianismo) Frei Caneca, são executados.

• mitologia pagã • religiosidade cristã Seguiu-se o período da Regência, quando o Brasil foi sacudido
por algumas revoltas: Cabanagem (1834), Guerra dos Farrapos (1835),
• linguagem erudita • linguagem popular
Sabinada (1837), Balaiada (1838). Nesse quadro, surgiu, em 1836, o
ESQUEMA DO ROMANTISMO Romantismo brasileiro.

ASCENSÃO
REVOLUÇÃO
IMPLANTAÇÃO Manifestações artísticas
DA DEFINITIVA DO
FRANCESA
BURGUESIA CAPITALISMO Na Europa, o Romantismo representou uma revolução na
concepção de vida e de arte. Pregando a liberdade de criação, o
predomínio do sentimento, o individualismo, insurgiu-se contra os
• livre concorrência • liberalismo jurídico, filosófico, valores clássicos: o equilíbrio, a sobriedade, a imitação da Antiguidade,
• vitória do capital social
o racionalismo, as convenções. A fascinação do exótico e os temas
industrial • democratização da vida política
nacionalistas são uma tônica na pintura, mas a arquitetura e a escultura
continuam sendo neoclássicas.
• criação de escolas
Domínio Público

• alfabetização geral NOVO PÚBLICO


• desenvolvimento da imprensa LEITOR

ROMANTISMO (Arte da burguesia em ascensão)

• Individualismo e subjetivismo
• Sentimentalismo (paixão, tristeza, angústia etc.)
• Culto à natureza

histórico: medievalismo
• Valorização do passado
individual: infância

• Sonho, fantasia, imaginação, idealização


• Escapismo O sono da razão produz
desobediência às regras clássicas monstros, de Goya.
• Liberdade artística mistura de gêneros A música, marcada pelo individualismo, aproveitou as canções
surgimento do drama
afirmação do romance populares e refletiu preocupações coletivas relacionadas aos movimentos de
unificação, que marcaram o período. Beethoven, Lizt, Chopin, Schumann
e Schubert foram alguns dos expoentes desse período.
O Romantismo foi o primeiro movimento literário brasileiro No Brasil, a pintura e a arquitetura neoclássicas dominaram
da Era Nacional. Nosso país acabara de tornar-se politicamente o Romantismo. Debret retratou em seus quadros os costumes e
independente e reivindicava, agora, uma literatura autônoma que personagens da época. Vítor Meirelles, Almeida Júnior e Pedro Américo
refletisse nossa realidade. Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves voltaram-se para temas históricos e mitológicos.
de Magalhães, iniciou, em 1836, o Romantismo, que se encerrou em Na música, destacaram-se Carlos Gomes, que em 1860 tornara-se
1881. A estética romântica foi fértil em poesia e prosa e viu nascer o preparador de óperas na Imperial Academia de Música e Ópera
teatro nacional. Nacional, e Elias Álvares Lobo.

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Aquarelas brasileiras Principais características do estilo romântico:


• Sentimentalismo: a valorização das emoções e dos sentimentos
“Um pouco d’água, um pincel, tinta. Alguns traços coloridos leva ao subjetivismo e ao egocentrismo (o eu é o centro do universo);
numa folha de papel branco e eis que surge uma aquarela.” • Supervalorização do amor: o amor passou a ser o valor mais
importante em relação àquele cultivado pela burguesia: o dinheiro;

Domínio Público
• Mal do século: o desajustamento do poeta sentimental,
introvertido, em face da realidade gera uma sensação de angústia,
melancolia, insatisfação e tédio, que o leva a buscar saídas, refúgios
para seu mal;
• Evasão: a saída para o mal do século é a idealização, um mecanismo
de fuga da realidade que se dá por meio de:
– evasão no espaço: exaltação da natureza concebida como
extensão do eu do poeta: o cenário mimetiza os estados de
espírito da personagem;
– evasão no tempo: volta à infância, volta aos primórdios da
constituição da nação na busca de heróis nacionais (no Brasil,
essa busca concretizou-se no indianismo);
– idealização: da sociedade, do amor, da mulher;
– morte: a fuga mais radical e decisiva para todos os
conflitos.
Família do chefe Camacã, de Debret.
Formalmente, a ordem é liberdade: são usados o verso livre
Assim trabalhava o pintor Jean-Baptiste Debret – o maior (sem métrica nem estrofação) e o verso branco (sem rima) ao mesmo
cronista visual do Brasil na época da Independência. Debret também tempo que renascem as formas medievais de estrofação, dando-se
foi um dos integrantes da Missão Francesa que veio ao Brasil em 1816 preferência a metros breves, de cadência popular (as redondilhas
e muito contribuiu para revelar ao resto do mundo os usos e costumes maiores e menores), usados ao lado de decassílabos.
de um país de cores, odores e sons tão diversos quanto o nosso. No Brasil, o Romantismo inicia-se com Gonçalves de Magalhães,
em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades. Durante
Literatura seu período de vigência, desenvolveram-se a poesia, a prosa e o teatro.
O Romantismo teve suas origens no final do século XVIII, na
Alemanha e Inglaterra. Na Alemanha, o movimento pré-romântico As gerações românticas
Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), de acentuado caráter
nacionalista, desencadeou o Romantismo. Goethe, com o seu Werther, Primeira Geração (Nacionalista ou indianista): caracterizou-se,
romance que conta os sofrimentos amorosos de um jovem e seu sobretudo, pela criação do herói nacional, pelo lirismo amoroso
suicídio, foi responsável por uma onda europeia de emotividade e e pelo paisagismo. Os principais autores são: Gonçalves de
imitações. Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto-Alegre.
Na Inglaterra, Sir Walter Scott escreveu romances históricos, Segunda Geração (Byroniana ou do Mal do século): caracterizou-
uma tendência fundamental no Romantismo, e Lord Byron é a se pela obsessão à morte, sentimento de tédio, pessimismo,
expressão do ideal romântico: o poeta como libertador dos povos, individualismo, melancolia e morbidez. Os principais autores
pois, além de escrever poesia ultrarromântica, participou das lutas são: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e
pela independência da Grécia. Junqueira Freire.
Mas foi a França a responsável pela divulgação das novas Terceira Geração (Condoreira): seu emblema foi uma poesia de
ideias, influenciadas, em grande parte, pela teoria do bom selvagem caráter social – patriótica, antiescravagista, abolicionista. Seu mais
de Jean-Jacques Rousseau, segundo a qual o homem nasce bom, mas importante poeta foi Castro Alves.
a sociedade civilizada o corrompe.
O Romantismo coincide com a ascensão econômica e política A presença do nacional nos motivos e na linguagem foi a
da burguesia e expressa os sentimentos dos descontentes com as característica comum às três gerações românticas.
novas estruturas e relações sociais: de um lado, a nobreza que já não
desfruta dos mesmos privilégios e, de outro, a pequena burguesia que Poetas da Primeira geração romântica
ainda não ascendeu.

Esse movimento foi marcado por três fatos fundamentais: Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
• aparecimento de um novo público leitor, resultado de uma literatura
mais popular, expressa em uma linguagem mais acessível a leitores Embora sua poesia tenha pouco valor literário, o poeta foi
sem cultura clássica; importante porque introduziu o Romantismo no Brasil, em 1836,
• surgimento do romance como forma mais difundida e acessível de com Suspiros Poéticos e Saudades, poesia religiosa publicada
comunicação literária; em Paris. Mais tarde, em 1857, lançou uma epopeia indianista:
• consolidação do teatro, que ganha novo impulso e, abolindo a A Confederação dos Tamoios. Escreveu, também, a peça Antônio
rígida estrutura clássica, cria o drama. José ou O poeta e a Inquisição que, segundo o autor, era “a primeira
tragédia escrita por um brasileiro e única de assunto nacional”.

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Gonçalves Dias (1823-1864) sentimento da religião e da divindade, eis a Poesia – a Poesia grande
e santa – a Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como
Gonçalves Dias é o poeta

Domínio Púlbico
eu a sinto sem a poder traduzir”. E é isto o que efetivamente se
consolidador do Romantismo encontra em toda a lírica de Gonçalves Dias: uma funda nostalgia,
brasi l ei ro. D e sua ob ra l í ri c a e a mágoa dos amores contrariados pelo destino, o consolo que
indianista fazem parte: Primeiros tirava do espetáculo da natureza, do afeto dos amigos e da crença
cantos, Segundos cantos, Sextilhas de religiosa. Em tudo aquele sentimento de insatisfação, onde logo
Frei Antão, Últimos cantos e Os se identifica o famoso mal du siècle, por ele bem expresso mais
Timbiras, poema épico incompleto. tarde nestas quadras da poesia “Lira quebrada” dos Últimos cantos:
Nasceu Antônio Gonçalves
Dias (1823-64) em uma fazenda dos Uma febre, um ardor nunca apagado
arredores de Caxias (Maranhão), Um querer sem motivo, um tédio à vida
na qual se refugiara com a amante, Sem motivo também, – caprichos loucos,
brasileira de origem ainda não Anelo doutro mundo e doutras coisas;
Gonçalves Dias.
definitivamente apurada (índia pura
ou cafuza?), e o pai português, que ali buscara asilo contra as Desejar coisas vãs, viver de sonhos,
perseguições de nacionalistas exaltados. O primeiro infortúnio do poeta Correr após um bem logo esquecido,
foi separar-se da mãe aos seis anos, quando o pai a abandonou Sentir amor e só topar frieza,
para casar-se com outra mulher. Esta, aliás, sempre se mostrou Cismar venturas e encontrar só dores;
carinhosa com o enteado. Cresceu o menino em Caxias, revelando
viva inteligência nas aulas de primeiras letras e ao balcão da casa Os Primeiros cantos foram saudados por Alexandre
comercial do pai. Àquele tempo era comum verem-se em Caxias Herculano como “inspirações de um grande poeta”, e a opinião
índios mansos que vinham trocar com os habitantes arcos, flechas do mestre português resumia a impressão de toda a gente.
e potes de barro. “Menino”, escreve Lúcia Miguel-Pereira em sua Sobretudo a primeira parte do livro – “Poesias americanas” –
excelente Vida de Gonçalves Dias (1943), “há de ter brincado com lhe parecia exemplo da verdadeira poesia nacional do Brasil.
esses instrumentos indígenas, há de ter aprendido muita palavra “Quiséramos”, dizia ele, “que ocupassem maior espaço.
dos selvagens, que lhe eram familiares. Ouviria certamente falar Nos poetas transatlânticos há por via de regra demasiadas
em Tapuias, em Timbiras, em Tupis, em guerras de índios; saberia reminiscências da Europa. Esse Novo Mundo que deu tanta poesia
povoadas por eles as matas que avistava.” A frescura dessas primeiras a Saint-Pierre e Chateaubriand é assaz rico para inspirar e nutrir
impressões da infância persistirá na obra indigenista do futuro poeta. os poetas que crescerem à sombra das suas selvas primitivas.”
Em 1837, trouxe-o o pai para São Luís, a capital do Maranhão, a São cinco as “Poesias americanas” dos Primeiros
fim de embarcarem rumo à Europa. Gonçalves Dias ia completar cantos. A primeira é a “Canção do exílio”. Não há na poesia
os estudos secundários e seguir o curso de Direito na Universidade brasileira versos que tenham alcançado mais larga popularidade.
de Coimbra. Mas, falecendo o pai em São Luís, regressou o órfão “De uma simplicidade quase sublime”, disse deles Veríssimo. Poderia
acabrunhado a Caxias. Encontrou apoio na madrasta, que o mandou tê-lo dito sem o quase. Sublime significa alto, elevado: na“Canção
para Portugal. do exílio”, o sentimento da nostalgia da pátria está expresso com
Não poucas foram as dificuldades materiais que sofreu uma serenidade que faz pensar na paz e silêncio dos altos cimos, a
o estudante, porque nem sempre a madrasta, premida pelos mesma que se respira em “Wandrers Nachtlied Ein Gleiches”, de
embaraços de dinheiro, podia enviar-lhe regularmente a mesada. Goethe. Já notou um jovem crítico, Aurélio Buarque de Holanda, a
Houve momento em que o poeta pensou tornar de vez à pátria, e ausência de qualquer adjetivo qualificativo nessas quatro estâncias,
tê-lo-ia feito, se não acudissem companheiros de estudos, alguns cuja força emotiva repousa na deliciosa musicalidade em parte
seus conterrâneos, os quais se cotizaram para garantir-lhe o sustento, resultante do paralelismo, do encadeamento e das rimas de fonemas
nessa e em outras ocasiões de aperto. Em 45, terminou o curso e iniciais (primores, palmeiras) e na segura escolha das palavras-temas
voltou ao Brasil. (os substantivos “terra”, “sabiá”, “palmeiras”, e os advérbios “cá”
Os anos de permanência em Portugal tinham-lhe sido de grande e “lá”). Os outros quatro poemas são indianistas em dois deles –
proveito. Afora o curso universitário, estudou a língua e a literatura da “Canto do Piaga” e “O morro do Alecrim” – vibra nota indigenista
França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália; escreveu grande parte em defesa dos índios contra a usurpação dos brancos invasores.
das poesias dos Primeiros (1846), Segundos (1848), Últimos cantos No “Canto do Piaga”:
(1851), só mais tarde publicadas, o romance autobiográfico Memórias
de Agapito Goiaba, que ficou inédito e foi queimado pelo poeta, e Oh! quem foi das entranhas das águas,
os dramas Patkull e Beatriz Cenci. Era querido e admirado no grupo O marinho arcabouço arrancar?
dos românticos medievistas portugueses cuja influência sofreu, como Nossas terras demanda, fareja...
atestam várias de suas produções. Esse monstro... – o que vem cá buscar?
Pequena foi a sua demora na província natal. Em 1846, veio para
o Rio de Janeiro e nesse mesmo ano publicou os Primeiros cantos. Nada Não sabeis o que o monstro procura?
definirá melhor o seu conceito da poesia do que as próprias palavras no Não sabeis a que vem, o que quer?
prólogo: “Gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para Vem matar vossos bravos guerreiros,
ler em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o Vem roubar-vos a filha, a mulher!
pensamento que me vem de improviso, e as ideias que em mim desperta Vem trazer-vos crueza, impiedade –
a vista de uma paisagem ou do oceano – o aspecto enfim da natureza. Dons cruéis do cruel Anhangá;
Casar assim o pensamento com o sentimento, a ideia com a Vem quebrar-vos a maça valente,
paixão, colorir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com o Profanar Manitôs, Maracá.

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Vem trazer-vos algemas pesadas, O primeiro canto começa apresentando o herói do poema,
Com que a tribo Tupi vai gemer; Itajuba, chefe dos Timbiras. O cacique matou em luta singular o chefe
Hão-de os velhos servirem de escravos dos Gamelas, a tribo inimiga. Estes, não respeitando a palavra do
Mesmo o Piaga inda escravo há de ser! chefe, segundo a qual haveriam de seguir a Itajuba em caso de derrota,
preparam-se para atacar os Timbiras. Itajuba despacha Jurucei a propor
Fugireis procurando um asilo, paz e aliança aos Gamelas. Entrementes convoca os seus guerreiros.
Triste asilo por ínvio sertão; Nota-se a ausência de Jatir, contra quem se levantam murmurações.
Defende-o o pai. No segundo canto, meditam os guerreiros à noite às portas
Os dois últimos versos, que ainda hoje representam a condição das tabas. Sai o Piaga de sua caverna e entoa um canto a Tupã, pedindo
dos íncolas, reaparecem na forte imprecação do “Morro do Alecrim”: que sobre a tribo “os sonhos desçam como desce o orvalho”. Cala-se o
Piaga, todos adormecem. Mas Itajuba vela. Preocupa-o a ausência de Jatir.
Teus filhos valentes causavam terror, Pede a Croá que cante. Este faz o elogio de Coema, a falecida esposa de
Itajuba. Vela também Ogib, pai de Jatir, ao qual se chega o louco Piaíba,
Teus filhos enchiam as bordas do mar,
que entra a lastimar-se. O terceiro canto se inicia com uma bela descrição
As ondas coalhavam de estreitas igaras
do alvorecer nas selvas.
De frechas cobrindo os espaços do ar.
Lamenta o poeta a ruína dos povos americanos em versos que
terminam por esta apóstrofe:
Já hoje não caçam nas matas tão suas
A corça ligeira – o trombudo quati. América infeliz! – que bem sabia,
A morte pousava nas plumas da frecha, Quem te criou tão bela e tão sozinha,
No gume da maçã – no arco tupi. Dos teus destinos maus! Grande e sublime
Corres de polo a polo entre os dois mares
O Piaga nos disse que breve seria, Máximos do globo: anos da infância
Manito, dos teus a cruel punição; Contavas tu por séculos! que vida
E os teus inda vagam por serras, por vales, Não fora a tua na sazão das flores!
Buscando um asilo por ínvio sertão! Que majestosos frutos, na velhice,
Não deras tu, filha melhor do Eterno;
Não foi Gonçalves Dias o introdutor do índio na poesia brasileira; América infeliz, já tão ditosa
soube, todavia, como ninguém, antes ou depois dele, insuflar vida no Antes que o mar e os ventos não trouxessem
tema tão caro ao sentimento nacional da época. Idealizou-o, é verdade, A nós o ferro e os cascavéis da Europa?!
não por desconhecimento da psicologia própria do índio, mas em parte Velho tutor e avaro cobiçou-te,
por simpatia, em parte obedecendo aos cânones estéticos do tempo; Desvalida pupila, a herança pingue
sem prejuízo da emoção que palpita, bela e convincente, em poemas E o brilho e os dotes da sem par beleza!
como “I-Juca-Pirama”, “Marabá”, “Leito de folhas verdes”, “Canto do
Piaga”, “Canto do Tamoio” e na epopeia dos Timbiras. Rompe a aurora, e os de Itajuba vêm contar os seus sonhos.
Esta última obra, que seria, na intenção do autor, uma espécie Interpreta-os o Piaga, pressagiando a vitória na luta em perspectiva.
de “Ilíada americana”, só ficou conhecida nos quatro primeiros Só Japeguá, à parte, não participa da alegria geral. Interrogado pelo Piaga,
cantos publicados em 1857. Sabe-se, porém, que o poeta continuou narra o sonho de mau agouro que tivera. É interrompido por Catucaba, que
a trabalhar nela e a tinha pronta ou quase pronta quando voltava em o increpa de covarde. O incidente termina com a intervenção de Itajuba.
64 da Europa; no naufrágio em que pereceu perderam-se os manuscritos. Mojacá conta também o seu sonho e pede explicação ao Piaga: vira em taba
A epopeia comportaria ao todo dezesseis cantos. Abre com inimiga um guerreiro timbira prestes a ser sacrificado. Ogid acredita que se
trata do filho. O Piaga, consultado, queixa-se que o deixam em sua caverna
uma introdução onde anuncia o argumento:
sem dádivas e só se lembram dele nos momentos de aflição. Desculpa-se
Itajuba e promete-lhe reparação. O Piaga recolhe-se à sua gruta. No quarto
Os ritos semibárbaros dos Piagas,
canto, assistimos à chegada de Jurucei à taba dos Gamelas. Servem-lhe
Cultores de Tupã, e a terra virgem
suculento repasto. O chefe Gurupema, filho do guerreiro vencido por
Donde como dum trono, enfim se abriram
Itajuba, reúne o seu conselho. Todos se inclinam à guerra. Fala um tapuia,
Da cruz de Cristo os piedosos braços; sempre respeitado pelos seus prognósticos, ponderando que a lei de
As festas, e batalhas mal sagradas guerra dava ao timbira o direito de proceder como havia feito depois da
Do povo Americano, agora extinto, vitória. Desaconselha a luta. Ouve-se Jurucei. Fala Gurupema e dá o pai
Hei de cantar na lira. [...] como morto em combate desleal. Indigna-se Jurucei. Gurupema quer
experimentar pelas armas o valor do mensageiro. Despede uma seta, que
Como cantará? prostra um pássaro em pleno voo. Jurucei invectiva-o pela cruel ação. Uma
seta partida da turba fere o timbira. Este, depois de exprobrar a deslealdade
Cantor modesto e humilde, com que o tratam, parte proferindo ameaças. Gurupema procura apurar
A fronte não cingi de mirto e louro, quem fora o autor do gesto criminoso, mas sem resultado.
Antes de verde rama engrinaldei-a, Seria descabido julgar da epopeia apenas pela sua quarta parte
D’agrestes flores enfeitando a lira, publicada. Todavia, o espírito americano que informa os quatro primeiros
Não me assentei nos cimos do Parnaso, cantos, os quadros da natureza descritos segundo a realidade local, o sopro
Nem vi correr a linfa da Castália. épico a animar os episódios da vida selvagem colocam o fragmento dos
Cantor das selvas, entre bravas matas Timbiras como a mais inspirada tentativa no gênero dentro da nossa poesia.
Áspero tronco da palmeira escolho.
BANDEIRA, Manuel . Apresentação da poesia brasileira.
Livraria - Editora da Casa do Estudante do Brasil, 1957.

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03. Leia a parte transcrita do poema I-Juca-Pirama.


Exercícios X
Um velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
• (ESPM) Leia os textos a seguir e responda às questões 01 e 02. Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Oh! quem foi das entranhas das águas, Do que ele contava,
O marinho arcabouço arrancar? Dizia prudente: – “Meninos, eu vi!”
Nossas terras demanda, fareja... “Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Esse monstro... — o que vem cá buscar?
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Não sabeis o que o monstro procura?
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Não sabeis a que vem, o que quer?
Parece que o vejo,
Vem matar vossos bravos guerreiros, Que o tenho nest’hora diante de mi.
Vem roubar-vos a filha, a mulher! “Eu disse comigo: que infâmia d’escravo!
Vem trazer-vos crueza, impiedade Pois não, era um bravo;
— Dons cruéis do cruel Anhangá; Valente e brioso, como ele, não vi!
O Canto do Piaga, de Gonçalves Dias E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
VOCABULÁRIO: Tivesse a coragem que tinha o Tupi!”
Anhangá: deus indígena maligno Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
O Zé Pereira chegou de caravela Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E preguntou pro guarani da mata virgem E à noite nas tabas, se alguém duvidava
— Sois cristão? Do que ele contava,
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”
Gonçalves Dias
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! A exemplo dos versos destacados, o poema de Gonçalves Dias é
(...) considerado épico por causa
Brasil, de Oswald de Andrade A) da coragem do índio Tupi e do senso de nacionalismo inerente
ao tom de seu comportamento.
01. (ESPM) Considere as seguintes afirmações. B) do depoimento do narrador e da garantia de que é uma história
I. O texto de Gonçalves Dias apresenta o ponto de vista indianista da tradição do povo.
de que o europeu é invasor e, em busca de riquezas, destrói a C) do caráter narrativo e da tendência de voltar-se para o passado
vida regular do nativo brasileiro; em tom heroico.
II. Oswald de Andrade, em seu poema, ironiza o contato do D) da imagem indianista do cenário e do teor de ambientação
europeu com o índio brasileiro no choque entre suas respectivas bélica da história.
E) da construção dialogada do texto e do tipo descritivo
ideologias;
detalhadamente explorado.
III. Gonçalves Dias usa um tom sentencioso em seu texto; Oswald
de Andrade prefere um tratamento mais jocoso, típica postura
04.
dos modernistas brasileiros da primeira fase (heroica).
Texto
QUADRAS DA MINHA VIDA
Está(ão) correta(s):
I
A) I e II, apenas.
B) I e III, apenas. Houve tempo em que os meus olhos
Gostavam de sol brilhante,
C) I, II e III.
E do negro véu da noite,
D) II e III, apenas.
E da aurora cintilante
E) I, apenas.
Gostavam da branca nuvem
02. (ESPM) Quanto aos aspectos formais, assinale a opção errada.
Em céu de azul espraiada,
A) O vocabulário usado no texto de Oswald de Andrade é comum,
Do terno gemer da fonte
aproxima-se do coloquial. Sobre pedras despenhada. (...)
B) Os versos de Gonçalves Dias apresentam medida regular;
Gonçalves Dias
o fragmento está metrificado.
C) A seleção léxica, de escolha das palavras, é muito mais formal, Os versos anteriores compõem as duas primeiras estrofes de
culta, no primeiro texto. “Quadras da minha vida”, de Gonçalves Dias. Pode-se perceber,
D) O fragmento de Gonçalves Dias demonstra certa preocupação por sua leitura, que se trata de
com as rimas, especialmente nos versos pares. A) considerações de um sujeito poético que contempla sua própria
E) O segundo texto apresenta versos brancos, sem rima, mas com vida a fim de traçar planos para seu futuro.
mesmo número de sílabas poéticas. B) um sujeito poético que relembra fatos de um tempo em que
ele sentia gosto pelas coisas simples da vida.

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C) lamento de um sujeito poético que se arrepende por não ter 08. (UFRJ)
aproveitado a vida enquanto podia.
SE SE MORRE DE AMOR!
D) versos criados por um poeta romântico que vislumbra a vida
de uma forma realista.
(...) Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
E) um poema que exalta o passado, apesar de esse tempo lhe ter
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
sido hostil.
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
05. Cantor das selvas, entre bravas matas/ Áspero tronco da palmeira Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
escolho/ Unido a ele soltarei meu canto/ Enquanto o vento nos E, temendo roçar os seus vestidos,
palmares zune/ Rugindo os longos, encontrados leques. Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!”
Os versos anteriores, de Os Timbiras, de Gonçalves Dias, (...)
apresentam como características da primeira geração romântica DIAS, Gonçalves. Poemas de Gonçalves Dias.
A) apego ao equilíbrio na forma de expressão; presença do
nacionalismo, pela temática indianista e pela valorização da O sofrimento amoroso é frequente nas obras dos poetas
natureza brasileira. românticos, como se pode observar nesse poema de Gonçalves
B) resistência aos exageros sentimentais e à forma de expressão Dias. A característica que situa o fragmento dentro da poética
subordinada às emoções; visão da poesia a serviço de causas romântica é
sociais, como a escravidão. A) evasão no espaço, transportando o eu lírico para um lugar
C) expressão preocupada com o senso da medida; “mal do ideal, junto à natureza.
século”; natureza como amiga e confidente. B) forte subjetivismo, revelando uma visão pessimista da vida.
D) transbordamento na forma de expressão; valorização do índio C) idealização do amor, transcendendo os limites da vida física.
como típico homem nacional; apresentação da natureza como D) realização de poemas lírico-amorosos, valorizando o idioma
refúgio dos males do coração. nacional.
E) expressão a serviço da manifestação dos estados de espírito E) idealização da mulher, conduzindo o eu lírico à depressão.
mais exagerados; sentimento profundo da solidão.
09.
06. (UPF) O Romantismo brasileiro é dividido, costumeiramente, em Texto
três gerações. Assinale a alternativa que reúne, corretamente, um CANÇÃO DO EXÍLIO
autor e um tema representativos da primeira geração romântica:
A) Castro Alves e o indianismo. Minha terra tem palmeiras,
B) Gonçalves de Magalhães e o abolicionismo. Onde canta o Sabiá;
C) Casimiro de Abreu e o mal do século. As aves, que aqui gorjeiam,
D) Álvares de Azevedo e o abolicionismo. Não gorjeiam como lá.
E) Gonçalves Dias e o indianismo.
Nosso céu tem mais estrelas,
07. (Fuvest) Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Chega! Meus olhos brasileiros se fecham saudosos. Nossa vida mais amores.
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”? Em cismar, sozinho, à noite,
Eu tão esquecido de minha terra… Mais prazer encontro eu lá;
Ai terra que tem palmeiras onde canta o sabiá! Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”, Alguma poesia.
Minha terra tem primores,
N e s t e e x c e r t o , a c i t a ç ã o e a p re s e n ç a d e t re c h o s Que tais não encontro eu cá;
constituem um caso de . Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Os espaços da frase anterior deverão ser preenchidos, Minha terra tem palmeiras,
respectivamente, com o que está em: Onde canta o Sabiá.
A) do famoso poema de Álvares de Azevedo/ discurso indireto.
Não permita Deus que eu morra,
B) da conhecida canção de Noel Rosa/ paródia.
Sem que eu volte para lá;
C) do célebre poema de Gonçalves Dias/ intertextualidade.
Sem que eu desfrute os primores
D) da célebre composição de Villa-Lobos/ ironia.
Que não encontro por cá;
E) do famoso poema de Mário de Andrade/ metalinguagem.
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias

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“Canção do exílio” é um dos textos mais citados e parodiados da C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os gentios,
Língua Portuguesa. Os versos mas se apropria de uma manifestação linguística deles por
reconhecer nela traços de sacralidade.
“Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta influenciar a
Nossos bosques têm mais vida,
prática religiosa dos nativos pelo descrédito que passa a atribuir
Nossa vida no teu seio mais amores.”
à palavra Tupane.
que remetem, de modo flagrante, ao poema de Gonçalves Dias, E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e defende a
ocorrem urgência de a metrópole adotar medidas para a alfabetização
A) na “Nova canção do exílio”, de Carlos Drummond de Andrade, dos gentios.
publicada em A rosa do povo.
11. Nos versos transcritos no texto II:
B) na letra de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque.
A) a fala do pai renegando o filho antecede a descrição da figura
C) no poema “Canto de regresso à pátria”, do modernista Oswald
do ancião, cuja fraqueza moral (caracterizada nos versos 05,
de Andrade.
06 e 07) é atribuída à súplica indigna do filho.
D) em Ainda irei a Portugal, de Cassiano Ricardo, um dos líderes
B) a caracterização dos indígenas é feita não só pela voz que
da Semana de Arte Moderna.
está narrando os fatos, mas também pelo discurso direto das
E) na letra do Hino Nacional Brasileiro, de Joaquim Osório Duque
próprias personagens.
Estrada, oficializada em 1922.
C) o segmento “Vai com trêmulo pé, com as mãos já frias/ Da sua
noite escura as densas trevas/Palpando” constitui uma metáfora
• Textos para as questões de 10 a 13.
da morte do ancião.
Texto I D) ocorrem duas distintas formas de se citarem palavras, mas as
aspas denotam também que a fala é autoritária e agressiva.
Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus; E) tem-se um exemplo de poema lírico, no qual o eu que se
somente aos trovões chama Tupane, que é como quem diz “cousa expressa, falando sempre de si mesmo, comunica a intensa
divina”. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente dor de uma experiência vivida.
para os trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe Pai
Tupane. 12. Considere as afirmações abaixo.
Manuel da Nóbrega I. Em I e II, o nativo é visto por olhos estranhos à sua cultura,
motivo pelo qual, em ambos os textos, a figura de Tupã é vista
No poema I-Juca-Pirama, um velho timbira conta a história de como amedrontadora pelo enunciador;
um índio tupi, prisioneiro de sua tribo, que, na iminência de II. Em II, a figura de Tupã está associada ao destino; em I, às forças
ser sacrificado, pede clemência pelo fato de seu pai, cego, o da natureza;
estar aguardando na floresta. Assim, consegue a liberdade. III. Em II, a concepção de Tupã como divindade criadora,
Ao saber que seu filho chorara diante da morte, o pai o amaldiçoa responsável pelo destino, assemelha-se à observada no lamento
e volta com ele à tribo inimiga, onde, repentinamente, é ouvido da mestiça de branco e índio nos seguintes versos de “Marabá”:
o grito de guerra do jovem que se põe a lutar contra todos. Eu vivo sozinha; ninguém me procura!/Acaso feitura/ Não sou
Demonstrada sua bravura, é reconhecido como guerreiro ilustre de Tupã?
e acolhido novamente pelo pai, que chora lágrimas “que não Assinale:
desonram”. A) se apenas I e II estiverem corretas.
B) se apenas I e III estiverem corretas.
• Leia alguns versos desse poema de Gonçalves Dias. C) se apenas II e III estiverem corretas.
D) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Texto II E) se todas as afirmativas estiverem incorretas.
“Tu, cobarde, meu filho não és.”
Isto dizendo, o miserando velho 13. O assunto do texto I e a ideologia nele refletida revelam que
A quem Tupã tamanha dor, tal fado pertence a um momento histórico-cultural em que
Já nos confins da vida reservara, A) escritores já nascidos e formados intelectualmente no Brasil
Vai com trêmulo pé, com as mãos já frias Colônia revelam-se críticos contundentes do processo de
Da sua noite escura as densas trevas colonização.
Palpando. – Alarma! Alarma! – O velho para. B) a Bahia conheceu o espírito sagaz de Gregório de Matos, que,
O grito que escutou é voz do filho, com seus improvisos e sua viola, caçoava de todos, inclusive
das autoridades.
Voz de guerra que ouviu já tantas vezes
C) os novos escritores buscam a simplicidade formal, intimamente
Noutra quadra melhor.
ligada ao grande valor dado à natureza, como base da
harmonia e da sabedoria.
10. No texto I:
D) o ciclo do ouro propiciou o desenvolvimento da arquitetura, da
A) o missionário apresenta as razões de sua condenação às
escultura e da vida musical, principalmente em Minas Gerais.
atitudes profanas entre os gentios, que busca catequizar.
E) relatos manifestam não só as preocupações do colonizador,
B) explicita-se a predominância da função fática, pois o emissor
mas também o deslumbramento diante da paisagem brasileira.
tematiza a busca da melhor palavra para designar a divindade.

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14. (ITA-SP) Assinale a alternativa que caracteriza o Romantismo:


A) Valorização do eu. O assunto passa a ser manifestado a partir
do artista, que traz à tona o seu mundo interior, com plena Anotações
liberdade; esta liberdade se impõe na forma. Sentimentalismo.
B) Literatura multifacetada: valorização da palavra e do ritmo:
temática humana e universal.
C) Literatura intrinsecamente brasileira; linguagem direta,
coloquial, livre das regras gramaticais, imagens diretas;
inspiração a partir da burguesia, da civilização industrial, da
máquina.
D) Literatura que busca inspiração no subconsciente, nas regiões
inexploradas da alma: para isso, usa meios indiretos a fim de
sugerir ou representar as sensações; funde figura, música e cor.
E) Literatura que visa à perfeição da forma, à objetividade, ao
equilíbrio, à perfeição absoluta da linguagem; prefere os temas
novos e exóticos.

15. (ESPM/2010) A respeito da produção literária de José de Alencar,


o professor Antonio Medina afirma que “uma literatura que
se pretendesse nacionalmente inicial e arquetípica só poderia
mesmo enveredar pelo tom superlativo e apocalíptico”.
Todos os fragmentos a seguir retirados da obra alencariana
confirmam a ideia apresentada, exceto um. Assinale-o.
A) “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte,
nasceu Iracema.”
B) “Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo,
da grande nação tabajara.”
C) “Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. (...)
A mão que rápida ferira estancou mais rápida e compassiva o
sangue que gotejava.”
D) “Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam
pelos ramos das árvores já cobertas de água e, com esforço
desesperado, cingindo o tronco da palmeira nos seus braços
hirtos, abalou-o até as raízes.”
E) “O índio fazia um esforço supremo para suster o peso da laje
prestes a esmagá-lo; e com o braço estendido de encontro a
um galho de árvore mantinha por uma tensão violenta dos
músculos o equilíbrio do corpo.”

Gabarito

01 02 03 04 05
C E C B A
06 07 08 09 10
E C C E C
11 12 13 14 15
B C E A A

SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: SOUSA NUNES


DIG.: ESTEFANIA – REV.: JARINA

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