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FRENTE: PORTUGUÊS II
EAD – ITA/IME
PROFESSOR(A): SOUSA NUNES
AULA 19
Alberto Caeiro
Resumo Teórico Alberto Caeiro da Silva nasceu em
Poeta sensacionista
Poeta de contato direto com a natureza, poeta bucólico,
Caeiro dá importância às sensações, registrando-as sem a medição
do pensamento.
O GUARDADOR DE REBANHOS
IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
Fernando Pessoa E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
Fernando Antônio Nogueira Pessoa (1888-1935) nasceu E com o nariz e a boca.
em Lisboa, mas foi educado na África do Sul, onde teve acesso
a um universo cultural mais vasto do que o português. Retornou Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
a Lisboa aos 17 anos, para cursar Letras, mas logo abandonou Por isso quando num dia de calor
a universidade. Autodidata, dedicou-se a estudos de natureza Me sinto triste de gozá-lo tanto.
filosófica, mística e a leitura da poesia moderna. Obteve o segundo E me deito ao comprido na erva,
lugar em um Concurso do Secretariado de Propaganda Nacional E fecho os olhos quentes,
com Mensagem. Visto pelos amigos como um gênio, Pessoa só Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
alcançou o reconhecimento da crítica após a morte.
Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1984.
Heteronímia Pessoana Para Caeiro, “tudo é como é”, tudo “é assim porque assim é”, o
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, tendo poeta reduz tudo à objetividade, sem nenhuma necessidade de pensar.
criado uma obra fascinante e, ao mesmo tempo, exótica, singular. Alberto Caeiro morreu tuberculoso, em 1915.
Tendo sido “plural”, como se definiu, criou personalidades
próprias para os vários poetas que conviveram nele. Assim, cada qual
Álvaro de Campos
tem uma biografia e um traço diferente de personalidade.
Cristiano Ronaldo/Wikimedia Foundation
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MÓDULO DE ESTUDO
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MÓDULO DE ESTUDO
15 Verde, uma grinalda de hera. 03. (PUC/2008) Indique a alternativa que estabelece conexão entre o
Longe o Infante, esforçado, poeta e o texto.
Sem saber que intuito tem, A) Médico e estudioso da cultura clássica, desenvolve em seus
Rompe o caminho fadado. poemas temas mitológicos, em composições denominadas
Ele dela é ignorado. odes.
20 Ela para ele é ninguém. B) Poeta bucólico, vive em contato direto com a natureza; daí sua
Mas cada um cumpre o Destino – lógica ser a mesma da ordem natural.
Ela dormindo encantada, C) Como engenheiro do século XX e poeta futurista, os temas de
Ele buscando-a sem tino sua obra estão voltados para as fábricas, a energia elétrica, as
Pelo processo divino máquinas e a velocidade.
25 Que faz existir a estrada. D) Apresenta um conceito direto das coisas, um objetivismo
E, se bem que seja obscuro absoluto, apesar de a sensação não se manifestar em seus
Tudo pela estrada fora, poemas.
E falso, ele vem seguro, E) Cultor do paganismo, foi mestre apenas de Fernando Pessoa
E, vencendo estrada e muro, e manteve-se distanciado dos demais heterônimos.
30 Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera, 04. (Unip-SP)
À cabeça, em maresia, Eia! eia! eia!
Ergue a mão, e encontra hera, Eia eletricidade, nervos doentes da
E vê que ele mesmo era [Matéria!
35 A Princesa que dormia. Eia telegrafia-sem-fios, simpatia
PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: [metálica do Inconsciente!
Nova Aguilar, 1983. Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel,
[Suez!
1
Segundo o mito grego, Eros e Psique viviam apaixonados Eia todo o passado dentro do presente!
em um palácio encantado, mas, para que fossem felizes,
Eros impunha a Psique uma única condição: que ela nunca Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
tentasse conhecê-lo. Por isso, sempre se encontravam à noite. Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica
Pensando ter casado com um monstro, enquanto Eros dormia, [cosmopolita!
Psique acendeu uma lamparina com a intenção de iluminá-lo Eia! eia! eia!, eia-hô-ô-ô!
e encantou-se com a beleza sem par do companheiro. Ao se Nem sei que existo para dentro. Giro,
inclinar, contudo, deixou uma gota de óleo quente da lamparina
queimar o amado. Acordado pela dor, Eros percebeu-se [rodeio, engenho-me.
traído e, com tristeza, despediu-se de Psique para não mais Engatam-se em todos os comboios.
retornar. Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os
01. (Uerj/2007) O poema de Fernando Pessoa se relaciona com um [navios.
mito grego que aproxima a alma – psique – do amor – eros –, Eia! eia-hô-eia!
simbolizados, respectivamente, pelos personagens Princesa e Eia! sou o calor mecânico e a
Infante. Esses dois personagens se tornam representativos da [eletricidade!
seguinte ideia:
A) Vivenciando o amor, enfrentamos o desespero. Este fragmento da “Ode triunfal” permite identificar, na obra de
B) Buscando o outro, descobrimos a nós mesmos. Fernando Pessoa,
C) Procurando o sonho, perdemos nossa identidade. A) a modernidade radical de Ricardo Reis.
D) Perseguindo a solidão, encontramos o autoconhecimento. B) a adesão de Fernando Pessoa, “ele-mesmo” o ortônimo, às
vanguardas modernistas do começo do século.
02. (Uerj/2007) Além da referência intertextual a um mito grego, esse C) o sensacionismo de Alberto Caeiro.
poema dialoga ainda com outro texto. Os únicos versos que não D) o nacionalismo exaltado do livro Mensagem, único que
indicam, claramente, essa intertextualidade estão apontados em: Fernando Pessoa publicou em vida.
A) “Conta a lenda que dormia / Uma Princesa encantada” E) o futurismo de Álvaro de Campos.
(versos 1 e 2)
B) “A Princesa Adormecida, / Se espera, dormindo espera.” 05. (UFRS) Leia o poema abaixo, de Ricardo Reis.
(versos 11 e 12)
C) “Longe o Infante, esforçado, / Sem saber que intuito tem,” Quão breve tempo é a mais longa vida
(versos 16 e 17) E a juventude nela! Ah! Cloe, Cloe,
D) “E, vencendo estrada e muro, / Chega onde em sono ela mora.” Se não amo, nem bebo,
(versos 29 e 30) Nem sem querer não penso,
• Texto para a questão 03. 5 Pesa-me a lei iniplorável, dói-me
A hora invita, o tempo que não cessa,
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... E aos ouvidos me sobe
Se falo na Natureza não é porque sabia o que ela é, Dos juncos os ruído
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama Na oculta margem onde os lírios frios
Nem sabe por que ama, nem o que é amar... 10 Da ínfera leiva crescem, e a corrente
Amar é a eterna inocência, Não sabe onde é o dia
E a única inocência não pensar... Sussurro gemebundo.
005.670 - 131698/18
3 F B O N L I NE .C O M . B R
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MÓDULO DE ESTUDO
Assinale a alternativa correta sobre este poema. A estrofe em questão é a primeira do poema “Autopsicografia”,
A) Trata-se de um soneto que desenvolve uma temática amorosa cujo autor é
e espiritualista. A) Fernando Pessoa (ele-mesmo).
B) O poema, de características clássicas, traz a preocupação B) Alberto Caeiro.
C) Ricardo Reis.
obsessiva do poeta, a transitoriedade.
D) Álvaro de Campos.
C) O poema diviniza a musa, Cloe, tornando-a um ideal distante E) Camões.
no tempo.
D) Nos versos 2 e 4, o sujeito lírico lamenta a juventude perdida, 09. (Vunesp) O texto a seguir pode ser tomado como exemplo
apesar do esforço por mantê-la, não amando e não bebendo. ilustrativo do estilo de um dos heterônimos de Fernando Pessoa:
E) No verso 9, a expressão “oculta margem” refere-se a uma vida “Negue-me tudo a sorte, menos vê-la,
de prazeres ocultos. Que eu, stoico sem dureza,
Na sentença gravada do Destino
06. (Unifesp) ..................................... salva-se desse caos por via Quero gozar as letras”.
do racionalismo excitado ao máximo, ato compensatório para a O heterônimo em questão é
mesma sensação de “estrangeiro aqui como em toda a parte”. A) Alberto Caeiro. B) Ricardo Reis.
E é esse racionalismo, atenuador da sensibilidade em abandono C) Bernardo Soares. D) Álvaro de Campos.
e doentiamente enovelada, que o leva a tentar a busca do E) Antônio Mora.
suporte que Sá-Carneiro não encontrava. Partindo do “Nada
que é Tudo”, .......................... procura reconstruir o mundo em 10. Assinale a alternativa correta a respeito das três afirmações abaixo.
busca do Absoluto que existiria através ou acima do relativo. A I. Os heterônimos de Fernando Pessoa nascem de um múltiplo
reconstrução implicava em multiplicar-se em quantas criaturas desdobramento de sua personalidade;
habitam e habitaram a Terra, ou, antes, era preciso ser tudo e II. Alberto Caeiro é o poeta que se volta para o campo, procurando
todos para destruir o que em cada um é inalienável relativismo viver em simplicidade;
biológico, mental etc. III. Ricardo Reis é um poeta moderno, que do desespero extrai a
Massaud Moisés, Presença da Literatura Portuguesa – Modernismo. própria razão de ser.
A) Apenas a I e a II estão corretas.
Mantida a sequência, a alternativa que indica o preenchimento B) Todas estão corretas.
correto das lacunas supridas pelo pontilhado é: C) Apenas a I e a III estão corretas.
A) Antero de Quental – Almada Negreiros D) Nenhuma está correta.
B) Almada Negreiros – Almada Negreiros E) Apenas a II e a III estão corretas.
C) Fernando Pessoa – Fernando Pessoa
D) Almada Negreiros – Fernando Pessoa • (Unesp) Texto para as questões de 11 a 12.
E) Miguel Torga – José Régio
AH, UM SONETO...
07. (Unifesp) Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Meu coração é um almirante louco
Pessoa. que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
Coroai-me de rosas, em casa a passear, a passear...
Coroai-me em verdade No movimento (eu mesmo me desloco
De rosas – nesta cadeira, só de o imaginar)
Rosas que se apagam o mar abandonado fica em foco
Em fronte a apagar-se nos músculos cansados de parar.
Tão cedo! Há saudades nas pernas e nos braços.
Coroai-me de rosas Há saudades no cérebro por fora.
E de folhas breves. Há grandes raivas feitas de cansaços.
E basta.
Mas – esta é boa! – era do coração
As múltiplas faces de Fernando Pessoa, 1995. Que eu falava... e onde diabo estou eu agora
Com almirante em vez de sensação?...
O tema tratado no poema é a Álvaro de Campos.
A) necessidade de se buscar a verdadeira razão para uma vida
plena. 11. As frases “eu mesmo me desloco nesta cadeira, só de imaginar”
B) fugacidade do tempo, remetendo à ideia de brevidade da vida. e “ esta é boa!” representam
C) busca pela simplicidade da vida, representada pela natureza. A) comentários extemporâneos (fora do tempo) e inadequados
D) brevidade com que o verdadeiro amor perpassa a vida das sobre o soneto.
pessoas. B) uma recordação do tempo em que o autor foi almirante.
E) rapidez com que as relações verdadeiras começam e terminam. C) uma impropriedade estilística.
D) a interferência do eu poético no próprio texto.
08. (Mackenzie-SP) E) uma prova da loucura do poeta que se imagina navegando.
o poeta é um fingidor
Finge tão completamente 12. (Unesp) O desenvolvimento figurativo do texto tem seu ponto de
Que chega a fingir que é dor partida em uma
A dor que deveras sente A) interrogação. B) metonímia.
(...) C) oposição. D) reiteração.
E) metáfora.
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MÓDULO DE ESTUDO
005.670 - 131698/18
5 F B O N L I NE .C O M . B R
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