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Universidade Federal da Bahia

Instituto de Química
Departamento de Físico-Química

QUIA16, 2022.1 (Turma T01)


Físico-Química C

Cinética Química II: Métodos diferenciais, Leis de velocidade integradas,


métodos baseados em leis integradas e meia vida de reação
Relembrando
Leis de velocidade diferenciais
Lei de velocidade diferencial é a equação que relaciona a velocidade instantânea
de uma determinada espécie e a lei de velocidade de uma reação

Por exemplo, a lei de velocidade:


1d𝐽 Velocidade
𝓋≡± instantânea
𝓋 = 𝑘[𝐴]𝑎 [𝐵]𝑏 …
𝜈𝐽 d𝑡 da espécie J

Leis de velocidade diferenciais


(com relação a uma determinada espécie J)

2
Relembrando
Leis de velocidade diferenciais
Lei de velocidade diferencial é a equação que relaciona a velocidade instantânea
de uma determinada espécie e a lei de velocidade de uma reação

Exemplo 7: 2 N2O5(g) ⟶ 4 NO2(g) + O2(g)


Lei de velocidade determinada
experimentalmente
𝓋 = 𝑘[𝑁2𝑂5]
Quais são as leis de velocidade diferenciais para cada espécie?
Resposta:
1 d 𝑁2 𝑂5 d 𝑁2 𝑂5
Para o N2O5 , − = 𝑘[𝑁2𝑂5] = −2𝑘[𝑁2𝑂5]
2 d𝑡 d𝑡
1 d 𝑁𝑂2 d 𝑁𝑂2
Para o NO2 , = 𝑘[𝑁2𝑂5] = 4𝑘[𝑁2𝑂5]
4 d𝑡 d𝑡

Para o O2 , d 𝑂2
= 𝑘[𝑁2𝑂5]
d𝑡
3
Relembrando
Métodos diferenciais: análise da velocidade de reação
d𝐴
Exemplo: A ⟶ Produtos 𝓋=− 𝓋 ≈ 𝑘[𝐴]𝑎
d𝑡
Valores de velocidade instantânea Gráficos adequados para análise pelos
em função do tempo métodos diferenciais

4
Relembrando
Leis de velocidade: método do isolamento
Considerando uma certa reação (caso geral):

nAA + nBB ⟶ nCC + nDD


E supondo que a velocidade da reação dependa apenas dos dois reagentes:
𝓋 = 𝑘[𝐴] [𝐵]𝑎 𝑏

Método do isolamento:
Reação realizada em condições de grande excesso de todos os reagentes,
exceto um deles (por exemplo, A):
No exemplo acima, se B está em excesso, 𝐵 0 ≫ 𝐴 0 , considera-se que a
concentração de B praticamente não varia em relação à de A. Assim, temos que:
𝐵 ≈ 𝐵 0 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 .

𝑎 𝑏 𝑎 Reações de
𝓋 = 𝑘[𝐴] [𝐵] 𝓋 = 𝑘′[𝐴] “pseudo-ordem 𝒂”
𝑘 ′ = 𝑘[𝐵]𝑏0 constante
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Relembrando
Leis de velocidade: método de velocidades iniciais
Considerando uma certa reação (caso geral):

nAA + nBB ⟶ nCC + nDD


E supondo que a velocidade da reação dependa apenas dos dois reagentes:
𝓋 = 𝑘[𝐴] [𝐵]𝑎 𝑏

Método de velocidades iniciais:


1) Reações realizadas em diferentes condições de concentração inicial de
reagentes, de forma sistemática.
2) Determinar as velocidades das reações nos instantes iniciais, tal que a
aproximação seguinte seja possível:
𝓋 ≈ 𝓋0 ,
sabendo que 𝓋0 = 𝑘 𝐴 𝑎 𝑏
0 𝐵 0

Como as concentrações iniciais são conhecidas, é possíveis determinar as ordens


de reação e a constante de velocidade, por procedimento sistemático.
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Universidade Federal da Bahia
Instituto de Química
Departamento de Físico-Química

QUIA16, 2022.1 (Turma T01)


Físico-Química C

𝐴 = 𝐴 0 − 𝑘𝑡

𝐴 = 𝐴 0 𝑒 −𝑘𝑡

𝐴0
𝐴 =
1 + 𝑘𝑡 𝐴 0

Cinética Química II: Métodos diferenciais, Leis de velocidade integradas,


métodos baseados em leis integradas e meia vida de reação
Leis de velocidade diferenciais e métodos

nAA + nBB ⟶ nCC + nDD 𝓋 = 𝑘[𝐴]𝑎 [𝐵]𝑏 …

método do isolamento método de velocidades iniciais


Reação realizada em condições de grande Reação realizada em diferentes condições
excesso de todos os reagentes, exceto de de concentração inicial dos reagentes e
um deles, por exemplo, de A: velocidades iniciais medidas:

[B]0 >>> [A]0 -> [B] ≈ constante 𝓋0 = 𝑘[𝐴]𝑎0 [𝐵]𝑏0 …

Métodos experimentais para determinar


os parâmetros cinéticos da reação:
k, a, b,...
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Limitações dos métodos de velocidade diferenciais

Nem sempre é possível estudar reações em condições de excesso de reagentes.

[J]
Determinar velocidades • velocidade alta
de reação no início do • método de análise lento
processo pode não ser
• baixa precisão do método
possível
analítico

tempo

Forma alternativa para estudo da cinética de reações:


Análise das concentração das espécies

Leis de velocidade integradas


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Leis de velocidade integradas

Leis de velocidade Integrar equações Leis de velocidade


diferenciais integradas

Leis de velocidade integradas permitem a análise da cinética


de reações diretamente pelas concentrações das espécies

Leis geralmente deduzidas para reações do tipo: A ⟶ produtos

Ordem zero Primeira ordem Segunda ordem


𝓋=𝑘 𝓋 = 𝑘[𝐴] 𝓋 = 𝑘[𝐴]2

−𝑘𝑡
1 1
𝐴 = 𝐴 0 − 𝑘𝑡 𝐴 = 𝐴 0𝑒 = + 𝑘𝑡
𝐴 𝐴0 10
Leis de velocidade integradas

Reação de ordem zero


Exemplo:
A⟶2B+3C

1d𝐽
𝓋≡±
𝜈𝐽 d𝑡

Como as
concentrações
variam em função
do tempo?

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Leis de velocidade integradas

Reação de primeira ordem


Exemplo: A⟶B Como [A] se comporta em função do tempo?

Definição de 1d𝐽
𝓋 = 𝑘[𝐴] velocidade de reação:
𝓋≡±
𝜈𝐽 d𝑡

𝐴
ln = −𝑘𝑡
𝐴0
ou
𝐴 = 𝐴 0 𝑒 −𝑘𝑡

12
Leis de velocidade integradas

Reação de primeira ordem


Efeito do valor de k Como obter o valor de k?

ln 𝐴 = ln 𝐴 0 − 𝑘𝑡

ln[A]
dados experimentais

Coef. angular = -k

tempo
13
Leis de velocidade integradas

Reação de primeira ordem


Teste: E para números estequiométricos diferentes de 1?

Deduza as leis integradas para:


Para os produtos: CONSIDERE AS
(a) o regente RELAÇÕES ESTEQUIOMÉTRICAS
(b) para cada produto (relações entre as velocidades instantâneas)
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Leis de velocidade integradas

Reação de segunda ordem

15
Leis de velocidade integradas

Reação de segunda ordem


Exemplo: A⟶B Como [A] se comporta em função do tempo?

2 Definição de 1d𝐽
𝓋 = 𝑘[𝐴] velocidade de reação:
𝓋≡±
𝜈𝐽 d𝑡

1 1 1/[A]
= + 𝑘𝑡
𝐴 𝐴0

1/[A]0
Coef. angular = k

tempo
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Leis de velocidade integradas (1 A -> produtos)

Ordem zero 𝐴 = 𝐴 0 − 𝑘𝑡

ln 𝐴 = ln 𝐴 0 − 𝑘𝑡
Primeira ordem
ou 𝐴 = 𝐴 0 𝑒 −𝑘𝑡

1 1
= + 𝑘𝑡
𝐴 𝐴0
Segunda ordem
𝐴0
ou 𝐴 =
1 + 𝑘𝑡 𝐴 0

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Leis de velocidade integradas (1 A -> produtos)

18
Leis de velocidade integradas

Reação de segunda ordem


Velocidade dependendo de 2 reagentes

método do isolamento 𝓋 = 𝑘[𝐴][𝐵]


Grande excesso de todos os reagentes, pseudo-primeira
exceto um deles (por exemplo, A): ordem
𝓋 = 𝑘′[𝐴]
[B]0 >>> [A]0 -> [B] ≈ constante
𝑘′ = 𝑘 𝐵 0 19
Leis de velocidade integradas

Reação de segunda ordem


Velocidade dependendo de 2 reagentes
Exemplo: A + B ⟶ produtos

Definição de
𝓋≡±
1d𝐽 d𝐴
velocidade de reação: 𝜈𝐽 d𝑡 = −𝑘[𝐴][𝐵]
d𝑡
Concentrações de A e B:
[A] = [A]0 – x d𝐴
= −𝑘 𝐴 0 − 𝑥 𝐵 0−𝑥
[B] = [B]0 – x d𝑡

𝐵Τ𝐵 0
ln = 𝐵 0− 𝐴 0 𝑘𝑡 sendo 𝐴 0 ≠ 𝐵 0
𝐴Τ𝐴 0
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Departamento de Físico-Química

QUIA16, 2022.1 (Turma T01)


Físico-Química C

CH3NC

CH3CN

T.L. Brown, “Chemistry: The


Central Science”, 14a ed., 2017.

Cinética Química II: Métodos diferenciais, Leis de velocidade integradas,


métodos de estudo de cinética de reações e tempo de meia vida
Leis de velocidade integradas

Leis de velocidade Integrar equações Leis de velocidade


diferenciais integradas

Leis de velocidade integradas permitem a análise da cinética


de reações diretamente pelas concentrações das espécies

Leis geralmente deduzidas para reações do tipo: A ⟶ produtos

Ordem zero Primeira ordem Segunda ordem


1 1
𝐴 = 𝐴 0 − 𝑘𝑡 𝐴 = 𝐴 0 𝑒 −𝑘𝑡 = + 𝑘𝑡
𝐴 𝐴0
Tempo de meia vida (ou meia vida de reação)
intervalo de tempo no qual metade do reagente foi consumido:
[A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
22
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)

Perfis de concentração em função do tempo


O tempo de meia vida é considerado
uma característica da reação.
Seu valor pode ser relacionado com
os parâmetros da lei de velocidade
(constante de velocidade e ordem de
reação), mas não é resultante deles.

O tempo de meia vida pode ser


utilizado como parâmetro temporal
de uma reação.
Ex.: se [A]0 = 0,10 mol L-1, qual o
valor de [A] após um tempo
correspondente a 3 meias vidas?

23
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 463 K

CH3NC

CH3CN

T.L. Brown, “Chemistry: The (1 𝑇𝑜𝑟𝑟 ≈ 1,316 ∙ 10−3 𝑎𝑡𝑚) 24


Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
pontos experimentais
CH3NC

CH3CN

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
pontos experimentais
CH3NC curva resultante da lei integrada

CH3CN

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
pontos experimentais
CH3NC

CH3CN

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
150
pontos experimentais
CH3NC
120

100

75
60
50
37,5
CH3CN

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
150
pontos experimentais
CH3NC
120

100

75
60
50
37,5
CH3CN
∆𝑡1 = 𝜏1

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
150
pontos experimentais
CH3NC
120

100

75
60
50
37,5
CH3CN
∆𝑡2 = 𝜏2

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
150
pontos experimentais
CH3NC
120

100

75
60
50
37,5
CH3CN
∆𝑡3 = 𝜏3

(1 𝑇𝑜𝑟𝑟 ≈ 1,316 ∙ 10−3 𝑎𝑡𝑚) 31


Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K
150
pontos experimentais
CH3NC
120

100

75
60
50
37,5
CH3CN
∆𝑡4 = 𝜏4

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Central Science”, 14a ed., 2017.
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)
T = 472 K

CH3NC

Para esta reação, o tempo de


meia vida não depende de [A]0.
CH3CN Este comportamento vale para
outras reações?

T.L. Brown, “Chemistry: The


Central Science”, 14a ed., 2017. (1 𝑇𝑜𝑟𝑟 ≈ 1,316 ∙ 10−3 𝑎𝑡𝑚) 33
Tempo de meia vida: uma característica da reação

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)

Perfis de concentração em função do tempo


O tempo de meia vida é considerado
uma característica da reação.
Seu valor pode ser relacionado com
os parâmetros da lei de velocidade
(constante de velocidade e ordem de
reação), mas não é resultante deles.

O tempo de meia vida pode ser


utilizado como parâmetro temporal
de uma reação.
Ex.: se [A]0 = 0,10 mol L-1, qual o
valor de [A] após um tempo
correspondente a 3 meias vidas?

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Meia vida de reação e as leis integradas

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)

Expressões geralmente deduzidas para reações do tipo: A ⟶ produtos


Primeira ordem Segunda ordem

−𝑘𝑡
1 1
𝐴 = 𝐴 0𝑒 = + 𝑘𝑡
𝐴 𝐴0

ln2 1
𝜏= 𝜏=
𝑘 𝑘𝐴 0
Não depende de [A]0 Depende de [A]0

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Meia vida de reação e as leis integradas

Tempo de meia vida (𝜏): intervalo de tempo no qual metade do reagente foi
consumido → [A] = [A]0/2 (ou [A]/[A]0 = ½)

Expressões geralmente deduzidas para reações do tipo: A ⟶ produtos


Primeira ordem Segunda ordem
ln2 1
𝜏= 𝜏=
𝑘 𝑘𝐴 0
Não depende de [A]0 Depende de [A]0

Se uma reação depender de dois reagentes, o tempo de meia vida


pode ser diferente para cada reagente.

Qual é a expressão do tempo de meia vida para uma


reação de terceira ordem? E para reação de ordem zero?
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