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Auditoria em Procedimentos Médicos e Contas Hospitalares

Roteiro de
Estudos
Autora: Ma. Miriã de Sousa Lucas
Revisora: Ma. Amanda de Jesus dos Santos

Olá! Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina de auditoria em procedimentos médicos e em contas


hospitalares. A partir dela, você passará a compreender o surgimento histórico no mundo e no
Brasil dos processos de auditoria, salientando a estrutura, per�l e atribuições dos auditores. Esse
conhecimento possibilitará a você compreender também os benefícios e fundamentos para a
realização da auditoria de forma adequada no âmbito da saúde, utilizando a análise de
prontuários e de outros documentos para a avaliação de contas hospitalares e procedimentos
médicos, e entender a importância que esse processo tem para o bom funcionamento dessas
instituições.

Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:

• compreender o conceito de auditoria;


• ter conhecimento de uma breve contextualização histórica da auditoria geral e, de forma
especí�ca, da auditoria em saúde;
• analisar algumas modalidades da auditoria em saúde;
• entender os processos de auditoria e glosas de contas médicas;
• conhecer os princípios éticos da auditoria no âmbito da saúde.

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Introdução
O conceito geral de auditoria refere-se à análise sistemática das atividades desenvolvidas em
determinada empresa ou setor. O principal objetivo desse processo é investigar se essas
atividades estão de acordo com as disposições planejadas ou estabelecidas previamente, se foram
implementadas com e�cácia e se estão adequadas. Já no âmbito da saúde, a função da auditoria
consiste em analisar se a gestão de procedimentos realizados para o tratamento de pacientes nas
instituições de saúde está em conformidade com os objetivos das organizações, como também se
seguem os padrões estabelecidos por legislação, normas, contratos �rmados entre as instituições
de saúde, considerando os protocolos assistenciais e as boas práticas médico-hospitalares.

Por meio deste material, você terá a oportunidade de compreender a importância do processo de
auditoria nas instituições de saúde e como essa ferramenta pode ajudar na gestão dessas
organizações. Assim, abordaremos neste roteiro de estudos as seguintes questões:

1. O que é e como surgiu a auditoria?


2. O que é e por que surgiu a auditoria em saúde?
3. Quais os modelos de auditoria em saúde?
4. O que são as glosas de contas médicas?
5. Quais os princípios éticos da auditoria no âmbito da saúde?

O Conceito da Auditoria
Para iniciar nosso roteiro de estudos, primeiramente vamos entender o conceito de auditoria. “O
termo auditoria vem do latim audire (ouvir), o que mostra em sua origem que os pro�ssionais
buscavam chegar a conclusões analisando e reunindo informações. Nas instituições que exigiam
análises e controles mais so�sticados, o papel de auditoria, pode-se dizer, era exercido por
conselheiros e, posteriormente, pelos contadores” (MAFFEI, 2015, p. 2).

Inicialmente, o termo foi trazido pelos ingleses “ auditing ”. A �gura do auditor surgiu com a
Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), quando houve um aumento da quantidade de empresas,
expandindo suas atividades, muitas vezes, para além das fronteiras de um país.

Diante disso, observou-se a necessidade de um monitoramento mais rigoroso dessas atividades,


sendo necessário que um pro�ssional capacitado acompanhasse todas essas transações e

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emitisse suas opiniões sobre o andamento desses processos e se esses estavam de acordo com
as diretrizes das empresas, pois os sócios dessas não conseguiam mais acompanhar todos esses
processos devido à grande expansão das atividades.

No Brasil, o processo de auditoria se iniciou a partir da chegada de investidores estrangeiros no


país. Nas primeiras décadas do século XX, algumas �rmas de auditorias internacionais, tais como
as dos Estados Unidos e da Inglaterra, abriram suas �liais aqui no Brasil, surgindo, então, nesse
período, os primeiros pareceres de auditoria emitidos e registrados em território brasileiro. Esses
registros, embora tenham ocorrido no Brasil, foram realizados por auditores de empresas
estrangeiras, e essa atividade já era realizada em seus países de origem. Nesse primeiro
momento, o serviço de auditoria sempre esteve associado ao controle administrativo-�nanceiro
das empresas. Com o passar do tempo, a auditoria foi conquistando espaço, e, atualmente, as
empresas utilizam os trabalhos de auditores em diversas áreas, com a �nalidade de apoiar os
gestores nas suas tomadas de decisões. Nesse contexto, uma equipe de auditoria pode ser
formada por diversos pro�ssionais, de diferentes formações, visto que, muitas vezes, é preciso
avaliar os riscos sob diversos pontos de vista. Atualmente, o entendimento do termo “auditoria”,
em seu sentido mais amplo, consiste na avaliação sistemática, documentada e independente, de
uma atividade para determinar se ela está sendo realizada de acordo com os seus objetivos e
critérios preestabelecidos (SANTOS; ROSA; 2013).

Por �m, é importante destacar que a auditoria refere-se a uma atividade formal, realizada por
pro�ssionais que não tenham a responsabilidade direta com a execução do serviço que está
sendo avaliado. Esse processo é fundamental para auxiliar na veri�cação da qualidade da
instituição em questão.

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LEITURA

Curso de auditoria: introdução à auditoria de acordo


com as normas internacionais e melhores práticas
Autor : José Ma�ei
Editora : Saraiva
Ano : 2015
Comentário : Esta leitura é de suma importância, pois fornecerá
ao estudante um pouco mais de orientação e auxílio para
compreender o conceito da auditoria no âmbito geral, como
também o surgimento da auditoria no Brasil e no mundo. Realize a
leitura do capítulo 1, da página 1 até a 10.
Disponível na biblioteca virtual Minha Biblioteca.

Auditoria em Saúde
A auditoria na área da saúde ganhou evidência a partir do momento em que o enfoque desse
processo passou a não ser apenas contábil, mas tomou uma linha administrativa, em que o
principal objetivo era avaliar a efetividade da aplicação dos controles internos.

A primeira auditoria realizada no campo da saúde aconteceu nos Estados Unidos no ano de em
1918. Esse processo foi realizado por um médico chamado George Ward. Seu principal objetivo foi
analisar como estava a qualidade da assistência médica que estava sendo prestada. O médico
citado utilizou prontuários médicos para realizar essa auditoria.

Já no Brasil, o processo de auditoria na área da saúde tomou evidência com a criação do Sistema
Nacional de Auditoria (SNA), no ano de 1993, por meio da Lei nº 8.689. Por sua vez, o Decreto nº
1.651 regulamenta o SNA. A referida lei foi criada com o objetivo de acompanhar, controlar e
avaliar as ações e serviços na área da saúde. No ano de 2001, o Conselho Federal de Medicina

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(CFM) estabeleceu os critérios que conduziam as atividades realizadas por médicos auditores nas
instituições de saúde do país.

A partir de então, operadoras de planos de saúde e as instituições vinculadas ao SUS começaram


a adotar os procedimentos de auditoria para controlar o destino de seus recursos, avaliando as
contas hospitalares de forma mais sistemática e também a qualidade da assistência prestada aos
pacientes dentro das instituições de saúde.

Diante desse contexto, a auditoria na área de saúde pode ser entendida como uma atividade de
conferência com o objetivo de avaliar a existência de falhas técnicas ou administrativas e prevenir
as perdas �nanceiras das instituições de saúde. Esse processo contribui para o aumento dos
padrões técnicos e administrativos dessas instituições, como também ajuda a melhorar na
qualidade do atendimento ao paciente.

Nesse sentido, a melhoria da qualidade em saúde relacionada à auditoria está associada a


questões técnicas, em que o bene�ciário não possui ampla compreensão. Desse modo, a
operadora de saúde é responsável por avaliar o elemento de processo operacional e os fatores
técnicos (GAMARRA, 2018).

Além disso, a auditoria em saúde necessita atuar em todos os aspectos da gestão, incluindo a
macrogestão, a mesogestão e a microgestão. A macrogestão está relacionada à auditoria médica,
que consiste em uma ferramenta para a elaboração de políticas de saúde ou de planejamentos
visando aperfeiçoar os serviços de saúde, no âmbito local, para reconhecer as vulnerabilidades
dos sistemas e para sugerir possibilidades participativas para a mudança. Já a mesogestão diz
respeito à necessidade de estabelecer os níveis demasiados ou limitados para indicar meios de
redução de custos e conhecer o nível de qualidade da assistência para adequar os processos de
treinamento e, consequentemente, elevar o impacto na saúde da população. Por �m, a
microgestão deve atuar no nível do processo de relacionamento entre usuários e pro�ssionais da
saúde, reconhecendo os erros na prática que acarretam falhas clínicas. Assim, ao sugerir
respostas in situ , passa a ser um processo de melhoria contínua da qualidade (GAMARRA, 2018).

Além disso, é importante destacar também que a auditoria em saúde é uma importante
ferramenta de gestão, visto que esse processo contribui para transmitir informações acerca das
atividades executadas, eliminar desperdícios, avaliar a qualidade dos processos e resultados das
instituições de saúde. Sendo assim, pode-se dizer que é uma ferramenta que possibilita a busca
da excelência em aspectos técnicos e administrativos. Diante disso, entende-se que a auditoria em
saúde desempenha a tarefa de manter o equilíbrio entre a qualidade no atendimento ao paciente
e os custos gerados para o tratamento desse indivíduo nas instituições de saúde, sendo um
processo fundamental para as organizações.

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Modalidades de Auditoria em
Saúde
O sistema de auditoria em saúde deve desenvolver-se em três grandes segmentos:

• Auditoria operacional: focada no controle e na execução da assistência.


• Auditoria analítica: focada nos indicadores dos processos da assistência e da própria
auditoria.
• Auditoria clínica: focada, principalmente, na melhoria da qualidade dos processos e
resultados dos cuidados.

No decorrer desta seção, discutiremos com mais detalhes as principais características de cada um
desses segmentos de auditoria em saúde.

Auditoria Operacional
Na auditoria operacional, o principal foco consiste, em especial, nos seguintes aspectos:

• Controle da utilização dos serviços.


• Padronização de processos.
• Adequação de procedimentos.
• Solução de con�itos.

As atividades inerentes a essa modalidade de auditoria consistem basicamente em:

• autorização prévia de procedimentos;


• visitação hospitalar ou auditoria concorrente (ambulatorial, hospitalar, domiciliar);
• busca e produção de informações relevantes em saúde.

Dentro do processo da auditoria operacional, os pro�ssionais precisam ter amplo conhecimento


técnico e cientí�co para emitir seus pareceres. Como a atuação do serviço de auditoria em saúde
pode ocorrer em vários momentos, os tipos de auditoria operacional podem ser classi�cados em:

• preventiva: auditoria realizada antes do atendimento;


• concorrente: auditoria realizada enquanto o paciente recebe o atendimento;
• retrospectiva: realizada após a alta do paciente.

A auditoria preventiva, conhecida também como pré-auditoria, auditoria de liberação ou


prospectiva, é realizada para que os procedimentos sejam validados antes mesmo de
acontecerem. Esse processo busca analisar a adequação de propostas diagnósticas ou

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terapêuticas, a cada caso, segundo diretrizes em saúde e/ou de acordo com os contratos de
atendimento na saúde suplementar. Exercida pelos próprios médicos, a auditoria preventiva visa
à correta adequação entre o tratamento que foi proposto ao paciente e o que realmente é
recomendado de acordo com os conhecimentos e parâmetros estabelecidos para esse
atendimento (BURMESTER; MORAIS, 2014).

Esse tipo de auditoria é mais voltado à liberação de procedimentos eletivos, porém esse processo
exerce um importante papel em emergências, em que disponibiliza os recursos adequados para o
melhor atendimento ao paciente, contribuindo, assim, para a redução dos custos com internações
não resolutivas.

Já a auditoria concorrente está voltada aos cuidados no período em que esses estão sendo
executados, ou seja, no período em que o paciente encontra-se sob os cuidados médicos. A
auditoria concorrente possibilita que o auditor esteja “in loco”, ou seja, que ele esteja na unidade
de atendimento onde o paciente se encontra internado. Nesse processo, esse auditor tem contato
com a equipe de enfermagem, visualizando as divergências nas anotações, sanando dúvidas dos
pro�ssionais e visitando o paciente quando necessário (VIANA et al ., 2016).

A participação do auditor concorrente é importante para a redução de erros da equipe de


enfermagem nos registros, como também para a redução do intervalo de tempo entre a alta
hospitalar do paciente e o recebimento da fatura pelo convênio. Esse processo resulta na
melhoria de diversos processos que envolvem toda a equipe multipro�ssional envolvida no
tratamento do paciente, como também melhorias para o próprio paciente.

Por �m, a auditoria retrospectiva, também conhecida como “revisão de contas”, tem como
objetivo básico analisar as cobranças dos serviços prestados, ou seja, é nesse processo que se
realiza a conferência dos custos gerados pelo paciente, durante o seu tratamento,
compreendendo a avaliação dos registros de enfermagem, realizados no prontuário do paciente
após a sua alta em que o enfermeiro avalia a precisão de cada cobrança lançada (BURMESTER;
MORAIS, 2014).

Durante a auditoria retrospectiva, os registros ou anotações de enfermagem são fundamentais


para que esse processo seja realizado de maneira correta. Os registros realizados durante o
tratamento do paciente, como também as informações obtidas pelo bene�ciário do plano de
saúde ou pela sua família, asseguram a comunicação entre a equipe que está responsável pelo
tratamento desse paciente, além de garantir a continuidade correta do tratamento do paciente.
Nesse tipo de auditoria, não há a necessidade de o auditor estar presente no momento da
execução do cuidado, o que facilita a sua realização.

Auditoria Analítica

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A auditoria analítica pode ser considerada com uma função sênior da auditoria em saúde. Isso
porque esse processo busca sistematizar os processos e resultados da auditoria operacional. É a
auditoria analítica que transforma os dados derivados da assistência à saúde em conhecimento e
indicadores para subsidiar o correto desempenho da auditoria operacional e servir como
instrumento para apoiar as decisões da diretoria das instituições de saúde (BURMESTER; MORAIS,
2014).

Alguns exemplos que podem ser citados nesse tipo de auditoria são: o desenvolvimento de
análises econômicas acerca das tecnologias em saúde; a melhoria das decisões em saúde com
base em estudos técnico-cientí�cos; e a propagação do conhecimento juntos aos colaboradores
das instituições de saúde, compartilhando as necessidades de ações para a melhor
desenvolvimento dessas organizações; entre outros.

Auditoria Clínica
A auditoria clínica é focada principalmente na melhoria da qualidade dos processos e resultados
dos cuidados aos pacientes. Nesse processo, são realizadas as análises sistemáticas da qualidade
dos cuidados de saúde, incluindo os procedimentos realizados para os diagnósticos, tratamento e
atenção voltada ao paciente e a utilização dos recursos despendidos durante o tratamento
(BURMESTER; MORAIS, 2014).

No processo de auditoria clínica, buscam-se meios para que seja avaliada a qualidade da
assistência que está sendo prestada. Essa auditoria é realizada, tomando como base o estudo nos
cuidados oferecidos aos pacientes, ou seja, o foco dessa auditoria é avaliar os cuidados
empenhados no momento em que o paciente está recebendo o tratamento hospitalar. Assim,
havendo necessidade de melhorias, essas são propostas e implantadas de acordo com as
necessidades observadas. É importante destacar que todas as avaliações de melhorias impostas
são voltadas para a qualidade do atendimento prestado ao paciente.

Diante disso, a proposta da auditoria clínica é buscar,, por meio da revisão dos documentos
relativos à assistência prestada, subsídios e oportunidades de melhoria, tanto para a estrutura
quanto para os processos, a �m de obter melhores resultados, contribuindo, então, para o
aumento da qualidade das organizações de saúde.

Além disso, é importante ressaltar que o Conselho Federal de Enfermagem aprovou a Resolução
nº 266/01 sobre as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro auditor. Desse modo, esse
pro�ssional analisa aspectos técnicos, cientí�cos, �nanceiros, patrimoniais e estruturais, visando
considerar as necessidades das instituições de saúde na gestão das fontes produtoras de
processos de alto custo, no qual as principais responsabilidades do enfermeiro auditor são
voltadas para evitar o desperdício, minimizar os custos e assegurar que todos os procedimentos e

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equipamentos reembolsáveis que foram empregados sejam cobrados nas contas hospitalares
(COFEN, 2001; FERREIRA JÚNIOR; RODRIGUES, 2016).

Por �m, a qualidade da assistência de enfermagem é avaliada por meio das anotações no
prontuário do paciente e das condições dessa anotação. Além disso, por meio da análise do
prontuário do paciente, também é possível determinar a precisão da documentação, sua
completude e reconhecer receitas extraviadas da conta hospitalar. Assim, é essencial que as
anotações de enfermagem sejam claras, precisas, sem rasuras e sejam realizadas de forma legível
para que a auditoria seja realizada com qualidade (FERREIRA JÚNIOR; RODRIGUES, 2016).

Auditoria e Glosas de Contas


Médicas
Você já ouviu falar na expressão “glosa hospitalar”? As glosas hospitalares referem-se ao
cancelamento da remuneração, parcial ou total, da fatura da conta hospitalar, que foi analisada
pelo auditor do convênio de saúde, quando esse considera que a cobrança é indevida ou ilegal, ou
seja, quando o auditor da operadora de saúde não consegue esclarecer dúvidas suscitadas por
normas e práticas das instituições de saúde (RODRIGUES et al ., 2018). Destaca-se que as glosas
são indicadores expressivos para as instituições veri�carem os pontos críticos a serem
melhorados no processamento das informações em saúde.

De modo geral, as glosas hospitalares são aplicadas quando as cobranças que os hospitais
encaminham para os convênios de saúde geram alguma dúvida para os auditores dos convênios,
ou seja, os auditores, ao analisarem essas contas, �cam com dúvidas se a cobrança realmente
está de acordo com as práticas corretas que devem ser adotadas, ou se a cobrança está em
conformidade com o que foi �rmado em contrato entre essas instituições.

Quando ocorrem as glosas hospitalares, pode-se dizer que é um “problema” para os hospitais,
uma vez que a consequência desse evento re�ete na perda de faturamento dessas instituições. As
glosas hospitalares se classi�cam em: i) administrativas e ii) técnicas.

As glosas administrativas são mais comuns e recorrentes. Elas decorrem de falhas operacionais no
momento da cobrança, da falta de interação entre o plano de saúde e o prestador de serviço, ou,
ainda, por alguma falha no momento da análise da conta do prestador. De forma geral, podem
ser de�nidas como processos administrativos incorretos (RODRIGUES et al ., 2018).

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Por sua vez, as glosas técnicas estão vinculadas à apresentação dos valores de serviços e/ou
medicamentos utilizados com ligação direta à assistência prestada ao paciente e não aos
procedimentos médicos adotados Essas glosas são realizadas por um enfermeiro auditor em
procedimentos de enfermagem cobrados sem argumentação técnica-cientí�ca (RODRIGUES et al.,
2018).

As glosas hospitalares ocorrem com frequência no processo de auditoria das operadoras de


saúde. É fundamental, nesse processo, que as contas hospitalares sejam preenchidas
corretamente e que os registros de enfermagem sejam claros e objetivos para, assim, garantir o
pagamento dos procedimentos realizados nos bene�ciários do plano de saúde, enquanto esse
esteve sob cuidados hospitalares.

É importante destacar que as glosas das contas hospitalares representam uma etapa da função
administrativo-�nanceira dos enfermeiros auditores. Se houver alguma divergência entre a
cobrança executada e o registro em prontuário, o auditor da operadora de saúde pode glosar
parcialmente ou totalmente as contas já faturadas. A partir disso, o hospital pode recursar essas
glosas, com os chamados “recursos de glosas”.

Para concluir nossos estudos, vamos entender como é realizado o processo de faturamento e
análise das contas hospitalares por meio de auditorias que podem resultar na ocorrência de
glosas das contas médicas?

1. Geralmente, assim que um paciente, proveniente de uma operadora de saúde, é internado


em um hospital, inicia-se, na unidade de faturamento desse hospital, o processo de
formação da conta hospitalar do paciente. Nesse processo, abre-se, então, um prontuário
contábil em que é colocada uma série de documentos necessários para o andamento do
tratamento do paciente durante a internação hospitalar. A cada período de tempo, os
auditores internos (dos hospitais) realizam uma pré-análise das guias e prontuários dos
pacientes e as encaminham para a unidade de faturamento do hospital, para veri�carem a
necessidade de correções. Em seguida, a unidade de faturamento envia as contas
hospitalares para a operadora do plano de saúde dos bene�ciários. Na operadora, onde
essas contas passam por uma nova auditoria, ou seja, uma auditoria realizada dentro do
convênio de saúde (auditoria externa), por meio de médicos e enfermeiros das operadoras
de saúde. A partir daí, inicia-se uma negociação entre a equipe de auditoria do hospital e a
equipe de auditoria do convênio de saúde, para que sejam acordados os itens de pagamento
e, assim, ocorrer a emissão de notas �scais e o recebimento dos valores pelos convênios de
saúde.

2. Ao �nal dessa negociação, podem ser identi�cadas as glosas, ou seja, as operadoras não
reconhecem alguns gastos e ocorre a glosa de alguns itens das contas hospitalares, que é o

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“não pagamento”. A equipe hospitalar pode recusar a glosa a partir do “recurso de glosa”.
Nesse processo, o auditor deve apresentar todos os argumentos possíveis para a
recuperação dos valores que foram glosados.

Desse modo, a análise de glosas nas contas médicas é essencial para reconhecer os pontos que
precisam ser trabalhados para minimizar os prejuízos �nanceiros das instituições de saúde, bem
como para reconhecer as unidades de serviços que precisam de educação continuada,
considerando que ela é, de fato, uma estratégia e�ciente a ser utilizada na instituição de saúde
(RODRIGUES et al ., 2018).

Nesse contexto, observa-se a importância da auditoria das contas médicas, sendo esse processo
fundamental não apenas para a redução das perdas �nanceiras das instituições e convênios de
saúde, como também para o aumento da qualidade dos serviços de saúde prestados por essas
instituições.

Ética no Âmbito da Auditoria em


Saúde
A ética geral se constitui de normas pelas quais o indivíduo estabelece uma conduta pessoal
aceita. Normalmente, isso leva em conta as exigências impostas pela sociedade, pelos deveres
morais e pelas consequências dos atos da pessoa. Nesse contexto, a ética pro�ssional dos
auditores de saúde se refere a uma divisão especial da ética geral, e nela o pro�ssional recebe
normas especí�cas de conduta em questões que re�etem responsabilidades para com a
sociedade, com a organização a que pertence e com outros membros de sua pro�ssão.

Os pro�ssionais que trabalham na área da saúde devem garantir que o processo de auditoria siga
os seguintes princípios éticos: i) competência e capacidade pro�ssional; ii) cortesia; iii)
imparcialidade e objetividade e iv) zelo pro�ssional, dentre outros. Esses princípios são
preconizados pelo Ministério de Saúde (BRASIL, 2017, on-line), devendo ser seguidos tanto no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto no âmbito da Saúde Suplementar.

A seguir, vamos compreender o signi�cado de cada uma dessas condutas:

• i) Competência e capacidade pro�ssional: é importante que o auditor em saúde tenha


conhecimento e experiência prática para desenvolver o processo de auditoria de forma
correta. Esse pro�ssional deve se atualizar nas normas que regem esse processo e entender

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as operações que estão sendo auditadas para que seus julgamentos sejam corretos.
• ii) Cortesia: os auditores em saúde devem se comportar com cortesia durante a execução do
processo de auditoria. Mesmo havendo divergências de opinião, esse pro�ssional precisa
agir com cautela, sem discriminação ou preconceito, para que se chegue a um acordo entre
os pro�ssionais que estão trabalhando nesse processo.
• iii) Imparcialidade e objetividade: os pro�ssionais de auditoria em saúde devem trabalhar de
forma imparcial, evitando situações que gerem con�itos de interesses ou qualquer outra
situação que possa comprometer o seu julgamento de forma pro�ssional. Além disso, os
auditores devem emitir suas conclusões com fundamentos adequados, utilizando métodos e
práticas que são reconhecidos e aceitos pelas instituições.
• iv) Zelo pro�ssional: o auditor em saúde deve apresentar competências e habilidades
necessárias para o desempenho de suas funções. Deve ser cuidadoso, pro�ssional, prudente
e competente e exercer suas atividades com cuidado e atenção. Essa atitude é fundamental
para o bom desempenho do processo de auditoria, pois nela contempla diversas condutas
exigidas para a conduta ética desse pro�ssional.

Do mesmo modo, os pro�ssionais que trabalham especi�camente no Departamento Nacional de


Auditoria do SUS (DENASUS) também precisam atuar em consonância com os princípios e com as
exigências éticas, propiciando credibilidade e autoridade à atividade realizada. Por isso, esses
pro�ssionais devem garantir que a auditoria seja baseada não somente nos princípios ético já
estudados, mas também nos seguintes princípios (BRASIL, 2017):

• Ceticismo e julgamento pro�ssional: o servidor deve realizar a sua análise de forma cética e
baseado no seu julgamento pro�ssional. Além disso, é importante que esse pro�ssional
mantenha distanciamento e esteja atento e questionador ao analisar a su�ciência e a
adequação do indício recebido ao longo do processo de auditoria.
• Comportamento ético: o pro�ssional deve realizar sua função com honestidade, zelo e
responsabilidade, com foco no interesse público, bem como deve desempenhar seu trabalho
sendo digno de con�ança, renunciando práticas ilegais e mantendo sua conduta íntegra e
irreparável.
• Independência: este princípio está relacionado à habilidade de imparcialidade que o
pro�ssional possui, assim, a auditoria não pode sofrer interferências no estabelecimento do
escopo, na aplicação dos procedimentos, no julgamento pro�ssional e no anúncio dos
resultados.
• Sigilo: o pro�ssional deve manter sigilo de suas atividades e das informações obtidas, assim
como as comunicações sobre as auditorias necessitam ser realizadas na esfera institucional
e abranger todos os fatos materiais para que não haja distorção do relatório apresentado
referente às atividades realizadas.

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• Uso de informações de terceiros: “Ao utilizar informações produzidas fora do DENASUS e da


Seaud, a equipe deve obter evidência da competência e da independência da auditoria
executada ou dos especialistas e da qualidade do trabalho.” (BRASIL, 2017, p. 13).

Diante disso, o auditor em saúde precisa ser um pro�ssional com amplo conhecimento dos
processos de auditoria para o bom desempenho de suas atividades. Para que isso ocorra, esse
pro�ssional precisa se pautar nos princípios que regem a ética dentro da auditoria em saúde.
Somente assim o processo contribuirá para a melhoria da qualidade na prestação dos serviços de
saúde e para a melhor alocação dos recursos das instituições de saúde, alcançando, assim, os
seus objetivos.

Conclusão
A partir do nosso roteiro de estudos, pudemos trabalhar os assuntos ligados à auditoria de forma
mais interligada, possibilitando a você, estudante, desenvolver análises sobre a importância da
auditoria no âmbito da saúde. Por meio deste roteiro, foi possível compreender não apenas a
história da auditoria no âmbito da saúde, como também entender a importância desse processo
nesse contexto.

Foi possível compreender também como o serviço de auditoria é importante para o bom
funcionamento das instituições de saúde, assim como a relevância desse processo para o controle
dos custos e para o aumento da qualidade dos serviços prestados por essas instituições. Diante
disso, pudemos compreender a relevância do papel do auditor e, da mesma maneira, dos demais
pro�ssionais de saúde que contribuem para o andamento desse processo, tão importante para as
instituições de saúde.

Referências Bibliográ�cas
BRASIL. Decreto nº 1.651, de 28 de setembro de 1995. Regulamenta o Sistema Nacional de
Auditoria no âmbito do Sistema Único de Saúde. Diário O�cial da União . Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/D1651.htm . Acesso em: 25 maio 2020.

BRASIL. Lei nº 8.689, de 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a extinção do Instituto Nacional de

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Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e dá outras providências. Diário O�cial da


União . Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8689.htm . Acesso em: 25 maio
2020.

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