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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação ẚ Distancia

Patologias da linguagem

Trabalho prático número: 2

Docente: Maria de Lurdes Manhiça

Valério Miguel Arcanjo

708190371

Licenciatura em ensino da Língua Português

Introdução à Psicolinguística: 4° Ano

Maputo, Julho de 2022


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(Maria de Lurdes Manhiça)
Índice
Introdução ________________________________________________________________ 1
Definição da linguagem _____________________________________________________ 2
Desenvolvimento da linguagem ________________________________________________2
Bases biológicas da linguagem ________________________________________________6
Etiologia dos distúrbios da linguagem oral e escrita_______________________________ 8
Linguagem e epilepsia _______________________________________ _______________8
Intervenção na criança com distúrbio da linguagem_______________________________9
Patologias da Linguagem___________________________________________________ 10
As Alterações Afásicas na Compreensão da Linguagem Oral ______________________ 11
As Alterações Afásicas na Compreensão da Linguagem Escrita ____________________12
As Alterações da Leitura: alexia agnósica_______________________________________13
Conclusão _______________________________________________________________ 15
Referencias Bibliográficas ___________________________________________________ 16
Introdução
O trabalho que se segue destina a Disciplina de Psicolinguística do 4º ano, cujo tema nos falará
das “Patologias da linguagem”. Falaremos das teorias da aquisição da linguagem, incluindo
problemas que intervêm no processo de aquisição assim como no desenvolvimento da
linguagem. Com o método de leitura, analise-comparativa, iremos desenvolver o presente
trabalho académico. Para além da exploração do Modulo da Psicolinguística, usaremos outras
fontes debatam a mesma questão – patologias da linguagem.
As teorias de aquisição de segunda língua originaram-se das teorias de aquisição de língua
materna e dedicaram-se a investigar como uma língua é assimilada e como ela é usada pelos
aprendizes, analisando também se a aquisição de um segundo idioma seguiria um curso similar à
aquisição do idioma pátrio.
As primeiras propostas de aquisição de segunda língua nasceram do Behaviorismo, uma teoria
psicológica significativa nos anos 40, principalmente representada pelos americanos
Leonard Bloomfield e Burrhus Frederic Skinner. Para os Behavioristas, adquirir um idioma
consistia em repetir um conjunto de estruturas como modelos para produzir novas frases,
formando hábitos de comunicação. Portanto, o processo de aquisição de uma segunda língua
baseava-se apenas em aprender como responder correctamente aos estímulos que cercavam os
aprendizes, principalmente usando os hábitos de comunicação do idioma pátrio. Como os
Behavioristas acreditavam que os hábitos do idioma pátrio interferiam na aquisição de
um segundo idioma, os erros que essa intervenção causava poderiam interromper ou limitar a
aprendizagem da segunda língua. Dessa forma, a ideia principal do processo de aquisição de L2
com a visão Behaviorista era mostrar que pesquisadores e professores poderiam prever as
estruturas que seriam mais dificilmente adquiridas, baseados nas diferenças entre o idioma pátrio
dos aprendizes e a segunda língua. As estruturas comuns a ambas as línguas seriam facilmente
aprendidas, enquanto a aquisição de estruturas diferentes seria complexa, e os erros seriam
gerados por transferência de hábitos da primeira língua para a segunda (NEY; GREGIS, 2007).
O principal objectivo deste trabalho é de avaliar a compreensão dos conteúdos tratados nesta
Disciplina e manter a revisão dos mesmos. O trabalho está estruturado em quatro partes:
introdução, Desenvolvimento, Conclusão e as Referencias Bibliográficas.
Definição da linguagem
A linguagem um exemplo de função cortical superior, e seu desenvolvimento se sustenta, por um
lado, em uma estrutura anatomofuncional geneticamente determinada e, por outro, em um
estímulo verbal que depende do ambiente.
Serve de veículo para a comunicação, ou seja, constitui um instrumento social usado em
interacções visando à comunicação. Desta forma, deve ser considerada mais como uma força
dinâmica ou processo do que como um produto. Pode ser definida como um sistema
convencional de símbolos arbitrários que são combinados de modo sistemático e orientado para
armazenar e trocar informações.

Desenvolvimento da linguagem
Muito antes de começar a falar, a criança está habilitada a usar o olhar, a expressão facial e o
gesto para comunicar-se com os outros. Tem também capacidade para discriminar precocemente
os sons da fala. A aprendizagem do código linguístico se baseia no conhecimento adquirido em
relação a objectos, acções, locais, propriedades, etc. Resulta da interacção complexa entre as
capacidades biológicas inatas e a estimulação ambiental e evolui de acordo com a progressão do
desenvolvimento neuro-psicomotor.
Apesar de não estar completamente esclarecido o grau de eficácia com que a linguagem o
adquirida, sabe-se que as crianças de diferentes culturas parecem seguir o mesmo percurso global
de desenvolvimento da linguagem. Ainda antes de nascer, elas iniciam a aprendizagem dos sons
da sua língua nativa e desde os primeiros meses distinguem-na de línguas estrangeiras.
No desenvolvimento da linguagem, duas fases distintas podem ser reconhecidas: a pro-
linguística, em que são vocalizados apenas fonemas (sem palavras) e que persiste acto aos 11-12
meses; e, logo a seguir, a fase linguística, quando a criança começa a falar palavras isoladas com
compreensão. Posteriormente, a criança progride na escalada de complexidade da expressão.
Este processo o contínuo e ocorre de forma ordenada e sequencial, com sobreposição
considerável entre as diferentes etapas deste desenvolvimento.
O processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de quatro sistemas
interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto
social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras; o
semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras
sintéticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis. Os sistemas
fonológicos e gramaticais conferem à linguagem a sua forma.
O sistema pragmático descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais
específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados5.
A intenção de comunicar-se pode ser demonstrada de forma não-verbal através da expressão
facial, sinais, e também quando a criança começa a responder, esperar pela vez, questionar e
argumentar. Essa competência comunicativa reflecte a noção de que o conhecimento da
adequação da linguagem a determinada situação e a aprendizagem das regras sociais de
comunicação o tão importante quanto o conhecimento semântico e gramatical.

Bases biológicas da linguagem


O processo da linguagem o bastante complexa e envolve uma rede de neurónios distribuída entre
diferentes regiões cerebrais. Em contacto com os sons do ambiente, a fala engloba múltiplos sons
que ocorrem simultaneamente, em várias frequências e com rápidas transições entre estas. O
ouvido tem de sintonizar este sinal auditivo complexo, recodificá-lo e transforme-lo em impulsos
eléctricos, os quais são conduzidos por células nervosas à área auditiva do córtex cerebral, no
lobo temporal. O logo, então, reprocessa os impulsos, transmite-os às áreas da linguagem e
provavelmente armazena a versão do sinal acústico por um certo período de tempo.
A área de Wernicke, situada no lobo temporal, reconhece o padrão de sinais auditivos e
interpreta-os acto obter conceitos ou pensamentos, activando um grupo distinto de neurónios
para diferentes sinais. Ao mesmo tempo, são activados neurónios na porção inferior do lobo
temporal, os quais formam uma imagem do que se ouviu, e outros no lobo parietal, que
armazenam conceitos relacionados. De acordo com este modelo, a rede neuronal envolvida
forma uma complexa central de processamento.
Para verbalizar um pensamento, acontece o inverso. Inicialmente, o activada uma representação
interna do assunto, que o canalizada para a área de Broca, na porção inferior do lobo frontal, e
convertida nos padrões de activação neuronal necessários à produção da fala. Também estão
envolvidas na linguagem áreas de controlo motor e as responsáveis pela memória.
O cérebro o um órgão dinâmico que se adapta constantemente a novas informações. Como
resultado, as áreas envolvidas na linguagem de um adulto podem não ser as mesmas envolvidas
na criança, e o possível que algumas zonas do cérebro sejam usadas apenas durante o período de
desenvolvimento da linguagem8.
Acredita-se que o hemisfério esquerdo seja dominante para a linguagem em cerca de 90% da
população; contudo, o hemisfério direito participa do processamento, principalmente nos
aspectos da pragmática.

Etiologia dos distúrbios da linguagem oral e escrita


A fala caracteriza-se habitualmente quanto à articulação, ressonância, voz, fluência/ritmo e
prosódia. As alterações da linguagem situam-se entre os mais frequentes problemas do
desenvolvimento, atingindo 3 a 15% das crianças, e podem ser classificadas em atraso,
dissociação e desvio.
A etiologia das dificuldades de linguagem e aprendizagem diversa e pode envolver factores
orgânicos, intelectuais/cognitivos e emocionais (estrutura familiar relacional), ocorrendo, na
maioria das vezes, uma inter-relação entre todos esses factores. Sabe-se que as dificuldades de
aprendizagem também podem ocorrer em concomitância com outras condições desfavoráveis
(retardo mental, distúrbio emocional, problemas sensório-motores) ou, ainda, ser acentuadas por
influências externas, como, por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente ou
inapropriada.

Linguagem e epilepsia
Os efeitos da epilepsia, das crises convulsivas e das descargas electroencefalográficas sobre a
linguagem tom sido discutidos em diversos estudos. Pode-se dizer que três são os distúrbios mais
relatados em pacientes epilépticos: as desfazias do desenvolvimento associadas a epilepsia; as
afasias críticas (agudas), onde ocorre uma alteração transitória da função cognitiva; e a afasia
epiléptica adquirida (síndrome de Landau-Kleffner). A afasia epiléptica adquirida o caracterizada
pela exteriorização da linguagem na infância associada a crises ou actividade
electroencefalográfica epileptiforme anormal. Esse tipo de afasia muitas vezes o confundido com
síndrome autística ou deficiência auditiva. Além da exteriorização da linguagem e da agnosia
auditiva, observam-se alterações de comportamento, incluindo traços autistas. Por isso, devemos
estar atentos a qualquer criança que apresente regressão de linguagem, devendo esta ser avaliada
cuidadosamente (para que seja feito um diagnóstico diferencial) e encaminhada para o
tratamento adequado.

Linguagem e autismo
A regressão da linguagem o observada na síndrome de Landau-Kleffner e na regressão autística.
Recentes estudos focados na linguagem verbal de crianças com espectro autista enfatizam traços
anómalos da fala, como a escolha de palavras pouco usuais, inversão pronominal, ecolalia,
discurso incoerente, crianças nao-responsivas questionamentos, prosódia aberrante e falta de
comunicação. Muitos estudos atribuem a ausência de fala em alguns indivíduos ao grau de
severidade do autismo, à tendência a retardo mental ou a uma inabilidade de recodificação
auditiva da linguagem21. No autismo, a compreensão e a pragmática estão invariavelmente
afectadas, e os achados incluem prosódia aberrante, ecolalia imediata e/ou tardia e perseveração
(persistência inapropriada no mesmo tema). Outros sintomas estão também presentes,
distinguindo essas crianças daquelas com apenas atraso de linguagem; esses sintomas incluem,
particularmente, perturbações da comunicação nao-verbal, comportamentos estereotipados e
perseverantes, interesses restritos e/ou inusuais e alteração das capacidades sociais23.
Concluímos, com isso, que a regressão de linguagem na infância se caracteriza por um distúrbio
grave, com morbidades significativas a longo prazo.

Intervenção na criança com distúrbio da linguagem


A produção da fala e linguagem pode ser considerada adequada ou não de acordo com a idade
cronológica. Para avaliá-la, o necessário levar em conta os aspectos cognitivos e emocionais do
desenvolvimento, que poderão indicar ou não a severidade do caso, bem como a necessidade de
orientação especializada à família e/ou terapia fonaudiológica. Sabe-se que a estimulação
precoce da linguagem pode prevenir distúrbios de aprendizagem, dislexia e problemas de
desenvolvimento. Pesquisas vêm demonstrando a importância dos 3 primeiros anos de vida no
desenvolvimento do cérebro humano.
São princípios básicos da intervenção na criança a avaliação do desenvolvimento da linguagem
em todos os seus níveis, a orientação à família e escola e a terapia propriamente dita1. Esta pode
ser dividida em terapia da fala (onde serão abordados objectivos como desvios fonéticos e
fonológicos), terapia de voz (disfonias), terapia de motricidade oral (distúrbios de alimentação,
respiração e mobilidade de órgãos fonoarticulatórios), terapia de linguagem oral (onde o enfoque
pode estar centrado na expressão e/ou recepção de linguagem) e terapia de linguagem escrita
(dislexias, disortografias e disgrafias).
Todas as actividades de estimulação dentro da terapia fonoaudiológica infantil devem ser
realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, para que a criança sinta prazer nas
técnicas propostas. Também o recomendável envolver a família e, quando necessário, a escola1.
A estimulação através de canto, conversa, brincadeiras e leitura propícia a aquisição de
habilidades que favorecem o desenvolvimento. Para que comece a ocorrer um processo de
comunicação, a criança deverá se sentir motivada. Deverá existir o que se chama de intenção
comunicativa (através da fala serão conseguidos objectos de interesse da criança). Este aspecto
surge através do contacto diário com as pessoas e da estimulação que essa interacção propicia.
Também devemos considerar a importância da amamentação materna, alimentação com textura e
consistência adequadas nas diferentes fases e a não-existência de hábito de sucção de dedo ou
chupeta além dos 2 anos. Todos esses factores contribuem para uma musculatura orofacial
adequada à produção da fala. A família tem papel fundamental na estimulação da linguagem, e
cabe ao módico e/ou terapeuta envolve-la ou permitir envolver-se pela família.
Patologias da Linguagem
Distinguem-se três grandes perturbações do comportamento da comunicação verbal.
As Perturbações da Fala
As perturbações da fala são, normalmente, originárias por problemas nos órgãos periféricos de
emissão (gaguez), quer por problemas nos órgãos periféricos de recepção (as dislexias).

As Perturbações da Linguagem
São originárias por lesões cerebrais focalizadas (as afasias) ou difusas (as afasias dos dementes).
As lesões podem resultar de acidentes vasculares cerebrais como é o caso de hemorragias
internas, de tumores cerebrais ou ainda de traumatismo externos cerebrais (que acontecem
muitas vezes em acidentes de viação ou outras cororais).
As Perturbações de Enunciação
As perturbações de enunciação manifestam-se quando há perturbação do esquema de
comunicação que afectam quer as relações emissor-receptor, quer as relações emissor-referente.
Assim o psicótico pode parecer estar a falar consigo mesmo ou proferir um discurso que não se
articula com a realidade. Noutros casos, os neuróticos, não há destruição de esquema de
comunicação mas há uma quase ignorância de elementos essenciais da comunicação.

A Gaguez
A gaguez é uma perturbação caracterizada por bloqueios no discurso do indivíduo e tem como
causas factores orgânicos como lesões cerebrais mínimas, uma mudança forçada na dominância
cerebral, hereditariedade oi o nível de QI. Uma técnica de tratamento da gaguez consiste na “
fala prolongada” que inclui cinco partes: o prolongamento, o fluxo, o encorajamento, as pausas
e o abrandamento.

A Dislexia
A dislexia é um tipo de afasia sensorial que se caracteriza pela incapacidade de compreender
palavras escritas ou impressas. O indivíduo disléxico é incapaz de ler correctamente, apesar da
sua visão ser perfeita e de poder soletrar ou mesmo escrever. Existem dois tipos básicos de
dislexia: dislexia de desenvolvimento (que se manifesta em crianças, sem que aconteça qualquer
lesão cerebral) e dislexia adquirida/alexia (que se traduz por uma incapacidade ou dificuldade
adquirida de ler, como consequência de uma lesão cerebral). Normalmente, este tipo de dislexia
está associada a adultos, mas também a crianças ou adolescentes que já possua a capacidade de
leitura e que venha a sofrer, por qualquer motivo, uma visão cerebral.
Existem, pelo menos 4 subtipos de dislexia adquirida:
A dislexia fonológica: o indivíduo tem incapacidade de ler em voz alta as não palavras e as
pseudo-palavras. Mas mantém intacta a capacidade de ler correctamente vocábulos correntes.
A dislexia profunda: o indivíduo manifesta incapacidade de ler sem cometer erros semânticos.
Assim, ele pode ler “contente” ao invés de “satisfeito”
A dislexia de superfície: o indivíduo manifesta a incapacidade de ler por distúrbios.
A dislexia de estrutura de palavra: o indivíduo é incapaz de ler a não ser que pronuncie, em
voz alta, uma letra de cada vez.
As causas apontadas para explicar a dislexia são: hereditariedade, o tipo de pedagogia,
perturbações afectivas e perturbações instrumentais.

As Alterações Afásicas na Compreensão da Linguagem Oral


As alterações afásicas de compreensão da linguagem oral existem na maior parte dos afásicos.
As provas de designação evidenciam a alteração na compreensão das palavras e a execução de
ordens durante um exame mostrará a compreensão das frases. Os afásicos permanecem
perfeitamente acessíveis ao significado da mímica e do gesto, e é necessário se observar isto para
a condução do exame. Deve-se lembrar, também, que a apraxia pode tornar impossível a
execução de gestos.
A variabilidade dos resultados dos exames é grande. As fórmulas automáticas (sente-se... como
vai...) são melhor compreendidas pelos afásicos que a linguagem proposital, assim como as
palavras concretas são mais compreendidas que as palavras abstractas. As proposições simples
são mais claras do que aquelas que associam várias ideias. Por outro lado, a compreensão de
palavras isoladas pode ser mais difícil do que as inseridas em frases simples.
É possível, em algumas observações, interpretar as alterações da compreensão em função de uma
alteração predominante dos aspectos fonéticos ou dos aspectos semânticos da linguagem, porém,
lembramos aqui que alguns doentes repetem perfeitamente, sem compreender o significado da
palavra, enquanto outros compreendem o sentido da palavra que são incapazes de repetir.

As Alterações Afásicas na Compreensão da Linguagem Escrita


A linguagem escrita, como uma das formas de expressão do pensamento, pode apresentar
alterações significativas. A agrafia é a manifestação escrita das alterações afásicas na linguagem
oral. Ainda que exista uma dissociação entre a possibilidade de denominar por escrito e
verbalmente, a ausência da palavra existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral.
A redução da linguagem e o agramatismo apresentam o seu equivalente escrito; o mesmo para o
jargão e para as parafasias, cuja escrita constitui, às vezes, um modo de facilitação privilegiada,
da mesma forma que ela fornece numerosos exemplos de dissintaxia. Mesmo que seja corrigida
as manifestações gráficas da Afasia, persistirá para sempre uma disortografia rebelde. Portanto,
nos escritos dos pacientes afásicos é possível encontrar quase todas as alterações estudadas na
linguagem oral.
Nos esquizofrénicos paranóides, por exemplo, podem-se observar alterações características da
linguagem escrita, tais como: modificações das letras, modificações da maneira de escrever e
alterações da sintaxe. Os doentes costumam escrever com letras mais grossas certas palavras que
se acham em relação com suas ideias delirantes. As modificações da sintaxe são idênticas às da
linguagem oral.
As alterações da linguagem oral e escrita, na esquizofrenia, resultam das perturbações próprias
da enfermidade. Observam-se ainda, em certos doentes mentais, alterações da escrita devidas a
tremores, como ocorre na paralisia geral e na demência senil. Nos estados de excitação
psicomotora, a escrita revela também o estado de exaltação psíquica: os caracteres gráficos são
geralmente grandes, desiguais entre si, com desenhos e expressões simbólicas intercalados entre
os mesmos, com tendência a dirigir os caracteres gráficos para cima. Nos estados de depressão,
os caracteres se dirigem para baixo.

As Alterações da Leitura: alexia agnósica


Chama-se Alexia Agnósica uma espécie de Afasia gráfica onde predomina a dificuldade de
integração das percepções visuais e Assim sendo, a Alexia Agnósica corresponde a uma
dificuldade maior para a identificação das palavras (compreensão global) do que para a
identificação de letras isoladas. A leitura tende a ser literal ou escandida.
O indivíduo utiliza o dedo para a identificação das letras e a identificação das palavras soletradas
é satisfatória. Nesses pacientes a cópia é imperfeita, ainda que a escrita espontânea ou ditada seja
satisfatória. A alexia agnósica está frequentemente associada a outras manifestações de agnosia
visual, notadamente a agnosia para as cores.

Alexia Afásias
É Alexia Afásica, quando está prejudicada a utilização de mensagens em função de seu valor
simbólico em termos de linguagem. A Alexia Afásica determina uma maior dificuldade
para o entendimento de letras do que de palavras, estas dotadas de uma significação que facilita
sua identificação. A leitura é global e os erros resultam de uma interpretação falsa da forma geral
da palavra.
Para o Aléxico Afásico a divisão em sílabas é difícil e a escrita espontânea e ditada apresenta os
caracteres de uma agrafia afásica. A cópia é possível, porém o paciente apresenta dificuldade em
reler.
Alexia Pura
A Alexia Pura se caracteriza por uma perda electiva de identificação da linguagem escrita, na
ausência de qualquer outra forma de Afasia. As características gerais são as mesmas de uma
Alexia Agnósica e ocorrem, quase sempre, manifestações associadas de Agnosia Visual,
principalmente agnosia para cores e para formas geométricas. A lesão responsável se localiza no
giro lingual e no giro fusiforme do hemisfério dominante, mas atinge também o esplênio do
corpo caloso.
Alterações de Cálculo
Relativamente independentes uma da outra, a linguagem verbal e a linguagem dos números estão
intrincadas. Assim se explica a associação muito frequente de uma Afasia e de uma Acalculia.
A acalculia pode acometer tanto a identificação ou a expressão oral ou escrita de números,
quanto a utilização dos números e outros símbolos (tais como sinal de mais ou menos) nas
operações simples de adição, subtracção, multiplicação ou, nas operações complexas e
resolução de problemas.
Embora frequentemente a Afasia e a Acalculia ocorram simultaneamente, excepcionalmente a
conservação da possibilidade de cálculo é admirável em alguns afásicos. Por outro lado, a
Acalculia pode ocorrer sem a Afasia. Isto ocorre visivelmente na síndrome de Gerstmann, onde
existe um aspecto particular da Acalculia espacial, onde a desorganização do alinhamento dos
números parece ser o determinante principal dos erros.

Afasia de Condução
A Afasia de Condução é mais rara que as variedades precedentes e se caracteriza por uma
extraordinária perturbação da repetição que impede o doente de reproduzir palavras ou frases que
ele compreende. A expressão espontânea, oral ou escrita é fluida, embora rica em parafasias,
apresentando uma maior dificuldade no encadeamento de elementos linguísticos que é
particularmente evidente quando o doente constrói uma frase com as palavras que
lhe são apresentadas A compreensão da linguagem oral ou escrita, ao contrário da maioria das
Afasias, está pouco perturbada e se observa um esforço de autocorrecção.
Tal Afasia de Condução está frequentemente associada a uma apraxia ideomotora e resulta de
lesões que acometem o opérculo parietal. Esse transtorno poderia indicar, também, uma
desconexão entre a região de Wernicke e as regiões motoras da linguagem.

Afasia Motora
Pode também ser chamada de afemia, anartria, Afasia verbal, ou síndrome de desintegração
fonética, dependendo do autor onde se estuda.
Na Afasia motora, o doente conserva a linguagem, porém não pode falar, embora não apresente
distúrbio da musculatura que intervém na articulação das palavras. A perturbação tem aqui uma
origem cerebral. Neste caso o doente compreende o que ouve mas há impossibilidade de
pronunciar as palavras. A leitura e a escrita também estão conservadas. A Afasia motora é a que
se observa nos pacientes portadores de acidentes vasculares cerebrais capazes de deixar sequela.

Afasia Sensorial
Enquanto a Afasia motora consiste numa alteração da expressão, a Afasia sensorial se centraliza
na compreensão dos sinais verbais. Neste tipo de Afasia, observam-se uma espécie de surdez
verbal, uma perturbação da palavra espontânea, da leitura e da escrita. O afásico tipo Wernicke
consegue falar, mas geralmente fala numa linguagem destituída de sentido lógico e pronuncia as
palavras de maneira defeituosa ou emite uma série de palavras sem ordem gramatical, o que
torna a sua linguagem inteiramente incompreensível. Aqui coexiste mais ainda a decadência dos
processos intelectuais.
A Afasia sensorial costuma ser encontrada nos pacientes involutivos, tanto em casos de
demência de Alzheimer, quanto nas demências vasculares.

Surdez Verbal Pura


A Surdez Verbal Pura se caracteriza por uma alteração extremamente grave e electiva da
compreensão da linguagem oral. Na Surdez Verbal Pura a repetição é impossível, assim como a
escrita por ditado mas todas as outras actividades da linguagem estão normais. Essa alteração da
percepção da linguagem é a mais frequentemente associada a outras manifestações de agnosia
auditiva (alterações do reconhecimento de sons e ritmos), porém se apresenta, às vezes,
isoladamente.
A lesão responsável pela Surdez Verbal Pura se localiza sobre a face superior do lobo temporal,
próxima à circunvolução de Heschl. Ela é bilateral ou algumas vezes unilateral, afectando o
hemisfério dominante. Nesse caso, pode se tratar de uma lesão subcortical do lobo temporal
esquerdo, a qual interrompe, simultaneamente, as radiações auditivas desse mesmo lado e as
fibras calosas provenientes da área auditiva direita.
Afasia de Broca
A Afasia de Broca é caracterizada pelo fenómeno da redução da linguagem. O paciente fala
muito pouco e, quando solicitado, se expressa a contragosto. O portador de Afasia de Broca
emprega um pequeno número de palavras cujo encadeamento em frases está reduzido ao
mínimo. As alterações da articulação frequentemente se associam a esta redução.
Paralelamente à alteração da expressão, observa-se uma alteração da compreensão da linguagem
oral, mais acentuada para as frases ou ordens complexas do que para as palavras relativamente
bem conhecidas. As alterações de expressão e de compreensão, observadas na linguagem oral,
surgem igualmente durante a exploração da linguagem escrita. No seu desenvolvimento a Afasia
de Broca pode percorrer diversas etapas e, de uma maneira geral, o doente está consciente das
anomalias de sua linguagem contra as quais ele reage, às vezes determinando uma reacção
catastrófica. No início habitualmente ocorre alguma forma de suspensão da linguagem e, após a
recuperação desta pode persistir uma estereotipia na fala, a qual, excepcionalmente, pode
permanecer por definitivo.
Frequentemente essas estereotipias se multiplicam e se diferenciam, evoluindo para uma
linguagem reduzida e agramática (agramatismo) com dificuldades articulares mais ou menos
graves. Após a regressão, as alterações da compreensão e das anomalias da linguagem escrita
que estavam associadas às alterações de expressão podem se ocultar a tal ponto que o quadro se
assemelha a uma anartria pura.
Em resumo, a Afasia de Broca se caracteriza por uma redução do léxico, ou seja, da escolha de
palavras. Ocorre, simultaneamente, uma incapacidade de se modificar os sentidos das palavras
através da utilização de pequenos instrumentos de linguagem e pela sua inclusão na frase. A
redução da escolha de palavras certamente está ligada às alterações da articulação, pois o esboço
oral facilita consideravelmente a denominação. A Afasia de Broca se associa à hemiplegia, com
importante paralisia facial central, hemianestesia, apraxia ideomotora e à apraxia buco-facial,
sem uma relação constante com as alterações da articulação. As verificações de Broca resultaram
na localização das lesões responsáveis ao pé da terceira circunvolução frontal do hemisfério
dominante (área de Broca). Na Afasia de Broca todas as modalidades da linguagem podem estar
perturbadas em maior ou menor grau, mas há sempre predominância da perturbação da palavra
articulada, da leitura e da escrita. O afásico deste tipo não articula nenhuma palavra ou
apenas poucas palavras, não compreende bem, não lê nem escreve bem. Não é apenas um afásico
da expressão mas, sobretudo, também da compreensão. É o tipo mais comum de Afasia.
Geralmente a Afasia de Broca se apresenta como sequela de um AVC (acidente vascular
cerebral) do lado direito, pode também ser observada na doença de Pick, quando esta se
manifesta de modo progressivo.

Anartia Pura
A anartria pura, muito rara como modo de instalação e frequentemente observada como uma
forma evolutiva da Afasia de Broca. Ela se caracteriza pelo conjunto de alterações da articulação
já descrito na Afasia de Broca, perturbando a linguagem espontânea, a repetição e a leitura em
voz alta. A associação de uma apraxia buco-facial é comum. Por outro lado, não há alterações da
compreensão da linguagem oral ou escrita nem da expressão por escrito.
As lesões responsáveis pela anartria pura são muito semelhantes às que produzem uma Afasia de
Broca, apesar dos estudos disponíveis não estabelecerem correlações anatomoclínicas precisas.

Afasia de Wernicke
Na Afasia de Wernicke a expressão oral é fluida, espontânea, abundante, ao contrário da Afasia
de Broca, porém sem muito significado devido ao uso inadequado de palavras ou fonemas·
(parafasias). As parafasias podem surgir acidentalmente na linguagem espontânea ou existir de
forma permanente. Em outros casos, a linguagem espontânea na Afasia de Wenicke se
caracteriza pela imprecisão dos termos, utilização de circunlocuções de aproximações sucessivas
e o paciente costuma manter-se relativamente consciente de seus erros. A alteração da
compreensão pode ser grave ou simplesmente moderada e mostra-se mais acentuada para as
palavras isoladas do que para as frases onde há uma facilitação pelo contexto. A linguagem
escrita costuma estar tão perturbada quanto a linguagem oral, porém é possível haver uma
dissociação relativa. A alteração da evocação da palavra pode constituir um fenómeno isolado,
sem parafasias e alterações da compreensão.
Conclusão
Apesar das divergências nas teorias de aquisição da linguagem, sela ela L1 ou L2, queremos
acreditar que a espécie humana quando é exposta num certo meio ambiente, facilmente aprende
ou adquire a linguagem. A interacção entre indivíduos de culturas e ou backgrounds diferentes,
sempre ocorre o processo de troca de experiencia, em essa mesma troca, é facultada através da
comunicação. A comunicação é facultada através dos órgãos de sentidos e através de expressão
verbal.
Como vimos em diversas fontes lidas, aquisição da linguagem pode ser perturbada devido
algumas doenças, sejam elas natas ou causadas pelos fenómenos do meio onde o individuo esta
inserido – patologias da linguagem. Há várias patologias da linguagem como mencionamos
anteriormente, porem, elas se dividem em dois tipos de acordo as suas causas – naturais
(biológicas) e artificiais (causadas pelos acidentes…).
Distinguem-se três grandes perturbações do comportamento da comunicação verbal:
As perturbações da fala são, normalmente, originárias por problemas nos órgãos periféricos de
emissão (gaguez), quer por problemas nos órgãos periféricos de recepção (as dislexias).
As Perturbações da Linguagem, São originárias por lesões cerebrais focalizadas (as afasias) ou
difusas (as afasias dos dementes). As lesões podem resultar de acidentes vasculares cerebrais
como é o caso de hemorragias internas, de tumores cerebrais ou ainda de traumatismo externos
cerebrais (que acontecem muitas vezes em acidentes de viação ou outras cororais).
As perturbações de enunciação manifestam-se quando há perturbação do esquema de
comunicação que afectam quer as relações emissor-receptor, quer as relações emissor-referente.
Assim o psicótico pode parecer estar a falar consigo mesmo ou proferir um discurso que não se
articula com a realidade. Noutros casos, os neuróticos, não há destruição de esquema de
comunicação mas há uma quase ignorância de elementos essenciais da comunicação.
Diante de toda essa realidade é necessário que a família tome algumas precauções. A idade ideal
para o inicio de um tratamento é aos 05 anos de idade ou um pouco antes, enquanto a criança
ainda não efectivou sua entrada no mundo escolar. Os pais e todas as pessoas da família que
lidam com as crianças (avós, tios e amigos dos pais) devem aprender a não ter nenhuma reacção
brusca com relação à gagueira, surdez, mudez, entre outras patologias da linguagem.
Referencias Bibliográficas
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