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Diz-se que um governo é democrático quando é exercido com o consentimento dos governados,
e ditatorial, caso contrário. Diz-se que um governo é totalitário quando exerce influência sobre
amplos aspectos da vida e comportamento dos cidadãos, e liberal caso contrário. Ocorre,
porém, que, frequentemente, regimes totalitários exibem características ditatoriais, e regimes
ditatoriais, características totalitárias. O estabelecimento de uma ditadura moderna
normalmente se dá via um golpe de estado.
Nesse sentido, pode-se, também, entender ditadura como um regime onde o governante
aglutina os poderes executivo, legislativo e judiciário. Assim sendo, o ditador busca controlar os
setores mais importantes de seu país, para legitimar a sua posição. Importante lembrar que, ao
longo da história, o termo "ditadura" foi utilizado para caracterizar diferentes formas de
organização política (Roma Antiga, França Revolucionária). Segundo Karina Vanderlei Silva e
Maciel Henrique Silva, podem-se apontar, como elementos comuns nas ditaduras
contemporâneas: o cerceamento de direitos políticos individuais, ampla utilização da força pelo
Estado e o fortalecimento do poder executivo em detrimento dos outros poderes.
Ditadura romana
Os poderes conferidos ao ditador eram totais, mas, ainda assim, o ditador respondia por seus
atos perante a lei, necessitando justificá-los depois de findo o período da ditadura. As ditaduras
não podiam durar mais de seis meses.[1] Nos casos de perigo interno ou externo, proclamado o
estado de tumultus (equivalente ao "estado de sítio" dos tempos modernos), ficavam suspensas
todas as garantias públicas, colocando-se todas as classes à disposição do Estado. Em tal
emergência, cabia, a qualquer dos cônsules, nomear um dictator, pelo prazo máximo de seis
meses; nomeação esta que, normalmente, recaía no outro cônsul. O termo ditadura vem deste
título dado aos magistrados.[2] O ditador ficava investido do poder de imperium, com autoridade
ilimitada, inteiramente irresponsável, sobrepondo-se de maneira absoluta a todas as
magistraturas, respeitadas apenas as prerrogativas sagradas dos tribunos da plebe. A
instituição da ditadura, como magistratura excepcional, justificava-se em nome da salvação
pública: salus publica suprema lex est.[3]
Porém, após o século II a.C., as ditaduras romanas perderam esse caráter de legalidade,
adquirindo características similares ao que se entende por ditadura hoje.
Segundo Aristóteles e Platão, a marca da tirania é a ilegalidade, ou seja, "a violação das leis e
regras pré-estipuladas pela quebra da legitimidade do poder; uma vez no comando, o tirano
revoga a legislação em vigor, sobrepondo-a com regras estabelecidas de acordo com as
conveniências para a perpetuação deste poder".[carece de fontes
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] Exemplo disso são as descrições de tiranias na Sicília e Grécia antiga, cujas características
assemelham-se das ações tomadas pelas modernas ditaduras.[carece de fontes
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]
Segundo Platão e Aristóteles, "os tiranos são ditadores que ganham o controle social e político
despótico pelo uso da força e da fraude. A intimidação, o terror e o desrespeito às liberdades
civis estão entre os métodos usados para conquistar e manter o poder. A sucessão nesse
estado de ilegalidade é sempre difícil".[carece de fontes
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]
Aristóteles atribuiu a vida relativamente curta das tiranias "à fraqueza inerente dos sistemas que
usam a força sem o apoio do direito".[carece de fontes
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]
Maquiavel também chegou à mesma conclusão sobre as tiranias e seu colapso, quando das
sucessões dos tiranos, pois "este (a tirania) é o regime que tem menor duração, e de todos, é o
que tem o pior final",[carece de fontes
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] e, segundo as palavras deste, "a queda das tiranias se deve às desventuras imprevisíveis da
sorte".[carece de fontes
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]
Estabelecimento e manutenção
O regime ditatorial moderno quase sempre resulta de convulsões sociais profundas, geralmente
provocadas por revoluções ou guerras.[carece de fontes
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]
Também houve muitos regimes ditatoriais que decorreram das disputas políticas da guerra
fria.[4][5] Nem sempre as ditaduras se dão por golpe militar: podem surgir por Golpe de Estado
civil ou a partir de um grupo de governantes democraticamente eleitos que usam a lei para
preservar o poder, como aconteceu, por exemplo, na ditadura imposta por Adolf Hitler na
Alemanha nazista.[6]
Sempre para achar legitimidade, as ditaduras se apoiam em teorias caudilhistas, que afirmam,
muitas vezes, o destino divino do líder, que é encarado como um salvador, cuja missão é libertar
seu povo, ou ser considerado o pai dos pobres e oprimidos etc.[carece de fontes
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]
A institucionalização do poder
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] Os dispositivos legais passam a ser institucionalizados e o são de tal forma funcionais, que
sempre ganhará o partido daqueles que convocaram.
As ditaduras sempre se utilizam de força bruta para manterem-se no poder, sendo esta aplicada
de forma sistemática e constante.[carece de fontes
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]
Outro expediente é a propaganda institucional, propaganda política constante e de saturação,
de forma a cultuar a personalidade do líder, ou líderes, ou mesmo o país, para manter o apoio da
opinião pública;[carece de fontes
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] uma das formas mais eficientes de se impor, à população, um determinado sistema é a
propaganda subliminar, onde as defesas mentais não estão em guarda contra a informação que
está a se introduzir no inconsciente coletivo.[carece de fontes
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] Esta se faz por saturação em todos os meios de comunicação.[carece de fontes
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] A censura também tem um papel muito importante, pois não deixa chegar as informações
relevantes à opinião pública que está a ser manipulada.[carece de fontes
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] Desta forma, ficam atados os dois extremos: primeiro satura-se o ambiente com propaganda a
favor do regime, depois são censuradas todas as notícias ruins que possam vir a alterar o
estado mental favorável ao sistema imposto.[carece de fontes
?
]
Exemplos de ditaduras
Ditadura Militar
As ditaduras militares são regimes em que um grupo de oficiais detém o poder, determina quem
irá liderar o país, e exerce influência sobre a política. As elites de alto nível e um líder são os
membros da ditadura militar. As ditaduras militares são caracterizadas pelo domínio por um
exército profissionalizado como instituição. Nos regimes militares, as elites são referidas como
membros da junta, que são tipicamente oficiais superiores (e muitas vezes outros oficiais de
alto nível) das forças armadas.[7][8] Este tipo de ditadura foi imposta durante o século XX em
países como, Chile por Augusto Pinochet, Argentina por Jorge Rafael Videla e outros líderes,
Uruguai por Juan Maria Bordaberry, Paraguai por Alfredo Stroessner, Bolívia por Hugo Banzer,
Brasil por Humberto de Alencar Castelo Branco.[9]
Com a crise da bolsa de 1929, houve uma perda de confiança no modelo liberal de governo.
Com isso, ganharam força os movimentos fascistas, e emergiram ditadores em diversos países
da Europa, como Mussolini, na Itália; Franco, na Espanha, Hitler, na Alemanha e Salazar, em
Portugal.[carece de fontes
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]
Ver também
Anos de chumbo
Autocracia
Autoritarismo
Ditador romano
Despotismo
Tirania
Totalitarismo
Presidente vitalício
Operação Condor
Referências
1. Antonio Carlos Olivieri. «A ditadura na Roma antiga e nos dias atuais» (http://educacao.uol.c
om.br/filosofia/ult1704u40.jhtm) . UOL Educação. Consultado em 8 de abril de 2011
4. A América Latina entre a Segunda Guerra e a Guerra Fria. BETHELL, Leslie; ROXBOROUGH,
Ian.
5. Schenoni, Luis y Scott Mainwaring (2018). US Hegemony and Regime Change in Latin
America (https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13510347.2018.1516754?journalC
ode=fdem20) . [S.l.]: Democratization
6. Natasha Romanzoti (22 de fevereiro de 2017). «10 razões pelas quais Hitler foi eleito» (http://
hypescience.com/10-razoes-pelas-quais-hitler-foi-eleito/) . HypeScience. Consultado em 12
de outubro de 2017
8. Carl J., Friedrich (1 de janeiro de 1950). «Military Government and Dictatorship» (http://journa
ls.sagepub.com/doi/10.1177/000271625026700102) . The ANNALS of the American
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26700102) . Consultado em 15 de novembro de 2021
9. Mar Romero (11 de agosto de 2019). «La Operación Condor y la persecución de la izquierda
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janeiro de 2021
10. Papaioannou, Kostadis; Zanden, Jan (março de 2015). «The dictator effect: how long years in
office affect economic development» (https://www.cambridge.org/core/product/identifier/S1
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Ligações externas
Há 40 anos, a crise dos mísseis. (https://web.archive.org/web/20060727085739/http://diplo.
uol.com.br/2002-11,a488)
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