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AS FORMAS DE GOVERNO

Trata-se do estudo dos órgãos do governo por meio de sua estrutura fundamental e da
maneira como estão relacionados. As formas de governo são variáveis, tendo cada estado
peculiaridades exclusivas em seu governo, devido a esse fato elas só podem ser estabelecidas
de forma geral, analisando características que são comuns na maioria dos Estados. Quando
um Estado alcança êxito com a adoção de uma forma de governo, outros Estados passam a
segui-lo, adotando as mesmas linhas fundamentais e assim surgem as formas clássicas de
governo.

Na classificação só se procura esclarecer as formas normais de governo, que são


aquelas que se estabelecem em decorrência da evolução natural dos fenômenos políticos, uma
vez que as formas anormais como: o totalitarismo e a ditadura não permitem a expansão das
vocações politicas, pois sua única lei é a força.

CLASSIFICAÇÕES ANTIGAS

1. Aristóteles: é a classificação mais antiga, baseada no número de governantes, na


preponderância do interesse geral ou particular e também classifica as formas de
governo em puras e impuras:

Formas Puras:

• Monarquia: um só que governa.


• Democracia: o povo governa.
• Aristocracia: um grupo que governa.

Formas Impuras:

• Tirania: corrupção da monarquia;


• Oligarquia: corrupção da aristocracia;
• Demagogia: corrupção da democracia.

Essas formas de governo podem sofrer degeneração, quando quem governa prioriza seus
interesses particulares ao invés do interesse publico, a realeza degenera-se em tirania,
aristocracia em oligarquia e a democracia ou república em demagogia.

2. Maquiavel: a classificação é baseada em ciclos de governo, começando com um


estado anárquico, para melhorar o convívio social e a segurança decidiram nomear um
chefe: monarquia eletiva, com o tempo essa monarquia passa a ser hereditária, e os
herdeiros não tinham mais a consciência do motivo da existência de um representante,
e tornavam-se tiranos. Para conter a tirania os homens reuniram-se em grupo e
apoderaram-se do governo instaurando a aristocracia, todavia os descendentes dessa
forma de governo também se degeneraram, resultando na oligarquia, o povo não
suportando mais essas situações resolveu governar a si mesmo, surgindo assim a
democracia, no entanto o próprio povo se degenerou utilizando o poder de governo
em proveito pessoal, voltando ao estágio inicial. Maquiavel, conclui então, que a
única forma de evitar as degenerações seria a conjugação da monarquia, da
aristocracia e da democracia em um só governo.

3. Montesquieu: aponta três formas de governo:


• Republicano: o povo como um todo ou somente uma parte do povo possui o
poder soberano.
• Monarquia: um só governa, através de leis fixas.
• Despótico: um só governa por sua vontade sem obedecer a leis.

CLASSIFICAÇÕES MODERNAS

Deu-se com o nascimento do Estado moderno.

MONARQUIA

Forma de governo em que apenas uma pessoa exerce o poder político do Estado. Os tipos de
monarquia são:

• Monarquia absoluta: o rei não esta sujeito a limitações jurídicas


• Monarquia constitucional: o rei esta sujeito a limitações estabelecidas na
constituição.
• Monarquia parlamentarista: adota-se o sistema parlamentar de governo, onde o
monarca não mais governa, mantendo-se apenas como chefe de estado (função de
representação) e o governo é exercido pelos ministros (chefes de governo).

Características da monarquia:

• Vitaliciedade: o monarca governa enquanto viver ou tiver condições.


• Hereditariedade: a regra sempre foi a hereditariedade, seguindo uma linha de
sucessão, mas houve casos de monarquia eletiva.
• Irresponsabilidade: o monarca não tem responsabilidades politicas, não deve
explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre suas decisões políticas.

Argumentos a favor da monarquia:

• Sendo vitalício e hereditário o monarca está acima das disputas políticas, podendo
assim intervir com autoridade nos momentos de crise.
• O monarca é um fator de unidade do Estado, pois todas as correntes politicas tem nele
um elemento superior comum.
• Sendo o ponto de encontro das correntes políticas, e estando a margem das disputas, o
monarca assegura a estabilidade das instituições.
• O herdeiro da monarquia é alguém que recebe desde o nascimento uma educação
especial, preparando-se para governar, não há, portanto o risco de governantes
despreparados.

Argumentos contra a monarquia:

• Se o monarca não governa ele é inútil, sacrifica o povo sem nenhum proveito.
• A unidade do Estado e a estabilidade das instituições não podem depender de um fator
pessoal, devem repousar em um elemento objetivo e eficaz: a ordem jurídica.
• Mesmo o herdeiro da coroa recebendo educação especial, existem muitos monarcas
desprovidos das qualidades necessárias para governar e diante disso seria perigoso
ligar o destino do povo e do Estado á sorte de um indivíduo e sua família.
• A monarquia é antidemocrática pois não assegura ao povo o direito e escolher seu
governante. E como o monarca é vitalício, hereditário e irresponsável, dispõe de todos
os elementos para sobrepor sua vontade as demais.

REPÚBLICA

É a forma de governo que se opõe a monarquia, tem um sentido muito próximo ao


significado de democracia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no
governo, esse significado que conhecemos hoje veio com Maquiavel.

O desenvolvimento da ideia republicana se deu através das lutas contra a monarquia


absoluta e pela soberania popular. A república era expressão democrática do governo, era a
limitação do poder dos governantes e a atribuição de responsabilidades políticas, podendo
assim, assegurar a liberdade individual.

Muitos povos adotaram a república, mas a monarquia, aceitando as limitações


constitucionais persistiu até o século XX, obteve seu fim quase completo, após
transformações econômicas e as duas Grandes Guerras Mundiais.

Características da república:

• Temporariedade: o Chefe do Governo recebe um mandato com prazo de duração


predeterminado. E estabeleceu-se a proibição de reeleições sucessivas.
• Eletividade: o Chefe de Governo é eleito pelo povo, não admitindo sucessão
hereditária.
• Responsabilidade: o Chefe de Governo é politicamente responsável e deve prestar
contas de sua orientação política.

Essas características sofreram adaptações de acordo com o tempo e o lugar, mas sem
desfigurar o regime.
REFERÊNCIAS

Elementos da Teoria Geral do Estado – Dalmo de Abreu Dallari

Introdução à ciência política – Darcy Azambuja (2008)

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